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1 Curso Ênfase © 2019 DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PHELIPE CARDOSO AULA18 - ATIVIDADES CONCOMITANTES E CONTAGEM RECIPROCA DE TEMPO PARTE1 1 - ATIVIDADES CONCOMITANTES São as atividades laborais desenvolvidas concomitantemente, paralelamente. É a dupla, tripla jornada. Podem haver atividades concomitantes dentro de um mesmo regime previdenciário, por exemplo, duas atividades no regime geral de previdência social (RGPS), duas no regimente próprio de previdência social (RPPS) ou em regimes previdenciários distintos, RGPS e RPPS, paralelamente. A seguir, serão abordadas as atividades concomitantes no RGPS. 1.1. ATIVIDADES CONCOMITANTES NO RGPS Havendo atividades concomitantes no RGPS, determina a Lei que o segurado deve ser filiado obrigatoriamente em relação a cada uma destas. Logo, imagine a seguinte situação: O segurado pode ser empregado, ao mesmo tempo contribuinte individual como autônomo, bem como pode ter dois vínculos e possuir duas filiações como empregado. A espécie de segurado pode ser qualquer uma. Observe o art.11, § 2º da lei nº 8.213/91 Art. 11, § 2º. Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. Adiante serão vistas as consequências trazidas por este artigo. No momento, introdutoriamente, será visto como ocorrem as atividades concomitantes envolvendo RPPS. Pode-se ter, portanto, atividades concomitantes em regime geral e regime próprio. Podem haver atividades concomitantes dentro de um mesmo regime próprio, dois ou mais regimes próprios distintos. Por exemplo, o professor possui um vínculo RPPS com a União - enquanto Juiz federal -, e ainda, um vínculo no RGPS enquanto professor do curso ênfase. Atividades paralelas. Uma hipótese de atividades concomitantes dentro de um mesmo RPPS: Imagine dois cargos acumuláveis na esfera Federal, por exemplo. Por fim, em uma hipótese de atividades concomitantes dentro de RPPS distintos, imagine um caso de acumulação de cargos no RPPS Federal e Estadual. Art. 12, § 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar- se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. (Incluído pela Lei nº Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 2 Curso Ênfase © 2019 9.876, de 26.11.99) Após entendido como se dão as atividades concomitantes, será abordado o ponto de maior interesse, que são as consequências previdenciárias das mesmas. Será feita a divisão da análise das consequências em dois cenários. O primeiro, é aquele que em qualquer hipótese envolve um RPPS no meio. O segundo, é aquele em que há atividades concomitantes, apenas e tão somente, no RGPS. 1.2. CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES CONCOMITANTES ENVOLVENDO O REGIME PRÓPRIO Nesse caso, quais são as consequências da atividade concomitante? Havendo um regime próprio, o segurado para fazer jus aos benefícios, deve cumprir os requisitos em cada um dos regimes jurídicos a que for filiado, por tratarem-se de relações jurídicas totalmente distintas e independentes. Esteja o segurado filiado, por exemplo, ao RGPS e a um regime próprio, filiado a regimes próprios distintos, ou dentro do mesmo regime próprio, a consequência será sempre a mesma: Este deve cumprir os requisitos em relação a cada vínculo de filiação. Se deseja aposentar-se, deve cumprir os requisitos relativos a cada vínculo. Há uma regra no plano de benefícios, que afirma ser vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada (isto é, a soma dos períodos), quando tratar-se de atividades concomitantes. Portanto, havendo regime próprio no meio, a regra é clara, deve haver o cumprimento dos requisitos em relação a cada vínculo de filiação. Tratando-se de atividades concomitantes, não há a soma dos períodos, caso contrário, haveria uma contagem de tempo fictícia. 1.3. CONSEQUÊNCIAS DAS ATIVIDADES CONCOMITANTES DENTRO, MERAMENTE, DO RGPS. O outro cenário, envolve as atividades concomitantes somente dentro do RGPS. Por exemplo, o indivíduo é empregado e contribuinte individual, possui dois empregos, etc. Neste, há um regramento previsto no art.32 da lei nº 8.213/91. Trata-se de um cenário diferente daquele em que há um regime próprio envolvido. Essa regra é restrita às atividades concomitantes na vigência do RGPS. Portanto, tratando-se de atividades concomitantes dentro do RGPS, há o seguinte cenário: Existem benefícios que são específicos, podendo dizer respeito a cada uma das atividades paralelas. No entanto, outros dirão sempre respeito ao conjunto das atividades. Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 3 Curso Ênfase © 2019 Explicando: Um auxílio doença ou auxílio acidente, por exemplo, pode dizer respeito a uma ou algumas das atividades paralelas. Supondo que um indivíduo que exerça uma atividade braçal como personal trainer, e uma atividade intelectual dando aulas na Faculdade de Educação Física. Imagine que o mesmo quebre o braço, nesse caso, ficará impossibilitado de exercer a atividade como personal trainer, porém, consegue dar aula na faculdade. Visto isto, haveria o recebimento de auxílio doença apenas para a atividade concomitante respectiva para a qual ficou incapaz. Há benefícios que são compatíveis com apenas uma das atividades concomitantes. Esse é um quadro. Em um segundo cenário, há benefícios que englobam, necessariamente, todas as atividades. Exemplo: a segurada entrará em gozo de salário maternidade. Esta afasta-se de todas as atividades concomitantes, porque o benefício o pressupõe. Da mesma forma ocorre com a aposentadoria, ao aposentar-se, o cálculo gira em torno de todas as atividades até o momento, ainda que o indivíduo continue trabalhando posteriormente. Logo, os benefícios concedidos isoladamente por atividade estão fora do âmbito de atividades concomitantes, porque considera-se cada uma isoladamente. Não é o abordado. O benefício que leva em consideração cada atividade isoladamente, tem sua renda de benefício calculada de acordo com a média de contribuições para aquela atividade. Este regramento é completamente alheio a essa realidade. O professor está discorrendo sobre as atividades concomitantes e nos benefícios que, quando concedidos, levam em consideração as atividades de maneira conglobada. Desta forma, terá relevância a regra de cálculo da renda de benefício tratada no art.32 da lei nº 8.213/91. Este é o fato abordado. Em linhas gerais, em que há uma concessão conglobada, considerando todas as atividades, infere-se do art.32, que o segurado não precisa cumprir com os requisitos em todas as atividades paralelas, basta cumprir em uma delas. Nas demais, pode cumprir, porém não faz-se necessário. Ao receber o benefício em razão das atividades conglobadas, haverá - portanto - uma majoração proporcional da renda no referente ao somatório das atividades. Dessa forma, tratando-se de benefícios concedidos em razão das atividades conglobadas, há a majoração da renda em razão da ampliação de cálculo em atividades paralelas. Essa é a consequência do art.32, há uma melhora na renda do único benefício concedido em razão das atividades conglobadas. Observa-se a seguir o conteúdo normativo do art.32 da Lei de benefícios, in verbis: Art. 32. O salário-de-benefício do segurado que contribuir em razão de atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários-de-contribuição das Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciprocade Tempo Parte1 4 Curso Ênfase © 2019 atividades exercidas na data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo, observado o disposto no art. 29 e as normas seguintes: I - quando o segurado satisfizer, em relação a cada atividade, as condições do benefício requerido, o salário-de-beneficio será calculado com base na soma dos respectivos salários-de-contribuição; II - quando não se verificar a hipótese do inciso anterior, o salário-de-benefício corresponde à soma das seguintes parcelas: a) o salário-de-benefício calculado com base nos salários-de-contribuição das atividades em relação às quais são atendidas as condições do benefício requerido; b) um percentual da média do salário-de-contribuição de cada uma das demais atividades, equivalente à relação entre o número de meses completo de contribuição e os do período de carência do benefício requerido; III - quando se tratar de benefício por tempo de serviço, o percentual da alínea "b" do inciso II será o resultante da relação entre os anos completos de atividade e o número de anos de serviço considerado para a concessão do benefício. § 1º O disposto neste artigo não se aplica ao segurado que, em obediência ao limite máximo do salário-de-contribuição, contribuiu apenas por uma das atividades concomitantes. § 2º Não se aplica o disposto neste artigo ao segurado que tenha sofrido redução do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em respeito ao limite máximo desse salário. Segundo o art.32, se o segurado exerce atividades concomitantes, e completa os requisitos para o benefício em cada uma destas, a consequência é que o salário de benefício será calculado com base na soma dos salários de contribuição de cada atividade. É simples: critério da soma. Em outro cenário, o segurado completa os requisitos do benefício almejado em uma das atividades concomitantes, porém, não o completa nas demais. Nessas condições, diz a Lei que ao salário de benefício da atividade em que completados os requisitos, dita atividade principal, soma- se o percentual da média do salário de contribuição da outra atividade. Este percentual, equivale à relação entre o número de meses completos de contribuição, e a carência do benefício requerido. Ou equivalente, quando tratar-se por benefício por tempo de serviço, equiparado à relação entre os anos completos de atividade, e o número de anos de serviço para a concessão deste. Nesse segundo cenário, utiliza-se o critério do percentual da média. Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 5 Curso Ênfase © 2019 Exemplo: Imagine que uma segurada (mulher) possui na atividade A, trinta anos de contribuição, e que durante esses anos recebeu R$ 2.000,00 (dois mil) reais por mês, portanto, a média dos salários de contribuição dela será R$ 2.000,00 (dois mil) reais. Na atividade B, a mesma segurada, também possuinte de 30 (trinta) anos de contribuição e recebendo R$ 2.000,00 (dois mil) reais, logo, a média dos salários de contribuição serão igualmente R$ 2.000,00 (dois mil) reais. Significa que, se quiser se aposentar por tempo de contribuição, terá cumprido os requisitos nas duas atividades, o critério é o da soma dos salários de contribuição. Deste modo, se aposentará considerando o valor de R$ 4.000.00 (quatro mil) reais. Portanto, essa é a regra no cenário em que se completam os requisitos em todas as atividades. Exemplo 2: Considerando o cenário em que a segurada na atividade A, cumpriu trinta anos de contribuição, sendo a média do salário de contribuição o valor de R$ 2.000,00 (dois mil) reais. Na atividade B, trabalhou por quinze anos, tendo recebido neste período o valor de R$ 2.000,00 (dois mil) reais por cada mês. Logo, a média do salário de contribuição é igualmente de R$ 2.000,00 (dois mil) reais. Entretanto, na atividade B, a mesma não cumpriu o tempo necessário para se aposentar por tempo de contribuição, porque são necessários trinta anos para fazê-lo. Tendo a segurada, nessa situação, cumprido meramente 50% do tempo, a Lei diz que, nesse caso, haverá o somatório de um percentual da média, correspondente ao tempo cumprido em relação ao total. Sua média do salário de contribuição é de R$ 2.000,00 (dois mil) reais, todavia, cumpriu meramente 50% do total necessário para se aposentar, logo, haverá a soma do percentual de 50% da média. Soma do percentual da média; somando R$ 1000.00 (mil) reais. Dessa forma, em sua aposentadoria, nesse segundo cenário, será considerada a média do salário de contribuição em R$ 3000.00 (três mil) reais. Portanto, ocorre o cálculo da renda dos benefícios em atividades concomitantes no RGPS. Permanecendo no âmbito das atividades concomitantes no RGPS, a Lei de benefícios possui uma regra intuitiva no seguinte sentido: Se em uma das atividades o segurado contribui submetido ao teto, não haverá a necessidade de aplicação do art.32 da referida Lei, tendo em vista que, chegou-se a este e não haverá utilidade prática em proceder-se a soma ou a soma de percentual da média, porque não melhorará o valor do benefício em razão da limitação do teto. Para finalizar o estudo das atividades concomitantes, ainda no âmbito do cálculo do RGPS, duas observações pontuais da jurisprudência: Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 6 Curso Ênfase © 2019 Superior Tribunal de justiça (STJ): Se o segurado não completou tempo de contribuição suficiente para se aposentar em nenhuma das atividades concomitantes, será considerada atividade principal a que detém o maior proveito econômico, a de maior rendimento. Sobre a observação referente à TNU, ressalta-se que não se trata de jurisprudência consolidada, mas unicamente precedentes da TNU. TNU (proc. 00001592920114036307): O art.32 da Lei nº 8.213/91, deixou de possuir vigência a partir de 01/04/2003, por ser incompatível com a nova sistemática, decorrente da extinção da escala salário-base (arts.9º e 14 da MP 83/02, convertida na Lei nº 10.666/03). A Lei nº 10.666/03, quando extinguiu a escala de salário-base, teria criado uma sistemática de cálculo incompatível com o art.32 da Lei nº 8.213/91. Reitera-se que não trata-se de jurisprudência consolidada. Para os precedentes da TNU, não há que falar-se em percentual da média. Pelos mesmos, a regra deveria ser sempre a da simples soma dos salários de contribuição; aplicando a todas as hipóteses à regra em que o segurado completa os requisitos em todas as atividades. 2 - CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 2.1 Conceito: É a possibilidade de reaproveitamento de tempo de contribuição não concomitante, no caso de migração de regimes. É a possibilidade e transposição de um regime previdenciário para o outro, do seu tempo de contribuição. É natural trabalhar-se um tempo em regime geral e posteriormente vir a trabalhar no regime próprio ou vice versa. Deste modo, não perde-se o tempo de contribuição, e sim transporta-o para o novo regime previdenciário. Essa transposição pode ocorrer do regime geral para o regime próprio, do regime próprio para o regime geral, de um regime próprio para outro regime próprio; e até mesmo - havendo tratados internacionais - entre regimes brasileiros e estrangeiros. Na contagem recíproca, há uma compensação financeira entre os regimes previdenciários envolvidos. O de origem compensa financeiramente o de destino, relativamente às contribuições previdenciárias vertidas no regime de origem. Logo, é pressuposto da contagem recíproca de tempo de contribuição, o aporte para diferentes regimes previdenciários ao longo do tempo em atividades não concomitantes. Sobreestas, foram vistas suas consequências jurídicas. No momento, estão sendo tratadas as atividades não concomitantes; as sucessivas em períodos temporais distintos. 2.2 Previsão legal: Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 7 Curso Ênfase © 2019 Art. 201, § 9º da CF/88 Art. 201, § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Arts. 94 a 99 da lei nº 8.213/91 Arts. 125 a 135 do RPS. Bastante relevante ter em mente que esta é a moldura Nacional sobre contagem recíproca: Constituição e Lei, neste caso, de caráter Nacional. Razão pela qual não é possível que Leis locais (Estados, DF e Municípios) concebam critérios adicionais para a contagem recíproca. Seria inconstitucional; posicionamento do STF. Não deve, por exemplo, uma Lei Estadual estabelecer um pedágio, seja no regime previdenciário de origem, seja de permanência no regime previdenciário de destino, condicionando a este a efetivação da contagem recíproca. O que não deve ocorrer. 2.3 Funcionamento da contagem recíproca A transposição do tempo de contribuição de um regime para outro, operacionaliza-se com a emissão, pelo regime de origem endereçado ao regime de destino, de um documento denominado certidão de tempo de contribuição. Há detalhamentos desse documento nos arts.125 a 135 do RPS (regulamento da previdência social). O benefício resultante da contagem recíproca, é sempre concedido, calculado e pago pelo sistema a que o interessado está vinculado ao requerê-lo, pelo regime atual do beneficiário (art.99, PBPS; art.134, RPS). A contagem recíproca exige tempo de contribuição, isto é, contribuições vertidas. Sendo tempo efetivo de contribuição, a contagem recíproca vale, inclusive, para efeito de carência no regime de destino. Não há que referir-se à mera contagem recíproca de tempo de serviço. 2.4 Regras de regência As principais regras estão previstas no art.96 do plano de benefícios. (Lei n 8.213/91) Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção será contado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normas seguintes: I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais; Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 8 Curso Ênfase © 2019 Essa regra, para manter a "saúde financeira" dos regimes, não admite a chamada contagem fictícia. Conta-se tempo real, não são aceitas contagem fictícias em dobro ou outras condições especiais. Há uma polêmica devido a expressão "em outras condições especiais". A polêmica que se abre é a seguinte: Nem o tempo de atividade especial, - o que daria direito a aposentadoria especial - pode ser convertido com o bônus regulamentar para averbação em contagem recíproca? Sabe-se que o tempo especial, aquele que dá direito a aposentadoria especial, gera aposentação com tempo de contribuição menor. Logo, se for convertido em tempo comum, o segurado ganha um bônus, um ágio na conversão, pois o tempo especial vale mais. Entretanto, para fins de contagem recíproca, a Lei inadmite em outras condições especiais, por isso a existência da polêmica. A questão é saber se os segurados que trabalharam sob condições especiais, podem converter em comum o seu tempo especial e averbar em contagem recíproca, com o bônus decorrente da natureza da atividade especial. O regulamento expressamente proíbe, com base no artigo estudado. O STJ e o STF proíbem igualmente essa conversão; porém, a TNU admite (processo nº 2004.50.50.5167-8). Para os que proíbem, não significa dizer que o segurado perde o tempo, o tempo de atividade, o tempo real não é perdido. O que este não deve é converter em comum com o bônus adicional. Esse é o objeto da polêmica. É importante que o aluno faça o acompanhamento dessa polêmica, pois está submetido ao STJ (EREsp 524.267/PB), no pedido de uniformização de Lei Federal nº 240 e STF (RE 1.014.286), submetido à repercussão geral - tema 942. Haverá em breve uma definição a respeito dessa polêmica. II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada, quando concomitantes; Fora visto outrora, que as atividades concomitantes e a contagem recíproca são excludentes. Porque se admitida que a atividade concomitante fosse averbada em contagem recíproca, admitiria-se obliquamente um critério de contagem recíproca fictícia, sendo esta vedada. III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro; Direito Previdenciário – Phelipe Cardoso Aula18 - Atividades Concomitantes e Contagem Reciproca de Tempo Parte1 9 Curso Ênfase © 2019 Reitera-se que admitir essa situação, seria admitir uma contagem de tempo fictícia. Caso o segurado tenha utilizado seu tempo para se aposentar em outro sistema, não deve revivê-lo obtendo aposentadoria em outro regime. Não obstante, se o segurado se aposentou em um regime e houve sobra de tempo, pode-se utilizar a fração que sobrou para averbar em contagem recíproca. O STJ, afirma claramente que é permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, possibilitando ao segurado da Previdência Social levar ao regime de previdência próprio dos servidores públicos, meramente o montante de tempo de serviço que lhe seja necessário (STJ, REsp 687. 479/RS). IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência Social só será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período respectivo, com acréscimo de juros moratórios de zero vírgula cinco por cento ao mês, capitalizados anualmente, e multa de dez por cento. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.187-13, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 316, de 2006) O inciso acima, significa que a contagem recíproca é de tempo de contribuição, não havendo recolhimento da da mesma, torna-se inviável a contagem. Esta pressupõe a contribuição a tempo e modo, ou não sendo feita desta forma, a respectiva indenização posterior. Em razão dessa previsão, houve um repetitivo no STJ, tema 609, afirmando que se o trabalhador rural almejar a contagem recíproca, terá de indenizar, pagar as contribuições previdenciárias equivalentes. Porque o mesmo pode obter benefícios no regime geral sem contribuir, contudo, para contagem recíproca deve haver a contribuição. Para a contagem recíproca do tempo de serviço dos trabalhadores rurais, pressupõe-se o recolhimento das contribuições na época própria ou indenização posterior. (STF, MS 26.872/DF, 2010; STJ, tema 609; Súm.268/TCU; súm.10/TNU). Torna-se intuitivo, porque o instituto é contagem recíproca de tempo de contribuição, não de mero tempo de serviço.
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