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Semiotécnica Prof. Fabrício Bragança da Silva Serra – ES, 2019 CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM ALTERAÇÕES DA INTEGRIDADE DA PELE INTRODUÇÃO Semiotécnica Dicotomia Tratamento de lesões de Pele FAZER CURATIVO A diferença entre fazer um curativo e tratar uma ferida é muito grande. Tratar uma ferida compreende muito mais do que simplesmente trocar a cobertura sobre a mesma. É necessário que você tenha conhecimentos relevantes sobre: Anatomia Fisiologia da reparação tecidual Análise de custos de materiais Bom relacionamento com pacientes e familiares Habilidades para prestar assistência de enfermagem sistematizada nas lesões de pele O que é Ferida/Lesão de pele? “Rompimento da estrutura e do funcionamento da estrutura anatômica normal, resultante de um processo patológico que se iniciou interna ou externamente nos órgãos envolvidos” (Lazarus et al., 1994) Lesão de tecido orgânico que compromete a integridade da pele. Pode ser causada por fatores: mecânicos, químicos, vasculares, infecciosos ou alérgicos FERIDA Aspectos Éticos e Legais RESOLUÇÃO COFEN Nº 567/2018 ANVISA, 2017 RESOLUÇÃO COFEN Nº 567/2018 ANVISA, 2017 5.3.1.9 – Recomenda-se permanecer com curativo estéril por 24 h a 48 h, exceto se houver drenagem da ferida ou indicação clínica; O primeiro curativo cirúrgico deverá ser realizado pela equipe médica ou enfermeiro especializado. O enfermeiro poderá realizar o curativo a partir do segundo dia de pós-operatório (PO) ou conforme conduta; Recomenda-se permanecer com curativo estéril por 24 h a 48 h, exceto se houver drenagem da ferida ou indicação clínica. Fundamentação Teórica Semiotécnica A Pele É o maior órgão do corpo Recebe 1/3 do volume sanguíneo circulante A pele de um adulto, em média, é equivalente a 2 m2 Em peso, é equivalente a 15% do peso corpóreo Epiderme Derme Hipoderme Haste do pelo Folículo capilar Bulbo capilar Papila dermica Poro Corpúsculo de Meissner Terminação Nervosa livre Tato Termorregulação e dor G. Sebácea Músculo eriçador do pelo G. sudorípara écrina Corpúsculo de Pancine Receptor do folículo piloso Corpúsculos de Ruffini força tênsil Tecido adiposo Funções da Pele Proteção Sensação Equilíbrio Hídrico Produção de Vitamina Regulação Térmica Barreira física e imune Hiper/Hipo Absorção e retenção Transpiração Insensível Dissipação do calor por condução – água retida ou por produção de suor Luz ultravioleta cataboliza 7-Disidrocolesterol em colecalsiferol (D3) Processo de Cicatrização HEMOSTASE FASE EXSUDATIVA OU INFLAMATÓRIA FASE PROLIFERATIVA FASE DE MATURAÇÃO Processo de Cicatrização Hemostase Inflamatória Proliferativa Maturação Coágulo de sangue Fibroblastos Macrófagos Vaso sanguíneo Crosta Proliferação de fibroblastos Tecido subcutâneo Epiderme recém curada Derme recém curada Processo de Cicatrização Número celular relativo 3 100 Macrófago INFLAMAÇÃO PROLIFERAÇÃO MATURAÇÃO Fibroblasto Miofibroblasto Fibrócito Neutrófilo Endoteliócito Tempo (dias) 20 1 2 3 4 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO Cicatrização por Primeira Intenção Ocorre quando as bordas da ferida são aproximadas. Cicatrização por Segunda Intenção Ocorre quando há perda de tecidos, dano excessivo aos tecidos, infecção da ferida. Perda mínima de tecido, ausência de sinais de infecção, drenagem mínima, pouco edema Cicatrização por Terceira Intenção É a cicatrização corrigida ou estimulada cirurgicamente, após formação de tecido de granulação. Implica em sutura ou enxertos. Complicações de Cicatrização da Ferida HEMORRAGIA INFECÇÃO DEISCÊNCIA Complicações de Cicatrização da Ferida EVICERAÇÃO FÍSTULA CICATRIZ HIPERTRÓFICA QUELÓIDE FERIDAS COM SINAIS DE INFECÇÃO Exsudato purulento: esverdeado, amarelado, amarronzado. Mudança no odor: cheiro forte Hiperemia Edema Inflamatório Dor: principal marcador na úlcera venosa/arterial dói quando MMII elevados. Rubor da pele perilesional. Classificação das feridas Semiotécnica Classificação Didática Estado de integridade da pele: Aberta ou fechada, Aguda ou crônica Causa: Intencional ou não-intencional Gravidade da lesão: Superficial, profunda, Perfurante Limpeza: Limpa, limpa-contaminada, contaminada, infectada, colonizada Qualidades descritivas: Laceração, abrasão, contusão Importante para constituir as anotações de enfermagem! Fatores que Influenciam o Processo de Cicatrização GERAIS: Hipovolemia Nutrição Idade Baixa imunidade Hormônios Drogas medicamentosas Doenças associadas Hipotermia Álcool e drogas Tabagismo Diabetes LOCAIS: Extensão da lesão Local Edema Tipo de curativo Mobilização Suprimento sanguíneo Classificação das feridas Tipos Incisas ou cirúrgicas Contusas Lacerantes Perfurantes Classificação das feridas Quanto a causa/etiologia Lesão por pressão Fricção Queimadura Úlcera vasculogênica Ferida neoplásica Ferida operatória Neuropatia diabética – (pé neuropático – “pé diabético”) Características Úlcera Arterial Úlcera Venosa Localização Dedos e pé Maléolo ou metatarsos Aparência Margem irregular e cianótica Bordas tipicamente inclinadas; possível exsudato; formato irregular Temperatura do pé Frio Morno Dor Usualmente severa Moderada Sensação Variável, redução frequente Presente, variável (dor; temperatura) Pulso arterial Ausente Presente, variável (dor; temperatura) Veias Colapsadas Dilatadas; varicosidades; edema. Classificação das feridas Colonização (presença de microrganismos) Limpa Sem quebra da técnica asséptica Potencialmente contaminada Predisposição à contaminação. Feridas em trato respiratório, geniturinário ou orofaríngeo. Contaminada Presença de agentes patogênicos / sem resposta orgânica. Traumas, técnica asséptica incorreta. Infectada Presença de agentes patogênicos / estimulação da resposta orgânica. Ferida traumática com cicatrização retardada Classificação e Prevenção das lesões por pressão Semiotécnica Lesão por Pressão É um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. NPUAP, 2016. NPUAP: National Pressure Ulcer Advisory Panel 31 CAUSAS Diminuição da mobilidade Diminuição da percepção sensorial Incontinência fecal e/ou urinária Desnutrição Pressão (principal causa devido a interferência do metabolismo celular) Cisalhamento Fricção CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) ESTÁGIO 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece Mudanças na sensibilidade, na temperatura, dor, prurido ou alterações na consistência do tecido (endurecimento/amolecimento), podem preceder as mudanças visuais. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) ESTÁGIO 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) ESTÁGIO 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a adesivos ou as feridas traumáticas CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) ESTÁGIO 3: Perda da pele em sua espessura total Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e/ou escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; Áreas com adiposidade significativa podem desenvolverlesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Obs importante: O arco do nariz, orelhas, região occipital e maléolo não possuem tecido subcutâneo adiposo) e úlceras da Categoria / Estágio III podem ser superficiais. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) ESTÁGIO 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) LESÃO POR PRESSÃO NÃO CLASSIFICÁVEL: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível. Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), a lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida. Esfacelo Escara Epíbole CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO POR PRESSÃO (NPUAP, 2016) LESÃO POR PRESSÃO TISSULAR PROFUNDA: Descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE LPP Lesão por Pressão em Membranas Mucosas É encontrada quando há histórico de uso de dispositivo médico no local da lesão. Não pode ser estadiada. IMPORTANTE Em classificação de LP não há regressão de estadiamento, uma lesão estágio 4 não poderá se tornar estágio 3 ou 2. Lesão por pressão tissular profunda e LP não classificável são classificações temporárias, após delimitação da lesão ela poderá ser estadiada conforme estadiamento preconizado anteriormente. Nursing Quality (NDNQI), 2017 Prevenção é simples? Semiotécnica ANVISA - 2013 Etapa 1 – Avaliação na admissão de TODOS os pacientes usando escala preditiva de risco. Etapa 2 – Reavaliação diária de risco de desenvolvimento de LPP de todos os pacientes internados. Etapa 3 – Inspeção diária da pele intervalos pré-definidos, periodicidade proporcional ao risco e registro Etapa 4 – Manejo da umidade: manutenção do paciente seco e com a pele hidratada. Etapa 5 – Otimização da nutrição e da hidratação. Etapa 6 – Minimizar a pressão Não massagear áreas de proeminência ou hiperemiadas durante a hidratação da pele Escala de Braden AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Semiotécnica Anatomia de uma Ferida 51 AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Etiologia da lesão Área e volume - (largura, comprimento, diâmetro, circunferência, profundidade) Tipos de Tecido: Quantidade de Tecido Viável e Inviável em % Presença de lesões por fricção? Bordas da Ferida - Descoloração, maceração, eritema ou erosão Pele ao redor da lesão – Rubor, calor, maceração ou edema. Área? Volume? Causa? Tipo de tecido? Borda? Pele ao redor? Fricção? Exsudato? Padrão ouro: processamento de imagem e planimetria computadorizada AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Tipos de Tecido AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Exsudato: Quantidade, Cor, Consistência e Odor. Exsudato abundante significa infecção!! O exsudato da lesão é um dos principais critérios avaliados na escolha da melhor cobertura para o cliente Seroso Purulento Sanguinolento Serosanguinolento https://www.instazu.com/tag/tiposdeexsudato AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Tipo de Borda da Ferida AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Tecido Viável AVALIAÇÃO CLÍNICA E INSTRUMENTAL DAS FERIDAS Tecido Inviável RESUMINDO... Abordagem de Avaliação da Ferida Etiologia da Ferida Classificação Dimensão Aspecto da lesão e pele adjacente Tipo de exsudato Traumática Cirúrgica Não cirúrgica Úlcera vascular LPP LPF Dermatite Geral: aguda ou crônica Específica (se houver) LP LF Queimadura Em centímetros Altura x Largura x Profundidade Cor Tipo de Tecido Sinais de infecção Cor Aspecto Consistência Odor Identificar sinais de infecção Coberturas Semiotécnica Coberturas Classificação de Acordo com a Forma de Utilização Primários Colocados diretamente sobre a ferida e na pele adjacente. Secundários Colocados sobre o curativo primário. Classificação das Coberturas Quanto ao Desempenho Passivos Protegem e cobrem as feridas. Ex: “gazes”, rayon. Interativos Projetados para manter microambiente ideal para a cicatrização. Ex: hidrocolóide, hidrogel. Bioativos Resgatam ou estimulam a liberação de substâncias ativas da cascata da cicatrização. Ex: Alginato de cálcio, Fatores de crescimento. Prioridades no Tratamento da Lesão de Pele 1 )Impedir e tratar a infecção – Uso de substâncias bacteriostáticas Limpeza exaustiva pressão de irrigação (agulha calibre 19 g e pressão de 8 psi) JAMAIS USE GAZE À SECO PARA LIMPEZA DE FERIDAS GRANULADAS!!!! 2) Remover o tecido não viável Debridamento autolítico, químico/ enzimático, mecânico (gaze úmida – não seletivo) ou cirúrgico. Impedir e tratar infecção Remoção de tecido inviável Controle de exsudato e limpeza da ferida Manutenção de ambiente úmido Proteger a ferida e do tecido viável Tipos de Coberturas http://enfermagem-a-arte-de-cuidar.blogspot.com/2014/10/feridas-curativos-e-coberturas.html 10cm x 12 cm Rolo 15cm x 10m Principais Erros São Relacionados À Não Observância Do Exsudato Das Feridas CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CURATIVO (ANVISA, 2017) Remoção do curativo Remover inadequadamente o curativo causa ruptura da superfície epidérmica em cicatrização – na fase de granulação evite escolher coberturas com trocas frequentes!!! Limpeza Utilizar Soro Fisiológico (SF) 0,9% morno em jato, frasco de 500 ml com ponteiras para irrigação. Deve ser exaustiva até a retirada dos debris, crostas e do exsudato presente no leito da ferida. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CURATIVO (ANVISA, 2017) Feridas por 1º intenção Recomenda-se permanecer com curativo estéril por 24 h a 48 h, exceto se houver drenagem da ferida ou indicação clínica; O primeiro curativo cirúrgico deverá ser realizado pela equipe médica ou enfermeiro especializado. O enfermeiro poderá realizar o curativo a partir do segundo dia de pós-operatório (PO) ou conforme conduta; Remover o curativo anterior com luvas de procedimento; Realizar o curativo com toque suave de SF 0,9% em incisão cirúrgica; CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CURATIVO (ANVISA, 2017) Fixador externo Limpar os locais de inserção dos pinos com Soro Fisiológico 0,9% removendo crostas e sujidades. Após, realizar toque de álcool a 70%; primeiro na inserção dos pinos, depois na área perilesão e por último, no fixador. Posteriormente, ocluir com gazes, acolchoado e atadura de crepom. Cuidados Gerais Curativos de Lesão por Primeira Intenção Obrigado!
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