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AULA 4 - EDUCAÇÃO, CIDADANIA E DEMOCRACIA

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AULA 4: EDUCAÇÃO, CIDADANIA E DEMOCRACIA 
 
Tratar da relação entre Educação, Cidadania e Democracia é, ao mesmo tempo, 
um desafio teórico e político. 
 
 
 Teórico, por termos várias definições para cada uma delas, como também, da relação 
entre ambas. Portanto, nossa opção será a de oferecer uma compreensão crítica desta 
relação em sua materialidade e historicidade. 
 Político, por compreendermos que estamos diante de um mundo em que cada vez mais se 
ampliam controles racionais sobre a vida social – em suas dimensões públicas e privadas - 
como um todo, regida pelo discurso da democracia restrita, que é a perspectiva teórico-
ideológica expressa pelo pensamento liberal burguês. 
Nas aulas anteriores, tivemos o cuidado de conceituar a educação como sendo um fenômeno 
eminentemente humano e decorrente da relação que o homem estabelece, de forma intencional, 
através do trabalho com a natureza para produzir as condições materiais e não materiais de 
nossa existência. 
 
 
Sendo assim, estaremos, nesta aula, nos dedicando mais a temática da Democracia e da 
Cidadania e, ao final, faremos considerações da relação dessas com a educação. 
Para cumprirmos tal trajetória estaremos recorrendo às Ciências Políticas buscando as 
conceituações necessárias para compreendermos melhor a dimensão política e social da 
educação. 
 
 
Conceitos Fundamentais 
a) Estado 
Em geral, a organização jurídica coercitiva de determinada comunidade. O uso da palavra Estado 
deve-se a Maquiavel em sua obra „O Príncipe‟. Podem ser distinguidas três concepções 
fundamentais: 
 Concepção organicista - segundo a qual o Estado é independente dos indivíduos e anterior 
a eles. Tal concepção funda-se na analogia entre Estado e um organismo vivo. O Estado é 
um homem em grandes dimensões, suas partes ou membros não ser separados da 
totalidade. A totalidade precede, portanto, as partes (os indivíduos, ou grupos de 
indivíduos) de que resulta; a unidade, a dignidade e o caráter que possui não podem 
derivar de nenhuma de suas partes nem do seu conjunto. Esta concepção foi elaborada 
pelos gregos. 
 Concepção atomista ou contratualista - segundo a qual o Estado é uma criação dos 
indivíduos, ou seja, é obra humana: não tem dignidade e nem caracteres que não lhe 
tenham sido conferidos pelos indivíduos que o produziram. Foi essa a concepção dos 
estóicos, que consideravam o Estado como res populi. 
 Concepção formalista: segundo a qual o Estado é uma criação jurídica. O Estado é 
considerado em primeiro lugar, como comunidade, como um grupo social residente em 
determinado território e tem três elementos ou propriedades características: soberania ou 
poder preponderante ou supremo, povo e território. 
b) Formação do Estado Moderno ou Estado-Nação 
 A formação do Estado Moderno, Estado-Nação ou Estado Liberal Burguês aparece no 
vocabulário político em meados do século XIX (1830). De acordo com a periodização 
proposta pelo historiado inglês Eric Hobsbawm passou por três etapas, são elas: 
 Princípio de nacionalidade (1830-1880): vincula nação e território e o discurso da 
nacionalidade provém da economia política liberal burguesa. 
 Idéia Nacional (1880-1918): articulada à língua, à religião e à raça e seu discurso provém 
dos intelectuais pequeno-burgueses. 
 Questão Nacional (1918-1950-60): enfatiza a consciência nacional, defendida por um 
conjunto de lealdades políticas e seu discurso provém dos partidos políticos e do Estado. 
 
 
Decorre desses problemas a ideologia do nacionalismo, ou seja, a 
estratégia ideológica da burguesia foi desenvolver no cidadão do novo 
modelo de sociedade o sentimento de pertencimento à nação, ou seja, de 
uma religião cívica do patriotismo. Essa foi a tentativa de se criar uma 
unidade em uma sociedade dividida em classes sociais. 
 
c) Teses do Liberalismo Político e Liberalismo Econômico 
Tomemos por base a definição presente no Dicionário de Filosofia de Nicolas 
Abbagnano: 
“Liberalismo. Doutrina que tomou para si a defesa e a realização da liberdade no 
campo político. Nasceu e afirmou-se na Idade Moderna e pode ser dividida em duas fases: 1ª do 
século XVIII, caracterizada pelo individualismo; 2ª do séc. XIX, caracterizada pelo estatismo”. 
O pressuposto filosófico do liberalismo político centra-se na defesa de que os seres humanos 
têm, por natureza, direitos fundamentais e que cabe ao Estado respeitá-los. Em outras 
palavras, o liberalismo limita as funções do Estado e este teria os poderes públicos regulados por 
normas gerais subordinadas às leis. 
D) Democracia 
 
 
 
Vem do grego demo = povo e cracia = governo, ou seja, governo do 
povo. Portanto é um sistema em que os cidadãos de um país podem 
participar da vida política. Tal participação pode ocorrer através de 
eleições, plebiscitos e referendos. Além disso, é dado o direito a cada 
cidadão de ser expressarem livremente. 
Contudo, vale ressaltar que na Grécia Antiga a democracia era restrita 
por se constituir como privilégio de poucos, ou seja, era reservada 
apenas os que eram considerados cidadãos (os proprietários de terra 
que correspondiam a apenas 10% da população). 
Na sociedade moderna prevalece o modelo de democracia 
representativa em que os cidadãos elegem representantes, em 
intervalos regulares através das eleições, que votam os assuntos em 
seu favor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E) Cidadania 
 
 
 
O conceito de cidadania tem origem na Grécia Antiga, da noção de polis 
ou cidade-estado, sendo usado para designar os direitos relativos ao 
cidadão. Portanto, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava 
ativamente das decisões políticas. 
Por este conceito estar vinculado à noção de direitos, principalmente de 
direitos políticos, permitem aos cidadãos participarem direta ou 
indiretamente na formação do governo e na sua administração através 
do voto ou do concurso público. Contudo, o cidadão além de terem 
direitos tem deveres, uma vez que em uma coletividade seus direitos 
são garantidos mediante deveres dos demais componentes de uma 
estrutura social. 
 
 
 
 
Os ideais socialistas 
 
Os processos revolucionários burgueses nos séculos XVII, 
XVIII e XIX tiveram participação efetiva dos trabalhadores 
(servos, vassalos e camponeses) nos frontes de guerra, 
principalmente na Revolução Francesa que tinha como lema: 
liberdade, igualdade e fraternidade. 
Embora os ideais burgueses criticam severamente os 
privilégios do clero e da nobreza e pregavam que os benefícios da sociedade capitalista deveriam 
ser estender a todos, eles acabaram restringindo tais privilégios somente à burguesia capitalista. 
Diante de tal fato, o proletariado começa a se organizar e a reivindicar seus direitos. 
 
 
 
 
 
De acordo com o marxismo, os dois níveis de realidades existentes, que decorrem da 
relação do homem com a natureza e com os demais seres humanas se explicam através 
dos conceitos de infra - estrutura econômica e superestrutura econômica. 
 Infra - estrutura ou estrutura material da sociedade é a base econômica, isto é, as 
formas pelas quais são produzidas os bens materiais que atendam as necessidades 
do humanas. 
 Superestrutura corresponde a estrutura jurídico-política (Estado, direito etc.) e à 
estrutura ideológica (formas de consciência social). 
 De acordo com esta vertente, a educação se situa no campo da superestrutura 
econômica com a finalidade de garantir a objetificação das representações da burguesa no 
plano da consciência como correspondentes à realidade concreta. 
 A perspectiva do materialismo histórico e do materialismo dialético de Karl Marx e 
Friederich Engels é a base para o desenvolvimento das teorias críticas e progressistas no 
campo da educação.

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