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1
RESUMO
Existe uma reflexão conceitual sobre a Educação do Campo e das políticas públicas brasileiras, diante disso, a educação do campo possui uma longa trajetória histórica, que precisa ser conhecida e compreendida. É importante verificar a importância da educação do campo na formação de cidadãos capazes de proporcionar uma educação de qualidade e capaz de atender as necessidades de cada indivíduo. A educação do campo no Brasil, hoje é uma realidade concreta, mas nem sempre foi assim, por isso, o objetivo deste estudo é analisar o contexto da Educação do Campo para que haja a compreensão da forma que esta tem contribuído ou não para o desenvolvimento de uma educação voltada às pessoas que residem e dependem do campo, para tal, será utilizada uma metodologia de análise das leis, bem como uma revisão bibliográfica acerca dos desafios e perspectivas da educação do campo.
Palavras chave: Educação do Campo, Políticas Públicas, Educação de Qualidade.
ABSTRACT
There is a conceptual reflection on the Rural Education and Brazilian public policy , before that, the education field has a long historical trajectory that needs to be known and understood . Please note the importance of rural education in formation of citizens capable of providing a quality education and be able to meet the needs of each individual. The rural education in Brazil , today is a reality , but it was not always so , the objective of this study is to analyze the context of the Field Education so there is the understanding of the way that this has contributed to the development or not an education geared to people who live and depend on the field for such a methodology for analyzing the laws will be used , as well as a literature review on the challenges and prospects of rural education .
Keywords : Field Education , Public Policy , Quality Education .
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO
07
2. CONCEPÇÕES E LUTAS PELA EDUCAÇÃO DO CAMPO
09
3. MOVIMENTOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
18
4. REFLEXÕES E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
29
1 INTRODUÇÃO
A educação tem que ser oferecida a todos independentemente de seu credo religioso, cor, raça, sendo assim, este estudo tem como objetivo compreender o verdadeiro papel da Educação do Campo assim como verificar as políticas públicas e lutas da população em prol de uma educação do campo de qualidade.
Sabe-se que a Educação do Campo tem sido oferecida aos povos do campo e, tendo em vista que a população do campo necessita de uma educação não adaptada, mas uma educação pensada para essa população, com características próprias e visando que uma educação que contemple suas especificidades, percebe-se que as políticas públicas que tratam da educação do campo não tem ofertado historicamente uma educação do campo real, verdadeira, que faça sentido para a população do campo.
Muito se tem a conhecer sobre o processo de lutas e manifestações por uma educação do campo, pois não é algo tão atual, é uma luta que vem sendo travada por muito tempo, especialmente pelos movimentos sociais que se colocam a frente desta busca incansavelmente. 
Assim, através de uma pesquisa bibliográfica documental, este estudo foi elaborado observando que a educação do campo por muito tempo foi pensada de acordo com o paradigma urbano e que o papel dos movimentos sociais em busca de educação para o campo foi de extrema importância para que houvesse uma melhor reflexão a cerca do assunto.
2 CONCEPÇÕES E LUTAS PELA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Educação no Brasil até as primeiras décadas do século XX era escassa, poucos é que tinham o privilegio, sobretudo no meio rural. Mesmo sendo um país desde sua origem praticamente agrário, evidenciamos na historia da educação brasileira o descaso das elites dominantes com as escolas rurais, pois, nos documentos das constituições brasileiras de 1824 e 1891 fica nítido o desinteresse pela educação rural, no qual, nem sequer mencionado em seus textos. Neste contexto, as escolas no meio rural foram construídas tardiamente sem apoio necessário por parte do estado. 
A escola brasileira, de 1500 até o inicio do século XX, serviu e serve para as elites, sendo inacessível para grande parte da população rural. Para as elites do Brasil agrário, mulheres, indígenas, negros e trabalhadores rurais não precisavam aprender a ler e a escrever, visto que, nessa concepção, para desenvolver o trabalho agrícola, não era necessário o letramento. (LUNAS e ROCHA, 2009, p. 31)
Até a década de 1930 a educação do campo passou a ser articulada ao ruralismo pedagógico, com o objetivo de fixar o homem no campo; às questões de repressão ideológica, ligadas à construção da identidade nacional impedia que os ideais da revolução cubana se espalhassem pelo campo brasileiro; e ao treinamento para o trabalho, atendendo às necessidades do mercado. Sendo visto com preconceito e considerada inferior já que atendia a sujeitos inferiores, concepção resultante ao entendimento dicotômico entre cidade e campo, submetendo o campo à cidade.
Para garantira produção de subsistência os povos do campo começam a se organizar para reivindicar por melhores condições de trabalho, educação, reforma agrária e delimitação territorial dos povos indígenas.
Segundo Molina (2011, p.11),
A Educação do Campo originou-se no processo de luta dos movimentos sociais camponeses e, por isso, traz de forma clara sua intencionalidade maior: a construção de uma sociedade sem desigualdades, comjustiça social. Ela se configura como uma reação organizada dos camponeses ao processo de expropriação de suas terras e de seu trabalho pelo avanço do modelo agrícola hegemônico na sociedade brasileira, estruturado a partir do agronegócio. 
A luta dos trabalhadores para garantir o direito à escolarização e ao conhecimento faz parte das suas estratégias de resistência, construídas na perspectiva de manter seus territórios de vida, trabalho e identidade, e surgiu como reação ao histórico conjunto de ações educacionais que, sob a denominação de Educação Rural, não só mantiveram o quadro precário de escolarização no campo, como também contribuíram para perpetuar as desigualdades sociais naquele território.
Somente na constituição de 1934 que é apresentada com grandes inovações no âmbito educacional,quando é reconhecida a concepção de Estado educador atribuindo a responsabilidade do poder público, garantindo o direito à educação. Um ensino público, obrigatório e gratuito patrocinado e custeado pelo estado apresentado assim nos artigos 149 e 156.
A educação rural é contemplada no texto constitucional de 1934 no artigo 121, paragrafo 4º:
O trabalho agrícola será objeto de regulamentação especial em que se atenderá, quanto possível, ao disposto nesse artigo. Procurar-se-á fixar o homem ao campo, cuidar de sua educação rural, e assegurar ao trabalhador nacional a preferência na colonização e aproveitamento das terras públicas. 
E no artigo 156, por sua vez: “Para realização do ensino nas zonas rurais, a União reservará, no mínimo, vinte por cento das quotas destinadas a educação no respectivo orçamento anual.”
Mas a constituição desagradou o interesse da burguesia, assim, o então presidente Getúlio Vargas expressou publicamente a insatisfação. Dessa forma, nenhuma política pública foi implementada para o cumprimento desta determinação da constituição de 1934.
A população do meio rural era discriminada nas ações governamentais marcadas como um povo carente pobre, subnutrido e ignorante nas ações governamentais. Desenvolvendo programas para melhoria vida e educação de base, formas de proteção e assistência ao camponês, sendo criada na década de 1950 a campanha Nacional de educação Rural e o Serviço social rural, discutindo a origem dos problemas vividos no campo.
A educação rural no Brasil, por motivos socioculturais, sempre foi relegada a planos inferiores, e teve por retaguarda ideológica o elitismo acentuado do processo educacional, aqui instalado pelos jesuítas e a interpretação político-ideológicoda oligarquia agrária conhecida popularmente na expressão: “gente da roça não carece de estudos. Isso é coisa de gente dacidade”. (anônimo) (LEITE, 1999 p.14).
Infelizmente o processo da educação no meio rural não se constituiu, em um espaço prioritário, pois, por muito tempo foi negado o acesso aos avanços da garantia dos direitos a educação básica, consequentemente privando a população dos trabalhadores do campo de ter acesso às políticas e serviços públicos em geral, contribuindo de maneira desenfreada para o processo de êxodo rural. 
A modernização deu possibilidades para os grandes latifundiários sem incluir o agricultor familiar, desenvolvendo de maneira desenfreada a industrialização que não correspondia a realidades dos trabalhadores rurais. É substituído então, o poder da elite agrária para elites industriais, e começa a preocupação com movimento migratório campo-cidade, surgindo também, a urbanização representando a modernização e progresso enquanto o campo representando o antigo e o rústico.
Como afirma Leite (1999, p. 28),
[...] a sociedade brasileira somente despertou para a educação rural por ocasião do forte movimento migratório interno dos anos 1910 - 1920 quandoum grande número de rurícolas deixou o campo em busca das áreas onde se iniciava um processo de industrialização mais amplo.
Assim, ao longo do tempo vem se construindo o conceito de Educação do Campo e esse conceito pode ser explicitado nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do campo que diz que:
A Educação do Campo, que tem sido tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações da sociedade humana (Arroyo, Caldart, Molina, p. 176, 2004).
Essas diretrizes podem ser fundamentadas através da superação da dicotomia entre o rural e o urbano e a necessidade de recriar os vínculos de quem pertence ao campo. 
As políticas educacionais, os currículos são pensados para a cidade, para a produção industrial urbana, e apenas se lembram do campo quando se lembram de situações “anormais”, das minorias, e recomendam adaptar as propostas, a escola, os currículos, os calendários a essas “anormalidades”. Não reconhecem a especificidade do campo [...] (Arroyo, 2004, p.79-80).
Para isso, torna-se necessária a implementação de políticas que compreendam verdadeiramente a Educação do Campo da forma que esta é citada nos Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo:
I. A Educação do Campo de qualidade é um direito dos povos do campo.
II. A Educação do Campo e o respeito às organizações sociais e o conhecimento por elas produzido.
III. A Educação do Campo no campo.
IV. A Educação do Campo enquanto produção de cultura.
V. A Educação do Campo na formação dos sujeitos.
VI. A Educação do Campo como formação humana para o Desenvolvimento Sustentável.
VII. A Educação do Campo e o respeito às características do Campo. (Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo - caderno de subsídios, 2003, p.32).
Sendo assim, torna-se urgente um modelo de educacional que trate a educação no contexto do campo, e para que isso ocorra, é necessário conhecer e vivenciar experiências diversas, para que a educação seja vista como um processo formativo que se desenvolvem na convivência humana, propiciando o desenvolvimento de vários olhares sobre o mundo e as pessoas (SANTOS, PALUDO, OLIVEIRA, 2010).
A função primordial da escola é ensinar, transmitir valores e traços da história e da cultura de uma sociedade. A função da escola é permitir que o aluno tenha visões diferenciadas de mundo e de vida, de trabalho e de produção, de novas interpretações de realidade, sem, contudo, perder aquilo que lhe é próprio, aquilo que lhe é identificador. (LEITE, 1999, p. 99).
É necessário, portanto, acabar com o estigma de que o meio rural é um espaço atrasado, de ignorância, sem cultura, onde a população do campo é discriminada. Pois esse processo de discriminação e exclusão das pessoas que vivem no campo acaba refletindo na qualidade da educação oferecida, pois algumas pessoas entendem que quem mora no campo não precisa estudar e que a função que a população rural desempenha não necessita de qualquer tipo de conhecimento que se possa aprender na escola.
A problemática da Educação do Campo reside, não apenas na ausência de um projeto educativo adequado à realidade, mas exige algo ainda maior: um projeto de integração que possibilite, aos que moram no campo, alternativas para o crescimento e desenvolvimento de forma sustentável, uma vez que, até então, os inúmeros investimentos, projetos, problemas e recursos destinados a Educação sempre tiveram com finalidades, servir ao processo de produção e reprodução de relações econômicas e sociais que contribuíram de maneira acentuada para a falência da Educação no Campo. (JESUS, 2004, p.35). 
Dessa forma,entende-se que é essencial a criação de políticas públicas que valorizem a Educação para o Campo e a cultura da população que lá reside, pois essa população tem sim uma cultura muito rica e esta deve ser ser mantida através das tradições e hábitos, através de uma educação de qualidade. 
A partir da década de 1960 o fator do êxodo de camponeses ficou preocupante então as autoridades começaram a buscar meios para fixar essa população no campo, sendo a educação um deles. Foi a partir dai que a educação do campo teve ênfase, pois, esse fator juntamente coma pressão dos movimentos sociais levou o governo a começar a implantação das escolas no interior brasileiro. Tendo como importante movimento social o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que lutaram por uma educação de qualidade adequada a população rural.
Foi nessa mesma década que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n. 4024/61) deixou a responsabilidade da educação rural aos municípios. A partir deste momento houve grandes transformações para educação popular, com movimentos de alfabetização para adultos que desenvolveu uma concepção mais critica, dialógica e emancipatória dos sujeitos pertencentes área rural brasileira tendo um grande defensor desta causa Paulo Freire.
Um dos marcos mais importante para a melhoria da educação, no Brasil, concretizou-se com a constituição de 1988 no seu artigo 205 institui: 
A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, art.205).
Leite aponta alguns problemas a serem considerados nos anos 1990:
1. Quanto à clientela da escola rural: a condição do aluno como trabalhador rural; distâncias entre locais de moradia/trabalho/escola; heterogeneidade de idade e grau de intelectualidade; baixas condições aquisitivas do alunado; acesso precário a informações gerais.
 2. Quanto à participação da comunidade no processo escolar: um certo distanciamento dos pais em relação à escola, embora as famílias tenham a escolaridade como valor sócio-moral; 
3. Quanto à ação didático-pedagógica: currículo inadequado, geralmente, estipulado por resoluções governamentais, com vistas à realidade urbana; estruturação didático-metodológica deficiente; salas multisseriadas; calendário escolar em dissonância com a sazonalidade da produção; ausência de orientação técnica e acompanhamento pedagógico; ausência de material de apoio escolar tanto para professores quanto para alunos; (LEITE, 1999, p. 55-56).
Com a aprovação da lei 9.394, Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no ano de 1996 a educação brasileira e em especial a do campo obteve melhorias significativas, pois, determinoua promoção da educação básica na zona rural, estabelecendo que os conteúdos e calendário escolar fossem adaptados a realidade e as necessidades da vida rural, no seu artigo 28:
Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL/MEC, LDB 9.394/96, art. 28).
O artigo apresentado da ênfase da necessidade do estado cumprir com seus deveres. De acolher as diversidades fazendo as adaptações e organizações necessárias para que realmente aconteça educação básica para todos. Com um atendimento diferenciado para a necessidade dos educandos, acompanhados de conteúdos curriculares, metodologias integradas e com autonomia de organizar o seu calendário de acordo com as atividades desenvolvidas na comunidade rural em questão, evitando assim, que se transforme em discriminação.
Com a constituição de 1988 e com a lei das diretrizes e bases da educação nacional n.9394/96 a educação ganha uma nova concepção que promove o direito de todos a educação e reconhece a diversidade do campo apesar destas mudanças continuava a precariedade nas escolas rurais.
Leite lista três intenções implícitas da Lei Federal 5.692/1971:
a) Utilização do processo escolar, em todos os níveis de escolaridade, como meio de propagação, de divulgação e penetração do ideário nacionalista-militar do Estado, isto é, fazer prevalecer a ideologia empresarial-estatal; 
b) Controle político-ideológico-cultural, principalmente da classe operária, através da profissionalização e do currículo escolar mínimo desprovido de um conteúdo crítico-reflexivo; 
c) Recriação de infraestrutura material e de recursos humanos adequados ao desenvolvimento do capital e da produção (LEITE, 1999, p.26).
No decorrer da historia houve varias iniciativas por uma construção de uma educação básica do campo, todas elas foram de grande importância para o seu estágio de desenvolvimento atual. 
Em 1997 é realizado o primeiro Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (1º ENERA) decorrentes de todas as mobilizações por uma educação de qualidade. Em 1998 foi realizada a Conferência Nacional, já em 2002 são criadas diretrizes Operacionais por uma educação básica do campo. 
Em 2003, desenvolve um grupo permanente de Trabalho de educação do campo, em 2004 é realizada a segunda edição da Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo. Foram desenvolvidas com propósitos de uma educação de qualidade e igualitária.
A cobrança para ampliação e qualificação do processo educativo realizado em escolas do campo tem sido crescente, porém, os avanços não foram tão significativos quanto se esperava, pois o caráter classista da educação é muito forte. “Aos pobres do campo, uma educação pobre!”.
De fato, a classe dominante não tem interesse na transformação histórica da escola. Ao contrário, estando ela empenhada na preservação de seu domínio, apenas acionará mecanismos de adaptação que evitem a transformação. (LOMBARDI, 2008, p. 254)
Segundo as Diretrizes Operacionais para a Educação básica nas Escolas do Campo, a identidade da escola do campo é definida da seguinte maneira:
Art. 2 - Parágrafo único. A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva do País. (BRASIL, 2002, p.37).
Por muitos anos, o projeto de educação do campo, foi uma imitação do modelo urbano de escolarização, ou seja, um conjunto de saberes que não fazia correlação com a realidade do homem do campo, pois os padrões pedagógicos eram voltados à sociedade elitizada. 
Por isso, a Educação do Campo deve se fundamentar em princípios pedagógicos que priorizem a formação humana integral, buscando a superaração da histórica sociedade de classes, a partir de uma verdadeira transformação social (SANTOS, PALUDO, OLIVEIRA,2010).
Um dos problemas do campo no Brasil hoje, é a ausência políticas públicas que garantam seu desenvolvimento em formas de melhorias na qualidade de vida das pessoas que ali vivem e trabalham. (...) Precisamos de políticas específicas para romper com o processo de discriminação, para fornecer a identidade cultural negada aos diversos grupos que vivem no campo, para garantir atendimento diferenciado ao que é diferente, mas que não deve ser desigual (FERNANDES apud ARROYO 2005, p.49).
3. MOVIMENTOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
Os direitos são universais, compete ao Estado a universalização desses direitos, e isto se dá através de políticas públicas. 
Porém, observa-se que, nem sempre o Estado consegue implementar políticas públicas, que de fato, garantem o respeito às diferenças quando se fala em acesso aos direitos, sendo necessário avançar mais na compreensão do papel que a luta por políticas públicas específicas pode significar em termosnde perspectiva do avanço do direito à educação.
Lutar por políticas públicas significa lutar para que a educação não se transforme em mercadoria, em serviços que só quem pagar tenha acesso. 
Arroyo lembra que uma das tensões que hoje se vive em defesa dos direitos é estes serem defendidos apenas como direitos abstratos e negados como direitos concretos:
Temos que defender o direito à educação como direito universal, mas como direito concreto, histórico, datado, situado num lugar, numa forma de produção, neste caso da produção familiar, da produção agrícola no campo; seus sujeitos têm trajetórias humanas, de classe, de gênero, de etnia, de raça, em que vão se construindo como mulheres, indígenas, negros e negras, como trabalhadores, produtores do campo... Os movimentos sociais nomeiam os sujeitos dos direitos. Esses sujeitos têm rosto, têm gênero, têm classe, têm identidade, têm trajetórias de exploração, de opressão. Os movimentos sociais têm cumprido uma função histórica no avanço dos direitos: mostrar seus sujeitos, com seus rostos de camponês, trabalhador, mulher, criança. Sujeitos coletivos concretos, históricos.
A elaboração de políticas públicas educacionais não pode prescindir os dispositivos consagrados no artigo 206 da Constituição Federal.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso públicovde provas e títulos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrãode qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
O princípio da igualdade de condições de acesso e permanência na escola, disposto neste artigo deve servir de base para propor políticas afirmativas para efetivar garantia do direito à educação. 
Porém, a oferta de oportunidades iguais pressupõe níveis e condições semelhantes, para garantir os mesmos direitos, o que não ocorre entre a cidade e o campo.
No entanto, é necessária a garantia de igualdade e universalidade, sem desrespeitar a diversidade encontrada nas questões culturais, políticas e econômicas do campo. Sendo assim, o respeito à diferença pressupõe, assim, a oferta de condições diferentes e isso indica as diferenças existentes entre o campo e a cidade. 
As pessoas que vivem no campo possuem uma base sócio-histórica e cultural diferentes, o que demanda políticas públicas específicas.
Para isso foi é preciso melhor compreensão do da função da escola do campo. Que segundo Fernandes, Cerioli, Caldart é:
Aquela que trabalha os interesses, a política, a cultura e a economia dos diversos grupos de trabalhadores e trabalhadoras do campo, nas suas diversas formas de trabalho e de organização, na sua dimensão de permanente processo, produzindo valores, conhecimentos e tecnologias na perspectiva do desenvolvimento social e econômico igualitário desta população ( 2004, p.53).
É preciso esclarecer que a definição de escola do campo tem sentido somente quando pensada a partir das particularidades dos povos do campo. 
Essa definição está referendada no parágrafo único do art. 2.º das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo:
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua realidade, ancorando-se na sua temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de Ciência e Tecnologia disponível na Sociedade e nos Movimentos Sociais em defesa de projetos que associem as soluções por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país (MEC, 2002, p.37).
A escola do campo deve corresponder à necessidade da formação integral dos povos do campo. Para tal, precisa garantir o acesso a todos os níveis e modalidades de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial), de acordo com o artigo 6.º das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, e não apenas se restringir, como usualmente, aos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A realidade que deu origem a movimentos em busca de uma educação do campo de qualidade é a realidade de injustiça, desigualdade, opressão, que as pessoas que usufruem da educação do campo vivem.
São pessoas que lutam para continuar sendo agricultores apesar de um modelo de agricultura cada vez mais excludente, que lutam pela terra e pela Reforma Agrária, por melhores condições de trabalho e pela identidade própria, por terem seus direitos sociais respeitados (Caldart, 2002).
A maneira como se pensava a educação não privilegiava a educação do campo, que nada mais é do que uma educação popular que precisa ser pensada para um público especializado. 
Por vários anos, a educação do campo, foi uma imitação do modelo urbano de escolarização, ou seja, um conjunto de saberes que não fazia correlação com a realidade do homem do campo, pois os padrões pedagógicos eram voltados à sociedade elitizada. 
Nos últimos trinta anos, não houve mudanças significativas no currículo escolar voltado à educação do campo, a falta de comprometimento dos setores públicos, o despreparo acadêmico e a ausência de uma estrutura educativa que justifique a necessidade de um modelo de educação que valorize o sujeito do campo em sua essência, tudo isso é resultado de nosso processo histórico formativo da sociedade como um todo. 
Durante séculos não houve a preocupação, por parte dos responsáveis pelo sistema do ensino publico com o currículo escolar do campo, principalmente nos municípios afastados dos grandes centros urbanos, onde não havia escola, fato que inviabilizava a possibilidade de se poder pensar uma escola do campo como um espaço de educação próprio para aqueles que vivem no campo (BORGES, GHEDIN, 2007, 138 ).
O currículo deve ser resultado de uma construção de valores históricos e culturais de indivíduos ou sociedades que articulam estes processos com o saber empírico. 
O currículo de escola formal foi construído a partir dos interesses da sociedade dominante a fim de manter o controle político-ideológico, econômico e sociocultural da sociedade. 
Se o currículo é construído de acordo com uma historicidade que valorize a regionalização e as condições sócio-históricos do público alvo, ele contribui para a mudança intelectual e valoriza os enfoques culturais dos sujeitos que formam uma determinada sociedade. Porém, quando isto não ocorre, o resultado é as formas de dominação que podem ser vistas no mundo capitalista. 
Assim, as realidades que se articula para a organização e desenvolvimento do campo, se forem introduzidas nos programas curriculares e Projetos Políticos Pedagógicos das instituições de ensino, contribuirão decisivamente para que a escola do campo cumpra o seu papel de responsável pelo ensino de qualidade e incentivador da vida no campo. 
4. REFLEXÕES E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
O conceito de Educação do Campo vem sendo construído ao longo do tempo, e é explicitado nas Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do campo, segundo as quais:
A Educação do Campo, que tem sido tratada como educação rural na legislação brasileira, tem um significado que incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, mais do que um perímetro não urbano, é um campo de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria produção das condições da existência social e com as realizações da sociedade humana (Arroyo, Caldart, Molina, p. 176, 2004).
Os elementos que fundamentam a Educação do Campo são a superação da dicotomia entre o rural e o urbano; e a necessidade de recriar os vínculos de pertença ao campo. Para que haja a concretização desses fundamentos, é necessária a implementação de políticas que compreendam a Educação e a Escola do Campo a partir de princípios citados nos Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo:
I. A Educação do Campo de qualidade é um direito dos povos do campo.
II. A Educação do Campo e o respeito às organizações sociais e o conhecimento por elas produzido.
III. A Educação do Campo no campo.
IV. A Educação do Campo enquanto produção de cultura.
V. A Educação do Campo na formação dos sujeitos.
VI. A Educação do Campo como formação humana para o Desenvolvimento Sustentável.
VII. A Educação do Campo e o respeito às características do Campo. (Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo - caderno de subsídios, 2003, p.32).
A educação é um direito social. Uma política de educação do campo precisa reconhecer que a cidade não é superior ou melhor que ao campo, mas sim compreender que esses espaços possuem relações baseadas na horizontalidade e solidariedade. O campo é, possui uma cultura única, singular, com riqueza e diversidade, por isso, a educação do campo deve ser praticada.
A Educação do Campo deve compreender o trabalho como produção da vida. É nesta totalidade que a relação entre a educação e o trabalho ganha significado. Não sendo o trabalhoentendido como ocupação ou apenas como emprego, mas sim como algo que envolve as dimensões da cultura, lazer, sociais, artísticas. Assim, o trabalho é compreendido como fator de humanização permanente, e é este o sentido que a Educação do Campo busca resgatar. (SANTOS, PALUDO, OLIVEIRA, 2010).
A Educação do Campo deve se fundamentar nos princípios da de uma linha pedagógica que priorize a formação humana integral e deve ser vinculada a um projeto que busque superar a histórica sociedade de classes, a partir da transformação social (SANTOS, PALUDO, OLIVEIRA,2010).
Percebe-se assim que, para ocorrer uma transformação social, é necessário outro modelo de educacional que trate a educação no contexto do campo.
Assim, analisando o contexto da educação do campo é necessário pensar nas possibilidades de conhecer e vivenciar experiências diversas, para que a educação seja vista como um processo formativo que se desenvolvem na convivência humana, propiciando o desenvolvimento de vários olhares sobre o mundo e as pessoas (SANTOS, PALUDO, OLIVEIRA, 2010).
É necessário, portanto, acabar com o estigma de que o meio rural é um espaço atrasado, de ignorância, sem cultura, sem vida, sem identidade.
Este é um dos grandes problemas enfrentados pela população do campo: a discriminação e a criação de estereótipos. E expressões como caipira, por exemplo, às vezes se apresentam com o sentido de classificar essas pessoas como atrasadas ou incapazes. 
Assim, Arroyo, Caldart e Molina (2004) indicam que a escola do campo deve ter como objetivo principal proporcionar conhecimentos, cidadania e continuidade cultural. 
Para Leite (1999):
A função primordial da escola é ensinar, transmitir valores e traços da história e da cultura de uma sociedade. A função da escola é permitir que o aluno tenha visões diferenciadas de mundo e de vida, de trabalho e de produção, de novas interpretações de realidade, sem, contudo, perder aquilo que lhe é próprio, aquilo que lhe é identificador. (LEITE, 1999, p. 99).
Arroyo, Caldart, Molina (2004) e Brandão (2003), afirmam que o ensino desenvolvido no campo deve ser revisto, ser coerente com o desenvolvimento do setor rural, e dos aspectos rurais “tradicionais” que ainda existem. 
Segundo Brandão (2003):
A tentativa de redução dos índices de evasão e repetência, sobretudo entre as camadas de alunos carentes, é sempre limitada quando realizada através da introdução de inovações simples de currículo e da aplicação de métodos, cuja eficácia, sem dúvida, é maior, quando em testes de laboratório. Uma das causas da distância entre os resultados experimentais e o trabalho escolar com novos métodos está em que o professor, principalmente o professor que trabalha, ele próprio, em escolas carentes, não pode, ou não quer trabalhar com o método tal como ele foi pensado (BRANDÃO, 2003, p. 138).
Quando se discute educação do campo, é o mesmo que discutir a cerca do conjunto dos trabalhadores do Campo, de qualquer tipo ou localidade, mas que estejam vinculados ao trabalho do meio rural.
Há um grande problema enfrentado pela população do campo que é a discriminação e a criação de estereótipos, pois em diversos locais do Brasil trata-se a população do campo com uma variação de palavras e conceitos pré-estabelecidos como caipira, sertanejo, lavrador, caboclo, colono e outras variações, sendo as mais recentes, sem terra e assentados. 
Esse processo de discriminação e exclusão das pessoas que vivem no campo reflete muito na qualidade da educação, pois alguns entendem que quem mora no campo não precisa estudar, pois as funções que desempenham não necessitam de nenhum tipo de conhecimento que se possa aprender na escola.
A problemática da Educação do Campo reside, não apenas na ausência de um projeto educativo adequado à realidade, mas exige algo ainda maior: um projeto de integração que possibilite, aos que moram no campo, alternativas para o crescimento e desenvolvimento de forma sustentável, uma vez que, até então, os inúmeros investimentos, projetos, problemas e recursos destinados a Educação sempre tiveram com finalidades, servir ao processo de produção e reprodução de relações econômicas e sociais que contribuíram de maneira acentuada para a falência da Educação no Campo. (JESUS, 2004, p.35). 
Segundo Gomes e Neto et all, Apud Jesus:
A Educação do Campo pensa o Campo e sua gente, seu modo de vida, de organização do trabalho e do espaço geográfico, de sua organização política e de suas festas e seus conflitos. Predominantemente, a educação rural pensa o campo apenas como um espaço de produção, as pessoas são vistas como recursos humanos. (2004, p.39).
Os grandes problemas enfrentados pela Educação no Campo é o fato de ser mais precária em relação à urbana, a discriminação das pessoas que ali vivem e a exclusão social existente no campo. Pois os agricultores são vistos como mão de obra barata e muitas vezes o trabalho humano no campo é desvalorizado.
Sendo assim, verifica-se a necessidade da criação de políticas públicas que priorizem a Educação para o Campo, valorizando a vida, a cultura, pois a população do campo não é atrasada ou sem cultura, ela deve ser estimulada a manter suas as tradições e hábitos através de uma educação de qualidade. 
Um dos problemas do campo no Brasil hoje é a ausência políticas públicas que garantam seu desenvolvimento em formas de melhorias na qualidade de vida das pessoas que ali vivem e trabalham. (...) Precisamos de políticas específicas para romper com o processo de discriminação, para fornecer a identidade cultural negada aos diversos grupos que vivem no campo, para garantir atendimento diferenciado ao que é diferente, mas que não deve ser desigual (FERNANDES apud ARROYO 2005, p.49).
Em diversos momentos da história brasileira observou-se que não havia instituições públicas de ensino no meio rural e, quando estas existiam, elas eram resultantes das reivindicações da classe trabalhadora e apresentavam estruturas precárias, currículo e propostas pedagógicas sem conexão com as reais necessidades da população do campo.
Nos dias atuais, após várias reflexões e estudos, após a aprovação da Lei nº 9394/96, essa perspectiva vem mudando. Sabe-se que existem escolas do campo, voltadas aos interesses e necessidades dessa população, com instalações e currículo voltados à necessidade e realidade dessa população. Porém, ainda são poucas as instituições sérias que tratam a educação do campo com compromisso e qualidade.
A organização do currículo, nessa perspectiva, necessita da integração de conhecimentos e áreas de estudo, visando uma prática para articular diversos campos do saber e da realidade na qual os alunos do campo estão inseridos. 
O desafio é superar a prática de pensar na educação, de forma descontextualizada do sentido e da história da população do campo. 
O desafio dos processos educativos das escolas do campo também consiste na apropriação do contexto social e produtivo da população do campo, da realidade de sua organização, trabalho e saúde, e assim serem introduzidos nos programas curriculares e Projetos Políticos Pedagógicos, contribuindo para que a Escola do Campo cumpra o seu papel.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do estudo realizado, constatou-se que em diversos momentos da história brasileira as instituições de ensino no meio rural apresentavam estruturas precárias, currículo e propostas pedagógicas que não eram condizentes com a realidade e necessidade da população do campo.
A Educação do Campo deve pensar o desenvolvimento total do indivíduo, levando em conta a diversidade, a história de cada um, de cada comunidade, as expectativas, daqueles que vivem no campo. 
A escola do campo deve estar voltada e estruturada de forma que possa privilegiar o ser humano na sua integralidade, possibilitando a construção da sua cidadania, mostrando que a população do campo tem sua importância, seu valor. Deve estar voltada aos interesses da população do campo, defendendo sua cultura e a economia da agricultura familiar, deve proporcionar aos alunos conhecimentos teóricos e técnicase que os ajudem a desenvolver junto a suas famílias, suas experiências adquiridas na escola, para que se possa trazer a realidade do aluno para a sala de aula, fazendo as relações dessa realidade com o conhecimento científico.
Os trabalhadores rurais precisam quebrar os preconceitos, mudar a visão que a sociedade tem em relação a eles próprios, deixando de lado as discriminações, a partir de um contexto de que as escolas existentes no campo podem contribuir com essa mudança de paradigma, podendo também contribuir com a melhoria na educação e na vida no campo.
Assim, através do processo histórico, apesar dos avanços como leis, métodos pedagógicos e outros, ainda há muito que evoluir para que se possa obter uma educação de qualidade também para os cidadãos que vivem no campo, para que a educação do campo não continue a ser negligenciada como ocorreu durante tantos anos ao longo da história educacional brasileira.
REFERÊNCIAS 
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