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2SLSA04 - Gestão da Vigilância Social (1)

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PONTA GROSSA - PARANÁ
2014
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Gestão da 
Vigilância Social
Cristiane Gonçalves de Souza
CRÉDITOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220 3163
www.nutead.org
2014
Governo do Estado do Paraná
Carlos Alberto Richa
Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia
João Carlos Gomes
Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento
Fernanda Bernardi Vieira Richa
Secretaria de Estado da Administração e da Previdência
Dinorah Botto Portugal Nogara
Reitores
Prof. Dr. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas – UEPG
Prof. Drª Nádina Aparecida Moreno – UEL 
Prof. Dr. Júlio Santiago Prates Filho – UEM 
Prof. Dr. Aldo Nelson Bona – UNICENTRO
Coordenação Pedagógica
Prof. Drª Solange de Moraes Barros – UEPG
Prof. Ms. Liza Holzmann – UEPG
Prof. Drª. Lenir Mainardes da Silva – UEPG
Prof. Dr ª. Rosiléa Clara Werner – UEPG
Prof. Ms. Adnilson José da Silva – UNICENTRO
Prof. Drª. Vera Suguihiro – UEL
Prof. Drª. Celene Tonella – UEM 
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância 
Prof. Drª. Leide Mara Schmidt 
Prof. Ms. Cleide Aparecida Faria Rodrigues
Nosso cotidiano está repleto de avanços tecnológicos, diferentes 
expressões culturais e mudanças sociais. Apesar de tantas novidades, 
nossa sociedade ainda convive com problemas básicos na área da saúde, 
da educação, assistência social, direitos humanos e tantas outras áreas. 
Por certo, de diferentes maneiras, os problemas vividos e noticiados tem 
estreita relação com a área da gestão pública.
Diferentes explicações são dadas para o enfrentamento da questão 
social. Pensar e buscar alternativas às demandas sociais é uma tarefa dos 
gestores e funcionários públicos do Estado do Paraná. Assim foi criado 
o Curso de Especialização em Gestão Pública com ênfase em: Sistema 
Único da Assistência Social, Sistema Único da Saúde, Direitos Humanos e 
Cidadania, Gestão Escolar e Planejamento e Avaliação de Políticas Públicas 
oferecendo quinhentas e sessenta vagas aos servidores públicos das 
diversas secretarias envolvidas, e ainda duzentas e sete vagas a residentes 
técnicos com ênfase no Sistema Único da Assistência Social.
O curso tem por objetivo habilitar profissionais já inseridos na área 
pública e egressos de diferentes áreas para atuarem em órgãos e empresas 
públicas, na prestação de serviços profissionais ou que pretendem trabalhar 
em projetos, convênios e serviços, no âmbito da administração pública.
Um projeto construído a muitas mãos, coordenado pela Universidade 
Estadual de Ponta Grossa - UEPG, em parceria com a Universidade 
Estadual de Maringá – UEM, Universidade Estadual de Londrina - UEL, 
Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO, Secretaria da 
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI, Secretaria de Estado da 
Família e Desenvolvimento Social – SEDS e Secretaria da Administração e 
da Previdência – Escola de Governo.
Nosso desafio é colaborar na qualificação de gestores públicos para 
o Estado do Paraná, melhorando o planejamento, a execução e a avaliação 
das políticas públicas. 
Bom Estudo!
Prof.ª Drª Lenir Mainardes da Silva (coord.da residência)
Prof.ª MS. Liza Holzmann (coord.de tutoria)
Prof. Drª. Solange de Moraes Barros (coord.pedagógica)
PREFÁCIO
 Souza, Cristiane Gonçalves de
 S729 Gestão da vigilância social / Cristiane Gonçalves de Souza. 
 Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD, 2014. 
 127 p. 
 
 Curso de Especialização em Gestão Pública : Sistema único de Assistên 
 cia Social.
 
 1. Vigilância socioassistencial. I. T. 
 
 
 CDD : 361.3 
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG
SUMÁRIO
 ■ PALAVRAS DA PROFESSORA 7
BASES CONCEITUAIS E MARCO NORMATIVO 
DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 11
 ■ SEÇÃO 1 - Concepção e objetivos da Vigilância Socioassistencial 13
 ■ SEÇÃO 2 - Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial 22
 2.1 Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades 23
 2.2 Eixo Vigilância dos Padrões de Serviços 30
 ■ SEÇÃO 3 - Marco normativo da Vigilância Socioassistencial 35
 3.1 Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS 35
 3.2 Política Nacional de Assistência Social - PNAS 2004 37
 3.3 Norma Operacional Básica do SUAS - NON/SUAS 2012 38
PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS NO ÂMBITO 
DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 51
 ■ SEÇÃO 1 - Atividades realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial 53
 1.1 Organização, estruturação e padronização de informações 55
 1.2 Gerenciamento e consulta de sistemas de informações 58
 1.3 Elaboração de diagnósticos e estudos 58
 1.4 Monitoramento e avaliação 63
 1.5 Notificações de Violências e Violações de Direitos 67
 ■ SEÇÃO 2 - Planejamento e organização de ações da Busca Ativa 69
 2.1 Busca Ativa no contexto do SUAS 69
FERRAMENTAS PARA A VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 79
 ■ SEÇÃO 1 - Ferramentas para a Vigilância Socioassistencial 81
 1.1 Cadastro Nacional do SUAS - CadSUAS 82
 1.2 Censo SUAS 83
 1.3 Registro Mensal de Atendimentos - RMA 85
 1.4 Prontuário SUAS 87
 1.5 CadÚnico e CECAD 89
 1.6 Sistema de Identificação de Domicílios em Vulnerabilidade - IDV 90
 1.7 Matriz de informações sociais e Relatórios de Informações 
 Sociais (MI-SAGI e RI-SAGI) 91
 1.8 SUASWEB - Informações do confinanciamento federal 93
 1.9 Outras ferramentas de informações 94
ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE VIGILÂNCIA 
SOCIOASSISTENCIAL NO CAMPO DA GESTÃO 97
 ■ SEÇÃO 1 - Orientações e recomendações para organizar a área 
 de Vigilância Socioassistencial no campo da Gestão 99
 1.1 Equipe e habilidades técnicas 101
 1.2 Contratação de serviços técnicos especializados 104
 1.3 Infraestrutura e equipamentos 105
 1.4 Recursos financeiros para estruturar a área: utilizando o IGD-SUAS 106
 ■ PALAVRAS FINAIS 113
 ■ REFERÊNCIAS 115
 ■ ANEXOS 119
 ■ NOTAS SOBRE A AUTORA 127
 
PALAVRAS DA PROFESSORA
A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do (s) 
respectivo (s) autor (es). O leitor se compromete a utilizar o conteúdo 
desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e 
distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação 
desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita 
com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou 
com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com 
sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem 
prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie.
Caro Estudante.
No Brasil, a Assistência Social juntamente com a Saúde e a 
Previdência Social compõem o sistema de Seguridade Social. As três 
políticas articuladas têm como finalidade garantir direitos na perspectiva 
de contribuir para que os cidadãos tenham a possibilidade de terem 
garantidas melhores condições de vida. 
O fato que forneceu as bases para que a Assistência Social 
deixasse de ser tratada e interpretada como caridade foi o momento da 
Constituinte em 1988, onde a mesma ganha status de Política Social 
Pública, a partir desse momento, “há uma virada paradigmática instituída 
com a Constituição Federal de 1988, no que tange à normatividade da 
assistência social como direito” (GONÇALVES, 2010, p. 69) a assistência 
deixa de ser considerada ação pontual caritativa e ato da bondade alheia 
para se constituir enquanto política social cujo pressuposto é o direito.
O art. 203 da Constituição Federal de 1988 estabelece que a 
assistência social enquanto política deveria ser assegurada a todos que 
por ventura viessem a necessitar e isso independente de contribuição ao 
sistema de seguridade social, afirmando o caráter universal da política. O 
texto segueexpondo os objetivos da assistência social onde fica explícito 
que as ações socioassistenciais deveriam promover a proteção à família 
e todos os seus membros, garantindo inclusive um salário mínimo de 
benefício mensal ao idoso ou portador de deficiência cuja família não 
possuir meios de prover sua manutenção. (CRESS, 2007).
A Constituição Federal também abriu caminho para a instituição 
da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS em 1993. A LOAS 
regulamentou a assistência social como sendo direito do cidadão e dever 
do Estado e reafirmou a Assistência Social como política pública.
As normativas expostas (Constituição Federal de 1988 e LOAS de 1993) 
prepararam o terreno para a instituição da Política Nacional de Assistência 
Social – PNAS em 2004 e também do SUAS, haja vista que, a partir das 
diretrizes da Constituição Federal de 1988 e da LOAS, foram reorganizadas 
as ações de Assistência Social seguindo os preceitos da: descentralização 
político-administrativa, participação, primazia da responsabilidade do 
Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de 
governo e centralidade na família para concepção e implementação dos 
benefícios, serviços, programas e projetos. (BRASIL, 2005).
Mediante a instituição da PNAS em 2004, as ações a serem realizadas 
no âmbito da assistência social são concebidas como sendo responsáveis 
por três funções: Proteção Social, Vigilância Socioassistencial e Defesa 
de Direitos. 
A Proteção Social está dividida em proteção social básica e proteção 
social especial de média e alta complexidade. 
A Vigilância Socioassistencial é uma área vinculada à Gestão do 
SUAS, responsável por: produzir, sistematizar e analisar as informações 
territorializadas, informações que correspondam às situações de risco e 
vulnerabilidade que incidem sobre famílias e indivíduos, assim como, de 
informações relativas ao tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços 
ofertados pela rede Socioassistencial.
Através da Vigilância Socioassistencial o gestor tem condições de 
adquirir conhecimento a respeito da realidade de seu município, isso 
contribui para um melhor planejamento das ações de assistência social. 
Quanto à defesa de direitos, o texto da PNAS 2004 estabelece que 
tanto a proteção social básica como a proteção social especial devem estar 
organizadas com vistas a garantir aos usuários o acesso ao conhecimento 
dos direitos socioassistenciais e sua defesa.
Dessa forma, o objetivo desta disciplina consiste em contribuir para 
que o aluno se familiarize com os conceitos que envolvem a Vigilância 
Socioassistencial e adquira conhecimentos com vistas a contribuir para 
seu aprimoramento profissional. 
Nesta disciplina, o aluno irá perceber que cabe à Vigilância 
Socioassistencial produzir informações das situações de vulnerabilidade 
social e informações sobre violação de direitos nos territórios. Para 
tanto, é importante que esta área realize atividades de monitoramento e 
avaliação como processo gerencial da qualidade da oferta dos serviços / 
programas e projetos. 
O aluno irá conhecer as bases conceituais e as possibilidades 
de operacionalização da Vigilância, bem como os instrumentos que 
subsidiam o acompanhamento dos municípios pelo Estado: normativas, 
publicações, protocolos e outros; sistemas de informações; conceitos 
gerais e sistemas existentes do Ministério de Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome – MDS, estados e municípios.
Veremos também, nesta disciplina, qual o papel do Estado na 
assessoria junto aos municípios quanto à Gestão da Informação, 
Monitoramento, Avaliação e Vigilância Social.
Para cumprir com esses objetivos, a disciplina está dividida em 04 
(quatro) unidades, onde na primeira unidade apresentamos a definição 
de Vigilância Socioassistencial e também expomos os objetivos da 
mesma. Ainda nesta unidade, exibimos os Eixos estruturantes da 
Vigilância Socioassistencial, os quais são: Eixo Vigilância de Riscos 
e Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços e 
apresentamos as principais normativas que fundamentam a Vigilância 
Socioassistencial no contexto da Política de Assistência Social, dentre 
elas, destacamos a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, atual 
Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica do 
SUAS – NOB/SUAS 2012.
A segunda unidade abordará sobre as principais atividades 
realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial, é neste momento 
que o aluno terá a possibilidade de visualizar que do ponto de vista 
organizacional a Vigilância integra a gestão do SUAS, no entanto, 
mantém íntima relação com as áreas de proteção social e defesa de 
direitos. Portanto, nesse contexto, cabe à vigilância organizar, estruturar 
e padronizar informações que são produzidas e acumuladas a partir do 
desenvolvimento das ações das equipes técnicas que atuam na Proteção 
Social Básica e Proteção Social Especial.
A Vigilância Socioassistencial possui uma série de atribuições e 
para cumpri-las desenvolve diversas atividades. No intuito de efetivar 
tais atividades a Vigilância consulta diversas bases de dados, diferentes 
instrumentos para conseguir ter acesso às informações que lhe são 
necessárias para concretizar seus objetivos. Algumas dessas bases de 
dados e instrumentos são usadas em nível nacional, ou seja, todos os entes 
federados usam os mesmos instrumentos, mas há aquelas informações 
que serão produzidas especificamente no contexto do território, ou seja, 
será particular de cada município. 
Dessa forma, o objetivo da terceira unidade é apresentar as principais 
fontes de dados/informações que são ferramentas para as atividades da 
Vigilância Socioassistencial. 
Finalmente, a quarta unidade tem como finalidade tecer algumas 
contribuições a respeito das possibilidades de organização da área da 
Vigilância Socioassistencial no campo da Gestão.
Ao final dessa jornada, o aluno terá um maior conhecimento 
sobre a Vigilância Socioassistencial e como ela pode contribuir para o 
aperfeiçoamento da gestão do SUAS. 
O aluno terá possibilidades de visualizar que a Vigilância atua 
contribuindo para que o Estado exerça o dever de afiançar o direito à 
assistência social às famílias/indivíduos, mediante a realização de ações 
que favoreçam o processo de proteção social e por conseguinte, prestando 
serviços de atendimento por meio da oferta de serviços socioassistenciais 
que sejam coerentes com as demandas da população.
Bases Conceituais 
e Marco Normativo 
da Vigilância Socioassistencial
Cristiane Gonçalves de Souza
Un
id
ad
e 
IAo finalizar esta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 Compreender os conceitos que norteiam a Gestão da Vigilância 
Socioassistencial.
•	 Analisar as funções e os objetivos da Vigilância Socioassistencial.
•	 Descrever as principais situações que se caracterizam como riscos 
e vulnerabilidades sociais que atingem as famílias no contexto do 
território.
•	 Perceber a importância de monitorar o padrão dos serviços 
disponíveis no contexto do território em que estão inseridas as 
famílias usuárias dos serviços socioassistenciais.
•	 Delinear as principais normativas que fundamentam a Gestão da 
Vigilância Socioassistencial.
ROTEIRO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE ESTUDOS
•	 SEÇÃO 1 - Concepção e objetivos da Vigilância Socioassistencial
•	 SEÇÃO 2 - Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial 
•	 SEÇÃO 3 - Marco normativo da Vigilância Socioassistencial
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Caro estudante, estamos iniciando a disciplina “Gestão da Vigilância 
Socioassistencial”, portanto, nesta primeira unidade, abordaremos alguns 
aspectos que são basilares para o estabelecimento da Vigilância.
Num primeiro momento apresentamos a definição de Vigilância 
Socioassistencial e também expomos os objetivos dela. Veremos que no 
processo de Gestão da Vigilância Socioassistencial é necessárioconhecer 
o cotidiano de vida das famílias/indivíduos, a partir das condições 
concretas do território onde vivem e não se preocupar apenas em 
realizar levantamentos de dados estatísticos. Visto que cabe à Vigilância 
identificar nos territórios a incidência de riscos no contexto das cidades, 
estados e no país. Dessa forma, tem condições de contribuir para que a 
Política de Assistência Social concretize sua finalidade protetiva. 
Na sequência da unidade, exibimos os Eixos estruturantes da 
Vigilância Socioassistencial, os quais são: Eixo Vigilância de Riscos e 
Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços. Para um 
bom entendimento de tais eixos optamos por trabalhar de forma que fosse 
possível ao aluno visualizar as situações que denotem a presença de 
riscos e vulnerabilidades sociais. Por sua vez, quanto ao Eixo Vigilância 
dos Padrões dos Serviços apresentamos justificativas que demonstram 
a importância de monitorar a qualidade dos serviços socioassistenciais 
ofertados para a população, os quais devem vir de encontro com as 
demandas/necessidades das famílias e não ao contrário.
Finalmente, mas não menos importante, apresentamos as principais 
normativas que fundamentam a Vigilância Socioassistencial no contexto 
da Política de Assistência Social, dentre elas destacamos a Lei Orgânica 
de Assistência Social – LOAS, atual Política Nacional de Assistência 
Social e Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS 2012.
Leia os textos com atenção e realize as atividades propostas, em 
caso de dúvidas, consulte o seu tutor.
Bons estudos!
PARA INÍCIO DE CONVERSA SEÇÃO 1
CONCEPÇÃO E OBJETIVOS 
DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
Vamos iniciar nosso estudo recordando algumas premissas 
importantes sobre a Política de Assistência Social.
Em 2004 é implementada a Política Nacional de Assistência Social 
e em 2005, com vistas a materializar e qualificar a Política de Assistência 
Social, é instituído o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, este, 
por sua vez, implementa um regime geral para a gestão da Assistência 
Social em todo o território nacional.
O SUAS objetiva: prestar serviços, programas, projetos e benefícios 
de proteção social básica e especial para famílias, indivíduos e grupos 
que deles necessitarem; contribuir com a inclusão e equidade dos 
usuários e grupos específicos; 
promover o acesso aos bens e 
serviços socioassistenciais básicos 
e especiais em área urbana e rural; e 
assegurar a centralidade da família, 
garantindo a convivência familiar e 
comunitária. (BRASIL, 2005).
A partir de 2004, a Política de 
Assistência Social é concebida como 
sendo responsável por três funções: 
Vigilância Socioassistencial, Defesa 
de Direitos e Proteção Social.
FIGURA 01 
FONTE: Elaborada pela autora.
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 No capítulo VII da Norma Operacional Básica do Sistema Único 
de Assistência Social – NOB/SUAS, aprovada em 2012, é possível 
encontrar algumas definições importantes no que tange à Vigilância 
Socioassistencial. Especificamente, o art. 87 apresenta a definição sobre 
ela, indicando que a Vigilância Socioassistencial diz respeito a uma das 
funções da política de assistência social e, portanto, sua realização ocorre 
através da produção, sistematização, análise e difusão de informações 
territorializadas. (BRASIL, 2012)
Nessa perspectiva opera a partir de dois eixos1: Eixo I – das situações 
de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos e dos 
eventos de violação de direitos em determinados territórios e Eixo II – 
do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede 
socioassistencial. (BRASIL, 2012).
A Vigilância Socioassistencial deve contribuir para o desenvolvimento 
de capacidades e meios técnicos para que tanto gestores como os 
próprios profissionais da Assistência Social tenham condições de adquirir 
conhecimento a respeito da presença e das formas de vulnerabilidade 
social que incidem sobre a população e sobre o território onde essa 
população se encontra. Nessa perspectiva, o conhecimento dessa 
realidade deve permitir o planejamento de ações preventivas favorecendo 
o aperfeiçoamento das ações que tenham finalidade de restaurar direitos 
violados e interromper situações de violência. (BRASIL, 2005).
Você sabe que o fato da Política Pública de Assistência Social na 
atualidade adquirir, para a concretude de suas atividades, todo um 
processo sistemático de ação de planejamento e execução representa 
um grande avanço?
É conhecido na trajetória histórica das ações da assistência social 
que elas foram permeadas pela lógica de caridade e assistencialismo, 
onde ser assistido não representava um direito social que deveria ser 
garantido pelo Estado. Portanto, desde o contexto de 1988, momento em 
que a Assistência Social passou a ter o status de política social pública, 
fazendo parte do tripé da Seguridade Social Brasileira juntamente com 
1 Sobre os eixos trataremos de forma mais específica na sequência deste estudo.
saúde e previdência social. Nesse momento, a Assistência Social passa 
a ser direito do cidadão e dever do Estado, desde então muito esforço 
tem sido empregado com vistas a qualificar e profissionalizar as ações 
desenvolvidas no âmbito desta política.
E é nesse sentido que se dá a importância dos dados que a Vigilância 
Socioassistencial produzirá, pois estes, se produzidos e organizados 
juntamente com os indicadores, com as informações e análises adequadas 
têm a possibilidade de colaborar para que de fato se efetive o caráter 
preventivo e protetivo da política de assistência social.
SAIBA MAIS SOBRE INDICADORES SOCIAIS: No processo de construção do 
diagnóstico e do planejamento das ações, os indicadores sociais surgem como um ponto 
central no que concerne às informações que podem ser obtidas mediante a sua utilização. 
Indicador social diz respeito a um recurso metodológico que visa informar sobre determinado 
aspecto da realidade social ou ainda pode informar as alterações que estão ocorrendo nessa 
realidade. “Um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado 
social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social 
abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação 
de políticas)”. (JANNUZZI, 2013, p.02).
É função da Vigilância Socioassistencial: 
•	 Apoiar a organização das ações de Busca Ativa. 
•	 Contribuir no processo de pensar o dimensionamento da oferta; 
•	 Colaborar para o estabelecimento do diálogo horizontal entre 
os setores; 
•	 Contribuir para o estabelecimento do equilíbrio entre oferta e 
demandas.
FIGURA 02
FONTE: Elaborada pela autora
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A NOB/SUAS 2012 sinaliza que a Gestão da Vigilância 
Socioassistencial deve estar organizada e ativa nos níveis: municipal, 
estadual e federal, com vistas a fortalecer os trabalhos desenvolvidos 
no contexto da proteção social básica e da proteção social especial. Esta 
organização deve se efetivar através da elaboração de estudos, planos e 
diagnósticos que tenham a capacidade de expandir o conhecimento a 
respeito da realidade dos territórios, bem como contribuir ainda para o 
conhecimento das necessidades da população. Se trabalhados a partir 
dessa perspectiva, as ações da Vigilância Socioassistencial auxiliarão 
no planejamento e organização das atividades a serem realizadas nos 
territórios, contribuindo para que elas sejam mais eficientes, produzindo 
respostas que irão de encontro às necessidades da população. (BRASIL, 
2012).
Pensar as ações da Vigilância Socioassistencial a partir do 
conhecimento que se tem do território constitui-se em uma visão 
estratégica, pois denota pensar de forma coletiva e não isolada, pressupõe 
a participaçãonão apenas de gestores, mas de diversos atores sociais, tais 
como: profissionais, técnicos, usuários dos serviços e comunidade. 
Ou seja, implica o conhecimento das necessidades da população a 
partir da sua realidade local, mediante estudo minucioso das situações 
vivenciadas pela comunidade em seu território, este estudo pode revelar 
fragilidades e potencialidades do território.
As ações desenvolvidas no âmbito da política de Assistência Social 
têm um desafio cotidiano de realizar enfrentamento de situações que são 
complexas, devido ao fato de que não faz uma intervenção pontual que 
se limita tão somente a enfrentar a pobreza, mas faz enfrentamento de 
situações que são expressões da questão social.
Schons (2007, p.09) explica que a Questão social “Resulta da contradição das 
relações do Capital e Trabalho, inscrita no sistema que se afirmou com a revolução industrial 
e hoje tem novas manifestações na reestruturação produtiva. A questão social, basicamente 
composta dos elementos econômico e político, que se manifesta no pauperismo. Aquele que 
o percebe toma consciência e o denuncia, exigindo outro atendimento, ou seja, é o elemento 
da resistência, capaz de inscrever o problema da pobreza na agenda política”.
Questão social que é fruto de uma contradição entre capital e 
trabalho e não resultado da incompetência do indivíduo em produzir 
respostas frente a sua situação de sobrevivência, ou seja, como se fosse 
problema moral/individual quando, na verdade, trata-se de problema 
estrutural da sociedade capitalista.
No caso da assistência, a lógica capitalista procura enfatizar 
a individualização das expressões da questão social, como se as 
desigualdades decorrentes desse sistema fossem consequência de 
problemas de ordem pessoal e não de um sistema que opera através da 
lógica perversa do lucro a todo custo sem intenção de distribuição das 
riquezas socialmente produzidas.
Portanto, operar na lógica do território, com diagnóstico, 
planejamento é fundamental, pois contribui para que sejam desenvolvidas 
ações que terão um olhar mais apurado a respeito das situações vivencias 
pelas famílias inseridas em seu território.
Proceder a análise das expressões que a questão social assume nos 
municípios e em seu interior, nos territórios, sugere distinguir a situação 
dos grupos sociais vulneráveis, onde as demandas necessitarão ser objeto 
de atenções específicas. (BRASIL, 2008).
Os chamados grupos sociais vulneráveis podem 
ser ilusoriamente considerados como de fácil 
definição, ao se adotar uma concepção meramente 
econômica pautada por linhas de pobreza, ou se 
a base de análise segmentar a totalidade social 
através de programas específicos para, crianças, 
adolescentes, idosos, pessoas portadoras de 
deficiência. (BRASIL, 2008, p.4).
LEMBRE-SE!
É NECESSÁRIO TER CONHECIMENTO DE ONDE 
ESTÃO E QUANTOS SÃO OS DEMANDÁTARIOS DE 
PROTEÇÃO E TAMBÉM SABER QUAL É A CAPACIDADE DA 
REDE INSTALADA EM PROVER SUAS NECESSIDADES!
FIGURA 03
FONTE: Elaborada pela autora
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A NOB/SUAS 2012 enfatiza também que a Vigilância Socioassistencial 
tem como prerrogativa contribuir com o processo de Gestão, uma vez que 
deve auxiliar a formulação, planejamento e execução de ações que sejam 
coerentes entre a oferta de serviços, benefícios, programas e projetos 
com as necessidades da população. Portanto, é mister gerar e analisar 
as informações sobre financiamento; sobre o natureza, quantidade, 
localização e qualidade das ofertas; bem como das condições de acesso 
aos serviços, benefícios, programas e projetos. (BRASIL, 2012).
Estamos falando de planejamento de ações coerentes com as 
necessidades da população atendida no âmbito do SUAS. O que você 
entende por essas especificações?
Sposati (2009, p. 40), expõe que “É preciso saber onde estão e 
quantos são os demandatários de proteção e, de outro lado, qual é a 
capacidade da rede instalada em suprir suas necessidades. Essa visão 
de totalidade é fundamental para definir responsabilidades dos entes 
federativos no modelo de proteção social”.
Por essas razões, é possível afirmar a importância da Vigilância 
Socioassistencial, pois no conjunto da Política de Assistência Social 
e do SUAS, a vigilância tem capacidade de produzir conhecimentos e 
informações específicas no âmbito da Assistência Social.
A Vigilância Socioassistencial, área vinculada à Gestão do SUAS, 
é responsável por: produzir, sistematizar e analisar as informações 
territorializadas, informações essas que correspondem as situações de 
risco e vulnerabilidade que incidem sobre famílias e indivíduos, assim 
como, de informações relativas ao tipo, volume e padrões de qualidade 
dos serviços ofertados pela rede Socioassistencial. (FARIAS, 2013).
Embora do ponto de vista da organização das Secretarias de Assistência Social, 
a Vigilância Socioassistencial componha a área de gestão do SUAS, é necessário 
compreender sua estreita relação com as áreas de Proteção Social Básica e de 
Proteção Social Especial. A Vigilância é, antes de tudo, um instrumento pelo qual 
o SUAS deve fortalecer e ampliar a capacidade de proteção social às famílias mais 
vulneráveis. (CNAS, 2013, p.08).
Caro aluno, reflita neste momento: Por que a visão de totalidade é 
importante para a Gestão da Vigilância Socioassistencial? 
Para Kosik (1995, p. 49), a totalidade implica a percepção da realidade 
como um todo estruturado, dialético, onde um fato/fenômeno pode ser 
compreendido, desta forma, trata-se de um “Princípio metodológico da 
investigação dialética da realidade social é o ponto de vista da totalidade 
concreta, que antes de tudo significa que cada fenômeno pode ser 
compreendido como momento do todo”.
A visão de totalidade é importante, pois a partir da mesma é 
possível perceber a realidade que cerca o cotidiano das famílias usuárias 
dos serviços socioassistenciais de determinado território. Mediante 
a investigação do todo do território existe a possibilidade de situar 
adequadamente as ausências e também as potencialidades contidas no 
território, suas contradições e incoerências no que tange à capacidade 
de atendimento da rede instalada e a partir dessa visão da totalidade 
instituir ações coerentes com a realidade investigada.
FIGURA 04
FONTE:(Brasil, 2013, p.13)
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Portanto:
O processo de investigação da realidade e das 
vulnerabilidades e riscos sociais presentes nos 
territórios não assume, assim, apenas o caráter 
quantitativo – baseado em levantamento de 
dados numéricos e na construção de indicadores 
e índices; mas exige o estabelecimento de 
relações, mediações e sistematizações que 
garantam a análise e interpretação desses dados, 
reveladoras de novos modos de ler a realidade 
como totalidade. (BRASIL, 2008, p. 34).
Diante do exposto, vamos conhecer um pouco sobre os objetivos da 
Vigilância Socioassistencial, os quais são:
•	 Detectar e compreender as situações de precarização e de 
agravamento das vulnerabilidades que comprometem os 
territórios e, por conseguinte, a população;
•	 Conhecer a realidade exclusiva das famílias e as condições 
concretas do lugar onde vivem as mesmas;
•	 Reunir os dados e informações estatísticas, bem como criar 
formas de apropriação dos conhecimentos gerados pelas equipes 
dos serviços socioassistenciais que estão em contato cotidiano 
com as famílias inseridas em seus territórios. (BRASIL, 2013).
Caro aluno, a esse respeito você não pode esquecer que:
No processo de Gestão da Vigilância Socioassistencial é necessário 
conhecer o cotidiano de vida das famílias/indivíduos, a partir das condições 
concretas do território onde elas vivem e não se preocupar apenas em 
realizar levantamentos de dados estatísticos. É responsabilidade da 
Vigilância Socioassistencialidentificar nos territórios a incidência 
de riscos no contexto das cidades, estados e no país. Dessa forma, a 
Vigilância tem condições de contribuir para que a Política de Assistência 
Social concretize sua finalidade protetiva. 
Logo, é possível afirmar que “O conhecimento da realidade é um 
processo cumulativo, dinâmico, participativo de construção coletiva por 
aproximações sucessivas”. (BRASIL, 2008, p.34).
Como consequência, para cumprir seus objetivos, a Vigilância 
Socioassistencial deve estabelecer uma série de ações que possam 
contribuir para a sua efetivação. A seguir serão descritas estas ações:
•	 Produção e sistematização de informações que irão contribuir 
para construção de indicadores e índices territorializados a 
respeito de situações de risco e vulnerabilidade social que 
acometem as famílias e seus membros nos mais diversos ciclos 
de vida.
•	 Verificar a ocorrência das situações de violação de direitos 
e maus tratos que atingem as famílias, seus membros, com 
especial atenção para os casos em que as vítimas forem criança, 
adolescente, idoso e pessoa com deficiência.
•	 Verificar casos em que há pessoas que se encontram em 
situações onde há quadro de redução da capacidade pessoal, 
com deficiência ou em abandono.
•	 Identificar casos em que há situações onde a pessoa é vítima de 
apartação social, situações estas que a tornem impossibilitada de 
desenvolver sua autonomia e integridade, onde sua existência 
enquanto ser humano fica fragilizada.
•	 Controlar os padrões de qualidade dos serviços prestados no 
contexto da Assistência Social, com ênfase para aqueles serviços 
que atuam no formato de albergues, abrigos, residências, 
semirresidências, moradias provisórias para os mais distintos 
segmentos etários.
•	 Averiguar se há coerência entre as necessidades de proteção social 
da população e a efetiva oferta dos serviços socioassistenciais, 
ponderando o tipo, volume, qualidade e distribuição espacial 
dos mesmos.
•	 Contribuir para a identificação de potencialidades das famílias 
e dos territórios onde estas residem.
Observe que as ações descritas correspondem a um processo 
que articula diversas atividades que prezam pela observância entre a 
coerência dos serviços disponíveis no território e as necessidades das 
famílias/indivíduos, ou seja, trata-se de reafirmar que o papel da vigilância 
é produzir dados, informações respaldadas a partir de investigação 
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minuciosa da realidade com vistas a contribuir para fortalecer a capacidade 
protetiva da Política de Assistência Social.
Até o presente momento, você teve a oportunidade de visualizar 
alguns pressupostos que são fundantes para uma boa gestão da Vigilância 
Socioassistencial, na seção seguinte, você terá a oportunidade de obter 
um maior aprofundamento teórico a respeito dos eixos que estruturam a 
Vigilância Socioassistencial. Conhecê-los é fundamental, pois eles trazem 
implicações em todas as ações que se desenvolvem no contexto do SUAS.
SEÇÃO 2
EIXOS ESTRUTURANTES
DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
A Vigilância Socioassistencial está estruturada a partir de dois 
eixos: Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos 
Padrões dos Serviços, a partir desses eixos são articuladas ações que visam 
identificar famílias/indivíduos que se encontram em situações de ricos e 
vulnerabilidades sociais com presença de violação de direitos no contexto 
do território em que eles vivem. Também são estabelecidas ações que têm 
como finalidade monitorar a qualidade dos serviços socioassistenciais 
prestados junto à população, principalmente observando se tais serviços 
são condizentes com as necessidades das famílias/indivíduos em seu 
território.
Caro aluno, dessa forma, na sequência, iremos estudar 
detalhadamente os eixos, bem como observaremos a relevância deles 
para gestão da Vigilância Socioassistencial.
2.1 Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades
Falar em riscos e vulnerabilidades sociais pode ter diversos 
significados. Você sabe dizer ao certo o que significa estes dois conceitos? 
Por que eles são tão importantes no âmbito da Vigilância Socioassistencial?
Você consegue classificar quando uma pessoa se encontra em uma 
situação de risco ou vulnerabilidade social?
O objetivo desta seção é fornecer ao aluno alguns subsídios que lhe 
dê condições de fazer essa classificação.
Observe a exposição de Sposati (2009, p. 28):
A constituição da assistência social como política 
que busca construir seguranças sociais, o que é 
próprio do ambiente da seguridade social, traz 
um necessário debate sobre as desproteções e 
suas causas, bem como a discussão sobre riscos 
e vulnerabilidades sociais. A proximidade desses 
dois conceitos tem gerado múltiplos debates e 
concepções entre os que militam e analisam a 
política de assistência social.
A Assistência Social, enquanto política pública, compõe junto com 
Saúde e Previdência Social o Sistema de Seguridade Social, sistema esse 
que tem como objetivo oferecer proteção social aos cidadãos brasileiros. 
No caso da saúde e assistência social, tal proteção se efetiva sem 
contribuição prévia, diferente da previdência social.
Uma vez que a assistência social visa proteger socialmente os 
indivíduos, é importante pensar: Proteger de quê? Como?
Por isso Sposati afirma a necessidade de falar sobre desproteções e 
suas causas. Estar desprotegido em uma sociedade capitalista, que gira 
em torno do mercado, traz algumas consequências para o cidadão, desta 
forma, é necessário instituir ações, estratégias que possam proteger os 
mesmos, contra as contingências advindas dessa sociedade.
E além de estabelecer ações é necessário “vigiar” tais ações a fim 
de perceber se elas produzem respostas que vão de encontro às demandas 
das famílias/indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais.
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Sposati (2009, p. 29) expõe que:
A noção de riscos tem um conteúdo substantivo, 
um adjetivo e outro temporal. O conteúdo 
substantivo diz explicitamente o que é o risco. 
Essa noção imediatamente leva à sua abordagem 
temporal: o antes, que se ocupa das causas 
do risco, e o depois, que se ocupa dos danos, 
sequelas, perdas que provoca. Há, porém, uma 
questão adjetiva, que vai se tornar fundamental 
para o desenho da política e diz respeito à 
graduação do risco. A vivência do risco pode 
proporcionar sequelas mais ou menos intensas, 
por decorrência da vulnerabilidade/resistência 
dos que sofrem o risco, como também do grau 
de agressão vital do próprio risco. Portanto, 
trabalhar situações de risco supõe conhecer as 
incidências, as causalidades, as dimensões dos 
danos para estimar a possibilidade de reparação 
e superação, o grau de agressão do risco, o grau 
de vulnerabilidade/resistência ao risco. (grifo do 
autor)
Ou seja, é necessário pensar, o que produz o risco e quais são 
as suas consequências? Qual o grau desse risco? Será que todas as 
famílias/indivíduos que acessam os serviços socioassistenciais possuem 
as mesmas necessidades, vivenciam o mesmo grau de risco? E ao 
vivenciar o mesmo grau de risco, será que as diversas famílias/indivíduos 
enfrentam da mesma forma o risco e a vulnerabilidade que as atingem? 
Obviamente, a resposta a essas indagações é negativa, pois a capacidade 
de enfrentamento de situações de risco e vulnerabilidade depende de 
cada indivíduo, uns suportam mais, outros menos, portanto, não podemos 
cair na armadilha de achar que temos receita pronta.
No âmbito da Assistência Social, a execução de ações que visem o 
enfrentamento das situações de risco requer, portanto, o estabelecimento 
de uma série de eventos que serão desenvolvidos com intuito de 
constituir ações de prevenção ou deenfrentamento com vistas a reduzir 
as consequências geradas pelas situações de risco. Nessa perspectiva, é 
importante desenvolver estudos que possibilitem uma forma de mensurar 
e monitorar a ocorrência ou probabilidade de surgimento de tais riscos. 
Mas, você ainda deve estar se perguntando quais os eventos/
situações que podem ser caracterizados como situações de risco?
Bem! Vejamos o que a PNAS de 2004 caracteriza como eventos/
situações de riscos ou com probabilidades de ocorrência. Importante 
lembrar que as situações seguintes apresentadas devem ser prevenidas 
ou enfrentadas:
•	 Condições de violência intrafamiliar; negligência; maus 
tratos; violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; 
discriminação por gênero, etnia ou qualquer outra condição ou 
identidade. 
•	 Condições que caracterizam a fragilização ou rompimento de 
vínculos familiares ou comunitários, tais como: vivência em 
situação de rua; afastamento de crianças e adolescentes do 
convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos 
infracionais de adolescentes com consequente aplicação de 
medidas socioeducativas; privação do convívio familiar ou 
comunitário de idosos, crianças ou pessoas com deficiência 
em instituições de acolhimento; qualquer outra privação do 
convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes 
(crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo 
com a própria família. (BRASIL, 2013).
Bronzo (2009, p. 173) explica que é possível oferecer algumas 
respostas frente às situações de riscos, tais respostas podem ser produzidas 
conforme as estratégias que foram desenvolvidas antes ou depois da 
situação de risco se instalar. As respostas podem ocorrer de duas formas:
[...] as ações podem se dar na perspectiva da 
prevenção ou na da redução ou mitigação do 
risco. Na prevenção, a finalidade das estratégias 
é reduzir a probabilidade de produção de riscos 
adversos, as quais ocorrem, portanto, antes que 
se produzam os riscos. Tais estratégias envolvem 
políticas macroeconômicas, de regulação, de 
meio ambiente, de educação, de prevenção 
de epidemias, entre outras. Na perspectiva 
preventiva da proteção social, as medidas 
envolvem a redução dos riscos de desemprego, 
de subemprego e de baixos salários, por exemplo. 
Na mitigação, as intervenções voltam-se para a 
redução dos efeitos de riscos futuros e, portanto, 
tais estratégias situam-se antes da produção dos 
riscos, à medida que buscam reduzir a repercussão 
ou os efeitos dos eventos de riscos, caso ocorram. 
Trata-se de medidas ex ante, que buscam reduzir 
o impacto do risco, caso este se materialize. 
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As linhas de ações de enfrentamento dos riscos podem ser 
instaladas de maneira preventiva, ou seja, antes que ele ocorra, ou serem 
desenvolvidas para reduzir os efeitos gerados pelas situações de risco, o 
importante na área da Política de Assistência Social e especificamente 
no âmbito da Vigilância é produzir informações que contribuam para o 
desenvolvimento de projetos, programas que tenham a capacidade de 
fazer enfrentamento das situações de risco junto às famílias/indivíduos.
Vulnerabilidade é outro conceito chave da Vigilância 
Socioassistencial, este conceito é mencionado diversas vezes no texto 
da PNAS, portanto, é fundamental conhecê-lo, interpretá-lo e saber 
discernir as situações vivenciadas pelos usuários da assistência social e 
que denotem vulnerabilidade.
A PNAS (2004) estabelece que estar em vulnerabilidade significa 
estar em situação em que um indivíduo/família encontra-se excluído 
socialmente, esta exclusão é resultado do processo de produção e 
reprodução de desigualdade social, onde se originam processos de 
discriminação e segregação. 
O texto da PNAS (2005, p. 42) segue afirmando que estar vulnerável 
à pobreza não é uma questão que se limita a um fator econômico, tão pouco 
se trata apenas de qualificar individualmente uma pessoa como capaz ou 
incapaz. Mas estar em uma situação de vulnerabilidade à pobreza está 
relacionado também às configurações familiares e aos ciclos de vida das 
famílias.
Portanto, as condições de vida de cada indivíduo 
dependem menos de sua situação específica 
que daquela que caracteriza sua família. No 
entanto, percebe-se que na sociedade brasileira, 
dada as desigualdades características de sua 
estrutura social, o grau de vulnerabilidade vem 
aumentando e com isso aumenta a exigência das 
famílias desenvolverem complexas estratégias de 
relações entre seus membros para sobreviverem.
Por sua vez, Bronzo (2009, p. 172) faz a seguinte indagação “Famílias 
em condição de vulnerabilidade: o que isso quer dizer?” (destaque do 
autor).
Para Bronzo (2009, p. 172) é importante estabelecer algumas 
distinções entre pobreza e vulnerabilidade, pois ambos os termos não 
correspondem à mesma coisa, por isso, da importância de se definir com 
mais clareza e objetividade o que se entende por famílias em situação de 
pobreza, em condição de vulnerabilidade ou fragilizadas, pois comumente 
tais termos são utilizados como se fossem sinônimos. “Nem todos os 
que se encontram em situação de vulnerabilidade são pobres – situados 
abaixo de alguma linha monetária de pobreza –, nem todos os pobres são 
vulneráveis da mesma forma.”
A discussão/estratégias de ações que permeiam o campo da 
proteção social, especificamente a área da assistência social, centram-se 
em dois tipos de famílias: aquelas que enfrentam suas vulnerabilidades 
e conseguem sair da pobreza e há aquelas famílias que não conseguem 
lograr tal “êxito”. Para Bronzo (2009, p.173), essa discussão remete 
a uma reflexão sobre a “[...] contribuição possível e necessária das 
políticas públicas ao fortalecimento das capacidades de indivíduos, 
famílias e regiões para o enfrentamento e a superação da condição de 
vulnerabilidade”.
Nessa perspectiva a autora segue afirmando que:
O enfoque da vulnerabilidade e dos riscos 
permite uma ponte mais direta com o campo 
das políticas públicas, ao explicitar as diferentes 
estratégias que devem ser desenvolvidas para 
fazer frente a riscos específicos e fortalecer 
a capacidade de resposta das famílias, para 
redução de sua vulnerabilidade. Vulnerabilidade 
relaciona-se, por um lado, com a exposição ao 
risco e, por outro, com a capacidade de resposta, 
material e simbólica que, indivíduos, famílias e 
comunidades conseguem dar para fazer frente ao 
risco ou ao choque (que significa a materialização 
do risco). As políticas e os programas inserem-
se nesse campo como elementos que podem 
fortalecer a capacidade de resposta das famílias e 
de seus membros e reduzir-lhes a vulnerabilidade. 
(BRONZO, 2009, p. 173).
Com base nas argumentações de Bronzo, podemos inferir que, se os 
serviços disponíveis na rede socioassistencial forem compatíveis com as 
demandas das famílias/indivíduos, se as ações implementadas no contexto 
da política de assistência social forem coerentes com as realidades deles, 
tais ações poderão contribuir para o fortalecimento das famílias/indivíduos 
e no que tange à vulnerabilidade social esse fortalecimento pode ser 
fundamental para que famílias/indivíduos se percebam enquanto sujeitos 
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com potencialidades, colaborando para a capacidade de respostas frente 
às situações de privações que vivenciam em seu cotidiano.
As pessoas e famílias em condição de 
vulnerabilidade extrema – nunca é demais 
repetir, padecem de uma síndrome de privações 
e de carências, mas também apresentam 
potencialidades e ativos que podem ser 
mobilizados, desde que exista um suporte 
efetivo e articulado pelas estruturas e processos 
e traduzidos por meio das políticas públicas. A 
adoção de formas mais flexíveis e relacionais 
degestão pública, aderentes às necessidades 
das pessoas, das famílias e dos territórios e 
desenvolvidas pelos diversos setores de forma mais 
integrada, constitui estratégia potencialmente 
mais exitosa. (BRONZO, 2009, p. 174).
Quanto ao uso do conceito de vulnerabilidade e sua utilização 
no contexto da política de assistência social, é importante esclarecer 
que as responsabilidades e ofertas de serviços que competem a esta 
política, haja vista que a mesma é uma política setorial específica, não 
conseguem por si só realizar o enfrentamento e até mesmo superar 
todas as situações de vulnerabilidades sociais que são vivenciadas pelas 
famílias/indivíduos usuários da política de assistência social em sentido 
amplo, consequentemente, é necessário ação articulada entre as diferentes 
políticas setoriais. Pois a vulnerabilidade é constituída por diversos fatores 
e nesse sentido se faz indispensável essa ação articulada. 
Portanto, é importante diferenciar as informações ou fatores de 
vulnerabilidade que caracterizam o contexto mais amplo de vulnerabilidades 
das famílias e dos territórios em que as mesmas vivem. (BRASIL, 2013).
Para ficar mais claro, podemos citar como exemplo a situação do 
saneamento básico, pois o mesmo constitui-se como fator de vulnerabilidade 
e no processo de caracterização do território onde vive a população diz 
respeito a um elemento fundamental. Todavia, o enfrentamento da ausência 
da oferta desse serviço corresponde a uma ação específica desenvolvida 
pelas áreas de habitação e infraestrutura. É por isso que cabe a reflexão 
sobre os fatores de vulnerabilidade cujo enfrentamento exige ações 
específicas da política de assistência social, ações estas que são capazes 
de garantir as seguranças e proteções que, de acordo com a LOAS e a 
PNAS, cabem ser asseguradas no contexto da política de assistência social. 
(BRASIL, 2013).
No que tange a finalidade do Eixo da Vigilância de riscos e 
vulnerabilidades, ele tem como meta identificar junto às famílias/
indivíduos situações de riscos e vulnerabilidades observando o território 
onde as mesmas estão inseridas. 
Nessa perspectiva, podemos apresentar alguns exemplos para que 
o aluno tenha a possibilidade de visualizar o que pretendemos expor 
sobre a finalidade do Eixo da Vigilância de riscos e vulnerabilidades.
O trabalho infantil (por exemplo) representa um fator de vulnerabilidade, 
nesse sentido, ter condições de quantificar o número de crianças que estão 
vulneráveis diante desse fator corresponde à demanda potencial para o 
Serviço de Convivência adequado a essa faixa etária. (BRASIL, 2013).
Igualmente, podemos pensar em situações em que as crianças 
pertencentes às famílias em situação de pobreza, que corresponde a 
um fator de vulnerabilidade, e que não estejam incluídas em escolas de 
tempo integral, outro fator de vulnerabilidade, e que em decorrência 
dessa situação passam grande parte do dia sem os cuidados de um adulto, 
da mesma forma, estas crianças compõem a demanda potencial para o 
Serviço de Convivência. (BRASIL, 2013).
Prever com exatidão a demanda potencial constitui-se em um 
desafio para a assistência social, haja vista que esta área há pouco 
tempo é considerada como política pública, direito do cidadão e dever do 
Estado. Assim sendo, há fortes resistências no que se refere à busca por 
qualificação e profissionalização dessa política. 
Há ainda outros desafios como:
[...] a Tipificação Nacional dos Serviços 
Socioassistenciais – instrumento normativo que 
define concretamente as ofertas que competem à 
área de assistência – só foi instituída em 2009; os 
dados e informações populacionais disponíveis, 
embora bastante numerosos, não são suficientes 
para uma adequada caracterização de aspectos 
relacionais e sociabilidades, que constituem 
elementos fundamentais quando lidamos com as 
necessidades de proteção vinculadas à assistência 
social; ausência de séries históricas de dados 
relativos aos atendimentos que possibilitassem 
instituir parâmetros quantitativos para a procura 
e para a demanda reprimida. (BRASIL, 2013, p. 
10 e 11).
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No entanto, em meios aos desafios, não se pode deixar de trabalhar 
na lógica de construir parâmetros para quantificar a demanda e, nesse 
sentido, essa é a responsabilidade da Vigilância Socioassistencial, ter 
a capacidade de olhar para a demanda potencial e buscar um maior 
equilíbrio entre oferta e demanda.
É importante destacar que mesmos com os desafios já mencionados, 
há bases de dados como as bases do Cadastro Único de Programas Sociais 
– CadÚnico – , do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação 
Continuada – BPC, assim como há os dados populacionais produzidos pelo 
Censo Demográfico do IBGE os quais oferecem subsídios concretos para 
produzir as estimativas da demanda potencial por serviços e benefícios, 
estas informações podem ser combinadas com outras já produzidas no 
próprio território pela equipe técnica. (BRASIL, 2013).
A junção desses dados podem oferecer um retrato mais fidedigno 
a respeito da situação das famílias, o que permite identificar com maior 
clareza/exatidão as famílias que de fato encontram-se em situação de 
risco e vulnerabilidade e, dessa forma, há a possibilidade de potencializar 
e concretizar a função da Vigilância Socioassistencial, através de ações 
de busca ativa dessas famílias, o que contribuirá para a inclusão destas 
nos serviços socioassistenciais do SUAS.
Outra finalidade do Eixo em tela é monitorar os casos de violência e 
de violação de direitos, para tanto é importante “Identificar os territórios 
com maior incidência, as variações no volume de ocorrências e o perfil das 
pessoas vitimadas permite aprimorar as ações de prevenção e de combate 
às situações, além de ações de aprimoramento dos próprios serviços 
responsáveis pelo atendimento das vítimas”. (BRASIL, 2013, p. 12).
Efetivar essas ações torna-se pertinente, pois além da presença dos 
casos de violência e de violação de direitos influenciarem diretamente na 
demanda por serviços, é especialmente importante, haja vista que dizem 
respeito a situações que precisam ser prevenidas e enfrentadas.
2.2 Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços
Neste eixo o conceito estruturante é o território, pois o mesmo 
admite apreender as formas como as relações sociais se efetivam em 
determinado espaço/contexto. 
Milton Santos (1994) define território como um espaço que é 
construído e constituído por pessoas, dessa forma, território para o autor 
é produto histórico, pois é resultado das necessidades e interesses do ser 
humano e assim sendo, corresponde a um campo de atuação, de expressão 
de poderes público, privado, governamental ou não governamental e 
especialmente populacional, o autor ainda conclui afirmando que cada 
território tem uma determinada área específica, particular. E é por isso 
que tem de se analisar toda a dinâmica territorial ao se instituir ações no 
âmbito das políticas sociais.
Atuar sobre o território implica em uma atuação no plano do coletivo, 
conceber o território a partir dessa premissa nos desafia a pensar em dois 
aspectos:
•	 Compromisso do poder público com a qualidade dos serviços 
públicos prestados, onde tais serviços devem ser coerentes com 
as demandas apresentadas no território.
•	 Estabelecimento de vínculos reais entre as equipes de referência 
dos serviços e os territórios, essa ação permite o estabelecimento 
de intervenções pautadas no pressuposto da coletivização, 
coletivização tanto no momento de levantar os problemas do 
território quanto na busca por estratégias de enfrentamento.
Analisar se há coerência entre as demandas da população e as 
ofertas dos serviços e benefícios socioassistenciais, considerados como a 
perspectiva territorial, deve ser o foco da Vigilância Socioassistencial, pois 
essa vertente possibilitao estabelecimento de ações que serão pautadas 
na visão de totalidade, mediante processo que integra demandas e ofertas. 
A par da identificação de problemas e demandas, 
cabe relacionar o conjunto de serviços, 
programas, projetos e benefícios oferecidos 
pela assistência social e pelas demais políticas 
sociais públicas. A malha de serviços deve ser 
mapeada e analisada quanto à localização, 
natureza das atenções oferecidas, cobertura, 
padrões de qualidade e quadro profissional 
disponibilizado e níveis de desempenho. 
Também merecem análise a capacidade operativa 
dos órgãos gestores destes serviços, recursos 
aplicados, fontes de arrecadação, relação custo-
benefício, fundamentados o máximo possível em 
indicadores. (BRASIL, 2008, p. 50 e 51).
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Uma das maiores vantagens do olhar a partir da totalidade é 
justamente ter condições de propor melhores ações e estratégias para 
a prevenção, fato que consequentemente pode contribuir para reduzir 
agravos e colaborar ainda no processo de gestão, planejamento e execução 
da política de assistência social mediante a oferta de serviços e benefícios 
que tenderão a fortalecer a função protetiva do SUAS. (BRASIL, 2013).
Proceder com um exame crítico a respeito do mapeamento e sobre 
a atuação das várias políticas e, em particular, da assistência social, é 
importante para se observar o padrão das ações, percebendo aquelas que 
devem ser mantidas, expandidas, reformuladas, articuladas ou até ainda 
encerradas. (BRASIL, 2008)
Avaliar o desempenho do conjunto de serviços 
significa verificar o impacto que provocam sobre 
a realidade local, alterando a qualidade de vida 
dos cidadãos. Supõe ainda verificar a efetividade 
dessas ações, refletida na capacidade não só 
de traduzir determinado recurso em melhores 
indicadores, mas de contribuir na melhoria 
das condições sociais dos territórios e dos seus 
moradores. (BRASIL, 2008, p. 51).
Os riscos e vulnerabilidades a que estão submetidos determinada 
população geram demandas de proteção social, dessa forma, as políticas 
sociais configuram-se como respostas do poder público que tem como 
finalidade atender às necessidades de proteção geradas em decorrência 
dos riscos e vulnerabilidades a que estão submetidos tais cidadãos.
As necessidades de proteção cuja responsabilidade 
de provisão seja de competência da assistência 
social constituem a demanda potencial por serviços 
e benefícios no âmbito do SUAS. Nesse sentido, a 
demanda potencial não se limita de forma alguma à 
procura cotidiana pelos serviços; deve ser entendida 
como o volume agregado das necessidades. Para 
o atendimento destas necessidades, o SUAS 
deverá ser capaz de organizar (e quando preciso, 
reorganizar) sua oferta de serviços e benefícios. 
(BRASIL, 2013, p. 09).
Ante o exposto, percebe-se que ter a capacidade de observar a 
demanda potencial não significa limitar-se a perceber quais serviços são 
mais procurados no cotidiano de um CRAS ou CREAS, por exemplo, pelo 
contrário, demanda potencial corresponde às necessidades que são mais 
presentes no território e que carecem de atendimento.
Caro aluno, vamos conhecer um pouco mais sobre a finalidade do 
Eixo da vigilância dos padrões dos serviços!
Este eixo objetiva produzir e sistematizar informações concernentes 
à oferta dos serviços e benefícios com vistas a colaborar com o 
aperfeiçoamento da qualidade, nesse processo é importante procurar 
adequar o perfil de demandas apresentadas no contexto do território.
É nessa ação que podemos afirmar que ocorre o monitoramento 
do SUAS, uma vez que é de responsabilidade da Vigilância desenvolver 
técnicas que contribuam para um levantamento de informações sobre 
as unidades (públicas e privadas) que ofertam os serviços, benefícios, 
programas e projetos da assistência social, especificamente dos CRAS, 
CREAS e da Unidades de Acolhimento. 
Os dados coletados junto a essas unidades devem ter a capacidade 
de fornecer informações específicas quanto: quantidade e perfil dos 
recursos humanos; o tipo e volume dos serviços prestados; a observância 
dos procedimentos essenciais vinculados ao conteúdo do serviço e 
necessários à sua qualidade; o perfil dos usuários atendidos; as condições 
de acesso ao serviço e a infraestrutura, equipamentos e materiais 
existentes. (BRASIL, 2013).
Você deve estar se perguntando? Qual a necessidade de todo esse 
procedimento no âmbito da Política de Assistência Social?
É importante, tendo em vista que, como já mencionado anteriormente, 
as ações desenvolvidas no contexto da Assistência Social sempre foram 
desenvolvidas pela lógica de descontinuidade, fragmentadas e sem 
planejamento prévio, eram executadas de forma aleatória e sem nenhuma 
espécie de controle, eram ações espontaneístas. Portanto, o padrão que se 
procura defender e instituir no contexto da política pública de Assistência 
Social é um padrão que preza pela cidadania, cidadania que proporciona 
aos cidadãos usuários dos serviços socioassistenciais acesso a serviços, 
programas, projetos e benefícios de qualidade, os quais são condizentes 
com sua realidade.
Ademir
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Iniciativas como o Censo SUAS e a implantação 
do Registro Mensal de Atendimentos – RMA 
– têm contribuído para o monitoramento e 
ajudado a definir e compartilhar conceitos e 
entendimentos essenciais e para viabilizar a 
padronização de informações básicas relativas aos 
serviços socioassistenciais em todo o país. Além 
da geração de dados e estatísticas municipais, 
estaduais e nacionais que auxiliam enormemente 
o planejamento e a gestão do SUAS, esse processo 
de produção e disseminação de informações 
também deve contribuir para fomentar reflexões, 
reorientações e aprimoramentos nos serviços 
prestados pelas equipes de referência nas diversas 
Unidades do SUAS. (BRASIL, 2013, p. 12 e 13).
A consequência do processo de fortalecer e qualificar a atividade de 
monitoramento das ações da política de assistência social é a aquisição 
da capacidade de levantamento de dados atualizados e condizentes 
com a realidade territorial, bem como sua posterior análise num 
processo de retroalimentação de informações, que tende a favorecer o 
desenvolvimento de ações e estratégias de prevenção e enfrentamento 
de riscos e vulnerabilidades sociais vivenciadas pelas famílias/indivíduos 
usuários da assistência social.
Nesse processo é importante que as equipes dos serviços realizem 
periodicamente reuniões com intuito de socializar as informações e 
problematizar os resultados das análises, discutindo em equipe os limites 
e possibilidades de ações contidas no âmbito do Eixo Vigilância dos 
padrões dos serviços.
SEÇÃO 3
MARCO NORMATIVO 
DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
Caro aluno, nesta seção iremos visitar alguns documentos que se 
configuram como marcos normativos da Política de Assistência Social 
Brasileira, importante ressaltar que tais documentos fazem menção sobre 
a Vigilância Socioassistencial.
A importância dessa abordagem ocorre, pois é fundamental ao aluno 
conhecer mais detalhadamente as normativas que legitimam as ações a 
serem realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial, como exemplo 
podemos citar a Norma Operacional Básica de 2012, a qual reforçou a 
importância da Vigilância na Lei Orgânica de Assistência Social e no texto 
da Política Nacional de Assistência Social. Os documentos mencionados 
contribuem para que as ações da Vigilância tenham maiores chances de 
efetivação, sinalizando que a temática da Vigilância é fundamental para 
se cumprir a agenda do SUAS no Brasil.
Desse modo, a seção apresentará as normativas abordando em seu 
interior o conteúdo da Vigilância Socioassistencial.
3.1 Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS
O texto da LOAS em 2011 sofreu algumas alterações, estas 
foram realizadasna perspectiva de fundamentar e fortalecer a Política 
de Assistência Social Brasileira, tendo como pressuposto a lógica do 
SUAS. Portanto, a nova redação da LOAS traz em seu texto, no art. 2º, 
uma série de objetivos a serem alcançados no âmbito da Política de 
Assistência Social, dentre estes objetivos, o artigo se refere a Vigilância 
Socioassistencial, apresentando o objetivo transcrito a seguir: “[...]
II – a vigilância socioassistencial, que visa analisar territorialmente a 
capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, 
de ameaças, de vitimização e danos; [...]” (CNAS, 2011, s/p.).
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O importante em observarmos em um primeiro momento é que a 
Vigilância Socioassistencial está inscrita como sendo um dos objetivos 
da Política de Assistência Social, a vigilância é tão fundamental para a 
política quanto o é a proteção social e a defesa de direitos. 
Caro aluno, reflita sobre esse questionamento.
Por que a Vigilância Socioassistencial ganha esse destaque e 
importância no contexto da Política de Assistência Social?
Veja que a Vigilância Socioassistencial é fundamental, pois ela é 
responsável, no interior dos municípios, pela produção, sistematização 
e análise de informações que são geradas no território onde vivem as 
famílias/indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais. 
Como já visto anteriormente, a Vigilância Socioassistencial produzirá 
as informações sobre os riscos e vulnerabilidades que atingem as famílias/
indivíduos, bem como as violações de direitos que os acometem. Esta 
área é também responsável por produzir informações que correspondem 
ao tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela 
rede socioassistencial. Desta forma, a Vigilância Socioassistencial é 
fundamental para a Política de Assistência Social e o SUAS, uma vez 
que ela contribui para o reconhecimento e identificação das necessidades 
da população, permitindo ações proativas, e realiza o planejamento 
da oferta e efetivação do acesso das famílias e indivíduos aos serviços 
socioassistenciais e benefícios.
Podemos encontrar a temática da Vigilância Socioassistencial ser 
mencionada no capítulo III da LOAS que trata sobre a Organização e 
Gestão da Assistência Social, este capítulo traz no art. 6º que:
A gestão das ações na área de assistência 
social fica organizada sob a forma de sistema 
descentralizado e participativo, denominado 
Sistema Único de Assistência Social (Suas), com 
os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão 
compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação 
técnica entre os entes federativos que, de 
modo articulado, operam a proteção social não 
contributiva; II - integrar a rede pública e 
privada de serviços, programas, projetos e 
benefícios de assistência social, na forma do art. 
6o-C; III - estabelecer as responsabilidades dos 
entes federativos na organização, regulação, 
manutenção e expansão das ações de assistência 
social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas 
as diversidades regionais e municipais; V - 
implementar a gestão do trabalho e a educação 
permanente na assistência social; VI - estabelecer 
a gestão integrada de serviços e benefícios; e 
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a 
garantia de direitos. (CNAS, 2011, s/p.).
O texto elucida que é objetivo do SUAS contribuir para a instituição 
da Vigilância Socioassistencial.
Já o art. 6º - A da LOAS também discorre sobre as proteções que 
são ofertadas no contexto da Política de Assistência Social, quais sejam: 
proteção social básica e especial, na sequência, o artigo, em seu parágrafo 
único afirma que a Vigilância Socioassistencial configura-se como uma 
das ferramentas das proteções da assistência social, visto que identifica 
e previne as situações em que há a incidência de risco e vulnerabilidade 
social e suas consequências no território em que vivem as famílias/
indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais. (CNAS, 2011).
Ante o exposto podemos observar a relação entre proteção social 
e vigilância socioassistencial, pois a capacidade de potencializar o 
processo de proteção social dos sujeitos que se encontram em situação 
de risco e vulnerabilidade social, em situação de violência e direitos 
violados, depende da capacidade de identificação e prevenção desses 
acontecimentos, nesse processo, a Vigilância Socioassistencial é 
fundamental.
3.2 Política Nacional de Assistência Social – PNAS 2004
O texto da Política Nacional de Assistência Social, redigido em 
2004, assim como o documento da LOAS, traz considerações no que tange 
à Vigilância Socioassistencial, onde é possível perceber que o texto ao 
fazer menção do campo da Vigilância Socioassistencial atribui a esta área 
a responsabilidade de produzir, sistematizar as informações coletadas 
mediante diagnóstico territorial com vistas a aprimorar a atuação da 
vigilância, afirma ainda a importância de manter os dados coletados 
sempre atualizados, pois é importante para o melhoramento dos padrões 
dos serviços ofertados pelo SUAS.
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Dessa forma, o texto sinaliza que a organização dos serviços 
ofertados no SUAS seguem alguns pressupostos, tais como: vigilância 
social, proteção e defesa social e institucional, nesse contexto, a vigilância 
social implica na:
[...] produção, sistematização de informações, 
indicadores e índices territorializados das 
situações de vulnerabilidade e risco pessoal e 
social que incidem sobre famílias/pessoas nos 
diferentes ciclos da vida (crianças, adolescentes, 
jovens, adultos e idosos); pessoas com redução 
da capacidade pessoal, com deficiência ou em 
abandono; crianças e adultos vítimas de formas 
de exploração, de violência e de ameaças; vítimas 
de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; 
vítimas de apartação social que lhes impossibilite 
sua autonomia e integridade, fragilizando 
sua existência; vigilância sobre os padrões 
de serviços de assistência social em especial 
aqueles que operam na forma de albergues, 
abrigos, residências, semi-residências, moradias 
provisórias para os diversos segmentos etários. Os 
indicadores a serem construídos devem mensurar 
no território as situações de riscos sociais e 
violação de direitos. (BRASIL, 2005, p. 39).
Diante do exposto, fica evidente que operando a partir dessas 
premissas a Vigilância tem possibilidades de colaborar no processo de 
gestão do SUAS, pois será possível conhecer as demandas que estão 
sendo atendidas e aquelas demandas que ainda carecem de atendimento. 
Quanto às demandas que estão sendo atendidas, cabe pensar na 
capacidade e qualidade desse atendimento, por sua vez, para aquelas 
demandas que não estão sendo atendidas é necessário instituir um plano 
de ação e executá-lo com vistas a atendê-las.
3.3 Norma Operacional Básica do SUAS – NON/SUAS 2012
A redação da NOB/SUAS 2012 é redigida no intuito de disciplinar 
a gestão da Política de Assistência Social no território brasileiro, pode-se 
afirmar que esta norma representa um grande avanço no que tange à 
consolidação do SUAS, pois dispõe de um arcabouço teórico fundamentado 
na Carta Magna de 1988 e na LOAS de 1993.
Caro aluno, você sabia que já tivemos outros textos da Norma 
Operacional Básica?
O primeiro texto da NOB foi aprovado em 1997, através da 
Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS nº 204 de 
04/12/1997. A segunda NOB foi aprovada em 1998, pela Resolução CNAS 
nº 207 de 16/12/1998.
Em 2005 foi aprovada a terceira NOB/SUAS pela Resolução CNAS nº 
130 de 15/07/2005, no entanto, a mesma apresentava limites em seu texto 
no que tange ao seu arcabouço legal, dessa forma, com vistas a aprimorar 
os instrumentos de gestão, serviços, programas, projetos e benefícios do 
SUAS com pactuação de compartilhamento de responsabilidades e metas 
entre os entes federadosfoi aprovado o texto da NOB/SUAS 2012.
Vale lembrar que a NOB/SUAS 2012 tem como premissa o pacto 
federativo, a gestão compartilhada, o compromisso com a qualidade dos 
serviços ofertados à população e a participação social.
Importante destacar que em uma sociedade marcada pela 
desigualdade social e pobreza de sua população, materializar a proteção 
social não contributiva por meio de política pública representa um grande 
avanço, um salto qualitativo para a área da assistência social que como já 
visto anteriormente, traz em sua trajetória a marca de ações de caridade, 
benemerência e mérito. 
Assim sendo, o texto da NOB/SUAS 2012 vem para afirmar que 
assistência social é direito social de todo cidadão, independente de sua 
contribuição e é dever do Estado provê-la a quem dela necessitar.
Portanto, é pertinente lembrar uma passagem que está logo na 
introdução da NOB/SUAS 2012, quando diz que:
Os dispositivos desta Normativa denotam os 
avanços já atingidos e reafirmam princípios e 
diretrizes do SUAS já consolidados. Lançam, 
ainda, bases para o fortalecimento da 
institucionalidade do Sistema e para as inovações 
e avanços que se fazem necessárias no campo da 
gestão e da efetividade da política, tendo em vista 
o enfrentamento dos desafios que emergem nesse 
novo contexto. (BRASIL, 2012, p. 11).
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Sobre a Vigilância Socioassistencial a normativa em tela expõe que a 
sua implantação e operacionalização contribuirá para o aperfeiçoamento 
da ação protetiva da Assistência Social, pois a vigilância configura-se 
como ferramenta essencial para reconhecer e encontrar as famílias/
indivíduos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade 
social. (BRASIL, 2012).
A NOB/SUAS 2012 destaca em seu art.2º que “[...] XI - afiançar 
a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos como funções da 
política de assistência social.” é um dos objetivos do SUAS. (BRASIL, 
2012, p. 16).
Por sua vez, o art.12º trata das Responsabilidades dos entes, 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios e afirma que os mesmos 
são responsáveis por organizar, estabelecer e implementar a Vigilância 
Socioassistencial. (BRASIL, 2012, p. 21). E nesse sentido cabe à União 
“[...] XIII - apoiar técnica e financeiramente os Estados, e o Distrito 
Federal e Municípios na implantação da vigilância socioassistencial [...].”, 
conforme esclarece o art. 13º. (BRASIL, 2012, p. 22). Da mesma forma, os 
estados deverão oferecer o mesmo apoio aos municípios, conforme expõe 
o art. 14º da NOB/SUAS 2012.
Ou seja, é necessário o estabelecimento de um compromisso entre 
os entes para a concretização da Vigilância Socioassistencial, pois se 
trata de responsabilidade compartilhada entre eles.
O capítulo VII da NOB/SUAS 2012 trata exclusivamente da 
Vigilância Socioassistencial, apresenta uma série de diretrizes no que 
tange às responsabilidades dos entes e ainda expõe a operacionalização 
da gestão da vigilância.
O esquema a seguir apresenta a forma como podem ser 
operacionalizadas as ações no âmbito da Vigilância Socioassistencial, 
ele é resultado de uma proposta da cidade de Juiz de Fora apresentado 
no evento “Intercâmbio de experiências na Implantação da Vigilância 
Socioassistencial em Municípios e Estado” realizado em Brasília em 
agosto de 2013.
Proposição de um Modelo de Proteção Constituído com Base na 
Vigilância Socioassistencial
Identificar e Reconheceras 
Necessidades da População
Instituir a Busca Ativa como 
Estratégia de Garantia de 
Acesso às Políticas Públicas
Planejar a Oferta com 
Base no Diagnóstico da 
Demanda Local
Incluir as Família se os 
Indivíduos nos Serviços, 
Programas, Projetos e 
Benefícios
“trata das situações 
de Vulnerabilidade 
e risco que incidem 
sobre famílias 
e indivíduos e 
dos eventos de 
violação de direitos 
em determinado 
território” 
Cap. VII, Art. 87, I 
NOB/SUAS - 2012
“trata do tipo, 
volume e padrões 
de qualidade 
dos serviços 
ofertados 
pela rede 
socioassistencial”
Cap. VII, Art. 87, II 
NOB/SUAS - 2012
Potencializar o Caráter Preventivo das Ações e/ou Evitar 
o Agravamento dos Riscos e Vulnerabilidades. Consolidar e 
Efetivar o Sistema Único de Assistência Social.
FIGURA 05
FONTE: Esquema apresentado pelo Município de Juiz de Fora na Oficina 07 do evento 
intitulado “Intercâmbio de experiências na Implantação da Vigilância Socioassistencial 
em Municípios e Estado”. Brasília, 2013.
Quanto à operacionalização o art. 88 assevera que “A Vigilância 
Socioassistencial deve manter estreita relação com as áreas diretamente 
responsáveis pela oferta de serviços socioassistenciais à população nas 
Proteções Sociais Básica e Especial”. (BRASIL, 2012, p. 40).
A fim de cumprir com essa assertiva, a vigilância deve viabilizar 
informações organizadas com vistas a favorecer que as equipes dos 
serviços socioassistenciais avaliem seu desempenho. 
A vigilância, deve ainda contribuir para que as equipes dos serviços 
socioassistenciais ampliem seu conhecimento acerca das características 
da população e do território com finalidade de potencializar o atendimento 
das demandas apresentadas. Nesse processo, é importante que a vigilância 
viabilize o planejamento e execução da busca ativa, pois mediante esta 
ação será possível localizar as famílias/indivíduos que se encontram em 
situação de vulnerabilidade. (BRASIL, 2012).
O art. 89 sinaliza que é responsabilidade da Vigilância proceder 
com a análise das informações concernentes às demandas quanto às: “I 
- incidências de riscos e vulnerabilidades e às necessidades de proteção 
da população, no que concerne à assistência social; e II - características 
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e distribuição da oferta da rede socioassistencial instalada vistas na 
perspectiva do território, considerando a integração entre a demanda e a 
oferta”. (BRASIL, 2012, p.41)
No artigo 90 é possível observar que o texto aborda a respeito de 
como devem ser executadas e materializadas as atividades da vigilância, 
nesse sentido expõe:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios devem instituir a área da Vigilância 
Socioassistencial diretamente vinculada aos 
órgãos gestores da política de assistência social, 
dispondo de recursos de incentivo à gestão 
para sua estruturação e manutenção. Parágrafo 
único. A Vigilância Socioassistencial constitui 
como uma área essencialmente dedicada à 
gestão da informação, comprometida com: I - o 
apoio efetivo às atividades de planejamento, 
gestão, monitoramento, avaliação e execução dos 
serviços socioassistenciais, imprimindo caráter 
técnico à tomada de decisão; e II - a produção 
e disseminação de informações, possibilitando 
conhecimentos que contribuam para a efetivação 
do caráter preventivo e proativo da política de 
assistência social, assim como para a redução dos 
agravos, fortalecendo a função de proteção social 
do SUAS. (BRASIL, 2012, p.41).
Por sua vez, o artigo 91 trata das responsabilidades comuns aos 
entes federados, já os artigos 92, 93 e 94 apresentam as competências 
específicas de cada ente. 
Quanto às responsabilidades comuns à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e Municípios apresentadas no art. 91 podemos destacar 
que cabe à vigilância colaborar com as áreas de gestão e de proteção 
social básica e especial no que tange à construção de diagnósticos e 
planos. A vigilância pode consultar as base de dados do CadÚnico 
para coletar informações que contribuam na construção de mapas de 
vulnerabilidade social dentro dos territórios e, dessa forma, levantar um 
perfil da população e assim estimar a demanda potencial dos serviços 
socioassistenciais. (BRASIL, 2012)
A fim de padronizar e zelar pela qualidade das informações a respeito 
dos atendimentos realizados pela rede socioassistencial, o art. 91 sinaliza 
que cabe à vigilância realizar orientações