Buscar

TCC Parte 1 (Final) - Felipe Fugazza Fischer

Prévia do material em texto

ANÁLISE SOBRE PRÁTICAS DA
GESTÃO DE ESTOQUE: CASO DE
UM ESTABELECIMENTO NOTURNO
NA CIDADE DE BRUSQUE-SC
Felipe Fugazza Fischer
Andreia de Bem Machado
Faculdade do Vale do Itajaí Mirim - Santa Catarina
Curso Engenharia de Produção – Trabalho de Graduação
Data 26/06/2020
RESUMO
A gestão de estoques é uma ferramenta que quando aplicada de forma
profissionalizada permite às empresas evitar investimentos desnecessários,
mantendo os estoques em níveis mínimos, ao mesmo tempo que permite o
atendimento da demanda, evitando que faltem produtos para atender ao
mercado. Assim, esta pesquisa objetiva realizar uma análise da gestão de
estoques de um estabelecimento noturno com o intuito de promover melhoria de
processos e consequente vantagem competitiva. Os objetivos específicos são
identificar os conceitos e técnicas sobre gestão de estoques existentes na
literatura, identificar os métodos aplicados no estabelecimento em questão e
analisar e sugerir melhorias. A literatura sobre gestão de estoques destaca como
um de seus instrumentos mais relevantes a previsão de demanda, já que a partir
deste tipo de estudo é possível se antecipar a determinadas movimentações do
mercado e assim realizar uma gestão mais assertiva. Além disso, se tratando da
necessidade de estudar profundamente um processo para assim promover
melhorias em seu funcionamento, as técnicas de mapeamento de processo são
de grande relevância, com destaque para o fluxograma, capaz de demonstrar de
forma gráfica fluxos de materiais, pessoas, documentos e decisões. Com base
no objetivo proposto será realizada uma pesquisa de campo de caráter
exploratório, após a qual será realizada uma etapa descritiva do estudo,
utilizando-se de técnicas quantitativas e qualitativas para a coleta de dados,
como observação não-participante, entrevista, e coleta de dados através de
relatórios.
Palavras-chave: gestão de estoques; processos; mapeamento.
1 INTRODUÇÃO
Micro e pequenas empresas são hoje essenciais para a economia
brasileira, correspondendo a 27% do PIB, segundo o SEBRAE (2020). Neste
contexto o setor de bares e restaurantes é um ramo promissor, com crescimento
anual em cerca de 10% e geração de 450 mil novos empregos por ano. Porém,
a mortalidade destes negócios também é elevada: 35% dos novos
empreendimentos do ramo fecham em 2 anos (ABRASEL, 2019 apud SEBRAE,
2020).
Para contornar as dificuldades inerentes à abertura de um novo negócio
se faz necessário que a gestão ocorra de forma profissionalizada com forte
controle dos indicadores da organização de forma a não gerar desperdícios e
aplicar os recursos de forma correta.
Assim, a gestão de estoques se apresenta como uma ferramenta
essencial para realizar uma gestão de sucesso, em todos os tipos de
organizações, uma vez que aplicada corretamente permite evitar investimentos
financeiros desnecessários, ao mesmo tempo em que permite o atendimento da
demanda existente na empresa (BORGES et al, 2010).
Rigoleto (et al, 2017) reforça que a gestão de estoques tem como objetivo
garantir a disponibilidade de um produto com o menor estoque possível,
mantendo-o em um nível que garanta a seguridade dos produtos, um menor
custo e também evitar divergências para melhor atender a demanda, de acordo
com as necessidades dos clientes.
Assim, o objetivo geral deste estudo é analisar a gestão de estoques em
um estabelecimento noturno na cidade de Brusque/SC com o intuito de promover
melhoria nos processos, com a consequente redução de custos e geração de
vantagem competitiva. Seus objetivos específicos são:
a) Identificar conceitos e técnicas sobre gestão de estoques;
b) Identificar os métodos da gestão de estoques no estabelecimento
noturno em Brusque/SC;
c) Analisar e sugerir melhorias nos processos relacionados à gestão de
estoques no estabelecimento noturno.
Este estudo se justifica na medida em que irá reforçar e exemplificar a já
exposta importância da gestão de estoques, além de consolidar os
conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de engenharia de produção,
através do uma pesquisa de campo aplicada.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 GESTÃO DE ESTOQUES
A gestão de estoques envolve uma série de atividades, desde o
planejamento e a programação das necessidades de materiais até o controle dos
recebimentos e consumos, mensurando sua movimentação, armazenagem e
localização. Busca conciliar da melhor forma os objetivos do departamento de
produção, compras, finanças e das vendas, segundo Severo Filho (2006).
Entretanto, antes de adentrar os conceitos de gestão de estoques, se faz
necessário compreender o que são, em si, estoques. Estes são “pilhas de
matérias-primas, insumos, componentes, produtos em processo e produtos
acabados que aparecem em numerosos pontos por todos os canais logísticos e
de produção da empresa” define Ballou (2001, p. 249). Moreira (1996 apud
BORGES et al, 2010) complementa que são estoques qualquer quantidade de
bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum período
de tempo, assim, tanto produtos acabados aguardando a venda, quanto
matérias-primas, componentes e produtos intermediários da produção
constituem um estoque.
Tais materiais podem ser classificados da seguinte forma (PIMENTA,
2003 apud BORGES et al, 2010, p. 237, grifo do autor):
a) Matérias-primas: são itens comprados e recebidos que ainda não
entraram no processo de produção. Incluem material comprado, peças
componentes e subconjuntos.
b) Produtos em processo: matérias-primas que já entraram no
processo de produção e estão em operação ou aguardam para entrar
em operação.
c) Produtos acabados: os produtos acabados do processo de
produção que estão prontos para serem vendidos como itens
completos. Podem ser retidos na fábrica ou no depósito central ou,
ainda, em vários pontos do sistema de distribuição.
d) Estoques de distribuição: produtos acabados localizados no
sistema de distribuição.
e) Suprimentos de manutenção, de reparo e de operação: itens
utilizados na produção que não se tornam partes do produto. Incluem
ferramentas manuais, peças sobressalentes, lubrificantes e material de
limpeza.
Ballou (2001) também trata da classificação de estoques, e traz um
conceito complementar ao anterior:
a) Estoque em trânsito: aquele que se localiza entre os elos do canal da
cadeia produtiva ou de suprimentos.
b) Estoques mantidos para fins de especulação: são mantidos para fins de
valorização, como por exemplo ouro, cobre e prata.
c) Estoques de natureza regular ou cíclica: estes são os estoques
necessários para suprir a demanda média durante um horizonte de tempo
entre sucessivos reabastecimentos.
d) Estoques de segurança: para funcionar como um pulmão contra a
variabilidade de demanda e nos prazos de reposição.
e) Estoque obsoleto: que são itens que por conta da sua grande variabilidade
de demanda, ou por serem perecíveis podem gerar prejuízos para a
organização.
A gestão de estoques impacta de modo acentuado o desempenho e os
resultados da empresa, devendo se preocupar com os níveis e com a gestão dos
materiais, segundo Pozo (2010). Tal assunto surge da necessidade de atender
ao processo de demanda através do processo de suprimento. Normalmente,
pouca ação pode ser tomada sobre o processo de demanda, já que este advém
do mercado, portanto o objetivo da gestão de estoques é tomar decisões sobre
o que suprir, quando suprir e em qual quantidade, apontam Gianesi e Biazzi
(2011). Viana (2010) afirma que o mais primordial objetivo desta área é manter
níveis satisfatórios de estoques para o atendimento das necessidades.
Gianesi e Biazzi (2011) também destacam três objetivos da gestão de
estoques:
1) Maximizar o atendimento da demanda, sendo que, raramente é possível
prevê-la com exatidão se faz necessário utilizar o recurso do estoque de
segurança.
2) Maximizar o giro dos estoques ou minimizar o investimento em estoques,
já que estoques possuem custos que impactam o negócio.
3) Maximizar a eficiência operacional, minimizando os custosdo processo
de suprimento como custo de aquisição, transferência ou produção dos
materiais.
Martins e Alt (2009, p.198) afirmam que a gestão de estoques “constitui
uma série de ações que permitem ao administrador verificar se os estoques
estão sendo bem utilizados, bem localizados em relação aos setores que dele
se utilizam, bem manuseados e bem controlados”.
Os objetivos da gestão de estoques são conflitantes entre si (Gianesi e
Biazzi, 2011). Por exemplo, uma vez que o administrador objetiva atender a
demanda e por isso aumenta o nível dos estoques, ele sacrifica o giro,
aumentando os custos. Ou se procura reduzir custos, mantendo estoques
baixos, corre o risco de não atender a demanda. Já quando procura aumentar a
eficiência do processo, comprando do fornecedor, mas barato, porém com lote
mínimo maior, sacrifica o giro do estoque.
2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE TER ESTOQUES
Devido ao seu caráter de, por um lado, ser um custo para a empresa, e
por outro, ser uma garantia e um facilitador do processo produtivo, existem
dúvidas sobre ter ou não estoque nas organizações. Assim, se faz necessário
elucidar as vantagens e as desvantagens da realização de estoques.
Ballou (2006) destaca duas vantagens principais em manter estoques:
nível de serviço e redução de custos sob alguns aspectos.
Quanto ao nível de serviço este está relacionado a capacidade da
empresa de atender as necessidades dos clientes dentro do prazo solicitado, e
a forma de assegurar este atendimento é através da existência de estoques de
segurança, que garantam a disponibilidade do produto ou insumo necessário
para atender o cliente. No cenário competitivo atual, a indisponibilidade de
produtos no momento correto pode ocasionar perda do cliente.
Já a questão de redução de custos, diz respeito à alguns fatores que são
o custo de estoque em si, já que este representa uma parte do capital da
empresa que estará imobilizado. Os itens de redução de custos explanados por
Ballou (2006) são a formação de uma espécie de pulmão dentro da empresa,
que permite lidar melhor com variações na demanda, as economias em compras
e transportes, uma vez que a compra de lotes maiores geralmente aumenta o
poder de barganha do comprador e permite economia no frete, a aquisição de
materiais antecipadamente para adiar os impactos de um futuro aumento de
preços, a possibilidade de lidar com inconsistências dentro da rede de
suprimentos, como atrasos na entrega ou extravio de itens, e por último, lidar
com crises não planejadas como desastres naturais, greves e afins.
Bertaglia (2006, p.317) expõe de forma complementar a Ballou as
vantagens de possui estoques
a) maximizar os recursos da empresa: em muitos casos, a formação
de estoques proporciona um balanceamento das operações da
organização, possibilitando aumento na eficiência operacional,
redução de custos de mão-de-obra e maximização da capacidade
instalada;
b) fornecer um nível satisfatório de serviço ao cliente ou consumidor:
está relacionado ao nível de atendimento que a organização
supostamente pretende oferecer ao cliente e/ou consumidor. Uma
forma de assegurar um atendimento uniforme é a construção de
estoques considerando limites desejáveis de abastecimento [...].
Contudo, existem também dificuldades a serem enfrentadas caso uma
organização opte por manter estoques. Ballou (2001) menciona como
desvantagens em primeiro lugar o fato de estoque ser em muitas ocasiões
considerado desperdício já que absorve um capital que poderia ser melhor
empregado e não acrescenta valor aos produtos, promover uma atitude
negligente com o processo logístico como um todo e mascaram problemas de
qualidade.
Dias (2011) destaca outras desvantagens em manter estoques como: o
capital investido, os juros que deixam de ser obtidos devido a aplicações
financeiras que poderiam ser realizadas, o aumento dos curso de armazenagem
e o aumento do risco de perdas e obsolescência. De fato, manter um estoque
demanda vários custos como mão de obra, espaço físico de armazenagem,
softwares para controle de estoque entre outro.
Com relação à tais custos Ballou (2006) destaca os três tipos de custos
relacionados à estoques:
a) Custos de aquisição: todos os recursos envolvidos na realização do
pedido e do investimento na mercadoria, como a mão-de-obra do
comprador, equipamentos, instalações, papel;
b) Custos de manutenção: relacionados ao fato de se ter o estoque, incluindo
o espaço e a movimentação de armazenagem, o custo de capital que
decorre da mercadoria parada no tempo, seguros e impostos, assim como
o custo do risco de deterioração ou obsolescência;
c) Custos de falta de estoques: custos de oportunidade pelas vendas
perdidas por falta de estoque.
Tendo em mente as vantagens e desvantagens de possuir estoques, é
possível inferir o quão delicada é a missão de administrá-los de forma adequada,
de forma a manter um bom nível de serviço, atendendo os clientes no momento
necessário e ao mesmo tempo sem onerar a empresa com custo além do
necessário.
2.3 PREVISÃO DE DEMANDA
A previsão de demanda é um processo pelo qual se procura antecipar
qual será o consumo de determinado item para que seja possível tomar as
providências necessárias para atendimento da procura (MACHLINE; BARBIERI,
2009 apud CAMARGO, 2017).
Ballou (2006) destaca que o planejamento e o controle de toda a cadeia
de suprimentos dependem de que as previsões sejam realizadas de forma
acurada, para que se possa compreender onde e quando os produtos ou
materiais devem estar disponíveis. A gestão de estoques é diretamente
relacionada à previsão de demanda, já que a partir dela, pode-se tomar decisões
a respeito da quantidade de materiais que devem ser estocados, sendo que
previsões excessivamente otimistas podem causar excesso de estoques e todos
os prejuízos decorrentes disto e uma previsão excessivamente pessimista pode
causar falta de estoques, da mesma forma gerando prejuízos, desta vez por não
atendimento ao mercado.
Chopra e Meindl (2015 apud CAMARGO, 2017) chamam a atenção para
as particularidades sobre as previsões que não devem ser desconsideradas: as
previsões jamais serão precisas e exatas e quanto maior o horizonte da previsão,
isto é, quanto maior o prazo a ser previsto, menor será a exatidão da previsão.
Para elaborar um processo de previsão Levi et al (2010, p. 94) destaca
algumas possibilidades:
• Método baseados em julgamento: [...] Esta abordagem pressupõe que
uma forma superior de previsão pode ser obtida com o
compartilhamento e a comunicação de informações, de forma aberta,
entre os membros do grupo.
• Método baseados em pesquisas de mercado: São formados grupos [...]
de prováveis consumidores que são testados quanto às suas reações
diante de produtos recém-lançados, e estas reações são extrapoladas
para o mercado todo para estimar a demanda destes produtos.
• Método baseados em séries históricas: [...] Utilizam uma variedade de
dados passados para a estimativa de dados futuros.
• Métodos causais: São métodos matemáticos em que as previsões são
geradas como base em uma variedade de variáveis do sistema.
Já para Nunes (2019) os modelos de previsão de demanda se dividem
em dois tipos: qualitativos e quantitativos. Os métodos qualitativos são aqueles
intuitivos e subjetivos, que dependem diretamente da experiência dos
profissionais envolvidos no processo de compra, já os quantitativos dependem
de procedimentos que usam dados históricos e fórmulas matemáticas para obter
previsões. A tendência hoje é que os métodos qualitativos sejam cada vez
menos utilizados, já que os quantitativos tentem a ser mais assertivos, porém,
nas situações em que não seja possível utilizar modelos estatísticos, os métodos
qualitativos podem ser utilizados com uma opção.
Outra perspectiva é levantada por Corrêa (2014, p.152) que sugere a
realização de algumas atividades para obtenção de um processo de previsão
adequado:
(a) a coleta de informações relevantes, (b) o tratamento dessasinformações, (c) a busca de padrões de comportamento, muitas vezes
fazendo uso de métodos quantitativos de tratamento de séries
temporais de dados do passado, (d) a consideração de fatores
qualitativos relevantes, (e) a projeção de padrões de comportamento,
(f) a estimativa de erros da previsão.
Neste sentido o mesmo autor aponta quais seriam as informações
relevantes para o sistema de previsão de vendas
• Dados históricos de vendas, período a período.
• Dados históricos referentes a vendas perdidas, possivelmente por
não disponibilidade de produto.
• Informações relevantes que expliquem comportamentos atípicos
das vendas passadas.
• Dados de variáveis correlacionadas às vendas que ajudem a
explicar o comportamento das vendas passadas.
• Situação atual de variáveis que podem afetar o comportamento
das vendas no futuro ou estejam a ele correlacionados.
• Previsão da situação futura de variáveis que podem afetar o
comportamento das vendas no futuro ou estejam a ele
correlacionados.
• Conhecimento sobre a conjuntura econômica atual e previsão da
conjuntura econômica no futuro.
• Informações de clientes que possam indicar seu comportamento
de compra futuro (CORRÊA, 2014, p. 152).
Técnicas diferentes serão necessárias de acordo com o horizonte de
tempo das previsões destaca Corrêa (2014) (Figura 1). Para previsões de até 3
meses, isto é, um curto prazo entende-se que as tendências, sazonalidade e
ciclicidade apresentadas no passado recente tendem a se manter, a não ser que
haja evidência de alteração consistente do comportamento do consumidor e/ou
cenário econômico. Em circunstâncias normais, métodos quantitativos
intrínsecos, aqueles que se utilizam de sérias temporais simples, como médias
móveis, suavizamento exponencial, projeção de tendências e decomposição,
são suficientes para oferecer uma previsão de demanda confiável neste quadro
de curto prazo.
No médio prazo tende a ser mais assertivo utilizar além dos métodos
citados para o curto prazo, modelos quantitativos extrínsecos e causais cujos
modelos matemáticos são capazes de abarcar mais variáveis como a regressão
simples e a regressão múltipla.
Por último, contextos de longo prazo (1 ou mais anos) não podem ser
abarcados de forma adequada pelos modelos matemáticos existentes, já que
não necessariamente os fatos do passado se repetirão no futuro em longo prazo.
Assim se torna indispensável acrescentar o uso de técnicas qualitativas como
método Delphi, júri de executivos, força de vendas, pesquisa de mercado e
analogia histórica.
Figura 1: Técnicas de previsão de demanda de acordo com o horizonte de tempo.
Fonte: Adaptado de CORRÊA, 2014.
A partir das afirmações dos autores citados é perceptível que para cada
empresa e situação as técnicas de previsão a serem adotadas deverão
analisadas e consideradas de acordo com as características apresentadas como
horizonte de previsão, tipo de produto e disponibilidade de informações para
análise.
2.4 GESTÃO DE PROCESSOS
“O termo gestão de processos refere-se ao gerenciamento das funções
baseado em processos, seu mapeamento e aprimoramento” (MARTIN, 1999,
p.15). Todos os produtos ou serviços entregues a um cliente, seja ele interno ou
externo, são resultado de um processo. Processo é o conjunto de atividades,
relacionadas e coordenadas entre si, que criam ou agregam valor para o cliente
(CORRÊA, 2014).
O conceito de processo apresentado por Krajewski, Ritzman, Malhotra
(2009 apud DOS SANTOS et al, 2015) é similar ao anterior, destacando que as
atividades que compõem o processo são executadas por pessoas, e a maioria
dos processos podem ser aperfeiçoados, uma vez que alguém se dedique a
estudar a fundo e pensar em formas de implementar a melhoria de forma
adequada.
Sob a perspectiva da engenharia industrial a gestão de processos é um
conjunto de técnicas que pode ser utilizado para eliminar desperdícios e
inconsistências de dentro das organizações, afirma Ishiwata (1991 apud
MARTIN, 1999).
Sobre estas técnicas elas podem ser agrupadas conforme descrito abaixo
(ISHIWATA 1991 apud MARTIN, 1999, p. 16)
• Abordagens para melhoramento de métodos:
• Análise dos processos;
• Estudo dos movimentos;
• Arranjo dos equipamentos e do transporte.
Tratando da análise de processos Krajewski e Ritzman (1992 apud
MARTIN, 1999, p. 17) o definem como “o estudo sistemático de atividades e
fluxos de cada processo para o aprimoramento do mesmo”. Assim a análise de
processos pode ser classificada em 4 tipos diferentes
• Análise de processos do produto: centrada nos fluxos de bens e
materiais da produção e indicada para o estudo da forma de como o
produto é confeccionado;
• Análise de processos do operador: centrada no estudo e
melhoramento dos movimentos do operador e indicada para estudos
de ergonomia no trabalho;
• Análises de processos híbridas: (1) análise homem-máquina,
centrada no estudo e melhoramento da interação homem-máquina; (2)
análise de operações híbridas, centrada no estudo e melhoramento da
maneira como diversos operários trabalham juntos;
• Análise de processos administrativos: centrada na forma como as
tarefas administrativas e de escritório são realizadas (processos de
compras, de tomada de decisões, etc.) (SAN MARTIN, 1999, p. 17).
Para a análise de processos, independente da sua classificação as
técnicas mais comumente empregadas são as de mapeamento.
2.5 MAPEAMENTO DE PROCESSOS
Mapear processos, isto é, estuda-los e analisa-los a fundo, é um
componente essencial para realizar o gerenciamento e a comunicação correta
dentro da organização, assim, executar um mapeamento de processos promove
redução de custos com falhas e melhora o desempenho da organização como
um todo (DOS SANTOS et al, 2015).
Sobre mapeamento de processos Rocha (2017, p. 77, grifo do autor)
destaca
No mapeamento, devemos esmiuçar um processo já existente:
compreender toda a sua lógica e o seu contexto, obter informações
sobre as entradas e saídas esperadas, bem como sobre as
ferramentas e técnicas a serem utilizadas, além de saber o “como”, ou
seja, como deve ser o passo a passo do executor.
O mesmo autor destaca que analisando os processos mapeados é
possível atuar para que eles se tornem mais confiáveis, rápidos e econômicos,
o que configura para a empresa a possibilidade de obter uma vantagem
competitiva.
Azevedo (2016, p. 3) relaciona os principais objetivos do mapeamento de
processos como:
a) Compreender mais claramente os processos;
b) Compreender a interação entre os processos;
c) Identificar os “gargalos” e falhas da produção;
d) Identificar trabalhos desnecessários;
e) Identificar desperdício de tempo;
f) Identificar desperdício de recursos;
g) Analisar a eficácia dos processos.
Existem diversas técnicas de mapeamento, cada uma com enfoque
diferente:
• “SIPOC: é uma ferramenta usada por um time para identificar todos os
elementos pertinentes de um projeto de melhoria de processo antes de o
trabalho começar” (FERNANDES, 2006 apud MELLO, 2008, p. 28).
• “Blueprinting: representa um fluxograma de todas as transações
integrantes do processo de prestação de serviço” (FITZSIMMONS, 1998
apud MELLO, 2008, p. 28).
• “Fluxograma: técnica que permite o registro de ações de algum tipo e
pontos de tomada de decisão que ocorrem no fluxo real” (MELLO, 2008,
p.28).
• “Mapofluxograma: segundo Barnes (1982 apud MELLO, 2008, p.28) o
mapofluxograma é um fluxograma desenhado sobre a planta de um
edifício ou layout para visualizar melhor o processo”.
• “Diagrama homem-máquina: tem por objetivo o estudo da inter-relação
entre o trabalho do homem e o da máquina, identificando os tempos
ociosos de ambos e balanceando a atividade do posto de trabalho”
(BARNES, 1982 apud MELLO, 2008, p. 28).
Sendo a gestão de estoques um processo repleto de tomadas de decisão,
entende-se que a técnica que o retrataria de forma mais adequada é o
fluxograma.
2.6 FLUXOGRAMA
Dos diversos modelos representativos de processos existentes o
fluxograma é considerado o modelouniversal, já que consegue abarcar o fluxo
de qualquer trabalho, produto ou documento (LOBO, 2015). Dos Santos (2015,
p. 8) descreve o fluxograma como “uma ferramenta de gestão organizacional,
excelente para mapear e entender o funcionamento interno e externo de
relacionamentos entre os processos empresariais”.
No fluxograma cada etapa de um processo é representada por figuras
esquemáticas na sua sequência de execução, demonstrando quais são as
etapas necessárias para sua realização, a distância percorrida pelos
documentos ou materiais, quem está realizando o trabalho e como ele flui entre
os participantes do processo (DOS SANTOS, 2015).
As vantagens da utilização deste método segundo Lobo (2015, p. 54) são:
• Permitir verificar como funcionam realmente todos os componentes de
um sistema, mecanizado ou não, facilitando a análise de sua eficácia.
• Entendimento mais simples e objetivo do que de outros métodos
descritivos.
• Facilidade de localização das deficiências pela fácil visualização dos
passos, transportes, operações, formulários etc.
• Aplicação a qualquer sistema, desde os mais simples aos mais
complexos.
• O rápido entendimento de qualquer alteração que se proponha nos
sistemas existentes, por mostrar claramente as modificações
introduzidas.
O autor também destaca que para a realização de um fluxograma algumas
etapas devem ser respeitadas como: comunicar aos envolvidos o objetivo do
projeto; realizar a coleta de dados, englobando todas as atividades que envolvem
o trabalho, desde o operador até os formulários; fluxogramar os dados, isto é,
estruturar o fluxograma a partir dos dados levantados; analisar o fluxograma; e,
estruturar o relatório de análise com sugestão de melhorias.
A simbologia utilizada no fluxograma está exposta na Figura 2.
Figura 2: Simbologia do fluxograma.
Fonte: Adaptado de Lobo (2015).
Após o levantamento dos dados, durante a descrição do processo de
acordo com esta técnica os símbolos da Figura 2 serão utilizados para
demonstrar as ações que acontecem durante o processo como emissão de
documentos, tomada de decisão e o fluxo em si que o material ou informação
percorre do início ao fim.
3 METODOLOGIA
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa de campo, isto é, uma
pesquisa que se utiliza de métodos e controles para conseguir informações sobre
uma determinada situação ou fenômeno já existente (MARCONI, 2017). A
mesma autora destaca sobre a pesquisa de campo que esta
[...] consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro
de variáveis que se presume relevantes para analisá-los (MARCONI,
2017, p. 203).
Para realização de tal pesquisa será empregado o método exploratório,
qualitativo e quantitativo, com o objetivo de “aumentar a familiaridade do
pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma
pesquisa futura mais precisa” (MARCONI, 2017, p. 204). Conforme afirma
Trivinõs (1987 apud CUERVO, 2016) é comum que após a pesquisa exploratória
seja realizada a descritiva, com o intuito de descrever de forma detalhada os
dados, fatos e fenômenos compilados anteriormente.
As técnicas de coleta de dados utilizadas para atingir estes propósitos são
a observação não-participante, ou seja, a técnica de observação onde "o
pesquisador toma contato com a [...] realidade estudada, mas não se integra a
ela: permanece de fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa
envolver pelas situações” (MARCONI, 2017, p. 211), a entrevista, isto é, técnica
de conversação onde se obtém informações sobre determinado assunto
(MARCONI, 2017) e por último coleta de documentos que permitirão a análise
quantitativa.
No estabelecimento em questão há apenas 1 pessoa responsável pela
gestão de estoques, portanto, tanto o universo quanto a amostra são
representados por este único indivíduo.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Irene Conceição Gouvêa. Fluxograma como ferramenta de
mapeamento de processo no controle de qualidade de uma indústria de
confecção. In: Congresso Nacional de Excelência em Gestão, XII, 2016, Rio
de Janeiro. Artigo. p. 1-14. Disponível em: http://www.inovarse.org/sites/default
/files/T16_M_024.pdf. Acesso em: 23 abr. 2020.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento,
organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística
Empresarial. 5. ed., Porto Alegre: Bookman, 2006.
BORGES, Thiago Campos. Et al. Implantação de um sistema para o controle
de estoques em uma gráfica/editora de uma universidade. Revista Eletrônica
Produção & Engenharia, v. 3, n. 1, p. 236-247, jul./dez. 2010. Disponível em:
https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/8811/1/
ARTIGO_Implanta%c3%a7%c3%a3oSistemaControle.pdf. Acesso em: 23 mar.
2020
CAMARGO, Pedro Toscan. Gestão de estoques em órgão público: o caso do
hospital universitário polydoro hernani de são thiago. 2017. 72 f. TCC
(Graduação) - Curso de Administração, Departamento de Ciências da
Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/17693
7/TC_Pedro_v7.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 17 abr. 2020.
CORRÊA, Henrique Luiz. Administração de cadeias de suprimentos e
logística: o essencial. São Paulo Atlas 2014.
CUERVO, Luciane da Costa. Musicalidade da performance na cultura digital:
estudo exploratório-descritivo sob uma perspectiva interdisciplinar. 2016. 245 f.
Tese (Doutorado) – Curso de Informática na Educação, Centro de Estudos
Interdisciplinares em Novas Tecnologias na Educação, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/157496. Acesso em: 30 abr. 2020.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e
gestão. São Paulo: Atlas, 2011.
DOS SANTOS, Lucas Almeida. Et al. Mapeamento de processos: um estudo
no ramo de serviços. Iberoamerican Journal of Industrial Engineering, v. 7, n. 14,
http://www.inovarse.org/sites/default
www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/8811/1/
www.lume.ufrgs.br/handle/10183/157496
p. 108-128, 2015. Disponível em: http://stat.cbsm.incubadora.ufsc.br/index
.php/IJIE/article/view/3667. Acesso em: 17 abr. 2020.
GIANESI, Irineu Gustavo Nogueira; DE BIAZZI, Jorge Luiz. Gestão estratégica
dos estoques. Revista de Administração, v. 46, n. 3, p. 290-304, jul./set. 2011.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/
pii/S0080210716302060. Acesso em: 24 mar. 2020.
LOBO, Renato Nogueirol. Gestão da qualidade. São Paulo Erica 2010
MARTIN, Alberto Peixoto San. Método de avaliação de tecnologias de
edificação para a habitação de interesse social sob o ponto de vista da
gestão dos processos de produção. 1999. 150 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Engenharia Civil, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/34860. Acesso em: 30 abr. 2020.
MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de
materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
MELLO, Ana Emília Nascimento Salomon de. Aplicação do mapeamento de
processos e da simulação no desenvolvimento de projetos de processos
produtivos. 2008. 117 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia de
Produção, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2008. Disponível em: https://repositori
o.unifei.edu.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/1695/dissertacao_0034092.p
df?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 17 abr. 2020.
NUNES, Vagner Teodoro. Aplicação de técnicas de previsão de demanda e
gestão de estoques em uma empresa misturadora de fertilizantes. 2019. 72
f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia de Produção, Programa de
Pós-Graduação Mestrado Profissional em Engenharia de Produção,Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/
200093/001102396.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 17 abr. 2020.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma
abordagem logística. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
RIGOLETO, Ândria Almeida. Et al. A gestão de estoque como ferramenta
estratégica na redução de custos. Organizações e Sociedade, v. 6, n. 6, p.
103-114, jul./dez. 2017. Disponível em: http://revista.facfama.edu.br/index.php/
ROS/article/view/308/255. Acesso em: 23 mar. 2020.
SEBRAE. Bares e Restaurantes: um setor em expansão. Disponível em:
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/bares-e-restaurantes-um-
setor-em-expansao,1038d53342603410VgnVCM100000b272010aRCRD.
Acesso em: 23 mar. 2020.
SEBRAE. Micro e pequenas empresas geram 27% do PIB do Brasil.
Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mt/noticias/
http://stat.cbsm.incubadora.ufsc.br/index
www.sciencedirect.com/science/article/
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/
http://revista.facfama.edu.br/index.php/
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/bares-e-restaurantes-um-
micro-e-pequenas-empresas-geram-27-do-pib-do-brasil,ad0fc70646467410Vg
nVCM2000003c74010aRCRD. Acesso em: 23 mar. 2020.
SEVERO FILHO, João. Administração de logística integrada: materiais, PCP
e marketing. 2. ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2006.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São
Paulo: Atlas, 2010.
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mt/noticias/

Continue navegando