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Resumo: Gabriela Andrade Pereira “Estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas, e sua aplicação no controle de problemas de saúde”. “...o conceito de determinantes sociais permite clarificar a distinção entre as causas sociais de saúde e os fatores que determinam a distribuição dessas causas entre grupos mais ou menos favorecidos...” − O contexto sócio-econômico e político dá origem a um conjunto de posições sócio-econômicas, onde as populações são estruturadas de acordo com a renda, escolaridade, ocupação, sexo, raça / etnia e outros fatores. − Determinantes socioeconômicos: importantes fatores para formar as hierarquias sociais, com base em seu respectivo status social; − Os fatores intermediários relacionam-se às formas específicas do estado de saúde; − Os indivíduos experimentam as diferenças de exposição e vulnerabilidade a condições de saúde comprometedoras. − A doença pode atuar sobre a posição social de um determinado indivíduo: • Comprometer as oportunidades de emprego e reduzir a renda; • Certas doenças epidêmicas podem afetar o funcionamento das instituições sociais, econômicas e políticas. • Saúde bucal: o Saúde bucal é parte integral e essencial da saúde geral; o Saúde bucal é fator determinante para qualidade de vida; o Doenças bucais e fatores de risco comum para doenças; Bactérias + açúcar= ácidos= desmineralizam a estrutura dental= Cárie = Valores críticos de pH = processos de Des-re (prevalece DES). − Segundo Keyes, 1960, cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, transmissível e dieta dependente, que produz uma desmineralização das estruturas dentárias; − Newbrum, 1983, a cárie é resultado de um processo dinâmico, crônico, que aparece após algum tempo por isso, julgou-se conveniente incluir o tempo como outro fator etiológico. − As estratégias implementadas até agora, baseadas no controle desses fatores, conseguem apenas diminuir a incidência de cárie sem, no entanto, erradicá-la. − Raciocínio controvertido: ou não se consegue interpretar os achados científicos corretamente ou ainda não se estabeleceu um conceito definitivo sobre a cárie como doença. ❖ Suscetibilidade − Suscetibilidade do indivíduo: • Fatores extrínsecos= estrutura socioeconômica e cultural na qual o indivíduo está inserido (podem aumentar a incidência cárie); • Fatores intrínsecos= fluxo, composição e capacidade tampão da saliva, aspectos hereditários e imunológicos (mais difíceis de serem controlados); − Suscetibilidade do dente: • Determinada pelo grau de mineralização do esmalte (maior ou menor resistência à dissolução ácida) • Mineralização = regida por fatores intrínsecos (formação do dente) e os extrínsecos (ambientais e locais). − Reflexão: • Suscetibilidade do dente: o Não existe um dente suficientemente resistente à cárie; o Por mais que se procure aumentar essa resistência, através de métodos químicos e mecânicos, sempre fica na dependência do desafio cariogênico a que o indivíduo será submetido; o Por esse motivo o fator suscetibilidade do dente, no estabelecimento de estratégias preventivas, deve ser considerado como um fator de importância relativa. ❖ Microrganismo − A presença dos estreptococos mutans, apesar de ser importante, não é o único que pode participar no desenvolvimento da lesão; − Somente a sua presença no biofilme dentário, num dado momento, não explica a variação na experiência de cárie, podendo ser facilmente neutralizado com os métodos de controle do biofilme; − Declínio da cárie dentária tem sido documentado, sem uma aparente mudança no nível de estreptococos mutans na saliva do indivíduo. − Reflexão: • A simples presença de microrganismos na cavidade bucal, seja na saliva ou biofilme dentário, não é um fator determinante para o aparecimento da cárie. • No entanto, a sua participação é inquestionável e indispensável, já que a lesão de cárie passa pelo metabolismo bacteriano, desencadeando o processo fisiológico de des-re (desmineralização – remineralização), mas que não determina a cárie por si só. • Deve-se considerar o microrganismo como um fator participativo na etiologia da cárie e não determinante = autor justifica como equivocada a interpretação da cárie como uma doença infecciosa. ❖ Dieta: − A cárie dentária existiu em todas as épocas do homem civilizado; − Homem primitivo= somente 2 a 4% dos dentes examinados apresentavam cárie: dieta: grãos, frutos silvestres, raízes, ervas e pastagens (baixos teores de açúcar); − Potencializam a remineralização, com uma ação anticariogênica proporcionando equilíbrio; − Alimentos naturais têm uma ação mecânica durante a mastigação, realizando, naturalmente, um controle de placa. − Desmineralização ocorre após a ingestão de qualquer dieta cariogênica (tempo); − Capacidade tampão e ação remineralizadora da saliva= simples desmineralização reversível = pode paralisar o processo = não lesão de cárie. − Forma endêmica da cárie = ingestão sistemática e cada vez mais frequente de alimentos cariogênicos pelo ser humano, produzindo um desequilíbrio crescente da des-re. − Assim, os alimentos têm indispensável e inquestionável papel na etiologia da cárie dentária, mas como um fator participativo e não determinante por si só. − Reflexão: • A interação da dieta, microrganismo e dente suscetível, é considerado determinante para a formação do biofilme dentário; • A sua presença oferece o caráter infeccioso, transmissível e dieta dependente; • A presença do biofilme na superfície do dente também não é o único fator determinante para a formação da lesão de cárie = necessidade da combinação dos fatores... • Fatores relativos que interferem, direta ou indiretamente, no reequilíbrio do fenômeno de des – re e no estabelecimento de estratégias preventivas: • fatores salivares, imunológicos, socioeconômicos, culturais, comportamentais, contagem de microrganismo e fluorterapia. − O processo carioso é a dinâmica de perda e ganho de mineral, que ocorre em decorrência da produção de ácidos bacterianos e queda do pH na interface dente/placa. − Por ser um processo dinâmico, que ocorre continuamente no dente, por isso o processo da cárie não pode ser prevenido. − O que se pode prevenir é a formação da cavitação=pode-se controlar o processo carioso, de forma que o desequilíbrio entre a desmineralização (DES) e a remineralização (RE) dentária não seja duradouro, a ponto de provocar uma perda mineral tão significativa que leve à cavitação. − Portanto, pode-se prevenir o aparecimento da lesão cariosa (sequela), mas não o processo carioso. − É uma doença dinâmica, mediada pelo biofilme e modulada pela dieta, não transmissível, tem como resultado a perda mineral de tecidos duros dentais. É determinada por aspectos da biologia, fatores comportamentais, psicossociais e ambientais. − É um Problema de Saúde Pública: • De onde se originam as diferenças em saúde entre grupos sociais considerando suas raízes mais profundas? • Quais os caminhos levam, a partir de causas, para as diferenças atuais na situação de saúde da população? • À luz das respostas às duas primeiras questões, onde e como devemos intervir para reduzir as desigualdades na saúde? − Principal problema de saúde bucal dos países industrializados; − Importante causa de dor, perda dentária, problemas na escola e absenteísmo no trabalho; − Menor ou maior probabilidade da população: − Condição sócio-econômica − Oferta de flúor na água de abastecimento − Hábitos alimentares − Acesso e utilização dos serviços odontológicos − Características de higiene bucal ÍNDICES UNIDADE OBJETIVO COMPONENTES Ceo-d Dentes Dentes decíduos “cariados” “extraídos” “obturado” Ceo-s Superfíciedentária Dentes decíduos “cariados” “extraídos” “obturado” CPO-D Dentes Dentes permanentes “Cariados” “Perdidos” “Obturados” CPO-S Superfície dentária Dentes permanentes “Cariados” “Perdidos” “Obturados” − Índices medem a extensão do dano; − CPO-S: mede impacto com mais detalhe (mais complexo) − Em Epidemiologia, qual utilizar???? CPO-D e ceo-d: − CPO-D e ceo-d: critérios diagnósticos (OMS, 1999) Exame: − Um dente é considerado presente na boca quando apresenta qualquer parte visível ou podendo ser tocada com a sonda sem deslocar (nem perfurar) tecido mole indevidamente. − Se permanente e decíduo ocupam o mesmo espaço, registra-se apenas a condição do permanente. 0 (A): ❖ Coroa Hígida: − Não há evidência de cárie. Estágios iniciais da doença não são levados em consideração. − Os seguintes sinais devem ser codificados como hígidos: • Manchas esbranquiçadas; • Descolorações ou manchas rugosas resistentes à pressão da sonda CPI; • Sulcos e fissuras do esmalte, manchados, mas que não apresentam sinais visuais de base amolecida, esmalte socavado, ou amolecimento das paredes; • Áreas escuras, brilhantes, duras e fissuradas do esmalte de um dente com fluorose moderada ou severa. • Lesões que, com base na sua divisão ou história, ou exame táctil/visual, resultem em abrasão. ❖ Raíz Hígida: − A raiz está exposta e não há evidência de cárie ou de restauração (raízes não expostas são codificadas como “8”) 1 (B): ❖ Coroa Hígida: − Sulco, fissura ou superfície lisa apresenta cavidade evidente, ou tecido amolecido na base ou descoloração do esmalte ou de parede ou há uma restauração temporária. − Na dúvida considerar o dente hígido. ❖ Raiz Cariada − A raiz só é considerada cariada se há necessidade de tratamento radicular em separado. − A sonda CPI deve ser empregada para confirmar evidências visuais de cárie nas superfícies oclusal, vestibular e lingual. 2 (C): ❖ Coroa restaurada-cariada: − Há uma ou mais restaurações e ao mesmo tempo uma ou mais áreas estão cariadas. − Não há distinção entre cáries primárias ou secundárias, ou seja, se as lesões estão ou não em associações físicas com as restaurações. ❖ Raiz restaurada-cariada: − Idem coroa. − Em situações onde coroa e raiz estão envolvidas, a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada, mas cariada. − Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como restauradas mas com cárie. 3 (D): ❖ Coroa restaurada – sem cárie: − Há uma ou mais restaurações definitivas e inexiste cárie primária ou recorrente. − Um dente com coroa colocada devido à cárie inclui-se nesta categoria. − Se a coroa resulta de outras causas, como suporte de prótese, é codificada como 7 (G). ❖ Raiz Restaurada e sem cárie − Idem coroa. − Em situações onde coroa e raiz estão envolvidas, a localização mais provável da lesão primária é registrada como restaurada. − Quando não é possível avaliar essa probabilidade, tanto a coroa quanto a raiz são registradas como restauradas. 4 (E) ❖ Dente perdido devido à cárie: − Um dente permanente ou decíduo foi extraído por causa da cárie e não por outras razões. − Essa condição é registrada na casela correspondente à coroa. − Dentes decíduos: aplicar apenas quando o indivíduo está numa faixa etária na qual a esfoliação normal não constitui justificativa suficiente para a ausência. 5 (-) ❖ Dente perdido por outra razão: − Ausência se deve por razões ortodônticas, periodontais, traumáticas ou congênitas 6 (F) ❖ Selantes: − Há um selante de fissura ou a fissura oclusal foi alargada para receber um compósito. − Se o dente possui selante e está cariado, prevalece o código 1 ou B (cárie). 7 (G) ❖ Apoio de ponte ou coroa: − Indica um dente que é parte de uma prótese fixa. − Este código é também utilizado para coroas instaladas por outras razões que não a cárie ou para dentes com facetas estéticas. − Dentes extraídos e substituídos por um elemento de ponte fixa são codificados, na casela da condição da coroa, como 4 ou 5, enquanto o código 9 deve ser lançado na casela da raiz. − Implante: registrar este código (7). 8 (K) ❖ Coroa não erupcionada: − Quando o dente permanente ou decíduo ainda não foi erupcionado, atendendo à cronologia da erupção. − Não inclui dentes perdidos por problemas congênitos, trauma etc. T (T) ❖ Trauma (fratura): − Parte da superfície coronária foi perdida em consequência de trauma e não há evidências de cárie. 9 (L) ❖ Dente excluído − Aplicado a qualquer dente permanente que não possa ser examinado (bandas ortodônticas, hipoplasias severas etc.) − Quando houver 5 ou mais dentes com bandas o portador será excluído da amostra. − Braquetes, em qualquer número, não inviabilizam os exames. C: Contagem dos dentes (classificados nos códigos 1 e 2 ou B e C). P: Contagem dos dentes (Classificados no código 4 quando o examinado tiver menos de 30 anos ou código 4 e 5 quando tiver 30 ou mais anos de idade). O: Contagem dos dentes (Classificados com código 3) CPO= C+P+O ❖ Cálculo: − Resultado = nº de dentes C, P e O por indivíduo atacados por cárie. − Média CPO-D= Somatória CPO-D de todos os indivíduos examinados / número total de pessoas examinadas. CPO-D − Valores não tem relação com o número de dentes sob risco; − Cálculo: somatória dos seus componentes atribuindo pesos iguais às condições saudáveis e cariados; − Não se considera a presença de dentes hígidos: DIMENSÃO DO AGRAVO. (OMS): − 5 anos: prevalência de cárie na dentição decídua − 12 anos: prevalência de cárie na dentição permanente (crianças) − 15 anos: prevalência de cárie na dentição permanente (adolescentes) − 35-44 anos: prevalência de cárie em adultos − 65-74 anos: prevalência de cárie em idosos − Reconhecimento da intensa desigualdade na distribuição da cárie: • Grupos de alto risco; • Considerando a condição local de prevalência e severidade, as condições sócio-econômicas e recursos do sistema de saúde; p = Nº de pessoas afetadas pela cárie x 100 /População Total Estudada IMPORTANTE: − Prevalência mede a % da população estudada afetada pela cárie. − Cálculo: para CPO-D maior ou igual a 1. Qual valor médio de dentes cariados em escolares do bairro Saco Grande?? − Número de dentes cariados em escolares de 12 anos de idade, do bairro Saco Grande, Florianópolis, SC, 2011. (n=84) − Valor médio de cárie por criança: (8x1) + (6x2) + (9x3) +(2x4) + (3x5) + (1x6) + (2x7) + (1x9) = 8 + 12 + 27 + 8 + 15+ 6 + 14 + 9 = 99/84 = 1,18 − Prevalência: P= (84-52) x 100 / 84 = 38% Prevalência tabela 4.3: − p = (701-266) x 100 / 701= 62%
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