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ED Processo do Trabalho 1 º Bimestre

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
 
SÉRGIO RICARDO TAKASAKI MOTTA 
CAMILA DE FREITAS BASTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO ENTENDIMENTO SUMULAR N.º 300, DO TRIBUNAL 
SUPERIOR DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2020 
1 INTRODUÇÃO 
 
A finalidade deste estudo dirigido é promover a discussão a respeito da 
Súmula 300, do Tribunal Superior do Trabalho, que dispõe a respeito da 
competência da Justiça do Trabalho, mais precisamente em relação ao julgamento 
de demandas que versam sobre o cadastramento do Programa de Integração Social 
– PIS. 
 
 
2 ANÁLISE DO ENTENDIMENTO SUMULAR N.º 300, DO TRIBUNAL SUPERIOR 
DO TRABALHO 
 
É importante salientar, desde logo, que a Súmula 300, do Tribunal Superior 
do Trabalho, foi editada em meados de 1989, abarcando-se, originariamente, a 
competência da Justiça do Trabalho para promover o competente processamento e 
julgamento das demandas que sejam objeto de propositura por parte dos obreiros 
em face dos seus empregados concernentes ao cadastramento no respectivo Plano 
de Integração Social – PIS. 
Conforme redação atribuída em 2003, manteve-se a competência da Justiça 
do Trabalho, abordando-se breve alteração apenas no sentido de fazer alusão ao 
Programa de Integração Social – PIS. Observe: 
 
Súmula nº 300 do TST 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CADASTRAMENTO NO 
PIS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por 
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no 
Programa de Integração Social (PIS). 
Histórico: 
Redação original - Res. 10/1989, DJ 14, 18 e 19.04.1989 
Nº 300 Competência da Justiça do Trabalho – Cadastramento no PIS. 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de empregados 
contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de Integração 
Social (PIS). 
 
Nesse enfoque, trata-se o entendimento sumular em apreço de regra de 
competência atribuída à Justiça de Trabalho, cujo instituto se mostra de grande 
relevância em razão dos múltiplos conflitos que se desencadeiam no âmbito social. 
Portanto, de acordo com Schiavi (2017, p. 217), é importante que haja a delimitação 
de um critério para que a jurisdição possa ser distribuída entre os magistrados. 
De acordo com Santos e Hajel Filho (2018, p. 183), “É neste diapasão que 
podemos compreender a competência como sendo uma parcela ou partilhamento da 
jurisdição. A competência estipula regras, fixando limites para que vários órgãos do 
Poder Judiciário possam realizar suas atribuições jurisdicionais”. Consiste, portanto, 
no exercício da jurisdição que se encontra estabelecido na Lei. 
Nesse sentido, Saraiva e Manfredini (2016, p. 76/77) discorrem que a 
jurisdição pode ser compreendida como o poder/dever do Estado em proceder com 
a prestação da tutela jurisdicional, tendo, como contrapartida, a competência, que 
consiste na medida de jurisdição, já que determina a atribuição dos órgãos que 
serão encarregados para julgar as causas. 
Diante disso, cumpre esclarecer que a hipótese constante na Súmula 300, 
do Tribunal Superior do Trabalho, consiste em regra de competência em razão da 
matéria. Conforme Saraiva e Manfredini (2016, p. 77), a competência material resta 
estabelecida em virtude da causa de pedir, bem como dos pedidos insertos na peça 
vestibular. 
 Dentro deste enfoque, é importante dispor a respeito do conteúdo inserto no 
artigo 114, inciso IX, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: 
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] IX outras 
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”. 
Nesse passo, Santos e Hajel Filho (2018, p. 213) explicam que a regra 
constitucional em apreço abarcou certa abertura no referido inciso, na medida em 
que ponderou a inclusão de outras possíveis relações trabalhistas que não se 
encontrem transcritas nos outros incisos, ampliando-se, assim, a competência 
material da Justiça do Trabalho: 
 
O art. 114, IX, da Constituição Federal deixou uma espécie de inciso aberto 
para incluir eventuais relações jurídicas, de índole trabalhista, que não se 
enquadrem nas hipóteses dos incisos anteriores. Em outras palavras, nada 
mais fez o legislador constitucional derivado que confirmar a ampliação da 
competência material da Justiça do Trabalho, afastando, dessa forma, 
qualquer dúvida sobre a sua legitimidade de atuação sobre conflitos de 
competência que possam surgir, de forma superveniente, relativamente a 
aspectos da relação de trabalho. 
 
Assim sendo, Santos e Hajel Filho (2018, p. 213) explanam que o 
cadastramento no Programa de Integração Social – PIS consiste em um aspecto 
cuja discussão deverá ser atribuída ao crivo do Poder Judiciário. 
O mesmo entendimento é partilhado por Saraiva e Manfredini (2016, p. 
112/113), elencando que o inciso XI, do artigo 114, da Constituição Federal, ao 
abarcar a regra em comento passou a abrir outras possibilidades para a atuação da 
Justiça do Trabalho e, em razão disso, foi promovida a Súmula 300, do Tribunal 
Superior do Trabalho, atribuindo à Justiça do Trabalho a competência sobre os 
casos que versem sobre o Programa de Integração Social – PIS. 
Observando-se a forma como a jurisprudência está se posicionando a 
respeito do tema, cumpre colacionar o Recurso Ordinário 208200640106009, do 
Tribunal Regional do Trabalho da 6.ª Região: 
 
PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS) – COMPETÊNCIA 
MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Compete à Justiça do Trabalho o 
julgamento de ações que versem sobre o cadastramento do PIS ou 
indenização dos prejuízos ocasionados pela omissão ilícita do empregador, 
que se inserem entre as denominadas outras controvérsias decorrentes da 
relação de trabalho, inteligência do art. 114 da Carta Magna e Súmula nº 
300 do Colendo TST; não há como se acatar a incompetência deste Juízo 
para julgar o presente feito, vez que dentre os prejuízos causados, está 
aquele decorrente da omissão do empregador quanto à inclusão do obreiro 
na RAIS. 
 
Diante disso, tem-se que nos termos do posicionamento alavancado pelo 
Tribunal Regional Federal da 6.ª Região, a competência material da Justiça do 
Trabalho em razão do Programa de Integração Social – PIS reside não apenas no 
julgamento quanto às demandas que comportem o cadastramento do PIS, mas 
também nas indenizações alavancadas em razão dos prejuízos desencadeados em 
virtude da inércia do empregador. 
Entretanto, a competência material da Justiça do Trabalho nem sempre é 
reconhecida nestas situações, conforme Recurso Ordinário 
00026422120145060241, do Tribunal Regional Federal da 6.ª Região: 
 
PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS). AUSÊNCIA DE 
FORNECIMENTO DA RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS 
(RAIS). INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O pedido de 
indenização referente ao PIS (Programa de Integração Social) fulcrada na 
alegação de ausência de entrega da Relação Anual de Informações Sociais 
(RAIS), e não na ausência de cadastramento ou cadastramento incorreto no 
PIS, por parte do empregador, extrapola a competência desta Justiça 
Especializada. 
 
Nesse particular, tratando-se de demanda que versa sobre pleito 
indenizatório relacionado à ausência de entrega da Relação Anual de Informações 
Sociais – RAIS, obsta a incidência da competência da Justiça do Trabalho para a 
análise do feito. 
 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Considerando o que foi exposto neste estudo dirigido, nota-se de maneira 
clara que a partir do momento em que a Constituição Federal abarcou em seu artigo 
114, inciso IX, a competência da Justiça do Trabalho para a apreciação de outros 
fatores que decorram da relação de labora, acabou deixando regramento aberto a 
respeito do tema. 
Com isso, foi editado o entendimento sumular 300, do Tribunal Superior do 
Trabalho, que aborda a competência material da Justiça do Trabalho no sentido de 
processar ejulgar as causas que tragam em seu bojo a discussão a respeito do 
Programa de Integração Social – PIS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 06 
mar. 2020. 
 
JUSBRASIL. Recurso Ordinário 208200640106009. Disponível em: <https://trt-
6.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5289113/recurso-ordinario-ro-208200640106009-
pe-200640106009?ref=serp>. Acesso em: 06 mar. 2020. 
 
_____. Recurso Ordinário 00026422120145060241. Disponível em: <https://trt-
6.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/674540411/recurso-ordinario-ro-
26422120145060241?ref=serp>. Acesso em: 06 mar. 2020. 
 
SANTOS, Enoque Ribeiro dos; HAJEL FILHO, Ricardo Antonio Bittar. Curso de 
Direito Processual do Trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
 
SARAIVA, Renato; MANFREDINI, Aryanna. Curso de Direito Processual do 
Trabalho. 13. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016. 
 
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 
2017. 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DO TRABALHO. Súmula 300. Disponível em: 
<http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_251_300.h
tml#SUM-300>. Acesso em: 06 mar. 2020.

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