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Direito do Consumidor
Aula 1
Lei 8.078/90
Constitucionalidade: Art. 48 ADCT; Art. 5º, XXXII e 170, V CRFB
Seus princípios e normas são de ordem pública e interesse social, vale dizer, de aplicação necessária, conforme disposto expressamente em seu primeiro artigo.
	
CAMPO DE APLICABILIDADE: Toda estrutura jurídica em que existem duas figuras apolares:
· CONSUMIDOR: Toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
· FORNECEDOR: É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
FINALIDADES
O claro objetivo do legislador constituinte, portanto, era o de que fosse implantada uma Política Nacional de Relações de Consumo, uma disciplina jurídica única e uniforme destinada a tutelar os interesses patrimoniais e morais de todos os consumidores
Atividade Propostas
1. A respeito das previsões Constitucionais relativas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do seu campo de aplicação, julgue o item a seguir.
Na hipótese de conflito entre norma prevista no CDC e outra lei ordinária, anterior ou posterior, prevalecerá qual lei?
R: Considerando a supremacia de origem e ordem Constitucional (arts. 5, XXXII, 170, V, 48 ADCT, entre outros), a Lei 8.078 de 1990 tem uma característica de norma supra-hierárquica quando em confronto com outra lei. Devido, não apenas a sua Constitucionalidade, mas, também, ao princípio da especialidade (ou especificidade).
2. Conforme o expresso no inciso XXXII, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do:
A) Proprietário rural;
B) Pequeno empresário;
C) Contribuinte individual;
D) Consumidor;
E) Vendedor ambulante.
3. São fundamentos da ordem econômica na Constituição Federal:
A) A redução das desigualdades regionais e sociais e a função social da propriedade;
B) A função social da propriedade e a livre concorrência;
C) A defesa do consumidor e a propriedade privada;
D) A defesa do meio ambiente e a defesa do consumidor;
E) A valorização do trabalho humano e a livre iniciativa.
Aula 2 - PRINCÍPIOS
Conclusão de uma ideia positivada.
Exteriorização do princípio.
LEI
NORMA
DEFESA DO CONSUMIDOR
1. Princípio Da Vulnerabilidade
Art, 4, (...) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
Eestabelece a igualdade dentro da relação de consumo, coisa que antes do Código de Defesa do Consumidor não existia e o fornecedor estava sempre em posição de vantagem.
Caracterizamos o princípio da vulnerabilidade como aquele em que o consumidor está em desvantagem jurídica, decorrente de uma expressa determinação legal oriunda da L.8.078 de 1990, art. 4, I. Independentemente de sua situação social, pelo simples fato de ser consumidor, já o faz ser classificado como vulnerável.
Também não se pode esquecer que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Este princípio é o resultado da “qualidade” especial do consumidor. Pois, além de lhe ser inerente, é a identificação permanente da subordinação, do desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor.
É importante frisar que a vulnerabilidade pode ser:
Técnica: Desconhecimento técnico do bem de consumo adquirido.
Fática ou Econômica: Disparidade de forças entre o consumidor hipossuficiente e o fornecedor hiperssuficiente (regra).
Jurídica: Desproporção de fato que existe entre o fornecedor, litigado “profissional”e consumidor, litigante “eventual”.
Obs. Vedação a Hipervulnerabilidade – Art 39 CDC
2. Princípio Da Harmonia Das Relações De Consumo
3. Princípio Da Repressão Eficiente De Todos Os Abusos
4. Boa fé – Art 4º
É o regramento de conduta social de agir com lealdade e honestidade. Fazer o que é certo e na medida do prometido.
Obs.: A Boa-fé Objetiva - A Teoria do Risco do Empreendimento (ou do negócio).
Significa atuação refletida, uma atuação observando, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva.
Cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.
5. Transparência – Art 4º
Não basta que o fornecedor informe ao consumidor sobre seu produto ou serviço, é necessário que tal informação seja prestada de maneira clara, possibilitando ao consumidor que adquira o bem de consumo de forma consciente.
Segurança - Art. 4º 
No que diz respeito à segurança, o Código não estabelece um sistema de segurança absoluta para produtos e serviços.
O que se quer é uma segurança dentro dos padrões da expectativa legítima dos consumidores.
Harmonia - Art. 4º 
O princípio da harmonia (ou equidade) é um princípio de técnica de hermenêutica que deve estar presente na aplicação da lei. É a justiça diante do caso concreto.
Atividade proposta
Questão de concurso para Fiscal do PROCON - PROCON-Itumbiara/GO - Ano: 2014 - Banca: UEG - Direito do Consumidor - Código de Defesa do Consumidor.
Ao tratar da defesa do consumidor como garantia fundamental, determinando ao legislador a adoção de norma específica para sua proteção, a Constituição Federal de 1988 abriu caminho para a criação de um microssistema que se concretizou com a edição da Lei 8.098/90 (Código de Defesa do Consumidor). Assim, além dos princípios constitucionais, outros foram adotados pela legislação consumerista. Indique e discorra brevemente sobre os princípios que regem o microssistema de defesa do consumidor.
R: Princípio da dignidade da pessoa humana. A defesa dos consumidores e a tutela de seus interesses é uma das formas de defesa da dignidade da pessoa humana.
Princípio da proteção. Conforme o preceito Constitucional (art. 5º, XXXII), cabe ao Estado o dever de proteger o consumidor, considerada a condição de desigualdade existente nas relações de consumo, razão pela qual as normas do consumidor devem ser aplicadas para equilibrar tais relações.
Princípio da transparência. Constitui um dos pilares da boa-fé objetiva, que impõe o dever do fornecedor informar de modo adequado o consumidor, suprindo todas as informações tidas como necessárias para o melhor aperfeiçoamento da relação de consumo, garantindo inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.
Princípio da vulnerabilidade. Trata-se do reconhecimento da fragilidade do consumidor na relação com o fornecedor, podendo a vulnerabilidade ser técnica, jurídica, fática, socioeconômica e informacional.
Princípio da boa-fé objetiva e do equilíbrio. Regra de conduta, constituindo dever permanente entre as partes em suas relações, pautado pela lealdade, honestidade e cooperação.
Princípio da informação. O consumidor tem o dever de receber informação adequada, clara, eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, bem como de suas especificações de forma correta (características, composição, qualidade e preço) e dos riscos que podem apresentar.
Princípio da facilitação da Defesa. Garante ao consumidor a facilitação dos meios de defesa de seus direitos, ante a sua presumida dificuldade para exercitá-los, seja por deficiência técnica, material, processual, fática ou mesmo intelectual.
Princípio da revisão das cláusulas contratuais. Possibilita ao consumidor o direito de manter a proporcionalidade do ônus econômico que implica ambas as partes, consumidor e fornecedor, na relação jurídico-material. Assim, toda vez que um contrato de consumo acarretar prestações desproporcionais, o consumidor tem o direito à modificação das cláusulas contratuais para estabelecer ou restabelecer a proporcionalidade.
Questão 1: Com referência às características do CDC e aos princípios que o fundamentam, assinale a opção correta.
- A defesa do consumidor compõe orol dos princípios gerais da atividade econômica.
- As normas do CDC são imperativas e de interesse social, devendo prevalecer sobre a vontade das partes.
- Compete aos juízes de primeiro e segundo graus o conhecimento de ofício das cláusulas abusivas insertas em contratos bancários.
- O direito do consumidor está inserido entre os direitos fundamentais de segunda geração.
- Os dispositivos do CDC devem retroagir para abranger os contratos celebrados antes de sua vigência.
Questão 2: Vários princípios informam as relações de consumo, que são regulamentadas por lei especial no Brasil. Entre esses princípios, podem ser identificados, os seguintes, exceto:
Boa-fé
Transparência
Prevenção
Veracidade
Ambivalência
Questão 3: No sistema das relações de consumo reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor, a identificação de que existe um elo mais fraco na relação traduz o reconhecimento da:
Qualidade			 Vulnerabilidade
Impessoalidade 		Referibilidade 		Informalidade
Aula 3 - A Relação de Consumo e Seus Elementos 
I – O Consumidor
Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caraterizado como um elemento subjetivo da relação de consumo. Tal premissa encontra justificativa pelo fato de que o conceito detém flexibilidade em relação à doutrina e à jurisprudência.
A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos pertinentes ao consumidor:
Art. 2° - Definição de consumidor e destinatário final e consumidor por equiparação de forma coletiva;
Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo;
Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI.
Consumidor Padrão: É aquele que adquire para satisfazer uma necessidade. Se de forma subjetiva ou profissional é discutível. Mas sempre ocorrerá a transferência de propriedade do produto ou da fruição do serviço.
Consumidor por equiparação: O consumidor por equiparação ou “bystandarder” tem a necessidade de maior avaliação. Suas fundamentações são os art. 2º em seu parágrafo único, o art. 17 e o 29, todos do CDC. É o consumidor que não adquire, mas utiliza o produtos ou serviços, nos termos do próprio artigo 2º.
Cremos assim que o consumidor é o que, ao utilizar um bem de consumo, sofre danos oriundos do mesmo. Principalmente, se considerarmos que nenhum produto ou serviço, desde que corretamente utilizado, pode causar danos ao consumidor. Tal premissa encontra fundamentação na primeira parte do art. 8 do CDC.
Logo, em plena conformidade entre justificativa e fundamentação, temos que “nenhum bem de consumo pode causar danos aos consumidores”. Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor padrão) seja o que o utiliza (consumidor por equiparação).
Teorias:
Maximalista: Para se enquadrar como consumidor, bastava adquirir o bem de consumo no mercado fornecedor para caracterizar tal relação. Independentemente da motivação, objetivo e interesse. “Comprou é consumidor!”
Essa ideia não perdurou por longo tempo, pois o objetivo das normas de consumo é o de proteger, art. 4, I do CDC, o “consumidor vulnerável”. E, como exemplo, cremos que uma empresa de metalurgia, considerando o bem de consumo em questão (minério) não possa ser enquadrada como vulnerável, em razão, principalmente, de sua expertize em relação conhecimento técnico sobre o bem adquirido.
Desse modo, essa teoria está em descompasso com o espírito das normas de consumo.
Finalista: Além de adquirir o bem de consumo, é necessário saber qual a destinação fática, efetiva, econômica, subjetiva do bem em questão. Logo, a justificativa para a sua aquisição deve ser desprovida de intentos profissionais, como o seu beneficiamento da matéria prima com posterior venda. A satisfação da aquisição deve ser subjetiva.
Aquisição com fins profissionais – Art 931 CC
Aquisição sem fins profissionais - Lei 8.078 de 1990 e todos os seus benefícios.
Finalista atenuada (ou mista ou mitigada): A aquisição para uso, ainda que profissional, caracterizará a relação de consumo desde que o adquirente não tenha condições de negociação com o fornecedor.
AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014.
Atividades Propostas
1. Com base nas teorias apresentadas acerca do conceito de consumidor, discorra sobre a teoria finalista, por ser a de maior aplicabilidade no ordenamento jurídico pátrio.
R: O CDC adotou, na teoria finalista, em que o consumidor, além de destinatário fático, deve ser também o destinatário econômico dos bens e serviços.
2. A empresa “Verdant Ltda.”, que atua no ramo de paisagismo, adquiriu um televisor de 60” (polegadas) para ser instalado em seu refeitório, objetivando proporcionar lazer e comodidade para seus funcionários durante o horário de almoço e descanso. Quinze dias após a aquisição e instalação do referido produto, o mesmo apresentou um grave problema técnico que fez com que a tela explodisse causando danos físicos à Oliver, funcionário da empresa Verdant, que almoçava enquanto o evento danoso ocorreu. Diante da narrativa acima, julgue as afirmativas abaixo e assinale a opção correta:
A) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que será considerado como consumidor por equiparação;
B) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, com base no CDC, uma vez que será considerado como consumidor padrão;
C) Oliver poderá pleitear indenização em face do fornecedor do produto, pelos danos sofridos, mas não poderá valer-se das disposições prevista no CDC, uma vez que não pode ser considerado como consumidor, pois não adquiriu o produto como destinatário final;
D) A empresa Verdant não poderá ser considerada consumidora, uma vez que consumidor é a pessoa física que adquire do fornecedor, pessoa jurídica, produto ou serviço, como destinatário final;
E) Oliver será considerado consumidor padrão uma vez que foi ele quem sofreu os danos materiais e morais, enquanto a empresa Verdant será considerada consumidora por equiparação, pois os danos sofridos por Oliver refletiram nela, pelo período em que o mesmo ficará afastado do trabalho para receber cuidados médicos.
3. (TJPR – 2014 – Juiz Substituto - ADAPTADO) João adquiriu um televisor fabricado pela empresa XX, na loja YY. Ao efetuar a ligação do televisor, de forma correta e nos termos indicados pelo fabricante, o aparelho teve uma explosão, decorrente de defeito de fabricação, causando lesões em João e em seus dois amigos que estavam juntos. Diante desta proposição, é CORRETO afirmar que:
I. A loja YY, que vendeu o televisor é solidariamente responsável com o fabricante pelos danos causados às vítimas, por se considerar a responsabilidade pelo fato do produto.
II. A Fabricante XX responde pelos danos causados aos consumidores, independentemente da existência de culpa.
III. Para os efeitos e aplicação do CDC, no caso descrito no enunciado acima, são considerados consumidores, além do adquirente do veículo, todas as vítimas do evento (consumidores por equiparação).
IV. A responsabilidade discutida na proposição decorre de vício do produto, aplicando-se os dispostos nos artigos 18 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor, e cuida de defeitos inerentes ao próprio produto.
A) Somente as proposições II e III estão corretas;
B) Somente as proposições I e III estão corretas;
C) Somente as proposição I e IV estão corretas;
D) Somente as proposições III e IV estão corretas;
E) Somente as proposições I, II e IV estão corretas.
4. Analise os itens abaixo e assinale a opção INCORRETA:
A) De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, o Código de Defesa do Consumidor não se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica;
B) O STJ defende que, em alguns casos, verificada a hipossuficiência técnica, jurídica ou econômica do consumidor, pode-se adotar a teoria finalista em sua forma mitigada;C) Com base em entendimento jurisprudencial do STJ, pode-se aplicar a Teoria Finalista, de forma mitigada, mesmo quando a parte contratante de serviço público é pessoa jurídica de direito público e demonstra sua vulnerabilidade no caso concreto;
D) A jurisprudência predominante do STJ defende que, excepcionalmente, o Código de Defesa do Consumidor se aplica no caso em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, adotando, portanto, a teoria maximalista;
E) O CPDC, em princípio, não adota a teoria finalista mitigada, e sim, sua forma pura.

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