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DIDATICA DO ENSINO SUPERIOR

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DIDÁTICA DO 
ENSINO SUPERIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
MÓDULO 1- Conceito de Didática 
 
1.1 Histórico da Didática: Jan Amos Komensky ou Comenius (1592-
1670) 
1.2 O Histórico da Didática e seu caráter pedagógico 
1.3 As Fases Naturalista-Essencialista, Psicológica e Experimental 
 
 
MÓDULO 2 - Teorias e Correntes Pedagógicas: Abordagens do 
processo ensino-aprendizagem 
 
2.1 Perspectivas de José Carlos Libâneo e Juan Bordenave 
2.2 Perspectivas de Demerval Saviani 
2.3 Perspectivas de Maria Mizukami 
 
MÓDULO 3 - Natureza e Conteúdos da Didática 
 
3. 1 Didática, Metodologias Específicas das Disciplinas e Prática de 
Ensino 
 
 
 
 
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MÓDULO 4 – O Trabalho Docente 
4.1 O Ensino para o Desenvolvimento Humano 
4.2 As Políticas Atuais para a Formação dos Profissionais da 
Educação 
 
 
MÓDULO 5 –Didática, Organização e Gestão escolar 
 
5.1 A Dimensão Pedagógica: Questões Didáticas 
5.2 A Prática Pedagógica 
5.3 Didática e Ética 
 
MÓDULO 6 – Formação pedagógica e a construção de um novo 
perfil para docentes 
 
6.1 Planejamento e Conteúdo 
6.2 Educação e Ensino na Contemporaneidade 
 
 
 
 
 
 
 
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 MÓDULO 1 - Conceito de Didática 
 
 
Carlos Eduardo Damian Leite 
Disciplina: Didática do Ensino Superior 
Módulo 1 – Conceito de Didática 
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 1 – Conceito de Didática. 
1.Didática 2. Educação 3. Ensino Aprendizagem. 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
Neste primeiro módulo da disciplina “Didática do Ensino Superior”, serão 
elucidadas a origem e fundamentação da Didática, as tendências e práticas 
condizentes com esta área, os enfoques positivista, tecnicista e construtivista, 
assim como as técnicas didáticas em função da aprendizagem. 
 
Iniciaremos então nossa trajetória de estudos! 
 
Bons Estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1.1 Origem e Fundamentação da Didática 
 
Entre os séculos XVI e XVII, a produção feudal da Idade Média era aos 
poucos superada por uma nova e poderosa classe socioeconômica, que 
impulsionou e modificou os meios de produção, em função de um sistema 
baseado na cooperação, precursor do denominado trabalho em série do século 
XX, apresentado por meio de atos coletivos. 
As técnicas, artes e estudos permitiram ao homem um maior domínio 
sobre a natureza, bem como uma desconfiança em torno de tudo o que havia 
sido feito até então. Tais questionamentos fizeram surgir métodos de 
investigação nas mais variadas ciências, tais como Matemática, Astronomia, 
Geografia, Medicina, Ciências Físicas e Biologia. 
Francis Bacon (1561-1626) é considerado o fundador do método 
científico moderno. O filósofo ofereceu às ciências um ordenamento 
diferenciado e inovador, por meio do método indutivo de investigação (oposto 
ao método dedutivo de Aristóteles), propondo a distinção entre fé e razão, para 
que a sociedade pudesse evitar preconceitos que distorcem, a partir da 
religião, a compreensão efetiva da realidade. 
Os princípios de Bacon foram reforçados por René Descartes (1596-
1650), que escreveu, em 1637, o “Discurso do Método”, no qual apresentava 
as etapas necessárias ao estudo e à pesquisa, criticando o ensino humanista e 
propondo o modelo de ciência perfeita como sendo a Matemática. 
Com relação à Filosofia, Descartes realizou uma pontuação dualista, ou 
seja, resumiu sua essência a uma relação entre o pensamento e o ser, com 
base 
 
 
 
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na crença total da razão humana. Propôs então um método novo, científico, por 
meio do qual se poderia obter o conhecimento relativo ao mundo, substituindo-
se a fé pela ciência de modo definitivo. 
Assim, surge a máxima de Descartes: “penso, logo existo”, expressão 
que simboliza a tendência deste pensador em trabalhar com ideias voltadas 
para a razão como pressuposto para a existência humana. Torna-se, desde 
então, o pai do racionalismo, apresentando os quatro grandes princípios do 
método científico: 
 
1) Jamais acolher alguma coisa como verdadeira se não a conhecesse 
evidentemente como tal, evitando-se a precipitação e a prevenção a 
incluir uma verdade em juízo que não pudesse ser questionada; 
 
2) Dividir cada uma das dificuldades em um número de parcelas 
necessárias para sua melhor resolução; 
 
3) Conduzir os pensamentos ordenadamente, com início pelos objetos 
mais simples e fáceis de compreender, subindo gradativamente aos 
conhecimentos mais complexos; 
 
4) Fazer a todo momento enumerações completas e revisões gerais de 
conteúdos, de forma que nada seja omitido. 
 
 
 
 
 
 
 
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O pensar é realmente uma premissa à existência do ser 
humano? 
 
Vinte anos após a publicação da obra de René Descartes, Johannes 
Amos Comenius (1592-1670) elaborou um método com fins pedagógicos, 
publicado na “Didática Magna” (1657), a fim de que se pudesse preparar o ser 
humano para ensinar com rapidez, economia de tempo e energia. 
A ideia principal de Comenius era a de que, ao invés de se ensinar com 
palavras, tidas por ele como “sombras das coisas”, a escola deveria se esforçar 
pelo prevalecimento do ensino voltado ao conhecimento das coisas. Desta 
forma, pode-se considerar que o pensamento pedagógico moderno era 
pautado pelo realismo. 
A pedagogia realista, por sua vez, veio de encontro ao formalismo 
humanista, apontando que o domínio do mundo exterior era superior ao 
domínio do mundo interior, destacando-se assim a premissa de que as coisas 
eram supremas diante das palavras. 
Foi desenvolvida a paixão pelo mundo natural, a partir das ideias de 
Francis Bacon, como também a predileção pelo mundo da razão, com base 
nas considerações de René Descartes. Nesse sentido, a tendência da 
educação foi tornar-se essencialmente científica, com um direcionamento do 
conhecimento como válido apenas se preparava o indivíduo para a vida. 
A ascensão das ciências naturais logo despertou o interesse humano 
pelos estudos científicos e o abandono progressivo do estudo de autores 
considerados até então como clássicos e das línguas grega e latina. A moral e 
a política deveriam também ser modeladas pelas ciências da natureza. 
 
 
 
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A educação não era mais analisada enquanto meio de aperfeiçoamento 
do ser humano, mas tanto o desenvolvimento educacional quanto o científico 
possuíam um fim em si mesmos. O saber foi tido como poder, principalmente 
de domínio sobre a natureza. Segundo Bacon, “saber é poder”, sendo este o 
filósofo que dividiu as ciências em: ciência da memória (histórica), ciência da 
imaginação (poética) e ciência da razão (filosófica). 
Johannes Amos Comenius é ainda hoje considerado o grande educador 
e pedagogo moderno, sendo um dos maiores reformadores de seu contexto 
histórico e sociocultural. Foi pioneiro ao propor um sistema articulado de 
ensino, reconhecendo o direito reservado a todos os homens com relação à 
aquisição do saber. 
Para Comenius, a educação deveria ser um elemento permanente na 
existência humana, ocorrendo ao longo de sua existência. Isto porque, 
segundo o próprio, a educação do homem nunca termina. Sua formação é tão 
duradoura quanto a sua própria vida. 
A proposta de Comenius para a organização do sistema educacionalera 
de 24 anos, correspondendo a quatro tipos de escolas: a escola materna (0 a 6 
anos); escola elementar ou vernácula (6 aos 12 anos); a escola latina ou 
ginásio (12 a 18 anos) e a academia ou universidade (18 a 24 anos). 
Era ainda proposto que em cada família deveria existir uma escola 
materna, em cada município ou aldeia uma escola primária, em cada cidade 
um ginásio e em cada capital, uma universidade. O ensino seria unificado, 
ficando a escola materna responsável pelo cultivo dos sentidos e do saber 
falar; a escola primária desenvolveria a língua materna, a leitura e a escrita; o 
ginásio desenvolveria o estudo das ciências e a universidade, trabalhos 
práticos e viagens. 
 
 
 
 
 
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Seriam válidas as propostas de Comênio para a Pedagogia 
atual? 
 
 
 
 Síntese 
 
As técnicas, artes e estudos permitiram ao homem um 
maior domínio sobre a natureza, bem como uma 
desconfiança em torno de tudo o que havia sido feito até 
então. Bacon é considerado o fundador do método 
científico moderno, por meio do método indutivo de 
investigação, propondo a distinção entre fé e razão. 
Descartes realizou uma pontuação dualista, ou seja, 
resumiu sua essência a uma relação entre o pensamento e 
o ser, com base na crença total da razão humana. 
Comenius, autor da “Didática Magna”, foi pioneiro ao 
propor um sistema articulado de ensino, reconhecendo o 
direito reservado a todos os homens com relação à 
aquisição do saber, ao longo de 24 anos, por meio das 
escolas materna, elementar, latina e a academia. 
 
 
 
 
 
 
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 1.2 Tendências e Práticas Didáticas 
A tendência de pensamento positivista na Pedagogia foi uma 
consolidação da concepção de educação por parte da burguesia. Desde o final 
do século XVIII, houve um antagonismo por parte do movimento socialista e 
popular, de um lado e do movimento elitista burguês, do outro. No século XIX, 
essas tendências são renomeadas de, respectivamente, marxismo e 
positivismo, representadas por Karl Marx (1818-1883) e Auguste Comte (1798-
1857). 
A obra de Comte que trouxe à tona os preceitos do Positivismo (também 
chamado de Teoria Positiva) foi “Curso de Filosofia Positiva”, publicado entre 
1830 e 1842, em seis volumes. Na primeira parte de sua vida se esforçou por 
transformar a ciência em filosofia, para então transformar a filosofia em religião. 
Para Comte, a verdadeira ciência seria capaz de oferecer uma visão 
analítica de todos os fenômenos, inclusive os de natureza humana, a fim de 
que pudessem ser considerados fatos. As ciências da natureza e as ciências 
humanas deveriam se afastar de qualquer preconceito ou pressuposto 
ideológico, sendo neutras a ponto de se tornarem positivas. 
O Positivismo, portanto, representava uma doutrina que consolidaria a 
ordem pública, desenvolvendo nas pessoas uma sábia resignação ao seu 
status quo – situação em que se encontram no contexto em que se inserem, no 
momento atual de análise. 
Tal tendência ganha força com o desenvolvimento da “sociologia da 
educação”, na qual o Positivismo negava a especificidade metodológica das 
ciências sociais em relação às naturais, de forma que fossem identificadas e 
categorizadas – por exemplo, a pedagogia seria uma teoria de “prática social”. 
 
 
 
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O cenário educacional nacional apresenta uma educação constituída por 
tendências liberais, sendo em momentos distintos conservadora e renovada, 
onde as tendências manifestam se nas práticas escolares e na pedagogia de 
muitos profissionais docentes, embora sem que os mesmos percebam tal 
influência. 
Em tal pedagogia, a escola tem o papel de preparar os indivíduos para a 
vida em sociedade, considerando as habilidades individuais de cada um, onde 
os indivíduos precisam aprender e adaptar-se à sociedade de classes, 
desenvolvendo sua própria cultura, sendo a mesma um processo de 
reprodução de saberes. 
Com foco específico voltado à Teoria Tecnicista, que consiste em 
subordinar a educação às necessidades sociais, tendo como função principal 
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-obra para indústrias. Sabe-
se que a sociedade industrial e tecnológica possui metas econômicas, sociais e 
políticas, onde então a educação treina os alunos para que os mesmos possam 
cooperar com tais metas, onde a escola funciona como uma modeladora para o 
comportamento humano onde as relações entre professor e aluno são objetivas 
para a construção do processo de ensino aprendizagem e os conteúdos são 
técnicos de acordo com a necessidade de cada curso. 
Nesse sentido os conteúdos trabalhados são apenas técnicas que 
possam gerar mão de obra qualificada, desconsiderando inúmeros fatores, 
sendo a tecnologia o alvo de tal teoria, garantindo com tais processos de 
ensino aprendizagem um bom funcionamento da sociedade tendo a educação 
como recurso tecnológico, dando um enfoque sistêmico. 
Por sua vez, pode ser considerada a Teoria Construtivista, oriunda da 
Escola Nova, com base em preceitos desenvolvidos pelos teóricos da 
educação, em função de métodos que atendessem às exigências da sociedade 
contemporânea, motivados pelo processo de ensino aprendizagem 
significativo. 
 
 
 
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Pode ser citado o exemplo da médica italiana Maria Montessori (1870-
1952), que direcionou os métodos empregados na recuperação de crianças 
com necessidades especiais para com os alunos tidos como normais. 
Desenvolveu uma enorme quantidade de materiais pedagógicos e jogos, que 
ficavam à disposição na Casa dei Bambini. 
A ideia central do método de Montessori era a construção de um 
ambiente escolar com objetos pequenos, para estimular o pleno domínio da 
criança sobre os mesmos. Por meio dos sentidos, as crianças eram induzidas a 
explorar cores, formas, texturas e espaços, em técnicas como a “lição do 
silêncio” (domínio da fala) e a “lição da obscuridade” (educação das 
percepções auditivas). 
Também pode ser considerado na Teoria Construtivista a participação 
relevante de Jean Piaget (1896-1980), investigou a natureza do 
desenvolvimento da inteligência na criança. Destacou ainda a importância de 
uma “pedagogia experimental”, a fim de que fossem respeitadas as etapas 
específicas do desenvolvimento da criança. 
Para Piaget, o objetivo maior da educação não deve ser repetir ou 
conservar verdades acabadas, mas aprender por si próprio a conquista do 
verdadeiro. A escola deve então ser ambiente de apropriação do saber, sendo 
ela democrática e parte integrante dos processos sociais. A educação deve ser 
mediadora, preparando o aluno para a socialização, enquanto ser atuante. 
Os conteúdos trabalhados são universais, considerando a realidade dos 
alunos, destacando os saberes culturais, utilizando-se de métodos que 
compreendam a ação e compreensão, a ação e síntese, unindo teoria e 
prática, onde o professor participa como coautor dos processos de ensino-
aprendizagem, para que ocorra de forma significativa. 
 
 
 
 
 
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A Teoria Positiva reflete a concepção de Auguste 
Comte, para quem a verdadeira ciência seria capaz 
de oferecer uma visão analítica de todos os 
fenômenos, inclusive os de natureza humana, a fim 
de que pudessem ser considerados fatos. A Teoria 
Tecnicista consiste em subordinar a educação às 
necessidades sociais, tendo como função principal 
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-
obra para indústrias. Já a Teoria Construtivista, 
oriunda da Escola Nova, apresentava como base os 
preceitos desenvolvidos pelos teóricos da educação, 
em função de métodos que atendessem às 
exigências da sociedade contemporânea, motivados 
pelo processode ensino aprendizagem significativo. 
 
 1.3 Enfoques da Didática 
Pode-se definir a instituição escolar, segundo Paro (2000), enquanto 
âmbito sociocultural que desenvolve conteúdos com base em valores e 
realizações da sociedade em que está inserida. A função do professor volta-se 
à atenção para com estas questões, a fim de que se promova, em sala de aula, 
o aprendizado e a utilização de recursos que remetam o aluno ao seu 
cotidiano. Este processo constitui a verdadeira “práxis” educacional (união 
entre teoria e prática). 
 
 
 
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A educação vem passando por um processo lento e gradativo de 
transformação, tentando construir uma identidade, definir seu papel perante a 
sociedade moderna e se preparar para atender os alunos do século XXI. As 
contribuições da comunidade, especificamente aquelas que vêm da relação 
que a escola estabelece com os familiares de seus alunos, são passíveis de 
análise, à medida que se constata a importância e o uso das expectativas 
deste público como norteadoras das ações educacionais. 
A dificuldade, entretanto, da efetiva construção dessa relação, de uma 
maneira que proporcione condições de igualdade na relação das duas 
instituições, isto é, estabelecendo-se uma parceria, onde a participação dos 
pais seja real – diferente daquela participação onde enviam uma contribuição 
mensal, colaboram comprando rifas, ou vêm à escola para ouvirem a 
professora contar das inúmeras dificuldades dos filhos. Tais afirmações são 
presentes quando se analisa o paralelismo entre as duas instituições, rompidos 
por raros e frágeis pontos de intersecção. 
Considerando-se a necessidade primordial que a família possui como 
base psicológica e sociocultural, faz-se fundamental a ação de colocá-la como 
face agente da instituição de ensino. Para que as realizações pedagógicas 
sejam efetivadas pelo que é transmitido no lar, em meio aos pais, irmãos e 
familiares, cuja contribuição é, de fato, valiosíssima para que seja trabalhada a 
autoestima e a possibilidade de o aluno ser incluído de modo efetivo na 
interação com os colegas e nas ações escolares. 
Neste sentido surge uma acomodação, já que a instituição segue as 
realizações que lhe são tradicionais, sem buscar a participação familiar efetiva, 
com isso deixando de lado a integração que se faz necessária, no sentido de 
aproximar a comunidade do âmbito educacional: “Parece haver, por um lado, 
uma incapacidade de compreensão por parte dos pais (...); por outro lado, uma 
falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação” 
(PARO, 2000, p. 68). 
 
 
 
 
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Assim, deve ser considerada a atuação dos professores, 
complementada pelo apoio da gestão escolar, para que a devida interação com 
as famílias possa ser promovida, em torno do bem comum que vem a ser o 
aprendizado realizado de maneira eficaz, com conteúdos relacionados à prática 
exigida pela vida cotidiana do educando. 
No ambiente escolar, as realizações pertinentes às dimensões 
pedagógica, política e administrativo-financeira se desenvolvem por meio de 
processos interligados. O currículo muitas vezes prioriza teorias que não vem 
ao encontro de competências que um cidadão precisa hoje para agir em 
sociedade – dentre elas, a interação social, garantida pela escola quando esta 
se propõe a ser um espaço de integração entre alunos, familiares e a 
comunidade em geral. 
 
 
Como tornar efetiva a participação dos públicos escolares no 
processo de ensino aprendizagem? 
 
A gestão participativa propõe questões que vão ao encontro da desejada 
autonomia, de acordo com as concepções de Freire (2002), que apontava a 
educação como forma de aquisição de um olhar crítico diante da sociedade, 
das desigualdades. Desta forma, adquire o aluno autonomia o suficiente para 
verificar tais questões e, consequentemente, propor mudanças voltadas à 
construção igualitária das realizações socioculturais. 
Verifica-se também a tendência de que os professores atuem em prol de 
que a família complete a educação oferecida na escola, principalmente 
auxiliando as crianças nos deveres escolares, o que ele denomina como “uma 
continuidade de mão única”. Paralelamente a este procedimento, espera-se 
que os pais, embora cheguem a conceber a escola como “segunda família”, 
 
 
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possam perder “a timidez diante dos professores, o medo da reprovação dos 
filhos e a distância que sentem da cultura da escola (...)” (PARO, 2000, p. 33). 
Paro (2000) aponta ainda a existência de uma “duplicidade discursiva”, 
já que a família demonstra que possui preocupação e desejo de envolver-se 
com os assuntos escolares. Por outro lado, os discursos dos educadores 
demonstram o interesse na participação dos pais em situações que acontecem 
fora dos muros da escola, como o auxílio nas tarefas de casa. 
Contudo, verifica-se que os professores apresentam, constantemente, 
uma insegurança de que haja interferência em procedimentos como avaliação, 
definição de calendário e currículos escolares, sendo que é comum que o 
corpo docente acabe ofertando possibilidades de participações restritivas, ou 
exigindo um conhecimento que os pais não possuem, acabando por afastar a 
família. 
Segundo Paro (2000), pode-se afirmar que, além de problemas como 
professores mal formados e outros, a escola tem falhado, principalmente, 
“porque que não tem dado a devida importância ao que acontece fora e antes 
dela, com seus educandos” (p. 15). E como ponto de partida para a busca de 
uma solução para tal realidade, articula sua pesquisa, “(...) com a preocupação 
de estudar formas organizacionais mais adequadas de integração dos pais a 
propósitos escolares de melhoria de ensino (...)” (p. 17). 
Para tanto, é necessário ter a habilidade de integrar e motivar toda a 
equipe para garantir o êxito de tais processos. Isso significa que a liderança 
exercida pelo gestor irá influenciar na condução dos processos de trabalho e, 
consequentemente, nos resultados esperados para a escola na gestão 
democrática. 
 
 
 
 
 
 
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A função do professor no contexto atual volta-se à 
atenção para com as questões sociais e culturais, a fim 
de que se promova, em sala de aula, o aprendizado e a 
utilização de recursos que remetam o aluno ao seu 
cotidiano. Este processo constitui a verdadeira “práxis” 
educacional (união entre teoria e prática). A educação 
vem passando por um processo lento e gradativo de 
transformação, tentando construir uma identidade, 
definir seu papel perante a sociedade moderna e se 
preparar para atender os alunos do século XXI. Assim, 
deve ser considerada a atuação dos professores, 
complementada pelo apoio da gestão escolar, para que a 
devida interação com as famílias possa ser promovida, 
em torno do bem comum que vem a ser o aprendizado 
realizado de maneira eficaz, com conteúdos 
relacionados à prática exigida pela vida cotidiana do 
educando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 1.4 Técnicas Didáticas e a Aprendizagem 
 
Surgem para o profissional docente novos desafios, à medida que são 
reconhecidos novos espaços de aprendizagem. Deste modo, o processo de 
ensino aprendizagem se efetiva além dos muros escolares, gerando a 
ampliação deste processo educacional em um contexto multidisciplinar, bem 
como as possibilidades para pedagogos e profissionais da educação. 
A quebra de paradigmas se faz fundamental em meio aos pensamentos 
voltados para a inserção dos alunos em outros espaços educacionais, além da 
própria escola. Neste aspecto, o pedagogo e o profissional da educação são 
fundamentais para que tal rompimento ocorra, gerandoa construção de um 
novo modelo sociocultural. 
A partir da compreensão das relações humanas e profissionais, bem 
como os anseios da sociedade, a educação pode reformular conceitos postos 
como imutáveis, voltando o foco da educação para ações baseadas na 
reflexão, na crítica e na inovação. 
Os responsáveis por se organizar a educação de um modo 
multidisciplinar e em lugares públicos, além dos limites escolares, terão a 
ousadia de mudanças, bem como a iniciativa para encontrar espaços para 
saberes inéditos. Portanto, tal renovação de conceitos irá oportunizar espaços 
educativos em todos os lugares das cidades, nos quais diferentes pessoas se 
reunirão com o objetivo de gerarem novas realidades educacionais, a partir da 
qual surgirão cidadãos conscientes de seus deveres e potencialidades. 
 
 
 
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O ideal em torno de uma gestão democrático-participativa é o incentivo 
por parte do coordenador, não apenas para a realização de atividades, mas 
para que as ideias sejam desenvolvidas de um modo comum entre escola e 
família, para que as expectativas desta sejam atingidas pelo planejamento e 
execução das realizações escolares. Pais, familiares e alunos são parte da 
sociedade moderna, em meio aos avanços tecnológicos, onde as pessoas 
precisam muito mais do que apenas os saberes, que as escolas defendem e 
julgam como suficientes: precisam de maneiras diversificadas de participar 
ativamente do processo educacional como um todo. 
Do mesmo modo, os gestores dos sistemas de ensino encontram-se 
influenciados por fatores externos e internos: “os externos são fatores de 
ordem social, econômico-cultural, científica e tecnológica; os internos estão 
relacionados ao desenvolvimento do conhecimento sobre o processo 
educativo” (PARO, 2000, p. 46). 
De acordo com Saviani (1991, p. 21 apud GADOTTI, 2000, p. 148), a 
escola lida com uma realização muito mais complexa, voltada à “produção de 
ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e habilidades”. Isto é, o 
foco na instituição escolar tende a ser a produção de saber, por meio da 
análise crítica das informações disponíveis pelas tecnologias digitais, 
desenvolvendo-se deste modo um olhar discente atento à formação de ideias, 
opiniões e um indivíduo voltado ao desenvolvimento de competências e 
formação de atitudes. 
Na verdade, o ponto chave da gestão democrático-participativa é 
garantir que os interessados no desenvolvimento integral dos discentes 
possam acompanhar e participar, efetivamente, de toda e qualquer decisão ou 
acontecimento promovido pela instituição de ensino (FREIRE, 2002). 
O gestor auxilia a docência, segundo Saviani (1991, p. 21 apud 
GADOTTI, 2000, p. 151) à medida que entende o bom funcionamento da 
escola e tem clareza em relação às razões que a instituição que dirige possui 
como centrais, bem como os papéis do professor e do educando em meio ao 
trabalho educativo. 
 
 
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Se o foco da função de gestor deve ser a educação, logo ele deve estar 
“comprometido com a qualidade educativa, deve ser antes de tudo um 
educador; antes de ser um administrador ele é um educador”. 
Este pensamento aponta elementos que são indispensáveis aos centros 
educacionais, visto que ideias e atitudes que se baseiam na constante 
inovação, bem como na interferência construtiva daqueles que são, direta ou 
indiretamente beneficiados pelo processo de ensino-aprendizagem, garantindo-
se assim a renovação de valores em prol do desenvolvimento institucional e, 
principalmente, humano. 
No contexto contemporâneo de desenvolvimento, é relevante destacar o 
papel do pedagogo e demais profissionais da educação em meio às 
realizações do âmbito escolar. A atuação daqueles que lidam com a educação 
devdesenvolver um pensamento voltado para a possibilidade de se educar fora 
do ambiente educacional, fazendo com que seja efetiva a aprendizagem de 
conhecimentos, habilidades e atitudes. 
 
 
É possível que a educação seja efetivamente reconhecida 
como autêntica fora do ambiente escolar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Síntese 
 
 
A quebra de paradigmas se faz fundamental em meio aos 
pensamentos voltados para a inserção dos alunos em outros 
espaços educacionais, além da própria escola. Neste aspecto, 
o pedagogo e o profissional da educação são fundamentais 
para que tal rompimento ocorra, gerando a construção de um 
novo modelo sociocultural. Este pensamento aponta 
elementos que são indispensáveis aos centros educacionais, 
visto que ideias e atitudes que se baseiam na constante 
inovação, bem como na interferência construtiva daqueles 
que são, direta ou indiretamente beneficiados pelo processo 
de ensino-aprendizagem, garantindo-se assim a renovação de 
valores em prol do desenvolvimento institucional e, 
principalmente, humano. 
 
 Considerações Finais 
 
Finalizando o módulo 1, esperamos que você tenha compreendido a 
origem e fundamentação da Didática, as tendências e práticas condizentes 
com esta área, os enfoques positivista, tecnicista e construtivista, assim como 
as técnicas didáticas em função da aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
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 MÓDULO 2 - TEORIAS E CORRENTES PEDAGÓGICAS: 
ABORDAGENS DO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
 
Sofia Lara Todão Szenczi 
 
Disciplina: Didática do Ensino Superior 
Módulo 2 – Teorias e Correntes Pedagógicas: abordagens 
do processo ensino e aprendizagem 
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 2 – Teorias e Correntes 
Pedagógicas: abordagens do processo ensino e 
aprendizagem. 
1.Ideias Pedagógicas 2. Teorias e Correntes Pedagógicas 
3. Processo Ensino Aprendizagem. 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Conversa Inicial 
 
Neste segundo módulo, serão elucidadas as definições de Teorias e Correntes 
Pedagógicas, que nos dias atuais norteiam a prática e os processos de ensino 
aprendizagem. Onde teoria e prática são estudadas para que o profissional 
docente possa alcançar a “práxis” em sua atuação docente, considerando as 
particularidades de cada indivíduo e concluindo de modo satisfatório os 
objetivos contidos nos processos educacionais 
Iniciaremos então nossa trajetória de estudos! 
Bons Estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 2.1 O Início das Ideias Pedagógicas 
 
Descrever Conceitos ou Ideia Pedagógicas sem adentrar ao campo da 
Filosofia é algo que possamos considerar impossível, uma vez que toda a 
realidade conhecida ou desconhecida surgiu primeiramente no pensamento 
humano sendo que devemos salientar a essência humana para a criação do 
desenvolvimento histórico e sócio cultural da humanidade. 
A Filosofia consiste no processamento das ideias, onde o pensamento 
racional junta-se à reflexão das ações dos indivíduos, criando conceitos e 
ideias que influenciam diretamente na existência humana. 
Na Grécia Antiga, anteriormente ao pensamento reflexivo, tinham por 
fontes históricas: os escritos de Homero, a Ilíada e a Odisseia, organizando a 
sociedade em questão no sistema gentílico, que formava-se entre pessoas que 
tivessem ligações religiosas ou de nascimento. 
No século V a.C., período clássico da história grega, através dos sofistas 
iniciou-se a análise da sociedade, tendo como ponto de partida a reflexão 
antropológica tendo como base o homem e sua essência, englobando 
questões morais e políticas. 
Para Aranha e Martins (1993), legitimaram o ideal democrático e a 
participação efetiva do cidadão nas decisões da polis (centro das cidades-
estadosgregas). 
Contudo, o centro da Filosofia Grega e Ocidental centra-se em Sócrates 
(470-399 a.C.), sendo o mesmo pensador contemporâneo dos sofistas é a dele 
que são estabelecidos os períodos pré-socrático, socrático (ou clássico) e pós-
socrático. 
 
 
 
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Embora os sofistas tivessem suas reflexões tendo o indivíduo enquanto 
base os primeiros filósofos pré-socráticos, tinham como base de suas reflexões 
a natureza e seus fenômenos, buscando pelo princípio de todas as coisas, 
busca que chamaram de arché, enquanto os sofistas chamavam sua busca 
Arete, com base na virtude humana. 
Quando pensamos em Ideias Pedagógicas, logo fazemos conexões com 
a essência humana e suas habilidades e competências, nesse sentido quando 
buscamos compreender a ligação entre a Pedagogia e aos primórdios da 
Filosofia logo nos remetemos ao fato de que os sofistas eram grandes mestres 
da arte política, onde a retórica era tida como instrumento de tal processo, 
sendo a mesma uma das habilidades que mais destacam-se no processo de 
ensino aprendizagem, em que professor e aluno devem manter um constante 
diálogo para que tal processo se efetive. Ressaltando que os sofistas faziam 
criticas a Sócrates e Platão, devido ao fato dos mesmos demonstrarem 
extrema preocupação com o padrão formal de exposição das ideias. 
Em “A República”, Platão (428-347 a.C.), tendo como principal 
interlocutor se mestre Sócrates, desenvolveu suas ideias tendo a política como 
base, sendo que a valorização da reflexão filosófica o leva a conceber em sua 
obra o conceito de “sofocracia” (“governo da sabedoria”), como modelo 
satisfatório de política. 
Em contraponto Aristóteles (384-322 a.C.), que foi discípulo de Platão, 
nos trás um pensamento crítico a respeito da “sofocracia” de seu mestre como 
algo utópico, segundo o mesmo uma forma de autoritarismo exercido pelos 
sábios. Pensava que o poder não deveria estar concentrado em uma minoria 
da sociedade e sim com todos os indivíduos, buscando a satisfação dos 
mesmos com base na ética. 
 Ao analisar a importância de tais conceitos no contexto educacional, 
tendo como base a formação de cada indivíduo, conclui-se que as ideias de 
tais filósofos foram a base para a formação de conceitos políticos, a morais e a 
 
 
 
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éticos, considerados fundamentais para o convívio em sociedade em todos os 
tempos. 
Segundo Aranha e Martins (1993), a Filosofia Ocidental tem como 
principais fontes os pensadores da Grécia Antiga, destacando se três deles 
com as seguintes premissas: Sócrates –questionamento constante –, Platão –
dualidade entre o real e o metafísico - e por fim Aristóteles, com a lógica por 
guia do ato reflexivo. 
Aos pensarmos na premissa de Sócrates era “só sei que nada sei”, onde 
a partir dela eram realizados questionamentos constantes a indivíduos 
desconhecidos, para que os mesmos pudessem compreender que através de 
tais questionamentos é que poderiam alcançar determinadas explicações para 
que compreendessem a realidade. 
Pelas concepções de Platão, o real/físico e o metafísico são 
considerados através da reflexão, sendo que a matéria se sobrepõe ao espírito, 
onde o filósofo acreditava que a alma é aprisionada ao corpo, inclusive em sua 
potencialidade além da humanidade, desenvolvendo também ideias voltadas à 
concepção da ética, referindo-se a vícios e virtudes, estimulando o equilíbrio 
em ações voltadas ao convívio social, ligadas à conduta humana, 
individualmente ou de forma coletiva. 
Aristóteles por sua vez, nos trás o conceito do pensamento lógico, tendo 
o homem enquanto “animal social” e um modo de pensamento que 
posteriormente seria seguido pela Filosofia Moderna. 
Sua lógica resume-se ao silogismo, que consiste em ideias que se 
relacionam, segundo Aranha e Martins (1993): “Todo humano é mortal. 
Sócrates é humano. Logo, Sócrates é mortal”, sendo que tal lógica pode 
abranger temas mais complexos que podem trazer erros simplesmente pelo 
fato de usar a razão de modo abrangente. 
 
 
 
 
 
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Seria então a verdade pautada em ideias tendo ligação à 
essência humana? 
 
 Síntese 
 
As concepções dos filósofos gregos nos trazem a 
necessidade do questionamento e da reflexão nos 
processos de ensino aprendizagem, onde o despertar 
pelos saberes, surgem através da dúvida e da busca 
pela resolução das inquietações humanas. Sendo que 
tais concepções podem ser aplicadas à educação como 
base para que a realidade seja investigada e os 
indivíduos possam ter uma formação de saberes 
efetivos. 
 
A Filosofia Oriental possui também sua contribuição para a formação 
das ideias pedagógicas, considerando a contribuição do filósofo chinês 
Confúcio (gerador do Confucionismo), que em seus diálogos elucidou diversos 
fatores relacionados aos indivíduos e suas relações. 
Em sua obra era constante a busca pela ética, promovendo a igualdade 
e o compromisso social tendo, por exemplo, o político como espelho para a 
sociedade destacando que o governante deveria se responsabilizar pelo bem 
bem-estar do povo. 
 
 
 
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Na educação, Confúcio contribuiu com a ideia de que o comportamento 
ético deve ser fundamental na existência humana enquanto ser social, para 
que o mesmo possua consciência enquanto cidadão para com o público 
discente, considerando que os seres humanos se diferenciam dos demais 
seres vivos, devido aos aspectos culturais e o modo de interpretação do mundo 
em que a representação simbólica de tudo que os cercam é utilizada. 
A utilização da simbologia significa que os seres humanos possuem 
noção própria sobre seu entorno, sendo a respeito de objetos, fenômenos 
naturais, dentre outros e tais seres se expressam por meio de uma ação 
específica: a fala, fato esse que vimos anteriormente nesse módulo. 
A fala é um aspecto único e exclusivo da cultura dos seres humanos, 
sendo a linguagem a porta de entrada para que o indivíduo possa atribuir 
significados à tudo em sua volta e em conjunto com a imagem a ação de falar, 
dá espaço a característica mais importante nos processos de aprendizagem de 
tais seres: a imaginação. 
Podemos ao estudar os conceitos pedagógicos atrelados ao 
desenvolvimento humano compreender que tal espécie tem em sua essência o 
questionamento que se faz constante e variado, surgindo desde o inicio de 
nossa existência e tornando se mais constante junto ao desenvolvimento da 
fala e nesse processo são criadas explicações por meio da virtualização das 
ideias, em que os indivíduos constroem verdades e as expressam através da 
cultura oral. 
Para Campbell (2005), a cultura oral compreende a forma pela qual os 
conhecimentos são transmitidos através da fala, de geração para geração, 
sendo a forma pela qual, muitos registros históricos, filosóficos e culturais 
puderam ser mantidos até os dias atuais. Surgem, a partir dessa cultura, as 
mitologias, compreendendo formas fantásticas de explicação para os 
fenômenos naturais e as realizações humanas. 
 
 
 
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A Filosofia surgiu da análise do convívio entre os seres humanos, seja 
em sociedade ou em relação à natureza, buscando compreender quais valores 
poderiam contribuir para o bem comum, tais valores pautariam se na ética para 
que fossem assim determinados e propagados como valores positivos e 
relevantes. 
A palavra Ética provém do grego ethos = conduta, comportamento, 
sendo um conjunto de normas sociais que orientavam (e orientam) o homem 
em seu meio social a se portar de modo a não prejudicar a si mesmo e aos 
demais, no equilíbrio entre vícios e virtudes, de acordo com os preceitos 
platônicos ou ainda orientados, para a felicidadeindividual e coletiva, de acordo 
com a ética apontada por Aristóteles (ARISTÓTELES, 2006). 
A Filosofia deu espaço para que o pensamento racional acontecesse, 
onde a razão tivesse destaque sobre as explicações fantásticas, antes geradas 
pela imaginação, tidas então por meio da observação e realização de 
experiências para com acontecimentos da natureza e realizações do homem, 
trazendo então uma colaboração significativa para que o ser humano assimile 
suas concepções sobre os objetos, seres e fenômenos ao seu redor. 
Nesse sentido, podemos compreender que o pensamento racional e 
empírico se contrapôs a fantasia, tendo o questionamento pautado na razão 
como base para reflexões e a mesma guiasse os saberes para que, como 
ocorreu na época, a partir dos questionamentos filosóficos, diversos áreas de 
conhecimento surgissem. 
A Pedagogia seria, portanto, o modo de ensinar os conhecimentos 
gerados através dos questionamentos filosóficos, uma vez que a filosofia 
gerava saberes e a pedagogia consiste na ciência que nortearia os processos 
de ensino aprendizagem, buscando meios para que o profissional docente 
obtivesse sucesso ao transmitir conhecimento aos seus alunos, sendo esse 
então o surgimento das ideias pedagógicas com base em preceitos filosóficos. 
 
 
 
 
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É possível pensar em Ideais Pedagogias sem considerar os 
conceitos da Filosofia? 
 
 
 Síntese 
 
As premissas elucidadas até então, nos trazem indícios 
de que a Pedagogia surgiu após a Filosofia buscar, 
através de questionamentos, as respostas para saberes 
diversos através da reflexão pautada na essência 
humana e na razão, tendo assim meios para efetivar os 
processos de ensino aprendizagem. 
 
 2.2_ Teorias da Corrente Pedagógica Liberal e Progressista 
 
Como vimos anteriormente neste módulo, a Pedagogia surgiu dos 
conceitos filosóficos e podemos afirmar também que junto a Filosofia sempre 
existiu a necessidade humana de definir e nomear, sejam coisas, objetos ou 
até mesmo a maneira como tudo é feito. Com a Pedagogia e os métodos de 
ensino aprendizagem não foi diferente, houve desde seus primórdios a 
necessidade de definir as técnicas utilizadas em tais processos. 
 
 
 
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Você acredita ser relevante a necessidade humana de definir e 
nomear a tudo? 
 
Para Libâneo (1985), existem duas Correntes Pedagógicas a serem 
consideradas, sendo elas a Progressista e a Liberal. 
Compreende se a Corrente Pedagógica Liberal, como manifestação da 
sociedade capitalista. Sabe-se que a doutrina liberal surgiu para salientar a 
predominância da liberdade e dos interesses individuais, com base na 
propriedade privada dos meios de produção. 
No Brasil, a educação é constituída por tendências liberais, sendo em 
momentos distintos conservadora e renovada, onde as tendências manifestam 
se nas práticas escolares e na pedagogia de muitos profissionais docentes, 
embora sem que os mesmos percebam tal influência. 
Em tal pedagogia, a escola tem o papel de preparar os indivíduos para a 
vida em sociedade, considerando as habilidades individuais de cada um, onde 
os indivíduos precisam aprender e adaptar-se à sociedade de classes, 
desenvolvendo sua própria cultura, sendo a mesma um processo de 
reprodução de saberes. 
Dentro da Corrente Pedagógica Liberal, existem quatro teorias, sendo 
elas: a Tradicional, a Renovada Progressista, a Renovada Não Diretiva e a 
Tecnicista. 
A Teoria Pedagógica Tradicional consiste na preparação moral e 
intelectual para que o aluno seja preparado para ser inserido em sociedade, 
sendo seus conteúdos valores sociais e conhecimentos que são repassados 
aos alunos como verdade única e absoluta de maneira repetitiva e mecânica 
 
 
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para que o mesmo possa decorá-los uma vez que os métodos utilizados são 
expositivos e com modelos, onde o aluno tem o professor enquanto autoridade 
maior, tendo como representante de suas ideias o sociólogo Émile Durkheim. 
A Teoria Renovada Progressista compreende que a escola deve 
adequar o indivíduo ás necessidades do meio social, baseando seus conteúdos 
com foco nos processos mentais, tendo como método a prática, em que o 
aluno deve aprender fazendo, em tal processo o professor deve auxiliar o aluno 
em seu desenvolvimento espontâneo pelo estímulo, valorizando a 
autoeducação, tendo como representantes: Anísio Teixeira, Montessori, dentre 
outros. 
Compreende se por Teoria Renovada Não Diretiva, a pedagogia que 
pauta-se nas relações interpessoais, tendo a escola o papel de formar 
cidadãos com atitude, preocupando com a saúde psicológica dos alunos, 
dando ênfase aos conteúdos ligados à comunicação onde a transmissão de 
conteúdos é vista de modo secundário, buscando incentivar os alunos na 
busca de conhecimentos, deixando de lado métodos prontos para desenvolver 
meios para que os alunos possam concluir os processos de ensino 
aprendizagem onde a educação tenha o aluno como centro e o professor 
possa cooperar com tais processos, tendo como idealizador Carl Rogers. 
Ainda na Corrente Liberal, temos a Teoria Tecnicista, que consiste em 
subordinar a educação às necessidades sociais, tendo como função principal 
preparar de "recursos humanos", ou seja, mão-de-obra para indústrias. Sabe-
se que a sociedade industrial e tecnológica possui metas econômicas, sociais e 
políticas, onde então a educação treina os alunos para que os mesmos possam 
cooperar com tais metas, onde a escola funciona como uma modeladora para o 
comportamento humano onde as relações entre professor e aluno são objetivas 
para a construção do processo de ensino aprendizagem e os conteúdos são 
técnicos de acordo com a necessidade de cada curso. 
 
 
 
 
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Nesse sentido os conteúdos trabalhados são apenas técnicas que 
possam gerar mão de obra qualificada, desconsiderando inúmeros fatores, 
sendo a tecnologia o alvo de tal teoria, garantindo com tais processos de 
ensino aprendizagem um bom funcionamento da sociedade tendo a educação 
como recurso tecnológico, dando um enfoque sistêmico. 
 Síntese 
 
A Corrente Liberal, na maioria de suas teorias busca 
uma educação que sirva para organizar os indivíduos 
de acordo com as necessidades da sociedade em que 
os mesmos serão inseridos, uma vez que acabam por 
moldá-los, sendo através dos conteúdos trabalhados 
ou da delimitação de suas ações, sempre 
influenciando de algum modo sua maneira de lidar 
com a realidade, deixando de lado a essência humana 
e dando ênfase à inserção social dos mesmos. 
 
Em contraponto à Corrente Liberal, existe a Corrente Progressista, que 
possui uma perspectiva transformadora, realizando análises críticas e coletivas 
das realidades sociais e tendo por finalidade: “ideais sociopolíticos”, embora 
seus defensores não concordem com sua institucionalização em uma 
sociedade capitalista, a mesma é tida como instrumento de luta contra as 
premissas liberais, trazendo consigo as Teorias Pedagógicas: Libertária, 
Libertadora e Crítico-Social dos Conteúdos. 
As Teorias libertadora e libertária têm em comum o anti-autoritarismo, 
valorizando a experiência vivida e tendo-a como base da relação educativa, 
considerando a autogestão pedagógica, focando no processo de aprendizagem 
 
 
 
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em grupo onde o diálogo tenha destaque e seja considerada a realidade de 
cada indivíduo, dando preferência a uma educação popular “não-formal”. 
A Teoria libertadora acredita que a escola deve proporcionar ao aluno 
base para que o mesmo tenha consciência de sua realidade e autonomia para 
transformá-la, utilizando se do método dialético autêntico, em que o professor e 
aluno tenham umarelação de igualdade e diálogo, aprendendo pela 
codificação, decodificação e problematização, propondo resoluções de 
problemas reais. Tal teoria é utilizada na Educação de Jovens e Adultos (EJA), 
tendo como inspiração Paulo Freire. 
A Teoria libertaria, por sua vez, acredita na autogestão pedagógica que 
significa que o conteúdo e o método, resumem tanto o objetivo pedagógico 
quanto o político, dando aos envolvidos no contexto escolar autonomia e 
retirando das mãos do Estado o poder de controlar tal contexto. 
A escola deve promover a coletividade e cooperar para que os alunos 
tenham uma transformação no sentido libertário e que tal transformação possa 
se estender em todos os meios sociais em que o aluno possa repassar tais 
conhecimentos, os conteúdos apreendidos em tal seguimento têm como foco 
atender as necessidades da vida social dos indivíduos usando a metodologia 
do diálogo e das vivências grupais em que o professor é tido como orientador e 
integrante do grupo onde ocorre uma aprendizagem informal e sem 
burocracias, tendo Freinet como influenciador. 
Por fim, traz também, a Teoria Crítico-Social dos Conteúdos, que 
consiste em dar ênfase aos conteúdos e confrontá-los com as realidades 
sociais. Nesse contexto, difundir os conteúdos é tarefa primordial e, quando 
falamos em conteúdos, não queremos dizer aqueles que são apenas 
decorados, mas sim os que estão presentes no dia-a-dia dos indivíduos. 
A escola deve então ser ambiente de apropriação do saber, sendo ela 
democrática e parte integrante dos processos sociais. A educação deve ser 
mediadora, preparando o aluno para a socialização, enquanto ser atuante. Os 
conteúdos trabalhados são universais, considerando a realidade dos alunos, 
 
 
 
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destacando os saberes culturais, utilizando-se de métodos que compreendam 
a ação e compreensão, a ação e síntese, unindo teoria e prática, onde o 
professor participa como coautor dos processos de ensino-aprendizagem, para 
que ocorra de forma significativa. Tem como idealizador Demerval Saviani 
 
 
O professor como coautor do processo de ensino-
aprendizagem, contribui com o mesmo de maneira efetiva? 
 
2.3 Aplicação dos Conceitos na Prática Docente 
A fim de que fossem desenvolvidas teorias para direcionar as práticas 
pedagógicas, na busca pela melhoria da qualidade educacional, com base nas 
tendências da educação foi que diversos educadores direcionaram seus 
esforços em prol da análise das possibilidades com relação ao ensino. 
Na condução de um trabalho docente mais bem elaborado e eficaz, com 
base nas necessidades atuais do público discente, verifica-se a importância 
das tendências pedagógicas, pois é o reconhecimento docente destas 
tendências, bem como das perspectivas que se podem ter a partir das 
mesmas, que permitem que o processo de aprendizagem tenha sentido para o 
aluno. 
 
 
 
 
 
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Além disso, o professor também pode se questionar sobre o que 
ensinar, para quem ensinar, como, para quê e por quê, questionamentos 
fundamentais para que se alcance a prática pedagógica de modo efetivo, além 
de promover junto ao profissional docente uma segurança maior com relação 
às ações que ele precisa efetivar no processo de ensino-aprendizagem. 
As concepções das tendências pedagógicas foram desenvolvidas a 
partir das concepções dos educadores, a partir do contexto histórico e 
sociocultural no qual os mesmos se inseriam, com suas respectivas 
compreensões da realidade e do ser humano. A partir dos aspectos que 
analisavam com relação ao trabalho docente e à sociedade, apresentaram 
ideias voltadas ao ensino e sua eficácia, a fim de que fosse plena a 
contribuição da educação na formação dos indivíduos. 
A partir do momento em que o professor toma o devido conhecimento a 
respeito das tendências pedagógicas, especialmente as mais recentes, estas 
criam a este profissional a possibilidade de trabalhar com as variáveis 
educativas, principalmente no que se refere à transmissão de conteúdos e 
realizações de atividades, ampliando suas alternativas de atuação por meio de 
elementos relevantes para si e para a sociedade, em uma prática docente 
relevante e valiosa. 
Tal reformulação nas realizações do professor promovem para com o 
mesmo as opções de diversificação referentes às suas ações. A insatisfação 
discente pode ser, portanto, combatida por meio de novos conhecimentos, 
habilidades e atitudes, estimulados por meio de recursos inovadores, que 
permitem tanto a professores quanto a alunos explorarem suas potencialidades 
com relação aos procedimentos pertinentes à educação. 
 
 
 
 
 
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No contexto atual, alunos e professores sentem-se 
verdadeiramente motivados pelo processo de ensino-
aprendizagem? 
 
Assim, conforme o professor domina os aspectos pertinentes às 
tendências pedagógicas pode, inclusive, providenciar suas mudanças, 
conforme julgar importante aos alunos. Isto permite que, na relação professor-
aluno, seja considerada de forma mais constante as necessidades discentes, 
em prol da importância que o aprender possui para este público. A partir 
dessas premissas, verifica-se que o aprendizado promove a análise efetiva do 
contexto histórico e sociocultural no qual os educandos se inserem, além da 
capacidade crítica dos mesmos para com a realidade. 
Neste sentido, pode-se destacar a importância do viés crítico da 
Pedagogia, também denominada Pedagogia Crítica, a partir do momento em 
que a educação assume o papel de estimular a compreensão dos aspectos 
que fazem parte da sociedade contemporânea, promovendo a capacidade de 
questionamento dos alunos, a fim de que os mesmos busquem resoluções que 
sejam plausíveis e eficazes para todos os indivíduos. 
As relações existentes entre Pedagogia e Filosofia ilustram os aspectos 
em comum que estão presentes na educação e na sociedade, inclusive no que 
se referem às inquietações humanas, promovidas de acordo com o próprio 
processo de ensino-aprendizagem, em torno das possibilidades de atuação do 
profissional docente e das potencialidades de desenvolvimento do público 
discente. 
 
 
 
 
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Desta forma, o que se pode compreender com relação ao desempenho 
docente, com base nas tendências pedagógicas, é que a forma com que o 
professor busca atualizar e aprimorar suas concepções e práticas faz toda a 
diferença no momento de se estimular o aluno a uma postura crítica e efetiva, 
diante de seu próprio desenvolvimento. 
Pode-se, enfim, apontar que a aprendizagem exerce sua função, neste 
caso, como elemento norteador do ser humano, em prol dos primeiros passos 
para que se garanta a capacidade de reconhecimento e análise de seus 
pensamentos, ações e valores, enquanto modo de expressar a visão que 
possui com relação à realidade em que se encontra. 
 
 Síntese 
 
As concepções das tendências pedagógicas foram 
desenvolvidas a partir das concepções dos educadores, 
a partir do contexto histórico e sociocultural no qual os 
mesmos se inseriam, com suas respectivas 
compreensões da realidade e do ser humano. A partir do 
momento em que o professor toma o devido 
conhecimento a respeito das tendências pedagógicas, 
especialmente as mais recentes, estas criam a este 
profissional a possibilidade de trabalhar com as 
variáveis educativas, principalmente no que se refere à 
transmissão de conteúdos e realizações de atividades, 
ampliando suas alternativas de atuação por meio de 
elementos relevantes para si e para a sociedade. 
 
 
 
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 Considerações Finais 
 
Finalizando o módulo 2, esperamos que você tenha compreendido as 
definições de Teorias e CorrentesPedagógicas, que nos dias atuais norteiam a 
prática e os processos de ensino aprendizagem. Onde teoria e prática são 
estudadas para que o profissional docente possa alcançar a “práxis” em sua 
atuação docente, considerando as particularidades de cada indivíduo e 
concluindo de modo satisfatório os objetivos contidos nos processos 
educacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 MÓDULO 3 – Natureza e Conteúdos da Didática 
 
 
Isabel Cristina Domingues Aguiar 
 
Nome da Disciplina: Didática no Ensino Superior 
Módulo 3 – Natureza e Conteúdos da Didática – 
Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2016. 
Guia de Estudos – Módulo 3 – Natureza e Conteúdos da 
Didática 
1. ____________ 2. _____________ 3. _____________ 
 
Faculdade Campos Elíseos 
 
 Conversa Inicial 
 
No terceiro módulo, analisaremos a natureza e conteúdos da didática. Para 
tanto, no primeiro momento trataremos dos conteúdos específicos da didática a 
partir da importância da figura do professor; em seguida, definiremos as 
semelhanças entre a didática e outras disciplinas pedagógicas, bem como uma 
breve análise do processo de aprendizagem sociocultural que são ferramentas 
importantes para compreendermos o ato didático. Por fim, abordaremos a 
natureza e conteúdos da didática aplicados no ensino superior. 
Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de 
estudos. 
 
Ótimo aprendizado! 
 
 
 
 
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 3.1 Conteúdos da Didática e a Formação do Professor 
 
A didática é uma disciplina que compõe o estudo da Pedagogia e 
centraliza seu estudo na técnica de ensino, isto é, nos procedimentos e/ou 
modos que garantam a aprendizagem significativa do aluno. O conteúdo da 
didática não apresenta distinção expressiva entre o que se aplica na educação 
básica e no ensino superior. Há apenas ressalvas que serão expostas mais a 
frente quanto ao emprego de estratégias para a prática educativa. 
 
A compreensão da didática é decisiva tanto para a eficácia do ato 
educativo, quanto para o trabalho do professor que depende desse saber para 
estabelecer a direção do ensino e aprendizagem, além de adquirir mais 
segurança profissional. 
 
Contudo, entre os estudiosos da didática não há uma concordância dos 
limites de conteúdo que esta disciplina deve se ater. Enquanto Vicente 
Benedito (1987) e Renzo Titone (1974) a definem como uma ciência construída 
a partir da teoria e prática, outros pesquisadores como Danilou (1978) a 
determina como estudo da assimilação dos conhecimentos sistematizados, os 
quais permitem o entendimento do processo de ensino-aprendizagem. 
 
Não objetiva-se aqui identificar as inúmeras definições do objeto de 
estudo da didática, ao contrário, o interesse do presente módulo está na busca 
pelos elementos comuns que caracterizam os conteúdos desta disciplina. 
Observa-se que as diversas definições de didática perpassam pela ideia de 
uma disciplina voltada para o ensino e aprendizagem de modo a compreender 
as relações entre o ato de ensinar e a formação do aluno (o aprendizado). 
 
 
 
 
 
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Neste sentido, a didática enquanto disciplina que busca técnicas de 
estímulo para a aprendizagem, precisa traçar os princípios e procedimentos 
que regulam o ensino, bem como orientar para a eficácia da aprendizagem. 
 
Para isso, é importante compreender a figura do professor como parte 
do próprio conteúdo de estudo da didática, pois é através da atuação do 
professor que o processo de ensino e aprendizagem se efetivará. 
 
O destaque dado ao docente refere-se ao trabalho como ponte de 
mediação entre o aluno em formação e o conhecimento que será aprendido. 
Isso não significa afirmar que as técnicas de ensino instituídas pela Didática 
visam à aquisição de um conhecimento estático em que o professor se 
posiciona apenas como transmissor do conteúdo, deixando o aluno passivo no 
processo de sua própria aprendizagem. De maneira oposta, a didática busca 
nos métodos e procedimentos formas de permitir o real desenvolvimento das 
capacidades dos alunos. 
 
Além disso, sabe-se que o modelo de professor como mero transmissor 
de conteúdo está em desuso, já que na atualidade exige-se cada vez mais que 
o ensino resulte na formação de pessoas críticas e que saibam lidar com o 
conhecimento de forma reflexiva, sem aprendizados mecanicistas e sem 
sentido com a realidade. 
 
Paulo Freire afirma que o conhecimento deve estar sempre atrelado a 
realidade do discente, cabendo ao professor à função de auxiliar o aluno na 
construção de sua autonomia e responsabilidade, respeitando “a autonomia do 
ser educando, à sua dignidade e identidade”. (FREIRE, 2007). 
 
 
 
 
 
 
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A respeito da postura do professor em sala de aula, observa-se ainda a 
existência de outras formas didáticas que vão além da atitude de transmissão 
de conteúdo, desenvolvendo, sobretudo a capacidade de estimular o 
pensamento para formar conceitos, habilidades mentais que permitam a 
reflexão sobre a própria atividade mental. De acordo com José Carlos Libâneo 
(2002), em “Didática: velhos e novos temas”, a atitude didática torna o 
professor o elemento de mediação entre o aluno e o conteúdo de estudo, 
capaz de oferecer subsídios e condições de ensino que proporcionem a 
eficácia no processo de aprendizagem do aluno. 
 
O processo didático é o conjunto de atividades do professor e dos 
alunos sob a direção do professor, visando à assimilação ativada 
pelos alunos dos conhecimentos, habilidades e hábitos. Nessa 
concepção de didática, conteúdos escolares e o desenvolvimento 
mental se relacionam com reciprocidade, pois o progresso intelectual 
dos alunos e o desenvolvimento de suas capacidades mentais se 
verificam no decorrer da assimilação ativa dos conteúdos. (LIBÂNEO, 
2002, p.8) 
 
Dessa forma, a didática atribui ao professor uma tarefa determinante, 
mas não de maior proeminência, para a formação de cidadãos críticos e 
reflexivos, com autonomia sobre o conhecimento e capazes de atuarem 
socialmente e transformar a realidade ao qual estão inseridos. O principal 
destaque desses estudos está no papel ativo que os discentes têm sobre sua 
própria aprendizagem, é deles a função de desenvolver as estruturas 
cognitivas do pensamento, linguagem, memória, atenção, imaginação, 
percepção e raciocínio que fazem parte de sua formação intelectual, tendo em 
vista a compreensão do mundo a sua volta. 
 
Para que o professor possa estimular o desenvolvimento dessas 
habilidades cognitivas é necessária à formação de duas etapas: a teórica 
científica – aprendizado acadêmico específico nas disciplinas de 
especialização; a formação técnico-prática – conhecimento de disciplinas da 
docência como a Didática e as metodologias específicas de cada ciência, bem 
como da Psicologia da Educação e da Prática de Ensino. 
 
 
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A etapa teórica científica não se refere apenas ao domínio do conteúdo 
específico da disciplina, mas ao processo de pesquisa que originou tal 
conteúdo, o procedimento científico adotado, os equívocos e certezas 
encontrados ao longo da pesquisa. Esse conhecimento é relevante para que o 
professor possa refazer em aula o percurso da investigação científica, 
auxiliando o aluno a pensar de forma teórica e conceitual, posicionando-o no 
papel ativo de sua aprendizagem. 
 
De outro lado, a formação técnico-prática diz respeito às disciplinas da 
frente pedagógica que atuam no processo de ensino de modo a criar condições 
para assegurar aos alunos um aprendizado significativo. Dentre tais disciplinas 
pedagógicas, a didática aponta paraos objetivos, formas e meios que 
esclareçam o processo educativo a partir da participação ativa dos alunos, 
cabendo ao professor o papel de orientação desse processo. 
 
Observa-se aqui que a concepção de didática e dos participantes do 
processo educativo não é apenas a de uma ciência que aborda as técnicas de 
ensino, mas direciona-se ao entendimento de uma disciplina construída entre a 
teoria e prática de ensino, que leva em conta a função ativa do aluno no 
processo de aprendizagem escolar. 
 
Os conteúdos da didática são formados a partir da junção dos 
conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de formação 
acadêmica, pedagógica e técnico-prática caracterizando as condições e formas 
de atingir a eficácia do ensino e da aprendizagem escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Síntese 
 
 A didática centraliza-se nas técnicas de ensino, nos 
procedimentos e/ou modos que garantam a aprendizagem 
significativa do aluno. 
 Compreender a didática é decisivo tanto para a eficácia do 
ato educativo, quanto para o trabalho do professor que 
depende desse saber para estabelecer a direção do ensino 
e aprendizagem. 
 É necessário pensar na figura do professor como parte do 
próprio conteúdo de estudo da didática, pois é através da 
atuação do professor que o processo de ensino e 
aprendizagem se efetivará. 
 A atitude didática torna o professor o elemento de mediação 
entre o aluno e o conteúdo de estudo, capaz de oferecer 
subsídios e condições de ensino que proporcionem a 
eficácia no processo de aprendizagem do aluno. 
 A didática atribui ao professor uma tarefa determinante, mas 
não de maior proeminência, para a formação de cidadãos 
críticos e reflexivos, com autonomia sobre o conhecimento e 
capazes de atuarem socialmente e transformar a realidade 
ao qual estão inseridos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 3.1.1 Didática e seu caráter interdisciplinar 
 
 A didática, enquanto parte de estudo da Pedagogia, é uma disciplina 
técnica que orienta a prática educativa de modo a desenvolver as funções 
cognitivas dos alunos. O caráter abrangente que leva a didática a ser aplicada 
a todo e qualquer tipo de disciplina faz com que seja questionada sua 
pertinência nos estudos educacionais, porém sua função ao lado das demais 
disciplinas pedagógicas é imprescindível para a formação docente. 
Contudo, se a didática possui elementos próprios de ciência, é 
necessário determiná-los e distingui-los em relação aos demais saberes. A 
natureza de estudo da didática é o ensino, mas sua concepção é 
pluridimensional, isto é, precisa recorrer aos outros campos da educação para 
resolver seus problemas e tornar-se compreensível. 
Para exemplificar este fato pode-se pensar nas semelhanças entre a 
didática e a metodologia de ensino. Ambas se apoiam no estudo das 
estratégias de ensino e aprendizagem, apontando os elementos característicos 
de cada método, mas não podem ser consideradas como disciplinas 
ambivalentes. Primeiramente, a metodologia incumbiu-se da função de 
classificar os métodos de ensino por um viés descritivo, sem criar análises 
aprofundadas e/ou juízo de valor, o que não ocorre com o estudo da Didática 
que estabelece critérios de valoração aos métodos de ensino. Portanto, não 
podem ser abordadas de forma equivalente. 
Em outros momentos, verifica-se que a didática se vale de 
conhecimentos sociopolíticos, pedagógicos e científicos para criar objetivos, 
selecionar conteúdos e métodos, pois o fenômeno educativo é interdisciplinar 
por natureza e exige a mobilização de diversas áreas para explicar o ensino de 
cada disciplina. 
 
 
 
 
 
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De forma genérica observa-se que os conteúdos didáticos referentes à 
situação de aprendizagem escolar estão presentes nas seguintes etapas: 
 
Objetivos – são elementos que estruturam o ensino didático, podem 
transcender os limites da aprendizagem escolar (objetivos gerais) ou 
intencionar a disciplina (objetivos específicos); 
 
Conteúdos – componente didático decisivo para o desenvolvimento 
crítico, deve ser contextualizado com a realidade que o aluno está inserido, 
mas simultaneamente, é preciso atender aos programas de conteúdos 
estabelecidos para a formação, visando o desenvolvimento de suas habilidades 
cognitivas. Ademais, a seleção de conteúdos é uma etapa que exige domínio 
sobre o conhecimento abordado e do conjunto de discentes. 
 
Métodos – procedimentos e formas que o professor utiliza para atingir 
seus objetivos (gerais e específicos) em relação aos conteúdos da disciplina 
que serão aplicados; 
 
Avaliação escolar – componente didático que permite observar os 
progressos e as dificuldades de aprendizagem. Nesse subitem destaca-se que 
a avaliação, sob o ponto de vista didático, deve ser utilizada como ferramenta 
de reconsideração para saber se o plano de ensino está adequado à realidade 
dos discentes ou se é preciso realizar ajustes. É importante ainda que o 
mecanismo avaliativo (LIBÂNEO, 2002) não esteja a serviço do rendimento 
quantitativo, ou seja, para a atribuição de notas sem diagnóstico de 
aprendizagem. 
 Assim, os elementos caraterísticos do ensino didático compõem o 
processo de ensino ao propiciar as condições adequadas para a aquisição 
ativa do conhecimento, além de facilitar o papel do professor enquanto 
mediador do aluno e do conteúdo a ser apreendido. 
 
 
 
 
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 3.1.2 Processo de aprendizagem sociocultural e a Didática 
 
 
A partir do século XX, a didática passou a receber influência 
determinante dos estudos da Psicologia especialmente os que consideravam 
os aspectos relacionados ao ensino e aprendizagem. A compreensão desse 
processo passará ser uma ferramenta decisiva para a escolha das estratégias 
do ato didático. 
Cada processo de aprendizagem tem suas próprias conjecturas 
didáticas: tradicional, comportamental (ou behaviorista), humanista, 
interacionista (cognitivista e sociocultural). Importa-nos enfocar aqui o processo 
sociocultural devido à proximidade dessa abordagem com a compreensão da 
didática moderna, a qual estabelece um ensino voltado para a formação de um 
aluno ativo sobre sua aprendizagem e da existência do professor mediador. 
O processo interacionista sociocultural é a base de uma didática 
fundamentada no diálogo, não apenas pela transmissão de conteúdos. Para 
Vigotsky (1896-1934), partidário da linha sociocultural de aprendizagem, o 
desenvolvimento da mente está vinculado à cultura, isto é, a cultura (incluindo 
o ensino e a aprendizagem) compõe a formação das funções psicológicas 
superiores, e o desenvolvimento de um indivíduo depende da relação que é 
estabelecida com o meio o qual está inserido. 
A concepção de Vigotsky se opôs a outras vigentes em sua época, 
especialmente a teoria ambientalista que atribuía demasiada importância às 
condições do meio no desenvolvimento do sujeito, em virtude de seus estudos 
não poderem alcançar consciência objetivamente; e o inatismo que sobrepôs 
os fatores biológicos do desenvolvimento em detrimento dos fatores 
ambientais. 
 
 
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Convém ressaltar que o processo sociocultural não considera 
aprendizagem e desenvolvimento como similares, pois a aprendizagem 
antecede o desenvolvimento que surge como fator resultante da interação 
entre aprendizagem e o meio sociocultural. Desse modo, para que o sujeito se 
desenvolva de forma significativa no meio ao qual está inserido, se faz 
necessário o uso de estratégias que o auxiliem ao longo de seu percurso 
educativo. 
 
É notória a importância do ambiente escolar para o desenvolvimento do 
sujeito, principalmentepela multiplicidade de relações que esse ambiente pode 
promover. Dentre elas, a relação professor-aluno se sobressai pela busca de 
uma aprendizagem significativa tendo em vista que, pela perspectiva da 
mediação, cabe ao professor a função de estimular o desenvolvimento do 
aluno. 
 
Dessa forma, o trabalho docente atua como fator de mediação entre a 
cultura elaborada, convertida em saber escolar, e o aluno que além de um 
sujeito psicológico, é um sujeito autônomo sobre seu desenvolvimento. 
 
Para que o ensino seja efetivado e que os alunos desenvolvam suas 
capacidades e habilidades mentais, é necessário que o professor atue além 
dos limites do conteúdo de ensino, mediando situações de aprendizagem, 
identificando a origem do processo de pesquisa que originou o referido 
conteúdo; qual método e procedimento serão adotados para que os alunos se 
apropriem dos conteúdos ensinados; quais são as características individuais e 
socioculturais dos alunos. 
 
Essas questões são atos que compõem a didática moderna e que visam 
o desenvolvimento das capacidades mentais, bem como da participação ativa 
do educando no processo de aprendizagem. 
 
 
 
 
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Para finalizar a explanação da importância do processo sociocultural nos 
estudos de didática ressalta-se que na base epistemológica seguida por 
Vygotsky, o Materialismo Histórico – Dialético, o sujeito constrói o mundo ao 
seu redor e também a si mesmo, compreendendo assim que o homem é 
historicamente determinado como também é um determinante da história. 
 
Nessa lógica, o papel da educação é possibilitar a incorporação de 
conhecimento sobre mundo e, simultaneamente, articular o desenvolvimento 
das funções psicológicas. À didática, como parte do processo educativo, cabe 
o papel de pesquisa os fundamentos e modos de realização do ensino e 
aprendizagem, além de converter objetivos pedagógicos gerais em objetivos de 
ensino específicos, selecionar conteúdos e métodos de modo desenvolver 
sujeitos ativos, reflexivos e transformadores de sua realidade. 
 
 
 
 
 
A Didática é imprescindível para a formação e atuação de 
professores? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Síntese 
 
 A didática, enquanto parte de estudo da 
Pedagogia, é uma disciplina técnica que orienta a 
prática educativa de modo a desenvolver as 
funções cognitivas dos alunos. 
 A natureza de estudo da didática é o ensino, mas 
sua concepção é pluridimensional, isto é, precisa 
recorrer aos outros campos da educação para 
resolver seus problemas e torna-se compreensível. 
 Os conteúdos didáticos referentes à situação de 
aprendizagem escolar estão presentes nas etapas: 
objetivos; conteúdos; métodos; avaliação escolar. 
 A partir do século XX, a didática recebeu influência 
dos estudos da Psicologia, especialmente os que 
consideravam os aspectos relacionados ao ensino 
e aprendizagem. 
 O processo sociocultural considera que o 
desenvolvimento da mente está atrelado a cultura 
(ensino e aprendizagem). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 3.2 Natureza e Conteúdos da Didática no Ensino Superior 
 
 Ao realizar uma análise dos conteúdos da didática aplicados ao ensino 
superior é notório pontuar algumas considerações. Primeiramente, o conteúdo 
da didática enquanto disciplina do campo pedagógico não apresenta distinção 
expressiva entre o que se aplica na educação básica e no ensino superior. Há 
apenas ressalvas quanto ao emprego de estratégias de ensino- aprendizagem 
que precisam ser consideradas para a prática educativa. 
 
Em seguida, o levantamento bibliográfico sobre a didática no ensino 
superior revelou que esse é um assunto pouco abordado, mas que deve servir 
de fonte para pesquisas e orientações acadêmicas, principalmente para auxiliar 
o trabalho docente. 
 
Dentre as diferenças de estratégias de ensino-aprendizagem observa-se 
que, de maneira geral, na educação básica o professor atua como mediador 
entre o aluno e o conteúdo a ser aprendido, empregando estratégias para que 
ocorra a aprendizagem. No ensino superior, por sua vez, exige-se cada vez 
mais do aluno a especificação dos conteúdos abordados em aula, isto é, o 
aluno deve possuir plena autonomia sobre o conhecimento. 
 
Pelo viés da didática moderna esta diferenciação não deveria ocorrer de 
forma tão abrupta, pois o aluno deveria ser estimulado desde a educação 
básica a ser o agente ativo do processo de sua aprendizagem, para que 
quando chegasse ao ensino superior tivesse independência para desenvolver 
 
 
 
 
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seu conhecimento. Contudo, grande parte do ensino superior é regido ainda 
pela didática tradicional centralizando no professor a figura de destaque para 
transmitir os conhecimentos em detrimento de um ensino reflexivo, crítico e 
contextualizado socialmente. 
 
Sabe-se que o professor do ensino superior é especialista na disciplina 
ministrada, mas não consegue transmitir o conhecimento aos alunos por falta 
de técnicas de didáticas que facilitam o entendimento como um todo. Há ainda, 
casos de docentes que até utilizam uma abordagem didática baseada no 
diálogo, mas não levam em consideração as deficiências de aprendizagem que 
alguns alunos apresentam no ensino superior. 
 
Neste sentido, verifica-se que a didática moderna ainda está em 
processo de aprimoramento no ensino superior e, muitas vezes, a problemática 
encontra-se fora dos limites de responsabilidade da própria didática, tais como: 
ausência de ligação entre o ensino básico e o superior; problemas de 
aprendizagem oriundos do ensino básico e fundamental. 
 
Cabe esclarecer que o professor do ensino superior não é o responsável 
absoluto pela aplicação da didática tradicional, isso se deve, sobretudo pela 
própria formação do conceito de universidade que estabelece na tríade aula-
pesquisa-extensão, a reflexão como parte da realidade do aluno de graduação. 
Assim, é compreendido que a formação ativa, autônoma e reflexiva perpassa 
todas as instâncias do ensino superior, cabendo ao ensino na sala de aula a 
função de transmitir conteúdos que deverão ser especificados na pesquisa 
acadêmica. 
 
Entretanto, como pontua Libâneo (2002), o ato didático deve estar 
presente em todos os níveis de aprendizagem de modo a proporcionar ao 
aluno um aprendizado eficaz, reflexivo e de acordo com os componentes 
 
 
 
 
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fundamentais do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, como já foi 
tratado no presente módulo, a didática tradicional está em desuso porque não 
se aplica as necessidades contemporâneas, nem se preocupa com a formação 
ativa dos discentes. 
 
Atualmente, a interação professor-aluno é condição essencial para a 
prática educativa, sendo utilizadas inclusive as novas tecnologias da educação 
como instrumento de facilitação da aprendizagem e aproximação dos sujeitos 
desse processo. 
 
A prática didática no ensino superior deve voltar-se para as 
necessidades reais dos alunos, identificando/sanando eventuais deficiências de 
aprendizagem, bem como no respeito aos saberes culturais dos alunos. Tais 
necessidades devem ser estabelecidas em conformidade com os objetivos 
pedagógicos já institucionalizados, pois é preciso formar os alunos para as 
diversas realidades que encontrará em sua atuação profissional. 
 
Por fim, a didática é um instrumento de reflexão sobre a situação de 
aprendizagem que precisa inserir-se cada vez mais no ensino superior de 
modo a contribuir para a formação de profissionais críticos e sujeitos ativos do 
processo de sua aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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