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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DIDÁTICA

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Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
 
 
 
Didática 
 
 
Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da 
Didática 
 
 
 
 
Fernanda Mendes Arantes 
 
 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
Introdução 
Nesta unidade, nosso foco estará voltado ao surgimento da didática. Isso 
porque será central que você possa compreender a trajetória dos estudos neste 
campo do conhecimento e perceber futuramente o que é um professor com ou sem 
didática. Para isto, vamos analisar a etimologia da palavra que nomeia o conceito, 
bem como a trajetória histórica de seu surgimento, verificando sua concepção de 
conhecimento e as relações que se estabelecem entre escola e sociedade durante 
seu desenvolvimento. Vamos conhecer a importante obra de Comenius, Didática 
Magna, para que você perceba sua influência na prática docente até os dias atuais. 
Prepara-se então para a aprendizagem que propomos a seguir. 
Bons estudos! 
1. Iniciando os estudos em Didática 
Começamos nossa trajetória nesta disciplina em busca da compreensão do 
conceito geral em Didática e do conhecimento que embasa esta área do 
conhecimento. Existem algumas definições que situam este campo do saber, mas 
para começarmos, vamos nos ater à definição de Libâneo (1994): 
Didática é a disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as 
condições do processo de ensino, tendo em vista finalidades educacionais 
que são sempre sociais; se fundamenta na Pedagogia, sendo assim uma 
disciplina pedagógica. 
Sendo assim, você deve estar se perguntando, de que forma podemos ajustar 
a definição de Libâneo à sua prática cotidiana em sala de aula, como futuro 
professor? Vamos elucidar esta definição para facilitar o entendimento: Didática é 
uma disciplina, uma área do saber que está diretamente ligada ao que você faz em 
sala de aula. O que você fará em sua atuação cotidiana está definido previamente 
em diversos documentos que são trabalhados durante o planejamento escolar, a 
saber: planejamento anual, semestral, bimestral, mensal, plano de ensino e plano de 
aulas. Ou seja, toda e qualquer atividade praticada em sala de aula pelo professor 
está prevista em seu planejamento macro (amplo, ligado aos objetivos gerais) e micro 
(restrito, ligado aos objetivos específicos). Agora, vamos esclarecer como acontece o 
planejamento de maneira geral nas escolas: são realizadas reuniões de 
planejamento antes do início do ano letivo, neste momento, os professores planejam 
de maneira ampla e específica o que será feito no decorrer do ano. São elaborados 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
documentos que são necessários a este planejamento, sendo um dos mais 
importantes, sem dúvida, o plano de ensino. Neste documento você estipula seus 
objetivos (gerais e específicos), quais conteúdos serão trabalhados, qual metodologia 
será utilizada, como será feita a avaliação. Além disto, Libâneo nos afirma que todo 
este macroprocesso deve estar ligado às finalidades educacionais que são sempre 
sociais. O que isto quer dizer? Libâneo reforça o caráter social da escola, como 
veremos nos próximos momentos da disciplina. A título de antecipação é importante 
que você saiba que, em Didática, nos atemos sempre à função social da escola. Ou 
seja, será que a escola serve somente para “transmitir conteúdos” ou há algo além 
disso? 
Há muito mais além de “transmissão de conteúdos”, a escola é um local de 
convívio, trocas e socialização. É um local onde os educadores também trabalham 
questões sociais tais como ética, responsabilidade social, cidadania, respeito ao 
próximo, respeito à opção cultural, religiosa, social, sexual dos outros, etc. O 
professor trabalha esses temas de forma transversal, para que possamos além de 
trabalhar conteúdos, formar cidadãos. 
Posteriormente, quando nosso foco estiver voltado às tendências 
pedagógicas verificadas na escola, trataremos caso a caso como se dá a função social 
da escola de acordo com educadores tais como: Rosseau, Paulo Freire, Vygotsky, 
Piaget, dentre outros. 
Neste momento, acreditamos que você tenha compreendido a citação de 
Libâneo que iniciou esta unidade, certo? Portanto, vamos em frente com nosso 
conteúdo. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
 
Figura 1 – Na escola aprendemos a conviver com o outro e suas diferenças. Fonte: Pixabay. 
A pergunta norteadora agora é: como os conhecimentos de Didática 
influenciam na formação dos professores? 
1.1. A Didática em Comenius 
De onde vem a Didática? Antes, para iniciarmos este resgate, devemos saber 
que tal palavra pode ser traduzida livremente como a Arte de Ensinar. E quando as 
pessoas começaram a se preocupar com o que é Didática e como ensinar? 
Se verificarmos a linha histórica do tempo na área da educação, começamos 
a verificar uma intencionalidade pedagógica voltada ao ensino por volta do século 
XVII. O primeiro educador a se preocupar formalmente com a Didática foi sem 
dúvida, Comenius (1592-1670). Sua obra mais conhecida é Didática Magna onde, 
através de ideias consideradas inovadoras, opôs-se às ideias conservadoras da 
nobreza e do clero. No Brasil, por exemplo, o ensino formal começa justamente com 
a chegada dos jesuítas e a catequização indígena. Portanto, o ensino e, 
consequentemente, a Didática, caminharam sempre seguindo as normas e regras da 
Igreja Católica. Opor-se a esta metodologia era, sem dúvida, um ato de rebeldia na 
época. Você já deve ter visto, quando estudou História da Educação, que, estivemos 
(e, em alguns casos, ainda estamos) submetidos ao ensino tradicional baseado na 
transmissão de conteúdos de maneira passiva. Nesta modalidade o professor é o 
detentor único do conhecimento que transmite ao seu aluno. O aluno, por sua vez, 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
é um receptor passivo de todo o conhecimento transmitido, sem direito a manifestar 
dúvidas, perguntas e quiçá divergências neste processo. 
Pois bem, Comenius foi um dos principais educadores a questionarem o 
método de ensino tradicional, explicado no parágrafo anterior. Comenius, inicia sua 
obra Didática Magna com os seguintes dizeres: 
Nós ousamos prometer uma Didática Magna, isto é, um método universal de 
ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja impossível não 
conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente, ou seja, sem nenhum 
enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, 
mas antes com sumo prazer para uns e para outros. E de ensinar 
solidamente, não superficialmente e apenas com palavras, mas 
encaminhando os alunos para uma verdadeira instrução, para os bons 
costumes e para a piedade sincera. (COMENIUS, 1621, versão para Ebook 
2001, págs. 13 e 14). 
Podemos perceber nesta citação que Comenius busca uma forma de fazer 
com que o aluno realmente aprenda, ultrapassando a lógica mecânica até então 
dominante nas escolas do mundo. Aprendizado este sem significado para o aluno, 
cansativo, mecânico e que, não apresentava resultados para o futuro do estudante. 
Percebemos também que Comenius traduz uma situação vivenciada na escola na 
qual o professor não sabe porque ensina e como deve ensinar e o aluno somente 
reproduz o conteúdo transmitido pelo professor. Comenius vai se preocupar em 
como ensinar, quais as metodologias o professor pode utilizar para que o conteúdo 
realmente faça sentido no processo de ensino-aprendizagem . 
Quando falamos que Comenius vai contra o que estava sendo propagado até 
então pela Igreja Católica, isto não quer dizer absolutamente que ele é contra as 
“coisas de Deus”. Em sua obra, por diversos momentos, percebemos um viés 
religioso, como, por exemplo, na abertura do capítulo intitulado Utilidade da Arte 
Didática, na qual o autor informa que a Didática se baseia em retos princípios que 
interessam: aos pais, aos professores,aos estudantes, às escolas, aos Estados, à 
Igreja e ao Céu. Veja: 
Finalmente interessa ao Céu que as escolas sejam reformadas de modo a 
ministrarem aos espíritos uma cultura exata e universal, não sendo assim de 
admirar que, com o fulgor da luz divina, mas facilmente sejam libertados das 
trevas aqueles a quem o som da trombeta divina não consegue acordar (...). 
(COMENIUS, 1621, versão para Ebook 2001, págs. 48 e 49). 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
É importante que fique claro para você, estudante e futuro professor, que há 
um viés religioso na obra de Comenius, o que não invalida o viés metodológico de 
sua proposta como veremos a seguir. E qual seria a proposta Didática de Comenius?, 
de acordo com Garcia (2014): 
Na abordagem comeniana havia uma constante preocupação com o 
aprender fazendo, ou seja, era necessário que o aluno tivesse um contato 
direto com a natureza. Daí a organização de visitas ao campo para que as 
crianças e jovens pudessem, através dos sentidos aprender de maneira 
diferente do que constava nos livros apenas (...) (GARCIA, 2014, p. 317). 
Na prática, podemos elencar os princípios da Didática comeniana da seguinte 
maneira: 
1. O aluno deve ver e tocar no objeto do conhecimento, ou seja, o 
professor deve sair da teoria e demonstrar na prática, por meio do “aprender 
fazendo” citado acima. 
2. O professor deve trabalhar com exemplos curtos para facilitar a 
compreensão do estudante. 
3. Parte-se na maioria das vezes, do conhecimento obtido através da 
natureza ou do cotidiano dos estudantes para a compreensão dos fenômenos 
estudados. 
4. O professor não ensina novo conteúdo sem que os estudantes tenham 
compreendido e consolidado o conteúdo anterior. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
 
Figura 2 – Comenius, o pai da Didática. Fonte: Pixabay. 
Então, estudante, qual a sua opinião sobre esta proposta Didática de 
Comenius? Fantástico, não é mesmo? Por este e outros motivos que estudamos esta 
obra até os dias de hoje e por isso mesmo é que este pensador é considerado até a 
atualidade como sendo o pai da Didática. 
1.2. Características de práticas que promovem aprendizagens 
significativas: professores que têm ou não têm Didática 
A formação docente é o primeiro passo na sua carreira de professor, trata-se 
do curso de licenciatura propriamente dita. Neste momento, em Didática, você 
compreenderá dúvidas que surgem na mente dos futuros educadores, a saber: 
Como meu aluno aprende? Como deve ser feita a atividade do docente em sala? 
Como motivar meus alunos e os direcionar de maneira segura ao aprendizado 
significado? Como avaliar a aprendizagem? 
Por meio do estudo da Didática, você conseguirá obter direcionamentos que 
o levarão às respostas a estas dúvidas. Posteriormente, você terá em seu curso 
disciplinas específicas que auxiliarão na Metodologia de disciplinas, tais como: 
Português, Matemática, Ciências, História e Geografia. Agora, é o momento de 
compreender que em Didática, nos preocupamos em como nosso aluno aprende e 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
como deve acontecer nossa atuação em sala de aula no sentido de favorecer este 
aprendizado. 
Paralelo à sua formação inicial, é importante que você saiba que existem 
cursos que fortalecem sua atuação, tais como os de extensão, direcionados à sua 
área de interesse, seja ela: Educação Infantil, Alfabetização, Educação Especial, 
Gestão Escolar, dentre outras. E, claro, posteriormente, você poderá se especializar 
em uma destas áreas com um curso de Pós-Graduação Lato Sensu. Este processo é 
denominado Formação Continuada Docente. 
Além disso, você deve estar se perguntando: como saber se serei um 
professor que terá ou não terá Didática em sala de aula? E a resposta é simples, esta 
competência virá com o tempo e por meio dos seus esforços e dedicação. O 
professor que tem Didática é aquele que se empenha, que estuda e planeja 
previamente, que se preocupa com o processo de aprendizagem de seus alunos, 
que têm interesse em tornar as aulas dinâmicas e atrativas a fim de favorecer o 
aprendizado significativo. Se você atender a estes itens mencionados e se 
aprofundar na compreensão da história da Didática a seguir, podemos concluir que 
se tornará um docente com uma Didática excepcional! E quem ganha com isso? Você 
e seus alunos, com certeza! 
2. Trajetória Histórica da Didática 
Já vimos que a preocupação com este campo pedagógico se iniciou com a 
obra Didática Magna de Comenius, datada do século XVII. É recomendado fortemente 
que você acesse através do link disponível na Bibliografia desta unidade e leia, 
mesmo que por partes, esta obra-prima da Educação. É fundamental que você 
compreenda que, apesar do caráter inovador de Didática Magna, Comenius não 
conseguiu “um milagre” nas escolas mundiais. Vemos até os dias atuais, escolas 
tradicionais que não valorizam o processo de ensino-aprendizagem, continuando 
mecânico e sem sentido para o aluno. Pois bem, sem dúvida a obra de Comenius foi 
inovadora para a sua época e abriu caminhos para outros pensadores/educadores 
que viriam posteriormente democratizar a forma de ensinar e de aprender. 
2.1. Didática difusa e o surgimento da Didática no Século XVII 
Por didática difusa entende-se o longo período que antecedeu a publicação 
da obra Didática Magna, de Comenius. Este termo foi categorizado por Amélia 
Domingues de Castro (1991) e é definido segundo a autora: 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
Na longa fase que se poderia chamar de didática difusa, ensinava-se 
intuitivamente e/ou seguindo-se a prática vigente. De alguns professores 
conhecemos os procedimentos, podendo-se dizer que havia uma didática 
implícita em Sócrates quando perguntava aos discípulos: “pode-se ensinar a 
virtude?” ou na lectio e na disputatio medievais (CASTRO, 1991, p. 15-16). 
A partir do Século XVII percebe-se uma maior preocupação em como ensinar, 
conforme informamos anteriormente quando nos referimos à obra de Comenius, 
Didática Magna. Trata-se efetivamente de um marco histórico na Educação. É claro 
que alguns outros filósofos e educadores já haviam se questionado sobre os 
métodos de ensino mas, ainda segundo Castro: “(...) é aos reformadores do século 
XVII que como disse H. NOHL, deve-se a “autoconsciência” do proceder educativo, 
retirando as cogitações didático-pedagógicas da Filosofia, da Teologia ou da 
Literatura, onde, até essa época, encontravam abrigo” (1991, p. 17). 
Portanto percebe-se um novo direcionamento para os métodos de ensinar e 
a sociedade de uma forma geral começa a pensar se efetivamente o que acontece 
na escola, favorece o desenvolvimento do aluno. 
 
Figura 3 - Como podemos mensurar se um professor têm ou não têm Didática? Fonte: 
Pixabay. 
2.2. De Rosseau à Escola Nova e desafios do Séc. XXI 
Rosseau (1712–1778) segundo Castro (1991, p. 17) é: “o autor da segunda 
grande revolução didática” e, por este motivo, será nosso segundo autor estudado 
na linha histórica que estamos traçando para compreendermos de onde surgiu a 
ideia de Didática, que autores constituem sua base teórica e porque atualmente 
ensinamos da forma que ensinamos. Rosseau fala em sua trajetória de vida sobre a 
importância de nos preocuparmos com os interesses da criança. Agora, pense 
comigo, estamos no ano de 1700 aproximadamente. As grande Revoluções 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
acontecem a partir desse século (XVIII) e, por consequência a inserção da mulher nos 
contextos fabris, bem como o surgimento da Escola de Educação Infantil. Pare e 
pense, o quão inovador Rosseau foi ao se preocupar com as necessidades e os 
interesses da criança, concorda? 
Para falarmos de sua obra, é importante conhecermos um pouco a respeito 
de sua biografia. Sabe-se que Rosseau enfrentou diversosproblemas durante a sua 
infância e adolescência pela ausência de sua mãe que faleceu poucos dias após o 
seu nascimento, e seu pai que teve que deixar Genebra após uma confusão com 
uma pessoa de influência à época. Sua biografia é famosa também por ter tido cinco 
filhos com Thérèse Levasseur e direcioná-los à orfanatos por acreditar que sua 
pobreza e doença o impediam de criar adequadamente seus filhos. Em 1762, 
escreve a obra: Emílio ou da Educação e Do Contrato Social, na qual busca ensinar 
como a família e a escola devem educar suas crianças. Imagine a confusão que esta 
obra gera na sociedade, vindo justamente de uma pessoa que não educou seus 
próprios filhos. Após a publicação desta e da obra A Nova Heloísa, Rosseau passa a 
sofrer perseguições políticas. Apesar da vida conturbada, seus pensamentos são 
importantes até os dias atuais, em pleno século XXI. É sua a famosa frase: “o homem 
é bom por natureza, a sociedade que o corrompe”. São também pressupostos de 
Rosseau: 
1. A criança precisa despertar o interesse pelos estudos, sendo que seus 
verdadeiros professores são a natureza, a experiência e o sentimento. 
2. Para o aprendizado, é fundamental o contato com a natureza, 
denominada por ele de Educação Natural. 
3. Para ele, a educação da criança deve ser voltada aos interesses da 
criança e não aos interesses do adulto, conforme era praticado até então. 
Podemos afirmar, segundo Castro (1991), que Rosseau dá origem a um novo 
conceito de infância, contribuindo para que sobre esta faixa etária houvesse uma 
proposta de inserção diferenciada em relação aos adultos na dinâmica da vida social 
e, portanto, da educação. 
Outra curiosidade ao seu respeito, é que Rosseau não colocou suas ideias em 
prática, isto somente aconteceu a partir da ação de Pestalozzi, outro educador 
importante para a história da Educação. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
A prática das ideias de Rosseau foi empreendida, entre outros, por 
Pestalozzi, que em seus escritos e atuação dá dimensões sociais à 
problemática educacional. O aspecto metodológico da Didática encontra-se, 
sobretudo, em princípios, e não em regras, transportando-se o foco de 
atenção às condições para o desenvolvimento harmônico do aluno. (CASTRO, 
1991, p. 17). 
Vamos falar rapidamente a respeito de Pestalozzi, para que você compreenda 
sua importância dentro da educação. Pestalozzi (1746-1827) preocupava-se com a 
educação como instrumento de reforma social e acreditava que todos deveriam ter 
acesso à escola, independente da condição social. Pense que, nesta época, somente 
os ricos tinham vagas nas escolas (públicas em sua maioria e de muita qualidade). 
Alguns de seus preceitos podem ser aqui explicitados. Para Pestalozzi, é importante 
a relação de amor e respeito estabelecida entre professor e aluno, o respeito à 
individualidade dos sujeitos; o desenvolvimento das capacidades cognitivas e 
intelectuais do aluno, bem como o seu desenvolvimento físico e moral. 
Pestalozzi acreditava ser importante a observação e o início das aulas ou 
conteúdos sempre partindo da forma simples para a complexa, pois, para ele, a 
aquisição do conhecimento acontece de forma gradativa, além, da importância ao 
respeito do desenvolvimento infantil. Ou seja, a criança não era mais considerada 
um mini-adulto como antigamente, e sim um ser que se desenvolve e possui desejos 
e necessidades. 
 
Figura 4 - Pestalozzi acreditava ser importante o respeito ao desenvolvimento infantil. Fonte: 
Pixabay. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
Outro educador fundamental para a nossa compreensão a respeito da 
importância da Didática é John Dewey (1859-1952). Dewey foi o principal 
representante do movimento da Escola Nova, que você já deve ter ouvido falar nas 
disciplinas de História da Educação ou Educação Infantil. 
Para Dewey, é fundamental que o professor trabalhe com seu aluno a partir 
da sua experiência, ou seja, a educação acontece pela ação. O homem é um ser social 
e as necessidades sociais guiam a vida e a educação. Para isto, segundo Dewey, o 
professor deve partir de situações que despertem a curiosidade do aluno, partindo 
dos chamados Centros de Interesse que de acordo com ele, possuem práticas com 
significação para a vida do aluno. Novamente, perceba o quão inovador este 
pensamento era para sua época (início do século passado). 
A filosofia de Dewey tem sido fundamental para a compreensão do sistema 
educativo. 
O movimento da escola nova se contrapôs ao modelo 
tradicional de ensino, mas não chegou a representar uma 
ruptura com o modelo de educação, em termos da relação 
política entre educação e sociedade. O teórico inovou, no 
entanto, em termos de método, na forma de trabalhar com o 
Conhecimento (PEREIRA et all., 2009, p. 157). 
Dewey acreditava que seria importante o professor trabalhar a partir das 
dúvidas dos alunos, ou seja, da problematização de temas importantes e recorrentes 
na escola. Ainda de acordo com Pereira (2009): 
O método "dos problemas" valoriza experiências concretas e 
problematizadoras, com forte motivação prática e estímulo cognitivo 
para possibilitar escolhas e soluções criativas. Que neste caso leva o 
aluno a uma aprendizagem significativa, pois o mesmo utiliza 
diferentes processos mentais (capacidade de levantar hipóteses, 
comparar, analisar, interpretar, avaliar), de desenvolver a capacidade 
de assumir responsabilidade por sua formação. (PEREIRA et all., 2009, 
p. 158). 
Perceba novamente, a evolução da proposta de Dewey, se compararmos 
sempre ao ensino tradicional praticado até então. Para trabalhar a partir das dúvidas 
dos alunos, ou a partir de situações-problema, o professor deve, primordialmente, 
ser um pesquisador. Não é mais o centro do processo educativo nem tão pouco o 
detentor do saber. O saber está no docente, no discente e na troca que se estabelece 
entre eles. Isto quer dizer que o professor deve considerar também o conhecimento 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
prévio de seu aluno, todo mundo sabe alguma coisa, e este “saber algo” influencia na 
dinâmica do processo de ensino-aprendizagem na escola. 
Em suma, Dewey foi um dos principais educadores que traçaram um “norte” 
para o movimento escolanovista. No Brasil, os principais representantes deste 
movimento foram Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo. Um dos 
principais pilares defendido pelos escolanovistas é o “aprender a aprender”. 
Questiona-se como o aluno aprende e chega-se à conclusão de que ele o faz 
observando, pesquisando, realizando trabalhos em grupo, resolvendo situações- 
problema, dentre outras atividades. Curiosamente, em 2010, este seria um dos 
quatro pilares da Educação categorizados pela UNESCO, a saber: aprender a 
conhecer (ou aprender a aprender), aprender a ser, aprender a fazer e aprender a 
conviver. 
Mas Lourenço Filho, quando trata do aprender a aprender, referia-se à Escola 
Ativa, aqui entendida como: 
(…) a aprendizagem do aluno ocorreria num movimento, 
resultando de impulsos emotivos naturais em que aspectos 
biológicos são respeitados. E as atividades devem ser 
organizadas de acordo com as etapas do desenvolvimento de 
cada criança. A escola passa a preocupar-se em entender 
como o aluno aprende (LOURENÇO FILHO, 1978, p. 19). 
Por fim, podemos afirmar que o movimento da Escola Nova pretende 
preparar o aluno para a vida em sociedade. 
3. Tendências Pedagógicas e a Didática 
É evidente que o movimento da Escola Nova foi revolucionárioe apresenta 
consequências até os dias atuais. Porém, esta não é a única tendência pedagógica 
utilizada atualmente nas escolas brasileiras, existem diversas tendências 
pedagógicas e, a partir da explicação detalhada de cada uma delas, poderemos nos 
atentar aos seus princípios, metodologias, ideais e representantes. Autores como o 
próprio Libâneo (1994), já citado aqui anteriormente, e Mizukami (1986) elaboraram 
uma análise das abordagens do processo de ensino aprendizagem que acontecem 
nas escolas e sua trajetória histórica para que possamos compreender a sua linha 
histórica evolutiva. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
Para efeitos didáticos, é importante você saber que existem duas grandes 
correntes pedagógicas: a liberal e a progressista, de acordo com Libâneo (1994). 
Dentro da corrente liberal encontram-se: a pedagogia tradicional, pedagogia 
renovadora, ou da Escola Nova, e a pedagogia tecnicista. Na corrente progressista, 
encontram-se: pedagogia libertadora e pedagogia crítico-social de conteúdos. Vamos 
conhecer um pouco de cada uma delas. A corrente liberal entende que a função 
social da escola está direcionada justamente à preparação para a atuação do 
indivíduo na sociedade, desempenhando papéis sociais de acordo com as suas 
capacidades individuais. Embora discrepantes em alguns momentos como, por 
exemplo, na função social da escola, é curioso observar como Libâneo agrupa as 
tendências pedagógicas nestas duas correntes. 
3.1. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos e sua 
relação com as tendências Pedagógicas 
De acordo com Fernando Becker (s/d) existem três formas de representar a 
relação que acontece na sala de aula, são os modelos pedagógicos: pedagogia 
diretiva, pedagogia não diretiva e pedagogia relacional. 
Com relação à pedagogia diretiva e sua sustentação epistemológica, Becker 
afirma que se trata de uma aula onde prevalece o ensino tradicional em que o 
professor fala, e o aluno escuta. O professor atua desta forma porque acredita 
verdadeiramente que o conhecimento pode ser “transmitido” de um para outro, de 
uma pessoa que “sabe mais” para outra que “sabe menos”, de acordo com Becker 
(s/d): 
Ele (o professor) acredita no mito da transmissão do conhecimento – do 
conhecimento enquanto forma ou estrutura; não só enquanto conteúdo. O 
professor acredita, portanto, numa determinada epistemologia. Isto é, numa 
"explicação" - ou, melhor, crença - da gênese e do desenvolvimento do 
conhecimento, “explicação” da qual ele não tomou consciência e que, nem 
por isso, é menos eficaz. (BECKER, s/d, p. 2). 
Portanto, esta pedagogia diretiva está sustentada na crença que o aluno nada 
sabe, inclusive não possui conhecimentos prévios, e o professor é a única forma de 
se obter o conhecimento e inclusive, a sua redenção. E, para aprender, o aluno tem 
que se submeter à fala do professor, apenas escutando-o e repetindo diversas vezes 
o mesmo conteúdo, já será suficiente para o seu aprendizado. E veja, o quão 
edificante para a sociedade é este modelo pedagógico: 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
O aluno, egresso dessa escola, será bem recebido no mercado de trabalho, 
pois aprendeu a silenciar, mesmo discordando, perante a autoridade do 
professor, a não reivindicar coisa alguma, a submeter-se e a fazer um mundo 
de coisas sem sentido, sem reclamar. O produto pedagógico acabado dessa 
escola é alguém que renunciou ao direito de pensar e que, portanto, desistiu 
de sua cidadania e do seu direito ao exercício da política no seu mais pleno 
significado: qualquer projeto que vise a alguma transformação social escapa 
a seu horizonte, pois ele deixou de acreditar que sua ação seja capaz de 
qualquer mudança. (BECKER, s/d, p. 3). 
Entende-se a partir daí que o professor determina o aluno. Ou seja, este aluno 
somente se formará, se e somente se, o professor estiver guiando-o. Nesta 
concepção, pode esquecer-se de Paulo Freire caro estudante, não está prescrita a 
máxima: o aluno aprende com o professor e o professor aprende com o aluno. Aqui, 
o professor ensina e o aluno (através da repetição e memorização), aprende. E, 
portanto, está inserida na lógica da educação tradicional. 
Agora, vamos tratar um pouco a respeito da pedagogia não-diretiva. Este 
modelo entende que o professor é um facilitador do processo de ensino-
aprendizagem. O professor não deve interferir na aprendizagem, deve, literalmente, 
deixar o aluno fazer para que este possa encontrar suas respostas. A bagagem 
hereditária é fortemente marcada nesta pedagogia, ou seja, o aluno já sabe, já possui 
o conhecimento, só precisa de uma forma para aflorá-lo. E qual seria então o papel 
do professor, visto que aprendemos desde sempre que é necessária a mediação no 
processo de ensino aprendizagem? Ele tem dois caminhos, segundo Becker (s/d): ou 
ele exerce o poder de maneira que ninguém o perceba, ou ele desiste deste 
tradicional papel mediador. Aqui, falando de maneira epistemológica, o aluno já 
possui suas características hereditárias e determina a ação (ou falta dela) do 
professor. 
E por fim, falaremos sobre a pedagogia relacional. Neste modelo, o professor 
age a partir da experimentação, ou seja, o aluno tem que tocar o conhecimento, 
senti-lo para só então compreendê-lo: 
Em outras palavras, ele (o professor) sabe que há duas condições necessárias 
para que algum conhecimento novo seja construído: a) que o aluno aja 
(assimilação) sobre o material que o professor presume que tenha sigo de 
cognitivamente interessante, ou melhor, significativo para o aluno; b) que o 
aluno responda para si mesmo às perturbações (acomodação) provocadas 
pela assimilação deste material, ou, que o aluno se aproprie, neste segundo 
momento, não mais do material, mas dos mecanismos íntimos de suas ações 
sobre este material (...) (BECKER, s/d, p. 7-8). 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
Em suma, o docente acredita que há o conhecimento prévio, que há a herança 
genética, mas que é fundamental a interação na sala de aula, o convívio e as trocas 
com os colegas de turma, bem como a mediação docente. Professor e aluno 
interagem mutuamente. 
 
Figura 5 - É importante a interação entre todos na escola. Fonte: Pixabay. 
3.2 Os 5 passos da Atividade Mediadora da Pedagogia Histórico 
– Crítica dos Conteúdo 
Falamos de maneira breve anteriormente que a pedagogia histórico-crítica 
dos conteúdos (ou também denominada pedagogia crítico-social dos conteúdos) 
está dentro da Corrente Pedagógica Progressista. Agora, você vai conhecer um 
pouco mais a este respeito. 
Esta tendência surgiu no final da ditadura militar, início dos anos de 1980. 
Busca uma educação crítica e a superação das desigualdades em nossa sociedade. 
Para esta pedagogia, a escola deve socializar e difundir o saber, atendo-se às 
realidades sociais vigentes dos seus participantes (sejam eles estudantes, 
profissionais ou outros membros da comunidade). O professor faz a mediação do 
processo de ensino-aprendizagem, porém, preocupa-se fortemente com a realidade 
de seu aluno e suas experiências de vida. Para isto, os conteúdos ensinados devem 
ser analisados criticamente de acordo com as realidades sociais vivenciadas. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
O método de ensino visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; 
favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de 
valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta 
os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento 
psicológico, mas sem perder de vista a sistematização lógica dos 
conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de 
transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos. Esse método deve fazer a 
vinculação entre educação e sociedade, onde professores e alunossão 
tomados como agentes sociais (SAVIANI, 2007). 
Ainda de acordo com Demerval Saviani, um dos principais estudiosos desta 
Pedagogia, existem cinco passos para o desenvolvimento da atividade mediadora da 
Pedagogia Histórico–Crítica dos Conteúdo, a saber: 
1) Prática Social: trata-se do posicionamento social de todos os 
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, em especial de professor e aluno; 
2) Problematização: verifica-se qual conhecimento é necessário para a 
resolução dos problemas oriundos da prática social; 
3) Instrumentalização: neste momento, os envolvidos no processo 
devem se apropriar dos instrumentos necessários à resolução dos problemas 
observados na prática social; 
4) Catarse: é a elaboração de uma nova forma de expressão de 
compreensão da teoria e prática social e acontece através de uma síntese mental 
elaborada pelo educando que pode ser exposta de maneira oral ou escrita; 
5) Prática Social – culminância: trata-se de assumir um 
posicionamento a partir de todo o conhecimento trabalhado nas etapas anteriores. 
Em suma, de acordo com Petenucci: 
A implementação dessa didática está vinculada a uma nova forma dos 
educadores pensarem a educação, sendo necessário muito esforço, estudo, 
experimentações, coragem para inovar, de divergir, de arriscar, de assumir 
desafios. Portanto, sua aplicabilidade com êxito, depende indubitavelmente 
do compromisso desses educadores, em aprofundar seus conhecimentos 
teóricos e criarem condições necessárias como, nova forma de planejar e 
aplicar os conteúdos e as atividades escolares, almejando um ensino 
significativo, crítico e transformador. (PETENUCCI, 2008, p. 14). 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
 
Você quer ler? É importante você se aprofundar nesta tendência Pedagógica e 
verificar sua viabilidade na prática. Para isto, indicamos fortemente a leitura do livro 
Uma Didática para Pedagogia Histórico-Crítica, Campinas: Autores Associados, 2005. 
 
4. A função social da educação: o pleno 
desenvolvimento da pessoa 
Em diversos momentos durante a sua formação enquanto educador, você 
com certeza terá contato com a expressão: função social da escola ou da educação. 
Já mencionamos aqui anteriormente a importância desta expressão e como ela foi 
abordada em algumas tendências pedagógicas vigentes na sala de aula. Agora, é 
importante você entender esta ideia por completo. 
Quando falamos em função social da escola ou da educação, isto quer dizer 
que a escola não é meramente uma instituição que tem como função a transmissão 
dos conteúdos, consequente memorização por parte dos estudantes e reprodução 
na sociedade. A escola é muito mais do que isso. Orientamos que acesse o site do 
Ministério da Educação e verifique que, uma das premissas do Ensino Fundamental 
é formar um cidadão, no sentido pleno da palavra. Pois educar é, segundo Celina 
Alves Arêas: 
Processo e prática social constituída e constituinte das relações 
sociais mais amplas; Processo contínuo de formação; Direito 
inalienável do cidadão. A prática social da Educação deve ocorrer em 
espaços e tempos pedagógicos diferentes, para atender às 
diferenciadas demandas. Como prática social, a educação tem como 
lócus privilegiado a escola, entendida como espaço de garantia de 
direitos. (ARÊAS, 2008, p. 4). 
 Portanto, quando falamos em prática social, está subentendido que uma de 
suas premissas é o respeito aos espaços e tempos pedagógicos de cada um, bem 
como suas experiências prévias e a forma como se constrói dentro e fora da sala de 
aula. 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
4.1 Sistema educacional e sistema escolar: educação escolar, 
formal e não formal 
Sistema educacional brasileiro é a maneira como está estruturada a educação 
regular em nosso país, por educação regular entende-se a educação 
institucionalizada e suas etapas, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e 
II, Ensino Médio, Ensino Superior. Sendo que somente o Ensino Superior não é 
obrigatório. Com relação aos demais, é dever da escola e da família seu provimento, 
por ser direito de todo o cidadão. Dever da escola de oferecer a vaga (acesso) e 
condições de sucesso escolar (permanência) e, dever da família em matricular a 
criança e oferecer condições para o seu pleno desenvolvimento em todas as etapas 
da Educação. Estes dizeres encontram-se em nossa Constituição Federal no artigo 
nº 205. 
De acordo com Menezes (1998), entende-se por sistema escolar: 
Em 1954, Querino Ribeiro apresentou a seguinte definição de 
sistema escolar: “Por sistema escolar se entende um conjunto 
de escolas que, tomando o indivíduo desde quando, ainda na 
infância, pode ou precisa distanciar-se da família, leva-o até 
que, alcançando o fim da adolescência ou a plena maturidade, 
tenha adquirido as condições necessárias para definir-se e 
colocar-se socialmente, com responsabilidade econômica, civil 
e política”. O que esta definição tem de mais notável é o fato de 
não se deter no exame da estrutura do sistema escolar, para 
focalizar, de preferência, os resultados do processo de 
escolarização. (MENEZES, 1998, p. 127). 
 Agora, vamos nos ater aos itens: educação formal, não formal e informal. Para 
que você possa compreender o nível de abrangência do nosso sistema educacional 
brasileiro. 
 A Educação Formal, como o próprio nome sugere, acontece em ambientes e 
com práticas pedagógicas Institucionalizadas de maneira intencional. Traduzindo: 
acontece na escola regular, onde há professores e planejamento para as ações 
cotidianas da sala de aula. Podemos aproximar esta definição do conceito de 
intencionalidade pedagógica, que se traduz pela intenção e planejamento prévio de 
educadores no ato de ensinar. O professor se prepara para lecionar, estuda, realiza 
um planejamento, verifica quais serão seus objetivos, metodologia e formas de 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
avaliar e o aluno, é acompanhado diariamente, é exigido em diversos momentos e 
avaliado ao final do processo em que obterá aprovação ou reprovação. 
 A Educação Não-Formal acontece fora da sala de aula ou dos espaços formais 
de educação, não há planejamento pedagógico por trás desta ação. São 
desenvolvidas diversas atividades para diversos grupos e, portanto, não há um 
conteúdo único a ser seguido, bem como não há uma única forma de avaliar e 
determinar um conceito de aprovação. 
Já a Educação Informal é resultado de tudo que acontece no cotidiano do 
estudante, dentro e fora do ambiente formal de estudos. Ocorre em cada 
experiência realizada, seja ela planejada ou não, em cada contato com o outro, em 
cada evolução cognitiva e social. 
4.2 Responsabilidades da escola e da família na educação 
para a vida 
Neste momento, para finalizarmos esta primeira unidade, é importante que 
você, futuro educador, saiba das responsabilidades que são destinadas tanto à 
família quanto à escola, para o pleno desenvolvimento de nossos alunos, futuros 
cidadãos. Você já viu quais são as obrigações previstas em lei por estas duas 
Instituições (família e escola), mas é importante que você saiba que não basta apenas 
oferecer uma vaga e matricular a criança na escola. Educar, é muito mais do que isto. 
Tanto a família quanto escola tem o dever de acompanhar e oferecer plenas 
condições para o desenvolvimento do estudante. Isto quer dizer que o professor tem 
que ministrar sua aula, verificar se os estudantes estão acompanhando e 
conseguindo compreender o conteúdo e, se não estiverem, este professor deve 
traçar uma nova rota metodológica. Esta é uma atividade de um professor reflexivo. 
E agora você deve estar se perguntando, o que é um professor reflexivo? 
Trata-se de um profissional que analisa suas práticas, o seu cotidiano, o 
desenvolvimento de seus estudantes, seu planejamento, seus instrumentos de 
avaliação e assim por diante.É aquele professor que, mediante uma turma que tem 
um fraco desempenho em uma avaliação, questiona a sua metodologia e até mesmo 
a sua avaliação. E, a partir desta reflexão, traça novos caminhos. 
Este é o professor que queremos, um profissional sério, comprometido, 
questionador, pesquisador, reflexivo. E não aquele profissional de antigamente, que 
acreditava já saber tudo e não precisar alterar sua metodologia em nada, mesmo 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
diante de uma turma que não aprende. Este é o perfil de profissional que você, futuro 
educador, deverá buscar, sempre! 
Síntese 
Nesta unidade nosso foco foi compreender como seu o nascimento da 
Didática através de uma breve linha histórica do tempo, traçando suas 
intencionalidades e principais autores desta área do saber. Posteriormente, 
caminhamos por Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos e sua relação 
com as tendências Pedagógicas de maneira sintetizada, mas que com certeza, fará a 
diferença na sua atuação enquanto futuro educador. 
Finalizamos este início de disciplina com uma visão atualizada a respeito do 
sistema educacional e do sistema escolar, bem como das responsabilidades da 
escola, família e governo com relação ao processo educacional como um todo. 
Nesta unidade tivemos a oportunidade de: 
● Conceituar e compreender a constituição do campo da didática; 
● Situar-se quanto ao papel da filosofia de Comenius e sua importância 
na história das práticas pedagógicas; 
● Delimitar as características docentes que desencadeiam 
aprendizagens significativas; 
● Recompor os percursos históricos dos preceituários da didática; 
● Comparar as propostas da didática difusa, de Rousseau e da Escola 
Nova; 
● Situar-se quanto às tendências modernas da didática na pedagogia; 
● Compreender o significado conceitual da função social da escola e a 
importância de sua delimitação. 
 
Didática - Unidade Nº 1 - Introdução ao Estudo da Didática 
 
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Acesso em: 03 jul. 2019. 
Figura 3 - PIXABAY. Didática em sala de aula. Disponível em: 
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3694993/>. Acesso em: 24 jun. 2019. 
Figura 4 - PIXABAY. Meninas estudando. Disponível em: 
<https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7as-menina-l%C3%A1pis-desenho-
1093758/>. Acesso em: 03 jul. 2019. 
Figura 5 - PIXABAY. Interação na sala de aula. Disponível em: 
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Acesso em: 24 jun. 2019.

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