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JORNADA DE TRABALHO E INTERVALOS

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JORNADA DE TRABALHO E INTERVALOS
Dentre os diversos ensinamentos universais de defesa do trabalho humano, “têm lugar de relevo os referentes à limitação do tempo de trabalho. Se as duas principais obrigações resultantes da relação de emprego são o trabalho prestado pelo empregado e o salário pago pelo empregador, torna-se evidente a importância do sistema jurídico que impõe limites à duração do trabalho, cujos fundamentos são: (a) de natureza biológica, porque elimina ou reduz os problemas psicofisiológicos oriundos da fadiga; (b) de caráter social, por ensejar a participação do trabalhador em atividades recreativas, culturais ou físicas, propiciar-lhe a aquisição de conhecimentos e ampliar-lhe a convivência com a família; (c) de ordem econômica, porquanto restringe o desemprego e aumenta a produtividade do trabalhador, mantendo-o efetivamente na população economicamente ativa”.
Existem três teorias acerca do tema jornada de trabalho. A primeira considera a jornada de trabalho como sinônimo de horas laboradas. A segunda, as horas laboradas acrescidas do tempo à disposição. E a terceira, além das horas trabalhadas e à disposição do empregador, abrange também o tempo gasto pelo empregado para ir e retornar ao local de trabalho (horas in itinere). 
Com a Reforma Trabalhista (Lei 13.467 e a MP 808), várias alterações ocorreram na legislação consolidada quanto à mensuração da jornada de trabalho. Pela nova redação do art. 58, § 2º, não há mais a mensuração da jornada pelo tempo de trajeto, visto que o tempo gasto pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer outro meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho por não ser tempo à disposição do empregador. Em face dessa alteração, o § 3º do art. 58 foi revogado. Portanto, a jurisprudência do TST deverá ser adaptada aos termos da nova legislação.
A DURAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO
A duração do trabalho normal não será superior a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, XIII, CF).
Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de 8 horas diárias ou 44 semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado (OJ 358, SDI-I, TST). No âmbito da Administração Pública (Direta, Autárquica e Fundacional), ante os precedentes do STF, não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida (OJ 358, II, SDI-I).
HORAS EXTRAS
As horas extras compreendem as que excedem a jornada normal do empregado. Jornada normal é a prevista na lei, no instrumento normativo ou no contrato de trabalho do empregado. Quando se excede a duração da jornada normal, o empregado tem direito à percepção da hora extra.
INTERVALOS
Pela duração diária, temos os intervalos: intrajornada e interjornada. Ante a jornada semanal, tem-se a concessão do repouso semanal remunerado. E, por fim, o labor anual implica o direito às férias remuneradas. Em linhas gerais, os intervalos possuem os seguintes objetivos: (a) recuperação das energias despendidas na jornada diária, como forma de evitar os problemas decorrentes da fadiga mental e física; (b) propiciar ao trabalhador o contato com os seus familiares e com a sua comunidade; (c) a manutenção da capacidade de produção do trabalhador.
O legislador da Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) fixou que normas relacionadas com a duração do trabalho e os intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, propiciando, assim, a possibilidade de negociação coletiva sobre tais temas (art. 611-B, parágrafo único).
INTERVALO INTRAJORNADA
Intervalo intrajornada é o descanso concedido dentro da própria jornada de trabalho. Dentro de cada jornada laboral, o ordenamento determina a concessão do intervalo para repouso ou alimentação. Esse repouso destina-se à recomposição física do trabalhador, por intermédio da alimentação, dentro da jornada diária de trabalho. Citados descansos deverão obedecer ao critério estabelecido no art. 71, CLT, ou seja, a duração do trabalho. Na jornada de trabalho com até 4 horas não existe obrigatoriedade para a concessão de intervalo, salvo disposição específica de lei ou norma coletiva de trabalho. Duração de trabalho superior a 4 horas e inferior a 6, o intervalo será de 15 minutos. Por fim, quando o trabalho for prestado por mais de 6 horas contínuas, o intervalo para refeição e descanso será de 1 hora, podendo estender-se até 2 horas.
Os intervalos não são considerados na somatória da jornada de trabalho (art. 71, § 3º, CLT). Como regra, o intervalo intrajornada é tido como suspensão do contrato de trabalho, pois há paralisação de serviços pelo obreiro, sem qualquer obrigatoriedade quanto ao pagamento dos salários.
Por fim, de acordo com o art. 611-A, III, CLT, a negociação coletiva (Reforma Trabalhista) também poderá reduzir a duração mínima do intervalo intrajornada, desde que se respeite o intervalo mínimo de 30 minutos, quando a jornada diária for superior a seis horas.
INTERVALO INTERJORNADA
O interjornada é o intervalo concedido entre duas jornadas diárias de trabalho. A sua concessão propicia o repouso físico e mental do trabalhador, como também um breve período de convívio com os seus familiares. Entre duas jornadas de trabalho, o intervalo é de 11 horas tanto para o empregado urbano (art. 66, CLT) como para o rural (art. 5º, Lei 5.889/73).
Mesmo após o descanso semanal remunerado de 24 horas, o intervalo de 11 horas haverá de ser cumprido. Assim, se a jornada de trabalho finda no sábado às 12h00, a nova jornada somente poderá iniciar após o descanso semanal acrescido do intervalo de 11 horas. Em outras palavras, a prestação do serviço somente poderá ocorrer após 35 horas.
DESCANSO SEMANAL REMUNERADO
Descanso semanal remunerado é o lapso temporal correspondente a 24 horas consecutivas, de preferência aos domingos e nos feriados, nos quais o empregado não é obrigado a comparecer ao serviço, uma vez por semana, recebendo a remuneração correspondente.

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