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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO “Quase o pior cenário”: O incêndio no túnel de Baltimore em 2001 (A) Duany Aldeny Trabalho da disciplina de Administração Aplicada à Engenharia de Segurança Tutor: Prof. Carlos Alberto M. Ferreira Brasília 2020 http://portal.estacio.br/ 2 “QUASE O PIOR CENÁRIO”: O INCÊNDIO NO TÚNEL DE BALTIMORE EM 2001 (A) Referência: SCOTT, Esther. “Quase o pior Cenário”: O incêndio no túnel de Baltimore em 2001 (A). Harvard Business School. Durante a tarde do dia 18 julho de 2001, na cidade de Baltimore, um trem de cargas descarrilhou no túnel subterrâneo que cortava a Rua Howard de uma extremidade à outra. O trem de propriedade da empresa ferroviária CSX Corporation transportava em seus vagões produtos químicos perigosos. Para o Corpo de Bombeiros local, aquela situação era passível de possíveis reações químicas desconhecidas, podendo causar explosões ou a liberação de vapores tóxicos, gerando danos à saúde pública. Constantemente os bombeiros eram convocados até a extremidade norte do túnel por pessoas receosas devido a fumaça predominante advinda do óleo diesel. Porém naquela tarde ao chegarem no local, descobriram que não se tratava de um alarme falso. A Rua Howard era um centro movimentado, constituído por edificações residências, públicas, comercias e de serviços. Em 1896 passou a abrigar sob sua extensão, um túnel subterrâneo destinado ao tráfego do metrô e de trens cargueiros. Porém, em 1961 o transporte de passageiros fora extinto, permanecendo apenas o sistema de fluxo de mercadorias. Apesar do crescente aumento do trafego comercial no interior do túnel, em 2001, sua existência era apenas de conhecimento dos moradores da Rua Howard e dos donos de negócios da região. Até mesmo o prefeito em exercício Martin O'Malley não sabia que sob aquela rua havia um túnel para transportes de cargas. O Jornal Baltimore Sun publicou em 1985 uma declaração anônima de um funcionário da segurança de transporte federal, que cogitava uma possível explosão no túnel e suas consequências. Porém essa declaração não surtiu efeito no âmbito governamental. Mais tarde, em 1987 um plano emergencial foi elaborado para a 3 cidade de Baltimore, mas nenhuma das suas 440 páginas fazia menção a existência do túnel da Rua Howard, ou a qualquer ação relacionada em caso de provável acidente naquele local. Em uma quarta-feira, no dia 18 de julho de 2001, um trem de cargas pertencente a CSX deslocava-se pelo túnel da Rua Howard rumo a Nova Jersey. Dos seus 60 vagões de carga, 31 deles comportavam produtos químicos, madeira compensada, óleo de soja e produtos de papel. Aproximadamente as 15hrs07mins os dois funcionários que tripulavam o trem foram forçados a realizar uma parada repentina e brusca. Sem conseguir obter contato com a central de tráfego da CSX na Flórida, optaram por desacoplar três locomotivas por temerem uma possível asfixia por escape de gases diesel. Em torno das 15hrs25mins conseguiram se comunicar com a central de tráfego, que autorizou o retorno do trem ao túnel após a dissipação total da fumaça. Logo mais, os tripulantes perceberam que aquela fumaça era resultado de um incêndio e contactaram a central novamente, informaram que os vagões que estavam dentro do túnel comportavam produtos perigosos que poderiam estar em chamas. As 16hrs15mins, a CSX entrou em contato com o corpo de bombeiros de Baltimore para comunicar a situação de descarrilhamento no túnel da Rua Howard. Para a primeira equipe deslocada para a extremidade norte do túnel foi apresentando o Regulamento de porte/Regulamento de embarque no qual indicava que oito dos 60 vagões estavam abastecidos com combustíveis e produtos corrosivos e perigosos, que poderiam causar queimaduras e problemas respiratórios. Porém, a maior preocupação se tornou a possível ameaça de um BLEVE (Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion - Explosão de vapor expandido com líquido em ebulição). Era uma situação incomum, e algumas pessoas se sentiam inaptas para lidar com aquele cenário. Apesar disso, o corpo de bombeiros possuía uma equipe treinada para lidar com incêndios envolvendo produtos perigosos e receberam o apoio dos funcionários do MDE – Departamento de Maryland do Meio Ambiente, que atuava na gestão de emergências ambientais. 4 Exatamente 150 bombeiros faziam vigilância na extremidade norte do túnel. Ao iniciarem as primeiras tentativas de acesso ao seu interior não obtiveram sucesso. Passaram a traças novos planos de ataque e contaram com o apoio de dois químicos que descartaram a hipótese de ocorrer um BLEVE. Para descarta uma possível contaminação do ar devido a liberação de vapores de calor de alguns produtos químicos presentes nos vagões, o MDE juntamente com os funcionários do departamento de matérias perigosos, iniciaram testes para detectar a presença de substâncias tóxicas no ar. Muitas questões foram ponderadas naquele momento, era importante estabelecer a necessidade de evacuar moradores, transeuntes e trabalhadores da região abrangida pelo túnel. Além disso, o sistema de tráfego na região da Rua Howard deveria ter seu fluxo gerenciado. Nas circunstâncias atuais era necessária uma equipe de gestão de crises, mas a cidade de Baltimore não gozada dessa assistência e nem mesmo de um local especifico para reuniões governamentais. Para deliberar sobre as decisões que deveriam ser tomadas, os funcionários do governo se dirigiram até a sede da polícia e ocuparam uma sala intitulada “COMSTAT”. Conclusão Apesar do descarrilhamento do trem que percorria o túnel da Rua Howard ter sido inevitável, um plano de prevenção poderia ter evitado ou amenizado o incêndio ocorrido no dia 18 de julho de 2001. Porém, o governo de Baltimore se mostrou despreparado para a situação. O plano de emergência da cidade sequer citava a existência de um túnel subterrâneo. As entidades governamentais se posicionaram de forma conjunta, entretanto, careciam de um local adequado para deliberarem sobre as tomadas de decisões. Desde a conclusão do túnel em 1896, um plano de ações em caso de incidentes envolvendo descarrilhamento ou produtos químicos perigosos deveria ter sido elaborado. Todavia, aquela extensão subterrânea era invisível aos olhos de muitos, inclusive do prefeito que estava em exercício no ano em que ocorreu o incêndio.
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