Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agroindústria Tecnologia de Frutos e Hortaliças Governador Vice Governador Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cid Ferreira Gomes Francisco José Pinheiro Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Secretária da Educação Secretário Adjunto Coordenadora de Desenvolvimento da Escola Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs Thereza Maria de Castro Paes Barreto Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Disciplina: Tecnologia de Frutos e Hortaliças 1 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional UNIDADE I - INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA DE FRUTAS E HORTA- LIÇAS O objetivo de todo o processo tecnológico utilizado para a conservação de frutas e hortaliças é paralisar e/ou retardar um processo vivo em uma determinada fase. Para isso se utilizam princípios e métodos para retardar a sua senescência, aliado ao momento oportuno da colheita, no estádio onde o vegetal apresenta-se mais saboroso e com valor nutritivo mais alto, mantendo-o neste estado, impedindo que ocorram transformações que o tornam inadequado para o consumo humano. Outros objetivos são: - Transformar a matéria-prima em subprodutos de aceitação. - Aumentar a durabilidade dos produtos. Conservar mais tempo. - Melhorar a apresentação dos mesmos com adequados processos tecnológicos; - Manter a qualidade e a sanidade dos produtos. 1.1 Composição química e propriedades É função de vários fatores: espécie e variedade; condições de cultivo, estádios de maturação; condições e tempo de armazenamento, métodos de análises, etc. a) Água Componente mais importante quantitativamente, pois constitui 75 a 88% da parte comestível de frutas e mais de 90% de hortaliças. Para a conservação, principalmente, é muito importante o conceito de água livre e água combinada, ou seja, como está distribuída a água nos tecidos. b) Proteínas As proteínas estão presentes em frutas em pequena proporção. Geralmente entre 0,2 a 1,5%, e nas hortaliças um pouco mais que isso. Em certas hortaliças como o espinafre, alface e leguminosas ocorre uma alta taxa de proteínas e aminoácidos livres. Frutas e hortaliças podem entrar como componentes em regimes alimentares, os chamados alimentos “light”. c) Lipídios Frutas e hortaliças são pobres em lipídios (0,1 a 0,7%), com algumas exceções como abacate, azeitonas, entre outras. Pode ter maior teor nas cascas. d) Minerais O conteúdo total em frutas está entre 0,3 e 0,8%. Seu componente principal é o 2 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional potássio em forma de sais. Também se encontra pela ordem: Ca, Mg, P, S, Cl, Na, Fe, Zn, Cu, Mn, Co, Mo e I. Hortaliças, geralmente, apresentam maiores teores que as frutas. Algumas espécies podem apresentar boas taxas de nitratos (depende do solo). Muitas vezes os minerais são prejudiciais ao processamento de frutas e hortaliças, como por exemplo: • O Cu é oxidante e reduz ao teor de vitamina C • A presença de Fe em processamento de produtos ricos em tanino (banana verde, p.ex.), formará o sal TANATO DE FERRO, de coloração escura. • Vegetais verdes (clorofila) em contato com o cobre ficam com tonalidades verde mais intensa. e) Enzimas Mesmos em pequenas proporções podem desenvolver grandes reações em frutas e seus sucos e hortaliças. Para as frutas um grupo de enzimas importantes é as chamadas enzimas pécticas, que processam o amolecimento dos tecidos durante a maturação, pela hidrólise da pectina. Como exemplos, temos: Tomate cortado, após algum tempo torna-se moles sem alterar a cor. Suco de laranja, após algumas horas percebe-se com nitidez a separação em duas partes, uma límpida e outra mais turva, conseqüência da atuação das enzimas sobre as substâncias pécticas. Efeito benéfico é na clarificação de sucos, onde se adicionam enzimas para posterior separação das substâncias degradadas. Outro grupo importante é as chamadas oxidases, que aceleram a oxidação de diversos componentes dos vegetais e seus produtos. Ex. maçã e batatas cortadas expostas ao ar (altera coloração). Alteração da qualidade de odor e sabor: Para paralisar o ataque enzimático, faz-se aquecimento, ou utiliza-se outro processo tecnológico, como a ultrafiltração, que retira enzimas sem aquecer os produtos f) Ácidos e valor pH Ácidos orgânicos como cítrico, málico e tartárico, bem como oxálico, clorogênico e outros. O conteúdo médio em frutas varia de 0,4 até mais de 1%, que diminui com o avanço da maturação. O pH das frutas gira em torno de 3,5. Esse valor expressa a força dos ácidos 3 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional presentes no suco vegetal e corresponde mais bem a sensação de sabor do que o teor total de ácidos. Para as hortaliças vale os mesmos comentários. Os ácidos cítricos e málico predominam. Nas frutas os ácidos estão na forma livre, mas nas hortaliças estão em forma de sais, por isso o pH destas fica entre 5,5 e 6,5, bem acima do valor das frutas, com gosto menos ácido. g) Substâncias aromáticas e pigmentos SUBSTÂNCIAS AROMÁTICAS: são substâncias quimicamente muito variadas e de complexa composição. Compostas por ésteres, álcoois, aldeídos, cetonas, terpenos e ácidos, etc. os quais conferem o sabor e o aroma característico de cada espécie. O aroma é resultante de centenas desses compostos, os quais varia muito durante a maturação das frutas. O armazenamento e o processamento feitos de forma inadequada compromete seriamente a qualidade das frutas para este atributo. COR - Pigmentos localizados nos vacúolos, cloroplastos e líquido citoplasmático das células, muitas vezes presentes só na casca, como é o caso da uva. Podemos classificá-los em: Clorofilas - verdes, lipossolúveis Carotenóides – vermelho e amarelos, lipossolúveis Antocianinas - roxo e azul, hidrossolúveis. h) Vitaminas Frutas apresentam teores que variam de 10 até mais de 2000 mg/100 g. A vitamina C é a mais importante na composição de frutas. Hortaliças apresentam taxa de vitamina C ao redor de 10 e 20 mg/100 g, com exceção de espinafre e repolho, os quais apresentam teores de até 50 mg/100g. i) Carboidratos Os principais CHO presentes nas frutas são os açúcares simples, como frutose, glucose, sacarose e sorbitol. O teor varia de 2 até 20%, sendo função da espécie e estádio de maturação. As frutas e hortaliças contêm também em suas paredes pequenas quantidades de celulose e hemicelulose. Esse conjunto fornece fibras aos organismos. Outro grupo de CHO importante presente nas frutas é chamado de substâncias pécticas. Também chamadas de cimento celular e quimicamente são polímeros lineares de 4 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 4 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ácido galacturônico, que possuem grupos carboxílicos esterificados por radicais metílicos em maior ou menor grau. As substâncias pécticas podem ser divididas em três tipos básicos: PROTOPECTINA - Presente em frutas verdes podendo estar associada à celuloseou íons de cálcio (une duas ou + cadeias), sendo insolúveis em água. Diminui com o avanço da maturação, amolecendo os tecidos. É facilmente hidrolisada com aquecimento em meio ácido. PECTINA - Também chamada de ÁCIDOS PECTINICOS. É solúvel em água. Contém uma certa proporção de grupos metílicos esterificados. Em certas condições podem formar gel com açúcar e ácidos ou com sais metálicos, quando o teor metoxílico for baixo. Predominam nas frutas maduras. ÁCIDOS PÉCTICOS - São os ácidos poligalacturônicos isentos de grupos metílicos. Não formam gel. Pode formar precipitados em sucos de frutas. Duas enzimas são bastante importantes por atuarem nas substâncias pécticas: pectinesterase e poligalacturonase. UNIDADE II - CONSERVAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS PELO EMPREGO DE ALTAS TEMPERATURAS Appertização: Aquecimento do produto, convenientemente preparado, em recipientes fechados, na ausência relativa de ar, até uma certa temperatura e num tempo suficiente para a destruição dos Mo, porém sem alterar de forma sensível o alimento. O processamento térmico é influenciado, pelo menos, pelos seguintes fatores: a - pH do produto - A acidez determina o processamento térmico requerido, podemos ter duas situações; Produtos ácidos - com pH abaixo de 4,5 (100 ºC) Produtos pouco ácidos - Com pH igual ou maior que 4,5 (>100ºC) ** Clostridium botulinum b - Velocidade de penetração e propagação do calor Forma, tamanho e condutibilidade dos recipientes Tipo de alimento (líquido, sólido, misto) Composição da salmoura ou xarope Recipientes em movimento ou estáticos 5 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 5 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional c - Temperatura inicial do produto Pré-aquecimento do produto na embalagem Acondicionamento do produto já aquecido d - Resistência dos microorganismos ao calor Um dos principais fatores que afetam a duração do tratamento térmico. O tempo e a temperatura do processamento é função da resistência térmica doe esporos do Clostridium botulinum. Essa destruição é o mínimo do processamento para alimentos apertizados. 2.1 Fatores que influem na termorresistência: Referente ao organismo (espécie, nº de esporos, condições de crescimento, idade) Referente ao ambiente (pH, composição do meio, concentração de componentes) Natureza do calor (úmido ou seco, tempo x temperatura) Morte dos microrganismos - impossibilidade de reprodução Curva de Sobrevivência Térmica (Thermal Destruction Curve) A destruição dos microrganismos nos alimentos se dá em ordem logaritmica. A inclin- nação da reta é chamada de tempo de redução décima ( Decimal Reduction Time - DRT) ou valor D. Valor D - tempo em minutos, a uma dada temperatura constante, necessário para des- truir 90% dos organismos de uma população ou para reduzir uma população em 1/10 do nº original. O valor D é usado para comparar a resistência térmica dos Mo. 2.2 Etapas do processamento de frutas e hortaliças appertizadas. a) Colheita: Observar o ponto de maturação específico para cada espécie e variedade, tendo em vista os produtos a serem elaborados. De ser feita, preferencialmente, nas primeiras horas do dia devido à temperatura amena. 6 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 6 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b) Transporte: O tempo decorrido entre a colheita e o processamento afeta sobre maneira a qualidade do produto final, por esta razão o transporte da matéria-prima deve ser feito o mais rápido possível. A temperatura durante o transporte também afeta a qualidade do produto, de- vendo-se lançar mão de transporte refrigerado sempre que possível, ou então transportar os produtos nas horas mais frescas do dia. Quando não processados imediatamente devem per- manecer estocados em locais bastante arejados ou, preferencialmente, armazenadas a frio. As embalagens para transporte devem estar higienizadas para diminuir ou retardar a deterioração, durante transporte e/ou estocagem. c) Seleção: Tem por finalidade separar as impurezas ou matérias-primas de qualidade inferior como defeituosas, verde, manchadas ou de coloração diferente, para permitir o processamento com matéria-prima de qualidade; d) Limpeza e lavagem: Frutas e hortaliças quando chegam na indústria trazem uma carga grande de impurezas, microrganismos e terra acumulada durante a colheita e/ou transporte. A limpeza é feita, normalmente com o auxílio de água, que pode ser através de banhos de imer- são, jatos d’água ou através de correntes de ar ou peneiras. A água utilizada deve estar tratada, pois além de retirar as sujidades, faz uma assepsia superficial. O teor de cloro livre varia com a maturação das matérias-primas, mas em geral se utilizam dosagens da ordem de 20 ppm de cloro livre. e) Classificação: a classificação é uma das etapas mais importantes no resultado final da con- serva e/ou compotas. Classifica-se quanto ao tamanho, ponto de maturação, coloração, ausên- cia de defeitos e manhas, etc. A classificação quanto ao tamanho objetivando obter lotes uni- formes, além de permitir uma melhor apresentação dos produtos, garante a demarcação rigo- rosa do tempo e temperatura do tratamento térmico e melhor aproveitamento dos equipamen- tos, quando a indústria é automatizada; f) Descascamento: Pode ser realizado de várias maneiras f.1) Manual: baixa produtividade e muito dispendioso. Com esse método obtém-se muitas perdas de matéria-prima e também ocorrem alterações enzimáticas e microbianas; f.2) Vapor: usado para certos produtos como tomate e pêssego. A exposição é de cerca de 30 segundos e posteriormente retira-se à casca manualmente ou com jatos de água; f.3) Abrasão: a superfície abrasiva arranca a casca que em seguida é levada por corrente de água. Tem baixo custo pois é feito em temperatura ambiente. Para produtos com formato irre- 7 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 7 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional gular deve-se fazer acabamento a mão (batata). Ocorrem grandes perdas por descarte (25% em hortaliças); a produção de grandes volumes de efluentes; produtividade baixa. f.4) Mecânico: usado para abacaxi, pêra, maça, pêssego, etc. f.5) Química: utiliza uma solução de NaOH, com altas temperaturas. A casca é atacada pela solução e posteriormente retirada com jatos de água. A concentração varia de 1 a 2,5% com temperatura próxima a 100 C. Posteriormente deve-se fazer a fruta passar por jatos de água clorada ou solução de ácido cítrico. f.6) Pelagem a chama: utilizado para cebolas. Através de uma correia sem fim, o produto pas- sa por um forno com temperaturas próximas a 1000 ºC, que queima a casca e raízes finas. A pele chamuscada é retirada com jatos d’água em alta pressão. Ocorrem perdas médias de 9%. g) Branqueamento: Neste tratamento, o produto passa por banhos de água quente ou jatos de vapor com objetivo de inativar enzimas, remover o ar do interior dos tecidos, fazer assepsia superficial e promover a manutenção da cor e textura dos produtos. A duração do tratamento térmico varia com a consistência e com o tamanho do material, podendo variar de 2 a 10 mi- nutos a temperatura de 70 a 80 ºC. h) Acondicionamento: O acondicionamento pode ser manual, semiautomático ou totalmente automático. Pode ser acondicionado em lata, vidros ou laminados de forma e tamanho ade- quados e posteriormente coberto com água pura, suco, xarope ou salmoura; A quantidade de produto dentro do recipiente deve ser constante, pois o enchimento está relacionado com tra- tamento térmico. O peso do material deve ser inferiora 60% do peso do recipiente com água a 20ºC; i) Adição do líquido de enchimento: adiciona-se salmoura ou xarope a temperatura ambiente ou aquecida previamente (85 ºC); j) Exaustão: O objetivo da exaustão é retirar o ar do interior do produto e o ar que ficar preso no interior do recipiente. Como conseqüência a pressão no interior da embalagem será menor e dizemos que vácuo (pressão reduzida) foi formado. Podemos atingir este objetivo utilizando meios mecânicos (recravadeira a vácuo, retirada do ar por injeção de vapor antes da recrava- ção) ou através de calor (túnel de exaustão, enchimento com produto pré-aquecido a tempera- turas maiores de 85 ºC); k) Fechamento: pode ser feito manual ou mecanicamente tanto em latas como em vidros ou embalagens multifoliadas. 8 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 8 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional l) Tratamento térmico: dependendo do pH do produto utiliza-se temperatura maior ou menor de 100 ºC em tempos variados. Quando a temperatura usada for inferior a 100 ºC a esteriliza- ção é em pressão atmosférica, também chamada de “banho-maria”; pode-se efetuar o trata- mento térmico a pressões elevadas com autoclaves pois os produtos já estão embalados. m) Resfriamento: deve ser feito o mais rápido possível após o tratamento térmico, para evitar o sobrecozimento dos produtos. Outro objetivo do resfriamento é evitar o desenvolvimento de microrganismos termófilos. As embalagens devem ser resfriadas até 38 – 40 ºC para evitar acúmulo de água na superfície e provocar a corrosão das latas. n) Empacotamento e armazenamento: Devem ser armazenados em locais secos e arejados, com temperaturas não muito superiores a 40 ºC. 2.3 Alterações dos Alimentos Appertizados Podem ser de origem microbiana, física e química: a) Microbianas: pode ter origem nos seguintes fatores: Deterioração antes do tratamento tér- mico; contaminação devido ao vazamento; subprocessamento; crescimento de termófilos. b) Químicas: devido a fatores como: corrosão interna da lata; reação da lata com o SO2; de- senvolvimento de cor rosada (pêssego, pêras); c) Físicas: devido ao superenchimento; estufamento devido ao baixo vácuo; exposição à luz; 2.4 Influencia da appertização sobre a qualidade dos produtos Cor: reação de caramelização, Maillard e modificações estruturais de certas substâncias; Proteínas: Desnaturação; Carboidratos: reações de escurecimento; Vitaminas: algumas vitaminas são muito sensíveis ao calor (C, B1), outras são relativamente estáveis (B2, A, D, E, K); Textura: quanto maior o tempo de exposição ao calor, maior será as perdas na textura; Unidade III – Processamento de Polpas, Sucos e Néctares de Frutas A conservação de frutas na forma de sucos, polpas e outros produtos foi desenvolvida para aumentar a oferta das mesmas e para utilização dos excedentes de produção (BRUNINI, 2002), porém, com a tecnologia disponível, o mercado de polpas de frutas tem tido 9 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 9 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional crescimento razoável e apresenta grande potencial mercadológico em função da variedade de frutas com sabores exóticos bastante agradáveis, porém, devido a inexistência de padrões para todos os tipos de frutas, encontram-se no mercado produtos sem uniformidade (BUENO, 2002). O consumo per capita de suco industrializado no Brasil ainda é muito baixo, estimando-se em 1,1 L/habitante/ano, muito inferior ao consumo nos Estados Unidos, por exemplo, que foi estimado em 30 L/habitante/ano, em 2004 (GRASSO, 2004). Apesar do baixo consumo, o mercado interno de sucos tem apresentado uma tendência ascendente de consumo em razão dos seguintes fatores: o consumidor deseja maior diversificação na oferta de produtos com melhor aroma, sabor, cor e valor nutritivo; o baixo consumo per capita; o apelo saudável dos sucos de frutas é importante uma vez que as pessoas acreditam nas suas propriedades funcionais. Uma importante característica do mercado brasileiro de sucos de frutas é sua extraordinária oferta dos mais variados tipos de sucos. A combinação de crescimento do consumo interno e externo de sucos e polpas e a enorme variedade de frutas tropicais passíveis de exploração e de desenvolvimento no Brasil são abertas ao país como janela de oportunidades no que diz respeito à produção e às exportações de sucos e polpas. Sabe-se que o Brasil exporta relativamente pouco suco e polpas de frutas tropicais, havendo uma tendência para a melhoria desta situação em razão da utilização de variedades próprias para a industrialização e a adoção de tecnologias modernas de produção. Elementos adicionais como políticas públicas que elevem os incentivos à produção e minimizem as barreiras comerciais impostas pelos importadores potenciais, poderão ser também responsáveis pela maior participação do Brasil no agronegócio mundial de sucos e polpas. 3.1 Polpa de Fruta A utilização da polpa de fruta é quase sempre como matéria-prima para processamento de outros produtos como néctares, sucos, geléias, sorvetes e doces. Geralmente, as polpas são comercializadas em embalagens flexíveis (sacos plásticos de polietileno) ou em tambores de 200 litros com plásticos na parte interna. A produção de polpa de fruta congelada teve início na região Nordeste e expandiu-se por outros estados. O nível tecnológico empregado no setor mostra grande variação de conformidade com a empresa, podendo hacer variação na qualidade do produto. 10 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 10 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Além do congelamento, que é o método mais utilizado para produção de polpa de fruta no Brasil, existem outras técnicas que podem ser utilizadas, tais como: pasteurização na embalagem, pasteurização seguida de enchimento a quente (Hot Fill), pasteurização com adição de conservadores químicos e esterilização com envase asséptico. O tipo de técnica depende do tipo de produto final que se deseja obter, bem como da forma de comercialização. De acordo com a definição estabelecida pela Instrução Normativa nº 01, de 7 de janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, que aprovou o Regulamento Técnico Geral para fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para polpa de fruta, Polpa de fruta, é o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutas polposos, através de processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível da fruta. O teor mínimo de Sólidos totais será estabelecido para cada polpa de fruta específica. A polpa de fruta será obtida de frutas frescas, sãs e maduras com características físicas, químicas e sensoriais da fruta. Esta Instrução Normativa ainda estabelece que a polpa de fruta poderá ser adicionada de acidulantes como reguladores de acidez, conservadores químicos e corantes naturais, nos mesmos limites estabelecidos para sucos de frutas, ressalvados os casos específicos (BRASIL, 2000b). A principio, elabora a polpa a partir de qualquer fruto, contudo, os melhores resultados do ponto de vista sensorial são obtidos de frutos polposos com sabor e aroma acentuados. A qualidade da polpa depende, em grande parte, da qualidade da matéria-prima, a qual está relacionada às características químicas, físico-químicas, sensoriais e microbiológicas. É evidente que o tamanho e forma, como parâmetros de qualidade de uma dada matéria-prima,não são tão importantes nesse processo como seriam para o fruto comercializado na forma in natura. Assim, a matéria-prima deverá ser colhida no estádio de maturação adequado, a fim de que se possa preservar o aroma, a cor e o sabor característicos da fruta. É preciso evitar ainda o manuseio descuidado o que provoca danos mecânicos, os quais aceleram as transformações degradativas e criam portas de entrada para microrganismos. Como característica de fundamental importância da matéria-prima, especialmente de saúde publica, destaca-se a microbiológica, a qual deverá apresentar níveis de contaminação dentro de padrões aceitáveis. 3.2 Descrição do processo produtivo de polpa de fruta As operações envolvidas no preparo do fruto e extração da polpa serão tratadas, a seguir, de forma separada do processo como um todo, tendo em vista que estas são comuns 11 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 11 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional para todos os métodos de preservação de polpa de fruta: RECEPÇÃO - A matéria-prima recebida para industrialização deverá ser inspecionada com relação aos aspectos gerais, de acordo com os critérios estabelecidos para cada fruto, para atender as especificações do comprador. Nesta fase efetuar-se a pesagem da matéria- prima recebida para efeito de pagamento, estatísticas de produção ou cálculo de rendimento. Cumpre registrar a origem da matéria-prima identificando a região ou o produtor. 1ª LAVAGEM - A operação de lavagem previa dos frutos objetiva reduzir a carga microbiana da superfície dos frutos e os resíduos de pesticidas ou remover qualquer material estranho. Na lavagem prévia é suficiente o uso de água potável, não clorada e o sistema adotado varia de acordo com as instalações e o volume de matéria-prima a ser lavada. A utilização de água clorada, na 1ª lavagem, revela-se inoportuna devido à grande quantidade de matéria orgânica presente na superfície dos frutos, o que causaria um consumo desnecessário de cloro. SELEÇÃO - Na operação de seleção retiram-se os frutos com defeitos, ou seja, aqueles em estádio de maturação inadequado, com excessivos danos mecânicos, com aroma alterado, com crescimento aparente de fungos, presença de parasitas (insetos), entre outros. 2ª LAVAGEM E SELEÇÃO FINAL - Cumpre utilizar, em geral, na segunda lavagem, água clorada, em torno de 100 mg/L de cloro residual por cerca de 2 minutos, deixando os frutos imersos nesta solução. Vale certificar-se que os frutos não apresentem dilacerações ou outras aberturas pelas quais a água clorada possa penetrar no interior do fruto e conferir sabor estranho no produto final. Os frutos sofrem uma seleção final, retirando os que porventura possam ter passado despercebidos pela seleção inicial. Após a lavagem com água clorada, havendo necessidade, faz-se um enxágüe com água normal. DESCASCAMENTO/CORTE/RETIRADA DO CAROÇO OU SEMENTES - Estas operações podem ser necessárias ao processamento de determinados frutos. O descascamento é indicado e imprescindível para frutos com casca grossa como, por exemplo, manga e abacaxi, quando se trata de operações em pequenas indústrias. Nas indústrias com padrão tecnológico adequado, essas operações são efetuadas concomitantemente ao despolpamento/extração, em máquinas apropriadas. Quando realizadas mecanicamente, as referidas operações poderão provocar a incorporação de substâncias indesejáveis presentes na casca, o que exige um compromisso de não se exercer excessiva pressão de extração. Igualmente, faz-se necessário as operações de corte e retirada do caroço antes do 12 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 12 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional despolpamento/extração, no caso de pequenas unidades de produção, sendo realizada manualmente. Nas indústrias com recursos tecnológicos, efetuam-se essas operações com máquinas específicas para cada fruto. Nos frutos que apresentam casca muito fina ou delgada e sementes pequenas essas operações são realizadas concomitantemente, e neste caso, a casca, por ser desprezível, é incorporada praticamente na polpa extraída. BRANQUEAMENTO - O branqueamento ou inativação enzimática constitui-se uma operação a ser efetuada para garantir a estabilidade química e bioquímica do produto, evitando que haja alterações de cor, sabor e aroma; além de auxiliar no despolpamento em certas frutas. Essa operação poderá ser realizada com frutos inteiros descascados em tanques branqueadores, com água aquecida ou vapor, quando as unidades processadoras dispõem de baixos recursos tecnológicos. Nesse caso o branqueamento tem a possibilidade de ser efetuado antes do despolpamento. Por outro lado, em se tratando de instalações tecnologicamente adequadas essa operação poderá ser efetuada durante o despolpamento ou após o mesmo, em trocadores de calor. Existe a possibilidade técnica de realizar-se uma operação de tratamento térmico, em trocador de calor, logo após o despolpamento que tenha os efeitos de branqueamento e pasteurização sobre o produto. Portanto, a ordem lógica das operações de branqueamento e desintegração/despolpamento é variável em função do nível tecnológico disponível e do tipo de fruto em questão. DESINTEGRAÇAO/DESPOLPAMENTO - O sistema de desintegração e despolpamento de frutos para obtenção de polpas varia em função do tipo de fruta e da tecnologia empregada. Em qualquer caso, separa-se a polpa ou parte comestível da casca, sementes e partes fibrosas, após o corte, desintegração ou esmagamento do fruto, mediante a pressão do material desintegrado sobre uma tela com furos de diâmetros variáveis, o que define o grau de refinamento da polpa. FORMULAÇÃO DA POLPA - É realizada em tanques de aço inoxidável, onde são retiradas amostras para determinações do pH e Brix para em seguida ser formulada a polpa, ajustando-se o pH com ácido cítrico a fim de garantir a eficácia do tratamento térmico. Finalizada a formulação, a polpa segue para o tanque de equilíbrio. PRÉ-AQUECIMENTO / DESAERAÇÃO - A polpa é pré-aquecida antes de entrar no desaerador, onde é realizada a remoção do ar e do oxigênio absorvido durante o despolpamento, promovendo um bloqueio nas reações químicas e enzimáticas. 13 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 13 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.3 Métodos de preservação de polpa de fruta 3.3.1 Pasteurização (Processos de enchimento a quente e pasterização na embalagem). Neste método de preservação, uma vez obtida a polpa, esta segue o processo envolvendo as operações mencionadas no fluxograma (Figura 1) e descritas a seguir: TRATAMENTO TÉRMICO - A polpa de frutos tropicais, em sua grande maioria, tem pH menor que 4,0 e, como tal, poderá ser tratada termicamente a temperaturas inferiores a 100o C, ou seja, é submetida a uma pasteurização. A polpa pode ser pasteurizada antes do enchimento do produto (Processo de enchimento a quente ou Hot Fill) ou sofrer a pasteurização já embalada (Processo de Pasteurização embalado ou Hot Pack). O primeiro processo pode ser procedido em tachos abertos, dotados de aquecimento com vapor e agitador, ou trocador de calor. A primeira opção é um recurso tecnológico inferior resultando em produto de qualidade inferior, utilizado, na maioria das vezes, somente na fabricação de doce em massa. Assim, o tratamento térmico em trocador de calor, onde é possível efetuar o aquecimento rápido, conduzà obtenção de um produto de boa qualidade. Nesse último caso, o binômio temperatura/tempo pode estar entre 88º e 95oC por 40 a 60 segundos. É sabido que o efeito do tempo de exposição (tempo de retenção) mostra-se mais importante para a qualidade do que a temperatura. Dessa forma, as temperaturas altas por tempos curtos provocam menores alterações nos alimentos que as temperaturas médias por tempos prolongados. O produto deve ser acondicionado na embalagem imediatamente após o tratamento térmico, através de enchedoras/dosadoras que dispensam volumes regulados. Logo após o enchimento, efetua-se o fechamento ou recravação da embalagem, mantendo a temperatura do produto, no momento do fechamento, não inferior a 85 oC. Cumpre promover, ainda, exaustão adequada, necessária a obtenção de vácuo suficiente. RESFRIAMENTO - O resfriamento da embalagem/produto precisa ser o mais rápido possível, até a temperatura inferior a 37 °C, tendo a finalidade de evitar o sobre cozimento do produto e crescimento de microrganismos termófilos. Essa operação constitui-se como sendo o ponto crítico do processo de enchimento a quente (Hot Fill). O tempo de resfriamento varia em função do tamanho e forma do recipiente, depende, dentre outros fatores, da existência ou não da agitação e da viscosidade do produto. Consta da imersão das embalagens em água com circulação (corrente) ou ainda utilizar o sistema de spray sobre as embalagens. Cumpre avaliar a temperatura final do resfriamento no “ponto frio” da embalagem. As embalagens maiores, em geral, levam mais tempo para resfriar do que as embalagens menores. A água de 14 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 14 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional resfriamento deve ser clorada para evitar uma possível recontaminação durante a operação, devido à possibilidade de ocorrer micro vazamento. ARMAZENAMENTO - Armazena-se o produto resfriado e seco externamente à temperatura ambiente, evitando-se durante a estocagem temperatura e umidade elevadas. A vida de prateleira com a retenção da qualidade desses produtos pode variar de 9 a 12 meses. 3.3.2 Processo asséptico Este processo requer que o produto seja comercialmente estéril até o armazenamento. Adicionalmente, a embalagem também deve ser livre de de microorganismos até o enchimento do produto, e deve-se garantir que o fechamento da embalagem será conduzido em ambiente estéril, para que não haja recontaminação do produto. Este método de preservação fundamenta-se no princípio da esterilização a alta temperatura e tempo curto e envase asséptico. A esterilização da linha de produção realizada antes de iniciar o processo é feita com vapor superaquecido à temperatura não inferior a 204º C. Uma das vantagens desse processo é a minimização das mudanças indesejáveis no produto, provocadas pelo processo de aquecimento /resfriamento lento. Neste processo, o produto é envasado em ambiente estéril. TRATAMENTO TÉRMICO/RESFRIAMENTO - O tratamento térmico necessário à esterilização do produto é dado, usualmente, em trocadores de calor, sendo o de superfície raspada indicado quando se trata de produtos altamente viscosos. Os trocadores de calor tubular poderão ser utilizados desde que o grau de viscosidade do produto permita. Após o tratamento térmico, resfria-se o produto em trocador de calor a temperaturas ordinárias. ENCHIMENTO/FECHAMENTO - Efetua-se o enchimento das embalagens primárias (assépticas), consistindo normalmente de “bags” compostos de polietileno e alumínio com uma “boca” de fechamento especial. Esses “bags” são enchidos já dentro de tambores, que funcionam como embalagem secundária. Em seguida, é feito o fechamento das embalagens em ambiente da linha (enchimento e recravação), mantendo estéril geralmente através de pressão positiva com vapor superaquecido ou gás inerte que impede a entrada de ar contaminado no sistema. ARMAZENAMENTO - O armazenamento da polpa de fruta obtida por este método de preservação precisa ser conduzido da mesma forma dos produtos processados através do processo Hot Fill, observando-se as condições gerais já especificadas. 15 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 15 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Dentre as principais vantagens deste método de preservação de polpa de frutas, enumeram-se as seguintes: 1) melhoria de cor, sabor e aroma; 2) redução da perda de nutrientes; 3) eliminação do “ponto crítico” referente ao resfriamento posterior do produto já embalado; 4) utilização de recipientes grandes ou pequenos 5) adequação aos produtos sensíveis ao calor. 3.3.3. Preservação por congelamento O método de preservação de polpa de frutas por congelamento constitui-se um método por excelência com relação às propriedades químicas, nutricionais e sensoriais. Contudo, apresenta o inconveniente dos custos elevados de produção e armazenamento. Este método requer, para a distribuição do produto, uma cadeia de frio formada por túneis de congelamento, câmaras frigoríficas a -18º C e transporte refrigerado. TRATAMENTO TÉRMICO - O tratamento térmico, como nos demais métodos de preservação, deve ser efetuado preferencialmente em trocadores de calor de modo semelhante ao descrito nos processos anteriores. RESFRIAMENTO - Em se tratando de um produto a ser congelado em seguida, o resfriamento deverá ser eficiente e conduzir o produto à temperatura próxima de 0ºC. Isso é importante para evitar sobrecarga no sistema de congelamento ou reduzir o tempo necessário para o congelamento. EMBALAGEM - O produto previamente resfriado é embalado usualmente em sacos plásticos de pequena capacidade, aproximadamente 100g, e esses reunidos em uma embalagem secundária de 400g. CONGELAMENTO - O produto embalado deve ser preferencialmente, congelado pelo processo criogênico, ou rápido a - 40ºC. Contudo, nem sempre esse é o método de congelamento mais utilizado. Como alternativa tem-se o congelamento em túneis ou câmaras de congelamento, o que não traria nenhum inconveniente já que o produto encontra-se devidamente protegido pela embalagem. ARMAZENAMENTO - Recomenda-se manter a polpa devidamente congelada sob temperaturas de congelamento até o momento de sua utilização. A temperatura adequada para a manutenção do produto congelado está entre - 18º e - 20ºC. 16 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 16 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.3.4 Preservação química A preservação química de polpa apresenta-se como uma alternativa de conservação a ser empregada nos casos que não houver restrições ao uso dos conservantes empregados. É evidente que a preservação não é obtida única e exclusivamente mediante conservantes químicos, mas com a associação de um método físico de conservação, no caso a pasteurização. FORMULAÇÃO - A operação de formulação consiste em dosar as quantidades de aditivos químicos na polpa de forma correta e dentro das exigências legais. Os conservantes mais utilizados são os ácidos sórbico e benzóico, seus sais de sódio e potássio, e o dióxido de enxofre proveniente da dissociação do bissulfito ou metabissulfito de sódio ou potássio. O emprego de forma adequada e eficiente desses aditivos pressupõe que o pH do meio esteja ajustado para uma maior eficiência dos mesmos. Assim, quando necessário, faz-se o ajuste de pH com a adição de ácidos permitidos pela legislação.TRATAMENTO TÉRMICO / RESFRIAMENTO - O tratamento térmico de pasteurização é realizado em trocadores de calor, como nos demais casos. A polpa deverá ser resfriada de forma adequada até a temperatura ambiente. ENCHIMENTO/FECHAMENTO/ARMAZENAMENTO - A polpa é acondicionada nas embalagens à temperatura ambiente e em seguida é realizado o fechamento das mesmas. O produto deve ser armazenado à temperatura ambiente. Conservação por processos mistos Na realidade, a maioria dos alimentos é conservada pela utilização de métodos mistos. Geralmente, dois ou mais processos são aplicados. Em sucos e polpas de frutas, em geral, são associados o tratamento térmico, o uso de conservantes e o congelamento. 17 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 17 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional O fluxograma geral para processamento de polpa de fruta pode ser observado na Figura 1. FIGURA 1. Fluxograma geral para processamento de polpa de fruta através dos processos Hot Fill, Asséptico, Congelamento e Preservação química. 18 Tratamento térmico Enchimento a quente Fechamento Inversão das latas Resfriamento Armazenamento Tratamento Térmico Resfriamento Enchimento Asséptico Fechamento Armazenamento Tratamento Térmico Resfriamento Enchimento Congelamento Armazenamento Formulação Tratamento Térmico Resfriamento Enchimento Armazenamento Fechamento Processo Hot Fill Processo Asséptico Congelamento Preservação Química 1ª Lavagem Seleção 2ª Lavagem Descascamento/Corte/Retirada de caroços ou sementes Polpa Recepção Branqueamento Desintegração/Despolpamento AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 18 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3.4 Sucos e néctares de frutas Na indústria de frutas, a produção e a comercialização desses produtos depende das características exigidas pelo mercado para cada um dos diferentes tipos de sucos. Entre as características pré-estabelecidas estão os níveis de turbidez, a acidez, os nutrientes presentes e o perfil de aromas. Existem vários métodos de obtenção de sucos de frutas, principalmente com base nos princípios de conservação. Em geral, as etapas do processo produtivo são praticamente as mesmas vistas para produção de polpa até a extração, diferenciando-se a partir do enchimento ou tratamento térmico (MAIA e ALBUQUERQUE, 2000; BATES et al., 2001), o que diferencia os tipos de conservação: conservação pelo uso de calor, conservação pelo uso do frio, conservação por meio de aditivos químicos. São produzidos sucos de frutas com teores de polpas de frutas e componentes opcionais diferentes, o que resulta em vários produtos de frutas. O termo néctar de frutas é usado pela indústria para designar sucos de polpa de frutas misturado com xarope de açúcar e ácido cítrico pra produzir uma bebida pronta para beber. Essa bebida, embora lembre os sucos de frutas em sabor, não pode ser chamada de suco de fruta devido à presença de água, açúcar e ácidos adicionados (LUH e EL-TINAY, 1993). 3.5 Processo produtivo de suco e néctar de frutas A maioria dos sucos integrais de frutas produzidos no Brasil é processada pelo processo Hot Fill e uma pequena parte pelo processo asséptico. O suco geralmente é submetido ao processo de enchimento à quente, acondicionado em garrafas de vidro ou de plástico com volume de 500 mL, ou em embalagens cartonadas, quando é processado pelo sistema asséptico. Os sucos de frutas produzidos por ambos os processos são encorpados, sendo consumidos depois de diluição em água e adição de açúcar. Após a extração e refino, o suco segue para os tanques de formulação, onde se procede ao ajuste de certas características físico-químicas (pH, teor de polpa, etc) mediante a incorporação de acidulante e de conservantes (benzoato e metabissulfito de sódio ou potássio), quando for o caso, nas quantidades recomendadas pela legislação. Em seguida, faz-se uma homogeneização, que tem o objetivo de reduzir as partículas em suspensão onde estas se dividem e começam a flutuar; melhorando assim a aparência do suco. Através de um aumento da pressão as partículas ficam extremamente finas e então se 19 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 19 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional dispersam no líquido. Depois o suco é submetido à desaeração, recebendo um pré-aquecimento a 50C, realizada em desaerador sob vácuo, com o objetivo de remover o ar e o teor de O2 dissolvido no suco, promovendo um bloqueio nas reações químicas de oxidação da vitamina C, reduzindo a formação de espuma, melhorando a qualidade do suco, através da preservação da cor, aroma e sabor e aroma originais. Após a desaeração o suco sofre tratamento térmico, que consiste em submeter o produto ao calor durante um determinado tempo, em trocador de calor tubular ou de placas, dependendo da viscosidade do suco. O tratamento térmico pode seguir diferentes caminhos, como foi visto no processamento de polpas de frutas, dependendo do método de conservação escolhido, sendo alguns deles descritos no fluxograma da Figura 2. 20 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 20 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 21 1ª Lavagem Recepção Tratamento Térmico Resfriamento Enchimento Asséptico Fechamento Armazenamento Tratamento térmico Enchimento a quente Fechamento Resfriamento Armazenamento Processo Hot Fill Enchimento Fechamento Tratamento Térmico Resfriamento Armazenamento Processo Hot Pack Processo Asséptico Colheita Transporte Recepção e Pesagem Desaeração Pré-lavagem Seleção Lavagem / Seleção Final Extração Formulação Homogeneização AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 21 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional FIGURA 2. Fluxograma geral para processamento de sucos e néctares de frutas através dos processos Hot Fill, Hot Pack e Asséptico. 3.6. Processo de concentração de sucos de frutas A concentração é um processo que resulta na remoção de parte da água dos alimentos, tais como: suco concentrado, massa de tomate, doces em geral, leite condensado, etc. A remoção de água pode ser obtida pelos seguintes processos: Evaporação: a água é removida na forma de vapor. Congelamento: a água é removida na forma de gelo. Membranas: a água é removida na forma liquida. As principais razões para a concentração de determinados alimentos são: Preservação durante a estocagem. Redução do custo de embalagem, transporte e armazenamento. Redução do teor de água de alimentos líquidos que serão desidratados. Dentre os alimentos concentrados, os sucos de frutas constituem um item importante. A fim de reduzir os gastos com o transporte, estocagem e embalagem os processadores de sucos têm aprendido que a solução mais fácil é remover o excesso de água. Entretanto, existem certas dificuldades resultantes da concentração. Freqüentemente os sucos concentrados quando reconstituídos sofrem uma perda de aroma e sabor e degradação da cor. Assim sendo, é de suma importância que na definição do processo e equipamentos utilizados na concentração os processadores estejam cientes que o produto obtido deve apresentar um bom aspecto e sabor, qualidades exigidas pelos consumidores. Os sucos concentrados quase sempre precisam de um método adicional na suaconservação. Geralmente são utilizados o congelamento, a preservação química e o enchimento a quente (MAIA e ALBUQUERQUE, 2000). 22 AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 22 3.7 Processamento de sucos concentrados Os tipos de sucos concentrados dependem de sua composição e do método de preparação. Comercialmente os sucos de maçã e uva são produzidos pela concentração de sucos clarificados (despectinizados e filtrados), enquanto o suco de laranja contém substâncias pécticas e apenas parte da polpa é removida por centrifugação. Em geral, uma planta de processamento de sucos concentrados segue o fluxograma conforme está sendo mostrado na Figura 3 (MAIA e ALBUQUERQUE, 2000). Extração Decantação Clarificação Centrifugação Pré-aquecimento Desaeração Pasteurização/ Aquecimento Concentração Resfriamento Vapores Recuperação de aroma AcondicionamentoBatch system Acondicionamento Estocagem câmara fria Estocagem câmara fria FIGURA 3. Fluxograma do processamento de sucos concentrados. DECANTAÇÃO/CENTRIFUGAÇÃO - Tem a finalidade de eliminar os pontos escuros, remover parte da polpa do suco e reduzir o teor de amido a níveis aceitáveis. A remoção da polpa e AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 23 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional do amido, que aumenta a viscosidade do suco durante a concentração, proporciona uma maior taxa de transferência de calor na evaporação e ajuda a minimizar posteriormente os efeitos do tratamento térmico. CLARIFICAÇÃO - O suco é submetido a um tratamento enzimático para degradação das pectinas e do amido e em seguida passa pelo processo de filtração ou centrifugação, onde são eliminados os sólidos em suspensão. O suco obtido apresenta uma baixa viscosidade durante a concentração permitindo uma alta taxa de transferência de calor e, conseqüentemente, que maiores concentrações sejam obtidas. A clarificação também pode ser feita através de processo não-enzimático, sendo o calor o mais comum. Outras técnicas incluem a combinação de adição de gelatina, caseína, ácido tânico. PRÉ-AQUECIMENTO - O aquecimento do suco a 45-50ºC faz com que o grau de dissolubilidade do ar no suco seja reduzido facilitando a sua remoção na etapa de desaeração. DESAERAÇÃO - Tem o objetivo de remover o ar presente no suco, o qual evita a transmissão de calor dentro do liquido e causa queimas locais do produto, especialmente próximo da superfície de aquecimento. O ar excedente pode ainda reagir quimicamente com uma série de substâncias e acelerar a polimerização de fenóis e a degeneração de importantes componentes aromáticos. PASTEURIZAÇÃO/AQUECIMENTO - A temperatura de pasteurização deve garantir a eliminação dos microrganismos presentes no suco, uma vez que no processo de concentração a vácuo é utilizado temperaturas mais baixas e após concentração o suco é acondicionado sem receber um outro tratamento térmico. CONCENTRAÇÃO - O grau de concentração e os danos do calor à qualidade do suco durante a concentração são determinados pelas características do suco, tempo de residência e características de temperatura do evaporador. Os sucos clarificados e com baixo teor de polpa podem ser concentrados em evaporadores tubulares, a placas e centrífugos, atingindo-se graus de concentração elevados, principalmente para os clarificados. Os sucos polposos são concentrados a baixa concentração em evaporadores centrífugos e de superfície raspada. RECUPERAÇÃO DE AROMA - O sistema de recuperação de aroma é de grande importância numa planta de concentração, principalmente para produtos termosensíveis. Os componentes do aroma, que são arrastados juntamente com os vapores durante a evaporação, são separados pelos processos de destilação e retificação. O aroma recuperado é reincorporado ao suco concentrado ou acondicionado para posterior reincorporação. RESFRIAMENTO - É feito no Flash-cooler, que trabalha sob o princípio da evaporação instantânea em alto vácuo. Nesta etapa, de grande importância para a qualidade do produto, o suco é resfriado em fração de segundos para temperatura de 10-15ºC. AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 24 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional BATCH SYSTEM - Sistema de tanques resfriados com água gelada ou instalados em câmara frigorífica, que permite a formação de batches de suco com características mais uniformes. Unidade IV – PROCESSAMENTO DE GELÉIAS E DOCES EM MASSAS 4.1 Definição Geléia é o produto elaborado a partir de sucos de frutas e concentrado até aspecto gelatino- so, podendo ser acrescentado de outros ingredientes permitidos pela legislação. Doce em massa e o produto elaborado com todas as partes comestíveis das frutas e concen- trado de maneira que permita o corte (em pasta) ou que permita o espalhamento (cremoso). A formação do gel se dá graças ao equilíbrio entre ácidos, pectinas, açúcar e água. Em meio ácido a pectina está carregada negativamente e a adição do açúcar altera este equilíbrio, desestabili- zando a pectina que forma uma rede de fibras que compõe o gel, cuja estrutura é capaz de suportar líquidos. A densidade e continuidade desta rede são afetadas pelo teor de pectina. A rigidez da estru- tura é afetada pela concentração de açúcar e ácidos (pH). Os ácidos enrijecem as fibras desta rede. A alta acidez afeta a elasticidade (gel duro), formando a SINERESE que é o excesso de ácidos, onde as cadeias de aproximam demais e a água é expulsa da rede. Valores de pH superiores a 3,6 não ocorre a geleificação, pois as cadeias não se aproximam. Quanto mais açúcar menos água a estrutu- ra suportará. 4.2 Constituição da geléia a) FRUTAS: quando maduras tem menor teor de pectina, porém tem mais aroma, sabor e açúcares; quando estão verdes tem maior teor de ácidos e pectinas. O ideal é o equilíbrio entre esses consti- tuintes. b) PECTINA: Cadeias longas de ácido galacturônico parcialmente esterificados com grupos metíli- cos. Este grau de metoxilação é importante para a formação do gel, pois pectinas com alto teor me- tílico forma gel com grandes quantidades de açúcares e mais rapidamente. O comprimento da ca- deia também é importante, pois somente cadeias com mais de 250 unidades conseguem formar o gel. GRAU DA PECTINA (graus SAG), é a quantidade de açúcar que 1 grama da pectina consegue geleificar, sob condições de acidez e sólidos solúveis adequadas. O ideal é que tenhamos cerca de 1% de pectina na formulação. c) ÁCIDOS: baixar o pH para ter uma geleificação adequada e manter / realçar o aroma natural da fruta. Para a formação do gel o que interfere diretamente é a intensidade dos ácidos, ou seja a acidez livre, que é dado pelo pH. O valor ótimo de pH está em torno de 3,2 (3,0 a 3,6). Ácidos mais usados são o cítrico e o láctico. AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 25 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional d) AÇÚCARES: tem efeito desidratante. O teor varia conforme o tipo de produto a ser elaborado. Para geléias comuns são usadas 40 partes de frutas e 60 partes de açúcares; para geléias extras são usados 50:50; para doces em massa são usados em torno de 40 a 50 partes de açúcares para 60 a 50 partes de frutas. A concentração final deve ser de mais de 65% de sólidos solúveis totais. O teor de açúcares redutores é de 354-40% do total de açúcares. Normalmente se adiciona em torno de 15 a 20% de glicose porque melhora a qualidade final do produto. Quanto maior o teor de pectina e áci- dos mais açúcares a redepode suportar. e) ÁGUA: para geléias não se usa. Para doces em massa se adiciona o suficiente para abrandar os tecidos, cerca de 20% sobre o peso total das frutas a ser colocada no início do processo. f) CORREÇÕES: tanto de pectina quanto de ácido, devem ser efetuadas no final do processo. O açúcar deve ser adicionado lentamente, posteriormente a pectina e por último o ácido, quando o doce já estiver pronto; g) CONSERVANTES: podem ser utilizados conservantes permitidos pela legislação: benzoato de sódio, sorbato de potássio e dióxido de enxofre, cuidando sempre com a dosagem permitida. h) CONCENTRAÇÃO: pode ser efetuada em tacho aberto ou a vácuo, sendo este melhor em rela- ção à manutenção da qualidade final do produto. Porém o tempo de processamento não deve ser muito longo, pois poderá acarretar danos à formação do gel, escurecimento e alterações de qualida- de sensoriais. O final do processo pode ser observado de várias maneiras, como: pela temperatura, pelo teor de sólidos solúveis totais ou pelos métodos práticos. i) EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO: embalagens de vários tipos (vidros, plásticos, madei- ra, etc) e o armazenamento pode ser feito por períodos maiores ou menores dependendo do método de preservação empregado, desde algumas semanas até anos. 4.3 Defeitos a) Sinérese: excesso de ácidos b) gel fraco: tipo de pectina, pouca pectina, tempo longo de concentração c) cristalização: excesso de sacarose d) mofo e fermentações: pouca concentração de açúcares no produto FRUTAS SATURADAS COM AÇÚCARES Também chamadas de frutas cristalizadas ou glaceadas. a) DEFINIÇÃO: produto preparado com frutas, nas quais se substitui parte da água de constituição por açúcar, por meio de tecnologia adequada, recobrindo-as ou não com uma camada de açúcares. AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 26 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional b) COMPOSIÇÃO: frutas, sacarose, açúcares redutores e especiarias (opcionais). O teor de umida- de final deve ser menor que 25%. Pode conter aditivos e coadjuvantes como ácido ascórbico, sais de cálcio, ácidos orgânicos, pectina e espessantes c) PREPARAÇÃO DA FRUTA: lavagem, seleção/descascamento, cortes (pode ser em cubos, fa- tias, etc,), cozimento (para evitar escurecimento e abrandar os tecidos) e fermentação (para aquelas frutas muito duras, fibrosas ou com muita adstringência) d) XAROPE: deve ser líquido e transparente mesmo em altas concentrações de açúcares (75 ºB), sendo preparado com sacarose e glicose, tendo em vista que o teor final de açúcares redutores deve estar entre 30 e 40% e o pH deve estar em torno de 4; e) SATURAÇÃO: o processo lento é o mais usado pelo baixo custo dos equipamentos, embora uti- liza muita mão-de-obra. Consiste em deixar a fruta na presença de um xarope concentrado até que ocorra o equilíbrio osmótico, posteriormente aumenta-se o teor de açúcares no xarope e deixa-se mais um período em repouso, até novo equilíbrio osmótico, assim sucessivamente até que a fruta apresente uma concentração final de aproximadamente 68% de sólidos solúveis totais. A velocidade de saturação é influenciada por fatores como: superfície de contato, temperatura, concentração de xarope dentro e fora da fruta, diâmetro da fruta e viscosidade do xarope; f) ACABAMENTO: Ao final do processo, a fruta deve estar intumescida e firme, sem estar dura ou enrugada. O xarope deve estar com 72 a 75 ºB e isento de cristais. As frutas são drenadas, lavadas e colocadas para secar em temperaturas de 50-55 ºC, com circulação de ar, até que as frutas não este- jam mais pegajosas. Desse ponto segue para a cristalização ou glaceamento ou outra forma de aca- bamento; g) EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO: após o embalamento (plástico, vidro, isopor, etc) as frutas podem ser armazenadas em ambientes de baixa umidade e temperaturas amenas; h) FALHAS NO PROCESSO: algumas falhas que podem acontecer nesse processamento são: a) Endurecimento:devido à cristalização da sacarose pelo seu excesso; b) Fermentação: no início do processo pode ocorrer fermentação pelas altas temperaturas ambiental, falta de higiene e branqueamento; c) Enrugamento: utilização de xarope muito concentrado. d) Flacidez: excesso de SO2 e frutas muito tenras (maduras); e) Pegajosidade: excesso de açúcares redutores; f) Escurecimento: caramelização, contaminação com metais, etc AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 27 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional UNIDADE V - CONSERVAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS PELO CONTROLE DE UMIDADE - A água é o constituinte que predomina nos vegetais (2/3) com exceção dos cereais. - Sal é conservante em quantidade acima de 15% - Açúcar é conservante em quantidade acima de 67% - Avaliamos a quantidade de sais ou açúcar e retiramos água até atingir esses valores Secagem natural Muitos países produzem grandes quantidades de frutas secas ao sol: EUA (Califórnia), Gré- cia, Espanha, Ásia, Itália, Chile. O local de secagem deve ser cercado e longe de estradas (poeira). Para um melhor resultado convém que a secagem seja dividida em duas etapas: a primeira iniciada ao sol e continuada até que as frutas tenham perdido 50 a 70% da umidade, e a segunda à sombra, para que os produtos não se ressequem a não percam o sabor e o aroma naturais. Com a secagem total ao sol, freqüentemente as frutas escurecem e tornam-se coriáceas. A formação de uma camada dura externamente, poderá acontecer se a umidade relativa for baixa e a temperatura do ar alta. Com isso a velocidade de evaporação d a umidade que está na su- perfície do alimento é maior que a difusão do líquido no interior do alimento, e assim formar-se-á uma camada endurecida que depreciará bastante o produto seco. É um dos maiores problemas dos produtos secos. Antes de expor a fruta ao sol deve-se fazer o branqueamento e sulfitação, para evitar escure- cimento enzimático. A quantidade final de SO2 deve ser inferior a 0,2%. A secagem a sombra pode ser feita em galpões, movimentando-se o ar, que deverá passar por um dispositivo contendo algum desidratante (cloreto de cálcio, óxido de cálcio, ácido sulfúrico concentrado), que retém umidade. Para secagem ao sol são usados pisos de cimento, que irradia calor, e dotados de cavaletes (suporte) para aos tabuleiros, que devem estar dispostos de maneira a sofrer uma boa irradiação e permitirem a fácil circulação do ar quente. Os tabuleiros são colocados uns sobre os outros e com possibilidade de se colocar sobre os mesmos um abrigo de vidro ou tela contra insetos, chuvas, poeira, etc. não devendo ser muito grandes a ponto de dificultarem os trabalhos, sendo construídos de tela metálicas ou nylon e madeira, podendo ter várias dimensões: O tempo de secagem necessário para cada fruta depende da variedade, do seu teor de água, do total de irradiação solar, mas pode-se calcular como sendo de 2 a 12 dias para climas tropicais. Para hortaliças o tempo é de algumas horas e o ponto de secagem apresenta um teor de umidade bem menor que para frutas. AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 28 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A umidade que é de 90% na fruta fresca baixará para 20 a 25% na fruta seca. No Brasil a secagem natural não apresenta muita importância prática. Apenas a banana, em alguns pontos do país, é pro- cessada de maneira bem empírica. Outros exemplos são o café e o cacau. CONSERVAÇÃO DE VEGETAIS POR FERMENTAÇÃO a) FERMENTAÇÃO: processo onde existem trocas químicas em um substrato orgânico pela ação das enzimas elaboradas por certos tipos de microrganismos; b) CONTROLE DAS FERMENTAÇÕES: Valor de pH, Fontede energia, Oxigênio, Temperaturas, Ação do NaCl; c) FERMENTAÇÃO LÁCTICA: É um dos métodos mais antigos de preservação de alimentos. Originário do oriente, foi introduzido na Europa e EUA com adaptações. O valor nutritivo é pouco afetado. Ocorrem pequenas variações no valor energético, vitaminas e sais. As características senso- riais podem ser muito modificadas É utilizada como meio exclusivo para conservação ou para pos- terior preparo de picles em vinagre, sendo que os produtos mais comuns são: azeitonas, picles e chucrute. No Brasil não é uma técnica muito usual. Nos EUA é uma das industrias de conservas mais importantes. As matérias-primas mais utilizadas nas fermentações são: pepino, cebolinha, cou- ve-flor, repolho, cenoura, pimentão-doce, alcachofra, tomates verde, beterraba, brócolis, vagem, chuchu, milho e nabo. d) MICROBIOLOGIA DAS FERMENTAÇÕES: Poucas são as espécies responsáveis pela fer- mentação da maioria das hortaliças. No decorrer do processo fermentativo, três grupos são encon- trados: bactérias lácticas, enterobactérias e leveduras. As mais importantes são as lácticas e as de- mais devem ser eliminadas As espécies responsáveis pela fermentação láctica estão presentes nas hortaliças em baixas quantidades. Portanto no acondicionamento das hortaliças para fermentação é essencial condicionar o desenvolvimento da flora aeróbia e favorecem as bactérias lácticas, que são: ausência de oxigênio e concentração adequada de NaCl. Bactéria Leuconostoc mesenteroides, é a mais importante para iniciar a fermentação das hortaliças em salmoura. Em seguida ocorrem as bactérias Lactobacillus brevis, Pediococcus cerevisiae e Lactobacillus plantarum. A acidez é de 0,5 a 1,2%, em ácido lácti- co. Microrganismos indesejáveis são as enterobacteias, como: Aerobacter, Alginobacter, Escheri- chia, Paracolobactrum e Serratia e leveduras (que produzem gás). As leveduras aeróbias formam uma película na superfície, obtendo energia do ácido láctico, neutralizando a salmoura e permitindo o crescimento de outros microrganismos. A destruição do ácido láctico, do material péctico, proteínas e lipídios resultam em sabores e odores indesejáveis e mudanças na textura, mudanças na cor e aparecimento de manchas brancas na AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 29 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional hortaliça. Algumas leveduras: Kluyveromyces, Candida, Cryptococcu, Pichia, Saccharomyces, To- tulopsis, Trichosporon, etc; e) PROCESSO DA FERMENTAÇÃO LÁCTICA Pode ser feito por 2 métodos: método da salmoura método da salga seca SALMOURA: empregado principalmente para frutas e hortaliças (pepino) SALGA SECA - aplicado para o repolho. O sal serve para lixiviar o conteúdo celular facilitando o desenvolvimento de Mo responsá- veis pela fermentação; para evitar multiplicação de Mo nocivos e contribuir para melhoria da con- sistência do produto. Para a salmoura, sua concentração ideal é de 10% de NaCl, na proporção de 1,8:1 (salmou- ra: hortaliça). Para se evitar adicionar sal durante o processo para aumentar a concentração de sal- moura (difusão), emprega-se a equação: Para a Salga Seca usam-se 2,5% de sal sobre o peso da hortaliça. Temperatura: < 25 ºC (óti- mo 18 - 20 ºC) e) FINAL DO PROCESSO: a) controle visual: os tecidos tornam-se translúcidos, coloração + clara b) Controle físico-químico - O pH a acidez tem valores constante no final do processo. Se a fermen- tação continuar a acidez diminui (pH se eleva). UNIDADE VI - REFRIGERAÇÃO Aplicação de frio procurando-se interromper o processo natural de desenvolvimento dos ve- getais. O produto frigoconservado permanece vivo, porque respira. Apenas retardamos o metabolis- mo retardamos a senescência. O metabolismo é influenciado por fatores como temperatura (lei de Want’Hoff, sendo observados em reações químicas e bioquímicas (até 40 ºC)). Ex. Fruto colhido a 30 ºC, colocamos em 20 ºC ,podendo guardar por 2 a 3 dias, se for a 20 ºC con- serva por 4 a 6 dias. Fruto preso à planta está 10 a 15 ºC acima da temperatura ambiente O frio deve ser aplicado à fruta quanto mais próximo da colheita possível, porque depois de embalado ocorre pouca dissipação de calor e a respiração aumenta. Cadeia de frio: uma vez aplicado a frio, deve ser aplicado em todos as etapas intermediárias até chegar ao consumidor, tornando este método bastante oneroso. a) RESPIRAÇÃO: AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 30 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Caracteriza-se pelo consumo de reservas energéticas e oxigênio com liberação de CO2 e água. Do ponto de vista da maturação temos dois grupos básicos quanto a resposta ao etileno: Cli- matéricas e não Climatéricas. Climatéricas apresentam uma elevação na taxa respiratória associada ao aumento da produção en- dógena de etileno, sendo este processo irreversível e corresponde ao início do senescência. Em ou- tras palavras são as frutas que continuam o processo de desenvolvimento após serem destacadas da planta. Ex. banana, maçã, pêra, pêssego, etc Não climatéricas são aquelas que apresentam taxas de respiração decrescente e não respondem ao etileno endógeno. Não prosseguem o desenvolvimento quando destacadas das plantas. Ex. uva, ci- tros, abacaxi, morango, etc b) TRANSPIRAÇÃO: Devemos aplicar o frio tão logo se efetua a colheita, através do pré-resfria- mento e levá-las ao armazenamento com a temperatura o mais próximo possível da temperatura da câmara fria, caso contrário pode transpirar e condensar água na superfície do produto, ocasionando problemas sanitários Preparo das frutas para refrigeração a) Colheita - No final da maturação para climatéricos e quando amadurecidos para os não climatéri- cos. Determinar o ponto ideal da colheita é fundamental para o sucesso do armazenamento refrige- rado. Ponto de Colheita: medição da respiração (métodos caros); Formas indiretas (cor, sabor, redução acidez, Sólidos Solúveis Totais); Índice de Iodo (amido + iodo = cor azulada, serve para maçã) b) Seleção : retirar materiais estranhos e fora de padrões c) Lavagem e /ou pré-resfriamento: retirar o calor de campo. Pode-se usar água gelada, gelo pica- do, vácuo, etc. A lavagem funciona como pré-refriamento, podendo-se usar produtos clorados a do- sagem de 6 a 10 ppm de cloro ativo. d) Tratamento pós-colheita:: para diminuir a carga microbiana nos frutos, podendo ser físico (água quente) ou química. Se quente deve ser antes do pré-resfriamento. e) Secagem: remover excesso de água na superfície f) Classificação e embalagem: para mercado interno não tem padrões. Para a escolha da embala- gem deve-se considerar que o produto está respirando g) Refrigeração: Atmosfera convencional; atmosfera modificada; atmosfera controlada; Fatores importantes a considerar no ambiente da câmara a) Temperatura: depende do tipo de produto que irá ser armazenado e do tempo de armazenamento previsto. Diferentes espécies ou mesmos diferentes variedades requerem temperaturas diferentes. O AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 31 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ideal é o mais próximo do ponto de congelamento sem deixar congelar. As oscilações na temperatu- ra da câmara não devem ser superiores a 1 ºC. b) Umidade relativa do ar: Está diretamente relacionada com a qualidade do produto, pois umida- de relativa alta proporciona ataque de microrganismos e umidade relativa baixa desidrata os produ- tos. Para a maioria dos frutos e hortaliças entre 90 – 95%. c) Circulação de Ar: necessária para distribuir o calor e a umidade dentro da câmara, para mantê- las uniformes. Renovaro ar da câmara também é importante porque retiram do ambiente maus odo- res formados durante o armazenamento e retira gases formados durante a respiração. Armazenamento refrigerado Busca minimizar a intensidade dos processos vitais dos vegetais, sem causar distúrbios ou alterações fisiológicas dos produtos, através de: redução das atividades biológicas, redução de pató- genos e redução das perdas de água. Outro objetivo é aumentar o período de comercialização, devi- do as flutuações de mercado entre colheita e comercialização. GRAU DE PERECIBILIDADE, é função de: tempo de desenvolvimento do fruto, taxa respiratória, produção de etileno, fatores genéticos, diferenças fisiológicas e morfológicas Tempo de armazenamento Cada espécie ou cultivar apresenta um limite de armazenamento que, quando atingido, leva a fruta a senescência e morte. È importante o conhecimento da vida de armazenamento dos dife- rentes produtos, como forma de prevenir perdas elevadas de qualidade, em função de um tempo de- masiadamente longo de conservação, e melhor planejar a sua distribuição no mercado Modificação e controle da atmosfera Em alguns casos somente a baixa temperatura pode ser insuficiente para retardar as mudan- ças na qualidade de um produto. Além disso, a baixa temperatura por um tempo prolongado pode conduzir ao aparecimento de distúrbios fisiológicos. Podemos então recorrer a mudança e controle do teor de gases no ambiente de armazenamento dos produtos. Sabemos que a composição normal do ar tem em média os seguintes valores: N=78%; O2= 21% e CO2=0,03%. a) ATMOSFERA MODIFICADA (AM) Seu resultado é função da inibição da produção de etileno e não de sua ação e nem da dimi- nuição da respiração. Técnica simples com uso de filmes de PVC e polietileno com diferentes es- pessuras. Redução da perda de peso. Aplicação de ceras comerciais (vegetais/carnaúba e/ou deriva- dos de petróleo). Utilização de ésteres de sacarose. b) ATMOSFERA CONTROLADA (AC) AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 32 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional - Redução de 50% da taxa respiração - O2 < 8%, inicia a redução de produção de C2H4. - CO2 compete com C2H4 pelo sítio de ligação; Eliminação de C2H4 com KMnO4 Câmaras her- méticas c/ adição ou remoção de gases, remoção de gases com auxílio de exaustores. UNIDADE VII – BOAS PRÁTICAS DE PÓS-COLHEITA DE FRUTOS E HORTALIÇAS. Qualidade e Perdas Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças O conceito de qualidade de frutas e hortaliças envolve vários atributos. Aparência visual (frescor, cor, defeitos e deterioração), textura (firmeza, resistência e integridade do tecido), sabor e aroma, valor nutricional e segurança do alimento fazem parte do conjunto de atributos que definem a qualidade. O valor nutricional e a segurança do alimento do ponto de vista da qualidade microbio- lógica e da presença de contaminantes químicos ganham cada vez mais importância por estarem re- lacionados à saúde do consumidor. Portanto, são decisivos enquanto critérios de compra por parte do consumidor. Apesar da diversidade e disponibilidade de produtos no mercado interno, sua comercializa- ção está limitada, principalmente por serem altamente perecíveis e, geralmente, são manuseados sob condições ambientais que aceleram a perda de qualidade, e a otimização das condições, principal- mente de logística, podem aumentar o custo substancialmente, tornando-se inviável a comercializa- ção. Além das perdas quantitativas registradas na pós-colheita, as perdas qualitativas dos produtos poderão comprometer seu aproveitamento e rentabilidade. Sabe-se que as perdas pós-colheita começam na colheita e ocorrem em todos os pontos da comercialização até o consumo, ou seja, durante a embalagem, o transporte, o armazenamento, e em nível de atacado, varejo e consumidor. Portanto, o produtor deve gerenciar a cadeia produtiva, enfa- tizando os principais aspectos que interferem na qualidade do produto, como entregas mais rápidas, gerenciamento da cadeia de frio e o uso de embalagens melhoradas. Portanto, qualidade da fruta ou hortaliça está relacionada à fatores envolvidos nas fases pré- colheita e pós-colheita, ou seja, na cadeia produtiva. Dentre eles, destacamos os problemas de manuseio, como danos mecânicos e exposição dos produtos em temperaturas elevadas prejudiciais a sua conservação, o uso indiscriminado de agrotó- xicos, as contaminações microbiológicas dos produtos provenientes principalmente de fontes de contaminação no cultivo e da falta de higiene e sanitização no manuseio e processamento dos mes- mos. AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 33 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÉ-COLHEITA As boas práticas agrícolas são indispensáveis para a obtenção de uma matéria-prima de qua- lidade, principalmente do ponto de vista das contaminações por produtos químicos e de natureza microbiológica. As principais fontes de contaminação microbiológica são o uso inadequado de es- terco não curtido na adubação, a água de irrigação contaminada e as mãos de manipuladores não adequadamente lavadas e limpas. O uso indiscriminado de agrotóxicos, sem obedecer o período de carência dos mesmos, pode provocar a presença de resíduos químicos em concentrações superiores aos limites recomendados pela legislação, e, conseqüentemente, oferecer riscos ao consumidor. O uso de sistemas de garantia de qualidade que visam o equilíbrio dos ecossistemas e o uso racional dos recursos naturais, contribuem para a qualidade pós-colheita dos produtos. Ao contrário, os produtos serão expostos a doenças ou pragas no campo, deteriorando mais rapidamente na fase pós-colheita. Medidas de controle preventivo como o cultivo protegido, a higiene no campo, com a remoção e destruição de material vegetal como folhas, ramos e frutos doentes e infectados, bem como espaçamento adequado e boa condução das árvores, adubação balanceada em nutrientes, re- duzem o ataque de pragas e doenças e aplicações de agrotóxicos, aumentando a qualidade e o perío- do de conservação pós-colheita dos mesmos. CONSIDERAÇÕES SOBRE A COLHEITA A colheita dos vegetais deve ser realizada nos horários mais frescos do dia e os produtos mantidos protegidos de temperaturas elevadas. Deve-se evitar colher após chuvas intensas, bem como quedas excessivas das frutas e hortaliças e o super enchimento das caixas no campo. Portanto, a colheita requer alguns cuidados para evitar danos e perdas na pós-colheita. Al- guns produtos são facilmente danificadas, tais como morango, cerejas, amoras, etc. Neste casos, os cuidados devem ser redobrados para que não ocorram danos mecânicos que possam afetar a integri- dade e a aparência do produto. Esta prática também requer um bom padrão de higiene no campo, como o uso de embala- gens adequadas (normalmente caixas plásticas), limpas, desinfetadas, empilhadas de forma a não estar em contato com o solo e transportadas o mais rápido possível para o processamento. Os equi- pamentos e instrumentos utilizados na colheita e no manuseio devem ser limpos e sanitizados atra- vés de lavagem com produtos químicos adequados. Outro fator que tem de ser levado em consideração é o estádio de maturidade do vegetal, que, provavelmente, é um dos fatores mais importante na qualidade do produto final. A contaminação biológica pode ocorrer facilmente durante a etapa da colheita quando o tra- balhador entra em contato direto com o produto. Além disso, o ambiente físico do produto é difícil AGROINDÚSTRIA - Tecnologia de Frutos e Hortaliças 34 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional de ser controlado
Compartilhar