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PONTA GROSSA - PARANÁ 2014 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Gestão da Vigilância Social Cristiane Gonçalves de Souza CRÉDITOS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220 3163 www.nutead.org 2014 Governo do Estado do Paraná Carlos Alberto Richa Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia João Carlos Gomes Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Fernanda Bernardi Vieira Richa Secretaria de Estado da Administração e da Previdência Dinorah Botto Portugal Nogara Reitores Prof. Dr. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas – UEPG Prof. Drª Nádina Aparecida Moreno – UEL Prof. Dr. Júlio Santiago Prates Filho – UEM Prof. Dr. Aldo Nelson Bona – UNICENTRO Coordenação Pedagógica Prof. Drª Solange de Moraes Barros – UEPG Prof. Ms. Liza Holzmann – UEPG Prof. Drª. Lenir Mainardes da Silva – UEPG Prof. Dr ª. Rosiléa Clara Werner – UEPG Prof. Ms. Adnilson José da Silva – UNICENTRO Prof. Drª. Vera Suguihiro – UEL Prof. Drª. Celene Tonella – UEM Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Prof. Drª. Leide Mara Schmidt Prof. Ms. Cleide Aparecida Faria Rodrigues Nosso cotidiano está repleto de avanços tecnológicos, diferentes expressões culturais e mudanças sociais. Apesar de tantas novidades, nossa sociedade ainda convive com problemas básicos na área da saúde, da educação, assistência social, direitos humanos e tantas outras áreas. Por certo, de diferentes maneiras, os problemas vividos e noticiados tem estreita relação com a área da gestão pública. Diferentes explicações são dadas para o enfrentamento da questão social. Pensar e buscar alternativas às demandas sociais é uma tarefa dos gestores e funcionários públicos do Estado do Paraná. Assim foi criado o Curso de Especialização em Gestão Pública com ênfase em: Sistema Único da Assistência Social, Sistema Único da Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, Gestão Escolar e Planejamento e Avaliação de Políticas Públicas oferecendo quinhentas e sessenta vagas aos servidores públicos das diversas secretarias envolvidas, e ainda duzentas e sete vagas a residentes técnicos com ênfase no Sistema Único da Assistência Social. O curso tem por objetivo habilitar profissionais já inseridos na área pública e egressos de diferentes áreas para atuarem em órgãos e empresas públicas, na prestação de serviços profissionais ou que pretendem trabalhar em projetos, convênios e serviços, no âmbito da administração pública. Um projeto construído a muitas mãos, coordenado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá – UEM, Universidade Estadual de Londrina - UEL, Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO, Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI, Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social – SEDS e Secretaria da Administração e da Previdência – Escola de Governo. Nosso desafio é colaborar na qualificação de gestores públicos para o Estado do Paraná, melhorando o planejamento, a execução e a avaliação das políticas públicas. Bom Estudo! Prof.ª Drª Lenir Mainardes da Silva (coord.da residência) Prof.ª MS. Liza Holzmann (coord.de tutoria) Prof. Drª. Solange de Moraes Barros (coord.pedagógica) PREFÁCIO Souza, Cristiane Gonçalves de S729 Gestão da vigilância social / Cristiane Gonçalves de Souza. Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD, 2014. 127 p. Curso de Especialização em Gestão Pública : Sistema único de Assistên cia Social. 1. Vigilância socioassistencial. I. T. CDD : 361.3 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG SUMÁRIO ■ PALAVRAS DA PROFESSORA 7 BASES CONCEITUAIS E MARCO NORMATIVO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 11 ■ SEÇÃO 1 - Concepção e objetivos da Vigilância Socioassistencial 13 ■ SEÇÃO 2 - Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial 22 2.1 Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades 23 2.2 Eixo Vigilância dos Padrões de Serviços 30 ■ SEÇÃO 3 - Marco normativo da Vigilância Socioassistencial 35 3.1 Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS 35 3.2 Política Nacional de Assistência Social - PNAS 2004 37 3.3 Norma Operacional Básica do SUAS - NON/SUAS 2012 38 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS NO ÂMBITO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 51 ■ SEÇÃO 1 - Atividades realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial 53 1.1 Organização, estruturação e padronização de informações 55 1.2 Gerenciamento e consulta de sistemas de informações 58 1.3 Elaboração de diagnósticos e estudos 58 1.4 Monitoramento e avaliação 63 1.5 Notificações de Violências e Violações de Direitos 67 ■ SEÇÃO 2 - Planejamento e organização de ações da Busca Ativa 69 2.1 Busca Ativa no contexto do SUAS 69 FERRAMENTAS PARA A VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL 79 ■ SEÇÃO 1 - Ferramentas para a Vigilância Socioassistencial 81 1.1 Cadastro Nacional do SUAS - CadSUAS 82 1.2 Censo SUAS 83 1.3 Registro Mensal de Atendimentos - RMA 85 1.4 Prontuário SUAS 87 1.5 CadÚnico e CECAD 89 1.6 Sistema de Identificação de Domicílios em Vulnerabilidade - IDV 90 1.7 Matriz de informações sociais e Relatórios de Informações Sociais (MI-SAGI e RI-SAGI) 91 1.8 SUASWEB - Informações do confinanciamento federal 93 1.9 Outras ferramentas de informações 94 ORGANIZAÇÃO DA ÁREA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL NO CAMPO DA GESTÃO 97 ■ SEÇÃO 1 - Orientações e recomendações para organizar a área de Vigilância Socioassistencial no campo da Gestão 99 1.1 Equipe e habilidades técnicas 101 1.2 Contratação de serviços técnicos especializados 104 1.3 Infraestrutura e equipamentos 105 1.4 Recursos financeiros para estruturar a área: utilizando o IGD-SUAS 106 ■ PALAVRAS FINAIS 113 ■ REFERÊNCIAS 115 ■ ANEXOS 119 ■ NOTAS SOBRE A AUTORA 127 PALAVRAS DA PROFESSORA A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do (s) respectivo (s) autor (es). O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie. Caro Estudante. No Brasil, a Assistência Social juntamente com a Saúde e a Previdência Social compõem o sistema de Seguridade Social. As três políticas articuladas têm como finalidade garantir direitos na perspectiva de contribuir para que os cidadãos tenham a possibilidade de terem garantidas melhores condições de vida. O fato que forneceu as bases para que a Assistência Social deixasse de ser tratada e interpretada como caridade foi o momento da Constituinte em 1988, onde a mesma ganha status de Política Social Pública, a partir desse momento, “há uma virada paradigmática instituída com a Constituição Federal de 1988, no que tange à normatividade da assistência social como direito” (GONÇALVES, 2010, p. 69) a assistência deixa de ser considerada ação pontual caritativa e ato da bondade alheia para se constituir enquanto política social cujo pressuposto é o direito. O art. 203 da Constituição Federal de 1988 estabelece que a assistência social enquanto política deveria ser assegurada a todos que por ventura viessem a necessitar e isso independente de contribuição ao sistema de seguridade social, afirmando o caráter universal da política. O texto segueexpondo os objetivos da assistência social onde fica explícito que as ações socioassistenciais deveriam promover a proteção à família e todos os seus membros, garantindo inclusive um salário mínimo de benefício mensal ao idoso ou portador de deficiência cuja família não possuir meios de prover sua manutenção. (CRESS, 2007). A Constituição Federal também abriu caminho para a instituição da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS em 1993. A LOAS regulamentou a assistência social como sendo direito do cidadão e dever do Estado e reafirmou a Assistência Social como política pública. As normativas expostas (Constituição Federal de 1988 e LOAS de 1993) prepararam o terreno para a instituição da Política Nacional de Assistência Social – PNAS em 2004 e também do SUAS, haja vista que, a partir das diretrizes da Constituição Federal de 1988 e da LOAS, foram reorganizadas as ações de Assistência Social seguindo os preceitos da: descentralização político-administrativa, participação, primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo e centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos. (BRASIL, 2005). Mediante a instituição da PNAS em 2004, as ações a serem realizadas no âmbito da assistência social são concebidas como sendo responsáveis por três funções: Proteção Social, Vigilância Socioassistencial e Defesa de Direitos. A Proteção Social está dividida em proteção social básica e proteção social especial de média e alta complexidade. A Vigilância Socioassistencial é uma área vinculada à Gestão do SUAS, responsável por: produzir, sistematizar e analisar as informações territorializadas, informações que correspondam às situações de risco e vulnerabilidade que incidem sobre famílias e indivíduos, assim como, de informações relativas ao tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede Socioassistencial. Através da Vigilância Socioassistencial o gestor tem condições de adquirir conhecimento a respeito da realidade de seu município, isso contribui para um melhor planejamento das ações de assistência social. Quanto à defesa de direitos, o texto da PNAS 2004 estabelece que tanto a proteção social básica como a proteção social especial devem estar organizadas com vistas a garantir aos usuários o acesso ao conhecimento dos direitos socioassistenciais e sua defesa. Dessa forma, o objetivo desta disciplina consiste em contribuir para que o aluno se familiarize com os conceitos que envolvem a Vigilância Socioassistencial e adquira conhecimentos com vistas a contribuir para seu aprimoramento profissional. Nesta disciplina, o aluno irá perceber que cabe à Vigilância Socioassistencial produzir informações das situações de vulnerabilidade social e informações sobre violação de direitos nos territórios. Para tanto, é importante que esta área realize atividades de monitoramento e avaliação como processo gerencial da qualidade da oferta dos serviços / programas e projetos. O aluno irá conhecer as bases conceituais e as possibilidades de operacionalização da Vigilância, bem como os instrumentos que subsidiam o acompanhamento dos municípios pelo Estado: normativas, publicações, protocolos e outros; sistemas de informações; conceitos gerais e sistemas existentes do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, estados e municípios. Veremos também, nesta disciplina, qual o papel do Estado na assessoria junto aos municípios quanto à Gestão da Informação, Monitoramento, Avaliação e Vigilância Social. Para cumprir com esses objetivos, a disciplina está dividida em 04 (quatro) unidades, onde na primeira unidade apresentamos a definição de Vigilância Socioassistencial e também expomos os objetivos da mesma. Ainda nesta unidade, exibimos os Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial, os quais são: Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços e apresentamos as principais normativas que fundamentam a Vigilância Socioassistencial no contexto da Política de Assistência Social, dentre elas, destacamos a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, atual Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS 2012. A segunda unidade abordará sobre as principais atividades realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial, é neste momento que o aluno terá a possibilidade de visualizar que do ponto de vista organizacional a Vigilância integra a gestão do SUAS, no entanto, mantém íntima relação com as áreas de proteção social e defesa de direitos. Portanto, nesse contexto, cabe à vigilância organizar, estruturar e padronizar informações que são produzidas e acumuladas a partir do desenvolvimento das ações das equipes técnicas que atuam na Proteção Social Básica e Proteção Social Especial. A Vigilância Socioassistencial possui uma série de atribuições e para cumpri-las desenvolve diversas atividades. No intuito de efetivar tais atividades a Vigilância consulta diversas bases de dados, diferentes instrumentos para conseguir ter acesso às informações que lhe são necessárias para concretizar seus objetivos. Algumas dessas bases de dados e instrumentos são usadas em nível nacional, ou seja, todos os entes federados usam os mesmos instrumentos, mas há aquelas informações que serão produzidas especificamente no contexto do território, ou seja, será particular de cada município. Dessa forma, o objetivo da terceira unidade é apresentar as principais fontes de dados/informações que são ferramentas para as atividades da Vigilância Socioassistencial. Finalmente, a quarta unidade tem como finalidade tecer algumas contribuições a respeito das possibilidades de organização da área da Vigilância Socioassistencial no campo da Gestão. Ao final dessa jornada, o aluno terá um maior conhecimento sobre a Vigilância Socioassistencial e como ela pode contribuir para o aperfeiçoamento da gestão do SUAS. O aluno terá possibilidades de visualizar que a Vigilância atua contribuindo para que o Estado exerça o dever de afiançar o direito à assistência social às famílias/indivíduos, mediante a realização de ações que favoreçam o processo de proteção social e por conseguinte, prestando serviços de atendimento por meio da oferta de serviços socioassistenciais que sejam coerentes com as demandas da população. Bases Conceituais e Marco Normativo da Vigilância Socioassistencial Cristiane Gonçalves de Souza Un id ad e IAo finalizar esta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender os conceitos que norteiam a Gestão da Vigilância Socioassistencial. • Analisar as funções e os objetivos da Vigilância Socioassistencial. • Descrever as principais situações que se caracterizam como riscos e vulnerabilidades sociais que atingem as famílias no contexto do território. • Perceber a importância de monitorar o padrão dos serviços disponíveis no contexto do território em que estão inseridas as famílias usuárias dos serviços socioassistenciais. • Delinear as principais normativas que fundamentam a Gestão da Vigilância Socioassistencial. ROTEIRO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE ESTUDOS • SEÇÃO 1 - Concepção e objetivos da Vigilância Socioassistencial • SEÇÃO 2 - Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial • SEÇÃO 3 - Marco normativo da Vigilância Socioassistencial 12 UNIDADE I 13 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Caro estudante, estamos iniciando a disciplina “Gestão da Vigilância Socioassistencial”, portanto, nesta primeira unidade, abordaremos alguns aspectos que são basilares para o estabelecimento da Vigilância. Num primeiro momento apresentamos a definição de Vigilância Socioassistencial e também expomos os objetivos dela. Veremos que no processo de Gestão da Vigilância Socioassistencial é necessárioconhecer o cotidiano de vida das famílias/indivíduos, a partir das condições concretas do território onde vivem e não se preocupar apenas em realizar levantamentos de dados estatísticos. Visto que cabe à Vigilância identificar nos territórios a incidência de riscos no contexto das cidades, estados e no país. Dessa forma, tem condições de contribuir para que a Política de Assistência Social concretize sua finalidade protetiva. Na sequência da unidade, exibimos os Eixos estruturantes da Vigilância Socioassistencial, os quais são: Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços. Para um bom entendimento de tais eixos optamos por trabalhar de forma que fosse possível ao aluno visualizar as situações que denotem a presença de riscos e vulnerabilidades sociais. Por sua vez, quanto ao Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços apresentamos justificativas que demonstram a importância de monitorar a qualidade dos serviços socioassistenciais ofertados para a população, os quais devem vir de encontro com as demandas/necessidades das famílias e não ao contrário. Finalmente, mas não menos importante, apresentamos as principais normativas que fundamentam a Vigilância Socioassistencial no contexto da Política de Assistência Social, dentre elas destacamos a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, atual Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS 2012. Leia os textos com atenção e realize as atividades propostas, em caso de dúvidas, consulte o seu tutor. Bons estudos! PARA INÍCIO DE CONVERSA SEÇÃO 1 CONCEPÇÃO E OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Vamos iniciar nosso estudo recordando algumas premissas importantes sobre a Política de Assistência Social. Em 2004 é implementada a Política Nacional de Assistência Social e em 2005, com vistas a materializar e qualificar a Política de Assistência Social, é instituído o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, este, por sua vez, implementa um regime geral para a gestão da Assistência Social em todo o território nacional. O SUAS objetiva: prestar serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem; contribuir com a inclusão e equidade dos usuários e grupos específicos; promover o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais em área urbana e rural; e assegurar a centralidade da família, garantindo a convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2005). A partir de 2004, a Política de Assistência Social é concebida como sendo responsável por três funções: Vigilância Socioassistencial, Defesa de Direitos e Proteção Social. FIGURA 01 FONTE: Elaborada pela autora. Ademir Realce 14 UNIDADE I 15 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l No capítulo VII da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS, aprovada em 2012, é possível encontrar algumas definições importantes no que tange à Vigilância Socioassistencial. Especificamente, o art. 87 apresenta a definição sobre ela, indicando que a Vigilância Socioassistencial diz respeito a uma das funções da política de assistência social e, portanto, sua realização ocorre através da produção, sistematização, análise e difusão de informações territorializadas. (BRASIL, 2012) Nessa perspectiva opera a partir de dois eixos1: Eixo I – das situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos em determinados territórios e Eixo II – do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. (BRASIL, 2012). A Vigilância Socioassistencial deve contribuir para o desenvolvimento de capacidades e meios técnicos para que tanto gestores como os próprios profissionais da Assistência Social tenham condições de adquirir conhecimento a respeito da presença e das formas de vulnerabilidade social que incidem sobre a população e sobre o território onde essa população se encontra. Nessa perspectiva, o conhecimento dessa realidade deve permitir o planejamento de ações preventivas favorecendo o aperfeiçoamento das ações que tenham finalidade de restaurar direitos violados e interromper situações de violência. (BRASIL, 2005). Você sabe que o fato da Política Pública de Assistência Social na atualidade adquirir, para a concretude de suas atividades, todo um processo sistemático de ação de planejamento e execução representa um grande avanço? É conhecido na trajetória histórica das ações da assistência social que elas foram permeadas pela lógica de caridade e assistencialismo, onde ser assistido não representava um direito social que deveria ser garantido pelo Estado. Portanto, desde o contexto de 1988, momento em que a Assistência Social passou a ter o status de política social pública, fazendo parte do tripé da Seguridade Social Brasileira juntamente com 1 Sobre os eixos trataremos de forma mais específica na sequência deste estudo. saúde e previdência social. Nesse momento, a Assistência Social passa a ser direito do cidadão e dever do Estado, desde então muito esforço tem sido empregado com vistas a qualificar e profissionalizar as ações desenvolvidas no âmbito desta política. E é nesse sentido que se dá a importância dos dados que a Vigilância Socioassistencial produzirá, pois estes, se produzidos e organizados juntamente com os indicadores, com as informações e análises adequadas têm a possibilidade de colaborar para que de fato se efetive o caráter preventivo e protetivo da política de assistência social. SAIBA MAIS SOBRE INDICADORES SOCIAIS: No processo de construção do diagnóstico e do planejamento das ações, os indicadores sociais surgem como um ponto central no que concerne às informações que podem ser obtidas mediante a sua utilização. Indicador social diz respeito a um recurso metodológico que visa informar sobre determinado aspecto da realidade social ou ainda pode informar as alterações que estão ocorrendo nessa realidade. “Um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas)”. (JANNUZZI, 2013, p.02). É função da Vigilância Socioassistencial: • Apoiar a organização das ações de Busca Ativa. • Contribuir no processo de pensar o dimensionamento da oferta; • Colaborar para o estabelecimento do diálogo horizontal entre os setores; • Contribuir para o estabelecimento do equilíbrio entre oferta e demandas. FIGURA 02 FONTE: Elaborada pela autora Ademir Realce 16 UNIDADE I 17 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l A NOB/SUAS 2012 sinaliza que a Gestão da Vigilância Socioassistencial deve estar organizada e ativa nos níveis: municipal, estadual e federal, com vistas a fortalecer os trabalhos desenvolvidos no contexto da proteção social básica e da proteção social especial. Esta organização deve se efetivar através da elaboração de estudos, planos e diagnósticos que tenham a capacidade de expandir o conhecimento a respeito da realidade dos territórios, bem como contribuir ainda para o conhecimento das necessidades da população. Se trabalhados a partir dessa perspectiva, as ações da Vigilância Socioassistencial auxiliarão no planejamento e organização das atividades a serem realizadas nos territórios, contribuindo para que elas sejam mais eficientes, produzindo respostas que irão de encontro às necessidades da população. (BRASIL, 2012). Pensar as ações da Vigilância Socioassistencial a partir do conhecimento que se tem do território constitui-se em uma visão estratégica, pois denota pensar de forma coletiva e não isolada, pressupõe a participaçãonão apenas de gestores, mas de diversos atores sociais, tais como: profissionais, técnicos, usuários dos serviços e comunidade. Ou seja, implica o conhecimento das necessidades da população a partir da sua realidade local, mediante estudo minucioso das situações vivenciadas pela comunidade em seu território, este estudo pode revelar fragilidades e potencialidades do território. As ações desenvolvidas no âmbito da política de Assistência Social têm um desafio cotidiano de realizar enfrentamento de situações que são complexas, devido ao fato de que não faz uma intervenção pontual que se limita tão somente a enfrentar a pobreza, mas faz enfrentamento de situações que são expressões da questão social. Schons (2007, p.09) explica que a Questão social “Resulta da contradição das relações do Capital e Trabalho, inscrita no sistema que se afirmou com a revolução industrial e hoje tem novas manifestações na reestruturação produtiva. A questão social, basicamente composta dos elementos econômico e político, que se manifesta no pauperismo. Aquele que o percebe toma consciência e o denuncia, exigindo outro atendimento, ou seja, é o elemento da resistência, capaz de inscrever o problema da pobreza na agenda política”. Questão social que é fruto de uma contradição entre capital e trabalho e não resultado da incompetência do indivíduo em produzir respostas frente a sua situação de sobrevivência, ou seja, como se fosse problema moral/individual quando, na verdade, trata-se de problema estrutural da sociedade capitalista. No caso da assistência, a lógica capitalista procura enfatizar a individualização das expressões da questão social, como se as desigualdades decorrentes desse sistema fossem consequência de problemas de ordem pessoal e não de um sistema que opera através da lógica perversa do lucro a todo custo sem intenção de distribuição das riquezas socialmente produzidas. Portanto, operar na lógica do território, com diagnóstico, planejamento é fundamental, pois contribui para que sejam desenvolvidas ações que terão um olhar mais apurado a respeito das situações vivencias pelas famílias inseridas em seu território. Proceder a análise das expressões que a questão social assume nos municípios e em seu interior, nos territórios, sugere distinguir a situação dos grupos sociais vulneráveis, onde as demandas necessitarão ser objeto de atenções específicas. (BRASIL, 2008). Os chamados grupos sociais vulneráveis podem ser ilusoriamente considerados como de fácil definição, ao se adotar uma concepção meramente econômica pautada por linhas de pobreza, ou se a base de análise segmentar a totalidade social através de programas específicos para, crianças, adolescentes, idosos, pessoas portadoras de deficiência. (BRASIL, 2008, p.4). LEMBRE-SE! É NECESSÁRIO TER CONHECIMENTO DE ONDE ESTÃO E QUANTOS SÃO OS DEMANDÁTARIOS DE PROTEÇÃO E TAMBÉM SABER QUAL É A CAPACIDADE DA REDE INSTALADA EM PROVER SUAS NECESSIDADES! FIGURA 03 FONTE: Elaborada pela autora Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce 18 UNIDADE I 19 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l A NOB/SUAS 2012 enfatiza também que a Vigilância Socioassistencial tem como prerrogativa contribuir com o processo de Gestão, uma vez que deve auxiliar a formulação, planejamento e execução de ações que sejam coerentes entre a oferta de serviços, benefícios, programas e projetos com as necessidades da população. Portanto, é mister gerar e analisar as informações sobre financiamento; sobre o natureza, quantidade, localização e qualidade das ofertas; bem como das condições de acesso aos serviços, benefícios, programas e projetos. (BRASIL, 2012). Estamos falando de planejamento de ações coerentes com as necessidades da população atendida no âmbito do SUAS. O que você entende por essas especificações? Sposati (2009, p. 40), expõe que “É preciso saber onde estão e quantos são os demandatários de proteção e, de outro lado, qual é a capacidade da rede instalada em suprir suas necessidades. Essa visão de totalidade é fundamental para definir responsabilidades dos entes federativos no modelo de proteção social”. Por essas razões, é possível afirmar a importância da Vigilância Socioassistencial, pois no conjunto da Política de Assistência Social e do SUAS, a vigilância tem capacidade de produzir conhecimentos e informações específicas no âmbito da Assistência Social. A Vigilância Socioassistencial, área vinculada à Gestão do SUAS, é responsável por: produzir, sistematizar e analisar as informações territorializadas, informações essas que correspondem as situações de risco e vulnerabilidade que incidem sobre famílias e indivíduos, assim como, de informações relativas ao tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede Socioassistencial. (FARIAS, 2013). Embora do ponto de vista da organização das Secretarias de Assistência Social, a Vigilância Socioassistencial componha a área de gestão do SUAS, é necessário compreender sua estreita relação com as áreas de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial. A Vigilância é, antes de tudo, um instrumento pelo qual o SUAS deve fortalecer e ampliar a capacidade de proteção social às famílias mais vulneráveis. (CNAS, 2013, p.08). Caro aluno, reflita neste momento: Por que a visão de totalidade é importante para a Gestão da Vigilância Socioassistencial? Para Kosik (1995, p. 49), a totalidade implica a percepção da realidade como um todo estruturado, dialético, onde um fato/fenômeno pode ser compreendido, desta forma, trata-se de um “Princípio metodológico da investigação dialética da realidade social é o ponto de vista da totalidade concreta, que antes de tudo significa que cada fenômeno pode ser compreendido como momento do todo”. A visão de totalidade é importante, pois a partir da mesma é possível perceber a realidade que cerca o cotidiano das famílias usuárias dos serviços socioassistenciais de determinado território. Mediante a investigação do todo do território existe a possibilidade de situar adequadamente as ausências e também as potencialidades contidas no território, suas contradições e incoerências no que tange à capacidade de atendimento da rede instalada e a partir dessa visão da totalidade instituir ações coerentes com a realidade investigada. FIGURA 04 FONTE:(Brasil, 2013, p.13) Ademir Realce 20 UNIDADE I 21 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Portanto: O processo de investigação da realidade e das vulnerabilidades e riscos sociais presentes nos territórios não assume, assim, apenas o caráter quantitativo – baseado em levantamento de dados numéricos e na construção de indicadores e índices; mas exige o estabelecimento de relações, mediações e sistematizações que garantam a análise e interpretação desses dados, reveladoras de novos modos de ler a realidade como totalidade. (BRASIL, 2008, p. 34). Diante do exposto, vamos conhecer um pouco sobre os objetivos da Vigilância Socioassistencial, os quais são: • Detectar e compreender as situações de precarização e de agravamento das vulnerabilidades que comprometem os territórios e, por conseguinte, a população; • Conhecer a realidade exclusiva das famílias e as condições concretas do lugar onde vivem as mesmas; • Reunir os dados e informações estatísticas, bem como criar formas de apropriação dos conhecimentos gerados pelas equipes dos serviços socioassistenciais que estão em contato cotidiano com as famílias inseridas em seus territórios. (BRASIL, 2013). Caro aluno, a esse respeito você não pode esquecer que: No processo de Gestão da Vigilância Socioassistencial é necessário conhecer o cotidiano de vida das famílias/indivíduos, a partir das condições concretas do território onde elas vivem e não se preocupar apenas em realizar levantamentos de dados estatísticos. É responsabilidade da Vigilância Socioassistencialidentificar nos territórios a incidência de riscos no contexto das cidades, estados e no país. Dessa forma, a Vigilância tem condições de contribuir para que a Política de Assistência Social concretize sua finalidade protetiva. Logo, é possível afirmar que “O conhecimento da realidade é um processo cumulativo, dinâmico, participativo de construção coletiva por aproximações sucessivas”. (BRASIL, 2008, p.34). Como consequência, para cumprir seus objetivos, a Vigilância Socioassistencial deve estabelecer uma série de ações que possam contribuir para a sua efetivação. A seguir serão descritas estas ações: • Produção e sistematização de informações que irão contribuir para construção de indicadores e índices territorializados a respeito de situações de risco e vulnerabilidade social que acometem as famílias e seus membros nos mais diversos ciclos de vida. • Verificar a ocorrência das situações de violação de direitos e maus tratos que atingem as famílias, seus membros, com especial atenção para os casos em que as vítimas forem criança, adolescente, idoso e pessoa com deficiência. • Verificar casos em que há pessoas que se encontram em situações onde há quadro de redução da capacidade pessoal, com deficiência ou em abandono. • Identificar casos em que há situações onde a pessoa é vítima de apartação social, situações estas que a tornem impossibilitada de desenvolver sua autonomia e integridade, onde sua existência enquanto ser humano fica fragilizada. • Controlar os padrões de qualidade dos serviços prestados no contexto da Assistência Social, com ênfase para aqueles serviços que atuam no formato de albergues, abrigos, residências, semirresidências, moradias provisórias para os mais distintos segmentos etários. • Averiguar se há coerência entre as necessidades de proteção social da população e a efetiva oferta dos serviços socioassistenciais, ponderando o tipo, volume, qualidade e distribuição espacial dos mesmos. • Contribuir para a identificação de potencialidades das famílias e dos territórios onde estas residem. Observe que as ações descritas correspondem a um processo que articula diversas atividades que prezam pela observância entre a coerência dos serviços disponíveis no território e as necessidades das famílias/indivíduos, ou seja, trata-se de reafirmar que o papel da vigilância é produzir dados, informações respaldadas a partir de investigação Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce 22 UNIDADE I 23 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l minuciosa da realidade com vistas a contribuir para fortalecer a capacidade protetiva da Política de Assistência Social. Até o presente momento, você teve a oportunidade de visualizar alguns pressupostos que são fundantes para uma boa gestão da Vigilância Socioassistencial, na seção seguinte, você terá a oportunidade de obter um maior aprofundamento teórico a respeito dos eixos que estruturam a Vigilância Socioassistencial. Conhecê-los é fundamental, pois eles trazem implicações em todas as ações que se desenvolvem no contexto do SUAS. SEÇÃO 2 EIXOS ESTRUTURANTES DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL A Vigilância Socioassistencial está estruturada a partir de dois eixos: Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades e Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços, a partir desses eixos são articuladas ações que visam identificar famílias/indivíduos que se encontram em situações de ricos e vulnerabilidades sociais com presença de violação de direitos no contexto do território em que eles vivem. Também são estabelecidas ações que têm como finalidade monitorar a qualidade dos serviços socioassistenciais prestados junto à população, principalmente observando se tais serviços são condizentes com as necessidades das famílias/indivíduos em seu território. Caro aluno, dessa forma, na sequência, iremos estudar detalhadamente os eixos, bem como observaremos a relevância deles para gestão da Vigilância Socioassistencial. 2.1 Eixo Vigilância de Riscos e Vulnerabilidades Falar em riscos e vulnerabilidades sociais pode ter diversos significados. Você sabe dizer ao certo o que significa estes dois conceitos? Por que eles são tão importantes no âmbito da Vigilância Socioassistencial? Você consegue classificar quando uma pessoa se encontra em uma situação de risco ou vulnerabilidade social? O objetivo desta seção é fornecer ao aluno alguns subsídios que lhe dê condições de fazer essa classificação. Observe a exposição de Sposati (2009, p. 28): A constituição da assistência social como política que busca construir seguranças sociais, o que é próprio do ambiente da seguridade social, traz um necessário debate sobre as desproteções e suas causas, bem como a discussão sobre riscos e vulnerabilidades sociais. A proximidade desses dois conceitos tem gerado múltiplos debates e concepções entre os que militam e analisam a política de assistência social. A Assistência Social, enquanto política pública, compõe junto com Saúde e Previdência Social o Sistema de Seguridade Social, sistema esse que tem como objetivo oferecer proteção social aos cidadãos brasileiros. No caso da saúde e assistência social, tal proteção se efetiva sem contribuição prévia, diferente da previdência social. Uma vez que a assistência social visa proteger socialmente os indivíduos, é importante pensar: Proteger de quê? Como? Por isso Sposati afirma a necessidade de falar sobre desproteções e suas causas. Estar desprotegido em uma sociedade capitalista, que gira em torno do mercado, traz algumas consequências para o cidadão, desta forma, é necessário instituir ações, estratégias que possam proteger os mesmos, contra as contingências advindas dessa sociedade. E além de estabelecer ações é necessário “vigiar” tais ações a fim de perceber se elas produzem respostas que vão de encontro às demandas das famílias/indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais. 24 UNIDADE I 25 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Sposati (2009, p. 29) expõe que: A noção de riscos tem um conteúdo substantivo, um adjetivo e outro temporal. O conteúdo substantivo diz explicitamente o que é o risco. Essa noção imediatamente leva à sua abordagem temporal: o antes, que se ocupa das causas do risco, e o depois, que se ocupa dos danos, sequelas, perdas que provoca. Há, porém, uma questão adjetiva, que vai se tornar fundamental para o desenho da política e diz respeito à graduação do risco. A vivência do risco pode proporcionar sequelas mais ou menos intensas, por decorrência da vulnerabilidade/resistência dos que sofrem o risco, como também do grau de agressão vital do próprio risco. Portanto, trabalhar situações de risco supõe conhecer as incidências, as causalidades, as dimensões dos danos para estimar a possibilidade de reparação e superação, o grau de agressão do risco, o grau de vulnerabilidade/resistência ao risco. (grifo do autor) Ou seja, é necessário pensar, o que produz o risco e quais são as suas consequências? Qual o grau desse risco? Será que todas as famílias/indivíduos que acessam os serviços socioassistenciais possuem as mesmas necessidades, vivenciam o mesmo grau de risco? E ao vivenciar o mesmo grau de risco, será que as diversas famílias/indivíduos enfrentam da mesma forma o risco e a vulnerabilidade que as atingem? Obviamente, a resposta a essas indagações é negativa, pois a capacidade de enfrentamento de situações de risco e vulnerabilidade depende de cada indivíduo, uns suportam mais, outros menos, portanto, não podemos cair na armadilha de achar que temos receita pronta. No âmbito da Assistência Social, a execução de ações que visem o enfrentamento das situações de risco requer, portanto, o estabelecimento de uma série de eventos que serão desenvolvidos com intuito de constituir ações de prevenção ou deenfrentamento com vistas a reduzir as consequências geradas pelas situações de risco. Nessa perspectiva, é importante desenvolver estudos que possibilitem uma forma de mensurar e monitorar a ocorrência ou probabilidade de surgimento de tais riscos. Mas, você ainda deve estar se perguntando quais os eventos/ situações que podem ser caracterizados como situações de risco? Bem! Vejamos o que a PNAS de 2004 caracteriza como eventos/ situações de riscos ou com probabilidades de ocorrência. Importante lembrar que as situações seguintes apresentadas devem ser prevenidas ou enfrentadas: • Condições de violência intrafamiliar; negligência; maus tratos; violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; discriminação por gênero, etnia ou qualquer outra condição ou identidade. • Condições que caracterizam a fragilização ou rompimento de vínculos familiares ou comunitários, tais como: vivência em situação de rua; afastamento de crianças e adolescentes do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação do convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com deficiência em instituições de acolhimento; qualquer outra privação do convívio comunitário vivenciada por pessoas dependentes (crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família. (BRASIL, 2013). Bronzo (2009, p. 173) explica que é possível oferecer algumas respostas frente às situações de riscos, tais respostas podem ser produzidas conforme as estratégias que foram desenvolvidas antes ou depois da situação de risco se instalar. As respostas podem ocorrer de duas formas: [...] as ações podem se dar na perspectiva da prevenção ou na da redução ou mitigação do risco. Na prevenção, a finalidade das estratégias é reduzir a probabilidade de produção de riscos adversos, as quais ocorrem, portanto, antes que se produzam os riscos. Tais estratégias envolvem políticas macroeconômicas, de regulação, de meio ambiente, de educação, de prevenção de epidemias, entre outras. Na perspectiva preventiva da proteção social, as medidas envolvem a redução dos riscos de desemprego, de subemprego e de baixos salários, por exemplo. Na mitigação, as intervenções voltam-se para a redução dos efeitos de riscos futuros e, portanto, tais estratégias situam-se antes da produção dos riscos, à medida que buscam reduzir a repercussão ou os efeitos dos eventos de riscos, caso ocorram. Trata-se de medidas ex ante, que buscam reduzir o impacto do risco, caso este se materialize. Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce Ademir Realce 26 UNIDADE I 27 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l As linhas de ações de enfrentamento dos riscos podem ser instaladas de maneira preventiva, ou seja, antes que ele ocorra, ou serem desenvolvidas para reduzir os efeitos gerados pelas situações de risco, o importante na área da Política de Assistência Social e especificamente no âmbito da Vigilância é produzir informações que contribuam para o desenvolvimento de projetos, programas que tenham a capacidade de fazer enfrentamento das situações de risco junto às famílias/indivíduos. Vulnerabilidade é outro conceito chave da Vigilância Socioassistencial, este conceito é mencionado diversas vezes no texto da PNAS, portanto, é fundamental conhecê-lo, interpretá-lo e saber discernir as situações vivenciadas pelos usuários da assistência social e que denotem vulnerabilidade. A PNAS (2004) estabelece que estar em vulnerabilidade significa estar em situação em que um indivíduo/família encontra-se excluído socialmente, esta exclusão é resultado do processo de produção e reprodução de desigualdade social, onde se originam processos de discriminação e segregação. O texto da PNAS (2005, p. 42) segue afirmando que estar vulnerável à pobreza não é uma questão que se limita a um fator econômico, tão pouco se trata apenas de qualificar individualmente uma pessoa como capaz ou incapaz. Mas estar em uma situação de vulnerabilidade à pobreza está relacionado também às configurações familiares e aos ciclos de vida das famílias. Portanto, as condições de vida de cada indivíduo dependem menos de sua situação específica que daquela que caracteriza sua família. No entanto, percebe-se que na sociedade brasileira, dada as desigualdades características de sua estrutura social, o grau de vulnerabilidade vem aumentando e com isso aumenta a exigência das famílias desenvolverem complexas estratégias de relações entre seus membros para sobreviverem. Por sua vez, Bronzo (2009, p. 172) faz a seguinte indagação “Famílias em condição de vulnerabilidade: o que isso quer dizer?” (destaque do autor). Para Bronzo (2009, p. 172) é importante estabelecer algumas distinções entre pobreza e vulnerabilidade, pois ambos os termos não correspondem à mesma coisa, por isso, da importância de se definir com mais clareza e objetividade o que se entende por famílias em situação de pobreza, em condição de vulnerabilidade ou fragilizadas, pois comumente tais termos são utilizados como se fossem sinônimos. “Nem todos os que se encontram em situação de vulnerabilidade são pobres – situados abaixo de alguma linha monetária de pobreza –, nem todos os pobres são vulneráveis da mesma forma.” A discussão/estratégias de ações que permeiam o campo da proteção social, especificamente a área da assistência social, centram-se em dois tipos de famílias: aquelas que enfrentam suas vulnerabilidades e conseguem sair da pobreza e há aquelas famílias que não conseguem lograr tal “êxito”. Para Bronzo (2009, p.173), essa discussão remete a uma reflexão sobre a “[...] contribuição possível e necessária das políticas públicas ao fortalecimento das capacidades de indivíduos, famílias e regiões para o enfrentamento e a superação da condição de vulnerabilidade”. Nessa perspectiva a autora segue afirmando que: O enfoque da vulnerabilidade e dos riscos permite uma ponte mais direta com o campo das políticas públicas, ao explicitar as diferentes estratégias que devem ser desenvolvidas para fazer frente a riscos específicos e fortalecer a capacidade de resposta das famílias, para redução de sua vulnerabilidade. Vulnerabilidade relaciona-se, por um lado, com a exposição ao risco e, por outro, com a capacidade de resposta, material e simbólica que, indivíduos, famílias e comunidades conseguem dar para fazer frente ao risco ou ao choque (que significa a materialização do risco). As políticas e os programas inserem- se nesse campo como elementos que podem fortalecer a capacidade de resposta das famílias e de seus membros e reduzir-lhes a vulnerabilidade. (BRONZO, 2009, p. 173). Com base nas argumentações de Bronzo, podemos inferir que, se os serviços disponíveis na rede socioassistencial forem compatíveis com as demandas das famílias/indivíduos, se as ações implementadas no contexto da política de assistência social forem coerentes com as realidades deles, tais ações poderão contribuir para o fortalecimento das famílias/indivíduos e no que tange à vulnerabilidade social esse fortalecimento pode ser fundamental para que famílias/indivíduos se percebam enquanto sujeitos Ademir Realce Ademir Realce 28 UNIDADE I 29 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l com potencialidades, colaborando para a capacidade de respostas frente às situações de privações que vivenciam em seu cotidiano. As pessoas e famílias em condição de vulnerabilidade extrema – nunca é demais repetir, padecem de uma síndrome de privações e de carências, mas também apresentam potencialidades e ativos que podem ser mobilizados, desde que exista um suporte efetivo e articulado pelas estruturas e processos e traduzidos por meio das políticas públicas. A adoção de formas mais flexíveis e relacionais degestão pública, aderentes às necessidades das pessoas, das famílias e dos territórios e desenvolvidas pelos diversos setores de forma mais integrada, constitui estratégia potencialmente mais exitosa. (BRONZO, 2009, p. 174). Quanto ao uso do conceito de vulnerabilidade e sua utilização no contexto da política de assistência social, é importante esclarecer que as responsabilidades e ofertas de serviços que competem a esta política, haja vista que a mesma é uma política setorial específica, não conseguem por si só realizar o enfrentamento e até mesmo superar todas as situações de vulnerabilidades sociais que são vivenciadas pelas famílias/indivíduos usuários da política de assistência social em sentido amplo, consequentemente, é necessário ação articulada entre as diferentes políticas setoriais. Pois a vulnerabilidade é constituída por diversos fatores e nesse sentido se faz indispensável essa ação articulada. Portanto, é importante diferenciar as informações ou fatores de vulnerabilidade que caracterizam o contexto mais amplo de vulnerabilidades das famílias e dos territórios em que as mesmas vivem. (BRASIL, 2013). Para ficar mais claro, podemos citar como exemplo a situação do saneamento básico, pois o mesmo constitui-se como fator de vulnerabilidade e no processo de caracterização do território onde vive a população diz respeito a um elemento fundamental. Todavia, o enfrentamento da ausência da oferta desse serviço corresponde a uma ação específica desenvolvida pelas áreas de habitação e infraestrutura. É por isso que cabe a reflexão sobre os fatores de vulnerabilidade cujo enfrentamento exige ações específicas da política de assistência social, ações estas que são capazes de garantir as seguranças e proteções que, de acordo com a LOAS e a PNAS, cabem ser asseguradas no contexto da política de assistência social. (BRASIL, 2013). No que tange a finalidade do Eixo da Vigilância de riscos e vulnerabilidades, ele tem como meta identificar junto às famílias/ indivíduos situações de riscos e vulnerabilidades observando o território onde as mesmas estão inseridas. Nessa perspectiva, podemos apresentar alguns exemplos para que o aluno tenha a possibilidade de visualizar o que pretendemos expor sobre a finalidade do Eixo da Vigilância de riscos e vulnerabilidades. O trabalho infantil (por exemplo) representa um fator de vulnerabilidade, nesse sentido, ter condições de quantificar o número de crianças que estão vulneráveis diante desse fator corresponde à demanda potencial para o Serviço de Convivência adequado a essa faixa etária. (BRASIL, 2013). Igualmente, podemos pensar em situações em que as crianças pertencentes às famílias em situação de pobreza, que corresponde a um fator de vulnerabilidade, e que não estejam incluídas em escolas de tempo integral, outro fator de vulnerabilidade, e que em decorrência dessa situação passam grande parte do dia sem os cuidados de um adulto, da mesma forma, estas crianças compõem a demanda potencial para o Serviço de Convivência. (BRASIL, 2013). Prever com exatidão a demanda potencial constitui-se em um desafio para a assistência social, haja vista que esta área há pouco tempo é considerada como política pública, direito do cidadão e dever do Estado. Assim sendo, há fortes resistências no que se refere à busca por qualificação e profissionalização dessa política. Há ainda outros desafios como: [...] a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais – instrumento normativo que define concretamente as ofertas que competem à área de assistência – só foi instituída em 2009; os dados e informações populacionais disponíveis, embora bastante numerosos, não são suficientes para uma adequada caracterização de aspectos relacionais e sociabilidades, que constituem elementos fundamentais quando lidamos com as necessidades de proteção vinculadas à assistência social; ausência de séries históricas de dados relativos aos atendimentos que possibilitassem instituir parâmetros quantitativos para a procura e para a demanda reprimida. (BRASIL, 2013, p. 10 e 11). Ademir Realce 30 UNIDADE I 31 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l No entanto, em meios aos desafios, não se pode deixar de trabalhar na lógica de construir parâmetros para quantificar a demanda e, nesse sentido, essa é a responsabilidade da Vigilância Socioassistencial, ter a capacidade de olhar para a demanda potencial e buscar um maior equilíbrio entre oferta e demanda. É importante destacar que mesmos com os desafios já mencionados, há bases de dados como as bases do Cadastro Único de Programas Sociais – CadÚnico – , do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada – BPC, assim como há os dados populacionais produzidos pelo Censo Demográfico do IBGE os quais oferecem subsídios concretos para produzir as estimativas da demanda potencial por serviços e benefícios, estas informações podem ser combinadas com outras já produzidas no próprio território pela equipe técnica. (BRASIL, 2013). A junção desses dados podem oferecer um retrato mais fidedigno a respeito da situação das famílias, o que permite identificar com maior clareza/exatidão as famílias que de fato encontram-se em situação de risco e vulnerabilidade e, dessa forma, há a possibilidade de potencializar e concretizar a função da Vigilância Socioassistencial, através de ações de busca ativa dessas famílias, o que contribuirá para a inclusão destas nos serviços socioassistenciais do SUAS. Outra finalidade do Eixo em tela é monitorar os casos de violência e de violação de direitos, para tanto é importante “Identificar os territórios com maior incidência, as variações no volume de ocorrências e o perfil das pessoas vitimadas permite aprimorar as ações de prevenção e de combate às situações, além de ações de aprimoramento dos próprios serviços responsáveis pelo atendimento das vítimas”. (BRASIL, 2013, p. 12). Efetivar essas ações torna-se pertinente, pois além da presença dos casos de violência e de violação de direitos influenciarem diretamente na demanda por serviços, é especialmente importante, haja vista que dizem respeito a situações que precisam ser prevenidas e enfrentadas. 2.2 Eixo Vigilância dos Padrões dos Serviços Neste eixo o conceito estruturante é o território, pois o mesmo admite apreender as formas como as relações sociais se efetivam em determinado espaço/contexto. Milton Santos (1994) define território como um espaço que é construído e constituído por pessoas, dessa forma, território para o autor é produto histórico, pois é resultado das necessidades e interesses do ser humano e assim sendo, corresponde a um campo de atuação, de expressão de poderes público, privado, governamental ou não governamental e especialmente populacional, o autor ainda conclui afirmando que cada território tem uma determinada área específica, particular. E é por isso que tem de se analisar toda a dinâmica territorial ao se instituir ações no âmbito das políticas sociais. Atuar sobre o território implica em uma atuação no plano do coletivo, conceber o território a partir dessa premissa nos desafia a pensar em dois aspectos: • Compromisso do poder público com a qualidade dos serviços públicos prestados, onde tais serviços devem ser coerentes com as demandas apresentadas no território. • Estabelecimento de vínculos reais entre as equipes de referência dos serviços e os territórios, essa ação permite o estabelecimento de intervenções pautadas no pressuposto da coletivização, coletivização tanto no momento de levantar os problemas do território quanto na busca por estratégias de enfrentamento. Analisar se há coerência entre as demandas da população e as ofertas dos serviços e benefícios socioassistenciais, considerados como a perspectiva territorial, deve ser o foco da Vigilância Socioassistencial, pois essa vertente possibilitao estabelecimento de ações que serão pautadas na visão de totalidade, mediante processo que integra demandas e ofertas. A par da identificação de problemas e demandas, cabe relacionar o conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios oferecidos pela assistência social e pelas demais políticas sociais públicas. A malha de serviços deve ser mapeada e analisada quanto à localização, natureza das atenções oferecidas, cobertura, padrões de qualidade e quadro profissional disponibilizado e níveis de desempenho. Também merecem análise a capacidade operativa dos órgãos gestores destes serviços, recursos aplicados, fontes de arrecadação, relação custo- benefício, fundamentados o máximo possível em indicadores. (BRASIL, 2008, p. 50 e 51). Ademir Realce 32 UNIDADE I 33 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Uma das maiores vantagens do olhar a partir da totalidade é justamente ter condições de propor melhores ações e estratégias para a prevenção, fato que consequentemente pode contribuir para reduzir agravos e colaborar ainda no processo de gestão, planejamento e execução da política de assistência social mediante a oferta de serviços e benefícios que tenderão a fortalecer a função protetiva do SUAS. (BRASIL, 2013). Proceder com um exame crítico a respeito do mapeamento e sobre a atuação das várias políticas e, em particular, da assistência social, é importante para se observar o padrão das ações, percebendo aquelas que devem ser mantidas, expandidas, reformuladas, articuladas ou até ainda encerradas. (BRASIL, 2008) Avaliar o desempenho do conjunto de serviços significa verificar o impacto que provocam sobre a realidade local, alterando a qualidade de vida dos cidadãos. Supõe ainda verificar a efetividade dessas ações, refletida na capacidade não só de traduzir determinado recurso em melhores indicadores, mas de contribuir na melhoria das condições sociais dos territórios e dos seus moradores. (BRASIL, 2008, p. 51). Os riscos e vulnerabilidades a que estão submetidos determinada população geram demandas de proteção social, dessa forma, as políticas sociais configuram-se como respostas do poder público que tem como finalidade atender às necessidades de proteção geradas em decorrência dos riscos e vulnerabilidades a que estão submetidos tais cidadãos. As necessidades de proteção cuja responsabilidade de provisão seja de competência da assistência social constituem a demanda potencial por serviços e benefícios no âmbito do SUAS. Nesse sentido, a demanda potencial não se limita de forma alguma à procura cotidiana pelos serviços; deve ser entendida como o volume agregado das necessidades. Para o atendimento destas necessidades, o SUAS deverá ser capaz de organizar (e quando preciso, reorganizar) sua oferta de serviços e benefícios. (BRASIL, 2013, p. 09). Ante o exposto, percebe-se que ter a capacidade de observar a demanda potencial não significa limitar-se a perceber quais serviços são mais procurados no cotidiano de um CRAS ou CREAS, por exemplo, pelo contrário, demanda potencial corresponde às necessidades que são mais presentes no território e que carecem de atendimento. Caro aluno, vamos conhecer um pouco mais sobre a finalidade do Eixo da vigilância dos padrões dos serviços! Este eixo objetiva produzir e sistematizar informações concernentes à oferta dos serviços e benefícios com vistas a colaborar com o aperfeiçoamento da qualidade, nesse processo é importante procurar adequar o perfil de demandas apresentadas no contexto do território. É nessa ação que podemos afirmar que ocorre o monitoramento do SUAS, uma vez que é de responsabilidade da Vigilância desenvolver técnicas que contribuam para um levantamento de informações sobre as unidades (públicas e privadas) que ofertam os serviços, benefícios, programas e projetos da assistência social, especificamente dos CRAS, CREAS e da Unidades de Acolhimento. Os dados coletados junto a essas unidades devem ter a capacidade de fornecer informações específicas quanto: quantidade e perfil dos recursos humanos; o tipo e volume dos serviços prestados; a observância dos procedimentos essenciais vinculados ao conteúdo do serviço e necessários à sua qualidade; o perfil dos usuários atendidos; as condições de acesso ao serviço e a infraestrutura, equipamentos e materiais existentes. (BRASIL, 2013). Você deve estar se perguntando? Qual a necessidade de todo esse procedimento no âmbito da Política de Assistência Social? É importante, tendo em vista que, como já mencionado anteriormente, as ações desenvolvidas no contexto da Assistência Social sempre foram desenvolvidas pela lógica de descontinuidade, fragmentadas e sem planejamento prévio, eram executadas de forma aleatória e sem nenhuma espécie de controle, eram ações espontaneístas. Portanto, o padrão que se procura defender e instituir no contexto da política pública de Assistência Social é um padrão que preza pela cidadania, cidadania que proporciona aos cidadãos usuários dos serviços socioassistenciais acesso a serviços, programas, projetos e benefícios de qualidade, os quais são condizentes com sua realidade. Ademir Realce 34 UNIDADE I 35 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Iniciativas como o Censo SUAS e a implantação do Registro Mensal de Atendimentos – RMA – têm contribuído para o monitoramento e ajudado a definir e compartilhar conceitos e entendimentos essenciais e para viabilizar a padronização de informações básicas relativas aos serviços socioassistenciais em todo o país. Além da geração de dados e estatísticas municipais, estaduais e nacionais que auxiliam enormemente o planejamento e a gestão do SUAS, esse processo de produção e disseminação de informações também deve contribuir para fomentar reflexões, reorientações e aprimoramentos nos serviços prestados pelas equipes de referência nas diversas Unidades do SUAS. (BRASIL, 2013, p. 12 e 13). A consequência do processo de fortalecer e qualificar a atividade de monitoramento das ações da política de assistência social é a aquisição da capacidade de levantamento de dados atualizados e condizentes com a realidade territorial, bem como sua posterior análise num processo de retroalimentação de informações, que tende a favorecer o desenvolvimento de ações e estratégias de prevenção e enfrentamento de riscos e vulnerabilidades sociais vivenciadas pelas famílias/indivíduos usuários da assistência social. Nesse processo é importante que as equipes dos serviços realizem periodicamente reuniões com intuito de socializar as informações e problematizar os resultados das análises, discutindo em equipe os limites e possibilidades de ações contidas no âmbito do Eixo Vigilância dos padrões dos serviços. SEÇÃO 3 MARCO NORMATIVO DA VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Caro aluno, nesta seção iremos visitar alguns documentos que se configuram como marcos normativos da Política de Assistência Social Brasileira, importante ressaltar que tais documentos fazem menção sobre a Vigilância Socioassistencial. A importância dessa abordagem ocorre, pois é fundamental ao aluno conhecer mais detalhadamente as normativas que legitimam as ações a serem realizadas no âmbito da Vigilância Socioassistencial, como exemplo podemos citar a Norma Operacional Básica de 2012, a qual reforçou a importância da Vigilância na Lei Orgânica de Assistência Social e no texto da Política Nacional de Assistência Social. Os documentos mencionados contribuem para que as ações da Vigilância tenham maiores chances de efetivação, sinalizando que a temática da Vigilância é fundamental para se cumprir a agenda do SUAS no Brasil. Desse modo, a seção apresentará as normativas abordando em seu interior o conteúdo da Vigilância Socioassistencial. 3.1 Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS O texto da LOAS em 2011 sofreu algumas alterações, estas foram realizadasna perspectiva de fundamentar e fortalecer a Política de Assistência Social Brasileira, tendo como pressuposto a lógica do SUAS. Portanto, a nova redação da LOAS traz em seu texto, no art. 2º, uma série de objetivos a serem alcançados no âmbito da Política de Assistência Social, dentre estes objetivos, o artigo se refere a Vigilância Socioassistencial, apresentando o objetivo transcrito a seguir: “[...] II – a vigilância socioassistencial, que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimização e danos; [...]” (CNAS, 2011, s/p.). 36 UNIDADE I 37 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l O importante em observarmos em um primeiro momento é que a Vigilância Socioassistencial está inscrita como sendo um dos objetivos da Política de Assistência Social, a vigilância é tão fundamental para a política quanto o é a proteção social e a defesa de direitos. Caro aluno, reflita sobre esse questionamento. Por que a Vigilância Socioassistencial ganha esse destaque e importância no contexto da Política de Assistência Social? Veja que a Vigilância Socioassistencial é fundamental, pois ela é responsável, no interior dos municípios, pela produção, sistematização e análise de informações que são geradas no território onde vivem as famílias/indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais. Como já visto anteriormente, a Vigilância Socioassistencial produzirá as informações sobre os riscos e vulnerabilidades que atingem as famílias/ indivíduos, bem como as violações de direitos que os acometem. Esta área é também responsável por produzir informações que correspondem ao tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. Desta forma, a Vigilância Socioassistencial é fundamental para a Política de Assistência Social e o SUAS, uma vez que ela contribui para o reconhecimento e identificação das necessidades da população, permitindo ações proativas, e realiza o planejamento da oferta e efetivação do acesso das famílias e indivíduos aos serviços socioassistenciais e benefícios. Podemos encontrar a temática da Vigilância Socioassistencial ser mencionada no capítulo III da LOAS que trata sobre a Organização e Gestão da Assistência Social, este capítulo traz no art. 6º que: A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos. (CNAS, 2011, s/p.). O texto elucida que é objetivo do SUAS contribuir para a instituição da Vigilância Socioassistencial. Já o art. 6º - A da LOAS também discorre sobre as proteções que são ofertadas no contexto da Política de Assistência Social, quais sejam: proteção social básica e especial, na sequência, o artigo, em seu parágrafo único afirma que a Vigilância Socioassistencial configura-se como uma das ferramentas das proteções da assistência social, visto que identifica e previne as situações em que há a incidência de risco e vulnerabilidade social e suas consequências no território em que vivem as famílias/ indivíduos usuários dos serviços socioassistenciais. (CNAS, 2011). Ante o exposto podemos observar a relação entre proteção social e vigilância socioassistencial, pois a capacidade de potencializar o processo de proteção social dos sujeitos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social, em situação de violência e direitos violados, depende da capacidade de identificação e prevenção desses acontecimentos, nesse processo, a Vigilância Socioassistencial é fundamental. 3.2 Política Nacional de Assistência Social – PNAS 2004 O texto da Política Nacional de Assistência Social, redigido em 2004, assim como o documento da LOAS, traz considerações no que tange à Vigilância Socioassistencial, onde é possível perceber que o texto ao fazer menção do campo da Vigilância Socioassistencial atribui a esta área a responsabilidade de produzir, sistematizar as informações coletadas mediante diagnóstico territorial com vistas a aprimorar a atuação da vigilância, afirma ainda a importância de manter os dados coletados sempre atualizados, pois é importante para o melhoramento dos padrões dos serviços ofertados pelo SUAS. 38 UNIDADE I 39 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Dessa forma, o texto sinaliza que a organização dos serviços ofertados no SUAS seguem alguns pressupostos, tais como: vigilância social, proteção e defesa social e institucional, nesse contexto, a vigilância social implica na: [...] produção, sistematização de informações, indicadores e índices territorializados das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes ciclos da vida (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos); pessoas com redução da capacidade pessoal, com deficiência ou em abandono; crianças e adultos vítimas de formas de exploração, de violência e de ameaças; vítimas de preconceito por etnia, gênero e opção pessoal; vítimas de apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, fragilizando sua existência; vigilância sobre os padrões de serviços de assistência social em especial aqueles que operam na forma de albergues, abrigos, residências, semi-residências, moradias provisórias para os diversos segmentos etários. Os indicadores a serem construídos devem mensurar no território as situações de riscos sociais e violação de direitos. (BRASIL, 2005, p. 39). Diante do exposto, fica evidente que operando a partir dessas premissas a Vigilância tem possibilidades de colaborar no processo de gestão do SUAS, pois será possível conhecer as demandas que estão sendo atendidas e aquelas demandas que ainda carecem de atendimento. Quanto às demandas que estão sendo atendidas, cabe pensar na capacidade e qualidade desse atendimento, por sua vez, para aquelas demandas que não estão sendo atendidas é necessário instituir um plano de ação e executá-lo com vistas a atendê-las. 3.3 Norma Operacional Básica do SUAS – NON/SUAS 2012 A redação da NOB/SUAS 2012 é redigida no intuito de disciplinar a gestão da Política de Assistência Social no território brasileiro, pode-se afirmar que esta norma representa um grande avanço no que tange à consolidação do SUAS, pois dispõe de um arcabouço teórico fundamentado na Carta Magna de 1988 e na LOAS de 1993. Caro aluno, você sabia que já tivemos outros textos da Norma Operacional Básica? O primeiro texto da NOB foi aprovado em 1997, através da Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS nº 204 de 04/12/1997. A segunda NOB foi aprovada em 1998, pela Resolução CNAS nº 207 de 16/12/1998. Em 2005 foi aprovada a terceira NOB/SUAS pela Resolução CNAS nº 130 de 15/07/2005, no entanto, a mesma apresentava limites em seu texto no que tange ao seu arcabouço legal, dessa forma, com vistas a aprimorar os instrumentos de gestão, serviços, programas, projetos e benefícios do SUAS com pactuação de compartilhamento de responsabilidades e metas entre os entes federadosfoi aprovado o texto da NOB/SUAS 2012. Vale lembrar que a NOB/SUAS 2012 tem como premissa o pacto federativo, a gestão compartilhada, o compromisso com a qualidade dos serviços ofertados à população e a participação social. Importante destacar que em uma sociedade marcada pela desigualdade social e pobreza de sua população, materializar a proteção social não contributiva por meio de política pública representa um grande avanço, um salto qualitativo para a área da assistência social que como já visto anteriormente, traz em sua trajetória a marca de ações de caridade, benemerência e mérito. Assim sendo, o texto da NOB/SUAS 2012 vem para afirmar que assistência social é direito social de todo cidadão, independente de sua contribuição e é dever do Estado provê-la a quem dela necessitar. Portanto, é pertinente lembrar uma passagem que está logo na introdução da NOB/SUAS 2012, quando diz que: Os dispositivos desta Normativa denotam os avanços já atingidos e reafirmam princípios e diretrizes do SUAS já consolidados. Lançam, ainda, bases para o fortalecimento da institucionalidade do Sistema e para as inovações e avanços que se fazem necessárias no campo da gestão e da efetividade da política, tendo em vista o enfrentamento dos desafios que emergem nesse novo contexto. (BRASIL, 2012, p. 11). 40 UNIDADE I 41 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l Sobre a Vigilância Socioassistencial a normativa em tela expõe que a sua implantação e operacionalização contribuirá para o aperfeiçoamento da ação protetiva da Assistência Social, pois a vigilância configura-se como ferramenta essencial para reconhecer e encontrar as famílias/ indivíduos que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social. (BRASIL, 2012). A NOB/SUAS 2012 destaca em seu art.2º que “[...] XI - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos como funções da política de assistência social.” é um dos objetivos do SUAS. (BRASIL, 2012, p. 16). Por sua vez, o art.12º trata das Responsabilidades dos entes, União, Estados, Distrito Federal e Municípios e afirma que os mesmos são responsáveis por organizar, estabelecer e implementar a Vigilância Socioassistencial. (BRASIL, 2012, p. 21). E nesse sentido cabe à União “[...] XIII - apoiar técnica e financeiramente os Estados, e o Distrito Federal e Municípios na implantação da vigilância socioassistencial [...].”, conforme esclarece o art. 13º. (BRASIL, 2012, p. 22). Da mesma forma, os estados deverão oferecer o mesmo apoio aos municípios, conforme expõe o art. 14º da NOB/SUAS 2012. Ou seja, é necessário o estabelecimento de um compromisso entre os entes para a concretização da Vigilância Socioassistencial, pois se trata de responsabilidade compartilhada entre eles. O capítulo VII da NOB/SUAS 2012 trata exclusivamente da Vigilância Socioassistencial, apresenta uma série de diretrizes no que tange às responsabilidades dos entes e ainda expõe a operacionalização da gestão da vigilância. O esquema a seguir apresenta a forma como podem ser operacionalizadas as ações no âmbito da Vigilância Socioassistencial, ele é resultado de uma proposta da cidade de Juiz de Fora apresentado no evento “Intercâmbio de experiências na Implantação da Vigilância Socioassistencial em Municípios e Estado” realizado em Brasília em agosto de 2013. Proposição de um Modelo de Proteção Constituído com Base na Vigilância Socioassistencial Identificar e Reconheceras Necessidades da População Instituir a Busca Ativa como Estratégia de Garantia de Acesso às Políticas Públicas Planejar a Oferta com Base no Diagnóstico da Demanda Local Incluir as Família se os Indivíduos nos Serviços, Programas, Projetos e Benefícios “trata das situações de Vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos em determinado território” Cap. VII, Art. 87, I NOB/SUAS - 2012 “trata do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial” Cap. VII, Art. 87, II NOB/SUAS - 2012 Potencializar o Caráter Preventivo das Ações e/ou Evitar o Agravamento dos Riscos e Vulnerabilidades. Consolidar e Efetivar o Sistema Único de Assistência Social. FIGURA 05 FONTE: Esquema apresentado pelo Município de Juiz de Fora na Oficina 07 do evento intitulado “Intercâmbio de experiências na Implantação da Vigilância Socioassistencial em Municípios e Estado”. Brasília, 2013. Quanto à operacionalização o art. 88 assevera que “A Vigilância Socioassistencial deve manter estreita relação com as áreas diretamente responsáveis pela oferta de serviços socioassistenciais à população nas Proteções Sociais Básica e Especial”. (BRASIL, 2012, p. 40). A fim de cumprir com essa assertiva, a vigilância deve viabilizar informações organizadas com vistas a favorecer que as equipes dos serviços socioassistenciais avaliem seu desempenho. A vigilância, deve ainda contribuir para que as equipes dos serviços socioassistenciais ampliem seu conhecimento acerca das características da população e do território com finalidade de potencializar o atendimento das demandas apresentadas. Nesse processo, é importante que a vigilância viabilize o planejamento e execução da busca ativa, pois mediante esta ação será possível localizar as famílias/indivíduos que se encontram em situação de vulnerabilidade. (BRASIL, 2012). O art. 89 sinaliza que é responsabilidade da Vigilância proceder com a análise das informações concernentes às demandas quanto às: “I - incidências de riscos e vulnerabilidades e às necessidades de proteção da população, no que concerne à assistência social; e II - características 42 UNIDADE I 43 UNIDADE I G e st ã o d a V ig ilâ n ci a S o ci a l e distribuição da oferta da rede socioassistencial instalada vistas na perspectiva do território, considerando a integração entre a demanda e a oferta”. (BRASIL, 2012, p.41) No artigo 90 é possível observar que o texto aborda a respeito de como devem ser executadas e materializadas as atividades da vigilância, nesse sentido expõe: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir a área da Vigilância Socioassistencial diretamente vinculada aos órgãos gestores da política de assistência social, dispondo de recursos de incentivo à gestão para sua estruturação e manutenção. Parágrafo único. A Vigilância Socioassistencial constitui como uma área essencialmente dedicada à gestão da informação, comprometida com: I - o apoio efetivo às atividades de planejamento, gestão, monitoramento, avaliação e execução dos serviços socioassistenciais, imprimindo caráter técnico à tomada de decisão; e II - a produção e disseminação de informações, possibilitando conhecimentos que contribuam para a efetivação do caráter preventivo e proativo da política de assistência social, assim como para a redução dos agravos, fortalecendo a função de proteção social do SUAS. (BRASIL, 2012, p.41). Por sua vez, o artigo 91 trata das responsabilidades comuns aos entes federados, já os artigos 92, 93 e 94 apresentam as competências específicas de cada ente. Quanto às responsabilidades comuns à União, aos Estados, ao Distrito Federal e Municípios apresentadas no art. 91 podemos destacar que cabe à vigilância colaborar com as áreas de gestão e de proteção social básica e especial no que tange à construção de diagnósticos e planos. A vigilância pode consultar as base de dados do CadÚnico para coletar informações que contribuam na construção de mapas de vulnerabilidade social dentro dos territórios e, dessa forma, levantar um perfil da população e assim estimar a demanda potencial dos serviços socioassistenciais. (BRASIL, 2012) A fim de padronizar e zelar pela qualidade das informações a respeito dos atendimentos realizados pela rede socioassistencial, o art. 91 sinaliza que cabe à vigilância realizar orientações