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Estudo comparativo entre a aplicação de crioterapia, cinesioterapia e ondas curtas no tratamento da osteoartrite de joelho
Artigo realizado no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT HC FMUSP). Projeto de pesquisa aprovado pela Comissão de ética da FMUSP.
Acta ortop. bras. v.15 n.4 São Paulo  2007
 
Ayessa Mayara 
Carolaine Tomazeli
INTRODUÇÃO
A osteoartrite é a forma mais prevalente de doença articular. A OA do joelho é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo que provoca a destruição da cartilagem articular e leva a uma deformidade da articulação.
A dor, geralmente, é o primeiro fator incapacitante da OA, levando posteriormente a alterações articulares, periarticulares e disfunção progressiva.
 Os agentes físicos como o gelo e o calor podem combater o processo álgico quando corretamente indicados e utilizados. O objetivo deste trabalho foi a comparação de protocolos de tratamento fisioterapêutico, que envolveram o uso de cinesioterapia, crioterapia e ondas curtas, em indivíduos com osteoartrite de joelho.
Forma de Análise 
Foram analisados 25 pacientes sedentários (19 do sexo feminino e 6 do sexo masculino) num total de 25 joelhos (15 direitos e 10 esquerdos) no período de Maio a Dezembro de 2003, com diagnóstico de osteoartrite primária do joelho, cuja idade variou de 58 a 78 anos (média de 67,56 anos), peso corporal entre 53 e 136 kg (média de 76,16kg), altura entre 1,50 e 1,85 m (média 1,60m), encaminhados do Grupo de Artroplastias da Disciplina de Ortopedia Geral do IOT HC FMUSP.
Os critérios de inclusão foram os seguintes:
a) indivíduos com idade entre 58 e 78 anos;
b) indivíduos com diagnóstico de osteoartrite grau I de joelho, unilateral;
c) não possuir nenhum outro tipo de doença associada que acometesse os MMII (por exemplo: espondilite anquilosante, artrite reumatóide, doenças degenerativas, doenças neurológicas, Diabetes Mellitus, fraturas em tornozelo e pé, Parkinson, Paralisia Cerebral);
d) não ter realizado artroplastia de joelho ou quadril no membro estudado ou contralateral ou qualquer outro procedimento cirúrgico ortopédico nos membros inferiores;
e) não possuir nenhum distúrbio neurológico que promovesse alterações cognitivas;
f) não possuir qualquer tipo de implante metálico e/ou marcapasso;
g) não praticar atividade física regular há pelo menos 3 meses;
h) não ter realizado tratamento de fisioterapia há pelo menos 6 meses;
i) possuir tempo disponível, duas vezes na semana, para o tratamento.
Os critérios de exclusão foram os seguintes:
a) abandono do programa de tratamento antes de completar 10 sessões;
b) possuir duas faltas consecutivas;
c) apresentar hipersensibilidade aos meios físicos aplicados. 
MATERIAL
Foram aplicados questionários no pré e pós tratamento fisioterapêutico para evidenciar dados pessoais e questões relacionadas a qualidade funcional do indivíduo(4) com a queixa principal de cada paciente.
Foram utilizados o goniômetro para medir a amplitude de movimento, a escala de dor(5) para percepção subjetiva de dor e um esfigmomanômetro devidamente calibrado para avaliação da força muscular.(6)
A aplicação do tratamento fisioterapêutico foi realizado segundo o Padrão do IOT HCFMUSP com lençóis, bicicleta ergométrica e almofada para treino proprioceptivo, gelo triturado e o aparelho de Ondas curtas 
MÉTODO
Os pacientes foram divididos em três grupos:
GRUPO A: com aplicação de ondas curtas com individuo deitado com joelhos estendidos por 20 minutos mais a realização de exercícios.
GRUPO B: com a aplicação de gelo por 20 minutos mais a realização de exercícios.
GRUPO C: somente com a realização de exercícios.
Os pacientes foram avaliados antes e depois do tratamento quanto à força muscular, intensidade da dor, amplitude de movimento e qualidade funcional, nos dois membros (o lado acometido e não acometido), pois os exercícios foram realizados bilateralmente e a aplicação de ondas-curtas e gelo somente no lado acometido.
A triagem e a avaliação foram realizadas por fisioterapeutas não envolvidos neste estudo (estudo cego) e todos os pacientes foram atendidos no ambulatório de Fisioterapia do IOT HCFMUSP no qual realizaram 10 sessões duas vezes por semana, com a aplicação de exercícios de alongamento e fortalecimento (isometria) para os músculos: tríceps sural, abdutores e adutores de quadril, quadríceps e isquiotibiais, propriocepção em almofada e bicicleta ergométrica e aplicação de ondas-curtas ou gelo dependendo do grupo.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
 O tratamento utilizando somente a cinesioterapia não foi benéfico na variável dor, porém apresentou resultados positivos na melhora da qualidade funcional, ganho de amplitude de movimento e ganho de força muscular.
Este estudo demonstrou a manutenção da intensidade da força aferida da musculatura flexora de joelho nos grupos A e B nos joelhos acometidos e no grupo B nos joelhos não acometidos, em contrapartida houve ganho de força nos indivíduos do grupo C nos joelhos acometidos e não acometidos e perda de força nos joelhos não acometidos no grupo A. Em relação a musculatura extensora do joelho, foi observado ganho de força no grupo B e C nos joelhos acometidos e perda de força no grupo A. Nos joelhos não acometidos, houve ganho de força no grupo C, perda de força no grupo B e manutenção do grupo A.
A diatermia por ondas curtas, que promove calor profundo, pode apresentar benefícios diminuindo a sintomatologia, porém o tratamento com diatermia é caro e precisa de estudos clínicos randomizados nos quais sua aplicação seja acompanhada por um protocolo de cinesioterapia para alongamento e fortalecimento muscular, porém Brandt(11) relata não haver evidências que tratamentos com calor são mais efetivos em analgesia do que somente exercícios.
A utilização do gelo tem a vantagem do seu baixo custo, do grande espectro de ação e da fácil aplicação técnica, mas quando um indivíduo já apresenta diminuição da sensibilidade dolorosa, é sinal de que a contração voluntária está comprometida devido ao aumento do limiar motor, decorrente do aumento da latência e da duração do potencial de ação. O gelo age diretamente no fuso muscular e no órgão tendinoso, portanto uma sobrecarga na execução de exercícios após resfriamento do músculo, pode levar a uma nova lesão muscular, uma vez que o controle motor está com o seu limiar alterado. 
A variável dor obteve uma melhora significativa somente no grupo B.
CONCLUSÃO 
1. O protocolo mais adequado de tratamento para alivio da dor foi o que envolveu a aplicação de gelo e cinesioterapia.
2. O nível de qualidade funcional melhorou nos três grupos estudados.
3. O ganho de amplitude de movimento, flexibilidade e força muscular não possui relação de melhora que envolva a aplicação de gelo e calor.

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