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Violência Obstétrica

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Sumário 
 
1 Introdução. ................................................................................................... 4 
2 Desenvolvimento. ........................................................................................ 5 
2.1 O que é violência Obstétrica? .................................................................. 5 
2.2 Lei da Mulher. ............................................................................................ 5 
2.3 Quais os tipos de violência mais comuns? ............................................ 7 
2.3.1 A Episiotomia ou “pique”: .................................................................. 7 
2.3.2 Em relação à violência institucional: ................................................. 8 
2.3.3 AManobra de Kristeller: .................................................................... 8 
2.4 Intervenções prejudiciais. ........................................................................ 8 
2.5 Como reconhecer falhas durante o parto. ............................................... 9 
2.6 Denúncia contra Violência Obstétrica. .................................................. 10 
2.7 Cuidados de Enfermagem na prevenção de violência Obstétrica. ...... 10 
2.8 Humanização Obstétrica. ....................................................................... 11 
2.9 Qualificação da equipe multiprofissional na área da obstetrícia......... 11 
 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica no 
processo de trabalho, na gestão e configuração de redes. ................... 11 
 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica nas 
práticas de cuidado. ............................................................................. 12 
 Sobre as competências específicas da enfermagem obstétrica na 
perspectiva transversal. ........................................................................ 13 
 Competências Essenciais para o Exercício Básico da Obstetrícia, como 
referência para formação da Enfermagem nessa área. .............................. 14 
3 Conclusão. .................................................................................................. 16 
4 Referência Bibliográficas. ......................................................................... 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 Introdução. 
 
Entende-se que violência obstétrica é toda ação ou omissão direcionada 
a mulher durante o pré-natal, parto ou puerpério, que cause dor, dano ou 
sofrimento desnecessário a mulher, praticada sem o seu consentimento explícito 
ou em desrespeito a sua autonomia, esta definição envolve todos os prestadores 
de serviço de saúde, não apenas os médicos. 
A Violência Obstétrica é definida como qualquer ato ou intervenção 
direcionada a mulher grávida, parturiente ou puérpera (que recentemente deu a 
vida a outro ser), ou ao seu bebê, praticado sem o seu consentimento explícito 
ou informado e em desrespeito a sua autonomia, integridade física e mental, aos 
seus sentimentos e preferências. 
No brasil, a violência obstétrica é pouco abordada, mas muito recorrente, 
sendo que, segundo informações do Ministério Público de São Paulo, a 
obstetrícia é mundialmente a especialidade da saúde com o maior número de 
infrações seja elas por lesões corporais ou homicídios. 
As consequências para uma mulher que sofre de violência geram 
insegurança ao longo do pré-natal, e muitas vezes leva a trauma que afeta o 
físico e psicológico das mesmas; relacionado a atos de desrespeito, a ausência 
de um acompanhante durante a gestação ou a realização de procedimentos 
dolorosos sem orientação e sem alívio da dor. Uma paciente mal direcionada na 
hora do trabalho de parto e no parto pode ficar traumatizada, frustrada e pouco 
disposta após o nascimento do bebê. Sendo assim, os momentos iniciais da mãe 
e do bebê podem ser prejudicados até mesmo no momento de amamentação. 
O projeto de lei 7.633 dispõe sobre as diretrizes e os princípios inerentes 
aos direitos da mulher durante a gestação, durante o parto e puerpério e a 
erradicação da violência obstétrica. A legislação nacional brasileira estabelece a 
proteção da mulher quando a pratica de violência obstétrica, e em alguns podem 
ser considerados crimes, tais como homicídio, lesão corporal, omissão de 
socorro e crimes contra a honra. A pesquisa apresentada desenvolve o atual 
contexto da violência obstétrica, sendo fundamental os cuidados humanizados e 
a qualificação da equipe multiprofissional que podem contribuir com a redução 
dos índices de mortalidade. 
5 
 
2 Desenvolvimento. 
2.1 O que é violência Obstétrica? 
 
É um termo usado para caracterizar qualquer tipo de agressão contra a 
mulher durante a gestação, no momento do parto e no atendimento de 
complicações causadas por abortamento, podendo ser de natureza física, 
psicológica ou institucional, abrangendo desde o tratamento dado pela 
recepcionista nas maternidades até as imposições médicas. Dessa maneira, 
envolve a abordagem desumana, abuso da medicalização e patologização de 
processos naturais, gerando a perda da autonomia e capacidade da gestante de 
decidir livremente sobre seu próprio corpo e sexualidade, tornando um dos 
momentos mais importantes da mulher em um período doloroso e traumático, 
somado a múltiplas intervenções e direitos violados. 
 
2.2 Lei da Mulher. 
 
Toda mulher tem o direito de ter uma gravidez saudável e um parto 
seguro, entretanto, muito dos seus direitos são violados na maioria das vezes, 
decorrente da falta de informação da própria gestante. Assim, conforme a 
Constituição Federal, ao ocorrer a violência obstétrica é ferido primordialmente 
os seguintes artigos: 
 
 Artigo 5º: 
II - Princípio da legalidade: vedação a direito garantido por lei; 
III - Tratamento assemelhado à tortura, desumano e degradante; 
X - Violação da intimidade e da vida privada; 
XXXII - Defesa do consumidor: todos os institutos a serem interpretados 
favoravelmente à consumidora dos serviços em saúde; 
 Art. 196: Direito à saúde; 
 Art. 197: Dever do poder público fiscalizar o cumprimento da 
lei de saúde; e 
 Art. 226: Proteção da família. 
 
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Contudo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acerca do 
parto, devem ser avaliados os fatores de risco da gravidez, respeitada a escolha 
da mãe sobre o local do nascimento, haver liberdade de posição, evitado 
intervenções cirúrgicas sempre que possível, garantido o direito à privacidade 
das parturientes, bem como sua escolha quanto ao acompanhante no momento 
do trabalho de parto, além de fornecer as informações que desejarem e 
promover o contato de forma mais rápida possível entre o recém-nascido e a 
mãe. 
Dessa maneira, segundo a legislação brasileira são direitos da mulher 
durante o pré-natal e parto: 
 Acompanhamento qualificado durante o período da 
gravidez, garantido pela Lei nº 9.263/1996, onde é determinado que as 
unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), possuem o dever de 
assegurar em toda sua rede de serviços, programa de atenção integral à 
saúde, durante todos seus ciclos vitais, incluindo dentre suas atividades 
básicas, a assistência à concepção e contracepção, o atendimento pré-
natal e o auxílio no parto, puerpério e ao neonato; 
 Escolha pelo parto normal, de forma que deve ser 
providenciado todos os recursos para que ele ocorra, segundo orientação 
do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS), visando a redução de cesarianas desnecessárias; 
 Direito ao conhecimento e a vinculação prévia à maternidade 
onde será realizado o parto e na qual será atendida em caso de 
intercorrências durante o pré-natal, no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS), conforme a Lei nº 11.634/2007; 
 Atendimento prioritário à gestante e lactante em hospitais, 
órgãos e empresas públicas e em bancos, regulamentado pela Lei nº 
10.048 e Decreto nº 5.296, de 2004; 

Realização de no mínimo, seis consultas de 
acompanhamento pré-natal, de preferência uma no primeiro trimestre, 
duas no segundo e três no terceiro trimestre da gestação, segundo a 
Portaria nº 569 de 1º de junho de 2000, do Ministério da Saúde; 
7 
 
 Indicar o acompanhante que permanecerá durante todo o 
período de trabalho de parto, parto e pós-parto, de acordo com a Lei nº 
11.108/2005 e Portaria nº 2.418, de 2 de dezembro de 2005; e 
 Em situação de urgência, nenhum hospital, maternidade ou 
casa de parto poderá negar atendimento. 
 
2.3 Quais os tipos de violência mais comuns? 
 
 Intervenções de verificação e aceleração do parto. 
 Falta de esclarecimento e consentimento da paciente. 
 Restrição da posição do parto. 
 Restrição da escolha do local do parto. 
 Restrição de alimentação e hidratação. 
 Ser xingada ou ser alvo de piadas durante o parto. 
 Ser deixada sozinha, isolada ou trancada. 
 Separar mãe e filho após o nascimento. 
 Negar atendimento. 
 Sofrer exames de toque desnecessários e por vários 
profissionais. 
 Ser induzida a fazer cesárea sem necessidade. 
 
2.3.1 A Episiotomia ou “pique”: 
 
É uma cirurgia realizada na vulva, cortando a entrada da vagina com uma 
tesoura ou bisturi, algumas vezes sem anestesia, podendo provocar vários 
problemas que variam no que se refere à gravidade de 1° ao 4° grau. A 
episiotomia de rotina (praticada na maioria dos partos vaginais) pode causar 
maior perda de sangue, mais dor durante o parto, hematoma, maior risco de 
laceração do ânus (que pode causar incontinência fecal). No Brasil, a episiotomia 
é, usualmente, realizada sem o consentimento da paciente e sem que ela seja 
informada sobre sua necessidade, seus riscos, seus possíveis benefícios e 
efeitos adversos. 
 
8 
 
2.3.2 Em relação à violência institucional: 
 
 Esta ocorre quando práticas culturais estereotipadas desvalorizam a 
mulher com base em discriminação de gênero. Desta forma, a relação 
profissional e paciente, por construção social e histórica, opressora e violenta e 
atualmente não encontra ferramentas sociais disponíveis para sua reversão. 
Assim, a violência obstétrica como violência institucional se dá pela manutenção 
do constructo que perpetua o abuso das ações cometidas pelo profissional de 
saúde, não o considerando um responsável civil pelos seus atos. 
 
2.3.3 A Manobra de Kristeller: 
 
Consiste na compressão abdominal pelas mãos que envolvem o fundo do 
útero. Este recurso Foi abandonado como procedimento adequado em razão das 
graves consequências que lhe são inerentes como trauma das vísceras 
abdominais, do útero, descolamento da placenta, traumas fetais, dentre outros. 
O Manual da Organização Mundial De Saúde Assistência ao Parto Normal: um 
Guia Prático (2009) considera que, de modo geral, a pressão no fundo uterino 
durante o trabalho de parto é uma prática assistencial que deve ser utilizada com 
cautela. Apesar disso, a manobra é frequentemente realizada, ou seja, uma 
pessoa se coloca Em cima do ventre da gestante ou o espreme com o peso do 
corpo sobre as mãos, o braço, antebraço ou joelho. 
 
2.4 Intervenções prejudiciais. 
 
 Amniotomia. 
 Ocitocina para acelerar as contrações. 
 Falta de esclarecimento e consentimento da mulher paras 
intervenções. 
 Omitir informações, não informar sobre os procedimentos 
realizados, não negociar com a paciente a realização desses 
procedimentos, viola os seus direitos e nega sua autonomia. As condutas 
desnecessárias e arriscadas são consideradas violações ao direito da 
mulher à sua integridade corporal. A imposição autoritária e não 
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informada desses procedimentos atenta contra o direito à condição de 
pessoa. 
 Restrição de posicionamento. 
 Peregrinação em busca de vaga. 
 Omissão de informações. 
 Descaso e abandono Desprezo e humilhação. 
 Ameaça e coação. 
 Preconceito e discriminação. 
 Culpabilização, chantagem. 
 Descumprimento da Lei do acompanhante. 
 
2.5 Como reconhecer falhas durante o parto. 
 
 Não verificar ou preparar a sala de parto alguns minutos 
antes e deixar para realizar tudo de última hora. 
 Deixar em falta materiais que serviram de auxilio no 
procedimento. 
 Uso inadequado de tecnologias. 
 Cuidados e procedimentos desnecessários do profissional. 
 Objetos quebrados ou com algum dano que podem interferir 
no cuidado. 
 Não atender as necessidades do paciente ao relatar suas 
dores ou incomodo. 
 Oferecer instrumento diferente do que o médico 
ginecologista ou Obstetra solicitar. 
 Não prevenir ou impedir que ocorra infecção hospitalar. 
 Não esclarecer corretamente a paciente ou ao 
acompanhante o que está sendo realizado. 
 Falta de respeito com a cliente. 
 Amarrar os membros da paciente no leito onde será 
realizado o parto. 
 Em caso de administração de medicamentos errar nas 
doses administradas. 
10 
 
 Falta de conhecimentos do enfermeiro e sua equipe. 
 
2.6 Denúncia contra Violência Obstétrica. 
 
 Uma das medidas para denunciar a violência obstétrica é setor de 
defensoria pública do município, com cópia do prontuário médico como prova 
dos procedimentos registrados na qual a mulher foi submetida desde a 
internação até a alta hospitalar ou maternidade. 
A central de atendimento à mulher também permite que seja feito 
denúncias, basta ligar de qualquer telefone para o número 180 ou na ouvidoria 
geral do Sistema Único de Saúde – SUS 136 Disque Saúde. Caso as 
alternativas apresentadas não funcionem a denúncias podem ser realizadas na 
Defensoria Pública do seu estado ou o Ministério Público Federal. 
2.7 Cuidados de Enfermagem na prevenção de violência Obstétrica. 
 
A violência obstétrica refere-se à uma violação dos direitos humanos e um 
crítico problema de saúde pública, representado nas ações negligentes, 
imprudentes, omissos, discriminatórios e desrespeitosos realizados por 
profissionais de saúde e legitimados pelas relações simbólicas de poder que 
naturalizam e banalizam sua ocorrência. Diante disso, é de grande importância 
que a equipe de enfermagem realize cuidados e medidas preventivas, com o 
intuito de combater qualquer tipo de violência no ramo obstétrico, sendo algumas 
delas: 
 Explicar para a paciente de maneira que ela compreenda o 
que tem, o que pode ser feito por ela e como ela pode ajudar; 
 Evitar procedimentos invasivos, que causem dor e que 
sejam arriscados, exceto em situações estritamente indicadas; 
 Procurar ouvir a paciente e trabalhar em parceria com os 
colegas a fim de garantir um tratamento ao paciente longe do humilhante; 
 Promover a paciente o direito de acompanhante de sua 
escolha no pré-natal e parto; 
 Garantir o acesso ao leito e uma assistência pautada na 
equidade; 
11 
 
 Orientar a mulher acerca dos direitos relacionados à 
maternidade e reprodução; 
 Investir em si mesmo, buscando realização no seu trabalho 
e estar em constante atualização. 
De acordo com o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento 
(PHPN), o profissional de enfermagem deve incluir em sua assistência a prática 
do acolhimento, além de prestar orientações à família e assegurar que a 
continuidade na articulação dos serviços seja alcançada para a efetivação do 
cuidado, quando for preciso. Dado isso, é oportuno afirmar que o enfermeiro 
deve valorizar a essência humana, respeitar as emoções da parturiente e não 
desvalorizá-la no momento do parto. 
2.8 Humanização Obstétrica. 
 
Na esfera da saúde, o termo humanização significa resgatar o respeito 
a vida humana, levando em consideração as circunstâncias sociais, éticas, 
educacionais e psíquicas em toda relação humana. Levando esses aspectos 
em consideração, é pertinente dizer que ao ser realizada a atenção 
obstétrica, a mesma deve estar fundamentada na qualidade, humanização e 
no acompanhamento da gestação (em todos os estágios), parto e puerpério. 
Porém, para que
isso ocorra com eficácia, é imprescindível a organização da 
instituição de forma a desenvolver um ambiente agradável, e promover 
rotinas hospitalares que incluem a mulher no atendimento; além de 
fornecimento acolhedor da parte dos profissionais de saúde, com dignidade 
à mulher, familiares e ao recém-nascido, considerando-os como sujeitos de 
direitos. Dessa forma, será possível evitar intervenções desnecessárias e 
estabelecer a privacidade e autonomia da mulher. 
2.9 Qualificação da equipe multiprofissional na área da obstetrícia. 
 
 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica no 
processo de trabalho, na gestão e configuração de redes. 
 
- Atuação de Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes na atenção ao parto de baixo 
risco: diretriz compreendida como premissa para os cursos em questão. Está 
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associada à garantia de inserção de enfermeiras especializadas e obstetrizes na 
assistência direta ao parto de baixo risco e promoção de sua qualificação por 
meio de processos formativos para esta atuação. 
- Trabalho integrado em equipe multiprofissional: incorporação ativa de 
todos os sujeitos que compõem os serviços, avançando na configuração de 
equipe de referência para o cuidado, proporcionando a atenção integral e 
compartilhada, de acordo com as necessidades de mulheres, homens, 
adolescentes e jovens, crianças e famílias. 
- Cogestão na organização dos processos de trabalho e na relação com 
os usuários: fomento à participação ativa de gestores, trabalhadores e usuários 
(mulheres, familiares, acompanhantes, etc.), propiciando espaços e condições 
para corresponsabilização com os procedimentos de cuidados, autonomia e 
pactuação de compromissos e efetividade do cuidado. 
- Articulação de rede: arranjos de cursos e processos formativos que 
possibilitem articular interações com as diferentes instâncias/serviços, entidades 
representativas de classe e outros setores, com a perspectiva de ampliação e 
fortalecimento de rede de ações e compromissos. 
- Mobilização social: mobilização da sociedade e envolvimento das 
organizações sociais nas discussões relacionadas à saúde das mulheres e 
crianças, promoção e difusão de informações que possam fomentar o debate 
para ações inclusivas, promoção de ações voltadas ao empoderamento e 
autonomia das mulheres na condução de sua sexualidade e reprodução, assim 
fomentando processos participativos e respeito aos direitos instituídos. 
• Integração ensino-serviço: arranjos de articulação ensino-serviço nas 
redes locorregionais, com estratégias de continuidade de ações e interlocuções 
para troca de experiências e outras atividades educativas ampliadas. 
 
 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica nas 
práticas de cuidado. 
 
Neste bloco articulam-se diretrizes inter-relacionando o trabalho 
específico da Enfermagem Obstétrica (competências e habilidades específicas 
de sua atuação) e ampliando-se com componentes ou temas reconhecidos como 
diretamente associados à qualificação dos processos e práticas de cuidado. 
13 
 
 
- Competências para o exercício da Enfermagem Obstétrica: diretriz que 
indica que as competências de atuação destes profissionais devem estar em 
conformidade com os protocolos referendados pelas organizações 
internacionais e pelo Ministério da Saúde. 
- Acolhimento, classificação de risco e avaliação de vulnerabilidade: 
diretriz e Dispositivos que possibilitam escuta qualificada, vínculo, compromisso, 
responsabilização e continuidade do cuidado através da articulação da rede de 
Serviço. Nas unidades de cuidado as mulheres, adolescentes e jovens 
devem ser acolhidas e o seu atendimento deve ser priorizado de acordo com o 
grau de risco que apresentam baseado em protocolo assistencial. 
- Garantia de vinculação da gestante para atendimento em rede: 
compreensão das estratégias para definir referência territorial para vincular as 
gestantes às equipes, seja na Atenção Primária à Saúde (APS), seja no local 
onde ocorrerá o parto, evitando a peregrinação da mulher e da criança. 
- Direito a acompanhante: direito de escolha de quem acompanhará a 
mulher durante toda a internação para o parto e nascimento - Lei 11.108/2005 
(BRASIL, 2005). Além disso, estímulo à presença e participação de 
acompanhante desde os momentos do pré-natal, realização de exames, bem 
como acompanhante do recém-nascido. 
- Ambiência dos estabelecimentos: compreensão do serviço como espaço 
físico, social, profissional e de relações interpessoais, devendo estar em sintonia 
com um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora e resolutiva, com 
conforto para a equipe e usuários. 
- Conjunto de boas práticas e redução de intervenções desnecessárias, 
considerando-se as evidências científicas e indicações dos organismos 
internacionais e do MS no contexto do cuidado ao parto, nascimento, situações 
de abortamento e de violência. 
 
 Sobre as competências específicas da enfermagem obstétrica na 
perspectiva transversal. 
 
Atravessando os pilares referidos anteriormente, deve-se compreender 
que as competências específicas se ‘espalham’ pelo triângulo da formação-
14 
 
trabalho-avaliação (abordado adiante na Parte II). As competências essenciais 
para o exercício da obstetrícia, na versão de 2002 da ICM (International 
Confederation of Midwives), passaram a ser divulgadas pela Associação 
Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas (ABENFO Nacional) que, 
após ajuste à realidade brasileira, adotou-as, oficialmente em 2007, como 
padrão de qualidade para definição das competências das profissionais 
brasileiras, especialmente, para Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes (SOUZA 
et al., 2013). 
Assim, com a chancela da ABENFO Nacional, adotaram-se nos Cursos 
de Especialização em Enfermagem Obstétrica e nos Cursos de Aprimoramento 
para Enfermeiras Obstétricas, as competências essenciais para o exercício da 
obstetrícia propostas pela ICM, como orientação para o monitoramento de 
diretrizes de avaliação da prática clínica das Enfermeiras em formação. 
Destaca-se que essas competências são atualizadas periodicamente, 
sendo a última atualização realizada em 2013. Para os Cursos de 
Aprimoramento, dos sete conjuntos de competências propostos pela ICM, cinco 
são tomados como referência, aqui ajustados no quadro seguinte 
(INTERNATIONAL CONFEDERATION OF MIDWIVES, 2013). 
 
 Competências Essenciais para o Exercício Básico da Obstetrícia, como 
referência para formação da Enfermagem nessa área. 
 
1. Competências no contexto social, epidemiológico e cultural dos 
cuidados maternos e ao recém-nascido. 
1.1 Fortalecer conhecimentos e competências necessários de obstetrícia, 
neonatologia, ciências sociais, saúde pública e ética, que constituem a base de 
cuidados adequados, culturalmente relevantes e de alta qualidade a mulheres, 
recém-nascidos e famílias. 
 
2. Competências na prestação de cuidados durante o trabalho de parto e 
o parto. 
2.2 Ofertar cuidados de elevada qualidade e culturalmente sensíveis 
durante o parto, conduzindo um parto limpo e seguro e resolvendo determinadas 
15 
 
situações de emergência para maximizar a saúde das mulheres e dos seus filhos 
recém-nascidos. 
 
3. Competências para a prestação de cuidados as mulheres durante o 
período pós-parto. 
3.3 Ofertar às mulheres cuidados pós-parto abrangentes, de alta 
qualidade e culturalmente sensíveis. 
 
4. Competências nos cuidados pós-parto ao recém-nascido. 
4.4 Ofertar cuidados abrangentes e de alta qualidade a bebês 
essencialmente saudáveis desde o nascimento. 
 
5. Competências para a prestação de cuidados às mulheres em situação 
de abortamento (*) 
5.5 Ofertar cuidados culturalmente sensíveis e individualizados para 
mulheres em situação de aborto, que requerem ou vivenciem interrupção ou 
perda da gravidez que sejam congruentes com as leis e regulamentos aplicáveis 
e de acordo com
os protocolos nacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3 Conclusão. 
 
Concluiu-se que a violência obstétrica é um grave violador de direitos 
fundamentais da mulher, evidenciando problemas sociais como a discriminação 
de gênero, e a falta de estrutura estatal na implementação de políticas públicas 
voltadas à promoção e proteção da saúde da mulher. Desta forma, a busca de 
reparação pelos danos sofridos, por meio de demandas no Judiciário, que 
responsabilizam o Estado, é considerada uma alternativa plausível na tentativa 
de ressarcir os danos sofridos durante o período do pré-natal, parto e puerpério, 
bem como espaço de denúncia do descaso e violações sofridas no sistema 
hospitalar público. Em síntese, é um modo de reivindicar mudanças estatais que 
prezem pela implantação dessas políticas públicas e de serviços eficientes de 
saúde que priorizem a mulher, respeitando, sobretudo sua característica 
fundamental de ser humano, além de suscitar reflexões e mudanças dentro dos 
próprios órgãos jurisdicionais, reconhecendo o tema como violadores de direitos 
humanos, motivando assim mudanças na realidade brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 Referência Bibliográficas. 
 
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em:<http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_818_guia_direitos_gestante-
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10.MOURA, R. C. M et al. Cuidados de Enfermagem na Prevenção da 
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Acesso em: 21 abr.2020. 
11.MINISTÉRIO DA SAÚDE, Violência obstétrica: CNS se posiciona 
contra extinção do termo, proposta pelo Ministério da Saúde, 20 de maio 
de 2019. Disponivel em: <https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-
cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-
proposta-pelo-ministerio-da-saude>. Acesso em 20 de abril de 2020. 
 
12.VIEIRA, NATÁLIA. Violência Obstétrica e a responsabilidade civil do 
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content/uploads/2018/08/DIREITO_Natalia-Vieira.pdf >. Acesso em 20 de Abril 
de 2020. 
13.BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as 
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e 
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obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de 
risco habitual. Cad. saúde pública. 2014; 30(supl. 1): 17-31. Acesso em 23 de 
Abril de 2020. 
 
15.NARCHI NZ, CRUZ EF, GONÇALVES R, O papel das obstetrizes e 
enfermeiras obstetras na promoção da maternidade segura no Brasil. Ciênc 
Saúde Coletiva [Internet]. 2013; [cited 2017 Mar 17]; 18(4):1059-68. Disponível 
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2020. 
 
 
 
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