Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Genética molecular humana Fundamentos e aplicação Base molecular da doença genética vários tipos de mutações estão na base tanto da variação normal, como de doença genética; um grande número de mutações específicas tem sido identificado em diferentes doenças genéticas ex.: ΔF508 (no gene CFTR) – Fibrose Quística. Detecção de mutações - importância a descrição de diferentes mutações possibilita: aumentar a percepção da diversidade genética humana conhecer a diferença entre a função normal e a alterada; obter informação necessária para a detecção e rastreio de doença genética em famílias em risco e, no caso de algumas doenças, na população em geral. o conhecimento da patologia molecular que causa uma dada doença genética, permite: delinear uma terapêutica racional; planear o acompanhamento adequado. Amostras biológicas A análise molecular é efectuada a partir da extracção de DNA genómico (DNA total da célula) a partir de qualquer tecido composto por células nucleadas, por ex.: Linfócitos do sangue periférico (sangue venoso); Baço e fígado (post mortem); Amniócitos (líquido amniótico); Células bucais (esfregaços bucais); Espermatozóides (sémen ou esfregaço vaginal); Etc. Análise forense DPN Análise molecular - objectivos Obtenção de DNA (ou RNA) em quantidade suficiente para análise Dificuldades cada célula tem apenas 2 cópias de um gene; alguns genes são transcritos em apenas alguns tecidos; alguns genes são transcritos em níveis reduzidos reduzido número de moléculas de mRNA disponíveis. Purificar a sequência-alvo, isolando-a de todas as outras sequências de DNA (ou RNA) presentes na célula Clonagem de DNA envolve a transferência da sequência-alvo de DNA para uma célula ou microorganismo o qual é, depois, cultivado de forma a reproduzir a referida sequência, concomitantemente com o seu próprio DNA; permite isolar grandes quantidades da sequência-alvo, na sua forma pura. PCR (polymerase chain reaction) envolve amplificação de quantidades ilimitadas de uma sequência-alvo; permite amplificar selectivamente uma única molécula de DNA, ou RNA, milhões de vezes, em poucas horas; Análise molecular – tecnologias de base Clonagem de DNA Enzimas de restrição Vectores Bibliotecas Sondas de ácidos nucleicos Enzimas de restrição Enzimas especiais bacterianos que clivam (“cortam”) as moléculas de DNA em locais específicos (palindromas); A clivagem do DNA por estes enzimas é reprodutível e cria um conjunto de fragmentos característicos, os quais reflectem a frequência e a localização de sítios de reconhecimento específicos; Aplicação: uma única alteração num par de bases, altera a sequência do sítio de reconhecimento do enzima, o que impede a ligação deste ao DNA os fragmentos resultantes da digestão têm uma localização específica no genoma se algum estiver alterado, é possível localizar a alteração correspondente na sequência de DNA; Exemplos de enzimas de restrição enzima fonte Sequência reconhecida EcoRI Escherichia coli RY 13 5’-G^AATT C-3’ 3’-C TTAA^G-5’ TaqI Thermus aquaticus 5’-T^CG A-3’ 3’-A GC^T-5’ BamHI Bacillus amyloliquefaciens H 5’-G^GATC C-3’ 3’-C CTAG^G-5’ HaeIII Haemophylus aegyptius 5’-GG^CC-3’ 3’-CC^GG-5’ HindIII Haemophilus influenzae Rd 5’-A^AGCT T-3’ 3’-T TCGA^A-5’ NotI Nocardia otitidis-cavarium 5’-GC^GGCC GC-3’ 3’-CG CCGG^CG-5’ Sau3A Staphylococcus aureus 5’-^GATC-3’ 3’- CTAG^-5’ Vectores Moléculas de DNA que se podem replicar, de forma autónoma, num hospedeiro (bactéria ou levedura), a partir do qual podem depois ser isoladas, na forma pura, para análise; Permitem gerar um grande número de cópias de uma sequência de DNA; Tecnologia de DNA recombinante novas combinações, criadas in vitro, de sequências de DNA humano (ou outro) e moléculas-vector (por ex., bacterianas) capazes de várias duplicações numa estirpe laboratorial do microorganismo. Plasmídeos ~ 15kb Bacteriófago lambda (fago lambda) ~ 20kb Cosmídeos ~ 45kb BACs (bacterial artificial chromosomes) 100 – 300kb YACs (yeast artificial chromosomes) 100 – 2000kb Vectores - tipos Tecnologia de DNA recombinante Bibliotecas Conjunto de clones (de bactérias ou de leveduras) que contêm um vector, no qual foram inseridos fragmentos de DNA; Tipos genómicas criadas por digestão parcial de DNA genómico, de forma que alguns sítios sejam clivados e outros não se ocorrer clivagem ao acaso nesses sítios, obtém-se um conjunto de fragmentos (parcialmente sobreponíveis) com um tamanho adequado para clonagem e ligação a um vector. de cDNA Cópias de DNA complementar da população de mRNA presente num dado tecido; Vantagens: o clone obtido é uma representação directa das sequências codificantes (sem sequências não codificantes); o uso de uma fonte específica de mRNA enriquece as sequências derivadas de um gene que se expressa selectivamente nesse tecido; Criação de uma biblioteca genómica Criação de uma biblioteca de cDNA Sondas de ácidos nucleicos Fragmentos de DNA específicos utilizados para analisar a sequência-alvo de DNA Marcadas para posterior detecção isótopo radioactivo; composto histoquímico; corante fluorescente. Aplicação testa-se uma sequência (alvo), presente numa mistura de ácidos nucleicos, pela sua complementaridade com um fragmento de sequência conhecida (sonda); Se a sonda for complementar com o alvo, formará uma molécula de cadeia dupla estável; A detecção e análise dessas moléculas são facilitadas pela marcação prévia da sonda. Hibridação de DNA com sondas de ácidos nucleicos Métodos de análise de ácidos nucleicos Southern Blotting; Análise de oligonucleótidos específicos de alelo (A.S.O.); Northern Blotting; Hibridação in situ de fluorescência (FISH) (em cromossomas) Southern Blotting O DNA é isolado, a partir de uma amostra biológica, digerido por enzimas de restrição e os fragmentos resultantes separados (com base no seu tamanho), por electroforese em gel de agarose; Método padrão para análise da estrutura do DNA clivado por enzimas de restrição; Permite analisar globalmente o gene e detectar grandes alterações (não permite detectar pequenas alterações). Southern blotting Digestão com enzimas de restrição Hibridação com sondas específicas Análise de Southern blotting Northern Blotting semelhante ao Southern blotting, mas usado para análise de amostras de RNA; O RNA não pode ser clivado pelos enzimas de restrição usados para o DNA, mas os diferentes transcritos de RNA têm diferentes tamanhos dependendo do número de exões do gene; O RNA celular total é separado, de acordo com o tamanho, por electroforese em gel de agarose, transferido para filtros de nitrocelulose ou nylon, incubado com sondas desnaturadas e marcadas e, depois, revelado; Método padrão para determinação do tamanho e abundância do mRNA, de um gene específico, existente numa amostra de RNA Análise de oligonucleótidos específicos de alelo - A.S.O. usa sondas de tamanho reduzido oligonucleótidos mais sensíveis a pequenas diferenças entre alvo e sonda; hibridam apenas com o alvo complementar normal (e não com sequências alteradas, nem que seja apenas numa única base); permite uma identificação específica de uma dada sequência de DNA distinguir entre indivíduos com a sequência normal em ambos os cromossomas com a sequência mutante em ambos os cromossomas com a sequência mutante num dos cromossomas e a normal no outro. usada apenas quando a mutação específica é conhecida. As sondas podem ser aplicadas ao DNA contido nos cromossomas fixados numa lâmina; O DNA é desnaturado no local (in situ) para que as duas cadeias sejam separadas e possam hibridar com uma sonda marcada (normalmente, com um corante fluorescente); Quando a lâminaé colocada num microscópio sob uma luz fluorescente, observa-se um sinal correspondente à emissão de luz pela molécula do corante o que permite localizar região do DNA em que a sonda hibrida. Hibridação in situ de fluorescência FISH FISH II Usam-se vários tipos de sondas Cosmídeos, BACs, YACs Misturas complexas DNA de um cromossoma inteiro DNA de um braço de um cromossoma DNA de uma região cromossómica DNA centromérico Aplicada a cromossomas (metafase) mas também a DNA em interfase (ex.: pesquisa de aneuploidias); Desenvolvimentos CGH – hibridação genómica comparativa SKY – spectral karyotyping Microarrays Array-CGH Chromosome painting probes CGH Array-CGH Pesquisa de microdelecções (a ) (b ) FISH em interfase FISH com sondas subteloméricas Reacção em cadeia da polimerase – P.C.R. Amplificação enzimática de um fragmento de DNA (alvo) localizado entre dois oligonucleótidos “iniciadores” – primers; Os primers são desenhados de forma a que um seja complementar de uma cadeia de DNA, num dos lados da sequência-alvo e o outro primer seja complementar da outra cadeia, no lado oposto da sequência-alvo PCR II Como a extremidade 3’ de cada primer aponta para a sequência a ser amplificada e os primers flanqueiam a sequência-alvo, eles são alongados pela síntese da sequência entre eles; Vários ciclos da reacção resultam em amplificação exponencial da sequência-alvo; A amplificação de sequências específicas facilita a clonagem de genes para análise de mutações amplificam-se porções de um gene, usando primers que se sabe serem específicos para o gene normal; o gene mutante pode, depois, sequenciar-se ou analisar-se por A.S.O. Aplicável tanto a amostras de DNA como de RNA; Técnica rápida, pouco laboriosa e pouco dispendiosa; Extremamente sensível detecção e análise de sequências génicas específicas numa amostra, sem necessidade de clonagem ou de Southern ou Northern blotting; necessita de pequena quantidade de amostra pode efectuar-se numa única célula (tanto para diagnóstico pré-natal, por ex., como para análise forense). PCR III Outros métodos de análise molecular Análise de sequência de DNA Análise de proteínas Western blotting Detecção de proteínas específicas; Obtenção de informação sobre o tamanho e quantidade de proteína alterada, em extractos celulares de pacientes com doenças genéticas; Isolam-se proteínas de um extracto celular, separam-se em gel de poliacrilamida e transferem-se para uma membrana; esta é incubada com anticorpos específicos para a proteína e, depois, com anticorpos marcados. Polimorfismos genéticos Diferentes versões de uma dada sequência de DNA numa dada localização cromossómica, com uma frequência superior a 1% na população geral Tipos: S.N.P. – polimorfismos mononucleotídicos; R.F.L.P. - polimorfismos de tamanho de fragmentos de restrição minissatélites – resultam da inserção ou delecção de DNA entre dois sítios de restrição; Ex: V.N.T.R. – número variável de repetições em tandem. microssatélites – sequências de DNA que consistem em unidades repetidas de dois, três ou quatro nucleótidos. Polimorfismos genéticos - II Diferenças: Frequências alélicas; Localização no gene; Impacto na expressão génica; Estrutura proteica resultante; Consequências patológicas. Aplicações distinguir entre formas herdadas de um gene ou entre diferentes segmentos do genoma; mapear um gene numa dada região cromossómica; Diagnóstico pré-natal de doença genética; Detecção de portadores heterozigóticos de doença genética; Testes de paternidade; Análises forenses de vários tipos; Etc. Análise de RFLPs Análise de microssatélites Análise de minissatélites (DNA fingerprinting) Exercícios Na família que se segue, verificou-se uma doença metabólica de transmissão AR, cujo gene tem linkage com um polimorfismo de restrição de que existem dois alelos A e B. Baseando-se nos padrões de Southern blotting diga qual o genótipo e fenótipo dos quatro irmãos do rapaz afectado, incluindo a indicação dos alelos mutados e a sua proveniência. Observe os resultados da análise de investigação de paternidade, por pesquisa de VNTR, na seguinte família. Indique qual a relação de paternidade dos indivíduos II-1, II-2 e II-3 com o indivíduo I-1. I II 1 2 31 2 Na seguinte família, observa-se a transmissão de hemofilia B. Indique qual o tipo de transmissão em causa. Baseando-se na análise de um polimorfismo RFLP intragénico do factor IX (indicado por 1.3) indique, ainda, se o indivíduo II-3 será, ou não, afectado. 1 2 1 2 3 Na árvore genealógica seguinte, representa-se uma família com transmissão de doença poliquística renal do adulto, e estão indicados os genótipos dos indivíduos em relação a um polimorfismo de microssatélites localizado no cromossoma 16. Indique o tipo de transmissão em causa e qual o genótipo associado à doença.
Compartilhar