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Sumário 1 Introdução. ................................................................................................... 4 2 Desenvolvimento. ........................................................................................ 5 2.1 O que é violência Obstétrica? .................................................................. 5 2.2 Lei da Mulher. ............................................................................................ 5 2.3 Quais os tipos de violência mais comuns? ............................................ 7 2.3.1 A Episiotomia ou “pique”: .................................................................. 7 2.3.2 Em relação à violência institucional: ................................................. 8 2.3.3 AManobra de Kristeller: .................................................................... 8 2.4 Intervenções prejudiciais. ........................................................................ 8 2.5 Como reconhecer falhas durante o parto. ............................................... 9 2.6 Denúncia contra Violência Obstétrica. .................................................. 10 2.7 Cuidados de Enfermagem na prevenção de violência Obstétrica. ...... 10 2.8 Humanização Obstétrica. ....................................................................... 11 2.9 Qualificação da equipe multiprofissional na área da obstetrícia......... 11 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica no processo de trabalho, na gestão e configuração de redes. ................... 11 Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica nas práticas de cuidado. ............................................................................. 12 Sobre as competências específicas da enfermagem obstétrica na perspectiva transversal. ........................................................................ 13 Competências Essenciais para o Exercício Básico da Obstetrícia, como referência para formação da Enfermagem nessa área. .............................. 14 3 Conclusão. .................................................................................................. 16 4 Referência Bibliográficas. ......................................................................... 17 4 1 Introdução. Entende-se que violência obstétrica é toda ação ou omissão direcionada a mulher durante o pré-natal, parto ou puerpério, que cause dor, dano ou sofrimento desnecessário a mulher, praticada sem o seu consentimento explícito ou em desrespeito a sua autonomia, esta definição envolve todos os prestadores de serviço de saúde, não apenas os médicos. A Violência Obstétrica é definida como qualquer ato ou intervenção direcionada a mulher grávida, parturiente ou puérpera (que recentemente deu a vida a outro ser), ou ao seu bebê, praticado sem o seu consentimento explícito ou informado e em desrespeito a sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos e preferências. No brasil, a violência obstétrica é pouco abordada, mas muito recorrente, sendo que, segundo informações do Ministério Público de São Paulo, a obstetrícia é mundialmente a especialidade da saúde com o maior número de infrações seja elas por lesões corporais ou homicídios. As consequências para uma mulher que sofre de violência geram insegurança ao longo do pré-natal, e muitas vezes leva a trauma que afeta o físico e psicológico das mesmas; relacionado a atos de desrespeito, a ausência de um acompanhante durante a gestação ou a realização de procedimentos dolorosos sem orientação e sem alívio da dor. Uma paciente mal direcionada na hora do trabalho de parto e no parto pode ficar traumatizada, frustrada e pouco disposta após o nascimento do bebê. Sendo assim, os momentos iniciais da mãe e do bebê podem ser prejudicados até mesmo no momento de amamentação. O projeto de lei 7.633 dispõe sobre as diretrizes e os princípios inerentes aos direitos da mulher durante a gestação, durante o parto e puerpério e a erradicação da violência obstétrica. A legislação nacional brasileira estabelece a proteção da mulher quando a pratica de violência obstétrica, e em alguns podem ser considerados crimes, tais como homicídio, lesão corporal, omissão de socorro e crimes contra a honra. A pesquisa apresentada desenvolve o atual contexto da violência obstétrica, sendo fundamental os cuidados humanizados e a qualificação da equipe multiprofissional que podem contribuir com a redução dos índices de mortalidade. 5 2 Desenvolvimento. 2.1 O que é violência Obstétrica? É um termo usado para caracterizar qualquer tipo de agressão contra a mulher durante a gestação, no momento do parto e no atendimento de complicações causadas por abortamento, podendo ser de natureza física, psicológica ou institucional, abrangendo desde o tratamento dado pela recepcionista nas maternidades até as imposições médicas. Dessa maneira, envolve a abordagem desumana, abuso da medicalização e patologização de processos naturais, gerando a perda da autonomia e capacidade da gestante de decidir livremente sobre seu próprio corpo e sexualidade, tornando um dos momentos mais importantes da mulher em um período doloroso e traumático, somado a múltiplas intervenções e direitos violados. 2.2 Lei da Mulher. Toda mulher tem o direito de ter uma gravidez saudável e um parto seguro, entretanto, muito dos seus direitos são violados na maioria das vezes, decorrente da falta de informação da própria gestante. Assim, conforme a Constituição Federal, ao ocorrer a violência obstétrica é ferido primordialmente os seguintes artigos: Artigo 5º: II - Princípio da legalidade: vedação a direito garantido por lei; III - Tratamento assemelhado à tortura, desumano e degradante; X - Violação da intimidade e da vida privada; XXXII - Defesa do consumidor: todos os institutos a serem interpretados favoravelmente à consumidora dos serviços em saúde; Art. 196: Direito à saúde; Art. 197: Dever do poder público fiscalizar o cumprimento da lei de saúde; e Art. 226: Proteção da família. 6 Contudo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acerca do parto, devem ser avaliados os fatores de risco da gravidez, respeitada a escolha da mãe sobre o local do nascimento, haver liberdade de posição, evitado intervenções cirúrgicas sempre que possível, garantido o direito à privacidade das parturientes, bem como sua escolha quanto ao acompanhante no momento do trabalho de parto, além de fornecer as informações que desejarem e promover o contato de forma mais rápida possível entre o recém-nascido e a mãe. Dessa maneira, segundo a legislação brasileira são direitos da mulher durante o pré-natal e parto: Acompanhamento qualificado durante o período da gravidez, garantido pela Lei nº 9.263/1996, onde é determinado que as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), possuem o dever de assegurar em toda sua rede de serviços, programa de atenção integral à saúde, durante todos seus ciclos vitais, incluindo dentre suas atividades básicas, a assistência à concepção e contracepção, o atendimento pré- natal e o auxílio no parto, puerpério e ao neonato; Escolha pelo parto normal, de forma que deve ser providenciado todos os recursos para que ele ocorra, segundo orientação do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), visando a redução de cesarianas desnecessárias; Direito ao conhecimento e a vinculação prévia à maternidade onde será realizado o parto e na qual será atendida em caso de intercorrências durante o pré-natal, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme a Lei nº 11.634/2007; Atendimento prioritário à gestante e lactante em hospitais, órgãos e empresas públicas e em bancos, regulamentado pela Lei nº 10.048 e Decreto nº 5.296, de 2004; Realização de no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal, de preferência uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre da gestação, segundo a Portaria nº 569 de 1º de junho de 2000, do Ministério da Saúde; 7 Indicar o acompanhante que permanecerá durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, de acordo com a Lei nº 11.108/2005 e Portaria nº 2.418, de 2 de dezembro de 2005; e Em situação de urgência, nenhum hospital, maternidade ou casa de parto poderá negar atendimento. 2.3 Quais os tipos de violência mais comuns? Intervenções de verificação e aceleração do parto. Falta de esclarecimento e consentimento da paciente. Restrição da posição do parto. Restrição da escolha do local do parto. Restrição de alimentação e hidratação. Ser xingada ou ser alvo de piadas durante o parto. Ser deixada sozinha, isolada ou trancada. Separar mãe e filho após o nascimento. Negar atendimento. Sofrer exames de toque desnecessários e por vários profissionais. Ser induzida a fazer cesárea sem necessidade. 2.3.1 A Episiotomia ou “pique”: É uma cirurgia realizada na vulva, cortando a entrada da vagina com uma tesoura ou bisturi, algumas vezes sem anestesia, podendo provocar vários problemas que variam no que se refere à gravidade de 1° ao 4° grau. A episiotomia de rotina (praticada na maioria dos partos vaginais) pode causar maior perda de sangue, mais dor durante o parto, hematoma, maior risco de laceração do ânus (que pode causar incontinência fecal). No Brasil, a episiotomia é, usualmente, realizada sem o consentimento da paciente e sem que ela seja informada sobre sua necessidade, seus riscos, seus possíveis benefícios e efeitos adversos. 8 2.3.2 Em relação à violência institucional: Esta ocorre quando práticas culturais estereotipadas desvalorizam a mulher com base em discriminação de gênero. Desta forma, a relação profissional e paciente, por construção social e histórica, opressora e violenta e atualmente não encontra ferramentas sociais disponíveis para sua reversão. Assim, a violência obstétrica como violência institucional se dá pela manutenção do constructo que perpetua o abuso das ações cometidas pelo profissional de saúde, não o considerando um responsável civil pelos seus atos. 2.3.3 A Manobra de Kristeller: Consiste na compressão abdominal pelas mãos que envolvem o fundo do útero. Este recurso Foi abandonado como procedimento adequado em razão das graves consequências que lhe são inerentes como trauma das vísceras abdominais, do útero, descolamento da placenta, traumas fetais, dentre outros. O Manual da Organização Mundial De Saúde Assistência ao Parto Normal: um Guia Prático (2009) considera que, de modo geral, a pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto é uma prática assistencial que deve ser utilizada com cautela. Apesar disso, a manobra é frequentemente realizada, ou seja, uma pessoa se coloca Em cima do ventre da gestante ou o espreme com o peso do corpo sobre as mãos, o braço, antebraço ou joelho. 2.4 Intervenções prejudiciais. Amniotomia. Ocitocina para acelerar as contrações. Falta de esclarecimento e consentimento da mulher paras intervenções. Omitir informações, não informar sobre os procedimentos realizados, não negociar com a paciente a realização desses procedimentos, viola os seus direitos e nega sua autonomia. As condutas desnecessárias e arriscadas são consideradas violações ao direito da mulher à sua integridade corporal. A imposição autoritária e não 9 informada desses procedimentos atenta contra o direito à condição de pessoa. Restrição de posicionamento. Peregrinação em busca de vaga. Omissão de informações. Descaso e abandono Desprezo e humilhação. Ameaça e coação. Preconceito e discriminação. Culpabilização, chantagem. Descumprimento da Lei do acompanhante. 2.5 Como reconhecer falhas durante o parto. Não verificar ou preparar a sala de parto alguns minutos antes e deixar para realizar tudo de última hora. Deixar em falta materiais que serviram de auxilio no procedimento. Uso inadequado de tecnologias. Cuidados e procedimentos desnecessários do profissional. Objetos quebrados ou com algum dano que podem interferir no cuidado. Não atender as necessidades do paciente ao relatar suas dores ou incomodo. Oferecer instrumento diferente do que o médico ginecologista ou Obstetra solicitar. Não prevenir ou impedir que ocorra infecção hospitalar. Não esclarecer corretamente a paciente ou ao acompanhante o que está sendo realizado. Falta de respeito com a cliente. Amarrar os membros da paciente no leito onde será realizado o parto. Em caso de administração de medicamentos errar nas doses administradas. 10 Falta de conhecimentos do enfermeiro e sua equipe. 2.6 Denúncia contra Violência Obstétrica. Uma das medidas para denunciar a violência obstétrica é setor de defensoria pública do município, com cópia do prontuário médico como prova dos procedimentos registrados na qual a mulher foi submetida desde a internação até a alta hospitalar ou maternidade. A central de atendimento à mulher também permite que seja feito denúncias, basta ligar de qualquer telefone para o número 180 ou na ouvidoria geral do Sistema Único de Saúde – SUS 136 Disque Saúde. Caso as alternativas apresentadas não funcionem a denúncias podem ser realizadas na Defensoria Pública do seu estado ou o Ministério Público Federal. 2.7 Cuidados de Enfermagem na prevenção de violência Obstétrica. A violência obstétrica refere-se à uma violação dos direitos humanos e um crítico problema de saúde pública, representado nas ações negligentes, imprudentes, omissos, discriminatórios e desrespeitosos realizados por profissionais de saúde e legitimados pelas relações simbólicas de poder que naturalizam e banalizam sua ocorrência. Diante disso, é de grande importância que a equipe de enfermagem realize cuidados e medidas preventivas, com o intuito de combater qualquer tipo de violência no ramo obstétrico, sendo algumas delas: Explicar para a paciente de maneira que ela compreenda o que tem, o que pode ser feito por ela e como ela pode ajudar; Evitar procedimentos invasivos, que causem dor e que sejam arriscados, exceto em situações estritamente indicadas; Procurar ouvir a paciente e trabalhar em parceria com os colegas a fim de garantir um tratamento ao paciente longe do humilhante; Promover a paciente o direito de acompanhante de sua escolha no pré-natal e parto; Garantir o acesso ao leito e uma assistência pautada na equidade; 11 Orientar a mulher acerca dos direitos relacionados à maternidade e reprodução; Investir em si mesmo, buscando realização no seu trabalho e estar em constante atualização. De acordo com o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), o profissional de enfermagem deve incluir em sua assistência a prática do acolhimento, além de prestar orientações à família e assegurar que a continuidade na articulação dos serviços seja alcançada para a efetivação do cuidado, quando for preciso. Dado isso, é oportuno afirmar que o enfermeiro deve valorizar a essência humana, respeitar as emoções da parturiente e não desvalorizá-la no momento do parto. 2.8 Humanização Obstétrica. Na esfera da saúde, o termo humanização significa resgatar o respeito a vida humana, levando em consideração as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas em toda relação humana. Levando esses aspectos em consideração, é pertinente dizer que ao ser realizada a atenção obstétrica, a mesma deve estar fundamentada na qualidade, humanização e no acompanhamento da gestação (em todos os estágios), parto e puerpério. Porém, para que isso ocorra com eficácia, é imprescindível a organização da instituição de forma a desenvolver um ambiente agradável, e promover rotinas hospitalares que incluem a mulher no atendimento; além de fornecimento acolhedor da parte dos profissionais de saúde, com dignidade à mulher, familiares e ao recém-nascido, considerando-os como sujeitos de direitos. Dessa forma, será possível evitar intervenções desnecessárias e estabelecer a privacidade e autonomia da mulher. 2.9 Qualificação da equipe multiprofissional na área da obstetrícia. Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica no processo de trabalho, na gestão e configuração de redes. - Atuação de Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes na atenção ao parto de baixo risco: diretriz compreendida como premissa para os cursos em questão. Está 12 associada à garantia de inserção de enfermeiras especializadas e obstetrizes na assistência direta ao parto de baixo risco e promoção de sua qualificação por meio de processos formativos para esta atuação. - Trabalho integrado em equipe multiprofissional: incorporação ativa de todos os sujeitos que compõem os serviços, avançando na configuração de equipe de referência para o cuidado, proporcionando a atenção integral e compartilhada, de acordo com as necessidades de mulheres, homens, adolescentes e jovens, crianças e famílias. - Cogestão na organização dos processos de trabalho e na relação com os usuários: fomento à participação ativa de gestores, trabalhadores e usuários (mulheres, familiares, acompanhantes, etc.), propiciando espaços e condições para corresponsabilização com os procedimentos de cuidados, autonomia e pactuação de compromissos e efetividade do cuidado. - Articulação de rede: arranjos de cursos e processos formativos que possibilitem articular interações com as diferentes instâncias/serviços, entidades representativas de classe e outros setores, com a perspectiva de ampliação e fortalecimento de rede de ações e compromissos. - Mobilização social: mobilização da sociedade e envolvimento das organizações sociais nas discussões relacionadas à saúde das mulheres e crianças, promoção e difusão de informações que possam fomentar o debate para ações inclusivas, promoção de ações voltadas ao empoderamento e autonomia das mulheres na condução de sua sexualidade e reprodução, assim fomentando processos participativos e respeito aos direitos instituídos. • Integração ensino-serviço: arranjos de articulação ensino-serviço nas redes locorregionais, com estratégias de continuidade de ações e interlocuções para troca de experiências e outras atividades educativas ampliadas. Diretrizes estruturantes para inserção da enfermagem obstétrica nas práticas de cuidado. Neste bloco articulam-se diretrizes inter-relacionando o trabalho específico da Enfermagem Obstétrica (competências e habilidades específicas de sua atuação) e ampliando-se com componentes ou temas reconhecidos como diretamente associados à qualificação dos processos e práticas de cuidado. 13 - Competências para o exercício da Enfermagem Obstétrica: diretriz que indica que as competências de atuação destes profissionais devem estar em conformidade com os protocolos referendados pelas organizações internacionais e pelo Ministério da Saúde. - Acolhimento, classificação de risco e avaliação de vulnerabilidade: diretriz e Dispositivos que possibilitam escuta qualificada, vínculo, compromisso, responsabilização e continuidade do cuidado através da articulação da rede de Serviço. Nas unidades de cuidado as mulheres, adolescentes e jovens devem ser acolhidas e o seu atendimento deve ser priorizado de acordo com o grau de risco que apresentam baseado em protocolo assistencial. - Garantia de vinculação da gestante para atendimento em rede: compreensão das estratégias para definir referência territorial para vincular as gestantes às equipes, seja na Atenção Primária à Saúde (APS), seja no local onde ocorrerá o parto, evitando a peregrinação da mulher e da criança. - Direito a acompanhante: direito de escolha de quem acompanhará a mulher durante toda a internação para o parto e nascimento - Lei 11.108/2005 (BRASIL, 2005). Além disso, estímulo à presença e participação de acompanhante desde os momentos do pré-natal, realização de exames, bem como acompanhante do recém-nascido. - Ambiência dos estabelecimentos: compreensão do serviço como espaço físico, social, profissional e de relações interpessoais, devendo estar em sintonia com um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora e resolutiva, com conforto para a equipe e usuários. - Conjunto de boas práticas e redução de intervenções desnecessárias, considerando-se as evidências científicas e indicações dos organismos internacionais e do MS no contexto do cuidado ao parto, nascimento, situações de abortamento e de violência. Sobre as competências específicas da enfermagem obstétrica na perspectiva transversal. Atravessando os pilares referidos anteriormente, deve-se compreender que as competências específicas se ‘espalham’ pelo triângulo da formação- 14 trabalho-avaliação (abordado adiante na Parte II). As competências essenciais para o exercício da obstetrícia, na versão de 2002 da ICM (International Confederation of Midwives), passaram a ser divulgadas pela Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas (ABENFO Nacional) que, após ajuste à realidade brasileira, adotou-as, oficialmente em 2007, como padrão de qualidade para definição das competências das profissionais brasileiras, especialmente, para Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes (SOUZA et al., 2013). Assim, com a chancela da ABENFO Nacional, adotaram-se nos Cursos de Especialização em Enfermagem Obstétrica e nos Cursos de Aprimoramento para Enfermeiras Obstétricas, as competências essenciais para o exercício da obstetrícia propostas pela ICM, como orientação para o monitoramento de diretrizes de avaliação da prática clínica das Enfermeiras em formação. Destaca-se que essas competências são atualizadas periodicamente, sendo a última atualização realizada em 2013. Para os Cursos de Aprimoramento, dos sete conjuntos de competências propostos pela ICM, cinco são tomados como referência, aqui ajustados no quadro seguinte (INTERNATIONAL CONFEDERATION OF MIDWIVES, 2013). Competências Essenciais para o Exercício Básico da Obstetrícia, como referência para formação da Enfermagem nessa área. 1. Competências no contexto social, epidemiológico e cultural dos cuidados maternos e ao recém-nascido. 1.1 Fortalecer conhecimentos e competências necessários de obstetrícia, neonatologia, ciências sociais, saúde pública e ética, que constituem a base de cuidados adequados, culturalmente relevantes e de alta qualidade a mulheres, recém-nascidos e famílias. 2. Competências na prestação de cuidados durante o trabalho de parto e o parto. 2.2 Ofertar cuidados de elevada qualidade e culturalmente sensíveis durante o parto, conduzindo um parto limpo e seguro e resolvendo determinadas 15 situações de emergência para maximizar a saúde das mulheres e dos seus filhos recém-nascidos. 3. Competências para a prestação de cuidados as mulheres durante o período pós-parto. 3.3 Ofertar às mulheres cuidados pós-parto abrangentes, de alta qualidade e culturalmente sensíveis. 4. Competências nos cuidados pós-parto ao recém-nascido. 4.4 Ofertar cuidados abrangentes e de alta qualidade a bebês essencialmente saudáveis desde o nascimento. 5. Competências para a prestação de cuidados às mulheres em situação de abortamento (*) 5.5 Ofertar cuidados culturalmente sensíveis e individualizados para mulheres em situação de aborto, que requerem ou vivenciem interrupção ou perda da gravidez que sejam congruentes com as leis e regulamentos aplicáveis e de acordo com os protocolos nacionais. 16 3 Conclusão. Concluiu-se que a violência obstétrica é um grave violador de direitos fundamentais da mulher, evidenciando problemas sociais como a discriminação de gênero, e a falta de estrutura estatal na implementação de políticas públicas voltadas à promoção e proteção da saúde da mulher. Desta forma, a busca de reparação pelos danos sofridos, por meio de demandas no Judiciário, que responsabilizam o Estado, é considerada uma alternativa plausível na tentativa de ressarcir os danos sofridos durante o período do pré-natal, parto e puerpério, bem como espaço de denúncia do descaso e violações sofridas no sistema hospitalar público. Em síntese, é um modo de reivindicar mudanças estatais que prezem pela implantação dessas políticas públicas e de serviços eficientes de saúde que priorizem a mulher, respeitando, sobretudo sua característica fundamental de ser humano, além de suscitar reflexões e mudanças dentro dos próprios órgãos jurisdicionais, reconhecendo o tema como violadores de direitos humanos, motivando assim mudanças na realidade brasileira. 17 4 Referência Bibliográficas. 1.MINISTÉRIO DA SAÚDE; Violencia Obstétrica, 12 de maio de 2017. Disponível em: < https://saude.gov.br/ > Acesso em: 15 de abril de 2020. 2.OLIVEIRA LGSM, ALBUQUERQUE ALINE; Violência Obstétrica e Direitos Humanos dos Pacientes, Revista CEJ, Brasília, Ano XXII, n. 75, p. 36-50, maio/ago. 2018. Disponível em: < http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_bib lioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/Rev- CEJ_n.75.03.pdf >. Acesso em 18 de Abril de 2020. 3. ZANARDO, Gabriela Lemos de Pinho; URIBE, Magaly Calderón; NADAL, Ana Hertzog Ramos De; HABIGZANG, Luísa Fernanda. Violência obstétrica no Brasil: uma revisão narrativa. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 29, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v29/1807-0310-psoc-29- e155043.pdf>. Acesso em 20 abr. 2020. 4. BRANDT, Gabriela Pinheiro; SOUZA, Silvia Jaqueline Pereira; MIGOTO, Michelle Thais; WEIGERT, Simone Planca. Violência Obstétrica: A verdadeira dor do parto, Revista Gestão & Saúde, 2018. Disponível em: <http://www.herrero.com.br/files/revista/file2a3ed78d60260c2a5bedb38362615 527.pdf>. Acesso em 20. Abr. 2020. 5.SENADO FEDERAL. Violência Obstétrica “Parirás com dor”. Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as Mulheres, 2012. Disponível em: <https://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VCM%2 0367.pdf>. Acesso em 21 abr. 2020. 6.NASCIMENTO, Ana Carolina. Os Direitos da Mulher no Parto. 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Acesso em 23 de Abril de 2020. http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_818_guia_direitos_gestante-bebe.pdf http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_818_guia_direitos_gestante-bebe.pdf http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2019/02/Cuidados-De-Enfermagem-Na-Preven%C3%A7%C3%A3o-Da-Viol%C3%AAncia-Obst%C3%A9trica.pdf http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2019/02/Cuidados-De-Enfermagem-Na-Preven%C3%A7%C3%A3o-Da-Viol%C3%AAncia-Obst%C3%A9trica.pdf http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2019/02/Cuidados-De-Enfermagem-Na-Preven%C3%A7%C3%A3o-Da-Viol%C3%AAncia-Obst%C3%A9trica.pdf http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-proposta-pelo-ministerio-da-saude http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-proposta-pelo-ministerio-da-saude https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-proposta-pelo-ministerio-da-saude https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-proposta-pelo-ministerio-da-saude https://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/588-violencia-obstetrica-cns-se-posiciona-contra-extincao-do-termo-proposta-pelo-ministerio-da-saude https://www.puc-campinas.edu.br/wp-content/uploads/2018/08/DIREITO_Natalia-Vieira.pdf https://www.puc-campinas.edu.br/wp-content/uploads/2018/08/DIREITO_Natalia-Vieira.pdf
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