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Esclerose multipla

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Esclerose Múltipla (EM) 
 
 
A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que compromete o sistema nervoso central 
(SNC), formado por: 
 
 
Atualmente cerca de 35 mil brasileiros são portadores de esclerose múltipla. A doença incide 
geralmente entre 20 e 50 anos de idade, predominando entre as mulheres. 
 
A causa é desconhecida, mas vários aspectos genéticos e ambientais podem desencadeá-la, 
bem como infecções virais, exposição ao sol e o estresse, por exemplo. 
Como ocorre a desmielinização 
 
Nos portadores de esclerose múltipla as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de 
protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As 
inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os 
prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos 
elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa. 
 
Com a mielina e os neurônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo 
cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta forma 
surgem os sintomas típicos da doença, como alterações na visão, na sensibilidade do corpo, 
no equilíbrio, na força muscular dos membros e, consequentemente, na mobilidade ou 
locomoção. 
 
 
 
A recuperação dos ataques destas inflamações (desmielinização), chamados de surtos, pode 
ser total ou parcial. 
 
 
 
 
O desenvolvimento da esclerose múltipla 
 
Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma neurológico ou 
piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24 horas. Para ser 
considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30 dias entre eles 
- caso contrário, considera-se o sintoma “dentro” do mesmo surto em andamento. 
 
O quadro clínico de cada surto é variável e pode associar-se a mais de um sintoma. Alguns 
pacientes apresentam piora dos sintomas na ocorrência de febre ou infecções, frio extremo, 
calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse emocional – no 
geral são situações transitórias. 
 
Atenção especial às infecções, pois agravam o quadro clínico do paciente desencadeando 
sintomas que podem ser considerados “falso ou pseudo-surto”. 
 
A primeira forma de esclerose múltipla chamada surto-remissão ou remitente-recorrente 
(EMRR) engloba cerca de 85% dos casos. Ele é caracterizada pela ocorrência dos surtos e 
melhora após o tratamento (ou espontaneamente). Geralmente ocorre nos primeiros anos da 
doença com recuperação completa e sem sequelas. Os surtos duram dias ou semanas. Em 
média os surtos se repetem uma vez por ano caso não inicie o tratamento adequado. 
 
Em um prazo de 10 anos aproximadamente, metade desses pacientes evoluirá para a segunda 
forma da doença, conhecida como secundariamente progressiva (EMSP). Nesta etapa os 
pacientes não se recuperam mais plenamente dos surtos e acumulam sequelas. Eles têm, por 
exemplo, uma perda visual definitiva ou maior dificuldade para andar, o que pode levar à 
necessidade de auxílio para mobilidade ou locomoção, como apoio de bengala ou cadeira de 
rodas. 
 
Nos 10% dos casos restantes ocorre a chamada forma progressiva primária (EMPP). Nela há 
gradativa piora das funções – sem ter necessariamente surtos. E 5% dos pacientes 
apresentam a quarta forma doa doença, mais rápida e agressiva, chamada progressiva com 
surtos (EMPS). Nesta quarta forma estão combinados a progressão paralela do processo 
desmielinizante e comprometimento mais precoce dos axônios. 
Sinais e sintomas 
 
Os mais comuns são: 
• Fadiga (fraqueza ou cansaço); 
• Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou 
queimação na face); 
• Visuais: neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – 
escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla); 
• Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez 
muscular (espasticidade); 
• Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios; 
• Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou 
intestino; 
• Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações 
(lentificação); 
• Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade. 
 
 
Diagnóstico 
Para o diagnóstico da esclerose múltipla são utilizados os Critérios de McDonald 2010, que 
considera: 
• o número de lesões (três); 
• a localização e o tempo de existência das lesões (lesões recentes captam o contraste, 
as mais antigas não); 
• os critérios clínicos: um único exame de ressonância basta para fechar o diagnóstico. 
 
O médico também pode solicitar o exame de coleta de líquor (LCR: líquido cefalorraquidiano) – 
líquido extraído por uma punção na coluna lombar -, que ajudará a reforçar o diagnóstico, com 
objetivo de constatar a presença de anticorpos anormais no líquor (indicadores do processo 
autoimune causados pela doença). 
 
Existem outros testes e exames complementares que podem ser solicitados para diferenciar as 
doenças com sintomas semelhantes ou confirmar o diagnóstico. 
 
Diagnosticar a doença precocemente faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é 
iniciado, maior a chance de modificar a longo prazo o curso natural da esclerose múltipla – 
reduzindo o número de surtos, lesões e sequelas neurológicas. 
Tratamento 
 
 
Na maioria dos casos o tratamento é medicamentoso e em casos muito específicos é 
recomendado o transplante de medula óssea. 
 
Atualmente há diversos medicamentos que auxiliam no tratamento dos pacientes, como 
imunomoduladores e imunossupressores, incluindo as betainterferonas, o acetato de glatirâmer 
e os anticorpos monoclonais. Eles têm o objetivo de combater o surgimento de lesões no 
sistema nervoso central, a ocorrência de surtos, o acúmulo de sequelas e também a 
progressão das dificuldades neurológicas. 
 
Os corticosteroides de alta dose e de uso endovenoso proporcionam uma recuperação mais 
rápida ao paciente e por isso são mais recomendados do que a plasmaférese (técnica de 
transfusão que permite retirar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente). Estes 
tratamentos são restritos aos surtos e não modificam a evolução da doença. 
 
Também são utilizados tratamentos para alívio dos sintomas que a doença provoca, como 
fadiga e a espasticidade – melhorando a qualidade de vida dos pacientes. 
 
A decisão para o melhor tratamento a seguir deve ser tomada pelo seu médico em conjunto 
com você e a sua família.

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