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A IMPORTÂNCIA DA PRÉ-FORMULAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MEDICAMENTOS1 SILVA, A. M.2; LARANJEIRA, T. S. M.3; PANONTIN, J. F.4 ¹Parte do Projeto “Trabalho apresentado para a disciplina de Tecnologia Farmacêutica III”. 2,3Acadêmicas do curso de Farmácia no Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP/ULBRA. 4Farmacêutica. Mestre em Ciências Farmacêuticas. Professora dos cursos de Farmácia e Estética do CEULP/ULBRA. RESUMO: Todos os processos para o desenvolvimento de novos medicamentos visam novas intervenções para prevenir, tratar e até mesmo curar doenças. O grande propósito da indústria farmacêutica é descobrir novos fármacos e para isso ela conta com um suporte básico de informações científicas e biomédicas. Todos os testes devem ser realizados e os seus resultados avaliados para o desenvolvimento de um produto final de qualidade. Os estudos realizados para identificar problemas durante a pré-formulação de medicamentos e reduzir a ocorrência de deterioração e oxidação, por exemplo, são: estabilidade, polimorfismo, pH, solubilização e ponto de fusão. A colaboração da indústria e os profissionais envolvidos são de extrema importância, por conta de todos os processos que são envolvidos. O trabalho teve por objetivo descrever a importância da pré-formulação no desenvolvimento de novos medicamentos. PALAVRAS CHAVE: pré-formulação; medicamentos; indústria. INTRODUÇÃO: Todo o processo de desenvolvimento de novos medicamentos ou até mesmo o aperfeiçoamento dos que já existem, visam novas intervenções para prevenir, tratar e até mesmo curar doenças, é um processo lento e muito complexo, mas que algumas vezes tem resultados compensadores (KAPETANOVIC, 2011). O grande propósito da indústria farmacêutica além do empenho e esforço de profissionais envolvidos, estão combinados para descobrirem novos fármacos e a partir destes desenvolver novos medicamentos. Para isto, a indústria conta com um suporte básico de informações científicas e biomédicas criadas em todo o mundo por institutos de pesquisa, indústrias e centros acadêmicos (ALLEN JÚNIOR; POPOVICH; ANSEL, 2013). A síntese de novos compostos químicos é o início de todo o processo de desenvolvimento de novos fármacos, a partir desta síntese é possível obter estruturas complexas de plantas, culturas de microrganismos, tecidos animais, células humanas ou por meio de tecnologia de gene (LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017). A pré-formulação pode ser definida como a análise das propriedades físico-químicas das matérias primas combinadas com excipientes ou até mesmo isoladas. O principal objetivo desta fase é a geração de informações úteis para que o formulador desenvolva formas farmacêuticas seguras, estáveis, eficazes e com biodisponibilidade adequada. É necessário realizar uma avaliação cuidadosa, pois, é uma etapa muito importante do desenvolvimento de novos medicamentos. No caso mais simples, as investigações feitas durante a fase de pré-formulação podem confirmar unicamente que não existem impedimentos significativos ao desenvolvimento do composto (VIEIRA; REDIGUIERI, 2013). Logo, o objetivo deste trabalho é descrever a importância da pré-formulação no desenvolvimento de novos medicamentos. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de uma revisão de literatura que teve como questão norteadora: a importância da pré-formulação no desenvolvimento de novos medicamentos. A pesquisa foi realizada no mês de Agosto de 2018, por meio de livros didáticos e base de dados: Google acadêmico, SCIELO, Portal dos periódicos da CAPES. As palavras chaves utilizadas foram: pré-formulação, medicamentos e indústria. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A fase que antecede a formulação é chamada de pré-formulação, sendo de extrema importância para que se identifique a ausência de impedimentos para o desenvolvimento do composto, ou seja, para o desenvolvimento de medicamentos. Um conjunto de técnicos e profissionais de várias especialidades (Figura 1), por exemplo o farmacêutico e o químico possuem a atribuição de assegurar que problemas com a solubilidade e/ou estabilidade (mais comuns) não afetem a formulação. Os estudos realizados para identificar problemas durante a pré-formulação de medicamentos são: estabilidade e/ou solubilidade do fármaco, polimorfismo, pH e/ou determinação do pKa, solubilização e ponto de fusão. Figura 1. Concepção de formas farmacêuticas. Os estudos na fase de pré-formulação incluem a estabilidade no estado sólido do fármaco isolado e a estabilidade na presença dos excipientes. Estas etapas são realizadas para reduzir ou prevenir a ocorrência de deterioração devido à hidrólise, oxidação, entre outros processos. Os fármacos devem seguir seus principais requisitos, sendo eles: a qualidade, a eficácia e a segurança (figura 2). A qualidade e a segurança são atributos essenciais e indispensáveis para um excipiente. O excipiente deve apresentar funcionalidade ao invés de eficácia terapêutica em um fármaco (FERREIRA, 2010). Figura 2. Principais requisitos para um fármaco e excipiente. Os ensaios comuns em pré formulações são: tamanho de partícula, ponto de fusão, solubilidade, compatibilidade com excipientes, densidade, estabilidade, entre outros. É necessário reduzir o tamanho das partículas em muitas situações, tanto do fármaco quanto dos excipientes/adjuvantes da formulação, para promover uma maior absorção e fazer com que a mesma seja mais efetiva. O tamanho da partícula do fármaco também possibilita a homogeneidade do conteúdo nos casos de formulações sólidas, especialmente aquelas que contém alguns miligramas do componente ativo (LARIN, 2008). O ponto de fusão é caracterizado como um indicador de pureza de substâncias químicas. Uma substância pura geralmente é classificada por um pico de fusão muito estreito, se ocorrer alterações neste pico pode indicar que o fármaco foi adulterado ou encontra-se impuro. Os fármacos com baixo ponto de fusão correm o risco de se fundirem durante uma etapa de preparação em que calor é gerado, e isso poderá prejudicar todo o andamento da preparação (ALLEN JUNIOR; POPOVICH; ANSEL, 2013). A solubilidade do fármaco possui grande valor no momento da sua administração, como por exemplo, os pós efervescentes que devem ser reconstituídos com água para ser administrado. É importante que o fármaco esteja completamente solubilizado para ser absorvido no trato gastrointestinal. No estudo realizado por CAMPOS (2012), o AAS foi o objeto de estudo no qual mostrou que a presença de excipientes no AAS favoreceu a sua solubilização. O parâmetro físico- químico avaliado nesse estudo de grande relevância é o tamanho das partículas das matérias primas que compõem a pré-formulação do pó efervescente, pois interfere na velocidade de dissolução e tempo de mistura, pois quanto menor e mais homogêneo é o tamanho das partículas, maior será a superfície de contato e mais fácil o processo de mistura. A dissolução de uma partícula de um fármaco é regulada por propriedades físico-químicas, que inclui desde a forma química, a forma do cristal, o tamanho das partículas, até a área superficial. Na fase do estudo de solubilidade está incluso testes de determinação de pKa, temperatura, perfil de solubilidade a vários pHs, solubilização, dissolução, força iônica e concentrações tampão. Para a realização do teste de solubilidade é depositado uma quantidade abundante deste no solvente, agitando-se a temperatura constante. Por um tempo são recolhidas amostras dessa solução que são clarificadas por centrifugação e doseadas para estabelecer a concentração do fármaco em equilíbrio. A solubilidade de fármacos que são caracterizados como “pouco solúveis” pode aumentar constantemente com a adição de co-solventes, como por exemplo, etanol, propilenoglicol e glicerina que agem solubilizando as moléculas dos fármacos através da quebra das ligações hidrofóbicas da água nas interfaces não polares soluto/água. A adição desses co- solventes se faz necessária para que se consigaatingir concentrações de fármacos necessárias para que o método analítico venha ser bem definido. Tanto a solubilidade quanto a estabilidade dos compostos oscilam por efeito do polimorfismo. O polimorfismo é classificado em: enantiotrópio, onde um polimorfo se transforma em outro por causa das alterações de temperatura ou de pressão e em monotrópico, no qual a forma polimórfica é instável a qualquer temperatura ou pressão. Em pré- formulações é necessário haver a identificação do polimorfo que é estável à temperatura ambiente, determinando qual das transformações vão ocorrer dentro das variações de temperaturas usadas nos estudos de estabilidade e durante o processamento. Assim sendo, a forma mais direta para estabelecer a temperatura de transição de um polimorfo é por observação microscópica das amostras preparadas a temperatura constante, onde o fármaco deve ser pouco solúvel no solvente e não acontecer a formação de solvatos (LACHMAN; LIEBERMAN; KANING, 2008). O teste de estabilidade consiste em experiências com o novo fármaco em solução e no estado sólido em condições exclusivas para o manuseio, formulação, armazenamento e administração (Figura 3). . Figura 3. Esquema dos componentes de um produto farmacêutico. Para que esse estudo seja válido, é necessário que a amostragem esteja adequada e que o doseamento seja específico, permitindo quantificar e realizar o balanço de massa do fármaco intacto e o produto da sua degradação (BRASIL, 2004). De acordo com Castro et al. (2003), o efeito da concentração do amido de milho na liberação de paracetamol em comprimidos pode ser afetado se a quantidade de amido for mais alta que a necessária. Por isso, é tão necessário otimizar a concentração dos adjuvantes numa formulação de comprimidos, pois, embora uma pequena variação nesta concentração não exerça efeito significativo no tempo de desintegração, a quantidade de fármaco liberado pode ser substancialmente alterada. CONCLUSÃO: Antes da produção de um fármaco em forma farmacêutica, o produto desejado deve ser delineado o melhor possível para estabelecer uma metodologia de trabalho para seu desenvolvimento. A colaboração da indústria e os profissionais envolvidos nas pesquisas são de grande importância devido à complexidade das doenças e de todo o processo que envolve a descoberta e o desenvolvimento de novos fármacos. Para atingir essa complexidade, é mais eficiente reunir o conhecimento e as experiências prévias de todos com um objetivo comum, que é curar uma doença específica através da criação deste novo fármaco. O principal objetivo da pré-formulação é a geração de informações confiáveis para que possam ser desenvolvidos medicamentos seguros, estáveis e eficazes. Todos os testes desta fase devem ser realizados e os seus resultados avaliados de forma criteriosa para o desenvolvimento de um produto final de qualidade. REFERÊNCIAS: ALLEN JUNIOR, Loyd V; POPOVICH, Nicholas G; ANSEL, Howard C. Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 716 p. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopéia Brasileira. v. 2 (b), p. 10461051. Brasília: Anvisa, 2004. CASTRO, Ana Dóris de et al. Efeito da concentração do amido de milho na liberação de paracetamol de comprimidos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 39, n. 3, p.289-297, jul. 2003. FERREIRA, Anderson de Oliveira. Guia Prático da Farmácia Magistral. 4. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2010. 736 p. KAPETANOVIC, Izet M. (Ed.). DRUG DISCOVERY AND DEVELOPMENT – PRESENT AND FUTURE. Cróacia: 2011. 540 p. LACHMAN, Leon; LIEBERMAN, Hebert A.; KANING, Joseph L.. Teoria e prática na indústria farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian/lisboa, 2001. 1 v. LARIN, Lourival. Fármacos e medicamentos. Porto Alegre: Artmed, 2008. 408 p. LÜLLMANN, Heinz; MOHR, Klaus; HEIN, Lutz. FARMACOLOGIA: Texto e Atlas. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 416 p. SILVA, Delaman Campos da. ENSAIOS FÍSICOS DOS EXCIPIENTES E AVALIAÇÃO DAS FARMACOPÉIAS. 2013. 53 f. Monografia (Especialização) - Curso de Mmmm, Instituto de Tecnologia em Fármacos/farmanguinhos/ctm Especialização em Tecnologias Industriais Farmacêuticas, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013. VIEIRA, Fernanda Pires; REDIGUIERI, Camila Fracalossi; REDIGUIERI, Carolina Fracalossi (Org.). A Regulação de Medicamentos no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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