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TEMA DIDÁTICA Estácio

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TEMA 1
DESCRIÇÃO
Este tema é referente ao Conceito de Didática e sua Origem. Abordaremos a construção histórica de Didática e sua efetivação como um campo de conhecimento da Educação.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a origem da Didática é importante para pensar sobre as teorias de ensino e os métodos no processo de ensino e aprendizagem.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos gerais de didática e suas características
MÓDULO 2
Caracterizar os desafios do ofício pedagógico
MÓDULO 3
Relacionar fundamentos comenianos às práticas atuais
PRIMEIRO MÓDULO
 Descrever conceitos gerais de didática e suas características
FUNDAMENTAÇÃO
Em uma conversa descontraída, Rodrigo Rainha e Antônio Giacomo sentados em uma praça pública – Ágora – convidam você a uma viagem pelo mundo da Didática:
VAMOS FAZER UMA REFLEXÃO:
Pense em você quando criança e em uma aula da sua matéria favorita.
Agora, pense no professor ou professora que conseguiu cativar a sua atenção, fazendo com que você tivesse mais simpatia pela matéria lecionada.
Por último, pense em todos os atributos que esse profissional tinha que conseguiam prender a sua atenção.
JÁ PASSOU PELA SUA CABEÇA A QUANTIDADE DE PLANEJAMENTO, TREINAMENTO E REFLEXÃO QUE ESSE MESMO PROFESSOR (OU PROFESSORA) TEVE DE PERCORRER PARA ESTAR NAQUELA SALA DE AULA?
SAIBA MAIS
A adoção de imagens com crianças pode gerar algumas dúvidas: Didática só serve para crianças? 
Claro que não. Mas é necessário lembrar que o foco da construção da Didática remete à Pedagogia (do grego, alguém que “cuida” das crianças). A partir dos tempos modernos, a criança passou a ser vista como um ser singular e não um “adulto em miniatura”. A Didática então, passou a ser pensada para essa nova concepção. Atualmente, trabalhamos com a Didática para qualquer momento da vida em que o ensino e aprendizagem estejam envolvidos.
Para que esse profissional estivesse na sua frente, foi trilhado um caminho que chamamos de Formação de Professores. E a Didática é uma parte primordial desse caminho.
Ela é, de maneira geral, um conjunto de conteúdos, métodos e técnicas para a instrução do ensino. Esse conjunto é fundamentalmente alinhado à aplicação do Processo de Ensino e Aprendizagem (falaremos mais sobre esse processo a seguir).
A DIDÁTICA É UM ELEMENTO PEDAGÓGICO IMPRESCINDÍVEL PARA A DOCÊNCIA, SEJA ELA EM QUALQUER NÍVEL (ENSINO BÁSICO OU SUPERIOR) OU MODALIDADE (PRESENCIAL OU A DISTANCIA).
SAIBA MAIS
Você sabia que a Didática também é considerada uma ciência pedagógica?
Não?! 
Por conta dessa definição, todos os cursos de Pedagogia e Licenciaturas exigem essa disciplina no currículo, tornando-a parte do núcleo comum e obrigatório da formação acadêmica nesses cursos.
Didática também pode ser entendida tanto como ciência quanto como arte do ensino (HAIDT, 2011). Você deve estar se perguntando “como assim também?”. Afinal, o conceito de Didática já foi explicado.
Mas, veja bem, levando em consideração o fato de ela abranger todos os procedimentos instrucionais, pode ser definida de várias formas. Esse módulo explica isso de maneira mais objetiva. Então, não se assuste se, durante esse conteúdo, surgirem mais definições de Didática. Os múltiplos significados apresentados não se invalidam, mas se complementam.
A pedagoga Vera Candau conseguiu sintetizar muito bem a essência da Didática:
Vera Maria Ferrão Candau possui graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Doutorado e Pós-doutorado em Educação pela Universidad Complutense de Madrid.
Atualmente é professora emérita do Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
(Informações coletadas do Lattes em 18/09/2019.)
“[...] A DIDÁTICA, EM UMA PERSPECTIVA INSTRUMENTAL, É CONCEBIDA COMO UM CONJUNTO DE CONHECIMENTOS TÉCNICOS SOBRE O “COMO FAZER” PEDAGÓGICO, CONHECIMENTOS ESTES APRESENTADOS DE FORMA UNIVERSAL E, CONSEQUENTEMENTE, DESVINCULADOS DOS PROBLEMAS RELATIVOS AO SENTIDO E AOS FINS DA EDUCAÇÃO, DOS CONTEÚDOS ESPECÍFICOS, ASSIM COMO DO CONTEXTO SOCIOCULTURAL CONCRETO EM QUE FORAM GERADOS. ”
(CANDAU, 1997)
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Concluímos até aqui que existe um processo de ensino e aprendizagem em questão, e a Didática entra nesse processo como ferramenta para auxiliar a escolha de estratégias adequadas. Esse processo pode ser dividido em dois grandes momentos distintos, que estão continuamente interligados:
Momento da reflexão teórica:
QUAIS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS PARA ENSINAR?
Direção da prática:
COMO REALIZAR UM PROCESSO DE APRENDIZAGEM COM MAIS QUALIDADE?
PARTICIPAR DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NÃO É UMA TAREFA FÁCIL E EXIGE UM OLHAR ATENTO AOS PROCESSOS PEDAGÓGICOS E ÀS DISCUSSÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE EDUCAÇÃO. É PRECISO PENSAR NOVAS IMAGENS SOBRE ESSE PROCESSO E LEVAR EXPERIÊNCIAS INTERESSANTES PARA O EDUCANDO.
Estudamos que a Didática é a articulação de conteúdos, métodos e técnicas. Esses elementos têm participação fundamental na construção de estratégias facilitadoras para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça de forma eficaz.
Podemos então relacionar da seguinte forma:
VeRIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. NO VÍDEO ASSISTIDO NO INÍCIO DO MÓDULO, É FALADO SOBRE UMA CARACTERÍSTICA HUMANA ESSENCIAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM, QUE É A CAPACIDADE DE REFLEXÃO CONSTANTE E APROFUNDAMENTO NOS ESTUDOS.
ABAIXO, LISTAMOS ALGUMAS SITUAÇÕES QUE SÃO EXEMPLOS DESSA CARACTERÍSTICA, ENTÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTENHA UMA PRÁTICA QUE NÃO CORRESPONDE A ELA:
a) Formação de grupos de debates para abertura de diálogo.
b) Reflexão não só durante, como após os estudos.
c) Leitura dinâmica e memorização dos processos aprendidos.
d) Participação em debates para que se tenha uma visão mais ampla do objeto em discussão.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. SOBRE OS CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA DIDÁTICA, É CORRETO AFIRMAR QUE:
a) É uma ciência pedagógica, cujo ponto central é o processo de ensino e aprendizagem.
b) É considerada uma parte secundária do processo de Formação de Professores.
c) Não pode ser considerada um conjunto de métodos e técnicas.
d) É considerada ciência, mas não é considerada arte.
Parte inferior do formulário
SEGUNDO MÓDULO
Caracterizar os desafios do ofício pedagógico
pAPEL DO PEDAGOGO
Atualmente, há um discurso, às vezes mal-entendido, que o profissional de ensino precisa ser o mediador do conhecimento ou não será mais necessário no futuro (LIBÂNEO, 2010).
Não apenas mediador: o professor, para atuar em sala de aula precisa, além de fazer a diferença na vida de seus alunos, utilizar fundamentos didáticos clássicos. E alinhar às estratégias uma prática didático-pedagógica que considere os novos tempos e as tecnologias disponíveis.
José Carlos Libâneo é educador e escritor paulista. Obteve destaque ao publicar o livro Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social dos Conteúdos. Atualmente, é professor titular na Universidade Católica de Goiás.
AS PRINCIPAIS DISCUSSÕES NO CAMPO DA DIDÁTICA APONTAM QUE O PROFESSOR CONTINUARÁ ATUANDO E ORIENTANDO O PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM QUALQUER NÍVEL OU MODALIDADE.
O primeiro passo para a sua atuação, como vimos, é definir estratégias pensando em conteúdos, métodos e técnicas.
O passo seguinte, é adaptar essas estratégias à realidade do aluno – e isso é um desafio que inclui considerar:
BASES FILOSÓFICAS
É preciso estudar as novas tendências pedagógicas. Por exemplo, como o professor pode se posicionar diante das discussões sobre ensino militarizado e escolas que desejam abolir a sala de aula.
BASES HISTÓRICO-SOCIAIS
É necessário que o profissional esteja atento às mudanças da sociedade. Por exemplo, pensando na evolução tecnológica, é necessário considerar os atributos específicos das gerações mais novas: os nativos digitais (pessoas que nasceram em meio às últimas tecnologias e não tiveram que passar pela mesma adaptação que gerações anteriores).
BASES POLÍTICAS
É de extrema importância que se esteja atento àsmudanças legislativas que envolvam a política da educação. Por exemplo, como implementar a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) em ambientes diversos de educação.
REALIDADE DO ALUNO
É importante observar o meio em que o aluno vive. Por exemplo, o mesmo professor pode atuar tanto em escolas de periferia quanto em escolas particulares localizadas em bairros nobres. É preciso formular estratégias personalizadas com base nas variáveis demográficas e geográficas.
IMPORTANTE
Um bom exemplo da influência da evolução da tecnologia no ofício é pensar nas possibilidades de atuação dos professores em ambientes online.
Falando em tecnologia, é importante dizer que, com o avanço dela e com as variadas mudanças nas normas educacionais no Brasil, a atualização constante se faz necessária na vida de qualquer profissional. É preciso não só desenvolver competências adequadas e coerentes ao ensino, como prestar atenção nesses pontos – estudando, pesquisando e adaptando seus métodos à realidade na qual os educandos vivem.
OU SEJA, É ESSENCIAL SABER APRENDER PARA ENSINAR.
APLICAÇÃO DA DIDÁTICA
Para aplicar as estratégias é preciso que estejam alinhados: informações pertinentes ao ensino e a inteligência emocional do docente.
Assim, utilizando saberes didáticos-pedagógicos em sala de aula, o professor demonstra capacidade de adaptação necessária para lidar com as situações comuns e incomuns que podem ocorrer em sala de aula e no contexto escolar.
Para finalizarmos o módulo, ficaremos com uma afirmativa de Beda, o Venerável:
Beda (c. 673—26 de maio de 735) foi um monge, considerado um dos eruditos da língua inglesa por ter publicado o livro História Eclesiástica do Povo Inglês. A obra narrava a história do cristianismo céltico inglês e é considerada fundamental para a cultura anglo-saxônica.
“ HÁ TRÊS CAMINHOS PARA O FRACASSO: NÃO ENSINAR O QUE SE SABE, NÃO PRATICAR O QUE SE ENSINA, E NÃO PERGUNTAR O QUE SE IGNORA. ”
Beda, o Venerável
VErIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. AO CONCEBER UMA ESTRATÉGIA DE ENSINO, QUAL ASPECTO O PROFESSOR PRECISA CONSIDERAR DE FORMA PRIMORDIAL?
a) Necessidades do docente.
b) A falta de conhecimento prévio do aluno.
c) Estrutura física da sala de aula.
d) Contexto de vida do aluno.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. CONCLUÍMOS QUE “É ESSENCIAL SABER APRENDER PARA ENSINAR”. AO ESTARMOS ATENTOS AOS DESAFIOS QUE ENVOLVEM O OFÍCIO PEDAGÓGICO, COMO PODEMOS ENTENDER QUE A ATUALIZAÇÃO CONSTANTE SE FAZ NECESSÁRIA NA VIDA DE QUALQUER PROFISSIONAL? ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
a) As necessidades dos alunos se sobrepõem às bases políticas.
b) É necessário estar atento às constantes mudanças sociais e tecnológicas.
c) As bases histórico-sociais se sobrepõem às bases filosóficas.
d) Uma vez desenvolvidas as competências coerentes ao ensino, a atualização é desnecessária.
Parte inferior do formulário
=Você sabe que um professor coerente estará sempre atento às mudanças sociais, sempre pesquisando, adaptando estratégias de ensino; consciente, pois, jamais será possível considerar o não aprender. Isso sem deixar de levar em conta fatores como: necessidades dos alunos, as bases políticas, histórico-sociais e filosóficas que caracterizam sua ação docente.
TERCEIRO MÓDULO
Relacionar fundamentos Comenianos às práticas atuais
ORIGEM DA DIDÁTICA
Através de uma breve explicação sobre o papel do tutor pelos tempos, Rodrigo Rainha faz uma provocação sobre o legado dos pensadores antigos no atual processo de ensino.
A seguir, faremos uma breve retrospectiva para que possamos perceber a evolução do Ensino através dos tempos:
ENSINAR E APRENDER SEMPRE FORAM PROCESSOS INERENTES ÀS PRÁTICAS HUMANAS.
DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE, PODEMOS CONSTATAR ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO AS FAMÍLIAS E COMUNIDADES PRIMITIVAS ENSINANDO SEUS FILHOS E MEMBROS AS ATIVIDADES DA TRIBO, RITUAIS E PRÁTICAS SOCIAIS. CERTAMENTE, COM O PASSAR DOS ANOS, ESSAS PRÁTICAS FORAM GANHANDO UMA ESTRUTURA DE DIDÁTICA E FINALMENTE SE TORNARAM UMA AÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA. ESSA EVOLUÇÃO ESTRUTURAL DOS PROCESSOS DIDÁTICOS CONTRIBUIU PARA A FORMAÇÃO DO CONCEITO DE DIDÁTICA.
EXISTIA UMA IDEIA LIMITADA SOBRE O SIGNIFICADO DE CIDADANIA, QUE SÓ SERIA AMPLIADA MUITO MAIS TARDE (JAEGER, 2010).EMBORA OS IDEAIS GREGOS DE ENSINO TENHAM PERMANECIDO POR SÉCULOS, FOI NECESSÁRIO QUE UMA NOVA OBRA TROUXESSE UM NOVO FOCO SOBRE A ARTE DE EDUCAR OU SOBRE O PROCESSO DE EDUCAR.
NO SÉCULO XVII, A TAL “SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINAR” FOI FINALMENTE CONSOLIDADA PELO FILÓSOFO TCHECO JOHANNES AMOS COMENIUS. EM 1657, COMENIUS ESCREVEU UM LIVRO PARA DIVULGAR ESSAS IDEIAS, CHAMADO DIDÁTICA MAGNA, UM LIVRO CUJA IMPORTÂNCIA IREMOS SALIENTAR NO PRÓXIMO TÓPICO.
AS IDEIAS DE COMENIUS CERTIFICAM O PENSAMENTO DO PROFESSOR ATUAL, BASEADAS NOS PILARES DA EDUCAÇÃO E DESCRITO NO DOCUMENTO EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR, DE JACQUES DELORS.
ESSE DOCUMENTO ESTABELECE, ENTRE OUTROS ASSUNTOS, QUE A DIDÁTICA PRECISA SER CENTRADA NO DESENVOLVIMENTO DAS QUATRO APRENDIZAGENS FUNDAMENTAIS: APRENDER A CONHECER, APRENDER A FAZER, APRENDER A CONVIVER E APRENDER A SER.
Werner Jaeger (1888-1961) foi um escritor e entusiasta dos estudos clássicos nascido na Prússia, atual território alemão. Possui cerca de 16 publicações, dentre elas, a Paideia: livro de extrema importância na fundamentação da Didática, que foca na estrutura grega clássica de construção do processo da Educação.
Comenius (1592-1670) também era pedagogo e teólogo. Por conta de sua extensa contribuição aos estudos na área de pedagogia é considerado “o pai da didática”.
Jacques Delors é um político francês que já ocupou cargos importantes como a Comissão Europeia, o Ministério da Economia (França) e o Parlamento Europeu. Durante a participação que teve na Unesco escreveu o relatório Educação: Um tesouro a descobrir e definiu os quatro pilares fundamentais da aprendizagem.
BASE TEÓRICA
EMBORA ELES NÃO POSSAM RESUMIR TODA A HISTÓRIA DA DIDÁTICA, SÃO MATERIAIS FUNDAMENTAIS NA COMPREENSÃO DESSE PROCESSO.
Comenius é considerado um grande inovador em relação aos processos de ensino e aprendizagem, porque já naquela época, ele defendia a universalidade da educação, com o lema:
“ENSINAR TUDO A TODOS”.
Assim, iniciou um método mais ativo e efetivo que partia dos conhecimentos mais simples aos mais complexos.
Os principais fundamentos do pensamento pedagógico de Comenius baseiam-se em 4 pilares:
PILARES DE COMENIUS
Ideia também levantada por René Descartes (1596-1650), conhecida como método cartesiano.
 
· aquilo que o aluno deve construir como um saber 
· O QUE NÓS, PROFESSORES, TEMOS QUE ENSINAR.
· O CONHECIMENTO TEM QUE TER APLICAÇÃO PRÁTICA E SÓLIDA. 
· O PROCESSO DE ENSINAR DEVE SER CLARO E OBJETIVO, E SE PAUTAR PELAS NECESSIDADES DO INDIVÍDUO.
LEITURA
· uma parte importante do livro Didática Magna.
“Processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer reino cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém para que possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez.
Onde os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas; a sua verdade é demonstrada com exemplos paralelos das artes mecânicas; o curso dos estudos é distribuído por anos, meses, dias e horas; e, enfim, é indicado um caminho fácil e seguro de pôr estas coisas em prática com bom resultado.
A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menostrevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz e mais tranquilidade.
Que Deus tenha piedade de nós e nos abençoe! Faça brilhar sobre nós a luz da sua face e tenha piedade de nós! Para que sobre esta terra possamos conhecer o teu caminho, ó Senhor, e a tua ajuda salutar a todas as gentes (Salmo 66, 1-2).”
(COMENIUS, 2001)
OU SEJA, UM DOCUMENTO ORIENTADO PARA PROFESSORES E ALUNOS DO SÉCULO XXI (EDUCAÇÃO: UM TESOURO A DESCOBRIR, DE JACQUES DELORS) TEM SEMELHANÇAS COM AS IDEIAS DE COMENIUS, QUE VIVEU LÁ NO SÉCULO XVII. COM ISSO, VEMOS O QUÃO INOVADOR ELE FOI.
A seguir, sintetizamos as principais ideias publicadas em Didática Magna:
REALIDADE DO ALUNO
Comenius entendia que a Educação precisa utilizar a experiência pessoal do aprendente como parte do processo. Para isso, o aluno precisava observar sua realidade para depois agir sobre ela. Ele também instituiu o diálogo como forma de aproximação e afeição do aluno com o conteúdo estudado.
UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Outro ponto muito importante é sobre a ideia de universalização da Educação, porque ele determina que a educação deve ser para todos. É importante salientar que essa visão representava uma quebra de paradigma, pois até o século XVII poucos grupos sociais tinham acesso à educação formal.
ÉTICA E VALORES
Para Comenius, o processo da educação não é apenas o conteúdo a ser estudado, mas a aprendizagem de valores e de atitudes que ajudarão a pessoa a ser melhor no presente e no futuro. Os propósitos educativos precisam estar baseados no raciocínio lógico, na investigação científica e na formação do conceito de ser humano enquanto um sujeito moral, social, político, racional e afetivo. Um objetivo fundamental da educação de Comenius era formar um sujeito bom e virtuoso, dotado de fé, a ponto de praticar boas ações mediante às capacidades subjetivas do aluno.
CONSTRUÇÃO DO SABER
A construção do saber não é um processo isolado, mas possui relação com outras ciências, conteúdos e significados. Afinal, aprender é estabelecer inter-relações entre os conteúdos e temas estudados.
ESSES SÃO OS PRINCIPAIS PONTOS QUE PODEMOS DESTACAR DE COMENIUS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ÁREA DA EDUCAÇÃO E, ESPECIFICAMENTE, PARA O CAMPO DA DIDÁTICA.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. SEGUNDO O “PAI DA DIDÁTICA”, QUANDO A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SERÁ SIGNIFICATIVA PARA O ESTUDANTE?
a) Quando o aluno conseguir relacionar os ensinamentos à situações em âmbito social.
b) Quando for cumprido todo o conteúdo programático.
c) Quando estabelecer relação entre o conteúdo escolar e a legislação educacional.
d) Quando não interferir no processo de ensino e aprendizagem.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. QUAL AFIRMATIVA ABAIXO EXPRESSA UMA IDEIA COMENIANA EVIDENCIADA NO LIVRO DIDÁTICA MAGNA?
A )Deve ser mais valorizado o conhecimento do aluno que o conhecimento do professor.
b) O processo de construção de saberes não deve ser um processo isolado na vida do aluno, ou distante nas relações com outras ciências, conteúdos e significados.
c) Para ensinar “tudo a todos” não é preciso levar em conta as necessidades do aluno.
d) Para facilitar a aprendizagem, os conteúdos mais complexos devem ser apresentados anteriormente aos mais simples.
Parte inferior do formulário
Você sabe que um dos pontos importantes da Didática Comeniana é a profunda integração: entre o sujeito que ensina com o aluno, entre assuntos teóricos e práticas sociais, entre técnicas e conteúdos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conceitos atuais como educação interdisciplinar, afetiva, colaborativa e baseada em pesquisas e projetos foram levantados por Comenius em seu tempo. Ele entendia que a escola não poderia ser um local de intranquilidade e desgosto para as crianças, mas um lugar que despertasse a curiosidade e a capacidade de pensar e imaginar.
 tema 2
tendências pedagógicas
DESCRIÇÃO
Neste tema, discutiremos as tendências pedagógicas liberal e progressista e a maneira como elas influenciam a Educação.
PROPÓSITO
Este tema tem como finalidade a compreensão e a análise da Educação a partir dos referenciais teóricos que a influenciam.
OBJETIVOS
Módulo 1
Identificar as duas grandes tendências pedagógicas: liberal e progressista
Módulo 2
Caracterizar as tendências pedagógicas liberais
Módulo 3
Distinguir as tendências pedagógicas progressistas
MÓDULO 1
Identificar as duas grandes tendências pedagógicas: liberal e progressista
INTRODUÇÃO
O que é Tendência?
De acordo com o dicionário Priberam, a palavra tendência significa:
“A ação ou força pela qual um corpo tende a mover-se para alguma parte. ”
Nesse sentido, as tendências correspondem aos princípios que orientam as ações de cada indivíduo. No campo educacional não é diferente: o professor, a escola, o aluno e o ensino estão marcados por pensamentos que exercem forte influência sobre as práticas educativas. Dessa forma, é importante compreender as características de cada tendência pedagógica, pois esse conhecimento lhe ajudará a decidir os caminhos que deseja seguir no processo de ensino-aprendizagem.
Como vimos, os princípios que escolhemos orientam a nossa prática e a forma como organizamos a Educação. Eles podem ser sintetizados em tendências, as quais veremos a partir de agora. 
PEDAGOGIA LIBERAL × PEDAGOGIA PROGRESSISTA
O contexto escolar é permeado por diferentes concepções de homem e de sociedade, ou seja, há diferentes formas de enxergar o papel do homem no âmbito social e essas visões influenciam a prática escolar. É nesse ponto que as tendências liberal e progressista se diferenciam: ambas possuem visões particulares sobre a relação Homem × Sociedade. Essa distinção acontece porque as tendências pedagógicas estão situadas historicamente e se desenvolveram como resposta ao contexto social no qual surgiram.
Vejamos, com base em Libâneo (1989), como essas tendências descrevem a relação Homem × Sociedade e qual foi o contexto histórico em que elas se desenvolveram.
SÉCULOS XVIII / XIX
TENDÊNCIA LIBERAL
Na concepção liberal, os papéis que os indivíduos devem desempenhar são voltados para a sociedade. Nesse sentido, cabe à escola preparar o indivíduo, de acordo com as suas aptidões, para atender às demandas sociais.
MARCO DO PERÍODO
Industrialização / Iluminismo / Revolução científica
As ideias liberais são influenciadas por Jonh Locke e Adam Smith. No período entre os séculos XVIII e XIX a sociedade vive uma série de transformações: crescimento urbano, processo de industrialização e aumento das relações de troca (pessoas, tecnologias e econômicas). Foi nesse período, também, que notamos o desenvolvimento de uma Revolução Científica.
SÉCULO XX
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Na concepção progressista, o homem é pensado como um protagonista. A escola, nesse sentido, deve fornecer os instrumentos necessários para que o indivíduo possa discutir a sua atuação em sociedade.
MARCO DO PERÍODO
Guerra Fria / Desenvolvimento tecnológico
Após a Segunda Guerra Mundial o mundo se dividiu em um conflito conhecido como Guerra Fria. As tensões provocadas pela disputa entre Estados Unidos e União Soviética geraram críticas e movimentos, que contestavam a ordem social estabelecida. A disseminação do rádio e da televisão associada à velocidade da tecnologia e dos transportes transformaram as relações sociais.
Como vimos, as tendências liberal e progressista surgiram em diferentes momentos históricos. No entanto, não podemos entendê-las como se uma fosse sucessora da outra. Cada tendência trouxe contribuições significativas para a Educação, que são aplicadas no contexto escolar até os dias de hoje. Vejamos alguns exemplos:
TENDÊNCIA LIBERAL
Uma das técnicas de aprendizagem utilizadas por essa tendência é a memorização, bastante comum no ensino de tarefas operacionais ou de Matemática nas séries iniciais, para decorar tabuada, por exemplo.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Uma das técnicas utilizadas nessa tendência é a discussão em grupo, muito empregada em diferentes áreas de conhecimento. Podemos citar, como exemplo, umaatividade em sala de aula em que um grupo de alunos de Publicidade se reúne para elaborar uma estratégia de marketing.
Perceba que a implementação dessas tendências no processo de ensino-aprendizagem está condicionado ao tipo de conhecimento que será aprendido e ao contexto no qual essa aprendizagem será construída. Nos próximos módulos, vamos conhecer as principais características das tendências liberal e progressista e entenderemos como elas se subdividem.
Atenção
A Didática auxilia a interpretação dessas tendências pedagógicas para explorar os modos de fazer e de pensar na Educação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. Das afirmações a seguir, marque a que mais se adequa à Pedagogia Liberal:
A) O aluno é um sujeito ativo na construção do conhecimento e o professor atua como um facilitador para que a aprendizagem ocorra.
B) A escola deve preparar os indivíduos para exercer os papéis sociais, permitindo que eles estejam prontos às exigências do mercado e da sociedade em geral.
C) Os conteúdos que devem ser aprendidos são definidos exclusivamente a partir do contexto social do aluno.
D) O aluno possui a autogestão da sua experiência de aprendizagem, inclusive na escolha do conteúdo que estudará.
A Tendência Pedagógica Liberal dá ênfase ao ensino e ao conteúdo que o aluno deve aprender a fim de responder plenamente às expectativas da sociedade em que está inserido. Assim, o professor é responsável pelo processo de ensino-aprendizagem, enquanto o aluno deve aproveitar ao máximo o conhecimento transmitido. 
2. A Educação, historicamente, prepara o indivíduo para assumir o seu papel na sociedade. Com as transformações no contexto social, modifica-se a percepção sobre a atuação de professores e alunos.
Com base nisso, analise as afirmações a seguir e marque aquela que apresenta a proposta da Pedagogia Progressista.
A) O professor deve incorporar a realidade do aluno como ponto de partida para a ação educativa, favorecendo a conscientização das realidades sociais e culturais.
B) Objetivo da Educação é definir os caminhos que todos os alunos devem seguir, considerando, em alguma medida, suas características individuais. 
C) No processo de ensino-aprendizagem, o professor é o responsável por transmitir os conhecimentos que devem ser aprendidos pelo aluno.
D) Os alunos devem ser preparados para que exerçam, de maneira eficiente, o seu papel social, que é historicamente estabelecido.
A Pedagogia Progressista faz uma análise crítica da realidade social e do papel da Educação, propondo que o aluno seja responsável pela sua aprendizagem e construtor de seu papel social.
MÓDULO 2
Caracterizar as tendências pedagógicas liberais
PEDAGOGIA LIBERAL
Muitos conhecem o liberalismo somente como uma tendência econômica, mas esse movimento deve ser compreendido, também, em seu caráter filosófico. Algumas demandas sociais e acontecimentos históricos marcaram o momento de ascensão do liberalismo:
Diversas revoluções foram influenciadas pelo pensamento liberal, como as revoluções inglesa e francesa e a Primavera dos Povos. O liberalismo também ganhou força especial com a nova dinâmica social experimentada no século XIX, que trouxe o modelo econômico baseado na liberdade de produção e na propriedade privada, chamado de capitalismo.
A pintura A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix, retrata bem o espírito da população nesse período e a motivação para a mudança.
“A LIBERDADE GUIANDO O POVO”
A Pintura “A liberdade guiando o povo” foi feita por Eugène Delacroix, artista francês do Romantismo. Interessado também nos temas políticos, Delacroix pintou esse quadro para retratar os acontecimentos do seu país.
A mulher, denominada Marianne, foi representada usando um gorro, com uma arma na mão esquerda e a bandeira da França na mão direita. Essa pintura virou símbolo da Revolução Francesa, pois o gorro era um adereço utilizado pelos escravos libertos na Grécia e em Roma. Marianne, então, representava o grito de resistência frente ao sistema da época.
 
E como esse pensamento liberal se refletiu no Brasil?
Em 1889, o Brasil se tornou uma República, tendo como principal influência intelectual o positivismo. Essa filosofia era defendida por Benjamin Constant, um dos ícones brasileiros que tinha um sonho revolucionário para aquele período: alfabetizar 20% dos brasileiros até 1920, índice que foi considerado impossível de ser alcançado. O desafio dele nos mostra a situação em que a educação brasileira se encontrava à época.
A influência do liberalismo na República também pode ser observada na composição da nossa bandeira, obra geométrica formada por quadriláteros e medianizes, que leva os dizeres “Ordem e Progresso” e que marca a tentativa de se organizar a educação brasileira.
Perceba que, em meio às transformações, a Educação não fica imune, ela assume a função de preparar o indivíduo para esse novo mundo, criando possibilidades para que ele desenvolva o seu potencial. A escola, nesse sentido, aperfeiçoa o homem, fornecendo instrumentos para que ele cumpra o seu papel no progresso social.
Nesse contexto de mudanças, a Pedagogia Liberal se ramifica em três linhas de pensamento:
TENDÊNCIA TRADICIONAL
O que se percebe durante o século XVIII, com o avanço do liberalismo, é a multiplicação desse pensamento com a motivação para a mudança social. Novas funções passaram a existir. A sociedade precisava crescer e a preparação do indivíduo tornou-se fundamental para a construção de uma sociedade melhor.
Como já entendemos, a preparação do indivíduo para exercer o seu papel social é função da Educação. Vejamos as principais características da Tendência Tradicional que mostram como ela organiza o Sistema Educacional para atender à demanda que lhe é atribuída.
ESCOLA
Prepara o aluno intelectualmente e desenha o caminho que todos devem percorrer para chegar ao conhecimento.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O professor é a autoridade em sala de aula, pois é ele quem domina o conhecimento científico. Ele deve valorizar a disciplina e estabelecer uma relação de respeito perante os alunos.
CONTEÚDOS
São os conhecimentos enciclopédicos, aqueles acumulados pela sociedade, que possuem valor intelectual.
MÉTODOS
São expositivos, focam na comunicação oral do conteúdo e na demonstração feitas pelo professor. Os exercícios de repetição são valorizados, pois permitem que o aluno memorize os conceitos e as fórmulas.
APRENDIZAGEM
É receptiva e mecânica, o aluno deve seguir todos os passos estabelecidos pelo professor para assimilar o conteúdo. Por isso, são usados exercícios de repetição para garantir que o aluno aprendeu a matéria. 
AVALIAÇÃO
É feita por meio de provas orais e escritas, testes e exercícios para casa, com o objetivo de metrificar o conhecimento.
Observe que, nessa tendência, o professor possui uma atuação primordial, pois ele é quem define qual conteúdo será estudado e elabora o planejamento do processo de ensino-aprendizagem. Por ter um papel central, cabe ao professor não só repassar os conhecimentos, mas também observar os alunos, aconselhar e corrigir possíveis erros.
Como a Tendência Tradicional se reflete nos âmbitos individual e social?
CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO INDIVIDUAL
· Atividades individuais;
· Foco no conhecimento científico;
· Valorização de uma única cultura ensinada pela escola, podendo gerar inadaptação cultural;
· Aceitação passiva das divisões sociais.
CONSEQUÊNCIAS NO ÂMBITO SOCIAL
· Conservação dos padrões sociais;
· Defesa da organização social;
· Preferência pela especulação teórica e pela prática como repetição.
· Ao longo do tempo, a Tendência Tradicional sofreu várias críticas. 
Dentre elas, podemos destacar a falta de relação dos conteúdos estudados com a vida dos alunos. No entanto, essa tendência trouxe significativas contribuições para a Educação, pois os seus métodos de ensino são utilizados até hoje em diferentes áreas de conhecimento.
Quer entender melhor?
A professora Angela Maria Paiva Gama nos mostra, a seguir, um exemplo de como podemos utilizar as técnicas da Tendência Tradicional.Acredito que diferentes metodologias permitem que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados. A aula expositiva, por exemplo, deve fazer parte da apresentação de conteúdos sequenciais. Podemos, então, no ensino de múltiplos e divisores nas operações com frações, primeiro apresentar os conteúdos em uma aula expositiva e, posteriormente, trazer exercícios práticos para que o aluno possa memorizar o conteúdo.
Perceba que, nesse contexto, a exposição do conteúdo pelo professor é essencial para que o aluno entenda as regras das operações com frações para, em seguida, colocar em prática, fazendo uso de exercícios. A exposição e a repetição, por meio de exercícios práticos, nesse caso, permitem que ocorra a naturalização do conteúdo e, consequentemente, ocorra a aprendizagem.
Saiba mais
Leia a entrevista de Inger Enkvist, professora catedrática emérita de espanhol da Universidade de Lund, defensora da tendência tradicional, na qual afirma que “a nova pedagogia é um erro”.
 
Que tal fazer uma pausa para retomar o que aprendemos até aqui? Então, vamos lá!
 
Já aprendemos que a escola é influenciada por duas tendências pedagógicas: 
Pedagogia Liberal
 
A Pedagogia Liberal se ramifica
em outras três:
· Tradicional: aprendemos que ela forma o aluno intelectualmente. ✔
· Renovadora:
· Tecnicista:
Pedagogia Progressista
Observando esse esquema, dá para perceber que ainda tem muita coisa para aprendermos.
Então vamos voltar ao nosso estudo sobre as Tendências!
TENDÊNCIA RENOVADORA
O período entre os anos de 1910 e 1940 foram marcantes para a história da humanidade. As grandes potências econômicas europeias (Alemanha, Itália, Inglaterra e França) lutavam para dominar o mundo, seja pelo monopólio de mercados, de matéria-prima, de território ou pelo poder militar. Nesse mesmo período, os Estados Unidos se consolidam como uma potência econômica, acentuando essa luta por supremacia. Foi esse cenário de tensão que motivou as duas Grandes Guerras Mundiais, que transformaram a humanidade nos campos da política, economia e social.
Nesse contexto, a Educação também começa a mudar e a Tendência Renovadora traz a reflexão de que a Educação deveria ser ampliada para todos os indivíduos, com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e equilibrada.
A ideia era dar melhores condições de formação educacional aos homens para que eles pudessem atuar de forma mais efetiva na sociedade.
Como essa tendência chegou ao Brasil?
No Brasil, a Tendência Renovadora começou a surgir entre as décadas de 1920 e 1930, quando o pensamento liberal chega com mais força e encontra as discussões em torno da ideia da Escola Nova. Há uma disputa pelo reconhecimento dos diferentes saberes, mas ainda fazendo distinção entre o que é conhecimento geral e experiência cotidiana.
Vejamos as principais características da Tendência Renovadora:
ESCOLA
Procura adequar os alunos, considerando suas individualidades, às necessidades da sociedade. Essa adaptação integra, na medida do possível, as exigências do meio social aos interesses e às experiências dos alunos.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O professor deve estabelecer uma relação harmônica com os alunos, pois isso contribuirá para que lidere as experiências de aprendizagem.
CONTEÚDOS
São definidos a partir das experiências que os alunos vivenciam na construção da aprendizagem. Valoriza-se mais o processo de apreensão do conhecimento do que o saber acumulado.
MÉTODOS
Estimulam o aprender-fazendo, com atividades de pesquisa e experimentação. As atividades também são elaboradas considerando a etapa de desenvolvimento do aluno.
APRENDIZAGEM
É uma atividade de descoberta. O aluno é estimulado a experimentar o conhecimento.
AVALIAÇÃO
É contínua e busca identificar os êxitos dos alunos durante o processo ensino-aprendizagem.
Observe o que Silva (2014) fala sobre a Tendência Renovadora:
“Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações. É a tomada de consciência, segundo Piaget.”
SILVA, 2014.
Perceba que essa tendência começa a valorizar os interesses do aluno, permitindo que ele manifeste a sua curiosidade e criatividade, cabendo ao professor estimular e facilitar o processo de construção do conhecimento. No entanto, assim como a Tendência Tradicional, a Renovadora sofreu algumas críticas, principalmente na condução da experiência de aprendizagem, pois, por ser uma tendência que valoriza a ação do aluno, os educadores poderiam pensar que não haveria a necessidade de se planejar as situações-problema que o aluno deveria vivenciar, gerando um não-direcionamento das atividades.
Agora, que tal vermos um relato de experiência?
Veja o que o professor Rodrigo Rainha viveu durante uma de suas aulas de história e como ele usou as ideias da Tendência Renovadora para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Enquanto falava sobre a Segunda Guerra Mundial em uma de minhas aulas, percebi que os alunos começaram a dormir, e um deles me falou: "— Professor, não consigo entender por que devo estudar a Segunda Guerra, isso não vai me servir pra nada". Então, notei que eu não estava relacionando o assunto da aula à vida dos alunos. Diante disso, pedi a eles que refletissem sobre como as guerras afetam a vida das pessoas. Em seguida, um aluno descendente de imigrantes relatou como sua família fugiu da guerra. Com isso, os alunos compreenderam como as guerras podem movimentar e mudar a vida de uma sociedade.
Como você pode perceber, nas situações de aprendizagem, é essencial que o aluno consiga perceber a relação do conhecimento a ser aprendido com a sua vida prática. Esse é um desafio, não é mesmo? No entanto, assim como o professor Rainha fez, o primeiro passo para realizar essa contextualização é ouvir o que os alunos têm a dizer.
Atenção
Se olharmos para a história, seremos levados a entender que a educação liberal começou com a Tendência Tradicional e depois evoluiu para a Pedagogia Renovadora. Porém, esse não foi um processo de substituição de uma pela outra, pois ambas possuem a mesma concepção: formam o sujeito para a sociedade.
TENDÊNCIA TECNICISTA
O tecnicismo é fruto da melhoria dos processos industriais e de uma sociedade urbana. Nesse sentido, a sistematização passa a ser central para melhorar os produtos e aumentar a produtividade. Essas concepções, ao chegarem à Educação, trouxeram inegáveis avanços, como a implementação do planejamento para organizar o trabalho docente. Foram concebidas, pela primeira vez, visões de que a Educação deveria ser observada como um sistema dinâmico, uma fábrica, e, para que fosse eficiente, todos os processos envolvidos precisavam ser controlados.
Para entender essa ideia de controle na Educação, observe o peso que a gestão escolar exerce na gestão do ensino:
Vamos conhecer as principais características da Tendência Tecnicista:
ESCOLA
Organiza o ensino, articulando-o ao sistema produtivo. Dessa forma, a escola pode formar os alunos, tornando-os competentes para o mercado de trabalho.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O professor é um técnico responsável por executar o programa educacional e ao aluno cabe reproduzir aquilo que foi instruído a fazer.
CONTEÚDOS
São baseados em leis científicas e organizados de maneira lógica e sequencial. Tudo o que é ensinado precisa ser mensurado.
MÉTODOS
Utilizam técnicas de repetição, cópia, treino e correção para que o aluno possa executar as experiências de aprendizagem de maneira eficiente.
APRENDIZAGEM
O aprendizado se dá quando o aluno é capaz de executar eficientemente aquilo que foi direcionado a fazer. Nesse sentido, a aprendizagem ocorre quando o aluno apresenta comportamentos diferentes daqueles quemanifestava quando iniciou o processo de ensino-aprendizagem.
AVALIAÇÃO
Usa recursos para medir a aprendizagem dos alunos, como provas e testes.
Para a tendência tecnicista, o aluno é o recebedor e é parte da esteira de execução do processo de ensino-aprendizagem.
É claro que essa ênfase na execução do processo de aprendizagem pode gerar um conhecimento fragmentado, pois o aluno foca excessivamente na técnica e deixa de compreender os motivos pelos quais ele executa aquela ação.
Vamos fazer mais uma pausa para complementar o nosso esquema?
Já aprendemos que a escola é influenciada por duas tendências pedagógicas:
Pedagogia Liberal
A Pedagogia Liberal se ramifica
em outras três:
· Tradicional: aprendemos que ela forma o aluno intelectualmente. ✔
· Renovadora: valoriza as experiências de vida dos alunos. ✔
· Tecnicista: prepara o aluno para o mercado de trabalho. 
Pedagogia Progressista
Estamos quase fechando o nosso esquema. Já viu o que falta?
Mas antes de conhecermos a Pedagogia Progressista, vamos ver se entendemos mesmo o que dizem as tendências da Pedagogia Liberal!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Observe atentamente a ilustração a seguir, identificando a ação da professora sobre o pensamento de seus alunos.
Marque a alternativa que indica a qual tendência essa ação está alinhada, que descreve corretamente suas características.
A) Tendência Tradicional: a escola tem como papel formar o sujeito intelectualmente; o aluno recebe os conhecimentos emitidos pelo professor.
B) Tendência Renovadora: a escola propicia experiências para o aluno; o professor é um facilitador da experiência de aprendizagem.
C) Tendência Tradicional Renovadora: o aluno é o sujeito do processo ensino e aprendizagem; o professor é o detentor dos conhecimentos que devem ser transmitidos para o aluno.
D) Tendência Tecnicista: o aluno deve ser formado para atender à demanda do mercado de trabalho; o professor é um técnico que monitora a execução do aluno.
2. O curta animado da Alike faz uma crítica à Tendência Pedagógica Tecnicista.
Com base no que você aprendeu sobre a Tendência Liberal Tecnicista, marque a alternativa que apresenta as características dessa tendência:
A) O aluno deve receber os conhecimentos determinados pelo professor; a metodologia é baseada em aulas expositivas e exercícios de repetição; o professor é quem detém o conhecimento.
B) O aluno é formado para o mercado de trabalho desde a alfabetização; a metodologia é baseada na repetição e na memorização; o professor é pensado como um técnico instrutor e executor.
C) O aluno experimenta o conhecimento; na metodologia, o aluno é incentivado a desenvolver o pensamento criativo; o professor baseia suas aulas na demanda dos alunos.
D) O aluno é visto como o sujeito do processo de ensino-aprendizagem; a metodologia abrange discussões em grupo e pesquisas; o professor é um mediador.
MÓDULO 3
Distinguir as tendências pedagógicas progressistas
PEDAGOGIA PROGRESSISTA
Estamos diante de um novo contexto mundial:
A Guerra Fria está no auge de suas críticas e efeitos.
Na França, estudantes se levantam por uma nova educação.
Nos Estados Unidos, os movimentos civis exigem mudanças e lutam por direitos.
No Brasil, após a empolgação com o governo de Juscelino, passamos para um quadro de crise que leva à ascensão da ditadura civil-militar.
Nesse cenário, grupos que não eram ouvidos até então começaram a se manifestar e lutar por seus direitos, como o direito à Educação. Assim, mulheres, negros e emergentes passaram a anunciar que se sentiam inadequados diante das práticas que eles reconheceram como Velha Pedagogia. A escola, mais uma vez, precisou repensar o fazer docente e reavaliar suas práticas para criar uma nova dinâmica educacional. A Pedagogia Progressista, então, passou a fazer uma análise crítica sobre a Educação, buscando identificar os fatores que interferem diretamente no campo educacional e explicam o sucesso e o fracasso do aluno.
Vista por muitos estudiosos como uma concepção resultante da tendência renovadora, a Pedagogia Progressista defende uma Educação mais integradora, que contemple a realidade social do aluno no processo de ensino-aprendizagem. O seu principal representante é Carl Rogers (1902-1987), que desenvolveu técnicas aplicadas à Educação que estimulavam o desenvolvimento da autonomia do indivíduo.
Como é estabelecida a relação entre o professor e o aluno?
Mantendo sempre o objetivo de valorizar a experiência do aluno e desenvolver a sua autonomia, a Pedagogia Progressista se ramifica em outras três linhas de pensamento:
TENDÊNCIA LIBERTADORA
Essa é uma das linhas mais famosas no Brasil por sua busca de romper com o autoritarismo. De acordo com essa tendência, o homem deve ser libertado de tudo aquilo que lhe impossibilita de exercer todo o seu potencial. Assim, as mulheres não precisam aceitar o machismo; os trabalhadores do campo não devem se submeter à vontade dos grandes proprietários; e os negros não devem aceitar o racismo como algo natural. Para que isso ocorra, é necessário que o homem tome consciência do seu estado atual e das suas possibilidades de mudar a sua realidade.
É nesse processo de conscientização que a Educação começa a exercer o seu papel, trazendo para o contexto escolar, temas sociais e políticos, incluindo no processo ensino-aprendizagem a realidade concreta dos alunos. Assim, autores como Paulo Freire (principal representante dessa tendência) e Dermeval Saviani se empenham em questionar o sistema tradicional de ensino e a função da escola como propagadora das desigualdades sociais.
A principal questão da Educação Libertadora é:
Como construir um projeto de transformação social a partir de uma nova pedagogia?
Um dos caminhos utilizados pela Tendência Libertadora para se alcançar esse objetivo é a problematização da realidade social, na qual o aluno, por meio de discussões, começa a analisar o seu contexto e a identificar necessidades de melhoria da sua realidade.
Vejamos as principais características da Tendência Libertadora:
ESCOLA
Tem o papel de estimular a conscientização da realidade social para transformá-la.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
É construída com base no diálogo, no qual professor e aluno são livres para expressarem as suas contribuições ao processo de ensino-aprendizagem.
CONTEÚDOS
São estabelecidos a partir de temas geradores, que partem da vida prática dos alunos.
MÉTODOS
Possuem como base o diálogo, com o objetivo de garantir a participação do aluno. Para isso, são organizados grupos de discussão.
APRENDIZAGEM
É uma atividade de problematização de uma situação, com o objetivo de tornar o aluno mais crítico.
AVALIAÇÃO
É feita uma avaliação mútua, entre professor e aluno, além de se permitir a auto avaliação.
A professora Maria Ada Cabanas compartilha conosco uma de suas experiências em sala de aula, em que trabalhou a arte como forma de expressão da realidade social. A partir desse relato, podemos perceber como é possível estabelecer um diálogo entre a realidade do aluno e a educação, permitindo que ele seja ativo em seu processo de construção do conhecimento e de transformação do seu contexto social.
TENDÊNCIA LIBERTÁRIA
Após a Segunda Guerra e a Queda do Muro de Berlim, o discurso que se ouvia era de que o mundo estava à beira de um colapso. No entanto, nos anos 1980, finalmente parecia que o fantasma da morte por bombas nucleares tinha chegado ao fim, dando lugar a um ambiente de liberdade representado pelos movimentos hippies e pelo movimento punk-rock.
No Brasil, essa tendência se manifesta nos anos de 1980 nos movimentos pós-regime civil-militar, com o retorno dos exilados e a conquista gradual da liberdade de expressão. Os meios de comunicação em massa e os ambientes acadêmicos, políticos e culturais contribuíram de forma significativa para a expansão desse discurso de liberdade.
Nesse clima, a Tendência Libertária traz a ideia de que, para construir uma sociedade mais livre, a Educação precisa rejeitar todo tipo de repressão. Assim, no processo educacional,somente têm relevância os conteúdos que permitem o seu uso prático. Essa tendência enfatiza, também, a aprendizagem informal, via grupo. Um dos seus principais autores é Maurício Tragtenberg (1929-1998), que defendia que devemos superar os limites da burocracia e criar processos mais livres de construção do conhecimento e de uma sociedade mais horizontal.
Vejamos as principais características da Tendência Libertária:
ESCOLA
Busca construir indivíduos livres e auto gestores.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
O professor está a serviço do aluno, atuando com um conselheiro.
CONTEÚDOS
Resultam das necessidades do aluno e não são impostos.
MÉTODOS
Contemplam a liberdade de expressão e valorizam a vivência em grupo.
APRENDIZAGEM
Enfatiza a aprendizagem informal e coletiva.
AVALIAÇÃO
Não é punitiva e o aluno é estimulado a se autoavaliar.
QUER VER A TENDÊNCIA LIBERTÁRIA REPRESENTADA NA PRÁTICA?
No vídeo a seguir, a professora Flávia Miguel conta como podemos utilizar a Tendência Libertária para trabalhar a representação de uma obra de arte.
Esse exemplo nos mostra uma forma de se trabalhar em sala de aula a liberdade de expressão e a ideia de que não existe certo ou errado, permitindo que alunos se tornem autogestores de sua aprendizagem.
TENDÊNCIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS
Conteúdo
Realidade social
Essa relação é a base da Tendência Crítico-social dos Conteúdos, pois ela prioriza os conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. Nesse sentido, a Educação deve assegurar que todos tenham acesso aos conhecimentos científicos para que possam desenvolver a sua consciência crítica frente à sociedade.
E COMO É A ATUAÇÃO DA ESCOLA?
A escola deve dar ao aluno todos os instrumentos necessários para que ele seja capaz de transformar a sua realidade a partir da reflexão de sua prática social.
Para que o processo de construção da aprendizagem seja eficaz, a Tendência Crítico-social dos Conteúdos faz uso do princípio da aprendizagem significativa, que considera o que o aluno já sabe como ponto de partida para a aquisição do conhecimento. Nesse sentido, a aprendizagem só ocorre quando o aluno é capaz de sintetizar o novo conhecimento, relacionando-o com o que ele já sabe. Esse processo permite que o aluno tenha uma visão mais ampla daquilo que está sendo aprendido.
A seguir, veremos as principais características da Tendência Crítico-social dos Conteúdos:
ESCOLA
É valorizada como local de aquisição dos saberes.
RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO
Professor e aluno são colaboradores e trocam conhecimentos.
CONTEÚDOS
São os conhecimentos universais, acumulados pela sociedade, que são constantemente reavaliados frente às realidades sociais.
MÉTODOS
Devem favorecer a relação dos conteúdos com os interesses dos alunos.
APRENDIZAGEM
Compreende a capacidade do aluno de processar as informações, ligando os conceitos específicos aos mais gerais.
AVALIAÇÃO
Não é um julgamento, mas busca evidenciar o progresso do aluno e a sua aquisição de conhecimentos mais sistematizados.
Vamos conhecer mais um relato de experiência?
O professor Fábio José Paz da Rosa compartilha conosco, a seguir, uma de suas experiências em sala de aula em que desenvolve as bases da Tendência Crítico-social dos Conteúdos.
Sou professor de Sociologia e, na escola, preciso trabalhar com os alunos temas como o racismo. Para isso, uso o cinema negro, pois considero que é uma excelente forma de permitir que os alunos tenham contato com novas estéticas, produzidas e pensadas por negros. Essa estratégia também permite que os alunos negros se reconheçam nas imagens apresentadas. Com essa abordagem, a partir do conteúdo visto, convido os alunos a refletirem sobre o racismo e suas implicações na sociedade em que vivem.
A experiência do professor nos mostra uma estratégia de relação dos conteúdos com a realidade social. Nessa estratégia, os alunos são estimulados a interpretar a sua realidade com base nos conteúdos aprendidos e a criar possibilidades de intervir em seu meio para transformá-lo. Essa é a ideia central da Tendência Crítico-social dos Conteúdos: desenvolver sujeitos que se tornem cada vez mais ativos na sociedade a partir da aquisição de conhecimentos e da reflexão sobre os contextos sociais.
A pausa agora é para finalizarmos o nosso esquema. Vamos lá!
Já aprendemos que a escola é influenciada por duas tendências pedagógicas:
Pedagogia Liberal
A Pedagogia Liberal se ramifica
em outras três:
Tradicional: aprendemos que ela forma o aluno intelectualmente. ✔
Renovadora: valoriza as experiências de vida dos alunos. ✔
Tecnicista: prepara o aluno para o mercado de trabalho. ✔
Pedagogia Progressista
Também se ramifica em
outras três linhas:
Libertadora: problematiza a realidade social ✔
Libertária: rejeita toda forma de opressão. ✔
Crítico-social dos Conteúdos: reavalia os conteúdos universais frente à realidade dos alunos. ✔
Pronto, agora o nosso esquema está finalizado!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. No famoso livro Pedagogia do Oprimido (2017, p. 96), Paulo Freire diz que:
“Ninguém educa ninguém, como também ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Neste fragmento, podemos perceber a opinião do autor, que apresenta a Educação como algo intrinsicamente social, que se dá na relação entre as pessoas. Desse modo, qual é a tendência pedagógica que abarca o trabalho de Freire?
A) Tendência Libertadora, que considera o professor como detentor do conhecimento que será transmitido ao aluno.
B) Tendência Libertadora, cuja ênfase se dá nas relações interpessoais.
C) Tendência Libertária, na qual o professor administra o ensino-aprendizagem e o aluno responde a tal planejamento.
D) Tendência Crítico-social dos Conteúdos, em que o professor não deve dirigir o aluno no que tange às atividades.
As ideias de Paulo Freire se voltam para a compreensão da Educação como ferramenta de mudança do mundo, pois, ao oferecer autoria ao aluno no processo de sua aprendizagem, permite que perceba as desigualdades sociais e possa confrontar esta realidade se assim o desejar. As relações interpessoais ganham destaque à medida que favorecem o reconhecimento do outro como sujeito, também participante da mesma realidade social.
2. Relacione as Tendências Progressistas com as práticas educativas.
1. Tendência Libertadora
2. Tendência Libertária
3. Tendência Critico-social dos Conteúdos
( ) Propõe como método a dialogicidade: trabalho em grupo de discussão e conscientização.
( ) Propõe o método participativo e fundamentado no saber universal: vínculo entre teoria e prática.
( ) Há interação diretiva: troca entre professores e alunos. O professor é mediador.
( ) O conteúdo emerge dos interesses dos alunos e não é pré-determinado.
( ) Tem um caráter político, incorporando a realidade vivencial do aluno ao ensino.
A) 3 – 2 – 1 – 1 – 2
B) 2 – 3 – 2 – 1 – 1
C) 1 – 1 – 3 – 3 – 2
D) 1 – 3 – 3 – 2 – 1
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos neste tema, no campo educacional, encontramos diferentes discussões sobre tendências pedagógicas que, em comum, têm dirigido suas atenções em busca do melhor papel da escola e da sociedade no processo de ensino e aprendizagem.
 Tema 3
DESCRIÇÃO
A abordagem do professor precisa se adaptar às exigências e às dinâmicas dos ambientes em que ele atua. Neste tema, ele será convidado a pensar sua prática em sala de aula e suas influências sobre o trabalho como docente.
PROPÓSITO
Este tema tem como propósito instrumentalizar os futuros docentes para que eles percebam o papel do professor, o modo como as instituições de ensino escolhem determinadas abordagens didáticas e como eles podem se adaptar a essas realidades.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever as teorias da aprendizagem
Módulo 2
Identificar o processo da abordagem didática na prática docente
Módulo 3
Definir a elaboração de um plano de aula na perspectiva das teorias da aprendizagem
MÓDULO 1
Descrever as teorias da aprendizagem
INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos nosso estudo, vamos conversar com Rubem Alves sobre a Escola da Ponte.
A Escola da Ponte é umbom exemplo de instituição com uma nova visão de ensino e metodologia. Sua característica é levar em consideração a promoção da autonomia e da liberdade dos estudantes, pensando-os como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.
Como podemos perceber, a visão de ensino semelhante a uma linha de montagem – na qual professor e aluno desempenham apenas um papel, tendo o mesmo tempo e a mesma forma de aprender – está sendo repensada; por conta disso, novas abordagens didáticas na área têm sido estudadas.
Com as mudanças nesses paradigmas da educação, o estudo das abordagens didáticas passa a analisar como a prática docente – compreendida pela dinâmica de ensino-aprendizagem – pode ser executada de maneira mais eficiente.
Para obter essa eficiência, no entanto, não existe uma única linha de abordagem. A maneira como os educandos aprendem é um assunto amplamente debatido, influenciando tais abordagens. Para compreendermos essas linhas, seguiremos os passos de um professor que se depara com o desafio de escolher um caminho para tornar a sua atuação mais eficiente.
Desse modo, como primeiro passo, serão apresentadas as principais teorias da aprendizagem: elas são muito utilizadas e conhecidas no campo da Educação, pois este espaço mostra-se necessariamente complexo, com um conjunto de teorias que sustenta o processo de ensino e de aprendizagem. Podemos, assim, dizer que o professor precisa conhecer as teorias que vão subsidiar sua abordagem didática.
Conhecer as principais teorias da aprendizagem deve representar um constante exercício de estudos, possibilitando que os professores se aprofundem e escolham aquelas com as quais mais se identifiquem. Portanto, estamos falando de escolhas.
Essas escolhas têm se tornado cada vez mais difíceis quando levamos em consideração o mundo contemporâneo com os inúmeros desafios à vida cotidiana e ao exercício da docência. Afinal, tais mudanças têm impactado fortemente a prática do professor em sala de aula nos dias de hoje.
Neste momento, você deve estar se perguntando:
Como construir uma prática pedagógica competente para atuar na docência?
Como ajustar a prática pedagógica para alinhá-la a essas mudanças?
Essas (e outras) questões fazem parte da profissão docente, embora seu raio de influência dependa da prática desenvolvida por cada professor. Tais perguntas sempre lhe acompanharão em sua atividade profissional.
O foco sobre as teorias da aprendizagem se concentra em sua perspectiva de desenvolvimento, considerada por muitos como uma das mais emblemáticas do século passado por meio da intensa relação com a Psicologia da Educação. Vamos ver a seguir alguns de seus conceitos.
ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA OU BEHAVIORISMO
Nossos estudos sobre as teorias da aprendizagem começam com o destaque a uma das correntes teóricas mais importantes da área: o behaviorismo. Originada em estudos feitos no campo da Psicologia, esta corrente de pensamento compreende e define o comportamento humano como o resultado de influências sociais. Segundo a teoria behaviorista, o sujeito pode ser moldado de acordo com estímulos e respostas.
Podemos destacar John B. Watson como o principal criador dessa teoria e, logo em seguida, outros estudiosos também se juntaram ao behaviorismo, como Ivan Pavlov e B.F. Skinner .
Assim, podemos entender que o behaviorismo é parte de um sistema educacional tradicional, pois está amparado em estímulos, respostas e reforços. Talvez você ainda esteja se perguntando:
Mas ainda resta uma dúvida: quando uma criança recebe uma nota “baixa” na escola, o que é reforçado com isso?
Se já recebeu nota baixa alguma vez na vida, isso certamente reforçou alguma ideia em você. É isso que o behaviorismo analisa.
À medida que somos elogiados, o nosso comportamento muda.
Nesta abordagem, o principal instrumento da modelagem é o reforço. Este pode ser entendido como qualquer ocorrência que aumente a intensidade de um determinado comportamento. Pode ser positivo (recompensa) ou negativo (remoção de algo adverso).
Nessa perspectiva, a educação está fortemente ligada à transmissão cultural, devendo imprimir no sujeito conhecimentos e padrões de comportamentos éticos e sociais, além de competências consideradas fundamentais para o controle do ambiente e da realidade. O processo de ensino-aprendizagem é uma mudança comportamental do sujeito resultante das práticas vividas e reforçadas pelo professor. Por isso:
· O ambiente de aprendizagem deve ser previamente planejado pelo professor.
· A metodologia do ensino precisa aplicar o processo do reforço na relação professor-aluno.
· O docente estabelece a proposta de aprendizagem a partir da estruturação dos elementos.
· Tais elementos proporcionam experiências curriculares para a consecução dos objetivos previamente propostos.
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Você conhece o teste dos macacos?
Em um experimento, foram colocados eletrodos na cabeça de dez macacos e um cacho de bananas no alto de uma estante. Cada vez que um deles tentava subir e pegar uma fruta, os outros tomavam um choque. Após um tempo – primeiramente, em ações individuais; depois, coletivamente –, os demais passaram a punir aquele que subia. A partir daí, uma patrulha foi estabelecida: mesmo com fome, os macacos não subiam mais para pegar a banana.
Em determinado momento, todos os eletrodos foram tirados, mas o comportamento deles não mudou. Qualquer macaco que tentasse subir para comer uma banana era evitado e apanhava dos outros. Em seguida, pouco a pouco, os animais foram sendo substituídos; ainda assim, mesmo com todos eles trocados, a regra ainda valia.
ABORDAGEM COGNITIVISTA
Nesta abordagem, o conhecimento é considerado uma construção contínua do sujeito no meio em que transita. O cognitivismo realça aquilo que é ignorado pela abordagem comportamentalista: o ato de conhecer. O interesse da teoria cognitivista é saber como o ser humano conhece o mundo, investigando a percepção, o processamento de informação e a compreensão dele.
Vamos entender como a teoria cognitivista funciona:
1
Ela ajuda o sujeito a compreender e atribuir significado para sua realidade.
2
Dessa forma, esta teoria tem como foco específico a compreensão de como o sujeito guarda e organiza os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso escolar.
3
Sua ênfase está no papel humano frente ao processo de construção do conhecimento, pois ela se concentra no desenvolvimento da personalidade do sujeito e na sua capacidade de atuar de forma integrada.
4
A figura do professor não é a de um transmissor do conhecimento, mas o de um facilitador da aprendizagem.
5
O conteúdo, por sua vez, é proveniente de experiências próprias realizadas pelo estudante na sala de aula. Elas são orientadas pelo professor, que atua como um articulador entre o conhecimento e o aluno. O docente, portanto, possibilita a criação de condições para que os discentes aprendam.
O cognitivismo não concebe modelos prontos de mundo, aluno ou sala de aula. Tudo está em um contínuo processo de vir a ser, pois seu objetivo didático é a autorrealização e o uso pleno das potencialidades do sujeito. Desse modo, de acordo com a abordagem cognitivista, o mundo e o homem não estão prontos e acabados (como ocorre no behaviorismo).
A educação centra-se no aluno. Devem emanar dele os motivos para a aprendizagem, pois a sua finalidade é a criação de condições que facilitem o aprendizado integral do sujeito. Por isso, a autodescoberta e a autodeterminação constituem atributos da abordagem cognitivista.
A abordagem cognitivista leva em consideração o cotidiano, a vivência, a realidade e as experiências do aluno. No entanto, muitas vezes, é difícil estabelecer a relação entre a teoria ensinada e a prática.
Veja o vídeo “Um rio que passou em minha vida” e descubra como o cotidiano dos alunos pode ser utilizado como prática pedagógica.
O processo de ensino cognitivista ocorre a partir de uma metodologia criada pelo professor na qual a aprendizagem do aluno se desenvolve em um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Notemos que várias correntes e diversosrepresentantes desta teoria podem ser agrupados da seguinte maneira:
Cognitivista
Construtivista
Investiga como são construídas pelo sujeito as estruturas cognitivas para a elaboração do conhecimento. Também se ocupa dos processos do pensamento humano desde a infância.
Sociointeracionista
Preocupa-se com a importância da experiência e da cultura do meio para o processo de construção de conhecimento e de constituição do indivíduo.
Significativa
Realça a importância do significado na aprendizagem e investiga o processo cognitivo a partir do entendimento de que a nova informação se relaciona com várias outras já conhecidas pelo sujeito e presentes na estrutura cognitiva.
Segundo as teorias cognitivistas, o processo do conhecimento é construído pela relação entre sujeito e sujeito ou sujeito e objeto, ou seja, cada sujeito constrói o seu conhecimento a partir do contato com o meio e da relação que ele faz.
O sujeito constrói o seu conhecimento não a partir de uma estrutura fixa, mas sempre em uma relação de troca. Por isso, tais teorias designam a existência de uma variedade de elementos responsável por possibilitar o aprendizado.
Vamos conhecê-las mais profundamente a partir de agora.
Teoria cognitivista construtivista
O Construtivismo é uma linha de pensamento que gerou um grande impacto na Pedagogia, principalmente pelas ideias de Jean Piaget.
Sua principal indagação diz respeito à forma como o sujeito conhece o mundo. Uma das principais preocupações de Piaget era compreender como e quais são os mecanismos utilizados pelo homem para o conhecer e se adaptar a ele.
Saiba mais
Para Piaget, as interações sociais são muito importantes, pois elas transmitem as informações características do meio e contribuem, de uma maneira ativa, para a assimilação do conhecimento pelo sujeito.
Cada informação do meio social é processada na mente do sujeito a partir dos elementos que lhe são oferecidos. Assim, cada um reestrutura de maneira única esse conhecimento e o integra ao corpo de um saber já construído. Dessa maneira, Piaget avalia o contato social como o principal meio de aprendizado.
Para Jean Piaget, a interação social não está relacionada apenas a uma transferência verbal, e sim ao uso do pensamento e da cooperação.
Interação
Ao interagir com pessoas e objetos, há o progresso do pensamento do sujeito e, consequentemente, de sua ação.
Cooperação
Neste processo interacional, o sujeito entende que sua ação deve contribuir para a cooperação do grupo, desenvolvendo, com isso, uma vida afetiva.
Essa afirmação propicia a compreensão de que a abordagem construtivista estabelece diferenças entre ensino e aprendizagem. Afinal, o que cada estudante aprende não constitui exatamente aquilo que o docente explica em sala de aula, tampouco o que era planejado previamente por ele. 
 A aprendizagem, portanto, depende diretamente de conhecimentos anteriores àqueles evocados por nossas experiências.
Então, talvez apareça a seguinte questão:
Se cada um deles aprende e percebe o mundo de uma maneira diferente, como alcançar todos os alunos?
O professor precisa estabelecer situações que desestabilizem os conhecimentos anteriores de seus alunos. No entanto, é fundamental haver a compreensão de que isso, concomitantemente, requer a presença de:
Situações-problema
O professor deve propor situações-problema que os instiguem a investigar, discutir, refletir, levantar questões e formular hipóteses.
Motivação
É necessário estar motivado para fazer um esforço cognitivo a fim de alcançar um novo conhecimento; por isso, é importante motivar constantemente os alunos a prosseguirem, não desistindo dele.
Postura ativa
O professor deve instigar o aluno a adotar uma postura ativa em seu processo de construção do conhecimento.
Planejamento
O planejamento didático tem de ser abrangente para atingir todos os alunos em suas diversidades, integrando-os.
Teoria cognitivista sociointeracionista
Lev Vygotsky é seu maior representante. Para este autor, a mediação é um fato fundamental para o processo cognitivo do sujeito, sendo realizada por meio da relação interpessoal e dos sistemas de signos(linguagem, escrita, símbolos e objetos).
A linguagem é um instrumento de mediação da aprendizagem para criar situações concretas de produção, reflexão, colaboração e construção de conhecimento. Ela abandona, dessa forma, o esquema linear de reprodução ou consumo.
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A teoria sociointeracionista impeliu os docentes a uma reflexão sobre a prática pedagógica devido aos apontamentos feitos por Vygotsky sobre as relações existentes entre a aprendizagem, o desenvolvimento e a interação nos processos educativos.
Podemos reconhecer a interação entre os alunos como uma estratégia pedagógica. Para que haja um conhecimento, o sujeito deve ser entendido como um ser social que constrói sua individualidade a partir das interações mediadas pela cultura. Dessa maneira, a relação que a pessoa estabelece com o meio social é condição fundamental para ela se constituir como indivíduo.
Teoria cognitivista significativa
Os estudos sobre esta teoria têm como base o autor David Paul Ausubel, responsável pela elaboração do conceito de aprendizagem significativa. Na abordagem cognitiva, ele observa o que ocorre dentro da mente humana durante a construção do conhecimento.
Para Ausubel, a estrutura cognitiva refere-se ao conteúdo total das informações, aos fatos, aos conceitos e aos princípios organizados pela pessoa. A aprendizagem é vista como o processo em que o novo conteúdo se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente. Dessa maneira, o professor precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social para que o aluno perceba o significado do que aprende.
Saiba mais
As ideias de Ausubel também se caracterizam por uma reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino em vez de tentar somente generalizar e transferir-lhes conceitos ou princípios explicativos extraídos de outras situações ou contextos de aprendizagem.
Para haver aprendizagem significativa, são necessárias duas condições:
PRIMEIRA CONDIÇÃO
O aluno precisa ter uma disposição para aprender. Se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, a aprendizagem será mecânica.
SEGUNDA CONDIÇÃO
O conteúdo escolar a ser aprendido deve ser potencialmente significativo, ou seja, ele precisa se mostrar lógica e psicologicamente significativo.
O significado lógico depende somente da natureza do conteúdo; o psicológico, por sua vez, significa a experiência de cada indivíduo. Todo aprendiz faz uma filtragem própria do significado dos conteúdos.
Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os indivíduos apresentam uma organização cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que eles estabelecem entre si que do número de conceitos presentes.
Essas relações têm um caráter hierárquico; dessa forma, a estrutura cognitiva é compreendida fundamentalmente como uma rede de conceitos organizados hierarquicamente de acordo com o grau de abstração e de generalização.
Agora que você já foi apresentado às teorias contempladas na abordagem cognitivista, demonstraremos como elas influenciam na atuação do professor e na sua prática em espaços escolares.
Assista a este vídeo para entender como a abordagem cognitivista e as suas teorias podem ser inseridas no ambiente escolar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A abordagem cognitivista se baseia nas teorias de Piaget, Vygotsky e Ausebel, cujos elementos comuns acerca da aprendizagem podem contribuir efetivamente para uma prática docente mais eficiente.
Das opções abaixo, pode ser identificada como um elemento comum:
A) A aprendizagem se dá a partir de experiências próprias realizadas pelo estudante na sala de aula e orientadas pelo professor, que atua como articulador entre o conhecimento e o aluno.
B) Preocupa-se com a aprendizagem do indivíduo desde a infância: dando especial ênfase a este período,investiga como são construídas as estruturas cognitivas do sujeito para a elaboração do seu conhecimento.
C) O conhecimento se dá na relação do indivíduo com a cultura e a sociedade de forma independente: o processo de aprendizagem só é possível na troca entre os sujeitos e seus pares.
E) Para que haja aprendizagem significativa, o professor precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social de modo que o aluno perceba o significado do que aprende.
2. A importância das abordagens didáticas está no fato de elas oferecerem à prática docente uma possibilidade mais eficiente de ação no processo de ensino e aprendizagem. Por não haver uma única linha de abordagem, é fundamental compreender as características que marcam cada uma a fim de identificar quais se adequam mais à realidade em que se dá a educação.
Sobre as características dessas abordagens, podemos afirmar:
I – O conhecimento é compreendido como um processo de: percepção, processamento de informação e compreensão.
II – O docente é gerador de condições para que os alunos aprendam.
III – O aluno, como qualquer sujeito, é constituído como resultado das influências sociais do meio em que vive.
IV – A aprendizagem é o conjunto de comportamentos padronizados e objetivos anteriormente fixados.
Das características acima:
A) Somente a I pertence à abordagem cognitivista.
B) I e II fazem parte da abordagem cognitivista.
C) III e IV pertencem à abordagem comportamental.
D) Somente a III compõe a abordagem comportamental.
MÓDULO 2
Identificar o processo da abordagem didática na prática docente
No módulo anterior, buscamos perceber como os sujeitos aprendem e como esse aprendizado pode ser visto de formas diferentes. Diante desse desafio, passamos a refletir sobre o professor e seu papel na construção dessa abordagem didática. 
Dessa maneira, cabe ao professor acompanhar o processo de ensino-aprendizagem ao fomentar novas descobertas, possibilitar a ampliação desses conhecimentos e adaptar as suas práticas de acordo com a turma.
Quanto à investigação de seus processos na prática docente, talvez você esteja com os seguintes questionamentos:
Afinal, o que seria a didática? Por que professores precisam dela?
A didática serve para indicar os processos de ensino-aprendizagem. Com eles, você vai poder pensar tecnicamente e acompanhar a evolução dos alunos.
Não basta, porém, compreender um conteúdo do ponto de vista técnico. O processo de compreensão é do aluno, e não do professor, pois será o estudante que vai descobrir os seus caminhos e construir as pontes necessárias para seu desenvolvimento. Ser didático, além de se preparar, é estar disposto a compreender que seu aluno precisa de acompanhamento no processo de aprendizado.
A didática não deve ser entendida como uma prática, mas como um processo no qual cada aluno desenvolve seus aspectos cognitivos. O professor, por sua vez, acompanha esse processo e fomenta novas descobertas, possibilitando a ampliação desses conhecimentos.
Todo aquele que se coloca na condição de educando espera que quem o conduzirá esteja preparado. Independentemente de nosso tempo de convivência, nós, enquanto professores, devemos estar dispostos e sermos capaz de acompanhá-lo para provocar e permitir processos de aprendizagem, cada um com seu ritmo e dentro de suas necessidades. Desse modo, atuar didaticamente é:
Preparar-se para estabelecer a ação pedagógica.
Perceber o desenvolvimento do sujeito conforme se desenvolve a educação.
Ter o aprendizado como foco do resultado, mesmo entendendo que nem sempre ele ocorrerá da forma esperada e planejada.
O uso da didática, aliás, possui uma funcionalidade muito mais ampla: fundamental para todo sujeito no ato de educar, ela impacta diretamente o processo de ensino-aprendizagem.
CONCEITUANDO A DIDÁTICA
A didática deve ser entendida como uma ferramenta pedagógica que impulsiona o professor a refletir sobre as formas de abordagem do conhecimento, das metodologias, da necessidade de planejamento e de tudo que envolve o processo de ensino-aprendizagem. Como não se limita à técnica, ela se dedica ao estudo do processo de ensino-aprendizagem, oferecendo uma reflexão constante que orienta as abordagens didáticas a fim de fortalecer tal processo.
A abordagem didática deve ser entendida como um “fazer reflexivo” que leva o professor a ampliar sua visão sobre as formas de ensinar e de aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à sua prática.
Ela provoca reflexões sobre a forma de atuação dela no processo de aprendizagem dos alunos e a maneira de melhorar sua prática a partir do seu cotidiano.
A abordagem didática também ultrapassa a dimensão técnica, pois exige compromisso do mestre com o aprendiz, fazendo com que o professor adote uma postura reflexiva, na qual a construção de conhecimentos ganha nova dimensão, provocando a entrada de aprendizagens significativas que façam sentido para o público a que se destina.
O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer campo com demanda educativa (instituições públicas, privadas ou do terceiro setor), pois ela auxilia na construção de cenários de ambientação para que a aprendizagem aconteça e se consolide.
Na abordagem didática, o professor deve:
Dar sentido ao que é apresentado
Podemos dizer que ela é a proposta de reflexão sobre a prática. O professor utiliza variadas teorias da aprendizagem para observar o andamento do processo de ensino.
Ter o cuidado de buscar novos caminhos
O professor deve desenvolver e adaptar métodos e técnicas que possam ser utilizados na construção de determinados conhecimentos, sabendo contextualizá-los a cada realidade e respeitando os procedimentos mentais desenvolvidos nessa construção.
Quem é didático, atua como um mediador que considera e respeita a cultura e a história do seu aluno, associando, a partir dessas singularidades, os saberes da vida aos que precisam ser construídos. Portanto, no universo da abordagem didática, diversas teorias podem ser utilizadas para a obtenção da melhor proposta com o objetivo de atender à necessidade dos alunos. Ou seja, você precisa compreender que todo professor tem uma abordagem didática para pensar, fazer sua aula e instruir seu aluno.
ABORDAGEM DIDÁTICA PARA AS FUTURAS GERAÇÕES
Você sabia que a nossa sociedade passa por grandes transformações e que cada geração é classificada de uma maneira diferente? Para a reflexão apropriada de uma abordagem didática atual, o professor deve ter algum conhecimento sobre as gerações e seus processos históricos.
Pensar a abordagem didática atualmente é compreendê-la de uma forma diferente, pois é preciso considerar os avanços tecnológicos, a popularização da internet e a mistura geracional.
Saber as diferenças entre as gerações é importante para entendermos quem somos e quem são os nossos alunos.
Como você pôde observar, cada uma dessas gerações (X, Y, Z e Alpha) apresenta características diferentes. A definição de uma abordagem didática que não leve em conta tais elementos pode interferir profundamente no processo de ensino e aprendizagem. As diferenças geracionais direcionam a construção do seu processo docente, mas sem haver a criação de uma “camisa de força”. Portanto, sempre deve existir espaço para a criatividade.
Precisamos, enquanto professores, reconhecer as diferenças geracionais e nos comportar como um orientador de caminhos. Nosso objetivo é propor desafios e, principalmente, direcionar os alunos para o trabalho cooperativo e colaborativo mediante a potencialização do diálogo, da troca de conhecimentos e da produção coletiva dos discentes.
Atualmente, o professor na sala de aula da educação básica trabalha principalmente com crianças das gerações Z e Alpha. Dessa forma, ele terá de repensar sua prática pedagógica e seus caminhos didáticos, pois precisará lidar com perfis geracionais diferentes do seu.
Essas medidas são importantes. Nossos alunos têm um perfil geracional diferente, já que cresceram utilizando ambientes colaborativos, como Instagram, Facebook, Pinterest

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