Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de Biologia Departamento de Ciências Fisiológicas Disciplina: Fisiologia Vegetal TEÓRICA 2: Reações de Carboxilação da Fotossíntese Metabolismos C3, C2, C4 e CAM Prof. Carlos Alberto Bucher Seropédica, 03/2011 2 Roteiro da Aula Interconexão das etapas da fotossíntese Metabolismo C3 (Ciclo de Calvin-Benson) – A enzima Rubisco (Ribulose bisfosfato carboxilase/oxigenase) – Incorporação do CO2 – Regeneração do aceptor inicial Metabolismo C2 (Fotorrespiração) – Ação oxigenase da RUBISCO – Fatores que afetam a fotorrespiração – Papel da fotorrespiração Mecanismos fotossintéticos de concentração de CO2 – Via C4 – Via CAM 3 Figura 1: Fotossíntese. Fonte: Kerbauy (2005). Fotossíntese 4 Organismos autotróficos tem a capacidade de utilizar fontes de energia para reduzir CO2 atmosférico a compostos orgânicos necessários à célula. A forma mais importante de redução de CO2 é o Ciclo de Calvin & Benson na fotossintese (Ciclo Fotossintético Redutivo do Carbono). A fotossíntese ocorre em uma grande escala, aproximadamente 2 x 1011 toneladas de matéria seca por ano. Essa grande quantidade de matéria é gerada através do metabolismo fotossintético do carbono (C). Através desse processo metabólico o C do CO2 (número de oxidação +4) é reduzido a compostos compatíveis ao metabolismo de célula (número de oxidação 0) como os carboidratos. Esse é um processo, em que uma molécula de baixo nível energético é convertida em compostos com alto nível energético é altamente endergônico, ou seja, demanda um grande quantidade de energia. A energia necessária para a assimilação do CO2 é fornecida pela etapa fotoquímica da fotossíntese. 5 Figura 2: Fotossíntese é um complexo processo que ocorre em duas etapas interdependentes. Fonte: Kerbauy (2005) Carboxilação Interconexão das etapas da fotossíntese Carboxilação 6 Na etapa fotoquímica a energia luminosa impulsiona a geração de ATP e NADPH. Na etapa seguinte ocorre o consumo desse ATP e NADPH nas reações que levam à redução do CO2 a carboidratos e gera ADP e NADP + (oxidado). O ADP e o NADP+ são necessários a etapa fotoquímica para produzir novamente ATP, através da ATP Sintase, e NADPH como aceptor de elétrons da ferredoxina. 7 Localização da Etapas da Fotossíntese Ciclo Calvin- Benson 8 A etapa fotoquímica ocorre nas membranas dos tilacóides enquanto as reações do ciclo de Calvin ocorrem no estroma dos cloroplastos. Os carboidratos (triose-fosfato) formados no ciclo de Calvin podem ser utilizados para sintese de amido no próprio cloroplasto ou serem exportados para o citoplasma onde pode ser convertido a sacarose que é o principal carboidrato exportado para os drenos (raíz, folhas jovens, flores, frutos, caule). 9 Chlorella Alga utilizada por Calvin, Benson e Bassham para estudar a fixação de CO2 10Calvin 1961 Experimentos de Calvin Frasco contendo Chlorella Luz Álcool fervente 11 Cromatografia bidimencional do extrato de Chlorella Calvin 1961 Origem 12 Ciclo de Calvin- Benson (Metabolismo C3) RUBISCO 3-Fosfoglicerato Gliceraldeído-3-fosfato PO3 PO3 13 No ciclo de Calvin e Benson, CO2 e água são combinados a uma molécula aceptora de 5C para gerar 2 moléculas de 3C (3-fosfoglicerato). O 3-fosfoglicerato é então reduzido a carboidrato por reações enzimáticas que utilizam ATP e NADPH produzindo gliceraldeído 3-fosfato, o primeiro carboidrato formado no ciclo. O produto imediato do ciclo de Calvin é o gliceraldeído 3-fosfato, a molécula primária transportada do estroma do cloroplasto para o citosol. No citosol o gliceraldeído3-fosfato é transformado no dissacarídeo sacarose, a principal forma de transporte de açucares nas plantas. O gliceraldeído-3-fosfato não utilizado que permanece nos cloroplastos é transformado no polissacarídeo amido, o qual é armazenado temporariamente como grãos de amido no estroma do cloroplasto. O ciclo de Calvin pode ser dividido em três fases: 1ª. Fase de carboxilativa: em que o CO2 é fixado na molécula ribulose-1,5- bifosfato(RuBP) , por ação da enzima Ribulose-1,5-bifosfato carboxilase/oxigenase (RUBISCO); 2ª. Fase redutiva: ocorre a redução do 3-fosfoglicerato (3PGA) a gliceraldeído 3- fosfato (3PGald). Nessa fase ocorre o gasto de 2 ATP e 2 NADPH. 3ª. Fase regenerativa: nessa fase ocorre a regeneração da RuBP, o aceptor inicial para o dióxido de carbono (CO2). 14 Início do Ciclo C3 3 moléculas de CO2 Síntese líquida de 1 triose- fosfato 15 Na fase de carboxilativa o CO2 é fixado na molécula ribulose-1,5-bifosfato (RuBP) de 5 carbonos , por ação da enzima Ribulose-1,5-bifosfato carboxilase/oxigenase (RUBISCO). Cada molécula de CO2 fixada pela Rubisco da origem a duas moléculas de 3 carbonos, o 3-fosfoglicerato (3PGA). Na fase redutiva o 3PGA é convertido primeiramente em 1,3-bifosfoglicerato pela enzima fosfato glicerato quinase que utiliza ATP. Em seguida gliceraldeido-1,3-fosfato é reduzido a gliceraldeído 3-fosfato (3PGald) pela NADP-gliceraldeido-3-fosfato desidrogenase utilizando NADPH. Nessa fase ocorre o gasto de 2 ATP e 2 NADPH para cada CO2 assimilado inicialmente; 3ª. Fase regenerativa: se inicia a partir do 3PGald nessa fase ocorre a regeneração do aceptor inicial (ribulose-1,5-bifosfato) a partir da interconversão de açucares fosfato de três, quatro, cinco, seis e sete carbonos nco das seis moléculas de gliceraldeído 3- fosfato são utilizadas para regenerar 3 moléculas de RuBP, o aceptor inicial para o dióxido de carbono (CO2). Essa fase utiliza mais uma molécula de ATP na sua fase final onde ribulose-5-fosfato é transformada em ribulose-1,5-bisfosfato. 16 Visão Completa do Ciclo C3 17 O produto líquido do ciclo de Calvin é o 3PGald. Para que haja a produção liquida de uma molécula de 3PGald é necessário a assimilação de 3 moléculas de CO2 e o consumo de 3 moléculas de RuBP (3 moléculas de 5 carbonos= 15C) o que gera 6 moléculas de 3PGald (6 moléculas de 3 C= 18C). Isso consome 6 ATP e 6 NADPH. Das 6 moléculas de 3PGald, uma é o ganho liquido sendo esta disponibilizada para o metabolismo da célula ou armazenada na forma de em amido. As outras 5 moléculas de 3PGald serão utilizadas para regenerar o aceptor inicial do CO2, a ribulose-1,5-bisfosfato. 5 moléculas de 3 carbonos (5x3C=15C) são convertidas em 3 moléculas de 5 carbonos (3x5C=15C). 18 Características do Ciclo C3 • Balanço Energético – (3ATPs e 2NADPH) / CO2 fixado • Regulado pela luz – Rubisco – Enzimas da etapa de regeneração • Ciclo autocatalítico Sistema Ferredoxina/tiorredoxima 20 As enzimas do ciclo de Calvin são reguladas pela luz. A luz promove o fluxo de Mg2+ e aumento do pH no estroma levando a formação de um complexo rubisco-CO2-Mg 2+. Ocorre também a participação da enzima rubisco ativase que é ativada pela luz por um mecanismo que envolve a ferredoxina/tiorredoxina. As enzimas da fase regenerativa também são reguladas pelo sistema ferredoxina/tiorredoxina. Nesse sistema, a ferredoxina reduzida doa elétrons para a tiorredoxina através da enzima feredoxina/tiorredoxina redutase. A tiorredoxina reduz grupamentos dissulfeto das enzimas alvo tornando-as ativas. Alem disso, é necessária uma entrada continua de ATP e NADPH para manter a o ciclo funcionado. Para manter a assimilação de CO2 é imprescindível a regeneração continua do aceptor inicial,a RuBP, que é garantida pelo caráter autocatalitico do ciclo. A velocidade de regeneração de RuBP afeta a velocidade de assimilação de CO2. 21 Rubisco • Ribulose 1,5 bisfosfato carboxilase/oxigenase (L8S8) • Função carboxilase/oxigenase • > 50% da proteína solúvel das folhas (enzima lenta) • Proteína mais abundante do planeta 22 Ação Oxigenase da Rubisco (Fotorrespiração – Metabolismo C2) fosfoglicolato 23 A rubisco possui também afinidade pelo O2. A reação da rubisco com o O2 é chamada de oxigenase, e da inicio ao ciclo oxidativodo carbono que vai em direção oposta ao ciclo de Calvin. Todas as enzimas rubisco tem atividade carboxilase e oxigenase. Essas reações ocorrem em uma proporção de 3 para 1. A reação da rubisco com o O2 (oxigenase), dependente da luz, associada à liberação de CO2 em folhas fotossinteticamente ativas é chamada de Fotorrespiração. A atividade oxigenase da origem a 1 3PGA e 1 3fosfoglicolato. Esse último não é utilizado pela célula e assim representa uma perda de C que já estava assimilado. O ciclo C2 ou Fotorrespiração atua como uma operação para recuperar parte desse C perdido. 75% do C é recuperado pelo ciclo C2. 24 KM da Rubisco CO2: 9 µM O2: 350 µM (0,036% de CO2 e 21% de O2) 20-25oC Carboxilase/Oxigenase (3:1) 25 Metabolismo C2 Perda de C e N A via C2 recupera 75% do carbono para o ciclo C3 26 Vias C3 e C2 operam em sentidos opostos •A eficiência de assimilação de CO2 depende da relação entre os ciclos C3 e C2 •Perda entre 20 a 50% do CO2 assimilado dependendo das condições ambientais 27 Efeito da temperatura na Fotorrespiração 28 O aumento na fotorrespiração reduz a taxa de crescimento das plantas 29 O aumento da temperatura reduz a solubilidade dos gases, sendo a solubilidade do CO2 mais afetada que a solubilidade do O2. Dessa forma, o aumento da temperatura aumenta a razão O2/CO2 levando a um aumento na taxa de fotorrespiração. Com o aumento da fotorrespiração a fotossíntese líquida diminui e assim diminui a taxa de crescimento da planta. 30 O Papel da Fotorrespiração • Se é danosa, porque não foi eliminada no curso da evolução? • “Defeito” da Rubisco – Atmosfera primitiva: Rica em CO2 e pobre em O2 • Proteção Contra a Fotoinibição da Fotossíntese – Dreno de ATP e NADPH produzidos sob condições de alta irradiância e seca. – Dissipação da energia metabólica excedente 31 Sob condições de estresse hídrico as plantas fecham os estômatos para evitar a perda excessiva de água, com isso falta CO2 para o ciclo de Calvin e ocorre um acúmulo de ATP e NADPH e falta aceptor elétrons (NADP+). Assim como em condições de níveis de radiação elevada há um fluxo muito intenso de elétrons pelos fotossistemas resultando em acúmulo de ATP e NADPH e falta aceptor elétrons (NADP+). Nessas condições, o acúmulo de energia fotoquímica pode resultar na fotoxidação dos fotossistemas e antenas ou na formação de espécies reativas de oxigênio (radicais livres). A fotorrespiração funcionaria com um dreno do excesso de ATP e NADPH evitando danos ao aparato fotossintético. 32 Mecanismos Concentradores de CO2 • Via C4 • Via CAM 33 Para mitigar os efeitos da fotorrespiração algumas plantas desenvolveram mecanismos concentradores de CO2. Esses em mecanismos, C4 e CAM, funcionam em adição ao ciclo de Calvin. Os mecanismos concentradores fazem com que a fotorrespiração seja quase que imperceptível. Esses mecanismos aumentam a concentração de CO2 em torna da rubisco suprimindo a reação da rubisco com o O2. 34 Metabolismo C4 • Ciclo de carboxilação e descarboxilação entre células do mesófilo e da bainha perivascular. 35 Anatomia Kranz Bainha Vascular (RUBISCO) Mesófilo (Fosfoenolpiruvato carboxilase) 36 10X mais CO2 que na atmosfera ↑[CO2] – Células da bainha (redução de perdas por difusão); Conexão por plasmodesmas; Evolução (CO2, T e estresse hídrico); Fosfoenolpiruvato carboxilase (PEPcase) 37 Ciclo C4 A manutenção do ciclo C4 tem um gasto adicional de 2ATP por CO2 fixado. CO2 atmosférico 4C=1C+3C 38 O metabolismo C4 envolve um ciclo de carboxilação e descarboxilação que ocorrem em dois tipos de células diferentes, células do mesofilo e células da bainha do feixe vascular (bainha perivascular). A carboxilação do fosfoenolpiruvato (PEP) pela fosfoenolpiruvato carboxilase (PEPcase) ocorre nas células do mesofilo formando um acido orgânico de 4C (oxaloacetato). O oxaloacetato pode ser transformado em malato ou sofrer aminação formando aspartato, dependendo da espécie. Esse ác. orgânico é transportado para as células da bainha perivascular, via plasmodesmas, onde descarboxilado. A descaroxilação gera CO2, que é assimilado pela rubisco, e uma molécula de 3C (piruvato ou alanina ). Finalmente, ocorre o transporte de piruvato ou alanina para o mesofilo,onde ocorre a regeneração do PEP com gasto de duas moléculas de ATP. Esta reação é catalisada pela enzima piruvato fosfato diquinase. Plantas com metabolismo C4 tem um gasto a mais de energia para assimilar CO2. 39 Eficiência das Plantas C4 • PEPcase não tem afinidade pelo O2 (mesófilo) • Rubisco realiza predominantemente atividade de carboxilação (bainha perivascular) • Plantas C4 (clima tropical – altas temperaturas e muita luz ) – Estômatos com menor abertura (evitar perda de H2O) – Ponto de Compensação de CO2 (bombeamento de CO2 ) – CO2 mais concentrado no sítio ativo da Rubisco – Mecanismo C4 requer mais ATP • 5ATP e 2NADPH 40 Mecanismo CAM (Crassulacean Acid Metabolism) (MAC, Metabolismo Ácido das Crassuláceas) 41 Metabolismo CAM 42 O metabolismo CAM também envolve um ciclo de carboxilação e descarboxilação, porém essas reações ocorrem nas mesmas células, só que em tempos diferentes. A carboxilação do fosfoenolpiruvato (PEP) pela fosfoenolpiruvato carboxilase (PEPcase) ocorre durante a noite, quando se tem uma menor perda de água. A descarboxilação ocorre durante o dia devido a dependência da etapa fotoquímica e ativaçao das enzimas do ciclo de calvin pela luz. Nessas plantas há uma separação temporal entra a carboxilação e a descarboxilação. 43 Mecanismo CAM • Leva ao aumento da eficiência no uso da H2O em plantas terrestres • Adaptação de plantas de ambientes aquáticos densamente povoados – Aproveita o CO2 liberado pela respiração noturna de plantas e animais. • Algumas espécies podem ser facultativas 44 Regulação da PEPcase em Plantas C4 e CAM • Mecanismo de fosforilação/defosforilação • Plantas C4 – luz • Plantas CAM – ritmo circadiano 45 Resumo
Compartilhar