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Teoria e Prática Cambial

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1 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
 
 
 
Teoria e Prática Cambial 
 
Aula 1 
 
 
 
Prof. Joni Tadeu Borges 
 
 
 
2 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Conversa inicial 
Por meio da disciplina de Teoria e Práticas Cambiais vamos entrar num 
assunto considerado imprescindível ao profissional que atua no Comércio 
Exterior e outras áreas, como por exemplo: administração, logística e financeira. 
O assunto será interessante, porque vamos falar de dinheiro “moeda 
estrangeira” e, para uma empresa, certamente, é um dos fatores que 
determinará a sua sustentabilidade no mercado. 
Para entender melhor o que eu vou passar para vocês, é de suma 
importância acompanhar os acontecimentos econômicos e políticos do país, 
uma vez que esses fatores estarão ligados e influenciando diretamente o 
mercado cambial. 
Vale lembrar que a movimentação de moeda estrangeira no Brasil está 
amparada em legislações que devem ser de conhecimento de todos os 
envolvidos. 
Com certeza, o aluno que conhecer com maior profundidade a prática do 
câmbio poderá ter mais oportunidades profissionais e, quando necessário, 
operar com mais segurança no mercado cambial. 
Contextualizando 
Ao final da aula vamos colocar em prática os conteúdos apresentados 
nesta rota. Veja a situação abaixo e procure relacionar todos os procedimentos 
que devem ocorrer nas operações de câmbio: 
Uma empresa brasileira realizou uma exportação no valor de USD 
100.000,00 para um importador no Canadá. Após o importador efetuar o 
pagamento ao exportador, este terá que vender os dólares para seu banco de 
relacionamento, entregando-os imediatamente. 
 
 
3 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Tema 1 - Abordagem conceitual de câmbio e reservas 
internacionais 
Há muito tempo a moeda é utilizada como instrumento de troca. Na 
economia a moeda é aceita para pagar pelas compras de produtos e serviços. 
Dessa maneira, tudo aquilo que pode ser aceito como forma de pagamento pode 
ser considerado como moeda. Antigamente era dessa maneira que o homem 
utilizava a moeda, na forma de troca. Trocava um bem por outro ou pagava um 
bem com outro. Não havia a moeda física e a prática dessas transações 
denomina-se escambo. 
Com a evolução do homem e da maneira de se operar no mercado, a 
moeda passou a ser utilizada nas transações comerciais e financeiras como um 
meio de troca. Hoje, quando o mercado (homem) vende um produto, ele 
receberá moeda que poderá ser utilizada para comprar qualquer outro produto. 
A importância da moeda está em atribuir valores aos produtos, facilitando 
as transações para quem quer comprar ou vender. Exemplificando: uma caixa 
de leite tem o valor de R$ 3,00, um automóvel tem o valor de R$ 30.000,00. E 
como já foi citado anteriormente, a moeda será o instrumento de troca para a 
aquisição desses bens. 
Tratando-se de câmbio, cada moeda tem um valor e, regra geral, cada 
país tem a sua moeda. Mas por que uma moeda é mais valorizada ou 
desvalorizada do que a outra? O valor da moeda é sempre relativo e depende 
de vários fatores aplicados a cada país: lei da oferta e da procura, credibilidade, 
políticas econômicas, especulações, inflação, juros etc. 
Como o país tem moedas diferentes e há a necessidade de fazer a 
compra de bens e serviços, além de outras transações financeiras entre eles, em 
algum momento haverá o ato de pagar ou receber por essas transações. Em que 
moeda pagar ou em que moeda receber, se os países podem ter uma política 
 
 
4 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
cambial que restringe a entrada de moeda estrangeira em seu território? A 
solução é fazer a troca de moedas para se adequar às normas cambiais de cada 
país. Para essa troca dá-se o nome de câmbio. 
No mercado internacional de moedas, os negociadores têm o objetivo de 
obter rendimentos com as operações de compra e venda de moedas 
estrangeiras. Como em qualquer outro tipo de comércio, os operadores buscam 
comprar a moeda pelo preço mais barato e vender pelo preço mais caro. O ponto 
de interrogação está em quando isso ocorre. Em que momento o preço da 
moeda estará menor ou maior? Porque o custo das moedas que circulam 
mundialmente sofre alterações permanentes devido à lei da oferta e da procura. 
E são vários os fatores, principalmente aqueles relacionados à economia e à 
política adotadas em cada país. 
Se o mercado cambial sofre várias influências externas ou internas que 
vão impactar no preço de uma moeda em relação a outro, não pode descartar a 
possibilidade do risco. Tem que observar outros fatores também nas 
negociações de moedas estrangeiras para evitar surpresas desagradáveis como 
conhecer a liquidez da moeda que está sendo negociada. Por exemplo, não 
adianta comprar a moeda Zloty (Polônia) por um preço muito baixo e não ter para 
quem vender. Outros detalhes que têm que ser observados nas operações de 
compra e venda de moeda entre países, como fuso horário e feriados na praça 
da moeda negociada, influenciam diretamente no preço. 
O mercado cambial existe há muito tempo e passou por várias fases. 
Países que dominavam a economia tinham a sua moeda como referência, porém 
somente após a Segunda Guerra Mundial, com a assinatura do Acordo de Breton 
Woods (1944), o dólar americano passou a ser a moeda mais negociada entre 
os países capitalistas. A partir desse momento, o dólar americano tornou-se 
referência nas negociações internacionais e constitui as reservas internacionais 
dos países. 
 
 
5 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
As reservas internacionais são as disponibilidades que os países 
possuem depositadas em moeda estrangeira (moedas fortes) utilizadas no 
cumprimento dos seus compromissos financeiros e divisas são os valores 
recebidos por um país, resultantes de suas exportações, empréstimos de 
capitais, investimentos externos. Em algum momento esses dois conceitos 
podem se confundir dependendo da maneira de como são utilizados. 
Devido à particularidade de cada moeda, incluindo a credibilidade do país 
que a emite em termos de políticas monetárias, fiscais, econômicas e cambiais 
perante a comunidade financeira internacional, a moeda terá mais aceitação e 
gozará de maior confiança em sua capacidade de ser utilizada como meio de 
troca e reserva e valor. Mundialmente as moedas foram divididas em dois 
grupos: moedas conversíveis e inconversíveis. 
Moedas conversíveis são aquelas que são aceitas nas transações 
internacionais sem restrições. São usadas pelas pessoas físicas ou jurídicas 
para pagamento de transações comerciais ou financeiras. Já as moedas 
inconversíveis não têm aceitabilidade no mercado internacional. 
Reservas Internacionais 
 País Reserva Internacional (Milhões de USD) 
1 China 3,202,321 
2 Arábia Saudita 2,257,619 
3 Japão 1,254,100 
4 Suíça 619,550 
5 Taiwan 418,900 
6 Rússia 380,544 
7 Brasil 372.438 
8 Coreia do sul 365,760 
9 Singapura 343,215 
10 Hong Kong 359,900 
Fonte: Wikipédia (março de 2016) 
 
 
 
6 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Tema 2 - Classificação do Mercado de Câmbio 
A finalidade do mercado de câmbio está sustentada na necessidade de 
fazer a troca (compra ou venda) da moeda estrangeira entre pessoas físicas e 
jurídicas residentes, com sede ou domiciliadas no Brasil, com pessoas físicas e 
jurídicas residentes, com sede ou domiciliadas no exterior. Aplica-se também 
para o mercado de câmbio a transferência de moeda nacional (real) do Brasil 
para o exterior e do exterior para o Brasil entre as pessoas citadas acima. As 
operações de ouro-instrumento cambial fazem parte do mercado de câmbio. 
Todas essas transações ou operações devem ser realizadas por 
intermédiode instituições autorizadas a operar com câmbio pelo Banco Central 
do Brasil. 
Em nossos estudos, vamos abordar principalmente as operações de 
câmbio decorrentes das operações comerciais (exportação e importação) e 
financeiras praticadas entre as empresas brasileiras e estrangeiras. 
O Decreto-lei 857/69, de 11 de setembro de 1969 estabelece o curso 
forçado da moeda no Brasil. Portanto, como não se pode trabalhar com outra 
moeda no Brasil que não seja a moeda corrente atual (Real) e as transações 
comerciais e financeiras com o exterior são realizadas, em regra geral, com 
moedas conversíveis, será necessário que o importador brasileiro compre a 
moeda estrangeira para pagar suas importações. Já o exportador brasileiro deve 
vender a moeda estrangeira decorrente da sua exportação para receber o valor 
correspondente em reais. 
O mercado de câmbio, como é muito amplo, pode ter várias classificações 
ou divisões. Abaixo serão apresentadas as mais utilizadas pelos participantes 
desse mercado. 
 
 
 
7 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Quanto ao modo de entrega da moeda estrangeira: 
 Mercado de câmbio manual 
É o ambiente no qual ocorrem as transações de compra e venda de moeda 
estrangeira em espécie ou por meio de cheques de viagem. Essas operações 
são realizadas em instituição autorizadas a operar em câmbio, como os bancos 
múltiplos e comerciais, casas de câmbio. 
Exemplo: Uma pessoa brasileira precisa ir ao exterior para participar de um 
curso. Obviamente ela terá que comprar moeda estrangeira para se manter no 
exterior pelo período previsto. Poderá comprar dólar, euro ou outra moeda 
estrangeira disponível, de acordo com sua necessidade, em uma instituição 
autorizada a operar com câmbio pelo Banco Central do Brasil. Não há limitação 
para o valor a ser negociado, porém a instituição autorizada deverá observar a 
regulamentação para a prática dessas negociações. 
Vale ressaltar que as transações realizadas nesse mercado têm como única 
finalidade a utilização da moeda em viagem para o exterior (venda de moeda 
estrangeira às pessoas que vão viajar para o exterior), ou compra de moeda 
estrangeira de estrangeiros ou brasileiros que ingressam no país. A taxa de 
câmbio praticada nesse mercado é diferenciada em relação à taxa praticada nas 
operações de câmbio de exportação e importação. 
 Mercado de câmbio sacado 
Nesse mercado, as operações de câmbio ocorrem por meio de movimentações 
de débitos e créditos em moeda estrangeira em contas de bancos brasileiros no 
exterior autorizados pelo Banco Central do Brasil. É grande o volume de 
operações de câmbio no Brasil oriundas das transações de exportação e 
importação, consideradas operações de câmbio comerciais. Já as transações de 
remessas de recursos para o exterior e recebimento do exterior não decorrentes 
de importação e exportação são consideradas operações de câmbio financeiro. 
 
 
8 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
A legislação não permite a movimentação de moeda estrangeira no Brasil. Dessa 
maneira, há necessidade de a movimentação da moeda estrangeira se dar no 
exterior, conforme a regulamentação do Banco Central do Brasil. 
Exemplo: Recebimento de USD 10.000,00 por parte de uma empresa brasileira 
decorrente da exportação realizada para um importador do Chile. Acompanhe o 
fluxo a seguir: 
 
1. O exportador vende e embarca a mercadoria para o importador chileno no valor de 
USD 10.000,00. 
2. O importador entrega o valor em pesos chilenos equivalente a USD 10.000,00 
em seu banco e solicita que este pague ao exportador brasileiro. 
 
 
9 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
3. O banco do importador fica com os pesos chilenos e solicita que seu banco 
correspondente em Nova Iorque debite em sua conta o valor de USD 10.000,00 
e transfira-o para o banco correspondente do exportador também em Nova 
Iorque. A grande maioria das operações de câmbio, nas quais a moeda utilizada 
é o Dólar dos Estados Unidos, é transacionada em Nova Iorque por se tratar do 
principal centro financeiro mundial. 
4. O banco correspondente do importador faz um débito em sua conta no valor 
de USD 10.000,00 e credita essa quantia na conta do banco correspondente do 
exportador, também em Nova Iorque (esse valor é do exportador). 
Obs.: O crédito, nesse caso, é feito na conta de um banco brasileiro no exterior 
autorizado pelo Banco Central. Quando a movimentação das transferências se 
dá em USD, os bancos brasileiros têm uma conta em Nova Iorque, mas poderia 
ser em qualquer cidade ou país do mundo. Os principais bancos brasileiros, 
normalmente, têm uma agência em Nova Iorque para atender as demandas das 
empresas brasileiras, além de outras finalidades. 
5. O banco correspondente do exportador em Nova Iorque avisa o banco do 
exportador no Brasil sobre o crédito em sua conta. Esse valor fica disponível 
para o exportador fazer a conversão em reais (câmbio) em seu banco no Brasil. 
6. O banco do exportador compra os USD 10.000,00 do exportador e credita os 
reais correspondentes na conta do exportador. 
Obs.: Quando o banco brasileiro compra os dólares do exportador por meio de 
uma operação de câmbio, o valor dos dólares é creditado na conta do banco 
brasileiro no exterior, no caso em Nova Iorque. O banco pode utilizar o saldo 
acumulado nessa conta (crédito) para pagar a importação de alguma empresa 
brasileira por meio de um débito nessa mesma conta. 
Resumindo, a movimentação de débito e crédito na conta de um banco brasileiro 
no exterior em moeda estrangeira é conhecida como mercado de câmbio 
sacado. 
 
 
10 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
Tema 3 - Classificação do Mercado de Câmbio 
Quanto à finalidade de entrega da moeda estrangeira: 
Mercado de câmbio comercial 
São as operações de câmbio decorrentes da compra e venda de moedas 
estrangeiras relacionadas às operações comerciais: exportação de mercadorias 
e serviços e importação de mercadorias e serviços. 
Mercado de câmbio financeiro 
São as operações de câmbio decorrentes da compra e venda de moedas 
estrangeiras não relacionadas às operações comerciais. É o caso de pagamento 
de juros sobre empréstimo, pagamento de seguro no exterior, recebimento de 
doação, investimento externo, assim como outras centenas de enquadramento 
que se podem dar às transferências internacionais em moeda estrangeira. 
Quanto ao prazo de entrega da moeda estrangeira: 
Mercado de câmbio pronto 
Na negociação da compra ou venda da moeda estrangeira há um prazo 
para o vendedor entregar a moeda estrangeira para o comprador, que depende 
da negociação entre as partes, na qual uma delas sempre será a instituição 
autorizada em operar em câmbio e do outro lado, a pessoa física ou jurídica que 
precisa comprar ou vender a moeda estrangeira. Se a moeda estrangeira for 
entregue ao comprador até dois dias úteis da data da negociação (contratação 
de câmbio), considera-se uma operação realizada no mercado de câmbio pronto. 
A maioria das operações cambiais ocorrem nesse mercado. 
 
 
11 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Exemplo: Considere o mesmo exemplo utilizado para apresentar o mercado de 
câmbio sacado, no qual o exportador brasileiro fez uma venda comercial de USD 
10.000,00 para o importador chileno. Após o crédito na conta do banco brasileiro 
em Nova Iorque, o valor de USD 10.000,00 fica disponível para o exportador 
brasileiro negociar a venda da moeda com o seu banco de relacionamento no 
Brasil. Assim que o exportador vender a moeda estrangeira, no caso USD 
10.000,00, para o seu banco de relacionamento, ele entregará de imediato a 
moeda estrangeira ao comprador (banco), sendo que a entrega ocorrerá dentro 
do prazo de dois diasúteis da data da negociação. 
Mercado de câmbio futuro 
Nesse mercado a entrega da moeda estrangeira pelo vendedor ao 
comprador ocorre em um prazo superior a dois dias úteis da data da negociação. 
São exemplos de operações que ocorrem nesse mercado: o financiamento à 
exportação por meio do contrato de câmbio (ACC e ACE), operações de câmbio 
travado e outras. 
Exemplo: No caso de uma operação de câmbio travado de exportação, vamos 
considerar que um exportador brasileiro tem a receber USD 100.000,00 referente 
a uma venda comercial para um importador australiano, porém a data do 
pagamento ficou acordada para 180 dias após a data do embarque. 
Considerando que já se passaram 20 dias da data de embarque e que o 
exportador queira negociar a venda da moeda estrangeira nesse momento com 
o seu banco de relacionamento, se o banco comprar os USD 100.000,00 do 
exportador, irá recebê-los após 160 dias da data da negociação. Portanto, o 
exportador (vendedor da moeda estrangeira) entregará a moeda estrangeira ao 
banco (comprador da moeda estrangeira) em uma data futura. Isso se trata de 
uma operação de câmbio realizada no mercado de câmbio futuro. Nesse 
exemplo, como se trata de uma operação de câmbio travado, o banco também 
entregará os reais equivalentes a 160 dias da data da negociação (contratação 
do câmbio). Há vários tipos de operações de câmbio praticadas nesse mercado. 
 
 
12 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Quanto aos agentes participantes na compra e venda de moeda 
estrangeira: 
Mercado de câmbio primário 
São as operações de câmbio realizadas entre as instituições autorizadas 
a operar com câmbio e os seus clientes, podendo ser pessoas físicas ou jurídicas 
que necessitam comprar ou vender moeda estrangeira. 
Exemplo: Utilizando os exemplos citados anteriormente, seja no câmbio pronto 
ou no câmbio futuro, os exportadores estão vendendo sua moeda estrangeira 
para o seu banco de relacionamento. Essas operações são realizadas no 
mercado de câmbio primário. 
Mercado de câmbio secundário 
Identificado também como mercado de câmbio interbancário, é o mercado 
que os bancos autorizados a operar com câmbio compram e vendem moeda 
entre si. Uma das características importantes do mercado é a precificação da 
taxa de câmbio, porque é a partir das taxas de câmbio praticadas nesse mercado 
que os bancos irão negociar com seus clientes no mercado de câmbio primário, 
aplicando o spread necessário para rentabilizar suas operações de câmbio. 
Outra utilização para os bancos é adequar suas posições cambiais diárias. Isso 
é o saldo em moeda estrangeira ao final do dia. 
Exemplo: Banco do Brasil vende USD 5.000.000, 00 para o banco Santander. 
Nesse sentido, podemos considerar que em uma operação de 
exportação, por exemplo, poderá ocorrer simultaneamente em diversos 
mercados, como o mercado de sacado (valor da exportação é creditada numa 
conta no exterior), mercado de câmbio pronto (assim que o exportador vender a 
moeda estrangeira entrega imediatamente para o comprador) e mercado de 
 
 
13 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
câmbio primário (o exportador vende a sua moeda estrangeira para um banco 
autorizado a operar com câmbio). 
Mercado de câmbio paralelo 
É considerado mercado de câmbio paralelo o ambiente no qual ocorrem 
a compra e venda de moeda estrangeira por agentes não autorizados pelo Banco 
Central do Brasil a operar no mercado de câmbio. São práticas utilizadas nesse 
mercado, recursos oriundos de superfaturamento de exportação, 
subfaturamento na importação, corrupção, lavagem de dinheiro e outros de 
menor relevância, mas nem por isso são considerados legais. 
Exemplo: Determinada pessoa compra USD 10.000,00 em espécie para viajar 
ao exterior. Essa pessoa viaja e só utiliza USD 8.000,00. Ao retornar ao Brasil, 
utiliza a sobra de USD 2.000,00 para pagar uma dívida em um estabelecimento 
não autorizado a operar com câmbio. Nesse momento, os USD 2.000,00 saem 
do mercado oficial de câmbio e ingressam no mercado de câmbio paralelo. 
Quanto à política cambial adotada pelos países: 
Mercado de câmbio livre ou flutuante 
Os países que adotam política cambial livre ou flutuante interferem muito 
pouco nesse mercado. Isso não quer dizer que não seja regulamentado. Porém 
as transferências de valores para o exterior e do exterior são mais flexíveis. A 
taxa de câmbio praticada nesse mercado, considerada livre (flutuante) oscila 
conforme as condições de mercado, isto é, seu preço é definido pela lei da oferta 
e procura da moeda estrangeira. No Brasil o mercado de câmbio, atualmente, é 
considerado livre, mesmo havendo a possibilidade de o Banco Central do Brasil 
intervir no mercado quando considera que esse está fora dos parâmetros 
previstos para a economia brasileira. Quando isso ocorre, o Banco Central do 
Brasil entra no mercado para comprar ou vender a moeda estrangeira para 
procurar estabilizar a oscilação da taxa de câmbio. 
 
 
14 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Mercado de câmbio fixo ou controlado 
No mercado de câmbio controlado, as autoridades monetárias do país 
intervêm diretamente nas transações de transferências de divisas, 
principalmente dificultando a saída de divisas do país. Isso ocorre porque o país 
que adere a essa política normalmente está com sua economia fragilizada. 
Consequentemente, em regra geral, fixa-se a taxa de câmbio nesse mercado. 
Tema 4 - Estrutura do mercado cambial no Brasil 
Os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio pelo Banco 
Central do Brasil são: 
 bancos múltiplos e bancos comerciais; 
 caixas econômicas e bancos de investimento; 
 bancos de desenvolvimento; 
 bancos de câmbio; 
 agências de fomento; 
 sociedades de crédito, financiamento e investimento; 
 sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; 
 sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades 
corretoras de câmbio; 
 agências de turismo e meios de hospedagem de turismo para operarem 
no mercado de câmbio; 
 Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). 
 
Cada um dos agentes autorizados a operar no mercado de câmbio tem 
suas características próprias para atuar, podendo ser quanto aos tipos de 
operações que podem realizar, limites das operações de câmbio e de posição 
de câmbio, entre outras. 
 
 
15 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Estrutura básica do mercado de câmbio no Brasil 
 
Pode-se considerar que os bancos em geral, autorizados pelo Banco 
Central do Brasil, têm maior participação nesse mercado. Eles são os 
responsáveis em negociar (comprar e vender) moedas estrangeiras para os 
exportadores, importadores ou qualquer pessoa física ou jurídica que precise 
também negociar a moeda estrangeira. O local onde ocorre essa negociação 
chama-se “mesa de câmbio” e os profissionais que aí atuam chamam-se 
operadores de câmbio. É comum, além disso, fazer as operações de câmbio via 
internet. 
Outro agente que atende um público especifico, porém em volume muito 
menor do que os bancos, é a casa de câmbio. A casa de câmbio opera somente 
com a compra e venda de moeda estrangeira em espécie, travel check ou travel 
money card com a finalidade de viagem. 
Já as corretoras de câmbio atuam principalmente como intermediadores 
na negociação da compra e venda de moeda estrangeira entre as empresas e 
os bancos. As corretoras acompanham o mercado de câmbio e procuram fazer 
o melhor negócio para seus clientes. Também podem comprar e vender moeda 
 
 
16 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
estrangeira, porém com valores limitados por operação pelo Banco Central do 
Brasil. 
A Secretaria da Receita Federal, desde 2005, é responsável pelo controle 
dofluxo financeiro dos pagamentos e recebimentos em moedas estrangeiras por 
parte das empresas importadoras e exportadoras. 
No ambiente no qual se opera o mercado de câmbio no Brasil, dois 
sistemas são de máxima importância: o Sisbacen e Siscomex. 
Sisbacen - O Sistema de Informações do Banco Central é um conjunto de 
recursos de tecnologia da informação, interligado em rede, utilizado pelo Banco 
Central na condução de seus processos de trabalho. É nesse sistema que todas 
as operações de compra e venda de moeda estrangeira são registradas, nas 
quais são informados o nome do comprador e vendedor da moeda estrangeira, 
valor negociado, valor da taxa de câmbio, natureza da operação, entre outras 
informações. 
Siscomex: O Sistema Integrado de Comércio Exterior é um instrumento 
informatizado, por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio 
exterior brasileiro. Essa ferramenta facilitadora permite a adoção de um fluxo 
único de informações, eliminando controles paralelos e diminuindo 
significativamente o volume de documentos envolvidos nas operações. 
Exemplo da utilização dos sistemas: 
Uma empresa faz a venda de uma mercadoria para um importador no 
exterior no valor de USD 100.000,00. 
Para a mercadoria sair do Brasil, a empresa exportadora tem de registrar 
a operação no Siscomex, ou seja, registrar o Registro de Exportação – RE, com 
as informações comerciais, tributárias e cambiais. 
 
 
17 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Para receber o valor da exportação pago pelo importador estrangeiro, o 
exportador tem que vender os USD 100.000,00 para um banco. A operação será 
registrada pelo banco no Sisbacen. 
A empresa exportadora terá o seu CNPJ registrado nos dois sistemas. 
Dessa maneira a Secretaria da Receita Federal poderá confrontar as 
informações e verificar a regularidade das operações quanto ao fluxo de moeda 
estrangeira realizada por essa empresa. 
 
Tema 5 - Posição de câmbio e legislação cambial 
Posição de câmbio 
A posição de câmbio é representada pelo saldo das operações de câmbio 
(compra e venda de moeda estrangeira) prontas ou para liquidação futura, 
realizadas pelas instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a operar 
no mercado de câmbio. Atualmente não há limitação imposta pelo Banco Central 
do Brasil quanto à posição de câmbio dos bancos autorizados a operar em 
câmbio. A posição de câmbio, nos bancos, pode apresentar-se da seguinte 
forma: 
Nivelada: o volume de compras e vendas se equivalem; 
Comprada: o volume de compras é maior do que o volume de vendas; 
Vendida: o volume de vendas é maior do que o volume de compras. 
Dependendo da posição de câmbio que um banco opta por ter no final do 
dia, ele poderá ter lucro ou prejuízo devido à variação cambial que ocorre no 
mercado de câmbio. Os bancos mais conservadores procuram trabalhar em uma 
posição nivelada, isto é, tentam manter suas compras de moeda estrangeira 
 
 
18 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
iguais às vendas no decorrer do dia. Dessa maneira, estão menos sujeitos a ter 
perdas expressivas. Na posição comprada, os bancos esperam uma 
desvalorização da taxa de câmbio, situação em que podem vender a moeda a 
uma taxa mais alta, obtendo o lucro esperado. Vale lembrar que as instituições 
autorizadas a operar com câmbio estão sujeitas ao controle diário pelo Banco 
Central do Brasil, mesmo não havendo limites para a posição comprada ou 
vendida. 
O fato de uma instituição bancária poder ficar “comprada ou vendida” não 
implica, necessariamente, a realização de operações especulativas. Tal decisão 
deve derivar de uma decisão estratégica da alta administração da instituição. A 
posição de câmbio de um banco pode influenciar diretamente na negociação da 
taxa de câmbio com os seus clientes. Por exemplo, se um exportador necessitar 
vender seus dólares para um banco quando este estiver com excesso de moeda 
estrangeira (dólar) no seu caixa (posição comprada) e não interessar mais a ele 
comprar mais dólares, o banco provavelmente vai oferecer-lhe uma taxa de 
câmbio menor. Consequentemente, se o exportador vender a moeda ao banco, 
receberá menos reais. 
Exemplo: Como ficará a posição de câmbio do banco Zelta Ltda. ao final do dia, 
sabendo-se que iniciou o dia com um saldo positivo de USD 5.000.000,00 e 
realizou as seguintes operações no mercado: 
1.ª operação: vendeu USD 1.000.000,00 para a empresa importadora Leme 
Ltda.; 
2.ª operação: contratou uma operação de ACC com a empresa exportadora 
Campos e Matos Ltda., no valor de USD 2.000.000,00; 
3.ª operação: contratou um câmbio de USD 2.000.000,00, referente a um 
financiamento à importação do importador Zicos SA; 
4.ª operação: vendeu USD 5.000.000,0 para o banco Cifras S.A; 
 
 
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5.ª operação: contratou um câmbio de USD 2.000.000,00 referente a um 
empréstimo recebido pela empresa Cambuã Ltda. 
Operação Compra Venda Saldo USD Posição 
Saldo Inicial 5.000.000,00 5.000.000,00 Comprada 
1.ª 1.000.000,00 4.000.000,00 Comprada 
2.ª 2.000.000,00 6.000.000,00 Comprada 
3.ª 2.000.000,00 4.000.000,00 Comprada 
4.ª 5.000.000,00 1.000.000,00 Vendida 
5.ª 2.000.000,00 1.000.000,00 Comprada 
 
Legislação cambial 
A atual legislação cambial brasileira compreende basicamente as quatro 
Circulares do Banco Central do Brasil, de 16 de dezembro de 2013, que 
substituíram o Regulamento de Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais de 
2005 (RMCCI). O principal motivo para a implementação das Circulares Bacen 
foi por questão jurídica, pois em termos técnicos foram poucas as alterações. 
A Circular n.º 3688 dispõe sobre o funcionamento do Convênio de 
Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR), firmado pelo Banco Central do Brasil 
com os bancos centrais da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, 
Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. 
A Circular n.º 3689 trata sobre capitais brasileiros no exterior e permite 
que as instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco 
Central do Brasil, possam transferir para o exterior em moeda nacional e em 
 
 
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moeda estrangeira por parte de pessoas físicas ou jurídicas residentes, 
domiciliadas ou com sede no País. 
A Circular n.º 3690 apresenta como as operações de câmbio devem ser 
classificadas no mercado de câmbio. Toda operação de câmbio deve ter uma 
classificação com o objetivo de apresentar para ao Banco Central as diversas 
finalidades de transferências de recursos do ou para exterior. 
A Circular n.º 3691 dispõe sobre as normas e procedimentos do mercado 
de câmbio relativo à Resolução n.º 4.568, de 29 de maio de 2008, que destaca 
as operações de compra e venda de moeda estrangeira por instituição 
autorizada a operar com câmbio pelo Banco Central do Brasil. 
Obs.: nas próximas rotas/aulas trataremos mais especificamente sobre os temas 
relacionados na Circular n.º 3.691. Serão abordados os conteúdos sobre os 
aspectos cambiais na exportação, importação e câmbio financeiro. 
Síntese 
Vimos o que é o câmbio e como esse tema está inserido diretamente nas 
operações comerciais realizadas pelas empresas importadoras e exportadoras. 
É necessário que o profissional de comércio exterior tenha com profundidade o 
conhecimento dos principais conceitos relacionados à área cambial, contudo 
será necessário, além disso, acompanhar a legislação que ampara tais 
operações. 
Referências 
BORGES, Joni Tadeu. Câmbio. Curitiba: Ibpex, 2008. 
BORGES, Joni Tadeu. Financiamento ao Comércio Exterior. Curitiba: Ibpex, 
2012. 
 
 
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Circular 3688: 
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/48813/Circ_3688_v1_O.pdf 
Circular 3689: 
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/
Lists/Normativos/Attachments/48812/Circ_3689_v2_P.pdf 
Circular 3690: 
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/
Lists/Normativos/Attachments/48816/Circ_3690_v2_P.pdf 
Circular 3691: 
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/
Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v5_P.pdf

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