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A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: da Era Vargas à ditadura militar de 64 Professora: Grasiele Fretta Fernandes Contato: grasielefretta@usp.br A saúde pública na Era Vargas (1930 - 1945) • Afastar da administração pública os principais líderes da República Velha – Oligarquias • 1930 – Ministério da Saúde Pública • 1934 – Constituição Federal ü Nova ordem na saúde – centralização em nome do zelo e bem-estar sanitário da população. ü Geraldo de Paula Souza (SP) – orientação para um sistema de saúde descentralizado e ajustado às questões sanitárias locais. A saúde pública na Era Vargas (1930 - 1945) • Ditadura do Estado Novo (1937): centralização da máquina governamental e bloqueio das reivindicações sociais – ‘POPULISMO’. • Getúlio, o pai dos pobres: a saúde deixa de ser tratada como questão de polícia (República Velha). • Caixas e Institutos: • Início (modelo): Lei Elói Chaves • Caixas de aposentadoria e pensões e os institutos da previdência • Legislação trabalhista: • 1943: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – setor previdenciário começa a se estruturar. A democratização e a saúde (1945 – 1964) • Outubro de 1945 – deposição de Getúlio Vargas – início da redemocratização do Estado brasileiro. • 1946 – assume o presidente Eurico Gaspar Dutra • 1948 – Plano Salte – não chegou a ser totalmente executado A democratização e a saúde (1945 – 1964) • 1953: volta de Getúlio Vargas – criação do Ministério da Saúde (MS) – verbas irrisórias üO MS falhou, principalmente, porque em nenhum momento patrocinou reformas fundamentais ou organizou uma política de saúde eficiente; ü Década de 40 – Serviço Especial de Saúde Pública (SESP); ü 1956 – Departamento Nacional de Endemias Rurais; ü Consequência da nova organização política na saúde – CLIENTELISMO; ü Altos índices de mortalidade – Esperança Média de Vida: 51 anos em Porto Alegre; 49 em Belém; 37 em Recife. A democratização e a saúde (1945 – 1964) • Cresce a pressão sindical nas áreas urbanas/industrializadas: üSucessão de leis federais que garantiam o atendimento de saúde dos segurados – inicialmente 5% - aumento: precariedade na administração e no serviço prestado; ü Pressão da iniciativa privada: empréstimos federais a iniciativa privada – o setor público aprovou lei que garantiam privilégios para os grupos privados; ü 1960 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOPS). Regime militar de 1964 • As décadas de 1960, 1970 e início da década de 1980 - regime autoritário burocrático. • Período mais repressivo - final dos anos 60 e início dos anos 70. • O país vive, por mais de 20 anos, em um período de total “escuridão” em que, a noção de participação popular e democracia, eram sinônimos de “desordem” e “traição” à pátria. • Quando instaurado, o regime autoritário brasileiro se sustentava sobre duas “tarefas”: restaurar a ordem e normalizar a economia. A saúde no regime militar de 1964 • 1966 – criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) – subordinado ao Ministério do Trabalho: unificou todos os órgãos previdenciários que funcionavam desde 1930. • 1967 – nova Constituição Federal. • Sistema Dual de Saúde na esfera pública: üINPS deveria tratar dos doentes individualmente; ü MS deveria elaborar e executar programas sanitários e assistir a população durante as epidemias. A saúde no regime militar de 1964 • Contribuição - desconto de 8% do salário mínimo. • Cresce de 50% para 90% consultas e hospitalizações pelo INPS. • Relação INPS com o setor privado – garantida na CF de 67. • Fragilidade do Sistema – mecanismo de fraude: ü Empresas se desligando do INPS – inicia-se a prática dos convênios empresarias. A saúde no regime militar de 1964 • 1971 – FUNRURAL: Programa de Assistência ao Trabalhador Rural • 1974 – criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS): incorporação do INPS (antes subordinado ao Ministério do Trabalho) ü Para controlar a onda de corrupção, pagamentos ilegais de serviços médicos e aposentadorias fantasmas, foi criada a DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social. A saúde no regime militar de 1964 • 1975 – criação do Sistema Nacional de Saúde • Consequência da crise do setor público: saúde – bom negócio para o capital estrangeiro: üPlanos de Saúde; üIndústria Farmacêutica – em 1971 é criada a central de medicamentos (CEME). A saúde no regime militar de 1964 • Como conseqüência da política econômica adotada, uma parcela considerável da população brasileira enfrentou péssimas condições de vida marcadas pela elevação dos níveis de desemprego, queda na renda, e queda no poder aquisitivo das famílias. • Na saúde - taxas de mortalidade e morbidade incompatíveis, em tese, com o crescimento da economia (“milagre brasileiro”); dificuldades no acesso a ações e serviços de saúde. ØO regime militar, em síntese, de um lado implementava uma política econômica geradora de doenças e riscos à saúde, e de outro lado, aumentava a oferta e diminuía a qualidade dos serviços públicos prestados. A saúde nos anos 80 • João Figueiredo (1979 - 1985) – último general presidente • 1988 – Constituição Federal • 1989 – eleição direta para presidente • Inflação – 2000% em 1993 – política econômica recessiva: corte de verbas públicas nos setores sociais. A saúde nos anos 80 • A crise da saúde: üAusência de planejamento e descontinuidade de Programas – alastramento da corrupção e ineficiência dos serviços – herança da ditadura; ü Década de 80 – Prev Saúde, CONASP, AIS; ü Oposição dos empresários da saúde (lobbies). • Diante do descaso com a população e as péssimas condições de trabalho na área médica – anos 70: Abrasco e Cebes – Movimento Sanitarista. MOVIMENTO SANITÁRIO • Durante o período mais repressivo da ditadura desenvolveu-se um pensamento transformador na área de saúde, pensamento esse, com bases universitárias, que veio com o intuito de lutar pelo povo, dar voz aos silenciados. • Referencial: classe trabalhadora e populares. • O Movimento Sanitário ou a Reforma Sanitária Brasileira (RSB) surge, enquanto proposta, de um longo movimento da sociedade civil, em defesa da democracia, dos direitos sociais e de um novo sistema de saúde. • Caracteriza-se como sendo mais um dos movimentos sociais, crescentes entre as décadas de 1960 e 1970, com uma atuação bem definida e bem visível para outros setores. MOVIMENTO SANITÁRIO • CEBES - “pela democratização da saúde e da sociedade” • Compreende-se que, por uma saúde autenticamente democrática, são necessários quatro grande reconhecimentos: de que a saúde é um direito universal e inalienável do homem; de que são as condições de caráter socioeconômico as que viabilizam a preservação da saúde; de que as ações médicas detêm responsabilidade parcial porém intransferível na promoção da saúde; e, de que, diante do caráter social desse direito cabe à coletividade e ao Estado a sua efetiva implementação (CEBES, 1979) (p.12). MOVIMENTO SANITÁRIO • A RSB, enquanto reforma social concebida e desencadeada em um momento de crise de hegemonia, defendia a redemocratização do Estado e da sociedade, partindo-se do princípio de que, a ausência de participação popular estaria provocando o debilitamento dos princípios democráticos e da cidadania. • No final do regime militar, as pressões por mais participação afetavam todas as áreas de políticas públicas. • Movimento Sanitário: papel decisivo na construção de um sistema de saúde, e também na definição de como a participação seria incorporada como elemento constituinte do desenho institucional do sistema. Brasil Pós Constituição Federal • 1988 - promulgação da Carta Constitucional • “Constituição Cidadã”: reestruturaçãodo Estado, pautado em uma democracia que concretiza e respeita direitos individuais e coletivos. ØArtigo 196 - “saúde como direito de todos e dever do Estado [...]”. ØArtigo 198 – criação de um Sistema Único, do tipo Universal de Saúde, pautado nos princípios da Reforma Sanitária. Brasil Pós Constituição Federal • 1990 – Lei 8080 (Lei Orgânica da Saúde) • 1990 – Lei 8142 “a participação da comunidade na gestão do SUS, e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e de outras providências”.
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