Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO DE NAVEGAÇÃO E AERONÁUTICO AULA 4 Prof. Eduardo Biacchi Gomes 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos do papel fundamental exercido pela Marinha Mercante, verificando a regulação dessa importante atividade e seus desafios. Iniciaremos, assim, no Tema 1, explanando algumas noções gerais do regime jurídico da Marinha Mercante, para que você entenda a importância da regulação marítima interna e internacional, constatando que a Marinha Mercante ainda enfrenta desafios de uniformização, mas já conta com regras específicas. No Tema 2, analisaremos a figura do navio, sua importância e classificação jurídica, a fim de demonstrar a natureza jurídica complexa desse instrumento essencial para o exercício de atividades no mar. No Tema 3, veremos as áreas marítimas e as espécies de navegação, enquanto no Tema 4 estudaremos as áreas marítimas e os tipos de navegação. Trata-se de temas essenciais para conhecer o regime jurídico a ser aplicado e as incidências legais possíveis. Por fim, no Tema 5, trataremos de situações que também são regidas pelo Direito Marítimo, como acidentes e fatos da navegação. O objetivo central, aqui, é procurar demonstrar as consequências de tais atos perante o Tribunal Marítimo. Boa aula e bons estudos! CONTEXTUALIZANDO A Marinha Mercante exerce variadas atividades importantes para as relações sociais, dentre as quais se destaca a do turismo, com seus cruzeiros marítimos ao redor do mundo. Ora, quem nunca sentiu vontade de viajar em um cruzeiro marítimo para conhecer o mundo em um local de múltiplos serviços, ou mesmo já trabalhou em cruzeiros que circundavam o mundo todo, atendendo a diversos turistas? No Brasil, a tendência é implementar melhorias e proporcionar maiores buscas pelos serviços marítimos turísticos, conforme já sinalizado pela política (Amaral, 2019). Assim sendo, tomando-se em conta o cruzeiro marítimo, duas perguntas centrais são colocadas: (1) qual a legislação aplicável ao cruzeiro? (2) para aprimoramento da atividade turística via mar no Brasil, quais os aprimoramentos possíveis? Refletiremos nesta aula e responderemos às indagações colocadas. 3 TEMA 1 – REGIME JURÍDICO DA MARINHA MERCANTE: NOÇÕES GERAIS Antes de tudo, é preciso termos noções gerais do que consiste a atividade da Marinha Mercante e de qual é sua importância para o comércio em geral, assim como qual o papel do agente de comércio exterior nesse cenário. Vimos em aulas anteriores que os Estados se fizeram fortalecidos por conta do poder marítimo, e, nesse contexto, a Marinha Mercante, ao lado da Marinha do Estado (no caso do nosso país, temos a Marinha do Brasil, parte das Forças Armadas), é peça fundamental para alavancar nações e promover o comércio entre os povos, assim como é uma via apta a proporcionar o lazer (a exemplo dos cruzeiros marítimos voltados ao turismo) e fonte de sobrevivência para muitos (por meio da pesca, por exemplo). Inclusive, a procura pelas vias marítimas só tende a aumentar, na medida em que o mar pode ser capaz de proporcionar acessos a locais inalcançáveis pela travessia terrestre e agilidade em termos de tempo despendido e gastos (Vianna, 2019). Por isso, existe todo um conjunto próprio de normas jurídicas para cuidar de sua manutenção e avanço, ao qual denominamos regime jurídico da Marinha Mercante. Embora não haja um único código ou uma única lei sobre o tema, há uma diversidade de legislações nacionais e fontes internacionais que compõem tal regime jurídico. Por essa razão, neste momento delinearemos as principais normas, de conhecimento imprescindível. Assim sendo, também a Marinha Mercante enfrenta o desafio de uniformizar e de analisar conflitos variados de normas, em um verdadeiro mosaico a ser observado pelos envolvidos. Consequentemente, do profissional de Comércio Exterior, é exigido o conhecimento desse regime jurídico para resolver questões do cotidiano, em conjunto com experts jurídicos. Vale lembrar que a Marinha Mercante deve observar tanto normas internas quanto normas internacionais, as quais dependem de fatores como a zona marítima em que o navio se encontra, a bandeira do navio, o tipo de navegação marítima realizado. TEMA 2 – O NAVIO: IMPORTÂNCIA E CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA O navio é a figura essencial no contexto da navegação marítima, sendo necessário verificar a sua proteção jurídica, já que é por meio dele que se extrai, por vezes, o regime jurídico a ser aplicado no caso concreto. 4 Além disso, há certa confusão, no Direito, entre as expressões “navio” e “embarcação”, de modo que se entende que “o direito brasileiro consolida tendência contemporânea e considera o navio mercante uma espécie de embarcação” (Martins, 2015, p. 123). A natureza jurídica do navio também é aspecto interessante: se, por um lado, são considerados bens móveis pelo, já que é possível movimentá-los e se enquadram no art. 82 do Código Civil, por outro, por vezes, recebe especial tratamento de bem imóvel, dotado de direitos reais relevantes, como a hipoteca, por exemplo. Segundo o Código Civil Brasileiro (Brasil, 2002, grifo nosso): Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. [...] Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles; II - o domínio direto; III - o domínio útil; IV - as estradas de ferro; V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham; VI - os navios; VII - as aeronaves. VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007) IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007) X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei n. 11.481, de 2007) § 1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. (Renumerado do parágrafo único pela Lei n. 11.481, de 2007) São elementos indicadores do navio, de acordo com Accioly, Casella e Silva (2011, p. 887): 1. Nome 2. Bandeira 3. Domicílio 4. Arqueação 5. Papéis de bordo. O nome é obrigatório e faz parte do navio, devendo localizar-se em local visível e estar inscrito no registro de matrícula do navio (Accioly, Casella; Silva, 2011, p. 887). A bandeira, ao lado do domicílio, é importante para determinar a nacionalidade do navio e saber onde se encontram registrados, sendo comprovados por meio dos papéis de bordo. O domicílio é o lugar onde o navio foi inscrito (Accioly, Casella; Silva, 2011, p. 887). 5 A Lei n. 7.652/1988, de 3 de fevereiro de 1988 (Brasil, 1988, grifo nosso), dispõe sobre o registro da Propriedade Marítima, estabelecendo que: Art. 3º As embarcações brasileiras, exceto as da Marinha de Guerra, serão inscritas na Capitania dos Portos ou órgão subordinado, em cuja jurisdição for domiciliado o proprietário ou armador ou onde for operar a embarcação. (Redação dada pela Lei n. 9.774, de 1998) Parágrafo único. Será obrigatório o registro da propriedade no Tribunal Marítimo, se a embarcação possuir arqueação bruta superior a cem toneladas, para qualquer modalidade de navegação. (Incluído pela Lei n. 9.774, de 1998). A arqueação, ao seu turno, indica o volume do navio, sem haver métodos de avaliação uniformes, mas muito utilizados na prática marítima (Accioly, Casella; Silva, 2011, p. 887). Ainda acerca da documentação do navio, vale frisar os documentos que o navio deve ter disponível (Martins, 2015, p. 192-193): I. Provisão do registro de propriedade marítima (PRPM) ou Título de Inscrição da Propriedade (TIE) – documentos que comprovam a propriedade e a nacionalidade do navio; II. Certificado de registro emitido pelo país de origem (para embarcações estrangeiras afretadas); III. Certificadode autorização de afretamento (CAA) do Ministério dos Transportes (para navios estrangeiros afretados); IV. Atestado de inscrição temporária (para embarcações estrangeiras afretadas) V. Bilhete de seguro obrigatório de danos pessoais causados por embarcações e sua carga (Dpem); VI. Certificado de compensação de agulha/curva de desvio; VII. Certificado de calibração do radiogoniômetro/tabelas de correção; VIII. Certificado de classe; IX. Certificado de segurança da navegação (CSN); X. Certificado de arqueação; XI. Certificado de borda-livre (para as embarcações não Solas, emite- se certificado nacional de borda-livre; para as embarcações Solas, certificado internacional de borda-livre); XII. Certificado de tração estática. Além da documentação mencionada, deverão portar documentos atinentes às seguintes convenções internacionais: I. Solas; II. II. CG/IGC, emendas de 1983 à Solas; III. Marpol, 1973/1978 IV. BCH/IBC, emendas de 1983 à Solas; V. Linhas de Carga (1996); VI. Arqueação (1969) Outros elementos podem ser mencionados pela doutrina, como capacidade, velocidade do navio (medida em nós – knots), deslocamentos etc., de modo que salientamos os principais e mais utilizados na prática marítima. É importante notar que os navios mercantes são navios privados, diferenciando-os dos navios públicos, pertencentes ao Estado. Os navios públicos possuem imunidade de jurisdição e são regidos por normas 6 internacionais próprias, como a Convenção de Bruxelas de 1926 (Brasil, 1936). TEMA 3 – ÁREAS MARÍTIMAS E ESPÉCIES DE NAVEGAÇÃO Como vimos, a atividade marítima tem várias facetas, sendo útil tanto para o comércio quanto para outras áreas da vida humana, como o lazer, o meio de acesso e de entrada de outros países etc. Por isso mesmo, é importante saber as espécies de acordo com as áreas marítimas, que não são uniformes, mas que não se contrapõem. De acordo com o conceito de Eliane Octaviano Martins (2015, p. 67): A navegação marítima consiste na exploração de serviços de transporte de mercadorias ou pessoas por via marítima ou vias navegáveis. Consubstancia-se em atividade realizada por uma embarcação para transladar-se por vias navegáveis de um ponto a outro, com direção e fins determinados. Na navegação marítima há diversos critérios classificatórios. Assim, a navegação comporta diversos tipos, conforme continua a ensinar Eliane Octaviano Martins (2015, p. 67): 1. Rota Marítima (maritime routes); 2. Área de navegação (navigation área); 3. Zona Marítima (maritime zone). No que diz respeito às rotas marítimas, destaca-se a existência de linhas de operação regular (liner) e de operação livre (tramp) (Ronen apud Martins, 2015, p. 3), conforme explicaremos: Na rota liner, o navio faz sempre uma rota preestabelecida, fixa, podendo ter apenas alguns desvios eventuais. É o que ocorre, em geral, quando navios têm data de chegada e de saída previamente definidas, com todos a bordo sabendo qual é a programação do navio. Por outro lado, na navegação tramp, o navio tem diversas possibilidades, podendo fazer caminhos e variações diversas a cada navegação. Saiba mais Confira as recomendações da Marinha Brasileira para navegação amadora, de esporte e recreio: <https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www. marinha.mil.br.dpc/files/intro_esp_recr.pdf>. Acesso em: 13 jan. 2020. Já as áreas de navegação comportam as seguintes classificações, conforme a Agência Nacional Brasileira de Transporte Aquaviário (ANTAQ) 7 (Antaq, 2019): 1. Navegação de cabotagem: é aquela realizada entre os portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou estas e as vias navegáveis interiores; 2. Navegação de longo curso: navegação realizada entre portos brasileiros e estrangeiros; 3. Navegação de apoio marítimo: é a realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona Econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos. 4. Navegação de apoio portuário: realizada exclusivamente nos portos e terminais aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias. No que tange à zona marítima, costuma-se classificar a navegação marítima em duas vias: navegação nacional, havida entre portos ou pontos marítimos de um mesmo país, ou navegação internacional, entre portos e pontos de diferentes países (Martins, 2015, p. 87). A classificação quanto às zonas é relevante para fins de segurança marítima dos Estados e exercício do poder marítimo. Já analisamos anteriormente as zonas marítimas nacionais e internacionais, tendo verificado a legislação brasileira aplicável — Lei n. 8.617/1993, que dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e dá outras providências — e a principal norma internacional atinente ao setor — Convenção de Montego Bay. Saiba mais Tanto a Lei n. 8.617/1993 como a Convenção de Montego Bay podem ser lidas online, em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8617.htm> e <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1990/decreto-99165-12-marco- 1990-328535-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 13 jan. 2020. Vale salientar que todas essas classificações são feitas para auxiliar a navegação marítima com segurança e agilidade, não sendo excludentes entre si, mas complementares, o que pode auxiliar tanto na atividade econômica entre particulares quanto em questões ambientais, de segurança e de poder havido entre os Estados. TEMA 4 – ÁREAS MARÍTIMAS E TIPOS DE NAVEGAÇÃO Nosso estudo de áreas marítimas e tipos de navegação terá como base, de acordo com o regime jurídico interno e internacional da Marinha Mercante, 8 questões de âmbito geográfico do tráfico e tráfego marítimos. Também ressaltaremos aqui alguns pontos essenciais que já foram estudados anteriormente. No âmbito interno, a navegação poderá se dar em mar aberto ou mar fechado (Martins, 2015, p. 89), havendo, ainda, águas interiores. Nesse sentido, rememoramos à imagem já estudada anteriormente. Figura 1 — Limites marítimos Fonte: Marinha Do Brasil – A Plataforma Continental. Contudo, vale o alerta de Eliane Octaviano Martins (2015, p. 95) no sentido de que o conceito de navegação em mar aberto não se confunde com conceito de navegação em alto-mar para o direito internacional público. Vide: Não obstante a navegação em mar aberto e a navegação em alto-mar derivarem do contexto classificatório que considera a área de navegação, a navegação em mar aberto contextualiza a área de navegação e abrange, per se, o tráfego marítimo em toda a sua extensão. Evidencia-se, portanto, que a navegação em alto-mar poderá consignar a posição do navio que trafega na navegação em mar aberto. Destarte, a navegação em mar aberto pode contemplar a navegação 9 em alto-mar como uma consequência operacional do trânsito do navio, assim como poderá ensejar a navegação oceânica, a navegação costeira, fluvial ou lacustre e a navegação em águas restritas. Efetivamente, tais espécies não consideram a área da navegação em toda a sua extensão – como referência o conceito e o contexto da navegação em mar aberto -, mas tem como paradigma a posição geográfica específica de tráfego do navio e a distância que se navega da costa ou do perigo mais próximo. O mar fechado, de acordo com a Convenção de Montego Bay, significa: um golfo, bacia ou mar rodeado por dois ou mais Estados e comunicando com outro mar ou com o oceano por uma saída estreita, ou formado inteira ou principalmente por mares territoriais e zonas econômicas exclusivas de dois ou mais Estados costeiros. Já as águas interiores são aquelas situadas no interior da linha de base do mar territorial, compreendendo rios, mares interiores, lagos, bacias, canais etc. Por vezes, a travessia pelas águas interiores é essencial a umpaís, seja para o comércio, seja para realizar qualquer atividade do cotidiano, como principal via utilizada, a exemplo do trânsito aquaviário no Amazonas. Aqui, o sentido jurídico de água interior nem sempre corresponde a seu sentido geográfico, por isso é preciso fazer um alerta: enquanto no seu sentido jurídico águas interiores são águas situadas no interior da linha de base do mar territorial, em seu sentido geográfico são águas encerradas no território do Estado, cercada de terras por todos os lados (Accioly, 2011, p. 152). De todo modo, seja interno ou internacional, regido pelo regime jurídico brasileiro ou internacional, a atividade marítima é um ramo de intensa cooperação e crescimento, com reflexos variados na vida de cada um de nós. TEMA 5 – ESTATUTO JURÍDICO DA MARINHA MERCANTE BRASILEIRA: ACIDENTES E FATOS DA NAVEGAÇÃO Chegou o momento de delinearmos as considerações finais sobre a Marinha Mercante brasileira, tratando das situações de acidentes e fatos da navegação e verificando a sua incidência legislativa. Infelizmente, a atividade marítima tem seus riscos, como encalhe, colisão, naufrágios, entre outros vários. Nessas situações, o Direito Marítimo não descuida das normas possíveis de aplicação. No Brasil, as questões relacionadas a acidentes e fatos da navegação estão na Lei n. 2.180/1954, de 5 de fevereiro de 1954, que dispõe acerca do 10 Tribunal Marítimo, competente para cuidar desses assuntos. De acordo com a referida lei (Brasil, 1954), pode-se conceituar acidente e fatos da navegação da seguinte forma: Art. 14. Consideram-se acidentes da navegação: a) naufrágio, encalhe, colisão, abalroação, água aberta, explosão, incêndio, varação, arribada e alijamento; b) avaria ou defeito no navio nas suas instalações, que ponha em risco a embarcação, as vidas e fazendas de bordo. Art. 15. Consideram-se fatos da navegação: a) o mau aparelhamento ou a impropriedade da embarcação para o serviço em que é utilizada, e a deficiência da equipagem; b) a alteração da rota; c) a má estimação da carga, que sujeite a risco a segurança da expedição; d) a recusa injustificada de socorro a embarcação em perigo; e) todos os fatos que prejudiquem ou ponham em risco a incolumidade e segurança da embarcação, as vidas e fazendas de bordo. f) o emprego da embarcação, no todo ou em parte, na prática de atos ilícitos, previstos em lei como crime ou contravenção penal, ou lesivos à Fazenda Nacional. (Incluído pela Lei n. 5.056, de 1966) O Tribunal Marítimo, assim, avaliará cada situação, verificando as causas do acidente ou do fato da navegação, o nexo causal e a responsabilização dos oficiais e/ou tripulantes responsáveis. São as sanções (penalidades) que podem ser aplicadas pelo Tribunal Marítimo: TÍTULO V CAPÍTULO I Das Penalidades (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) Art. 121. A inobservância dos preceitos legais que regulam a navegação será reprimida com as seguintes penas: (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) I - repreensão, medida educativa concernente à segurança da navegação ou ambas; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) II - suspensão de pessoal marítimo; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) III - interdição para o exercício de determinada função; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) IV - cancelamento da matrícula profissional e da carteira de amador; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) V - proibição ou suspensão do tráfego da embarcação; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) VI - cancelamento do registro de armador; (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) VII - multa, cumulativamente ou não, com qualquer das penas anteriores.(Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) § 1º A suspensão de pessoal marítimo será por prazo não superior a doze meses. (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) § 2º A interdição não excederá a cinco anos. (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) § 3º A proibição ou suspensão do tráfego da embarcação cessará logo que deixem de existir os motivos que a determinaram, ou, no caso de falta de registro das embarcações obrigadas a tal procedimento, logo que seja iniciado o processo de registro da propriedade. (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) 11 § 4º Em relação a estrangeiro, a pena de cancelamento da matrícula profissional será convertida em proibição para o exercício de função em águas sob jurisdição nacional. (Redação dada pela Lei n. 8.969, de 1994) § 5º A multa será aplicada pelo Tribunal, podendo variar de onze a quinhentas e quarenta e três Unidades Fiscais de Referência (UFIR), ressalvada a elevação do valor máximo nos casos previstos nesta lei. (Incluído pela Lei n. 8.969, de 1994) § 6º As penalidades de multa previstas nesta lei serão convertidas em Unidade Real de Valor - URV, ou no padrão monetário que vier a ser instituído, observados os critérios estabelecidos em lei para a conversão de valores expressos em UFIR. (Incluído pela Lei n. 8.969, de 1994) Além da atuação do Tribunal Marítimo, é também preciso atenção quanto às normas relativas à Agência Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ), à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) entre outras É sempre necessário, pois, que a atividade marítima desenvolva em atenção primordial a seus navegantes e tripulantes, de modo a procurar evitar acidentes e fatos de navegação. Saiba mais No site da ANVISA está disponível um conjunto de informações destinadas a cruzeiros marítimos. Confira em: <http://portal.anvisa.gov.br/cruzeiros>. Acesso em: 13 jan. 2020. TROCANDO IDEIAS A figura do navio sempre foi emblemática para o Direito Marítimo, conferindo suas bases. Contudo, o navio passou por muitas transformações ao longo do tempo: se antes eram mais rústicos, fabricados com materiais como a madeira, atualmente já consideram novas tecnologias. Considerando essas informações, responda ao seguinte fórum: Como é a configuração interna do navio mercante atualmente? Como o Direito Marítimo pode se atualizar frente às novas tecnologias utilizadas em navios? Não deixe de compartilhar sua experiência, mencionando o navio utilizado (de pesca, navio cruzeiro, navio com contêiner etc.) e os problemas enfrentados. Sua participação é muito importante! NA PRÁTICA No início da aula, tomando-se em conta os Cruzeiros Marítimos, em 12 ascensão no mundo do turismo, os seguintes questionamentos foram colocados: (1) qual a legislação aplicável ao cruzeiro?; (2) para aprimoramento da atividade turística via mar no Brasil, quais os aprimoramentos possíveis? Quanto à legislação aplicável, é preciso verificar algumas questões do cruzeiro, como a zona marítima escolhida (nacional ou internacional), além de características do navio, como o seu local de registro. Por isso mesmo, o aprimoramento da atividade turística pelo mar no Brasil depende de um incremento nas condições do navio, a fim de proporcionar maiores alternativas e segurança aos tripulantes, assim como melhorias nos caminhos e portos que acolhem tal navio. Em relação ao Brasil, vê-se que ainda há muito o que se avançar, mas que estamos no caminho, já havendo normas que preveem segurança ao navio e consequências para riscos indesejosos, como acidentes e fatos da navegação. FINALIZANDO A Marinha Mercante atua nos mais diferentes segmentos, fazendo-se presente de forma direta ou indireta na vida da sociedade. É ela, pois, que faz a travessia de muitos usuários, como meio de transporte, que exerce o comércio e a troca de mercadorias e que gera o lazer de turistas no mundo todo. Assim, analisamos o regime jurídico desse importante segmento, verificando suas classificações e tipos, bem como aplicação do direito no navio. Esperamos que tenha aproveitado a aula! 13 REFERÊNCIAS ACCIOLY, H.; CASELLA, P. B.; SILVA, G. E. do N. Manual de Direito Internacional Público. 9. ed. São Paulo: Saraiva,2011. AMARAL, L. Governo que aumentar de 7 para 40 os cruzeiros turísticos no Brasil. UOL. 2019. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas- noticias/2019/09/03/governo-quer-aumentar-de-7-para-40-os-cruzeiros- turisticos-no-brasil.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. ANTAQ — Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Perguntas Frequentes – Navegação Marítima. ANTAQ. 2019. Disponível em: <http://portal.antaq.gov.br/index.php/navegacao/maritima-e-de-apoio/perguntas -frequentes-navegacao-maritima/>. Acesso em: 18 dez. 2019. ANVISA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Navios de cruzeiro. ANVISA. 2019. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/cruzeiros>. Acesso em: 18 dez. 2019. BRASIL. Congresso. Câmara. Decreto n. 99.165, de 12 de março de 1990. Brasília, DF, mar. 1990. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/ legin/fed/decret/1990/decreto-99165-12-marco-1990-328535-publicacaooriginal -1-pe.html>. Acesso em: 18 dez. 2019. _____. Decreto n. 1.126, de 29 de setembro de 1936. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D1126.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. _____. Lei n. 2.180, de 5 de fevereiro de 1954. Diário Oficial da União. Brasília, DF, fev, 1954. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L2180.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. _____. Lei n. 7.652, de 3 de fevereiro de 1988. Diário Oficial da União. Brasília, DF, fev, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L7652.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. _____. Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Diário Oficial da união. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L8617.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. 14 _____. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Diário Oficial da União. Brasília, DF, jan. 2002. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 18 dez. 2019. MARINHA do Brasil. Diretoria de Portos e Costas. Recomendações de segurança na navegação amadora, de esporte e de recreio. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/intro_esp_re cr.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2019. _____. Plano de levantamento da Plataforma Continental Brasileira. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/secirm/leplac>. Acesso em: 21 jul 2019. MARTINS, E. M. O. Curso de Direito Marítimo: Teoria Geral. Barueri: Manole, 2015. VIANNA, G. M. Saída econômica pelo mar. O Globo. 2019. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/opiniao/artigo-saida-economica-pelo-mar-23683330>. Acesso em: 13 dez. 2019.
Compartilhar