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Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 1 Ensinos nas Cartas de Pedro Igreja Batista Vitória Régia Falar de Jesus Cristo. Obedecendo a Deus! Compilação e argumentos: Ronaldo Pontes Moura Maio e junho de 2011 Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 2 Estudo I: Introdução às cartas de Pedro Objetivo: Situar os alunos no contexto em que as cartas de Pedro foram escritas e quanto ao conteúdo doutrinário e eclesiológico nela contidos. Autoria: as cartas foram escritas por Simão Pedro, apóstolo e seguidor de Jesus que experimentou a conversão e o quebrantamento necessários aos líderes no final da vida de Cristo. Pedro tinha o temperamento impulsivo e inconstante, mas foi chamado por Jesus para “apascentar suas ovelhas. (Lc 22:31-32; Jo 21:15- 19). Simão Pedro é o único dos apóstolos que a bíblia indica ser casado (Mt 8:14). Pedro e André, seu irmão, eram da cidade de Betsaida, que se traduz do hebraico por “casa da pesca”. Era um povoado de pescadores, próximo a Jerusalém. Além de Pedro e André, Filipe também era natural dessa vila. A carta foi escrita já no final da vida do apóstolo. Data e lugar: não se pode precisar o local onde a carta foi escrita e o período exato. Acredita-se que tenha sido escrita em Roma. Em I Pe 5:13, o apóstolo envia saudações da igreja que se encontra em Babilônia, mas costumava-se fazer referências a Roma como sendo Babilônia, em razão do estímulo à vida pecaminosa e idólatra semelhante ao reino de Nabucodonosor. Destinatários: “os eleitos espalhados através da Ásia Menor. Provavelmente a todo o corpo de cristãos dessa região, tanto judeus como gentios.” Pedro escreve especialmente às igrejas fundadas por Paulo (I Pe 1:1) em suas viagens missionárias. Ele faz questão de instruir, admoestar e exortar os cristãos, fortalecendo o seu ânimo e a sua fé em Cristo. Tornando-se exemplo para cristãos que eram perseguidos por exercerem sua fé. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 3 Propósito: Pedro obedece nessas cartas a duas ordens específicas dadas por Jesus: a) Animar e fortalecer os cristãos: Lc 22:23 b) Alimentar o rebanho de Deus: Jo 21:15- 17. Para Thopson a palavra-chave da carta era Sofrimento, pois ela ocorre 15 vezes ou mais naquela carta. Mas a chave desse texto bem pode ser “sede sóbrios”, expressão que ocorre apenas duas vezes mas que exerce grande poder de síntese da mensagem que ela anuncia (I Pe 1:13; 5:8). O tema principal, também segundo Thompson é “a vitória sobre o sofrimento”. Glossário Doutrinário: que se refere à doutrina, ao ensino proposto através do conteúdo bíblico. Eclesiologia: estudo das questões referentes à igreja. sf (gr ekklesía+logo+ia1) 1 Tratado, história da Igreja. Estudo das doutrinas de uma ou mais igrejas. Dicas para os professores Deixe que seus alunos descubram o contexto da carta de Pedro. Divida sua turma em pequenas equipes e entregue a eles um papel escrito apenas com os tópicos da lição: autor, destinatário, propósito e palavra-chave. Em seguida peça que cada grupo pesquise: 1. Quem era Pedro, onde nasceu, quais as características de seu temperamento. 2. Para quem Pedro escreveu essas cartas, qual a origem da fé deles, eram judeus convertidos ou gregos evangelizados? 3. Qual o propósito dessas cartas, qual a principal mensagem que ela carrega? 4. Qual a palavra ou expressão que define o conteúdo da carta de I Pedro? Deixe que os grupos pesquisem por aproximadamente 25 minutos, para depois comparar suas respostas e debater o contexto da carta de Pedro. Lições a serem enfatizadas: 1. O crente dos dias atuais deve aprender a pesquisar na bíblia e usar materiais de apoio para compreender as lições da palavra de Deus para a sua vida. 2. Devemos aprender com Pedro, Paulo e os demais autores bíblicos a oferecer palavras de ânimo, revogiração e estímulo ao crescimento espiritual de nossos irmãos em Cristo. Isso deve ser feito sempre “a tempo e fora de tempo”, não apenas quando as pessoas nos procuram. 3. Não há dificuldade nesta vida que não possa ser superada em Cristo. Os cristãos eram perseguidos e mortos, muitas vezes por suas próprias famílias. Mesmo assim seguiam a Jesus. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 4 Estudo II: A vida do apóstolo Pedro Objetivo: Apresentar aos alunos o estudo biográfico de Pedro, com base nas pistas deixadas pela Palavra de Deus. I – Pedro era um pescador e foi chamado por Jesus para o seguir (Mt 4:18-19). Ele e seu irmão André andaram próximos de Jesus e acompanharam o seu batismo e tiveram a oportunidade de ouvir a voz de Deus testemunhando sobre a alegria que sua alma tinha em Jesus (II Pe 1:17-18). II – Pedro é conhecido por seu ímpeto e curiosidade, não era homem de segurar seus próprios pensamentos, sempre falando o que lhe vinha à mente, fosse isso bom ou ruim, isso nos deu algumas informações muito importantes sobre Jesus, a vida cristã e a igreja. Contribuições que veremos a seguir: 1. Quando anda sobre o mar com Jesus, Pedro nos dá uma dica sobre o poder da fé e o “contra-poder” provocado pelo medo e pela falta de confiança no Senhor. Quem de nós poderia repetir aquela maravilhosa experiência? Qual outro apóstolo se atreveu a tentar? Apenas Pedro foi curioso o bastante para experimentar o poder de sua confiança em Jesus (Mt 14:29-30). 2. Quando Jesus entra em Cafarnaum, os cobradores de impostos questionam a Pedro sobre o comportamento de Jesus, se ele iria ou não pagar o pedágio para entrar na cidade. E foi com Pedro que Jesus respondeu a questão, mandando que ele pescasse o peixe e retirasse dele a moeda. Daí surgiu a célebre frase “daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Mt 17:24-27). 3. Durante a última ceia, quando Jesus lava os pés dos discípulos, a confusão provocada na cabeça de Pedro nos deu uma importante revelação da missão de todo o crente em cuidar dos seus irmãos. Foi ali que entendemos que estamos lavados de nossos pecados, mas precisamos que um cuide dos pés do outro, para que não precisemos ser lavados de novo (Jo 13:6-7). 4. Pedro esteve com Jesus no Getsêmani e viu o seu sofrimento, mas foi de Pedro que Jesus chamou a atenção porque estavam dormindo. Parece que Jesus tinha uma confiança especial nesse apóstolo, de que ele saberia ser mais forte, cuidando e protegendo os demais (Mt 26:37-41). Dali surgiu também uma fala conhecida: o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Essa frase tem sido deturpada em nossos dias, ela na verdade representa a compreensão que Jesus tinha das limitações humanas de seus discípulos. 5. Um pouco antes do Getsêmani, quando disse que seria traído, foi Pedro quem disse a Jesus que não abandonaria, mas foi ele quem escutou que ainda naquela noite negaria a Jesus (Mt 26-33-35). 6. Pedro negou mesmo a Jesus (Jo 13:6-7), arrependeu-se (Mt 26:5). Mas após a morte do Mestre,ele foi chamado por Maria Madalena para ir ao sepulcro vazio, mais uma demonstração de que era tido como o líder mais forte e dinâmico do grupo. (Jo 20:1-8). 7. Após a ressurreição Jesus tem uma conversa especial com Pedro e pede que agora ele apascente o seu rebanho (Jo 21:3-7). Depois da morte de Jesus Pedro experimentou a prisão várias vezes e deu grandes testemunhos de seu conhecimento acerca da história e da lei judaica. Em Atos 2 vemos a transformação do líder braçal em pastor de ovelhas. É dele o primeiro discurso registrado após a descida do Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 5 Espírito e dessa pregação resultaram três mil almas (At 2:41). Também é Pedro quem começou a curar enfermos, para ele eram trazidos os doentes, e eles eram curados (At 3:1-6). É do discurso de Pedro que tiramos uma de nossas principais referências doutrinárias, registrada em Atos 4:12: Por que nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Antes do registro da conversão de Saulo, a bíblia registra a primeira viagem missionária dos apóstolos. Pedro e João foram a Samaria completar a obra que estava sendo iniciada naquele lugar (At 8:14-25). Pedro fez, pelo menos mais duas viagens missionárias, passando por Lida, Jope e Cesaréia na segunda e Antioquia na terceira (At 9:32 a 11:2; At 15:1-14 e Gl 2:11). É importante ressaltar que judeus não falavam com samaritanos, mas Pedro foi lá anunciar a vinda de Jesus para eles. Também em Atos 10 a bíblia registra a luta que Pedro travou com Deus, para que compreendesse que a salvação era para todos os povos, não apenas para os judeus. Mesmo assim os apóstolos (e Pedro principalmente) tiveram problemas em entender esse propósito divino. Foi necessário que se fizesse um concílioi dos apóstolos em Jerusalém para que todos entendessem que o evangelho era, sim, para ser pregado a toda a criatura (At 15) e foi pelo depoimento de Pedro e pela palavra de Tiago que o concílio ficou resolvido. Pedro e Paulo, porém tiveram ainda um desentendimento por causa dessa questão, isso ficou registrado no capítulo 2 de Gálatas, onde Paulo relata a vez em que repreendeu Pedro na cidade de Antioquia, por constranger-se a pregar o evangelho para os não-judeus. Considerações finais O caráter e a humanidade de Pedro são bem ressaltados na bíblia, porém a sua liderança e atitude consciente em seguir ao Senhor também são bem caracterizadas na palavra de Deus. Pedro tinha muitas limitações, assim como nós. Alguns tradutores relatam que suas cartas eram escritas em um grego rude, quase de analfabeto, diferente das cartas de Paulo, mas o conteúdo espiritual que suas falas e escritos expressam refletem o caráter jenuíno de quem andou com Jesus. Podemos aprender com Pedro que nossas deficiências serão superadas pela medida e intensidade que nos aproximamos do Senhor. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 6 Estudo III: Salvação gloriosa Objetivo: Entender na exposição do conteúdo da primeira carta de Pedro o conceito e a profundidade da salvação provida por Cristo. I – A nossa esperança é viva e está centralizada na ressurreição de Cristo (I Pe 1:3). -- Deus é bendito e nos gerou, segundo a sua misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo. É importante termos convicção de que não foi a morte sacrificial de Jesus que nos deu a Salvação, mas sua ressurreição gloriosa. Foi ali que a obre de Deus se completou. Quando Jesus venceu a morte. II – Por causa da salvação dada por Jesus, temos uma herança incorruptível e imarcescível (ver glossário), que herança seria essa? (v. 4) A vida eterna com Deus não murchará, não se desmanchará, não será destruída nem retirada de nossas mãos. Ela nos foi dada por Jesus e é o nosso principal valor. III – A salvação nos é dada mediante a fé (v.5). É a nossa fé a contrapartida que podemos dar a Deus pela graça que nos foi concedida. E é por causa dessa fé que estamos guardados na “virtude de Deus”. Uma coisa maravilhosa do evangelho é a transformação dada por Deus em nossos corações. Quando somos capazes de entregar totalmente nossa vida a Jesus ele nos transforma e nos preserva, nos alegra e nos consola (v. 6). Tudo isso nos leva a outra questão, não tão agradável, mas muito necessária: somos provados no fogo, da mesma maneira que o ouro. (v. 7). Também é pelo poder de Deus e pela graça da salvação que podemos amar a Jesus, mesmo sem nunca tê-lo visto (v.8). A finalidade de nossa fé é a salvação (v. 9). Não adianta buscarmos a fé apenas para recebermos coisas, bens, bênçãos deste mundo. Essa não é uma fé empenhada em um Cristo (salvador), mas em um deus deste século, apenas provedor de bens, recursos e poderes. Temos fé em Jesus Cristo, primeiramente, para alcançarmos a salvação. Isso deve estar bem claro para nós, como estava para Pedro. IV – Pedro nos lembra que os profetas questionaram a Deus sobre essas coisas e revelaram cuidadosamente as coisas que estavam por vir e que se manifestaram em Jesus Cristo. Isso para que ninguém tivesse dúvidas quando o messias fosse revelado ao mundo. (Is 52:14-15; 53:; Dn 12:2-4; Mq 5:1-4). V – Por causa dessas coisas (a salvação, a predição, a fé, as provações e a misericórdia do Senhor) devemos buscar entendimento da salvação em Cristo (v. 13), ser obedientes a Deus e inconformados com este mundo (v. 14; Rm 12:1-2), ser santos, porque Deus é santo (v. 15 e 16; Lv 19:2). Pedro também nos exorta a andar em temor, porque Deus não faz acepção de pessoas (v. 17) Figura 1: extraída de opentecoste.blogspot.com O ouro é retirado da terra em estado bruto. Sua aparência não é agradável, porque encontra-se misturado a outros minerais. Mas o ouro é derretido no fogo. Então ele é separado da sujeira e pode assumir o formato e o brilho desejados pelo ourives. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 7 julgando nossas ações pelo que representam de certo ou errado. VI – Pedro nos alerta, ainda, a comprendermos que não somos salvos por coisas corruptíveis, ou seja, por coisas que se acabam (V. 18). Não são nossos bens, conhecimento, ações de graças e caridade que nos conduzem ao céu, mas “o precioso sangue de Cristo” (v. 19) que foi derramado por nós. VII – No final desta lição, deixamos a mensagem de Pedro, que reconhece que a salvação foi predita ainda antes da fundação do mundo (v. 20) e se revelou em nosso tempo (v. 21) por amor de cada um de nós. A obra de salvação provida por Cristo foi prometida por Deus ainda quando o diabo caiu do céu, por causa de seu pecado (Lc 10:18). Ou seja, mesmo Deus tendo criado o mundo sem corrupção, sabia que Satanás corromperia a natureza e nossas vidas e traria o pecado para nós. O que acontece no céu, a razão de termos sido criados e o motivo do pecado ter entrado no mundo são assuntos desconhecidos para nós, vemos em espelho (I Co 13:12) e são mistérios que pertencem a Deus, mas Deus resolveu nos manifestar um mistério ainda melhor, Cristo em nós, e é nesse mistério revelado que devemos confiar para nossa redenção (Cl 1:26-27) Considerações finais O maior valor dado por Deus para a humanidade foi a salvação pormeio de Cristo, temos que aprender a valorizar esta salvação e reconhecer a importância de sermos transformados por Cristo. Pedro é, para nós, um grande exemplo do que Deus pode fazer através de um cristão convertido. Ele não tinha muito conhecimento, não era um homem letrado, não tinha a cultura de Paulo, mas o coração transformado pelo sangue de Jesus o transformou em um grande líder, capaz de nos ensinar lições preciosas e nos falar com muita competência sobre o valor da salvação. Glossário Incorruptível: algo que não estraga, não deteriora, não se acaba com o tempo. Imarcessível: indestrutível, indelével. Santo: separado, purificado ou destacado para servir a Deus. Dicas para professores Nesta lição você pode dividir sua turma em grupos e pedir que explorem outros textos que reforcem o conteúdo apresentado por Pedro. Faça isso por tópicos. Você pode pedir a seus alunos que dêem seu testemunho de conversão. É interessante sabermos falar da forma como Deus nos alcançou, transformou e garantiu a paz. Ou, você pode sugerir um debate sobre a importância e conhecimento da salvação em Jesus Cristo para a igreja do século XXI, bem como as suas implicações para nossa vida em comunhão. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 8 Estudo IV: A vida do salvo por Jesus Objetivo: Desafiar os crentes em Jesus a viverem uma vida digna da salvação concedida. I – A vida do crente deve ser purificada e regenerada (I Pe 1:22- 25): Pedro estabelece que a condição para um viver correto é já ter sido purificado pelo sangue de Jesus, também é pré-requisito para o crente que tenha uma vida de obediência à verdade. Dessa maneira viveremos em amor fraternal “não fingido”. Pedro nos convida a “amar ardentemente uns aos outros” e ainda reforça “de coração”. Esse amor só pode acontecer quando formos regenerados de forma integral pela Palavra de Deus (v. 23), que é “viva e permanente”. A riqueza desses dois versículos poderia ser explorada longamente. Em poucas palavras Pedro nos confronta com a nossa certeza de salvação e com a exigência de frutos compatíveis com a regeneração provocada pelo Espírito Santo que passou a habitar em nós. Também nos desafia a conhecer a palavra de Deus profundamente, não apenas intelectualmente, mas deixando que ela promova mudanças em nossa maneira de agir. Então Pedro nos lembra que somos mortais e corruptos (v. 24) e que a eternidade existente em nós está ligada à Palavra, que permanece para sempre. II – Em seguida Pedro nos convida a deixar para trás toda a impureza, malícia, engano, fingimento, invejas e maledicências (I Pe 2:1). Ele nos chama para um procedimento íntegro, especialmente no que diz respeito às nossas relações humanas. Este Pedro que escreve aqui parece ser um profundo conhecedor da natureza humana e de suas mazelas e deixa bem claro os defeitos corriqueiros na vida em igreja. Mas “não se tira a muleta do aleijado sem que ele aprenda a andar” já dizia o sábio pastor, é necessário substituir o pecado por uma graça abundante, então Pedro nos ensina que devemos desejar ardentemente o puro leite espiritual (v. 2) para podermos crescer, porque já nascemos de novo em Cristo Jesus. Esse crescimento nos tornará pedras vivas, casa espiritual, fortaleza do Espírito Santo de forma que possamos interceder pelos outros, não apenas por nós mesmos, e tenhamos a certeza de que fomos ouvidos e atendidos por Deus (v. 5). Retornando à figura de Cristo, Pedro nos adverte que esse evangelho e essa pureza de vida é preciosa para quem foi transformado, mas para aquele que não crê a nossa vida é uma pedra de tropeço. Paulo já advertia que temos cheiro de morte (II Co 2:16). III - Todas essas considerações nos levam a entender que a vida do crente deve ser: a) Santa: (v. 9-10): somos uma geração escolhida pelo Senhor para levarmos a salvação, comunicarmos o poder transformador do sangue de Jesus, transformarmos a sociedade e o contexto familiar em que vivemos. Em Cristo passamos a ser uma nova nação, vivendo neste mundo sem pertencer a ele, com a finalidade de anunciar “as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a luz” (v. 9). b) Peregrina (v. 11): sabendo que nossa estadia aqui é curta e passageira, devemos viver desde agora como cidadãos do céu, nos afastando dos Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 9 desejos da carne, porque a carne combate contra nossa alma. c) Civil e socialmente responsável (v. 12- 17): nosso procedimento perante a sociedade, os não-crentes, as autoridades e os governantes deve ser simples, honesto e submisso. Devemos ser exemplo em nosso procedimento, para que as pessoas desejem conhecer a esse Cristo que nos transformou. A recomendação do versículo 17 resume toda a prática de responsabilidade social defendida por Pedro: honrar a todos, amar os irmãos, temer a Deus e honrar o rei. d) Bom empregado (v. 18): como servos devemos respeito a quem nos contrata e paga nosso salário. A qualquer que esteja sobre nós, seja ele bom ou mau. Na dúvida quanto a isso, devemos olhar para o exemplo de Cristo, que padeceu com firmeza, suportando o nosso castigo para completar a sua obra (v. 20-25). e) Boa esposa (I Pe 3:1-6): a esposa transformada pelo Espírito terá uma grande oportunidade de conquistar a alma de seu marido se proceder com bondade, respeito e submissão. A boa esposa se adorna não apenas exteriormente, mas pelo “espírito manso e tranqüilo, que é precioso diante de Deus” (v.4). f) Bom marido (v. 7): o bom marido deve saber honrar sua esposa, ajudá-la em suas fraquezas, reconhecer seu esforço, trabalho e dignidade. Pedro chama a atenção para a questão espiritual do casamento, o marido que não sabe reconhecer sua esposa como herdeira com ele da Salvação terminará por impedir que suas próprias orações sejam ouvidas. (v. 7). g) Bom irmão (v. 8-12): os cristãos devem saber conviver em amor e comunhão, ter misericórdia, compreender as limitações uns dos outros, não se tornarem vingativos. Considerações finais A transformação promovida por Jesus em nós deve ser completa, não apenas interna, mas deve estar refletida em nossos relacionamentos. Relacionamentos sinceros, profundos e firmados no amor e na comunhão são a marca do verdadeiro cristianismo, por isso devem ser cultivados. Não podemos esquecer o segundo grande mandamento: ama o teu próximo como a ti mesmo (Mc 12:33). A busca da santificação e de uma vida exemplar deve ser um processo automático na vida do crente, mesmo vivendo em um mundo turbulento e entregue ao maligno, nossa alma anseia ardentemente por Deus e por andar de maneira que o agrade, por isso não há sofrimento em querer a santificação, mesmo que haja muita luta para que a conquistemos. O crente convertido sabe exatamente o que fazer, porque o Espírito ensina o caminho da purificação e da preservação da santidade, o que acontece conosco é que o tempo e as questões deste mundo tendem a esconder a presença de Deus e, se não tomarmos cuidado, perdemos a perspectiva da santidade e da vida de exemplo que devemos ter. Dicas para os professores Convide seus alunos a falarem sobre o procedimento do crente. Em seguida convide-os para identificarem situações onde essas coisas foram esquecidas. Ressalte ao final que o bom procedimento do cristão não acontecerá pelaforça ou por seguirmos uma lista de boas práticas, mas pela capacidade que tivermos de reconhecer e dar lugar à transformação dada por Jesus a cada um de nós. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 10 Estudo V: O cristão e o sofrimento Objetivo: Compreender a relação entre o consolo dado por Deus e a vida gloriosa futura com as dificuldades que todos nós enfrentamos em nossa vida secular. Vivemos um século no qual as pessoas fazem de tudo para evitar o sofrimento, a era da anestesia e do torpor. Evitamos as dores de parto, as dores de dentes, as dores da alma e as dores do relacionamento, na maioria das vezes com algum tipo de auxiliar químico para nos ajudar em nossos combates. As consequências desse pensamento que domina o mundo são relacionamentos frágeis, construídos para não durar, menor despertamento de vocacionados em nossas igrejas, pouca disponibilidade para sofrer pela causa do evangelho e crentes que estudam muito e se esforçam muito para não depender do poder de Deus. Pedro nos ensina algo diferente sobre o sofrimento, são lições que não podem ficar presas no tempo, mas devem ser usadas para reflexão em nossas vidas e mudar a maneira pela qual vivemos e educamos nossos filhos. I – O sofrimento por causa da justiça: Pedro nos desafia com uma pergunta bastante simples: “quem é que vos fará mal, se fordes zelosos do bem?” (I Pe 3:13). Mas complementa nos dando consciência de que existe essa possibilidade (v. 14), se mesmo fazendo o bem formos pagos com o mal, devemos nos alegrar por causa da justiça. (Justiça?). Sim, Pedro nos aponta para um sentimento de justiça dentro da injustiça, ele nos faz perceber que mesmo que os homens sejam maus e paguem com maldade o bem que fazemos, Deus é fiel e justo (I Jo 1:9). E se Deus é justo, tenhamos paciência, porque receberemos pagamento justo pelo bem produzido. Nesse raciocínio, Pedro nos ensina que devemos eleger Cristo como Senhor, ou seja, nosso proprietário, e nos exorta a estar sempre preparados para responder a todos a razão de nossa fé (v. 15). E você pode imaginar a cena em sua própria vida, as pessoas estão atacando você, falando mal de você, querendo a sua morte e você está trabalhando para o bem delas. E Pedro nos afirma que quando fizermos isso, deixamos confusos os que nos atacam (v. 16). Isso é suficiente para você? Talvez seja pouco para os padrões deste mundo, mas imagine a expressão e o sentimento de Adolph Hitler, por exemplo, quando o negro americano Jesse Owens correu mais rápido do que todos os brancos alemães dentro do estádio de Berlim. Pedro encerra este pensamento afirmando que, se vamos mesmo sofrer, é melhor sofrermos praticando o bem, para cumprir a vontade de Deus (v. 17). II – O exemplo de Cristo: Pedro cita o exemplo de Cristo mediante o sofrimento (v. 18-22). Ele sofreu injustamente, pagando pelos nossos pecados. Lá na cruz ele não se justificou nem clamou por justiça, antes padeceu a dor que nós merecíamos sofrer e com isso ele nos deu acesso ao Pai. Pedro nos revela um mistério ao afirmar que ao morrer na carne, Jesus foi vivificado em Espírito e foi em Espírito que ele realizou a sua obra de salvação, longe dos olhos dos homens, longe do poder da carne. Ao compreendermos que Cristo agiu em Espírito, não nos cabe especular sobre o que ele fez, nem para onde ele foi após a sua morte, basta que saibamos que foi quando liberto da carne que Jesus agiu em nosso favor. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 11 Pedro também nos apresenta o batismo como representação desse fato (v. 21) e ele nos revela aqui outro mistério quando afirma que o batismo “não é o despojamento da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Cristo Jesus”. Com isso Pedro nos ensina que o batismo nos ensina a buscar a Jesus para purificação de nossos pecados. III – Ao nos chamar a atenção para o sofrimento, Pedro deixa claro que o cristão não está isento de sofrer. Não devemos ficar pesquisando na vida dos irmãos os motivos de seus sofrimentos, não é assim que as coisas funcionam. Cristo nos ensinou que Deus manda chuva para todos, justos ou injustos (Mt 5:45). Mas os cristãos do século XXI acreditam que estão imunes do sofrimento por causa de sua fidelidade em dízimos e ofertas, ou por sua frequência assídua aos cultos, não é assim, estamos em um mundo que descansa na iniquidade (I Jo 5:19), somos pecadores (Rm 3:23) e não temos direitos no reino. Por outro lado sabemos que no mundo passaremos por aflições (Jo 16:33), isso é assegurado por Jesus. Mas também Jesus nos assegura que não devemos fugir das dificuldades porque teremos um consolador (Jo 16:7), porque seremos recompensados na glória (Mt 5:12). Em todos os lugares a bíblia nos ensina que os sofrimentos sempre estarão presentes em nossa vida, mas que teremos a companhia do Senhor. Por isso não cabe a nós julgar o irmão, acusando- o de sofrer por pecado, como fizeram os amigos de Jó, nem mesmo cabe ao crente exigir de Deus uma proteção especial, como quem foge do sofrimento da pregação do evangelho, antes temos que nos dispor a andar com Ele para experimentarmos a sua boa, perfeita e agradável vontade (Rm 12:2). Considerações finais Pedro não escreveu diretamente aos crentes do Século XXI. Ele escreveu para pessoas que tinham coragem de ser perseguidas até à morte por amor do evangelho. Pedro não escreveu para crentes que só adoravam a Deus se o clima estivesse fresco, se a roupa estivesse limpa, se a iluminação estivesse adequada. Pedro falava para cristãos que poderiam ser mortos por se identificarem. Que poderiam ser levado à miséria. Que poderiam ser humilhados em praça pública, jogados aos leões ou envergonhados em suas famílias. Para esses Pedro ensinou a necessidade de suportar o sofrimento. Essas pessoas não tinham médico, nem centro cirúrgico, nem água encanada, asfalto na rua ou drogas químicas que aliviassem sua dor, tinham apenas a confiança e a esperança dada pela ressurreição de Cristo. Ao pensarmos sobre isso, fiquemos com as palavras de Paulo: eu sei em quem tenho crido (I Tm 1:12), e não desanimemos de servir a Cristo. Dicas para professores Comece questionando com sua turma o que cada um faz para escapar do sofrimento: escolhe a melhor casa, tomar analgésicos, estuda muito para ficar bem empregado, atravessa a rua para não dar de frente com um bêbado, tranca-se em casa. Desafie a sua turma a pensar no que deixa de fazer pelo reino de Deus por causa da auto- proteção: nada de sair ao sol para evangelizar, nada de estudar a bíblia mais que os livros da faculdade, nada de estimular amigos e filhos a servirem a Cristo, nada de se preparar para explicar a razão de sua fé? Estudem juntos a lição de Pedro sobre o sofrimento e leve sua turma a orar, para que possamos obter maior confiança no poder de Deus. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 12 Estudo V: O cristo e os tesouros de Pedro Objetivo: Sintetizar os ensinos de I Pe, fazendo uma revisão de tudo o que foi ensinado até aqui. Nesta lição conversaremos sobre alguns tópicos especiais que podem ser extraídos da primeira carta de Pedro, essestópicos serão divididos em dois temas: o Cristo de Pedro e os tesouros de Pedro. No primeiro tópico veremos qual a visão que o apóstolo apresenta para as igrejas a respeito de Jesus. No segundo veremos sete tesouros preciosos que Pedro nos apresenta. I – O Cristo de Pedro 1. O Cristo de Pedro é fonte de esperança (I Pe 1:3): Pedro nos fala que Deus é bendito e que através de Cristo nos gerou novamente para uma viva esperança. Pedro fala com naturalidade de questões que são improváveis para um mundo materialista como o nosso, primeiro ele nos diz que Cristo nos gerou novamente, e essa fala do apóstolo nos remete para a conversa entre Jesus e Nicodemus, registrada em João 3. Naquele momento Jesus ensina a todos nós que é necessário renascer, ser gerado novamente, para alcançar o reino de Deus. Essa obra maravilhosa nos concede esperança de vida eterna, de alcançarmos valores celestiais impossíveis para este mundo. 2. O Cristo de Pedro é o Cordeiro do sacrifício (1:19): Pedro nos apresenta ao Cordeiro, o animal sacrificado no momento mais importante da vida de um judeu. O sacrifício capaz de expiar nossos pecados e também de libertar toda a nação santa, conforme se vê no livro de Êxodo. 3. Cristo é a pedra angular (2:6): crer nessa pedra, a principal do fundamento, garantirá firmeza ao cristão. Pedro nos ensina isso, que aquele que crer em Jesus nunca será confundido e há duas vertentes para essa palavra. O crente não será confundido com o incrédulo, suas ações e modo de viver serão diferentes e logo ele será identificado por aquilo em que crê. Também o crente não será enganado por ensinamentos falsos, ninguém será capaz de confundi-lo, porque ele receberá o ensinamento diretamente do Espírito Santo de Deus (Jo 16:13). 4. Cristo é o exemplo perfeito (2:21): Jesus nos deixou exemplo de sofrimento. Isso não quer dizer que seremos salvos à medida que sofrermos, como alguns pensam, mas que devemos viver neste mundo sem grandes expectativas de realizações, devemos aprender a aceitar a vida e suas dificuldades, mantendo firme o nosso propósito de servir a Deus, é esse o exemplo de Cristo, difícil de se seguir, mas necessário para o bom cristão. 5. Sofreu pelo ideal (2:23): Quantas pessoas você conhece que são capazes de atravessar uma rua por aquilo que conhecem? Pois Cristo nos ensinou a confiar em Deus mesmo diante da injustiça e esperar nele a sua exaltação. 6. Levou o nosso pecado (2:24): este versículo não apenas retrata o que já sabemos, que Jesus Cristo morreu por nossos pecados, mas também faz questão de destacar que ele foi morto no madeiro, que significava maldição para o judeu (Dt 21:22-23). Ele levou sobre si a nossa maldição. Devemos ter consciência de que somos abominação para Deus, mas pelo seu amor e pelo seu sacrifício, recebemos o poder de sermos chamados filhos de Deus (Jo 1:12). 7. Cristo é o pastor de nossas almas (2:25): por causa disso não andamos mais desgarrados, Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 13 passamos a ser conhecidos como ovelhas do seu pasto (Sl 95:7). 8. Cristo é o Senhor exaltado (3:22): Cristo está no lado forte de Deus e com Ele governa para sempre. (I Tm 3:16). II – Sete tesouros preciosos de Pedro 1. As provas severas (1:7): as dificuldades deste mundo são para nós uma prova. Ao final de nossa jornada devemos nos apresentar aprovados, mesmo que seja impossível para nós chegarmos diante do Senhor totalmente purificados, mas se nos tornarmos uma boa prova, Ele mesmo nos purificará e nos dará um corpo perfeito na glória eterna (I Co 15:44). 2. O sangue de Cristo (1:19): é o sangue de Cristo o tesouro maravilho de Deus, que nos purifica de todo o pecado. 3. A pedra viva (2:4): Cristo não é apenas a pedra angular e a pedra de tropeço, é também a pedra viva, que sente, que sorri conosco, que se entristece por nós, que nos conforta, corrige e fortalece. Cristo é tudo em todos (Cl 3:11). 4. Cristo é um tesouro precioso (2:6): Cristo é uma pedra preciosa, diz o versículo. Nesse ponto quero que paremos para refletir qual o valor que Cristo tem tido em nossa vida. Nós o temos por precioso, angular e verdadeiro, ou apenas o consideramos uma desculpa para vivermos na sociedade como membros de uma igreja? Se Cristo é precioso para nós, devemos dar a ele importância e valor, nossos atos demonstram o quanto valorizamos a presença de Cristo em nossa vida. 5. O espírito manso e tranqüilo (3:4): Pedro nos chama a atenção para que tenhamos o espírito manso e tranquilo que Deus valoriza.(Mt 5:5). 6. A fé do Crente (2 Pe 1:1): a fé do crente é preciosa para Deus. Nossa fé, no entanto, não está apenas voltada para a obtenção de bens e a prosperidade material, nossa fé aponta para a certeza da salvação e a segurança que temos no viver com Cristo. 7. As promessas divinas (2 Pe 1:4): as promessas divinas nos tornam participantes da natureza divina. Que visão maravilhosa que o apóstolo nos dá! Também são essas promessas que nos ajudam a escapar da corrupção que nos cerca neste mundo. (Sl 28:7; Is 12:2). Considerações finais Os tópicos deste estudo obedecem à chave bíblica de Thompson. As descobertas dentro do conteúdo das cartas de Pedro, no entanto, são maravilhosas e capazes de enlevar o nosso espírito. Conhecer mais profundamente a Jesus Cristo através do olhar de Pedro é um grande estímulo à nossa fé, nos torna mais apaixonados por sua vida em nós. Já os tesouros destacados por Thompson, levam em conta a quantidade de vezes que o apóstolo usa palavras como valioso, precioso e seus sinônimos em sua carta. Devemos aprender tanto a conhecer melhor o nosso redentor, quanto a dar valor e importâncias às coisas espirituais, assim como Pedro fez. Dicas para professores Estimule seus alunos a falarem sobre o que têm real importância na sua vida. Desafie-os através de situações a pensar como reagiriam em situações críticas de perigo e medo, ou com relação às tentações, angústias e pressões deste mundo. Após a fala de sua turma, apresente o Cristo verdadeiro pelo olhar de Pedro e os valores importantes destacados nesta lição. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 14 Estudo VII: A vida espiritual Objetivo: Levar os crentes à compreensão de que a vida espiritual é preciosa e nos conduz à perfeição de Cristo. Esta lição está fundamentada no livro de II Pedro, provavelmente escrito entre os anos 60 e 70 d.C.. O livro trata especialmente dos falsos mestres e seus ensinamentos capazes de desvirtuar o pensamento dos crentes menos experientes. Mas em sua introdução Pedro nos traz ensinos preciosos sobre o cuidado com nossa vida espiritual. A segunda carta de Pedro, em alguns momentos se assemelha a II Tm, de Paulo e esse ensino paralelo é salutar, pois demonstra a unidade de pensamento e a coesão existente entre os apóstolos. I – O chamado à vida espiritual (II Pe 1:3): Cristo nos chamou para sua glória e virtude. Para o que você considera que foi chamado? Fomos chamados para participar da glória e da virtude de Cristo. O que seria a glória? O que seria a virtude? A glória de Cristo consiste em participarmos com ele de sua vitória, de sua coroação nos altos céus, da vida eterna conquistada a preço de sangue. A virtude de Cristo consiste em vivermos conforme ele deseja, em lutarmos contra nossa natureza de pecado e confiarmos nossas ansiedadesem seu altar. Cristo nos tem dado “tudo o que diz respeito à vida e à piedade”. Devemos rever nossa prática de vida cristã. Devemos aprender a olhar para o nosso próximo com os olhos de Deus. Devemos oferecer vida aos que não a tem, mas também a misericórdia e o amor com o qual fomos um dia amados. II – A vida espiritual é garantida pelas promessas preciosas de Cristo (v. 4): pelas promessas de Cristo escapamos da corrupção deste mundo e, mais especial ainda, nos tornamos “participantes da natureza divina”. Qual o significado disso para nós? Será que essa natureza divina não está sendo sufocada pelos espinheiros deste mundo? (Mt 13:7). É muito difícil para nós a vida neste mundo. Diante do pecado e da corrupção que nos cerca somos como plantas que não têm mãos para se defender. Precisamos clamar para que o semeador cuide de nós, regue nosso ser com sua água viva (Jo 4:14), separe de nossas raízes as raízes de joio que tentam nos impedir de alimentar com a palavra de Deus (Mt 13:25). III – Oito passos para o desenvolvimento e frutificação espiritual (vv. 5-8): Diligência, fé, virtude, ciência, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Os três primeiros passos (Diligência, fé e virtude) são aspectos de caráter, questões que devem se formar na vida do crente, internamente. O caráter do cristão deve ser responsável e dedicado (diligente), não se pode fazer a obra do Senhor com preguiça e desleixo (Jr. 48:10). O caráter do cristão deve ser fervoroso em sua confiança no Senhor, sob pena de envolver-se com as falácias deste tempo. O caráter do cristão deve ser virtuoso, para que sirva de exemplo de conduta para este mundo tão envolvido com o pecado. Os dois aspectos seguintes, domínio próprio e perseverança, são localizados na nossa relação com o mundo e as dificuldades que enfrentamos. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 15 Passamos muitas aflições quando moramos nesta terra, mas devemos insistir em nossa fé, sem nos abatermos com essas pressões. Já o domínio próprio é ferramenta essencial para quem está cercado pelo pecado e pelos apelos do pecado por todos os lados. Por onde andamos ouvimos os cantos de sereias que nos convidam para caminhos de morte. É o domínio próprio que nos confere a firmeza e a resistência contra esses apelos. Já os três últimos aspectos (piedade, fraternidade e amor) nos conduzem a uma ação focada em nosso próximo. Nossa conduta espiritual deve nos induzir a práticas de beneficência, misericórdia, compaixão. Não podemos nos contentar com o alimento no prato, sabendo que muitos passam fome, nem com nossas crianças em boas escolas, enquanto o mundo à nossa volta perece por falta de conhecimento. O mais maravilhoso dessa lista de Pedro é que ela pode ser lida também de trás para a frente, pois a prática do amor fraterno pode nos ajudar enfrentar as dificuldades deste mundo e fortalecer nosso caráter cristão. IV – A origem das Escrituras (vv 19-21): Pedro nos ensina, ainda, que apesar de ter ouvido a voz de Deus com clareza, estando no monte com Jesus, entende que a palavra escrita constitui-se em revelação divina e deve ser considerada como base de nossa fé. Pedro nos chama a atenção para a necessidade de conhecer o que foi escrito por meio dos profetas, pois esse ensino é “como uma luz que alumia em lugar escuro até que o dia amanheça”. A comparação é perfeita! Pedro nos conclama a crer na Palavra de Deus, pois é por ela que receberemos uma fresta de luz divina até que cheguemos nos céus e possamos ser iluminados diretamente pela luz divina. Ainda nesse tema, Pedro nos dá uma dica importante: nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”. Com isso compreendemos que a bíblia deve ser interpretada pela comparação entre os textos e também por meio da oração e do diálogo com os santos. Não se deve confiar em profetas modernos, detentores de novas verdades que não têm fundamento na pureza da palavra de Deus. Em nosso tempo a pregação tem sido muito mais sobre práticas de vida cristã do que sobre nosso relacionamento e entrega ao poderio de Deus. E essa mensagem tem corrompido a muitos. Dicas para professores Pergunte inicialmente aos seus alunos a respeito do que vem a ser vida cristã. Desafie-os a comparar o que acreditam, à luz da escritura, sobre como deve ser a vida do crente com o que as pessoas têm visto e praticado. Após o debate, leve seus alunos a compreender a profundidade e a maravilha de viver confirme o propósito de Deus, deixando-se transformar no caráter, no enfrentamento do pecado e na prática de vida cristã. Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 16 Estudo VIII: Os falsos mestres Objetivo: conscientizar a igreja dos perigos dos falsos ensinos, do quanto a doutrina confusa de falsos mestres pode nos desviar do caminho perfeito. Falsos mestres são aqueles que, em nome de Deus, terminam por ensinar as doutrinas de demônios. Ao estudarmos sobre essa questão, no entanto, devemos compreender primeiramente que as pessoas que se envolvem com falsos ensinos estão, na maioria das vezes, iludidas pelas artimanhas do inimigo. Por essa razão devemos aprender a combater idéias, atentar para a correção do ensino e, especialmente “amar o nosso inimigo” (Mt 5:44). O caminho para se tornar um falso mestre é muito longo. Nesse rumo estão pessoas decepcionadas com a prática de vida dos cristãos, pessoas que se deixaram seduzir pelo ensino da ciência deste século, pelo humanismo e pela idolatria, pessoas que foram ensinadas desde pequenas a rejeitar a fé e pessoas que iludidas em histórias de sucesso pessoal, passaram a acreditar que possuem uma revelação divina mais inspirada do que a palavra de Deus. I – A negação de Cristo (2 Pe 2:1): Pedro alerta os crentes que esses mestres negarão a Cristo e que se apresentarão diante da igreja como “doutores”, ou seja, pessoas que dizem possuir profundo conhecimento da verdade. Essas pessoas “introduzirão encobertamente” suas “heresias de perdição”. Vamos analisar isso tudo com muita calma: a) Introduzir encobertamente: Jesus já nos alerta para “tomar cuidado com o fermento dos fariseus” (Mt 16:6), porque ele é bem pouquinho, mas é capaz de levedar toda a massa. O falso ensinamento muitas vezes entra assim em nossas igrejas, um pequeno desvio, uma pequena alteração na interpretação bíblica e pronto, toda a oferta de salvação fica comprometida. b) Heresia: é a idéia contrária à doutrina. Foi com uma heresia que o diabo iludiu Eva e Adão dizendo: certamente não morrereis (Gn 3:4). Mas Deus disse que morreriam e o diabo sabia que morreriam espiritualmente, mas não morreriam na carne imediatamente, como pensavam que seria. Então com uma pequena mentira encoberta na verdade a serpente conduziu toda a humanidade à perdição. II – Popularidade, influência perversa, avareza e hipocrisia (2 Pe 2:2-3): esses versos parecem ter sido escritos para nosso tempo. Não é incomum vermos os líderes espirituais de nosso tempo envolvidos em escândalos sexuais, morais, financeiros. Tramando falcatruas e envolvidos em corrupção. Mas Pedro já advertia que muitos seguirão as dissoluções desses mestres e “blasfemarão o caminho da verdade” (v. 2). Também a bíblia nos alerta para algo terrível: “farão de vós negócio” (v. 3). Quantas pessoas tem sido vendidas dentro de templos pseudo-cristãos? Quantas pessoas têm procurado negociar bênçãos de Deus com recursos materiais? Quantas pessoas têm oferecido sua alma como refém da satisfação do corpo? Vivemos em uma época assim, mas não devemos desanimar, porque a Palavra de Deus já anunciou há muito tempo que isso aconteceria, como também anunciou o castigo que Deus aplicará a essas pessoas. III – Os juízos de Deus (2 Pe 2:4-9): quando virmos pessoas com aparente sucesso por pregarem heresias e um “novo evangelho” diferente do que está escrito na palavra de Deus, tomemos cuidado, porque a bíblia nos adverte que se Deus não poupou nem mesmo os anjos, que estão Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 17 mais próximos e são mais fortes do que o homem, o que não fará contra aqueles que conduzem inocentes à perdição eterna? Deus não castigará com prazer a esses falsos mestres, mas o fará com justiça, por causa da maldade que disseminaram neste mundo. Os justos serão poupados, como Ló e Noé, posto que mesmo tendo sido atribulados, resistiram na justiça divina, sendo atribulados mas não derrotados pelo falso ensino. Pedro nos avisa, ainda, que o Senhor livrará os piedosos da tentação. Isso é maravilhoso! IV – Outras características desses falsos mestres (v. 10 -22): a) São imorais e seguem sem freio aos desejos da própria carne. b) Desprezam a autoridade: essa é uma marca muito comum e fácil de identificar. Geralmente esses líderes surgem “fugidos” de alguma denominação, agridem a outros homens de Deus e são insubmissos. c) São atrevidos: você já viu alguém querer mandar em Deus? Existe atrevimento maior que esse? d) Arrogantes: se acham superiores aos outros, só eles detém a verdade. e) Não receiam blasfemar das autoridades: esse tópico merece um destaque especial. Pedro assinala que nem mesmo os anjos fazem isso (v. 11). Fico pensando em quantos líderes temos visto irem a público blasfemar (falar mal, atacar, combater) contra outros líderes cristãos, cometendo um ato que nem mesmo os anjos têm coragem de cometer. Deus trará isso a juízo! f) Existe ainda uma lista grande de pecados cometidos por esses falsos líderes que pode se resumir em uma palavra: rebeldia contra o ensinamento de Deus (v. 12-22). Pedro adverte que seria melhor que essas pessoas não tivessem conhecido o caminho da salvação, porque conheceram e terminaram se rebelando contra Deus. V – Chamado à firmeza doutrinária e espiritual (Cap. 3): Pedro reforça o motivo de escrever a sua carta e volta a advertir a igreja contra o que ele chama de escarnecedores, pessoas que andam segundo os seus próprios desejos e zombam daqueles que procuram a salvação em Jesus. Essa é uma outra classe pessoas que nos cercam, são aqueles que duvidam do poder, da presença e até da existência de Deus. Pessoas que dizem acreditar em Deus e na sua palavra, mas que contestam a promessa de sua vinda. Para essas pessoas Pedro adverte que se lembrem do que Deus já fez, de como destruiu a terra pela água e agora a reserva para o fogo. Sabendo que o fim está próximo e que o dia final chegará sem aviso, devemos andar em santidade e piedade, aguardando e desejando ardentemente a vinda do Senhor. Para os santos está prometida a vida eterna em um novo céu e uma nova terra. Por isso, devemos guardar o nosso coração, para não cairmos pela influência de falsos mestres. Conclusão: Todo o ensino de Pedro nos conduz a um caminho de santificação e pureza, de busca pelo aprofundamento no conhecimento da palavra e da aproximação com o nosso Deus. Pedro também nos esclarece todo o perigo que corremos quando rejeitamos o ensino do Senhor. Uma coisa, porém, está implícita nessa palavra e é o propósito de Pedro ter escrito essas cartas, não conseguiremos seguir a Cristo sozinhos, precisamos da companhia, exortação, apoio, oração e ensino uns dos outros, para que possamos suportar a pressão que o pecado e este mundo fazem sobre nós. Em Cristo. Ronaldo Pontes Moura Escola Bíblica Dominical Estudos nas cartas de I e II Pedro (maio-junho/2011) Igreja Batista Vitória Régia 18 Referências Bibliográficas COLEMAN, William L. Manual dos tempos e costumes bíblicos. Belo Horizonte-MG: Betânia, 1991. []. Dicionárioweb. Disponível em: <http://www.dicionarioweb.com.br>. GEOGRAFIA BÍBLICA. Disponível em: <http://geobiblica.blogspot.com> RONIS, Osvaldo. Geografia bíblica: sob o enfoque histórico e étnico. Rio de Janeiro: Juerp, 2006. THOMPSON, Fank Charles. Bíblia Thompson de referência com versículos em cadeia. São Paulo: Vida, 1995. i Um concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes