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FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DO ESPÍRITO SANTO - PIO XII Ana Paula Emenes de Andrade Julia Ferreira Lopes Kamila Gonçalves da Silva Laila Duarte Fortunato Maria Eduarda Casali Teixeira CORTISOL E ALDOSTERONA Cariacica 2020 Ana Paula Emenes de Andrade Julia Ferreira Lopes Kamila Gonçalves da Silva Laila Duarte Fortunato Maria Eduarda Casali Teixeira CORTISOL E ALDOSTERONA Trabalho acadêmico, referente a disciplina de Bioquímica Clínica, como requisito parcial de nota para aprovação. Orientado pelo Prof.: Dr. Afrânio Destefani. Cariacica 2020 RESUMO O cortisol e a aldosterona são dois hormônios adrenocorticais secretados pela glândula suprarrenal, apesar de funções distintas ambos possuem grande importância para o funcionamento do organismo. Ambos são secretados pelo córtex da glândula suprarrenal, localizada acima dos Rins. Conhece-los é de suma importância, o que leva ao objetivo deste trabalho que é dissertar sobre os hormônios, identificando, entendendo e explicando a estruturação bioquímica, fisiológica e analítica de ambos. A metodologia aplicada foi revisão bibliográfica, buscando o assunto tema em livros e plataformas. Obteve-se por resultados a estruturação, síntese, função, clínica e metodologia analítica dos hormônios. Observou-se então que por mais que fossem hormônios distintos, ambos quando afetados, por patologias poderiam influenciar juntos no mal funcionamento do organismo. Palavras-chave: Hormônios adrenocorticais. Cortisol e Aldosterona. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 2 OBJETIVO ............................................................................................................... 6 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................ 6 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ...................................................................................... 6 3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 7 4 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 8 4.1 ORIGEM DO CITOSOL E DA ALDOSTERONA.................................................... 8 4.2 BIOQUÍMICA DO CORTISOL ............................................................................... 9 4.3 BIOQUÍMICA DA ALDOSTERONA ..................................................................... 10 4.4 SÍNTESE DOS HORMÔNIOS ESTERÓIDES ADRENOCOTICAIS .................... 11 4.4.1 Síntese do Cortisol e Feedback .................................................................... 12 4.4.2 Síntese da Aldosterona e Feedback ............................................................. 14 4.5 AÇÕES FISIOLÓGICAS ...................................................................................... 15 4.5.1 Ações Fisiológicas do Cortisol ..................................................................... 15 4.5.2 Ações Fisiológicas da Aldosterona .............................................................. 16 4.6 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA ................................................................................... 19 4.6.1 Hipercortisolismo ........................................................................................... 19 4.6.2 Hipocortisolismo ............................................................................................ 20 4.6.3 Hiperaldosteronismo ...................................................................................... 20 4.6.4 Hipoaldosteronismo ....................................................................................... 21 5 METODOLOGIA ANALÍTICA ................................................................................ 22 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 27 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 30 8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 31 5 1 INTRODUÇÃO O cortisol e a aldosterona são dois hormônios adrenocorticais secretados pela glândula suprarrenal, apesar de funções distintas ambos possuem grande importância para o funcionamento do organismo. O cortisol, por exemplo, auxilia no controle do estresse; reduz inflamações, juntamente com o sistema imune e mantem os níveis de glicose sanguínea constantes, assim como, em situações de estresse auxilia na pressão arterial. Em contra partida, a aldosterona aumenta a reabsorção de sódio e a secreção de potássio pelos túbulos renais, e por consequência favorece a concentração do sódio no líquido extracelular, enquanto aumenta a excreção de potássio na urina, ocasionando equilíbrio na pressão arterial (GUYTON; HALL, 2002). Vale ressaltar que, a glândula suprarrenal é dividida em medula e córtex, sendo que é o córtex que secreta os hormônios esteroides adrenocorticais, esses hormônios esteroides possuem classes: os glicocorticoides, mineralocorticoides e androgênios, a aldosterona é da classe dos mineralocorticoides e o cortisol é da classe dos glicocorticoides (CONSTANZO, 2007). Ambos os hormônios são derivados de colesterol, por isso sua natureza química é semelhante, em resumo, o colesterol, os glicocorticoides e os mineralocorticoides são esteroides com a mesma quantidade de carbono (21) (CONSTANZO, 2007). É de suma importância que se compreenda o funcionamento, síntese, função e ação desses hormônios, pois seu excesso ou deficiência, pode acarretar em problemas graves a saúde do indivíduo, além de que existem diversas fisiopatologias que atingem diretamente o córtex suprarrenal afetando a secreção do cortisol e aldosterona, com isso o conhecimento do desempenho fisiológico e bioquímico desses hormônios colaboram para localizar seu mau funcionamento e a partir disso triar a melhor metodologia analítica a fim de tão logo diagnosticar fisiopatologias. 6 2 OBJETIVO 2.1 OBJETIVO GERAL Dissertar sobre os hormônios Cortisol e Aldosterona. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Identificar, entender e explicar a estruturação bioquímica, fisiológica e analítica dos hormônios estudados. 7 3 METODOLOGIA Foi realizado um estudo de revisão bibliográfica, buscando o assunto tema em livros de fisiologia e bioquímica, e utilizando as plataformas SciELO, PubMed e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave “hormônios adrenocorticais”, “secreção de aldosterona”, “secreção de cortisol” e “anomalias na secreção dos hormônios adrenocorticais”. 8 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 ORIGEM DO CITOSOL E DA ALDOSTERONA As Adrenais ou Suprarrenais, de acordo com Câmara (2014), são duas glândulas localizadas acima dos rins, divididas em córtex e medula, e secretam diferentes hormônios. O córtex secreta três tipos de hormônios: os glicocorticoides, os mineralocorticoides e os androgênicos. E a Medula secreta Adrenalina, cuja função é promover taquicardia, aumento da pressão arterial, das frequências cardíacas e respiratórias. Promove também aumento significativo da secreção do suor e glicose sanguínea, acelerando a atividade mental. Figura 1: Localização a glândula suprarrenal. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com. br/biologia/hormonios.htm. Acesso: 27 de mar. De 2020 Dos glicocorticoides, o principal é o Cortisol, cuja função está relacionada com a estimulação da conversão de proteínas e gorduras em glicose, ao tempo que diminuem a captação de glicose pelas células, aumentando, então, a utilização de gorduras. Isso causa o aumento da concentraçãode glicose no sangue, juntamente com a taxa metabólica e a geração de calor. Esses hormônios glicocorticoides também diminuem a migração de glóbulos brancos para os locais inflamados, determinando menor liberação de substâncias capazes de dilatar as arteríolas da região, causando como consequência, diminuição da reação inflamatória (CÂMARA, 2014). 9 Os mineralocorticoides, por sua vez, regulam o balanço híbrido e eletrolítico do organismo, ou seja, regulam a quantidade de água e sais minerais. Seu principal hormônio endógeno é a aldosterona que estimula a reabsorção de sais pelos rins, causando retenção de água, com consequência, aumentando a pressão sanguínea. A liberação de aldosterona é controlada por substâncias produzidas pelo fígado e pelos rins em resposta a variações na concentração de sais no sangue (RANG; RITTER; FLOWER; HENDERSON, 2016). E por fim, os androgênicos, são encarregados de desenvolver e dar manutenção dos caracteres sexuais secundários masculinos (CÂMARA, 2014). 4.2 BIOQUÍMICA DO CORTISOL Em 1946, foi a primeira vez que o Cortisol foi sintetizado, porém logo em seguida os efeitos adversos a sua administração foram reconhecidos e tornaram seu uso limitado em muitos casos (ROSA, 2016). Descobriram por volta da década de 50 diversos fármacos que através da estrutura química do Cortisol, ampliaram a duração e a potência do efeito do glicocorticoide (LONGUI, 2007). Figura 2: Estrutura química do Cortisol. Disponível em: http://www.scielo.Br/pdf/jped/v83n5s0/v83n5S a07.pdf. Acesso em: 16 de mar. de 2020 O Cortisol é um hormônio glicocorticoide primário, sintetizado a partir do colesterol, a síntese dos glicocorticoides é estimulada pelo ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), é essencial a vida, regulando o metabolismo dos carboidratos, http://www.scielo.br/pdf/jped/v83n5s0/v83n5S%20a07.pdf http://www.scielo.br/pdf/jped/v83n5s0/v83n5S%20a07.pdf 10 lipídeos e proteínas. Além disso, mantem a pressão arterial em seus níveis normais e funciona como inibidor de reações alérgicas e inflamatórias (GONZÁLEZ, 2005). Tratando-se dos glicídios, o cortisol tem efeito primário pois aumenta a gliconeogênese e eleva a síntese de glicogênio. O cortisol inibe a utilização da glicose pelas células e estimula o armazenamento do glicogênio, pois estimula a enzima glicogênio sintase, que causa uma hiperglicemia que pode levar a glicosúria, por ultrapassar o limiar renal. E o aumento da glicemia obedece ao estímulo da gliconeogênese, pela ativação de enzimas desta via, a piruvato carboxilase e a fosfoenolpiruvato carboxiquinase (GONZÁLEZ, 2005). Quando o cortisol causa acréscimo no catabolismo proteico, aumentando o nitrogênio urinário, ocorre então uma adição de aminoácidos séricos com maior degradação dos mesmos, elevando a concentração de ureia plasmática. Com isso o anabolismo proteico é inibido, com depressão de crescimento. Baixos níveis de cortisol no fígado têm um efeito de aumento de síntese proteica e redução da lise, com aumento de concentração de proteínas plasmáticas (GONZÁLEZ, 2005). No metabolismo dos lipídeos, de acordo com Gonzáles (2005), o cortisol estimula a lipólise, facilitando a ação dos hormônios ativadores da lipase, como o glucagon, a adrenalina e o GH. Então ocorre a oxidação de ácidos-graxos e, portanto o aumento de acetil-CoA, que é uma ativadora da enzima piruvato carboxilase levando a gliconeogênese. 4.3 BIOQUÍMICA DA ALDOSTERONA A aldosterona é o principal do hormônio mineralocorticoide, sua função é aumentar a reabsorção ativa de íons de sódio (Na+), possibilitando ao organismo, maior absorção de água (CÂMARA, 2014). 11 Figura 3: Estrutura química da Aldosterona. Disponível em: http://bioquimicadoscorticoides.blogspot .com/2009/11/funcoes-e-como-atuam-os.html. Acesso em: 26 de mar. De 2020. A aldosterona é produzida pelas glândulas suprarrenais, através de um mecanismo denominado renina-angiotensina-aldosterona, este mecanismo funciona da seguinte maneira: os túbulos distais do rim, detectam a concentração de Na+ através de quimiorreceptores, o aumento dessa concentração ativa a liberação de uma enzima chamada renina. Esta é produzida por estímulos como, por exemplo, baixa pressão sanguínea, que causa a ativação de neurotransmissores como prostaglandinas e vasopressina, produzindo então a renina. A renina, por sua vez, hidrolisa o angiotensinogênio, uma globulina do plasma, produzindo então a angiotensina I, que sofre a remoção de 2 aminoácidos, formando a angiotensina II. Somente após esse processo que há a produção de aldosterona. Visto que a angiotensina II é um potente estimulador para a síntese de aldosterona, sua alta secreção causa um aumento na reabsorção de Na+ e de excreção de potássio (K), causando um acréscimo na reabsorção de água pelo organismo, consequentemente um aumento no volume sanguíneo, ocasionando o aumento da pressão arterial (GONZÁLEZ, 2005). 4.4 SÍNTESE DOS HORMÔNIOS ESTERÓIDES ADRENOCOTICAIS Como citado anteriormente o córtex suprarrenal secreta três classes de hormônios esteroides, os glicocorticoides, mineralocorticoides e androgênios. Na figura abaixo pode-se observar as camadas onde são secretadas cada uma das classes dos hormônios esteroides. Figura 4: Glândula adrenal e suas camadas. Disponível em: http://drmateusendocrino.blogspot.com/ 2017/11/avaliacao-hormonal-dos-incidentalomas.html. Acesso em: 30 de mar. de 2020. http://drmateusendocrino.blogspot.com/%202017/11/avaliacao-hormonal-dos-incidentalomas.html http://drmateusendocrino.blogspot.com/%202017/11/avaliacao-hormonal-dos-incidentalomas.html 12 A zona mais interna do córtex, chamada zona reticular, e a zona intermediária, chamada zona fascicular, secretam glicocorticoides e androgênios suprarrenais. Já a zona glomerular, localizada mais externamente, secreta mineralocorticoides (CONSTANZO, 2007). 4.4.1 Síntese do Cortisol e Feedback A produção do hormônio cortisol dá-se através de um estímulo chamado estressante, que é o responsável por provocar impulsos nervosos ao hipotálamo, produzindo assim o fator liberador de corticotropina (FLC). Este direciona-se até a hipófise anterior, onde suas células serão estimuladas afim de que haja a produção do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). Tal hormônio flui livremente pelo sangue indo até o córtex suprarrenal, local este que será responsável pela produção de cortisol (ARAUJO, 2006) conforme pode-se observar na imagem 5. Figura 5: Síntese do Cortisol. Disponível em: https://midia.Atp.usp.br/impressos/redefor/EnsinoBiolo gia/Fisio_2011_2012/Fisiologia_v2_semana07.pdf. Acesso em: 27 de mar. De 2020. Por mais que os glicocorticoides estejam presentes de forma contínua, conforme Rang et al. (2016), há um ritmo bastante definido em suas secreções em humanos saudáveis; sua concentração sanguínea é encontrada em maior quantidade durante o período matutino e sofre redução gradativa ao longo do dia, atingindo um ponto mais baixo no período noturno. O cortisol é sintetizado a partir de 3 hidroxilações sequenciais, as quais ocorrem no Carbono (C) -17, C-21 e C-11. Sendo que, se ocorrer a hidroxilação da posição 21 https://midia/ 13 antes, via progesterona, a posição 27 não é mais hidroxilada e são sintetizados mineralocorticóides. A rota mais frequente do cortisol é mediante a 17α-hidroxilação da pregnenolona (ROSA, 2003). O efeito de feedback do cortisol é negativo direto sobre o hipotálamo, onde diminui a formação de CRH, e também sobre a glândula pituitária anterior para diminuir a formação de ACTH (figura 6). Estes efeitos são essenciais para o auxílio no controle e regulação da concentração plasmática do cortisol, ou seja, quando a concentração eleva, os feedbacks reduzem o ACTH a um nível normal de controle, de forma automática (ROSA, 2003). Figura 6: Mecanismo de regulação da secreçãode cortisol. Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacv et/restrito/pdf/stress.pdf. Acesso: 27 de mar. de 2020 A resposta do eixo HPA, de acordo com Rosa (2003), promove a síntese e liberação de glicocorticoides pelo córtex da adrenal que, em conjunto com as catecolaminas da medula adrenal, produzem catabolismo de proteínas, glicogênios e lipólise. De tal forma que estas alterações metabólicas proporcionam ao organismo condições de reestabelecer o seu equilíbrio, por intermédio da produção e mobilização dos substratos energéticos durante o estresse. https://www.ufrgs.br/ 14 4.4.2 Síntese da Aldosterona e Feedback As células da zona glomerulosa da glândula suprarrenal sintetizam e secretam o mineralocorticoide. Elas não possuem atividade de 17 α-hidroxilase, por isso, a pregnenolona só pode ser convertida em progesterona. A zona glomerulosa possui atividade de aldosterona-sintase, que converte 11-desoxicorticosterona em 18- hidroxicorticosterona e subsequentemente em aldosterona (MOLINA, 2014). A partir de Rang et al. (2016), a aldosterona é o principal mineralocorticoide endógeno. Sua principal ação, como citado acima, além de promover o aumento na reabsorção de Na+ pelos túbulos renais distais, diminui simultaneamente a eliminação de K+ pela urina, saliva, suor e pelas fezes (GUYTON, 1989). Figura 6: Síntese da Aldosterona. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Aldosterona. Acesso: 28 de mar. De 2020 Ainda conforme Rang et al. (2016), a regulação de síntese e liberação da aldosterona dependem exclusivamente da composição eletrolítica do plasma e do sistema angiotensina ll. Baixas concentrações plasmáticas de Na+ ou elevadas de K+ afetam as células da zona glomerulosa diretamente, consequentemente estimulando a liberação de aldosterona. A perda de Na+ também é responsável por ativar o sistema renina-angiotensina. Segundo Constanzo (2008) o feito de feedback da Aldosterona é negativo, diretamente ou indiretamente relacionado a inibição da secreção do hormônio. De tal forma que, a Angiotensina II exerce uma ação local que inibe a liberação de renina. Os efeitos do sistema renina-angiotensina na produção da aldosterona é contrariada pelo peptídeo auricular natriurético. Sendo que a síntese de Aldosterona é inibida a partir da fixação do peptídeo auricular natriurético em receptores específicos na zona glomerulosa. 15 4.5 AÇÕES FISIOLÓGICAS 4.5.1 Ações Fisiológicas do Cortisol Os efeitos fisiológicos dos hormônios glicocorticoides e mineralocorticoides são entrepostos, em sua maior parte, por ligações a receptores intracelulares, atuando como fatores de transcrição ativados por ligantes para regular a expressão gênica. A ligação dos hormônios a seus receptores específicos estipula uma mudança na conformação do receptor, atuando como fator de transcrição dependente de ligante. O complexo esteroide-receptor, localizado no citoplasma, associa-se a elementos responsivos ao hormônio na cromatina, regulando a transcrição gênica, resultando na síntese de proteínas que são responsáveis pelos efeitos fisiológicos hormonais (MOLINA, 2014). Como o cortisol é lipossolúvel, ele consegue difundir-se facilmente através da membrana celular. Quando presente no interior da célula, liga-se à sua proteína receptora no citoplasma e o complexo esteroide-receptor interage com sequências reguladoras específicas do DNA, chamadas elementos de resposta aos glicocorticoides, permitindo ou suprimindo a transcrição gênica (GUYTON; HALL, 2002). Os glicocorticoides podem aumentar ou diminuir a transcrição de numerosos genes, tais ações denominados fatores de transcrição, alterando a síntese do mRNA das proteínas que permeia seus inúmeros efeitos fisiológicos. Seus efeitos fisiológicos não são imediatos; necessitam de 45 a 60 minutos para que possa ocorrer a síntese de proteínas, ou até mesmo, horas ou dias para o desenvolvimento total desses efeitos (GUYTON; HALL, 2002). É importante ressaltar que, de acordo com Barrett el al (2014), as ações dos glicocorticoides no metabolismo intermediário de carboidratos, lipídeos e proteínas incluem o aumento no catabolismo proteico, da glicogênese e gliconeogênese hepáticos. A atividade da conversão da glicose-6-fosfato em glicose pela ação da glicose-6-fosfatase é aumentada, assim como os níveis de glicose no plasma. Tais ações podem ser prejudiciais, por exercerem um efeito anti-insulínica, pois, aumentam os níveis plasmáticos de lipídeos e a formação de corpos cetônicos. Porém, em indivíduos normais, o aumento da secreção de insulina provocada por valores altos de glicose no plasma ignora essas ações. O encéfalo e o coração são poupados, uma 16 vez que o aumento da glicose no plasma fornece glicose extra para esses órgãos vitais. No metabolismo da água, por exemplo, a insuficiência suprarrenal é caracterizada pela disfunção de excretar uma carga de água. O efeito dos glicocorticoides na excreção anormal de água é consistente, pois, embora a ação dos mineralocorticoides possa melhorar a filtração por ocasionar reparo do volume plasmático, os glicocorticoides aumentam a taxa de filtração nos glomérulos em um grau consideravelmente elevado. No caso das ações anti-inflamatórias, de acordo com Barrett et al (2014), os glicocorticoides diminuem o número de eosinófilos e basófilos circulantes e aumentam o número de neutrófilos, plaquetas e hemácias do sangue. Assim como diminuem a contagem de linfócitos circulantes e o tamanho dos linfonodos e do timo pela inibição da atividade mitótica linfocítica. Eles minimizam a secreção das citocinas pelo efeito do NF- KB no núcleo. Com a baixa secreção da citocina IL-2 estimula a redução da proliferação de linfócitos e essas células são induzidas a apoptose. Vale ressaltar que, a maioria dos estresses ativam processos a nível molecular, celular ou sistêmico, que tendem a restabelecer o estado prévio; são reações homeostáticas. Nem todos os tipos de estresse estimulam a secreção de ACTH; o aumento da secreção de ACTH é necessário para a sobrevivência quando o estresse é grave. Não se sabe ainda o motivo que torna essencial para a sobrevivência o aumento de secreção do ACTH. Autores relatam que a maior parte dos estímulos estressantes que possa vir aumentar a secreção de ACTH, também ativa o sistema nervoso simpático. Parte da função dos glicocorticoides pode ser utilizado para a manutenção da reatividade vascular das catecolaminas. Outra hipótese analisada é que os glicocorticoides impedem que outras mudanças exercidas pelo estresse se tornem exagerados (BARRETT, et al, 2014). 4.5.2 Ações Fisiológicas da Aldosterona A principal função fisiológica da aldosterona é regular a estabilidade dos minerais (Na+ e K+), especialmente, excreção de K+ e reabsorção de Na+, por isso, denominado mineralocorticoide (MOLINA, 2014). Seus receptores são expressos na parte distal do néfron, túbulo contornado distal e túbulo coletor. Consequentemente, seus efeitos fisiológicos são mediados por sua ligação ao receptor de mineralocorticoides em células principais presentes no 17 túbulo distal e no ducto coletor do néfron. Proteínas preexistentes e novas proteínas podem ser ativadas pela indução da aldosterona para aumentar o transporte transepitelial de Na+ (MOLINA, 2014). A aldosterona, conforme Barrett, et al (2014), se liga apenas a proteínas em baixo grau e sua meia-vida é curta, cerca de 20 min. Sua quantidade secretada é pequena; o nível de aldosterona no plasma em humanos é de 0,006 μg/dL (0,17 nmoVL) em comparação ao nível de cortisol que é de 13,5 μg/dL (375 nmol/L). Sua maior quantidade é convertida no fígado, derivados de tetra-hidroglicuronídeos, porém uma parte é modificada no fígado e nos rins em 18-glicuronídeo. Este glicuronídeo é convertido em aldosterona livre pela hidrólise em pH 1,0, denominado conjugado ácido-lábil.A aldosterona aparece na urina em forma livre com menos de 1%; 5% estão presentes na forma de conjugado ácido-lábil e até 40% possui o formato de tetra-hidro-glicuronídeo. Basicamente, de acordo com Molina (2014), a ação da aldosterona consiste em aumentar a síntese dos canais de Na+ na membrana apical, por conseguinte, aumentando a síntese e a atividade da enzima ATPase na membrana basolaterial; o Na+ citosólico é movido para um meio interstício em troca do transporte de K+ para dentro da célula, possibilitando o aumento da expressão da H+-ATPase na membrana apical e do transportador Cl-/HCO³ na membrana basolaterial das células intercaladas. Dentro do ducto, as principais células expressam um número significativo de receptores de minerolocorticoides (sob ação da aldosterona que reabsorvem Na+ e água do lúmen e secreta K+) do que em células intercaladas; tais células reabsorvem K+ e secretam H+ para um equilíbrio ácido básico. As células intercaladas são expressas por anidrase carbônica e auxiliam para acidificação da urina e alcalinização do plasma. A aldosterona possibilita o aumento da entrada de Na+ na membrana apical do néfron distal através do seu receptor ENaC; a Na+/K+ ATPase, encontrada na membrana basolaterial mantém a concentração intracelular de Na+ ao desloca-lo para compartimentos extracelulares e sanguíneas, por sua vez, sendo reabsorvidas, criando um gradiente eletroquímico, facilitando a transferência de K+ intracelular das células tubulares para a urina (MOLINA, 2014). Quando, por exemplo, uma quantidade de Na+ filtrado é reabsorvido no túbulo proximal, apenas uma pequena fração do mesmo vai para o túbulo distal (local de 18 regulação da aldosterona). Nesse caso, não ocorre uma reabsorção real de Na+ e a excreção de K+ é mínima (MOLINA, 2014). Os receptores de mineralocorticoides incluem epitélios com alta resistência elétrica, como também partes distais do néfron, o epitélio de superfície do colo distal e dos ductos das glândulas salivares e sudoríparas. Molina (2014) cita que estudos mais recentes identificaram outras células que expressam receptores de mineralocorticoides, dentre eles, miócitos cardíacos que auxiliam no efeito inotrófico positivo sobre o coração. 19 4. 6 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA 4.6.1 Hipercortisolismo Em momentos de estresse físico e psicológico ou até mesmo lesões residuais o cortisol é secretado em quantidade elevada no sangue, isso deve-se ao aumento da atividade no sistema límbico compreendendo principalmente a região da amígdala e do hipocampo que são capazes de transmitir estímulos para o hipotálamo posteromedial, e devido a estímulos no hipotálamo através do tronco cerebral fazendo com que o CRF (Hormônio Liberados de Corticofina) seja liberado para o sistema porta hipofisário (ROSA, 2016). O cortisol produz, em sua maioria, ações de efeito mais demorado, mas também produz ações imediatas como a inibição da secreção de ACTH. Dessa forma, a elevação da secreção do cortisol produz efeitos sistêmicos que originam diversos sintomas como hipertensão arterial, diabetes/glicose, depósito de gorduras, infertilidade, estado depressivo, entre outros. Sendo importante ressaltar também que a elevação deste hormônio pode influenciar diretamente no peso das glândulas adrenais, isso porque é capaz de induzir tanto o processo de hiperplasia quanto o de hipertrofia (ROSA, 2016). A interação imunoendócrina segundo Rosa (2016), também é um fator que pode influenciar no aumento do cortisol onde as citocinas pró-inflamatórias, como as interleucinas 1 e 6 e o fator de necrose tumoral alfa, são capazes de aumentar a síntese de ACTH por ação direta ou através do fator de liberação corticotrófico, caracterizando uma interação imunoendócrina. O cortisol em altas concentrações é capaz de aumentar a síntese dos receptores de LDL e HDL e possivelmente também da 3-hidroxi-3metilglutaril coenzima A redutase, que está associada ao processo de biossíntese do colesterol. Outro fator que está diretamente ligado ao elevado nível de colesterol é a obesidade, onde há um aumento da ativação do eixo hipotálamo hipófise-adrenal ocasionando a elevação da síntese de Cortisol, sendo que a obesidade está intimamente associada ao surgimento de patologias secundárias, o que traz grandes danos ao corpo (ROSA, 2016). 20 4.6.2 Hipocortisolismo O hipocortisolismo está relacionado à baixa produção de cortisol no organismo, de tal forma que uma das principais complicações no organismo é a insuficiência adrenal que é diagnosticada a partir da dosagem de ACTH, onde as concentrações plasmáticas basais de ACTH maiores de 150 pg/ml com concentrações séricas de cortisol menores de 10 micrometro/decilitros indicam o diagnóstico de insuficiência adrenal (BURTS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). A produção inadequada de cortisol pode ser causada por processos destrutivos no eixo hipotalâmico-hipofisário que resultam em uma redução da capacidade de secretar ACTH ou CRH. A causa mais comum de insuficiência terciária é a administração farmacológica crônica de glicocorticoides que suprime a síntese de CRH, o que leva a uma redução tanto da liberação do ACTH como da secreção de cortisol. As principais manifestações clínicas envolvem fraqueza, perda de peso, distúrbios gastrointestinais, hipoglicemia pós prandial, dentre outros (BURTS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). 4.6.3 Hiperaldosteronismo O hiperaldosteronismo, ou seja, a hipersecreção da aldosterona, pode ser dividida em dois tipos: aldosteronismo primário e secundário (GUYTON; HALL, 2002). • Aldosteranismo Primário: A produção em excesso da aldosterona ocorre na glândula adrenal e pode ser causada por secreção autônoma e inapropriada de aldosterona por um adenoma de uma glândula adrenal; hiperplasia de células produtoras de aldosterona; carcinoma adrenal produtor de aldosterona ou distúrbio familiar. Sendo as principais manifestações clínicas o aumento da retenção de sódio por meio de efeitos da aldosterona no manejo tubular renal do sódio, expansão do volume de líquido extracelular e aumento da secreção tubular de potássio e íons de hidrogênio. Em consequência da retenção de sódio, há uma expansão do volume de líquido extracelular e um aumento da pressão arterial (GUYTON; HALL, 2002). • Aldosteranismo Secundário: O sistema renina-angiotensina é ativado a partir de um estímulo fora da glândula adrenal. Devido as funções da interação renina, angiotensina e aldosterona no organismo, como a regulação do volume de líquidos extracelular, equilíbrio de sódio e potássio e pressão arterial, qualquer mudança em uma destas variáveis leva a alterações nas outras. Em pacientes com edemas, 21 depleção de volume e alcalose hipocalêmica o hiperaldosteronismo secundário pode ser um caso suspeito. E nestes casos as dosagens de renina e aldosterona são menos solicitados (GUYTON; HALL, 2002). Outra causa que justifica a produção em excesso da aldosterona são os carcinomas adrenocorticais que podem pesar mais de 30 gramas, e devido ao excesso de mineralocorticoides podem causar hipertensão com hipocalemia. Além de que, as síndromes de Liddle e Bartter são distúrbios que também podem causar o excesso ou distúrbios de aldosterona. A síndrome de Bartter, por exemplo, eleva as concentrações de aldosterona quanto as atividades da renina devido uma perda de potássio renal mediada pela prostaglandina e defeito renal de manejo de cloreto (BURTS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). 4.6.4 Hipoaldosteronismo O hipoaldosteronismo foi estabelecido ao se demonstrar alterações nos níveis de renina e aldosterona em resposta à estimulação com furosemida ou postura ereta. A deficiência da produção de aldosterona pode ocorrer em pacientes com doença de Addison, em indivíduos com produção inadequada de renina pelo rim, com formas adquiridas de deficiência primária de aldosterona e comdefeitos hereditários enzimáticas na biossíntese da aldosterona. Sendo que pacientes com insuficiência adrenal primária também possuem deficiência de aldosterona. E as consequências metabólicas resultantes envolvem a hipercalemia e hiponatremia, frequentemente com hipotensão postural ou não provocada (GUYTON; HALL, 2002). 22 5 METODOLOGIA ANALÍTICA Atualmente, o método diagnóstico mais utilizado para dosar o cortisol e a aldosterona, é o imunoensaios. Porém, existem diagnósticos secundários como a cromatografia líquida de alta performance, ou a espectrofotometria de massa. Estes, também são utilizados e garantem precisão, e capacidade de medir baixas concentrações hormonais. Urina, saliva e sangue, podem ser utilizados para dosagem desses exames (BURTIS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). As amostras escolhidas para determinar os valores dos hormônios, podem ser feitas das seguintes maneiras: Urina: a excreção urinaria de um hormônio, não pode ser considerada a quantidade total secretado pela glândula, porém a quantidade de determinado hormônio, pala analise dos valores na urina, representa uma aproximação da quantidade secretada. Sendo assim, os exames de urina, fornecem uma estimativa boa para da atividade secretora da glândula. No entanto, fatores como: coleta incompleta da urina, doenças renais e a contribuição de uma ou mais glândulas para a secreção de hormônios, podem interferir nas interpretações de valores em exames urinários. Sangue: os exames endócrinos, baseiam-se em testes provocativos, estes podem estimular ou suprimir a secreção de hormônio. Por esta razão, os exames baseados na escolha de amostras como soro e plasma, são utilizados para a determinação desses valores hormonais. É importante ressaltar, que pode haver limitações na escolha deste material, pelo fato de os hormônios possuírem, ciclos circadianos diferentes. O que interfere diretamente na determinação de valores hormonais, dependendo do horário da coleta da amostra. Saliva: a utilização de saliva pode fornecer informações semelhantes à da amostra de urina, para determinar os esteroides livres. Esta amostra é válida para o cortisol, visto que se comparada a análise de aldosterona salivar, possui mais significância clínica do que este último (BURTIS; ASHWOOD; BRUNS, 2008). Existem algumas orientações para a realização da coleta, e entre os procedimentos para análise de cortisol e aldosterona (OSS/SPDM, 2011). São elas: ▪ DOSAGEM DE ALDOSTERONA NO SORO 23 O exame de aldosterona é utilizado para a avaliação de quadros hipertensivos, onde há suspeita de hiperaldosteronismo. Material para análise: soro Volume Ideal da amostra: 3,0 ml Período ideal de coleta: pela manhã, entre 7:00 e 9:00. Orientações para a coleta de amostra: paciente deve estar em jeju de 8horas, suspender qualquer medicamento diurético, coletar preferencialmente até as 10:00h da manhã, ou se necessário conforme orientação médica. É orientado que o paciente esteja em pé por 2 horas andando ou parado, antes da coleta, ou se necessário conforme orientação medica. Caso seja solicitado aldosterona em repouso, o paciente deve permanecer deitado por no mínimo 30 minutos antes da coleta da amostra. Conservação da amostra (coleta até o envio): congelado entre - 5ºC e - 25ºC Conservação para transporte: congelado entre - 5ºC e - 25ºC Conservação no transporte: congelado entre - 5ºC e - 25ºC Formulários requeridos: não se aplica Dados indispensáveis das fichas: informar medicamentos dos últimos 30 dias antecedentes ao exame Critérios de rejeição de amostras: hemólise ▪ DOSAGEM DE ALDOSTERONA NA URINA Neste caso o exame de aldosterona é utilizado diagnóstico de hiperaldosteronismo primário ou secundário. Material para análise: urina 24horas Volume Ideal da amostra: todo volume Período ideal de coleta: período não menstrual. Orientações para a coleta de amostras: Não fazer uso de creme vaginal nas 24 horas antecedentes ao exame (sexo feminino). Conservação da amostra (coleta até o envio): refrigerado (2ºC a 8ºC) Conservação para transporte: caixa térmica com gelox (2ºC a 8ºC) Conservação no transporte: até 7 dias refrigerado (2º e 8ºC) Formulários requeridos: não se aplica. Dados indispensáveis das fichas: informar os medicamentos hipotensores e diuréticos nos últimos 30 dias antecedentes ao exame, informar dieta hipossódica, não realizar contraste radiológico nas 48h que antecedem a coleta. 24 Critérios de rejeição de amostras: Quantidade de volume inadequado e coleta em frasco inadequado. ▪ DOSAGEM DE CORTISOL OU CORTISOL URINÁRIO A dosagem de cortisol urinário é útil para o diagnóstico de hiperfunção adrenal. É utilizado também como teste de triagem para Síndrome de Cushing, devido sua alta especificidade e sensibilidade. A excreção urinaria de 24 horas para avaliação de cortisol urinário é o índice mais confiável e direto para avaliação de secreção cortical. A recomendação é que a coleta seja realizada em amostras durante 24 horas, para a dosagem de cortisol urinário. Sendo dosado em 2 ou 3 amostras consecutivas dessa coleta. Material para análise: urina 24horas Volume ideal da amostra: todo volume Período ideal de coleta: período não menstrual. Orientações para a coleta de amostras: Não fazer uso de creme vaginal nas 48 horas antecedentes ao exame (sexo feminino). No caso da urina 24 h, desprezar a 1ª urina da manhã, e coletar todas as outras micções neste período. Informar medicamentos em uso. Ingestão normal de líquidos, sem exageros (por diminuir a sensibilidade do método). Se o paciente for diabético, orientá-lo a controlar rigorosamente a dieta e medicamentos, para não aumentar a ingestão de líquidos no período que antecede a coleta. Conservação da amostra (coleta até o envio): refrigerado (2ºC a 8ºC) Conservação para transporte: caixa térmica com gelox (2ºC a 8ºC) Conservação no transporte: até 7 dias refrigerado (2º e 8ºC) Formulários requeridos: não se aplica. Dados indispensáveis das fichas: anotar medicamentos em uso pelo paciente nos últimos 7 dias. Anotar o volume total da urina 24h coletado. Critérios de rejeição de amostras: Quantidade de volume inadequado e coleta em frasco inadequado. ▪ DOSAGEM DE CORTISOL NO SANGUE Utilizado na avaliação da função adrenal. Os níveis de cortisol são regulados por um balanço do ACTH da glândula pituitária e CRH do hipotálamo. Os níveis elevados de ACTH estimulam o córtex adrenal a liberar cortisol, que inibem o ACTH num feedback 25 negativo, quando atinge determinados níveis. O ACTH e o cortisol apresentam maiores picos em períodos matutinos, sendo o maior nível em torno das 08:00h da manhã. Menores níveis no período vespertino. As amostras colhidas as 08:00h da manhã, é comumente utilizada para diagnostico de insuficiência Adrenal, enquanto para diagnóstico de Síndrome de Cushing o ideal é que a mostra seja coletada após as 16:00h da tarde. Material para análise: soro Volume Ideal da amostra: 3,0 ml Período ideal de coleta: entre 7:00h e 9:00h da manhã Orientações para a coleta de amostras: o paciente deve estar em jejum de 4 horas. Coleta pela manhã até as 08:00 ou pela tarde após as 16:00h. Caso necessário, coleta deve ser feita conforme orientação médica (ritmo circadiano). Conservação da amostra (coleta até o envio): refrigerado (2ºC a 8ºC) Conservação para transporte: caixa térmica com gelox (2ºC a 8ºC) Conservação no transporte: até 7 dias refrigerado (2º e 8ºC) Formulários requeridos: não se aplica. Dados indispensáveis das fichas: anotar medicamentos em uso pelo paciente, em especial se o paciente fizer uso de glicocorticoides. Critérios de rejeição de amostras: hemólise ▪ TESTE DE SUPRESSÃO DE DEXAMETASONA CORTISOL É o utilizado como o principal teste de triagem para o diagnóstico de síndrome de Cushing. Materialpara análise: soro Volume Ideal da amostra: 3,0 ml Período ideal de coleta: entre 7:00h e 9:00h da manhã Orientações para a coleta de amostras: paciente deve estar em jejum de 8 horas. Ingerir 1 mg de dexametasona na noite que antecede o exame, aproximadamente as 23h. Conservação da amostra (coleta até o envio): refrigerado (2ºC a 8ºC) Conservação para transporte: caixa térmica com gelox (2ºC a 8ºC) Conservação no transporte: até 7 dias refrigerado (2º e 8ºC) Formulários requeridos: não se aplica. 26 Dados indispensáveis das fichas: anotar medicamentos em uso pelo paciente, nos últimos 30 dias. Critérios de rejeição de amostras: hemólise ▪ CORTISOL SALIVAR Utilizado para avaliação da função adrenal. Material para análise: saliva Volume Ideal da amostra: 1,0 ml Período ideal de coleta: até duas horas após o horário habitual do paciente acordar, ou se necessário conforme orientação médica. Orientações para a coleta de amostras: é necessário que o paciente esteja pelo menos 3 horas sem escovar os dentes, e se a amostra for coletada em casa, o paciente deve retirar no frasco apropriado (Salivette®), a caixa de isopor e o gelo reciclável. Conservação da amostra (coleta até o envio): refrigerado (2ºC a 8ºC) Conservação para transporte: caixa térmica com gelox (2ºC a 8ºC) Conservação no transporte: até 7 dias refrigerado (2º e 8ºC) Formulários requeridos: não se aplica. Dados indispensáveis das fichas: informar medicamentos utilizados nos últimos 30 dias antecedentes ao exame. Critérios de rejeição de amostras: volume inadequado 27 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO A secreção de aldosterona está profundamente ligada com a regulação do líquido extracelular, principalmente se tratando do volume sanguíneo, da pressão arterial e função renal. Alguns dos fatores mais importantes do controle da secreção da aldosterona são: o aumento da concentração de íons potássio no líquido extracelular, eleva a secreção de aldosterona; o aumento da atividade do sistema renina-angiotensina, também aumenta a secreção de aldosterona; a concentração elevada de íons sódio no líquido extracelular, diminui rapidamente a secreção de aldosterona; para secreção de aldosterona é necessário o ACTH da hipófise anterior, no entanto, ele exerce pouco efeito no controle da secreção da aldosterona (GUYTON; HALL, 2002). É importante ressaltar que a secreção da aldosterona pelas células da zona glomerular é praticamente independente da regulação do cortisol e dos androgênios pela zona fasciculada e zona reticular (GUYTON; HALL, 2002). Existem alguns distúrbios envolvendo o córtex suprarrenal que podem afetar o excesso ou a deficiência dos hormônios adrenocorticais, no caso do cortisol, em níveis normais, ele promove a gliconeogênese (processo através do qual precursores como lactato, piruvato, glicerol e aminoácidos são convertidos em glicose), níveis em excesso desse hormônio, acarretarão hiperglicemia e níveis diminuídos desse hormônio causará hipoglicemia em jejum. A aldosterona, em níveis normais, provoca secreção de k+, ela em excesso acarreta na secreção aumentada de k+ e hipocalemia (quantidade baixa de potássio presente na corrente sanguínea), se ocorre uma deficiência nessa secreção causa uma diminuição do k+ secretado e acarreta em hipercalemia (níveis muito altos de potássio no sangue) (CONSTANZO, 2007). Vale citar que, a aldosterona também provoca reabsorção aumentada de Na+, deste modo, ela em excesso provoca aumento do volume líquido extracelular e hipertensão (pressão alta), e os níveis diminuídos desse hormônio acarreta na contração no volume de liquido extracelular e hipotensão (pressão baixa) (CONSTANZO, 2007). Se tratando do cortisol, sua secreção é controlada pelo ACTH da hipófise anterior, logo, quando se tem um estresse físico ou mental, aumenta-se a secreção do cortisol, pois por ele promover gliconeogênese, ajuda as células a terem mais energia para exercerem suas funções (GUYTON; HALL, 2002). 28 Ao observar a relevância das consequências desses tipos de estresses, foi realizado um estudo descritivo-analítico sobre a prevalência do diabetes mellitus associado ao estresse ocupacional entre trabalhadores bancários do estado de Minas Gerais, onde os seguintes dados foram obtidos: Tabela 1: Distribuição dos trabalhadores bancários segundo correlação das associações entre estresse, glicemia, CA e IMC. Minas Gerais, 2017 (n=16). Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/cuid/v8n3/2216-0973-cuid-08-03-1863.pdf. Acesso: 01 de abril. De 2020 Os dados informam alterações significativas em casos onde o trabalhador sofre com estresse. Os altos níveis de estresse foram correlacionados com os valores alterados de glicemia. Quando o trabalhador se encontra com os níveis de estresse alterados, além do aumento das frequências cardíacas e respiratória, ocorre também um aumento nos níveis de glicemia (GEREMIAS; EVANGELISTA; SILVA; FURTADO; SILVEIRA-MONTEIRO; FREITAS, 2017). Foi concluído então, que o estresse tem relação com o aumento da glicemia, decorrente da liberação de cortisol, podendo levar o trabalhador bancário a, futuramente, adquirir diabetes mellitus tipo 2. Com isso nota-se que efeitos como estresse, obesidade e tumores nas glândulas suprarrenais, influenciam na secreção do cortisol e aldosterona, além das síndromes que também podem influenciar na secreção de ambos, como é caso de algumas presentes na tabela 2 (KATER; COSTA-SANTOS, 2001). 29 Tabela 2: Características clínicas e bioquímicas de algumas condições de origem primariamente não adrenal que simulam ou efetivamente apresentam envolvimento adrenocortical. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n1/a11v45n1.pdf. Acesso: 01 de abr. de 2020 Nota-se que na Síndrome do Excesso Aparente de Mineralocorticoides, há uma deficiência de 11β-Hidroxisteróide Desidrogenase (β-HSD), que é um protetor do receptor de MC (mineralocorticoide), responsável pela conversão de cortisol em cortisona. Um dos sintomas que aparecem durante a síndrome é a pressão arterial consistentemente elevada, usualmente atingindo níveis críticos, esse sintoma pode ser consequência do bloqueio da conversão de cortisol em cortisona nos túbulos contornados distais e coletores do rim, que deixam o receptor de MC renal desprotegido permitindo sua ocupação pelo cortisol. Considerando que o cortisol tem a mesma afinidade que a aldosterona pelo receptor MC, a ação da 11β-HSD tipo II no rim impede que o receptor MC seja literalmente inundado pela enorme quantidade de cortisol circulante (1000 vezes mais do que a aldosterona na sua forma total e 200 vezes mais, na sua forma livre). Se o cortisol não fosse convertido para o seu metabólito inativo, cortisona, a ativação do receptor MC produziria um estado de hiperatividade MC resultante da excessiva retenção de sódio e fluidos. O que acarreta nas desregulação da pressão arterial, levando em conta que em condições normais a conversão periférica de cortisol para cortisona permitiria que o receptor aceite prioritariamente a aldosterona como MC efetivo, o que faz com que ela quando ativada regule a pressão arterial (KATER; COSTA-SANTOS, 2001). http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n1/a11v45n1.pdf 30 7 CONCLUSÃO Conclui-se então que os hormônios secretados pelo córtex da glândula suprarrenal, localizada acima dos rins, possuem influencia em várias partes do corpo, auxiliando em sua fisiologia. Tanto o cortisol quanto a aldosterona possuem grande efeito sobre o organismo, regulando seu funcionamento, e por mais que sua função fisiológica e bioquímica possam atuar de formas distintas, quando deparados a alguma fisiopatologia, podendo ser de influência externa, como é o caso do estresse ou de influência genética, como é o caso de alguns tumores e síndromes, ambos podem atuar juntos prejudicando ofuncionamento do organismo, levando em conta que um mau funcionamento da glândula secretora pode acarretar no excesso ou deficiências dos hormônios adrenocorticais. Deste modo o conhecimento aprofundado desses hormônios se faz necessário, levando em conta que, saber como trilhar o diagnóstico, utilizando a melhor metodologia analítica possível, como por exemplo, exames bioquímicos é o caminho para de chegar ao melhor tratamento possível para que o indivíduo não sofra por conta do mal funcionamento dos hormônios adrenocorticais. 31 8 REFERÊNCIAS ARAUJO, M.R. 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Acesso em: 24 mar. 2020. https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/adrenal.pdf http://www.scielo.br/pdf/jped/v83n5s0/v83n5Sa07.pdf 32 NICOLL, D. et al. Manual de exames diagnósticos. 7 ed. Porto Alegre: AMGH, 2019. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=BaaXDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT9&dq=manual+exames+laboratoriais&o ts=9WBUmggKEy&sig=UUVrSiyKAaOPd1iyjkbzTzG0ot0#v=snippet&q=cortisol&f=fal se. Acesso em 29 mar 2020. RANG, H. P.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J.; HENDERSON, G. Rang & Dale: Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. ROSA, Joilmaro Pereira, 2003. Endocrinologia do Estresse e Importância no Bem-Estar Animal. Programa de pós-graduação em ciências veterinárias. Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/stress.pdf. Acesso em: 28 mar. 2020. SILVA, L.M; MALLOZI, M.C; FERRARI, G.F. Cortisol salivar na avaliação do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal em crianças saudáveis menores de 3 anos. J. Pediatr., v.83, n.2, 2007. Artigos escolhidos para discussão: Geremias LM, Evangelista LF, Silva RC, Furtado DS, Silveira-Monteiro CA, Freitas CF. Prevalência do diabetes mellitus associado ao estresse ocupacional em trabalhadores bancários, Minas Gerais, Brasil. Rev Cuid. 2017; 8(3): 1863-74. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/cuid/v8n3/2216-0973-cuid-08-03- 1863.pdf. Acesso: 01 de abr. de 2020. KATER, Claudio E.; COSTA-SANTOS, Marivânia. O espectro das síndromes de hipertensão esteroide na infância e adolescência. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2001, 45.1: 73-86. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n1/a11v45n1.pdf. Acesso em: 01 de abr. de 2020. http://www.scielo.org.co/pdf/cuid/v8n3/2216-0973-cuid-08-03-1863.pdf http://www.scielo.org.co/pdf/cuid/v8n3/2216-0973-cuid-08-03-1863.pdf http://www.scielo.br/pdf/abem/v45n1/a11v45n1.pdf ANEXO I ANEXO II
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