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Direito x Moral

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PAGE 
3
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS.
FACULDADE DE DIREITO
DISCIPLINA: Teoria Geral do Direito
PROFESSOR: Elias Grossmann
DIREITO X MORAL
1 – “Nem tudo o que é lícito é honesto.”
Direito: lícito
Honesto: moral
Algum critério objetivo para distingui-los?
1.1. OBS.: No vocabulário comum, a “moral” é sinônimo de “ética”. O segundo termo provém do grego antigo ethos e significa modo de comportamento, costume. Alguns autores diferenciam a ética, que indica o dever de obediência e as normas socialmente impostas (ética social ética profissional), da moral, como dever de obediência a mandamentos que decorrem da consciência de cada indivíduo. Outros autores consideram a ética como disciplina que estuda a moral em sua relação com outros sistemas normativos. (DIMOULIS, 2016, p.55, nota de rodapé).
2 – Existe certa similaridade entre normas jurídicas e morais: caráter prescritivo; vinculam e estabelecem obrigações numa forma objetiva (independentemente do consentimento subjetivo individual); elementos inextirpáveis da convivência (se não há sociedade sem direito, também não há sociedade sem moral). (FERRAZ JÚNIOR)
DIREITO X MORAL
3 – Essa distinção processou-se historicamente, desde as normas indiferenciadas dos povos primitivos até os códigos modernos. O Direito era identificado com a Moral, não havia distinções.
4 – Gottfried Leibniz: Direito Natural deriva da Moral, introduzindo a ideia de distinção entre as duas esferas.
5 – Cristian Thomasius (1655 – 1728)
►A moral se refere só ao foro interno 
►O direito ao foro externo
Logo,
Moral não é coercível
Direito é coercível.
Três fontes do Bem:
Honestidade – dirige as ações internas.
Decoro – dirige as ações externas que visam angariar a benevolência alheia.
Justiça – dirige as ações externas para que não perturbem a paz ou a restituam quando for perturbada.
6 – Giorgio Del Vecchio (1878-1978) 
O Direito constitui a ética objetiva; e a moral, a ética subjetiva.
7 – O DIREITO
Se manifesta e se expressa mediante um conjunto de normas que definem e delimitam a conduta exigida, especificando a fórmula do agir.
A cada direito corresponde um dever.
Cuida das ações humanas em primeiro lugar, investiga o animus do agente quando necessário.
As regras jurídicas são impostas, independentemente da vontade de seu destinatário.
Aciona a força do Estado para garantir o cumprimento de seus preceitos.
8 – A MORAL
Estabelece uma diretiva geral, sem particularidades.
Impõe somente deveres.
Se dirige à vida interior do homem.
Autonomia da Moral – Querer espontâneo.
Não há elemento coativo.
9 – “moral é um sistema que restringe a liberdade dos membros da sociedade: a moral é um peso que impomos a nós mutuamente. Dali se tem que entender que normas morais só são aceitas pelos membros da sociedade, se eles creem que as normas são justificadas.” (TUGENDHAT, Ernst.) 
10 – Distinção quanto ao Conteúdo
A - Teoria dos Círculos Concêntricos
 O Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para o bem estar da sociedade. 
 Formulada por Jeremy Bentham e desenvolvida por Georg Jellinek
B - Teoria dos Círculos Secantes
 Existem assuntos exclusivos da Moral e assuntos exclusivos do Direito, bem como questões que se incluem nos dois setores ao mesmo tempo. → Du Pasquier
C - Teoria dos Círculos Independentes
 Desvinculação do Direito e da Moral → Kelsen
11 – Normas Jurídicas - Cuida da ação externa do homem, só tratando da ação humana depois que ela se exterioriza.
12 – Normas da Moral: São de foro íntimo, relativas à vida espiritual do homem, aos deveres consigo mesmo, ao plano de sua consciência; enquanto uma ação estiver no foro íntimo, ninguém poderá interferir para obrigar o sujeito.
13 – A norma jurídica é perfeita porque coercível.
 A norma moral é imperfeita, eis que incoercível;
 O Direito tem por princípio o Justo.
 A moral tem por princípio o Honesto.
14 – “No fundo o Direito não encontra seu conteúdo próprio específico senão na noção de ‘justo’, noção primária, irredutível e indefinível, que implica, essencialmente, não apenas os preceitos elementares de não prejudicar a ninguém (neminem laedere) e de dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere), mas também o pensamento mais profundo de um equilíbrio a estabelecer entre os interesses em conflito, com a finalidade de assegurar a ‘ordem’ essencial à manutenção e ao progresso da sociedade humana.” (François Geny (1861-1959)).
15 – “(...) Um direito estabelecido arbitrariamente constitui-se como tal e pode mesmo servir a alguma finalidade. E, como tal, pode gozar de império, ser reconhecido como válido e até ser efetivo. O direito, porém, como ato de poder não tem seu sentido no próprio poder. Só assim se explica a revolta, a inconformidade humana diante do arbítrio. E ai repousa, ao mesmo tempo, a força e a fragilidade da moralidade em face do direito. É possível implantar um direito à margem ou até contra a exigência moral de justiça. Aí está a fragilidade. Todavia, é impossível evitar-lhe a manifesta percepção da injustiça e a consequente perda de sentido. Aí está a força.” (FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio)
16 – “O direito, em suma, privado de moralidade, perde sentido, embora não perca necessariamente império, validade, eficácia. Como, no entanto, é possível às vezes, ao homem e à sociedade, cujo sentido de justiça se perdeu, ainda assim sobreviver com seu direito, este é um enigma, o enigma da vida humana, que nos desafia permanentemente e que leva muitos a um angustiante ceticismo e até a um despudorado cinismo.” (FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio)
17 – “A verdade, muitas vezes, consiste em distinguir as coisas, sem separá-las. É o que fez Du Pasquier, e com razão, pois não se devem confundir os conceitos de direito e moral sem, todavia, separá-los. Entre o direito e a moral não existe separação absoluta nem identificação. São ordens normativas distintas, mas intimamente relacionadas. Portanto não confundi-los nem separá-los totalmente. Direito e moral, afirmou Giorgio Del Vecchio (1878-1970), “são conceitos que se distinguem, mas não se separam”. De outro lado, não se pode negar, na observação de Adolfo Sánchez Vázquez, que a ampliação da esfera da moral com a consequente redução da do direito é, por sua vez, sinal de um progresso social da humanidade. De fato quando o indivíduo regula as suas relações com os outros, não sob a ameaça de uma sanção penal ou pela pressão da coação externa, mas pela convicção íntima de que deve agir assim, pode-se dizer que se encontra diante de uma forma de comportamento ético mais elevada. Em suma, entre o direito e a moral não existe separação absoluta nem identificação. São ordens normativas distintas, mas intimamente relacionadas. Portanto não confundi-las nem separá-las totalmente.” (BETIOLI, 2018: 122).
18 – Quadro Sinótico → diferença entre direito e moral:
	
	Moral
	Direito
	Finalidade
	Aperfeiçoamento interno
	Evitar conflitos sociais
	Fonte
	Autoridades morais; Grupos sociais
	Estado
	Critério de Reconhecimento
	Aceitação pelos destinatários
	Validade formal
	Sanções
	Informais; sem coerção física
	Formais, coercitivas
	Conteúdo
	Restrito; rigoroso
	Amplo; menos exigente
	Conhecimento
	Fácil acesso
	Difícil acesso
(DIMOULIS, 2016: 60) 
19 – Critério distintivo entre direito e moral (Miguel Reale):
	
	Moral
	Direito
	Quanto à natureza do ato
	a) Bilateral
b) Visa mais a intenção, partindo da exteriorização do ato.
	a) Bilateral-atributivo.
b) Visa mais ao ato exteriorizado, partindo da intenção.
	Quanto à forma
	c) Nunca heterônoma.
d) Incoercível
e) Não apresenta igual predeterminação tipológica
	c) Pode ser heterônomo.
d) Coercível.
e) Especificadamente predeterminado e certo, assim como objetivamente certificável.
	Quanto ao objeto ou conteúdo
	f) Visa, de maneira imediata e prevalecente, ao bem individual, ou aos valores das pessoas.
	f) Visa, de maneira imediata e prevalecente, ao bem social, ou aos valores de convivência.
(REALE, Miguel. 1990:712)
20 – Características do Direito:
	Imperatividade
	Heteronomia
	Coercibilidade
	Bilateralidade 
	Atributividade
(BETIOLI, 2018:98s.)
20.1 – (…), a norma moral não atribui a quem quer que seja a exigibilidade de um comportamento. Daí afirmar-se que a Moral é unilateral, enquanto o Direito é bilateral. A Moral depende unicamente do sujeito; no direito existe uma relação de implicação e polaridade entre os diversos membros da sociedade que estabelecem relações jurídicas, desejadas ou não. As normas jurídicas, além de imperativas, são também atributivas porque outorgam um poder ou direito subjetivo a outrem. Aos direitos correspondem deveres. Na Moral, somente divisam-se deveres. (VENOSA, 2010: 186).
20.2 – o direito é “atributivo”, ou seja, há nele uma atribuição garantida de uma pretensão ou ação, que podem limitar-se aos sujeitos da relação ou estender-se a terceiros. Por exemplo, o locatário está no imperioso “dever” de pagar o aluguel ao locador, cabendo a este a faculdade de “exigir”, e com garantia, o pagamento. (BETIOLI, 2018: 113.)
REFERÊNCIAS:
BETIOLI, Antonio Bento. Introdução ao direito: lições de propedêutica jurídica tridimensional. São Paulo: Saraiva, 2018.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de introdução ao estudo do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2015.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
REALE, Miguel. Filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 1990.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.
VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas, 2010.

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