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Oxigenoterapia Utilizam-se várias modalidades de tratamento no cuidado de clientes com doenças respiratórias. A escolha da modalidade se baseia no distúrbio de oxigenação e se há um problema com a ventilação de gases, difusão de gases ou ambos. Os tratamentos variam de terapias simples e não invasivas (oxigenoterapia e nebulização, fisioterapia respiratória, reeducação respiratória) a tratamentos complexos e altamente invasivos (intubação, ventilação mecânica, cirurgia). Oxigenoterapia Consiste na administração de oxigênio (O2) a uma concentração maior do que a encontrada na atmosfera ambiente (que é de 21%). Objetivos - Fornecer O2 para o transporte adequado no sangue; - Diminuir o trabalho respiratório; - Reduzir o estresse sobre o miocárdio, minimizando a carga cardiopulmonar; - Corrigir e melhorar os sintomas relacionados a hipóxia; - Melhorar a oxigenação tissular do paciente; - Facilitar a absorção de ar das cavidades orgânicas; - Manter os níveis de saturação do paciente de 90% a 100%; - Aumento da sobrevida; - Diminuir o tempo de hospitalização; - Reduzir a dispneia; - Melhorar o desempenho psicomotor. Indicações - Mudança na frequência ou padrão respiratório do cliente; - Hipoxemia (diminuição na pressão arterial de O2 no sangue), que se manifesta por alterações no estado mental (julgamento prejudicado, agitação, desorientação, confusão mental, letargia e coma), dispneia, elevação da pressão arterial, alterações no ritmo cardíaco, arritmias, cianose central (sinal tardio), sudorese e extremidades frias. - Hipoxia (diminuição no suprimento de O2 aos tecidos e células), que se manifesta por alterações no sistema nervoso central, falta de coordenação e julgamento prejudicado, semelhantes a uma intoxicação alcoólica, fadiga, sonolência, apatia, desatenção e tempo de reação retardado. OBS: A necessidade de O2 é avaliada por meio da análise da gasometria arterial, oximetria de pulso e avaliação clínica. Avaliação clínica - Sinais de hipóxia (Sat O² < 90% em ar ambiente e repouso ou Sat O² < 88% durante exercícios ou sono em cardiopatas ou pneumopatas); - Sinais respiratórios (taquipneia, cianose progressiva, retração intercostal, batimento de asa do nariz); - Sinais cardíacos (taquicardia, bradicardia, hipotensão, parada cardíaca); - Sinais neurológicos (inquietação, confusão mental, prostração, convulsão, rebaixamento do nível de consciência); Oxigenoterapia - Parada Cardiorrespiratória (PCR); - IAM (Reduz sobrecarga cardíaca); - Intoxicação por gases, fumaça (CO); - Traumatismos graves; - Angina instável; - Recuperação pós-anestésica (procedimentos cirúrgicos); - Insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada; - Insuficiência cardíaca congestiva (ICC); - Apneia obstrutiva do sono. Complicações Em geral, os clientes com distúrbios respiratórios recebem oxigenoterapia apenas para aumentar a pressão de oxigênio no sangue arterial (PaO2) de volta aos níveis basais (60 a 95 mmHg). A hemoglobina arterial nesses níveis está 80 a 98% saturada com O2; o fluxo com uma maior fração inspirada de oxigênio (FIO2 – concentração de O2 administrado) não acrescenta muito O2 às hemácias ou plasma. Em vez de ajudar, isso pode exercer efeitos tóxicos sobre os pulmões e o sistema nervoso central, ou deprimir a ventilação. É importante fazer o exame a procura de indicadores sutis de oxigenação inadequada quando o O2 é administrado por qualquer método. Portanto, a enfermeira avalia o cliente com frequência a procura de confusão mental, agitação psicomotora que progride para letargia, sudorese, palidez, taquicardia, taquipneia e hipertensão. Toxicidade por O2 Pode ocorrer quando uma concentração elevada de O2 (superior a 50%) é administrada durante um período prolongado (superior a 48h). É causada pelo excesso de produção de radicais livres de O2, que são subprodutos do metabolismo celular. Se a toxicidade por O2 não for tratada, esses radicais podem danificar seriamente ou matar as células. Os sinais e sintomas de toxicidade por O2 incluem desconforto subesternal, parestesias, dispneia, apneia em pacientes portadores de DPOC, ressecamento das mucosas, agitação psicomotora, fadiga, mal-estar, dificuldade respiratória progressiva, hemorragia (concentrações de O2 > 50%, por tempo prolongado), hipoxemia refratária, atelectasia alveolar (concentrações de O2 > 50%, por tempo prolongado) e infiltrado alveolar nas radiografias de tórax. A prevenção da toxicidade por O2 é conseguida utilizando-se oxigênio apenas conforme prescrito. Se forem necessárias altas concentrações de O2, é importante minimizar o tempo de administração e reduzir a sua concentração o mais rapidamente possível. Supressão da ventilação Em muitos clientes com DPOC, o estímulo para a respiração é a diminuição do O2 no sangue, em vez da elevação dos níveis de CO2. A administração de uma alta concentração de O2 remove o impulso respiratório Oxigenoterapia que era criado em grande parte pela baixa tensão de O2 crônica do cliente. O decréscimo resultante na ventilação alveolar pode causar aumento progressivo na pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2). A hipoventilação induzida pelo O2 é prevenida pela administração de O2 em taxas baixas (1 a 2 ℓ/min) e pelo monitoramento atento da frequência respiratória e da saturação de O2 medida pela oximetria de pulso (SpO2). Outras complicações Como o O2 alimenta a combustão, há sempre o perigo de incêndio durante seu uso. É importante colocar placas com a indicação “Proibido fumar” quando o O2 está em uso. Equipamentos de oxigenoterapia são também potenciais fonte de infecção cruzada de bactérias; portanto, é importante a troca dos tubos de acordo com a política de controle de infecção e com o tipo de equipamento de fornecimento de O2. Fluxo de O2 x Concentração ofertada - 1 L/min = 25% - 2 L/min = 29% - 3 L/min = 33% - 4 L/min = 37% - 5 L/min = 41% - 6 L/min = 45% Métodos de administração de O2 O O2 é distribuído a partir de um cilindro ou de um sistema canalizado (rede de gases/régua). É necessário um redutor de calibre para reduzir a pressão a um nível de trabalho. Um manômetro possui sensores com capacidade para medir o nível de pressão dentro do cilindro, que calcula a quantidade de O2 comprimido no reservatório. Esse equipamento garante aos pacientes a ausência de surpresas indesejadas relativas ao estoque de O2 no cilindro. Um medidor de fluxo (fluxômetro) regula o fluxo de oxigênio em litros por minuto (ℓ/min). Quando o O2 é utilizado em altas taxas de fluxo, deve ser umidificado por um sistema de umidificação para evitar o ressecamento das mucosas do sistema respiratório (coloca-se umidificador com água destilada até o nível indicado); Utilizam-se muitos dispositivos de O2 diferentes. O volume de O2 fornecido é expresso como uma concentração percentual. Oxigenoterapia Os sistemas de fornecimento de O2 são classificados como de baixo ou alto fluxo. - Sistemas de baixo fluxo: contribuem parcialmente com o gás inspirado que o cliente respira; estes sistemas não fornecem uma concentração constante ou precisa de O2 inspirado; o volume de O2 inspirado muda conforme a respiração do cliente se altera. - Sistemas de alto fluxo: fornecem todo o ar inspirado; uma porcentagem específica de O2 é entregue independentemente da respiração do cliente; os sistemas de alto fluxo são indicados para clientes que necessitam de volume constante e preciso de O2. Sistemas de baixo fluxo Cateter oro/nasofaríngeo O cateter oro/nasofaríngeo é introduzido na cavidade nasal (distância= comprimento entre a ponta donariz e o lóbulo da orelha). É raramente usado, mas pode ser prescrito durante breves períodos para administrar concentrações de O2 baixas a moderadas. O cateter deve ser trocado a cada 8h, alternando as narinas para evitar a irritação nasal e a infecção. OBS: Quando o O2 é administrado por meio de uma cânula ou cateter, a porcentagem de O2 que chega aos pulmões varia conforme a profundidade e a velocidade da respiração, particularmente se a mucosa nasal estiver edemaciada ou se o cliente for um respirador bucal. Taxa de fluxo sugerida (l/min): 1 a 6. Porcentagem de O2 estabelecida: 23 a 42. Vantagens: barato, não exige traqueostomia. Desvantagens: irritação da mucosa nasal, o cateter deve ser trocado com frequência para alternar as narinas. Cânula nasal ou tipo óculos Utilizada quando o cliente necessita de concentrações baixa a média de O2, em que a precisão não é essencial. Este método possibilita que o cliente se movimente no leito, fale, tussa e coma sem interromper o fluxo de O2. Taxa de fluxo sugerida (l/min): 1 a 2, 3 a 5, 6. Taxas superiores a 4 a 6 ℓ /min podem causar a deglutição de ar ou irritação e ressecamento das mucosas nasal e faríngea. Porcentagem de O2 estabelecida: 23 a 30, 30 a 40, 42. Oxigenoterapia Vantagens: leve, confortável, uso contínuo durante as refeições e atividade. Desvantagens: ressecamento da mucosa nasal, FIO2 variável. Máscara facial simples As máscaras simples são usadas para administrar O2 em concentrações baixa a moderada. O corpo da própria máscara coleta e armazena o O2 entre as respirações. O cliente expira diretamente através de aberturas no corpo da máscara. Se o fluxo de O2 cessar, o cliente pode “puxar ar” por meio dessas aberturas em torno das bordas da máscara. Apesar de muito utilizadas, essas máscaras não podem ser usadas quando se precisa de concentrações de O2 controladas e devem ser ajustadas para obter um encaixe adequado. Não devem ser pressionadas com muita força contra a pele, pois isso pode causar sensação de claustrofobia, bem como soluções de continuidade na pele; fornecem-se faixas elásticas ajustáveis para garantir o conforto e a segurança. Taxa de fluxo sugerida (l/min): 6 a 8 (4 a 15 no slide). Porcentagem de O2 estabelecida: 40 a 60. Vantagens: simples de usar, barata. Desvantagens: ajuste ruim, FIO2 variável, precisa ser retirada durante alimentação. Máscara com reservatório A máscara com reservatório é acoplada a uma bolsa-reservatório inflável que deve permanecer insuflada durante a inspiração e a expiração. A enfermeira ajusta o fluxo de O2 para garantir que a bolsa não colapse durante a inspiração. Uma alta concentração de O2 pode ser entregue, porque tanto a máscara quanto a bolsa servem como reservatórios para o O2. Taxa de fluxo sugerida (l/min): 7 a 10 (slide). Porcentagem de O2 estabelecida: 50 a 75. Vantagens: boa concentração de O2. Desvantagens: mal ajustada, tem de ser removida durante a alimentação. Oxigenoterapia Sistemas de alto fluxo Máscara de Venturi A máscara de Venturi é o método mais confiável e preciso para entregar concentrações precisas de O2 por métodos não invasivos (entregam um fluxo menor ou igual a demanda ventilatória). A máscara é construída de modo a possibilitar um fluxo constante de ar ambiente misturado com um fluxo fixo de O2. É usada principalmente em clientes com DPOC, pois pode fornecer níveis adequados de O2 suplementar com precisão, evitando assim o risco de suprimir o impulso hipóxico. Para cada litro de O2 que passa por um orifício de jato, uma proporção fixa de ar ambiente é arrastada junto. Variando o tamanho do orifício do jato e ajustando o fluxo de O2, pode-se entregar um volume preciso de O2. O excesso de gás deixa a máscara por dois orifícios de expiração, levando com ele o dióxido de carbono expirado. Este método possibilita que uma concentração de O2 constante seja inspirada, independentemente da profundidade ou frequência respiratória. A máscara deve ajustar-se confortavelmente o suficiente para evitar que o O2 flua em direção aos olhos do cliente. A enfermeira examina a pele do cliente a procura de irritações. É necessário remover a máscara para que o cliente possa comer, beber e ingerir medicamentos, momento em que o oxigênio suplementar é fornecido por meio de uma cânula nasal. Taxa de fluxo sugerida (l/min): 40 a 78 (slide). Porcentagem de O2 estabelecida: 24 a 50; Vantagens: boa concentração de O2. Desvantagens: mal ajustada, tem de ser removida durante a alimentação. Efeitos positivos do O2 - Melhora da troca gasosa pulmonar; - Melhora do débito cardíaco; - Diminuição da pressão arterial pulmonar; - Diminuição da resistência arterial pulmonar; Oxigenoterapia - Diminuição do trabalho da musculatura cardíaca. Principais cuidados - Não administrar sem o redutor de pressão e o fluxômetro; - Colocar umidificador com água destilada até o nível indicado; - Colocar aviso de "Não fumar" na porta do quarto do paciente; - Controlar a quantidade de litros por minutos; - Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados e em bom funcionamento; - Dar apoio psicológico ao paciente; - Trocar diariamente a cânula, os umidificadores, o tubo e outros equipamentos expostos à umidade; - Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente, observando o volume de água do umidificador e a quantidade de litros por minuto; - Explicar as condutas e as necessidades da oxigenoterapia ao paciente e acompanhante. - Fazer revezamento das narinas a cada 8 horas (cateter nasofaríngeo); - Avaliar com frequência as condições do paciente, sinais de hipóxia e anotar e dar assistência adequada; - Manter vias aéreas desobstruídas; - Controlar sinais vitais.
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