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OXIGENOTERAPIA - Indicações (SARMENTO, 2015; SILVA, 2019): Na literatura são descritas 3 métodos para indicar a oxigenoterapia, seguem listados abaixo: 1. Gasometria arterial: Se PaO2 < 60mmHg e/ou SaO2 < 90 mmHg - suplementar O2 Se PaO2 > 60mmHg e/ou < 80 mmHg Cálculo de PaO2 ideal: PaO2 ideal: 103,5 – (0,42 x idade) quando em posição supina PaO2 ideal: 104,2 – (0,27 x idade) quando em posição sentada 2. Condições clínicas: pós-operatório; choque, trauma, EAP e IAM. 3. Sinais clínicos de hipóxia e/ou hipoxemia: taquipneia, cianose, palidez, taquicardia, agitação ou sonolência, desorientação, confusão mental e cefaleias. (SARMENTO, 2015) Devido a isto, a oxigenoterapia é utilizada para: • Hipóxia: ocasionada pela baixa disponibilidade de oxigênio em determinado tecido e pode ocorrer mesmo na presença de quantidade normal no sangue arterial, como no infarto agudo do miocárdio ou no acidente vascular encefálico • Para corrigir hipoxemia aguda (PaO2 < 60mmHg e SatO2 < 90% em indivíduos que respiram em ar ambiente). Principais causas de hipoxemia: aumento do gasto cardíaco, hipovolemia, queda da hemoglobina, hipoventilação alveolar e distúrbios na ventilação alveolar. • Reduzir os sintomas associados à hipoxemia crônica; • Melhorar SatO2 (< 90% em ar ambiente); • Melhorar da oxigenação tecidual, em casos de déficit de transporte de O2; • Reduzir sobrecarga cardíaca (a hipoxemia dispara uma série de mecanismos de compensação de adrenérgicos que influenciam tanto o aumento do trabalho miocárdico quanto o consumo de O2 pelo coração); • Atenuação dos quadros de insuficiência respiratória aguda ou crônica; • Redução dos sintomas causados pela apneia obstrutiva do sono. - Contra indicações (DIRETRIZES, 2013): Absolutas (sempre evitar): - Necessidade de intubação de emergência e parada cardíaca ou respiratória. Relativas (analisar caso a caso risco x benefício): - Incapacidade de cooperar, proteger as vias aéreas, ou secreções abundantes; - Rebaixamento de nível de consciência (exceto acidose hipercápnica em DPOC); - Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malignas ou hemorragia digestivas graves com instabilidade hemodinâmica; - Cirurgia facial ou neurológica; - Trauma ou deformidade facial; - Alto risco de aspiração; - Obstrução de vias aéreas superiores; - Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O); Em DPOC descompensado a utilização da oxigenoterapia no paciente portador de DPOC deve ser criteriosa, pois a diminuição da concentração de oxigênio constitui um fator estimulante para o disparo do ciclo ventilatório pelo sistema nervoso. Logo, a oferta exacerbada de oxigênio é um risco para o desenvolvimento de hipoventilação e hipercapnia, acentuando o quadro preexistente (SARMENTO, 2015). . - Efeitos fisiológicos (SARMENTO, 2015; SILVA, 2019): • Melhora da troca gasosa pulmonar; • Redução da dispneia; • Vasodilatação arterial pulmonar; • Diminuição da resistência arterial pulmonar; • Diminuição da pressão arterial pulmonar; • Melhora do débito cardíaco; • Vasoconstrição sistêmica; • Diminuição da sobrecarga de trabalho cardíaco. - Efeitos deletérios (SARMENTO, 2015; SILVA, 2019): • Depressão do sistema respiratório e aumento da concentração do dióxido de carbono; • Atelectasias por absorção: a falta de nitrogênio causada pelo excesso de O2 - pois o nitrogênio faz com que só haja O2, como o nitrogênio age no surfactante, vai haver um esvaziamento dos alvéolos – quanto maior o O2; menor será o nitrogênio, e consequentemente menor será o surfactante, o que leva à atelectasia; • Fibrose pulmonar; • Diminuição da capacidade vital, pela redução ao estímulo respiratório; • Diminuição surfactante pulmonar; • Desidratação da mucosa; • Alteração da relação V/Q; • Aumento do efeito shunt. - Tipos de oxigenoterapia: 1. Sistema de baixo fluxo: Fornecem oxigênio por meio de um fluxo inferior à demanda do paciente e operam com fluxos inspiratórios < 8 L/min, onde a FiO2 é sempre variável. A mistura de ar ambiente e O2 é alterada pelo padrão ventilatório do paciente, o que dificulta o controle da FiO2, ou seja, em fluxos constantes se o volume corrente aumenta, a Fio2 diminui e vice-versa. Ocorre diluição do O2 fornecido com o gás inspirado, com concentrações que variam de 24 a 60%, com fluxo de 1 a 15 L/min. Este sistema é realizado com a utilização de cateter nasal ou prong nasal, cateter nasal, cateter transtraqueal e máscara simples (SARMENTO, 2015). 2. Sistema de alto fluxo: fornecem oxigênio por meio de um fluxo igual ou superior ao fluxo do paciente. O fluxo e o reservatório de O2 são suficientes para atender a demanda da ventilação do paciente. Esses sistemas possuem orifícios variáveis, que combinados com o fluxo de O2 pré-estabelecido, possibilitam um ajuste mais preciso da FiO2 independente do padrão ventilatório do paciente. Este sistema é realizado com a utilização da máscara de Venturi, tenda facial, máscara de reinalação parcial, máscara de não reinalação e Oxyhood (SARMENTO, 2015). - Vantagens e desvantagens: (ADDE et al., 2013). • Risco de toxicidade: Fase I (12 a 24 horas) Fase II (24 a 36 horas) Fase III (36 a 48 horas) Fase IV (48 a 60 horas) Fase V (> 60 horas) Traqueobronquite Parestesias Diminui complacência pulmonar Inativação do surfactante Pode evoluir com SARA Tosse seca Náuseas e vômitos Diminui capacidade de difusão Edema alveolar por aumento da permeabilidade Pode evoluir para morte Diminuição da CV Acentua-se perda da CV Aumenta diferença arterioalveolar de O2 Diminuição da atividade mucociliar Alteração de síntese proteica nas celular endoteliais Dor subesternal (SARMENTO, 2015) - Máscaras: • MÁSCARA FACIAL SIMPLES: utilizada para promover taxas mais altas de fluxo, que pode ser confortavelmente utilizada; para administração de medicações inalatórias, oferta FiO2 de 40 a 60%; fluxo de 5 a 12 L/min (SARMENTO, 2015). • MÁSCARA DE VENTURI: constitui o método mais seguro e exato para liberar a concentração necessária de oxigênio, sem considerar a profundidade ou frequência da respiração. Tem base no princípio de Bernoulli, na captação do ar e faz com que a pressão do jato seja constante na mistura. Esse fenômeno físico é baseado na velocidade rápida do oxigênio movendo--se através de um orifício estreito, que produz uma força, em torno da qual é criado um gradiente de pressão subatmosférico se comparado aos gases em sua volta. Essa diferença de pressão permite que o ar do ambiente penetre até que a pressão seja equalizada, sendo o fluxo então gerado pelo próprio paciente. Esse mecanismo oferece altos fluxos de gás com uma fração inspirada de O2 fixa (SARMENTO, 2015). • Fluxos de 4 a 15 L/min e concentrações de oxigênio entre 24, 28, 31, 35, 40 e 50% de acordo com a ventoinha utilizada: COR L/min FiO2 (%) Azul 3 24% Amarelo 6 28% Branco 8 31% Verde 12 35% Rosa 15 40% Laranja 15 50% • MÁSCARA COM SISTEMA RESERVATÓRIO DE OXIGÊNIO COM REINALAÇÃO PARCIAL: O paciente inspira oxigênio a partir de um reservatório em forma de bolsa, juntamente com o ar e o oxigênio proveniente da máscara. O primeiro terço do volume expirado penetra na bolsa, enquanto o resto sai pela máscara. O paciente acaba inalando o ar oxigenado que acabou de expirar, porque o ar que penetra no reservatório em forma de bolsa é proveniente da traqueia e brônquios, onde não ocorre troca gasosa (SARMENTO, 2015). O oxigênio pode ser administrado na concentração de 60 a 80%: • Sem válvula anti-retorno; • Reinalação parcial do CO2 expirado no reservatório. • MÁSCARA COM SISTEMA RESERVATÓRIO DE OXIGÊNIO SEM REINALAÇÃO:A válvula inspiratória unidirecional abrese na inspiração, direcionando o oxigênio do reservatório em forma de bolsa para a máscara. O gás sai pela máscara durante a expiração, através das válvulas expiratórias unidirecionais, alcançando então a atmosfera. O paciente só respira o ar proveniente da bolsa reservatório (SARMENTO, 2015). Este método fornece a maior concentração possível de oxigênio (60 a 90%): • Com válvula anti-retorno; • Não há reinalação do CO2 expirado. • SISTEMA DE AEROSOL DE GRANDE VOLUME (ALTA UMIDADE): • Tenda facial, fornece um teor elevado de umidade; • Máscara / colar TQT; • Peça T. • TENDA E CAPACETE DE OXIGÊNIO: Esse dispositivo de acrílico é utilizado em recém--nascidos e crianças com menos de 1 ano. Ele oferece mistura de ar comprimido com oxigênio, com fluxos de 7 a 15 L/min. No entanto, esse sistema pode causar retenção de CO2 por reinalação, superaquecimento, lesões no pescoço da criança e ruídos (SARMENTO, 2015). - Cateter: • CÂNULA OU PRONG NASAL: utilizado com maior frequência na pediatria, são compostos de pequenos cilindros que entram de 0,5 a 1cm nas narinas. Utilizado quando requer uma concentração média ou baixa de O2. Deve-se atentar para alguns detalhes para que seja corretamente indicado, como o fato de pacientes com problemas nos condutos nasais não poderem utilizá-lo, não permitir nebulização e a concentração de oxigênio inspirada não ser totalmente conhecida. Ainda, pode ocorrer secura ou sangramento da mucosa nasal após a utilização de fluxos altos (SARMENTO, 2015). • CATETER NASAL: utilizado quando requer uma concentração média ou baixa de O2; fluxo de 1 a 6 L/min, com concentração O2 de 24 a 44%. Mais utilizados em adultos. Esse método, assim como a cânula nasal, não permite a nebulização e a respiração bucal diminui a fração inspirada de O2 havendo ainda a possibilidade de irritação tecidual da nasofaringe e facilidade no deslocamento do cateter (SARMENTO, 2015). • NASOFARINGEO: é empregado para a melhora da oxigenação, visto que ele promove a diminuição do espaço morto. Porém, ele tem sido cada vez menos utilizado devido ao desconforto que causa ao paciente e à dificuldade para sua colocação na cavidade. Para sua instalação, utiliza-se o método prático de medir a distância entre a narina e o lóbulo da orelha, introduzindo-se uma porção equivalente do cateter pela narina. Esse sistema pode ser utilizado mesmo em pacientes com respiração bucal, no entanto, o cateter deve ser trocado de narina a cada 8 a 12 horas para evitar complicações (SARMENTO, 2015). • TRANSTRAQUEAL: a administração de O2 diretamente na traqueia, através de um pequeno cateter (1 a 2 mm de diâmetro interno) inserido percutaneamente ao nível do segundo ou terceiro anel traqueal (SARMENTO, 2015). - Meios de administração: A oxigenoterapia consiste na administração do gás oxigênio em concentração significativamente superior àquela encontrada no meio ambiente, com a finalidade de atenuar ou ajustar casos de hipóxia ou hipoxemia. Deve sempre ser realizada de maneira ponderada, levando em conta seus efeitos fisiológicos e prejudiciais (SARMENTO, 2015). Os sistemas de administração de oxigênio podem ser classificados em: De baixo fluxo ou fluxo variável (máscaras faciais comuns e cateteres nasais): nesses sistemas, tanto o fluxo de O2 como a capacidade do reservatório são insuficientes para atingir a ventilação total do paciente. Com isso, uma quantidade variável de ar ambiente é aspirada de forma direta, sendo a mistura alterada pelo padrão ventilatório, dificultando o controle da FiO2 (SARMENTO, 2015). De alto fluxo ou fluxo fixo: o fluxo e o reservatório de O2 são suficientes para atender a demanda da ventilação do paciente. Os sistemas utilizados baseiam-se no efeito Venturi, no qual o fluxo rápido de um gás, ao passar por um orifício estreito, gera uma pressão subatmosférica que aspira volumes variáveis de ar ambiente, alterando a mistura inalada. Essas máscaras faciais ou de traqueostomia apresentam diversas opções de orifícios variáveis que, combinadas com fluxo de O2 preestabelecido, possibilitam um ajuste mais preciso da FiO2 independentemente do padrão ventilatório (SARMENTO, 2015). BAIXO FLUXO ou ALTO FLUXO, em ambos os sistemas a FiO2 varia em função do volume minuto do paciente. Quanto maior for o volume minuto do paciente, menor será a concentração de O2 ofertada, pois haverá mais mistura de O2 com o ar ambiente. FiO2 estimada pelo fluxo de O2 Fluxo O2 (L/min) FiO2 Ar ambiente 0 21% Cânula ou cateter nasal 1 24% 2 28% 3 32% 4 36% 5 40% 6 44% Máscara facial simples 5 – 6 L 40% 6 – 7 L 50% 7 – 8 L 60% Máscara de Venturi 3 24% 6 28% 8 31% 12 35% 15 40% 15 50% - Oxigenoterapia hiperbárica: A oxigenoterapia hiperbárica consiste, resumidamente, em submeter um paciente a uma pressão de oxigênio superior à atmosférica, dentro de uma câmara fechada. Essas câmaras são, em essência, cilindros metálicos resistentes à pressão, com janelas para visualização. Algumas câmaras projetadas para tratamento individual são construídas com acrílico transparente resistente à pressão, o que permite o contato visual com o paciente e minimiza a incidência de sintomas de claustrofobia, bastante elevada nesse tipo de equipamento. Durante a realização do tratamento hiperbárico, o paciente é acompanhado e assistido quanto aos procedimentos de rotina ou de emergência. Para sua segurança e conforto, as câmaras hiperbáricas são dotadas de um sistema de rádio que mantém constante a comunicação entre o doente e o funcionário do serviço de oxigenoterapia (SARMENTO, 2015) Embora utilizada desde os anos 1960 para diferentes afecções, com base fisiológica no aumento da oxigenação dos tecidos pelo aumento do oxigênio dissolvido no plasma quando o mesmo é respirado em condições de pressão elevada, o uso da oxigenoterapia hiperbárica é, ainda hoje, motivo de controvérsia. Apesar de existir um grande número de artigos publicados sobre o assunto, a maioria dos trabalhos realizados resume-se a descrições de casos e ensaios clínicos não controlados ou com controles inadequados, o que fornece pouca evidência para sua indicação em diferentes situações clínicas (SARMENTO, 2015). REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADDE, Fabíola V. et al. Recomendações para oxigenoterapia domiciliar prolongada em crianças e adolescente. Jornal de Pediatria, v. 89, n. 1, p. 8-17, 2013. SARMENTO, George Jerre Vieira. O ABC da fisioterapia respiratória. 2. ed. – Barueri, SP : Manole, 2015. MECÂNICA, DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO. Versão eletrônica oficial AMIB e SBPT. I Fórum de diretrizes em ventilação mecânica, 2013. SILVA, Francisca Soraya Lima et al. Uso da oxigenoterapia em pacientes agudos: uma revisão sistemática. Fisioterapia Brasil, v. 20, n. 6, p. 810-819, 2019.
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