Buscar

TIPOS DE SOCIEDADES E LEGISLACAO APLICADA

Prévia do material em texto

TIPOS DE SOCIEDADES SIMPLES E LEGISLAÇÃO APLICADA
	Diante da leitura dos arts. 982, 983 e 997 a 1.038 do CC. podemos estabelecer que a sociedade simples poderá assumir cinco formas ou tipos societários, sendo eles os seguintes:
I. Sociedade simples comum ou simples simples (arts. 997 a 1.038 CC.).
II. Sociedade simples em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044 CC. e subsidiariamente arts. 997 a 1.038 CC.).
III. Sociedade simples em comandita (arts. 1.045 a 1.051 CC. e subsidiariamente arts. 997 a 1.038 CC.).
IV. Sociedade simples limitada (arts. 1.052 a 1.087 CC. e subsidiariamente arts. 997 a 1.038 CC.).
V. Sociedade cooperativa (arts. 1.093 a 1.096 CC. e a lei 5.764/70).
SOCIEDADES SIMPLES COMUNS
	As sociedades simples comuns tem o art. 997 CC. à estipulação de condições mínimas ou obrigatórias para o preenchimento do contrato, ressaltando que no parágrafo único se dita a ineficácia do pacto feito m separado, em especial quando contiver disposições contrárias ao registro.
	O ato de constituição será feito através de um contrato personalizado, que será o primeiro passo para o registro e devida constituição da personalidade jurídica, conforme disciplinam os arts. 45, 985 e 997 do Código Civil. Este registro deverá ser providenciado no cartório de registro civil das pessoas jurídicas no local de sua sede e no das filiais se for o caso, com exceção das cooperativas que tem estatuto que são arquivadas nas juntas comerciais. Há de se ressaltar que as demais sociedades simples são contratuais.
	A sociedade simples rompe com a ótica empresarial, posto que as sociedades simples são marcadas por uma “pessoalidade” e o capital passa a ter um papel secundário em relação a importância das pessoas que fazem parte desta pessoa jurídica, mas não impede a possibilidade de investidores, como pode acontecer nas sociedades com livre cessibilidade das cotas, ou ainda nos casos dos sócios que sofram com uma incapacidade superveniente, conforme o art. 1.030 CC. 
	Relação entre os sócios: como já visto, a ótica das sociedades simples diverge das sociedades empresárias, e na maioria dos casos se caracterizará pelo trabalho individual de cada sócio, sem escalas ou rotinas voltadas para maximização dos resultados para o mercado, mais uma vez fazendo prevalecer o elemento pessoal, como se observa nos arts. 1.002 e 1.003 do CC.
	Um outro aspecto importante das sociedades simples está na organização peculiar dos sócios na vida social, posto que este pode participar da constituição do capital social, em regra buscando resultados econômicos ou simplesmente estabelecer que o capital a ser empregado só estará ligado ao rateio das perdas sociais , em valor equivalente ao seu investimento e previsto contratualmente, assim como a sociedade pode ser pensada apenas para o rateio de despesas, e tudo dependerá “afectio societatis” ou afeição social.
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
	Tem previsão entre os arts. 1.039 a 1.044 CC. e são a mais antiga forma de sociedade, pois se observa a sua existência desde aa antiguidade, quando uma família (a regra) ou pessoas bastante próximas se juntavam para o exercício de uma prática produtiva, motivo pelo qual a doutrina indica que estas são sociedades familiares, de pessoas e com a responsabilidade solidária e ilimitada.
	Devemos ressaltar que muitos são os autores que discordam do fato desta ser o primeiro tipo de sociedade, baseando esta afirmação no fato dela não ser a primeira tratada do ponto de vista legal, todavia não negam que de fato a sociedade em nome coletivo é bem mais antiga do que as sociedades em conta de participação ou as sociedades em comandita, derivadas do contrato de comendas ou pacotiglias. 
	A sociedade em nome coletivo nasce na Itália, mais precisamente na idade média, notadamente como uma sociedade familiar, diante das práticas de artesãos e comerciantes, posteriormente, foi adotada pelo Código Comercial Frances de 1807 e pelo Código Comercial Brasileiro em 1850, no atual Código Civil ela é regida entre os artigos 1.039 a 1.044, podendo ser tanto uma sociedade simples quanto uma sociedade empresária, de acordo com o seu objeto.
	A sociedade em nome coletivo é constituída por uma única categoria de sócios: com responsabilidade solidária e ilimitada (embora subsidiária).
· CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO:
· Subsidiariedade que é asseverado no art. 1.024 CC.
· Todos os sócios podem gerir a sociedade, com amplos poderes, salvo na hipótese do contrato social indicar, limitar, especificar poderes para cada um dos sócios, com exercício coletivo ou individual. 
· A firma ou razão social poderá conter por extenso o nome dos sócios, ou o nome abreviado de um acompanhado da expressão “e companhia”, por extenso ou abreviadamente em conformidade com o art. 1.041 CC.
· O art. 1.042 CC. estabelece que a administração da sociedade competirá exclusivamente para os sócios, vedando-se a eleição de um terceiro como administrador, embora seja possível a nomeação de procuradores, desde que a sua presença e atuação não se torne regra.
Esse modelo de sociedade não é mais utilizado na prática, diante do fato da responsabilidade dos sócios ser solidária e ilimitada.
SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
	Do pondo de vista legal essa é a sociedade mercantil mais antiga de que se tem noticia, surgindo na idade média, mais especificamente em Florença na Itália, como decorrência do contrato de comenda ou de pacotiglia, significam depósito ou guarda, quando um investidor ou capitalista entregava recursos financeiros nas mãos de outras pessoas (geralmente capitães de navios ou negociadores) para que estes em seu próprio nome, risco e responsabilidade comercializarem mercadorias e após o lucro seria repartido, conforme acordado no contrato social. Vale ressaltar que os contratos de comenda e pacotiglia existiam desde o século XII.
	Geralmente os sócios investidores ficavam ocultos e só eram conhecidos pelos sócios ostensivos ou trabalhadores, até como forma de segurança pessoal. O tratamento deste tipo societário ocorrerá na França em 1807 no Código Comercial Frances, e no Brasil o tratamento se inicia no Código Comercial de 1850 e atualmente nos arts 1.045 a 1.051 do Código Civil.
· Conceito e características: a definição de sociedade em comandita simples repousa no texto do art. 1.045 CC. que estabelece uma sociedade formada por duas categorias de sócios:
a) Sócios comanditados (solidários com responsabilidade ilimitada): que só poderão ser pessoas físicas, responsáveis pela gestão da sociedade.
b) Sócios comanditários (os investidores ou capitalistas): que poderão ser pessoas físicas ou jurídicas e terão sua responsabilidade circunscrita ao valor de sua cota de investimento.
	O art. 1.047 CC. estabelece que o sócio comanditário poderá participar das deliberações da sociedade ou fiscalizar as suas operações, porém jamais deverá praticar qualquer ato de gestão ou de administração, caso contrário será considerado como sócio comanditado, passando a ter responsabilidade solidária e ilimitada.
	A sociedade em comandita simples, assim como a sociedade em nome coletivo, é uma sociedade de pessoas, portanto não poderá utilizar como nome as denominações, utilizando a firma ou razão social com o nome do sócio solidário, acrescentando por extenso ou abreviadamente a palavra “companhia”, sendo vedada a inclusão expressa do sócio comanditário. 
O parágrafo único do art. 1.047 CC. estabelece a possibilidade de constituição de procuradores que atuem em nome da sociedade. 
SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA
	A sociedade limitada representa o tipo societário mais utilizado pela praxe comercial brasileira, correspondendo a aproximadamente mais de 90% dos registros de sociedade no Brasil. O motivo desta preferência basicamente se justifica com duas características específicas que tornam uma sociedade limitada bastante atrativa para os pequenos e médios empreendimentos:
1. Contratualidade: as relações entre os sócios podem pautar-se nas disposições de vontade destes, sem os rigores ou balizamentospróprios do regime legal da sociedade anônima, por exemplo. Sendo limitada contratual, e não institucional, a margem para negociações entre os sócios é maior. 
2. Limitação da responsabilidade dos sócios: os empreendedores e investidores podem limitar as perdas em caso de insucesso da empresa. Ou seja, os sócios só respondem, em regra, pelo capital social da limitada. Uma vez integralizado todo capital da sociedade, os credores sociais não poderão executar seus créditos do patrimônio particular dos sócios, preservando-se os bens destes em caso de falência da limitada.
	A legislação aplicada as sociedades limitadas será basicamente o código civil, especificamente nos artigos 1.050 à 1.087.
O art. 1.053 do CC. estipula que de forma supletiva poderão ser aplicados os artigos referentes a sociedades simples comuns, porém o parágrafo único do art. 1.053 CC. possibilita a escolha à lei das sociedades anônimas como legislação suplementar (lei 6.404/76), desde que esta opção esteja expressa no momento do contrato.
	A regra básica são esses artigos, mas também se podem utilizar os artigos das sociedades simples comuns. Ocorrendo isso, quando se precisa de muitos sócios, será necessária uma assembleia para manter essa sociedade.
Uma sociedade cooperativa precisa hoje de pelo menos 20 sócios.
	Todas essas sociedades precisam de um sistema mais rígido para serem criadas. A lei das cooperativas precisa de um estatuto e um código de ética. Uma sociedade estatutária é muito mais difícil de ser criada que uma sociedade contratual. 
	Existe também uma ideia de limitação para todas as sociedades, onde a primeira a vir com essa ideia é a sociedade limitada (sociedade por cotas de responsabilidade limitada, antes do código civil de 2002).
· Contrato Social: as sociedades limitadas são claramente sociedades contratuais e tais contratos são plurilaterais, ainda assim, eles precisam da configuração de “afecio societatis” (afeição social). Só está presente porque quer, quando não quiser sai. O contrato social deverá ser formalizado dentro dos poderes do artigo 1.054 CC. que indica a utilização, no que couber, do artigo 997 CC.
O art. 1.052 CC. estabelece que só um tipo de sócio existirá nas sociedades limitadas, os sócios com responsabilidade limitada, porém, todos os sócios terão responsabilidade solidária pela integralização do capital social, cabendo o exercício do direito de regresso contra os sócios que não horaram com o seu compromisso contratual ou a transformação do quadro societário ou ainda a modificação das cotas, de acordo com o que se estabelecer consensualmente.
	A sociedade limitada admite que terceiros, não sócios, possam ser administradores da sociedade, conforme o art. 1.016 CC. podendo ser pessoa física ou pessoa jurídica.
A designação de administrador que não seja sócio dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios se o capital estiver não integralizado, caso ele esteja integralizado a aprovação terá de ser por no mínimo 2/3 dos sócios (art. 1.061 CC.).
	Nome empresarial: pode ser instituído como firma ou como denominação social e segue a regra do art. 1.155 CC. sendo imprescindível a utilização da palavra limitada, por extenso ou abreviadamente.
[1]

Continue navegando