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PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR - PCC 2020.1 PCC História da Educação Revisitando a História da Educação e Projetando Perspectivas Futuras Curso: Letras – ING Disciplina: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (EEL0003) Nome: Jean Pierre Barakat Matrícula: 200.001.176.152 Fortaleza – CE 2020 1. Introdução Este trabalho apresenta uma breve trajetória da história da educação, com destaque nos períodos históricos mais relevantes para o desenvolvimento da Educação no Brasil e no mundo, visando salientar a importância da História para a Educação e suas contribuições na formação de modelos de sujeito e das Instituições de Ensino. 2. Desenvolvimento Panorâmica do mundo até a Idade Média Nos primórdios dos tempos, nas sociedades tribais, a educação era meramente um conjunto de conceitos e valores acumulados pelo chefe de família (o pai), e que era transmitido de pai para filho através das gerações. No entanto, houve um despertar civilizatório gradativo em várias partes do mundo no sentido de organizar e promover algo mais estruturado em termos de conhecimentos e construir um sujeito cidadão que poderia contribuir, com seus saberes para a sociedade e o mundo. Um exemplo dessa preocupação se deu na Antiga Grécia, em Atenas e Esparta, e a educação propriamente dita se sustentou em três pilares, a saber, o familiar, o intelectual e o social. Havia uma preocupação com o aprofundamento do estudo da relação corpo-espírito, complementado pelo debate intelectual de pressupostos e ideias, que resultou no surgimento da filosofia. Temas como vida, morte e trabalho começaram a ser debatidos abertamente e amplamente na sociedade. O modelo ateniense deu origem aos sofistas, que eram mestres da retórica e oratória, e seus alunos deviam ser capazes de construir argumentos vitoriosos na cena política. Houve também outro movimento de pensamento oposto, liderado pelo filósofo Sócrates, que propunha ensinar a pensar (e não a falar) através de perguntas cujas respostas atrelavam-se a uma análise lógica para além da retórica. No entanto, essas duas vertentes contribuíram para a educação contemporânea, valorizando a experiência e o conhecimento prévio do aluno. O modelo espartano, por outro lado, assentava-se na disciplina rígida e orientada à carreira militar, no autoritarismo, no estímulo da competitividade entre os alunos e na exigência extrema do desempenho. O uso da palavra, da retórica e da polêmica era valorizado em termos de democracia entre iguais. Na Roma Antiga, os jovens aprendiam pelo sistema familiar, e a família era responsável pela sua educação, de acordo com a tradição religiosa. Seu sistema de ensino era influenciado pelo sistema grego, e muitos dos tutores particulares eram escravos ou libertos gregos. Essa metodologia se estendeu em todo território do Império Romano e, assim, produziu a base para os sistemas de educação ocidentais posteriores. A Idade Média A Idade Média teve grande influência religiosa. A Igreja Católica havia monopolizado a cultura e o pensamento, especialmente como forma de manter seu jugo sobre as pessoas e perpetrar valores cristãos que pretendiam manter os sujeitos no caminho do serviço a Deus e retidão na conduta de sua vida particular e profissional, ressaltando a condição de salvação de sua alma. A Igreja estabelecia o que devia ser estudado, os conteúdos e os objetivos da educação, e as escolas eram, portanto, associadas às instituições religiosas católicas. No entanto, a religião não era o único tema abordado. Espaços foram concedidos para o estudo das ciências, técnicas e habilidades. A educação era ainda um assunto de famílias abastecidas e afluentes. A maioria da população não tinha acesso à instrução e era analfabeta, e uma forma de ter acesso a conhecimentos era o sacerdócio. No mundo islâmico, a instrução básica ocorria em centros formados dentro das mesquitas. Deveria ser ensinado a todos uma formação básica no idioma e alguns rudimentos de filosofia/religião islâmica. Os estudos avançados eram realizados em centros maiores conhecidos como “Casas de Cultura”, precursoras das universidades que surgiriam mais tarde. A Idade Moderna, passando pelo Brasil A Idade Moderna foi testemunha de eventos que mudariam radicalmente a trajetória da história da humanidade e afetariam a Educação, entre os quais, o surgimento da Imprensa, a ascensão da burguesia, a Reforma Protestante, o enfraquecimento do domínio da Igreja Católica, e a expansão do comércio e do capitalismo. O Renascimento foi um movimento cultural e urbano que mudou a qualidade da obra intelectual e ampliou a quantidade da produção cultural, dando um grande impulso à literatura e à filosofia, e estabeleceu alguns métodos na educação de crianças e jovens. Ressurgem os ideais atenienses nos discursos sobre os objetivos da educação. O conhecimento era um corpo sagrado, essa matriz de pensamento prevaleceu e foi grande propulsora da concepção do papel da educação desde o desaparecimento do Antigo Regime até a constituição dos Estados Nacionais: o conhecimento passa a ser organizado para ser transmitido pela escola, através da autoridade do professor enquanto sujeito detentor do saber e mantenedor da ordem e da disciplina. No século XVI acontece a Reforma Protestante por Martinho Lutero, propulsada pela invenção da Imprensa, que facilitou a disseminação do conhecimento e das ideias na Europa e no mundo. Lutero atacou a Igreja Católica, a qual começaria a perder força, tendo sua quase completa derrota com a chegada do Iluminismo no século XVIII, a chamada era da razão, que fomentou a ruptura da indissociabilidade da díade Estado-Igreja. Por outro lado, numa tentativa de resgatar os princípios da Igreja e acabar com a recente reposição de novos valores, reafirmar a hegemonia de fé e Educação, a Igreja propõe uma contrarreforma, a qual encontraria um terreno bastante fértil no Brasil, deixando uma herança inestimável até os dias de hoje. Os Jesuítas foram o carro-chefe dessa nova proposta da Igreja Católica, que criou a Companhia de Jesus. Relatamos brevemente a trajetória e influência dos jesuítas no Brasil e na educação. A proposta dos padres jesuítas para a divulgação do cristianismo era baseada no ensino da catequese. A princípio, a educação era orientada aos indígenas, mas a elite da época, como portugueses e holandeses, começou a ser contemplada. Eles atuaram em diversas partes do mundo e destacaram-se no Brasil colonial, tendo um importante papel educacional no Brasil, pois, além da catequese aos nativos, educavam os filhos dos colonos. Para que isso fosse possível, esses padres criaram colégios em diversas partes do Brasil, como aconteceu na cidade de Salvador e em São Paulo de Piratininga (atual cidade de São Paulo). Os padres foram responsáveis pela fundação de colégios, escolas, igrejas, capelas – onde os nativos e descendentes de portugueses recebiam instrução e formação. Em 200 anos de desenvolvimento pacífico, a Companhia de Jesus tornou-se a maior educadora e missionária do Brasil. No ano de 1750, a Província dos jesuítas no Brasil contava com 131 casas, sendo delas 17 colégios. Havia 55 missões entre os índios. Os jesuítas se tornaram cada vez mais autônomos em relação ao Estado e à própria Igreja Católica. Por esse motivo, a Coroa portuguesa passou a ver neles uma ameaça ao seu poderio. Os conflitos se intensificaram. Os jesuítas encontravam-se dessa forma isolados. Assim, no ano de 1759, centenas de jesuítas foram expulsos do Brasil pelo secretário de estado português, o Marques de Pombal. O que acabou desestruturando por completo a ordem dos jesuítas no Brasil, gerando grandes prejuízos para os aldeamentos indígenas, para a educação e o ensino na colônia.No século XVII emerge uma figura marco para o ensino, o filósofo tcheco Comênio, que foi o elemento propulsor da democratização e inclusão da Educação, na sua obra-prima “Didactica Magna”. No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, desde a teoria didática até as questões do cotidiano da sala de aula. Comênio acreditava que, por ser dotado de razão, o homem podia entender a si e a todas as coisas. Portanto, devia se dedicar a aprender e a ensinar. A prática escolar deveria imitar os processos da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades. Principalmente, a escola deveria ensinar “tudo a todos”, aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da Educação. Também no século XVII, emerge o Iluminismo, um movimento de valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo de conhecimento, bem como da valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento tanto da natureza quanto da sociedade, política ou economia, entre outros. O desejo dos iluministas era iluminar as trevas, pois consideravam que o pensamento religioso era equivocado e obscuro. Por isso, o século XVIII ficou conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo representou a racionalização da vida em sociedade e a ele é possível associar os ideais burgueses da Revolução Francesa, bem como da Revolução Industrial. Nessa perspectiva, a escola, no século XVIII, representou o século pedagógico por excelência. Panorâmica sinóptica do mundo a partir do século XVIII até os dias atuais O modelo de educação escolar centrado na figura do professor como detentor e transmissor do conhecimento se expandiu nos séculos XVIII e XIX, no embalo da Revolução Industrial, a consequente elevada urbanização, e crescimento demográfico. Além disso, o fortalecimento e expansão de regimes democráticos influenciou a reivindicação pelo acesso à escola enquanto direito do cidadão, e atribui-se à educação a tarefa de formar cidadãos, cientes de direitos e deveres e capazes de exercê-los perante a sociedade. Em meados do século XIX, o modelo hierarquizado e autoritário de educação que caracterizou as instituições escolares até então passou a ser questionado por educadores como Maria Montessori, na Europa, e John Dewey, nos Estados Unidos, no esteio de estudos de psicologia que investigaram aprendizagem e desenvolvimento humano, reivindicando a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem, e resgatando, assim, princípios atenienses de educação, e valorizando a experiência anterior do aluno e seus conhecimentos prévios à aprendizagem escolar. Brasil, dos anos 1800 até os dias atuais A invasão de Portugal pelas tropas francesas de Napoleão trouxe a Corte de Portugal para o Brasil, em 1808. Isso ensejou novos rumos para o Brasil, os quais influenciaram também a educação. De início, a criação da Imprensa Régia, que permitiu a circulação de ideias, e de uma biblioteca com um acervo de mais 60.000 volumes, futuramente Biblioteca Nacional, além da Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal impresso do Brasil. São estabelecidas escolas de ensino superior na Bahia e no Rio de Janeiro, com o objetivo de atender às necessidades de instrução dos filhos da nobreza e da aristocracia brasileira. Até então, uma colônia não poderia ter cursos de educação superior. A criação dessas escolas foi um dos marcos do processo de desenvolvimento de uma identidade própria do Brasil. Esse processo se estendeu até 1810. Em 1827, propõe-se a adoção do método Lancaster nas escolas primárias, sendo o primeiro método oficial de ensino implementado no Brasil, que marca o início da descolonização e da instituição do Estado nacional. Nesse ano, criam-se dois cursos jurídicos, em São Paulo e no Recife. Além disso, alguns cursos superiores são transformados em faculdades isoladas. Em 1834, o Ato Adicional definiu que o Ensino Elementar, o secundário e a formação de professores seriam responsabilidade das províncias. O Ensino Superior ficaria a cargo do poder central, assim oficializando a descentralização do ensino. Em 1835, é fundada a primeira escola normal do país em Niterói, Rio de Janeiro. Em 1837, o colégio Pedro II passou a ser o estabelecimento-modelo do estudo secundário. Uma etapa importante ocorre em 1850, com a uniformização do ensino em todo o país. Essa ação reformadora afetou as Faculdades de Medicina e os cursos jurídicos que passaram a se denominar Faculdades de Direito. O Regulamento de Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, entre outras importantes providências, criou a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, órgão ligado ao Ministério do Império e destinado a fiscalizar e orientar o ensino público e particular dos níveis primário e médio, estruturando em dois níveis (o elementar e o superior) a Instrução Primária gratuita. Em 1854, o Regulamento da Instrução Primária e Secundária no Município da Corte (lei 1331A, de 17 de fevereiro de 1854) estabelece a obrigatoriedade do ensino primário. Vale ressaltar que esse regulamento não incluía a população escrava no seu projeto de instrução pública. Ou seja, a ideia era escolarizar a população livre. Em 1882, pelos pareceres de Rui Barbosa ao Parlamento, implantou-se o ensino primário obrigatório dos sete aos quatorze anos, gratuito e laico, substituindo a escola de primeiras letras pela Escola Primária moderna, tendo entre seus componentes um ensino enciclopédico que visasse o progresso do Brasil. A Escola Primária passou a ter oito anos de duração, sendo dividida em três graus: o elementar e o médio, cada um com dois anos, e o superior com quatro. A jornada da escola foi fixada em seis horas, sendo 4h30 para atividades de classe, se aí fossem incluídos os exercícios ginásticos. A Constituição de 1891 determinou a descentralização do ensino, cabendo à União legislar sobre o ensino superior na Capital Federal, delegando aos estados a responsabilidade de organizar todo o seu sistema escolar. Na primeira década do século XX, o mundo avançava para uma crise, e países que até então eram exclusivamente agrícolas passaram por movimentos de substituição de importações. Inauguraram-se fábricas têxteis, de transformação, o que engendrou o crescimento explosivo das cidades. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém e Manaus passaram a atrair pessoas, com a consequente exacerbação de seus problemas urbanos, sendo o maior deles, para a elite, a qualidade da mão de obra. Portanto, era mister educar o Brasil. Este período é marcado por duas grandes tendências pedagógicas: as vertentes oriundas do positivismo e as características marcantes do tecnicismo. Enquanto até 1930 a tradição positivista ajudou a organizar as bases da educação brasileira, a partir da Era Vargas (1930-1945) e até 1964, consolida-se um sistema educacional organizado através de Manifestos, Leis e, inclusive, a LDB (Diretrizes de Base da Educação, de 1961) que marcaram profundamente a tradição escolar brasileira e que, de algum modo, permanecem ainda hoje em nosso ideário educacional. As décadas seguintes foram palco de vários esforços reformistas e legislativos para significar a democratização, aperfeiçoar e reafirmar a educação para a nação como um todo, não sem períodos de grande provação popular em decorrência de regimes militares que truncaram, de certo modo, o esforço coletivo em prol do Ensino. Uma figura importante na educaçãocontemporânea foi Paulo Freire (1921-1997), que revolucionou o modo de ensinar, ao alfabetizar, em apenas 45 dias, 300 cortadores de cana adultos pelo seu sistema de adotar o vocabulário e conhecimentos dos alunos, dispensando cartilhas. 3. CONCLUSÃO O presente trabalho sobre os principais fenômenos observados na história e na educação pelo mundo e o Brasil apresentou um breve relato sobre os principais sistemas educacionais que impactaram sobremaneira a evolução da transmissão de saberes, e incendiaram as tentativas de popularização e democratização do conhecimento na história da humanidade. Apresentou os cenários que quebraram sucessivamente o privilégio do acesso aos saberes do mundo, edificando sistemas mais igualitários e socialmente construtivos. Demonstrou a vontade popular de ser cada vez mais partícipe do processo de sua vida e história e determinar o seu futuro de forma colaborativa. A História e a Educação sempre trilharam e trilharão juntas para proporcionar igualdade, fraternidade e liberdade entre pessoas e às nações, além de quebrar os paradigmas e as prisões que cerceiam as avenidas do saber e dos conhecimentos. Nossos governantes devem se sensibilizar mais pela educação de crianças, jovens e adultos, criando incentivos e oportunidades reais para o bom aprendizado de cada sujeito e oferecendo mais qualidade de ensino para a população. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES, Luís Alberto Marques. História da Educação. Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2012. 2. CAMBI, F. História da pedagogia, São Paulo: Martins Fontes. 1996. 3. Comênio, o pai da didática moderna. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai- didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio . Acesso em 21/05/2020 4. FILHO, J. C. P. A Educação através dos tempos. São Paulo: UNESP (Univesp), 2010. Coleção História da Educação. 5. Iluminismo. Disponível em: Fonte: https://www.mundovestibular.com.br/estudos/historia/iluminismo 6. MARÇAL RIBEIRO, P. R. Educação Escolar no Brasil: Problemas, Reflexões e Propostas. Coleção Textos, Vol. 4. Araraquara, UNESP, 1990. 7. MOSER, Giancarlo. História da educação. Indaial: Asselvi, 2008. 8. Paulo Freire ontem, hoje e amanhã. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/4939/paulo-freire-ontem-hoje-e-amanha . Acesso em 21/05/2020. 9. Conteúdo de História da Educação disponibilizado pela Estácio de Sá. https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio https://www.mundovestibular.com.br/estudos/historia/iluminismo https://novaescola.org.br/conteudo/4939/paulo-freire-ontem-hoje-e-amanha
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