Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Descriminantes Putativas Aluna: Giulia Mazzer Art. 20, § 1º do Código Penal - Decreto Lei 2848/40 Código Penal - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo .(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nos casos de erro sobre pressuposto objetivo da causa de justificação “as situações serão resolvidas, no nosso Direito, com base no art. 20, § 1º, do CP, que se refere às descriminantes putativas: se o erro sobre o pressuposto objetivo da causa de justificação for escusável isenta de pena; se for inescusável permanecerá a punibilidade, por crime culposo, desde que haja previsão da respectiva modalidade.” (BITENCOURT, Cezar Roberto) Tornar a ação ilícita em lícita. Descriminante Putativo, do latim putare, é o pensado, mas inexistente. (Luiz Regis Prado) Putativa Descriminante putativa, portanto, ocorre quando o sujeito, levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa excludente de ilicitude. (Damásio de Jesus) O agente pode agir putativamente em qualquer uma das hipóteses de justificação (Art. 23 do Código Penal) Estado de Necessidade Legítima Defesa Estrito Cumprimento do Dever Legal Exercício Regular de Direito Estado de Necessidade Putativo Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Exemplo (André Estefam) Durante uma sessão de cinema, alguém leva uma metralhadora de brinquedo e finge atirar contra a plateia. Uma das pessoas, em desespero a caminho da saída, lesiona outras. Exemplo (Cezar Roberto Bitencourt) O agente acredita erroneamente que deve invadir durante a noite a casa habitada do vizinho para salvar uma criança de morte por afogamento, quando, em verdade, tratava-se de uma boneca que foi lançada dentro da piscina. Jurisprudência ROUBO TENTADO. NULIDADE DA SENTENÇA, POR DESOBEDIÊNCIA, DO DEVIDO PROVESSO LEGAL E DA IMEDIAÇÃO DO JUIZ. ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO. AUSÊNCIA DE DOLO, EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. IMPUTABILIDADE TRANSITÓRIA DO APELANTE. ABSOLVIÇÃO. TENTATIVA. Se, ao apreciar a prova o Juiz se conduziu de acordo com as normas dos artigos 157, 182 do Código de Processo Penal, a sentença está correta, tornando-se indispensável a prova efetiva de estado de necessidade putativo, ou a ausência de dolo ou culpa do apelante. A prova dos autos revela tratar-se de Réu imputável, e a aplicação da redução da pena na forma tentada está condizente com os atos praticados no iter criminis pelo acusado. Apelo Improvido. (TJ-RJ - APL: 01204007020028190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 19 VARA CRIMINAL, Relator: MARIA RAIMUNDA TEIXEIRA DE AZEVEDO, Data de Julgamento: 26/06/2003, OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 15/08/2003) Legítima Defesa Putativa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Exemplo (André Estefam) Numa comarca do interior, uma pessoa é condenada e promete ao juiz que, quando cumprir a pena, irá mata- la. Passado certo tempo, o escrivão alerta o magistrado de que aquele réu está prestes a ser solto. No dia seguinte, o juiz caminha por uma rua escura e se encontra com seu algoz, que leva a mão aos bolsos de maneira repentina. O juiz, supondo que está prestes a ser alvejado, saca de uma arma, matando-o; apura-se, em seguida, que o morto tinha nos bolsos apenas um bilhete de desculpas. Jurisprudência No interesse da defesa foram ouvidas as testemunhas BIANCA SANTANNA DE SOUZA CIRILO (fls. 235); GEORGE RULFF BENTO (fls. 236) e EDUARDO DE LIMA (fls. 237/238), testemunhas arroladas pela defesa, que mais adiante, desistiu das demais testemunhas, sendo homologado pelo Juiz (fls. 267). Interrogatório do acusado LEONARDO ALBARELLO, pelo método audiovisual (fls. 268), oportunidade em que apresenta versão diversa da descrita na denúncia. Das peças técnicas e documentos relevantes: a) Auto de Apreensão 01 furadeira marca Bosch Super Hobby e 01 fuzil calibre 7,62, Parafal (fls. 22); b) Auto de Apreensão 01 munição CBC (cartucho) calibre 7,62 mm NATO (fls. 23); c) Laudo de Exame de Material 01 furadeira marca Bosch Super Hobby (fls. 57/59); d) Laudo de Exame em Local (fls.60/76); e) Laudo de Exame de Corpo de Delito NECROPSIA e Esquema de Lesões (fls. 77/80); f) Termo de Reconhecimento e Identificação de Cadáver (fls. 81/81vº); g) Laudo de Exame de Reprodução Simulada (fls. 91/108); h) Laudo de Exame do Serviço de Perícia em Arma de Fogo (fls. 121/122); i) Folha de Antecedentes Criminais do acusado (fls. 123/127); Alegações escritas das partes. Reclama o Ministério Público (fls. 271/276) pela absolvição sumária do imputado. A Defesa Técnica (fls. 278/306) comunga com a tese da absolvição sumária. Eis, em apertada síntese, o RELATÓRIO. Estrito Cumprimento do Dever Legal Putativo O estrito cumprimento do dever legal é quando o agente “cumpre exatamente o determinado pelo ordenamento jurídico, realizando, assim, uma conduta lícita.” (PRADO, Luiz Regis) “Cumprimento do determinado pelo direito.”(PRADO, Luiz Regis) Um agente policial efetua a prisão do sósia de um perigoso bandido foragido da justiça. Exemplo (André Estefam) Jurisprudência Ementa: LEGÍTIMA DEFESA E ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL PUTATIVOS. AMEAÇA DE AGRESSÃO. RAJADAS. OBSERVÂNCIA DO RISG. ABSOLVIÇÃO. mantida a absolvição do acusado, soldado do Exército, que, durante o serviço de sentinela num quartel próximo a uma favela de Porto Alegre/RS, conhecida pela sua marginalidade, no deslocamento de um posto para outro, surpreendido por um vulto, bem próximo, movendo-se entre arvoredos, num local escuro e suspeito, sem possibilidade de identificação, dispara a sua arma atingindo o alvo, vindo a saber, posteriormente, que a vítima era um colega de farda. Excesso culposo não caracterizado. Indiscutível estado de medo. Não há excesso culposo decorrente de disparo de arma se isso ocorre em uma situação de susto. A surpresa o fez acreditar, no momento, estar diante de um perigo inesperado. Afetado em seu controle emocional não percebeu o desenvolvimento da arma, que passou direto de tiro de festim para rajada. Observância do Regulamento Interno dos Serviços Gerais. Dispensabilidade. O RISG admite a dispensa dos procedimentos no caso de ameaça clara de agressão (art. 2º, inciso I, letra f). Configuradas as excludentes de ilicitude: legítima defesa e estrito cumprimento de dever legal putativos. Exercício Regular de Direito Putativo O Exercício Regular de um Direito é quando “todo aquele que exerce um direito assegurado por lei. Quando o ordenamento jurídico, por meio de qualquer de seus ramos, autoriza determinada conduta, sua licitude reflete-se na seara penal, configurando excludente de ilicitude.” (ESTEFAM, André) Exercício Regular Direito é o “exercício de faculdade de acordo com o direito, o que implica na licitude da conduta.” (PRADO, Luiz Regis) Exemplo Pai, que na obscuridade, castiga o filho do vizinho, acreditando que seria seu filho. Jurisprudência Ementa: DANO MORAL - INEXISTÊNCIA - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO PÜTATIVO - TEORIA DA APARÊNCIA -Inexistência de ato ilícito a ser imputado à apelada. Inexistênciade nexo de causalidade entre o dano sofrido pela apelante e a conduta promovida pela apelada. Circunstâncias fáticas que levaram a apelada, ainda que aparentemente, a crer que o título de crédito protestado encontrava-se em conformidade com o ordenamento jurídico pátrio. Situação que demonstrava licitude na conduta da apelada. Teoria da aparência. Exercício regular de direito putativo. Recurso não provido. Referências Bibliográficas • BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 513-531. • JESUS, Damásio de, Direito Penal – parte geral, 31ª edição, 2010, Saraiva, p. 354. • ESTEFAM, André. Direito Penal 1: Parte Geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 247-250. • PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: Volume 1. 16. ed. São Paulo: Thomson Reuters, 2018. p. 248-286. • PRADO, Luiz Regis; CARVALHO, É. M. D; CARVALHO, G. M. D. Curso de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral e Parte Especial. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunas, 2015. p. 324-325.
Compartilhar