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1 A Era Vitoriana A Era Vitoriana não pode ser considerada um sinônimo de desenvolvimento em todos os aspectos. Foi também uma época de conservadorismo no que diz respeito aos costumes e, em especial, às mulheres e a comportamentos que eram considerados anormais ou degenerados. O melhor exemplo é a trajetória do importante escritor, Oscar Wilde. A despeito de seu brilhantismo, Wilde foi condenado à prisão pelo crime de cometer atos imorais. O escritor era, na verdade, homossexual, e este foi o crime que de fato o levou à prisão, onde foi submetido a trabalhos forçados dos quais jamais se recuperou completamente, falecendo em 1900, aos 46 anos de idade. O papel da mulher como responsável pelo lar e pelas prendas domésticas foi acirrado. A moda e a cultura vitorianas relegavam a mulher a um papel quase decorativo e como apêndice da vida social de seus maridos. Sobre este aspecto, Maria da Conceição Monteiro diz que: "Na Inglaterra do século XIX, mais precisamente no período vitoriano, o progresso das ciências e a sofisticação da técnica, com reflexos em todas as camadas sociais, criaram um ambiente propício para o surgimento de um tipo feminino cujo perfil se pode nitidamente traçar. Nessa época, com efeito, o questionamento religioso de par com um processo evolutivo indiferente aos anseios sociais suscitou a necessidade de se buscar um ponto de equilíbrio entre o público e o privado, uma base que refletisse solidez e estabilidade. Esta base, naturalmente, era o lar, e como seu representante elegeu-se alguém com as qualidades de guardião da moral e da castidade. A exigência de um anjo do lar fez nascer a mulher vitoriana."i 2 Os chamados crimes contra a moral eram duramente reprimidos e um dos símbolos desta perseguição ao comportamento desviante pode ser notado em um famoso criminoso da época, Jack, o estripador. Seus crimes jamais foram resolvidos, em grande parte porque suas vítimas eram prostitutas o que não despertava grandes esforços da força policial para buscar o culpado. A própria Rainha Vitória constituía um forte exemplo para a moral e o fortalecimento da instituição matrimonial. Ela casara-se por volta dos 21 anos com seu primo, Príncipe Albert, e construíram juntos uma imagem de felicidade conjugal que a realeza britânica insistiu em reproduzir nas gerações seguintes. Após a morte de Albert, em 1861, vítima de tifo, a rainha usou o luto até sua morte, 40 anos depois. i MONTEIRO, Maria Conceição. Figuras errantes na Época Vitoriana: a preceptora, a prostituta e a louca. In: Revista Fragmentos, v. 8, n. I., UFSC: jul/dez. 1998 Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fragmentos/article/view/6038 https://periodicos.ufsc.br/index.php/fragmentos/article/view/6038