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EXECUCAO TRAB PROCED ESPECIAIS

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MODULO 1 – TEORIA GERAL DOS RECURSOS TRABALHISTAS
1 - DOS RECURSOS TRABALHISTAS
 
            A palavra “recurso” tem sua origem no latim “recursos” e “recurrere”, que significa, justamente, “retroagir” ou “regressar”. 
            Como já estudado, o juiz, em um processo, pratica basicamente três tipos de atos: os despachos, que são atos de andamento e ordenamento do processo; as decisões interlocutórias, que consistem em atos que decidem questões incidentes e, por fim, as sentenças (e acórdãos), que são atos que resolvem a lide, com ou sem a análise do mérito do conflito posto perante o Poder Judiciário.           
Recurso, na linguagem processual, é uma medida jurídica, prevista em lei, pela a qual a parte, insatisfeita com a decisão proferida busca, dentro do mesmo processo, a revisão e a reforma do ato decisório impugnado por um órgão jurisdicional imediatamente superior daquele do qual emanou a decisão recorrida. É, basicamente, o meio pelo qual a parte tenta fazer com que a decisão proferida seja revista. 
            São passíveis de recurso apenas as sentenças e as decisões interlocutórias, consistindo os recursos em uma oportunidade de tentar mudar total ou parcialmente os referidos atos praticados pelo juiz.
            O Juízo ou o Tribunal de origem (do qual emanou a decisão recorrida) é chamado de Juízo ou Tribunal a quo, ao passo que o Tribunal de destino é chamado de Tribunal ad quem. 
            No processo trabalhista, existem os seguintes recursos: recurso ordinário, recurso de revista, agravo de instrumento, agravo de petição, embargos de declaração, agravo regimental, embargos no TST e recurso extraordinário.
 
 2 - DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS RECURSOS TRABALHISTAS
             Os recursos trabalhistas possuem princípios informadores tanto de ordem geral, ou seja, aplicáveis não só ao Processo do Trabalho, como também, princípios muito específicos, que só são aplicáveis aos recursos previstos na CLT. Vejamos alguns deles: 
            A) PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: este princípio implícito no Ordenamento Jurídico Brasileiro é a base de todos os sistemas recursais, já que consiste, justamente, na possibilidade da parte buscar o reexame de uma decisão, requerendo que um outro órgão jurisdicional, geralmente hierarquicamente superior ao primeiro, reveja e reforme a decisão combatida. 
            Em princípios, todas as sentenças e decisões interlocutórias estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição, sendo, todas elas, passíveis de recursos previstos em lei. 
            B) PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE ou TIPICIDADE: somente poderão ser interpostos os recursos previamente previstos em lei. 
            C) PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE ou SINGULARIDADE: informa que para cada decisão admite-se apenas um só tipo de recurso, sendo vedada, pois, a interposição simultânea de mais de uma espécie de recurso para cada decisão proferida no processo. 
            No Processo do Trabalho, este princípio encontra apenas uma exceção, em que se admite a apresentação simultânea de Embargos para a SDI e Recurso Extraordinário de decisão proferida pela Turma do TST, geralmente em sede de Recurso de Revista. 
            D) PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO: este princípio proíbe a repetição da apresentação de um recurso ou a alteração de recurso já interposto. Neste sentido, uma vez apresentado um remédio recursal pela parte, não poderá ela modifica-lo ou apresenta-lo novamente, ocorrendo a já conhecida preclusão consumativa. 
            E) PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: este princípio permite ao julgador o recebimento de um recurso interposto de forma equivocada como se fosse o correto. A aplicação deste princípio só é feita em casos excepcionais e desde que preenchidos três requisitos: 
I – existência de dúvida razoável sobre qual recurso deveria ter sido interposto;
II – inexistência de erro grosseiro quanto ao recurso apresentado de forma equivocada, o que é mera consequência da observância do primeiro requisito, pois se não há dúvida razoável quanto à medida a ser apresentada, haverá, obviamente, erro grosseiro na interposição do recurso incorreto;
III – observância do prazo e dos requisitos formais do recurso correto, ou seja, o recurso errado deverá ter sido interposto no prazo do recurso correto e deverá ter preenchido todas as formalidades do mesmo 
            O Tribunal Superior do Trabalho fala sobre algumas das hipóteses de aplicação ou não do princípio da fungibilidade, como, por exemplo, em sua Súmula 421, e nas Orientações Jurisprudenciais nº 69 e 152, da Seção de Dissídios Individuais II e na Orientação Jurisprudencial nº 412, da sua Seção de Dissídios Individuais I. 
            F) PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: este princípio informa ser ônus da parte provocar o Poder Judiciário, através do recurso, para que uma decisão possa ser revista e reformada. 
            Neste sentido, importante esclarecer que o reexame necessário de uma decisão proferida contra um órgão público não pode ser confundido com um recurso, já que os recursos são atos VOLUNTÁRIOS das partes, sendo mais uma condição de eficácia de uma sentença condenatória de um órgão público. 
            G) PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: este princípio impede que a situação de uma parte seja piorada pela interposição de um recurso. No entanto, essa proibição só acontece quando apenas uma das partes recorre de uma decisão, já que quando há recursos de ambas, o Tribunal, acolhendo um dos apelos, poderá alterar para pior a decisão combatida. 
            Ademais, também não é aplicável este princípio para as questões de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício, em qualquer grau de jurisdição. 
            H) PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: este é um princípio bastante ESPECÍFICO do Processo do Trabalho, previsto no artigo 893, §1º, da CLT, pelo qual se proíbe a interposição imediata de recurso contra decisões interlocutórias. 
            Importante destacar que não se trata de uma irrecorribilidade absoluta, mas sim uma irrecorribilidade imediata, ou seja, uma vez proferida a decisão interlocutória, contra ela a parte não possui remédio jurídico IMEDIATO, devendo aguardar a decisão final para, no recurso cabível contra esta decisão final, impugnar também a decisão interlocutória. 
            No entanto, existem três exceções à regra do princípio da irrecorribilidade imediata, previstas na Súmula 214, do TST: 
a) decisão suscetível a recurso para o mesmo tribunal, como nos casos em que o relator de um recurso nega seguimento ao mesmo -consistindo esta em uma decisão interlocutória - , impedindo que o órgão colegiado o julgue e a parte pode lançar mão de um recurso denominado agravo regimental, para tentar fazer com que o apelo trancado seja levado a julgamento.
b) decisão que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado – é o caso de recurso ordinário.
c) decisão de TRT em desconformidade a Súmula ou OJ do TST – é caso de recurso ordinário (se for ação originária do próprio Tribunal, como no caso de ação rescisória) ou é caso de recurso de revista (no caso de ação com origem em uma Vara do Trabalho).
 3 - DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS
 
            Todos os recursos, para serem remetidos aos órgãos de julgamento e lá serem efetivamente julgados devem observar determinadas formalidades denominadas de pressupostos de admissibilidade recursal. 
            Estes pressupostos são duplamente avaliados: a primeira avaliação é feita pelo próprio Juízo ou Tribunal que proferiu a decisão combatida, sendo denominado 1º Juízo de Admissibilidade ou Juízo de Admissibilidade A Quo; a segunda avaliação já é feita pelo próprio órgão competente para julgar o recurso, sendo denominado 2º Juízo de Admissibilidade ou Juízo de Admissibilidade Ad Quem. 
            A doutrina divide os pressupostos em dois tipos: os pressupostos de admissibilidade SUBJETIVOS (ou INTRÍNSECOS) e os pressupostosde admissibilidade OBJETIVOS (ou EXTRÍNSECOS). 
            A constatação, pelo 1º Juízo de Admissibilidade, de que algum dos pressupostos não está presente gera a NEGATIVA DE SEGUIMENTO DO RECURSO, ou seja, o juízo a quo impede que o recurso seja encaminhado ao tribunal competente para o seu julgamento, “trancando” o apelo consigo. 
            A constatação, pelo 2º Juízo de Admissibilidade, de que algum dos pressupostos não está presente gera o NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO, ou seja, o apelo, já no tribunal competente para o seu julgamento, deixa de ter o seu mérito analisado em virtude da ausência de alguma formalidade. 
            São Pressupostos de Admissibilidade Subjetivos ou Intrínsecos: 
a) LEGITIMAÇÃO: para interpor recurso, a parte deve ser legítima, ou seja deve possuir pertinência subjetiva para a interposição do recurso.
O artigo 499, do CPC/73 (artigo 996, do CPC/15) dispõe que tem legitimidade para recorrer as partes, o terceiro prejudicado e o Ministério Público do Trabalho. 
b) CAPACIDADE: para recorrer, a parte deve ter capacidade de estar em juízo. 
c) INTERESSE: o recurso deve ser interposto por aquele que tem real necessidade pela medida e que encontrará utilidade na sua interposição.
Assim, há interesse de recorrer quando a parte não alcançou todas as suas pretensões através da decisão proferida.
             São Pressupostos de Admissibilidade Objetivos ou Extrínsecos: 
a) CABIMENTO: que deve ser entendido como a recorribilidade do ato, a previsão legal da existência do recurso e, ainda, a utilização do recurso adequado contra aquela decisão. 
b) A INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER: ou seja, para que o recurso possa ser apreciado em seu mérito, não podem estar presentes quaisquer fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer da parte, como, por exemplo, uma petição em que a parte desiste da interposição do recurso, ou um acordo em que a parte renuncia ao seu direito de recorrer.
 
c) TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei. No Processo do Trabalho, a Lei 5.584/1970, em seu artigo 6º, unificou os prazos recursais, prevendo que todos eles deveriam ser interpostos em 8 (oito) dias, com exceção do recurso extraordinário (15 dias) e embargos de declaração (5 dias).
Os entes públicos tem prazo dobrado para recorrer, o que é previsto pelo artigo 188, do CPC/15 e ratificado pelo artigo 188, do CPC/15.
No entanto, inaplicável ao Processo do Trabalho o prazo dobrado para litisconsortes com advogados diversos, por incompatibilidade com o Princípio da Celeridade.
Neste ponto, importante destacar que o TST, em sua Súmula 434, I, entende que o recurso apresentado antes de publicada a decisão a ser impugnada é um recurso INTEMPESTIVO.
No entanto, não se sabe se tal entendimento permanecerá após o início da vigência do Novo CPC, já que em seu artigo 218, §4º, a nova lei afirma expressamente que o ato praticado antes do termo inicial do prazo será considerado tempestivo. 
d) REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO: a possibilidade de exercício do jus postulandi fica limitada na fase recursal, já que o TST, em sua Súmula 425, dispôs que a possibilidade de postular sem a representação por um advogado está limitada às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, e, neste sentido, uma vez interposto recurso a ser julgado pelo TST, a parte necessariamente deverá estar representada por advogado.
A comprovação da regularidade da representação processual é feita através de procuração devidamente assinada por pessoa capaz ou seu representante legal e juntada aos autos.
Ademais, o recurso sempre deve estar devidamente assinado pelo advogado da parte. Caso não esteja subscrito, será considerado um recurso “apócrifo” e não será conhecido pelo órgão competente para o seu julgamento. 
e) PREPARO: o preparo consiste no recolhimento, pela parte recorrente, de determinados valores a título de depósito recursa e/ou custas processuais, exigidos em lei, que possibilitam a análise do mérito do recurso.
Cada recurso pode possuir um preparo diverso, devendo este requisito ser analisado caso a caso.
As custas estão disciplinadas no artigo 789, da CLT. Consistem em pagamento pela movimentação da “Máquina do Judiciário” e são feitas pela parte sucumbente, em montante equivalente a 2% do valor da condenação (nas ações condenatórias), do valor do acordo ou do valor da causa (nas ações constitutivas ou declaratórias), em uma guia denominada GRU (Guia de Recolhimento da União), tendo ela como valor mínimo o montante de R$10,64.
O artigo 790-A, da CLT dispõe que são isentos do pagamento de custas os beneficiários da Justiça Gratuita, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica e os Ministério Público do Trabalho.
Não há sucumbência recíproca no Processo do Trabalho e, assim sendo, o trabalhador somente recolhe custas para recorrer se for parte totalmente sucumbente no objeto da ação (decisão que extingue o processo sem análise de mérito ou que declara a total improcedência das pretensões) e, ainda, se não for beneficiário da Justiça Gratuita.
O depósito recursal está disciplinado pela Instrução Normativa nº 03/93 do TST, consiste em uma GARANTIA DE JUÍZO feita em fase de conhecimento pelo empregador Reclamado. Recolher o depósito recursal significa realizar um depósito, na conta vinculada do FGTS do trabalhador. Este valor permanece depositado até o trânsito em julgado da decisão: caso a parte depositante seja vencedora, o valor lhe é devolvido; caso seja sucumbente, o trabalhador levantará este valor até a satisfação de seu crédito.
São isentos do recolhimento do depósito recursal as mesmas pessoas isentas do pagamento de custas.
O valor teto (máximo) do depósito recursal é fixado todo ano pelo Tribunal Superior do Trabalho, sempre no mês de agosto.
Quanto ao valor do depósito recursal, A CLT, nos parágrafos do artigo 899, fala o recolhimento equivalerá à “dez vezes o valor do salário mínimo”. Esqueça isso: o que vale, para fins de depósito recursal, é observar quanto o juiz fixou como valor da condenação e quanto é o limite do TST.
Se o valor da condenação ultrapassar o valor do teto fixado pelo TST, a parte deve recolher apenas o teto; se o valor da condenação for inferior ao valor do teto fixado pelo TST, o recolhimento será equivalente ao valor da condenação.
A parte deverá depositar o valor da condenação (fixado na sentença), mas sempre respeitando o valor máximo fixado pelo TST.
A falta ou a insuficiência, ainda que ínfima, do preparo, que deve ser comprovado no ato de interposição do recurso, gera a DESERÇÃO do apelo (OJ 140, da SDI-I, do TST);
Tanto a comprovação da efetivação do depósito recursal quanto das custas processuais deve ser feita no ato de interposição do recurso, nos termos do item VIII, da IN 3/93, do TST e do artigo 789, §1º, da CLT.
 
4 - DOS EFEITOS 
            Via de regra, por se tratar de verba de natureza alimentar, os recursos trabalhistas somente possuem EFEITO DEVOLUTIVO, que consiste na transferência, ao juízo ad quem, de todas as matérias julgadas pelo juízo a quo, buscando-se, portanto, nova manifestação do Poder Judiciário sobre matéria já decidida. 
            Em princípio, o órgão julgador do recurso somente conhece das matérias impugnadas pela parte através do recurso (tantum devolutum quantum appelatum) e, desta forma, caso a parte sucumbente deixe de impugnar algum ponto em que foi condenada através do recurso, este ponto será acobertado pela coisa julgada. Esta é a previsão do artigo 515, caput, do CPC/73, que foi reafirmada pelo artigo 1.013, do CPC/15
 
            No entanto, existem situações em que o este efeito devolutivo acontece de forma mais ampla, devolvendo ao órgão julgador todas as questões do processo, ainda que sequer analisadas pelo juízo a quo. A este efeito a doutrina denomina de efeito devolutivo em profundidade, previsto no artigo 515, §§1º e 2º, do CPC/73,renovados no artigo 1.013, §§1º e 2º, do CPC/15. 
            A obtenção do efeito SUSPENSIVO de um recurso trabalhista somente poderá ser obtida por meio da propositura de uma ação cautelar inominada, junto ao Tribunal ad quem, nos termos da Súmula 414, do TST. 
            Existe apenas um caso em que o Tribunal ad quem pode, de ofício, conceder efeito suspensivo ao recurso. É o caso de recurso ordinário para o TST em decisão de dissídio coletivo, em que o Presidente do TST pode suspender os efeitos da decisão até o julgamento final do recurso.
 
            Por fim, o efeito SUBSTITUTIVO estabelece que a decisão proferida no recurso substituirá a decisão recorrida, como é estabelecido pelo artigo 512, do CPC/73, ratificado pelo artigo 1008, do CPC/15. 
 
5 - OUTRAS PECULIARIDADES 
            Todos os recursos trabalhistas comportam a apresentação, pela parte recorrida, de Contrarrazões, nos termos do artigo 900, da CLT. A parte recorrida, após o recebimento do recurso, é intimada da apresentação de recurso e a ela é dado o mesmo prazo previsto para a interposição do apelo. 
            As contrarrazões são FACULDADE e não obrigação da parte, sendo que a ausência ade sua apresentação não gera qualquer penalidade para a parte e nem significa que o recurso apresentado será, necessariamente, provido. 
            Não obstante o artigo 899, da CLT afirme que os recursos podem ser interpostos por “simples petição”, a Súmula 422, do TST pacificou entendimento que a parte, ao apresentar recurso, deve impugnar de forma fundamentada os pontos da decisão que deseja atacar, sob pena de não conhecimento do recurso 
            Quanto ao Recurso Adesivo, a CLT não prevê, mas o TST, em sua Súmula 283, dispõe que “O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.” 
            O recurso adesivo é cabível quando a parte, deixando de apresentar recurso dentro do prazo cabível, é intimada para contra-arrazoar o apelo da parte contrária. Assim, o recurso adesivo é o recurso admitido no prazo de contrarrazões, consistindo, basicamente no recurso do recorrido, se se pode assim dizer. 
            Havendo sucumbência recíproca, isto é, as duas partes perderam em parte, ambas as partes podem recorrer. Mas se só uma recorre, a outra pode apresentar recurso adesivo, no prazo para contrarrazões, sendo esta uma segunda chance para a parte que se olvidou em recorrer. 
            O recurso adesivo é sempre da mesma espécie do principal, e segue sempre a sorte deste. Isso significa que se quem recorreu primeiro desiste do recurso, o recurso adesivo é extinto. Ainda, se o recurso principal não é conhecido, o recurso adesivo também não.
Exercício 1:
As decisões interlocutórias proferidas no processo trabalhista:
A)são devolvidas à instância superior, por via de recurso interposto contra a sentença final;
B)são atacáveis por agravo de instrumento, face à aplicação subsidiária do Código de Processo Civil;
C)admitem agravo retido, mediante aplicação subsidiária do Código de Processo Civil;
D)são irrecorríveis e modificáveis, a não ser por via de mandado de segurança.
E)nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Exercício 2:
São pressupostos de admissibilidade dos recursos no âmbito do judiciário Trabalhista, dentre outros:
A)que sejam interpostos no prazo de 8 dias nos Tribunais Regionais e de 15 dias no Tribunal Superior do Trabalho;
B)que o valor da causa não seja igual ou inferior a dois salários-mínimos profissionais da categoria;
C)que se efetue o depósito do valor total da condenação sempre que inferior a 20 vezes o valor de referência;
D)que se comprove o recolhimento do depósito recursal e o pagamento das custas processuais objeto de condenação no ato de apresentação do recurso;
E)que se efetue o depósito prévio de 20 vezes o valor de referência, no recurso ordinário, e 40 vezes o mesmo valor, no recurso de revista, independentemente do valor da condenação;
Exercício 3:
No recurso adesivo temos que:
A)Se houver desistência do recurso principal, fica prejudicada a análise do recurso adesivo;
B)O recurso adesivo, uma vez interposto, sempre será analisado;
C)Só cabe em sede de Recurso de Revista;
D)O prazo para sua interposição é de 8 dias após as contrarrazões.
E)Nenhuma das alternativas acima.
Exercício 4:
Pedro ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Sonhos Ltda., pleiteando o pagamento de horas extras laboradas. Encerrada a instrução processual, foi designada audiência para o dia 04.03.2010 para a leitura e publicação da sentença. Na data aprazada, não foi possível a prolação do veredicto, sendo este publicado no diário eletrônico da Justiça do Trabalho em data de 11.03.2010 (quinta-feira). Pedro, que até então fez uso do jus postulandi, buscou, no dia 18.03.2010, um advogado, visto que a sentença lhe foi desfavorável. O causídico protocolou recurso ordinário, cujo prazo de interposição é de oito dias, visando a reforma do julgado, em 22.03.2010 (segunda-feira) não tendo efetuado o recolhimento das custas processuais. No exame de admissibilidade, o Juiz do Trabalho negou seguimento ao recurso, por intempestivo e deserção, neste último caso em razão da ausência de pedido específico de justiça gratuita quando da elaboração do termo de reclamação, embora preenchesse os requisitos legais para a concessão. Sobre a admissibilidade do recurso, e considerando que não houve feriados nesse período, é correto afirmar que:
A)o recurso é tempestivo, mas o recolhimento das custas no caso é obrigatório;
B)o recurso é intempestivo e o recolhimento das custas é obrigatório;
C)o recurso é intempestivo, mas o recolhimento das custas pode ser dispensado, a requerimento da parte, nessa fase processual;
D)o recurso é tempestivo, mas subsiste a deserção, uma vez que não houve requerimento específico quando da propositura da ação;
E)o recurso é intempestivo e o recolhimento das custas processuais pode ser dispensado de ofício pelo juiz.
Exercício 5:
A pessoa jurídica Ômega, com sede em São Paulo, celebrou contrato de empreitada para a construção de um edifício na cidade de Fortaleza – CE. Para a execução da avença, Ômega contratou diversos empregados moradores do Município de Fortaleza. Durante as obras, Mário, que exercia a função de pedreiro, por não utilizar equipamentos de proteção individual, caiu do terceiro andar do edifício em construção, objeto do contrato de empreitada. Em virtude desse acidente, Mário perdeu a perna esquerda e a visão de um dos olhos. Inconformado, ajuizou ação de indenização por danos morais e estéticos contra a sua empregadora. Ômega contestou a pretensão de Mário em apresentou exceção de incompetência, que foi julgada improcedente, em 10/05/2005. O juiz da causa, em 20/03/2006, proferiu sentença que julgou procedente o pedido de Mário e condenou Ômega ao pagamento de indenização no valor de R$ 150.000,00. A partir da situação hipotética descrita, assinale a opção correta.
A)Considere que Ômega tenha recebido notificação postal, em sua sede, em São Paulo, que informava o teor da sentença condenatória. Nesse caso, o prazo para interposição de recurso ordinário se inicia no dia da juntada aos autos da notificação;
B)Considere que os advogados de Ômega tenham sido intimados pelo Diário Oficial eletrônico a respeito do teor da sentença condenatória. Nesse caso, o prazo para interposição de recurso ordinário se inicia no dia seguinte, desde que dia útil, ao da disponibilização do teor da sentença;
C)Para interposição de recurso ordinário, Ômega deve recolher R$ 3.000,00 a título de custas processuais acrescidos do valor correspondente ao depósito recursal;
D)Da decisão proferida não cabe nenhum recurso.
E)Em sede de recurso ordinário, é defeso a Ômega arguir a incompetência do juízo.
Exercício 6:
O art. 899 da CLTdispõe que os recursos trabalhistas devem ser interpostos por simples petição. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, no tratamento da necessidade de fundamentação dos recursos apresentados:
A)não será necessária, ante a informalidade do processo trabalhista, a fundamentação dos recursos;
B)apenas os recursos de natureza extraordinária, por expressa previsão constitucional, devem ser fundamentados, sob pena de não serem conhecidos;
C)o recurso deve ser fundamentado, visto que, na Justiça do Trabalho, exige-se que as razões ataquem os fundamentos da decisão recorrida;
D)a fundamentação recursal será necessária somente se o pedido não delimitar com precisão o objeto da irresignação, impossibilitando compreender-se a controvérsia em toda a sua extensão
E)nenhuma das alternativas anteriores
MÓDULO 2 – DOS RECURSOS EM ESPÉCIES: EMABRAGOS DECLARATÓRIOS E RECURSO ORDINÁRIO
1 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (ARTIGO 897-A, CLT)
 
            Inicialmente, não havia previsão específica sobre os Embargos de Declaração na CLT, sendo os mesmos utilizados por aplicação subsidiária do artigo 535, do CPC/73 (artigo 1.022, CPC/15) ao Processo do Trabalho (artigo 769, da CLT).
             No entanto, a Lei 9.957/00 trouxe para o corpo da CLT a previsão dos Embargos Declaratórios, inserindo na Lei Consolidada o artigo 897-A. 
            Nos termos do citado artigo 897-A da CLT, os embargos de declaração são cabíveis em algumas situações especiais, mais precisamente para sanar um vício extrínseco da sentença, 
            Assim, por definição, Embargos Declaratórios são uma espécie de recurso destinado a pedir que o órgão prolator da decisão (sentença ou acórdão) esclareça a obscuridade, elimine a contradição ou supra a omissão existente. 
            De acordo com o dispositivo da CLT, os Embargos Declaratórios seriam cabíveis de SENTENÇA ou ACÓRDÃO em quatro hipóteses:
 
I – OMISSÃO: a omissão consiste na falta de pronunciamento judicial sobre um ponto ou sobre toda uma matéria arguida pela parte. O cabimento dos Embargos Declaratórios por omissão é consequência de uma decisão citra petita, ou seja, de uma decisão que não apreciou todas as arguições feitas pela parte;
 
II – CONTRADIÇÃO: a contradição consiste em uma incoerência interna na própria decisão, que pode ocorrer na fundamentação, no dispositivo, entre a fundamentação e o dispositivo, bem como entre a ementa e o corpo do acórdão.
 
III – MANIFESTO EQUÍVOCO NA ANÁLISE DOS PRESSUSPOSTOS EXTRÍNSECOS RECURSAIS: trata-se de hipótese de cabimento exclusiva do Processo do Trabalho.
Nesta hipótese, quando o 2º Juízo de Admissibilidade analisa a presença dos Pressupostos Recursais OBJETIVOS e conclui, por equívoco, pela ausência de algum deles, a parte pode lançar mão dos Embargos de Declaração para apontar a análise errônea.
 
IV – PREQUESTIONAMENTO: a semelhança do que acontece na esfera cível, também são cabíveis Embargos Declaratórios com a finalidade de prequestionamento de matéria para interposição de recurso para Instância Extraordinária da Justiça.
O prequestionamento consiste na provocação que a parte faz para que o Poder Judiciário se manifeste sobre uma tese legal por ela exposta em um recurso, mas não discutida ou rebatida explicitamente no acórdão julgador deste mesmo recurso.
Importante destacar que a decisão prequestionada NÃO É OMISSA. O órgão do Poder Judiciário julgou a pretensão, mas apenas não discutiu ou rebateu todas as teses legais lançadas pela parte em suas peças processuais.
Como os recursos para Instância Extraordinário (Recurso de Revista, Embargos à SDI e Recurso Extraordinário) exigem a manifestação expressa dos Tribunais sobre as teses que serão objeto dos respectivos recursos, cabe à parte opor Embargos Declaratórios para obter o prequestionamento de eventual tese que não tenha sido expressamente discutida na decisão que será objeto de recurso para Instância Extraordinária. Neste sentido é a Súmula 297, do TST
 
            Não obstante não haver previsão expressa, também são cabíveis os Embargos de Declaração por OBSCURIDADE, nos termos do artigo 535, do CPC/73, ratificado no artigo 1.022, I, do CPC/15. 
            A obscuridade consiste na dúvida existente em um ou em alguns pontos da decisão proferida, de modo que a parte não consiga entender, de modo absoluto, o que quis o magistrado dizer com aquilo ou mesmo qual a extensão da sua condenação. 
            Os Embargos Declaratórios NÃO FAZEM DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, sendo opostos e julgados pelo próprio Juízo ou Tribunal que proferiu a decisão embargada, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação (artigo 897-A, caput, da CLT) 
            O prazo para oposição dos Embargos Declaratórios é de 5 (cinco) dias, não necessitando de qualquer tipo de preparo e, via de regra, não gerando direito ao contraditório pela parte embargada. 
            Entes públicos tem prazo dobrado para opor Embargos Declaratórios, nos termos da OJ 192, da SDI-I, do TST. 
            Em princípio os Embargos Declaratórios não possuem a finalidade de reformar a decisão embargada, mas quando há saneamento de omissão ou contradição, os Embargos de Declaração PODEM MODIFICAR a decisão embargada, acrescendo ou excluindo pontos da condenação. Quando isso ocorre, fala-se que os Embargos Declaratórios possuem EFEITO MODIFICATIVO. (artigo 897-A, caput, da CLT e Súmula 278, do TST) 
            Quando o julgador, recebendo os Embargos, verificar a POSSIBILIDADE de imprimir efeito modificativo aos mesmos, DEVE INTIMAR A PARTE EMBARGADA para se manifestar sobre a medida, nos termos do artigo 897-A, §2º, da CLT e da OJ nº 142, da SDI-I, do TST, sob pena de nulidade da decisão. 
            Não obstante a lei disponha que os Embargos Declaratórios são cabíveis apenas de sentenças ou acórdão, o Tribunal Superior do Trabalho consolidou entendimento que são eles também cabíveis contra decisão monocrática do relator que impede que um recurso seja julgado pelo colegiado ou que dá provimento de plano ao recurso, sem submetê-lo aos demais desembargadores ou ministros, conforme previsto na Súmula 421, do TST. 
            A oposição de Embargos Declaratórios por uma das partes INTERROMPE o prazo para interposição do recurso cabível da decisão embargada PARA AMBAS AS PARTES, nos termos do artigo 538, caput¸ do CPC/73, ratificado no artigo 1.026, do CPC/15, iniciando-se NOVO prazo para a interposição desse recurso somente após o julgamento dos embargos. 
            A ausência deste efeito interruptivo só acontece em poucos casos, não sendo a rejeição dos embargos ou o entendimento de que são eles meramente protelatórios suficientes para fazer cessar a interrupção do prazo para o recurso seguinte. 
            Assim, o artigo 897-A, §3º, da CLT elenca três situações em que os embargos declaratórios NÃO INTERROMPEM O PRAZO para o próximo recurso, ou seja, são considerados “inexistentes”: quando intempestivos, quando irregular a representação processual ou quando apócrifos (não assinados) 
            Na hipótese de uma das partes embargue de uma decisão e a outra apresente o recurso cabível, caso a sentença de embargos provoque alguma modificação na decisão que já foi objeto de recurso pela parte contrária, esta mesma parte poderá, no prazo do recurso que estava interrompido pela oposição dos Embargos de Declaração, apresentar ADITAMENTO ao seu recurso, impugnando apenas o ponto que foi objeto de modificação pela sentença de Embargos Declaratórios. 
            Apesar de não serem os embargos o remédio jurídico apto a reformar a sentença anteriormente proferida, nossa doutrina ainda não pacificou o entendimento quanto aos embargos de declaração possuírem natureza recursal. 
            Por fim, a lei processual prevê a possibilidade do julgador entender que os Embargos Declaratórios opostos pela parte são meramente protelatórios, aplicando à parte que os opôs um multa, que equivale de 1% a 10% do valor da causa e que é paga à parte contrária.
 
            Estamulta não condiciona a interposição do recurso seguinte, A NÃO SER QUE A PARTE TENHA SIDO MULTADA DE FORMA REITERADA. (artigo 538, parágrafo único, CPC/73 e artigo 1.026, §§2º e 3º, do CPC/15). 
 
2 - RECURSO ORDINÁRIO (ARTIGO 895, CLT)
 
2.1 – DEFINIÇÃO E CABIMENTO 
             O recurso ordinário, nos termos do artigo 895 da CLT é o pedido que se faz à Instância superior no sentido de reexaminar a decisão proferida pelos órgãos inferiores. 
            O Recurso Ordinário é cabível em duas hipóteses: 
I – DAS DECISÕES DEFINITIVAS OU TERMINATIVAS PROFERIDAS PELO JUÍZES DAS VARAS DO TRABALHO: é cabível o recurso ordinário tanto das decisões que analisam o mérito das pretensões, quanto das decisões que extinguem o processo sem análise de mérito.
Importante destacar que se a ação trabalhista tiver sido analisada por um Juiz de Direito que está exercendo a jurisdição trabalhista, ainda assim o recurso cabível desta decisão será o recurso ordinário, encaminhado ao TRT para julgamento. 
II – DAS DECISÕES PROFERIDAS NAS AÇÕES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS: algumas ações são de competência originária dos Tribunais Regionais do Trabalho ( como, por exemplo, Ação Rescisória, Mandado de Segurança, Hábeas Corpus, Hábeas Data e Dissídio Coletivo) e, das decisões proferidas nestas ações, cabe Recurso Ordinário, que será julgado pelo TST. 
            Apesar de fazerem parte das hipóteses de cabimento elencadas no artigo 895, da CLT, também cabe Recurso Ordinário em dois outros casos: 
III – DE DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS COM EFEITO TERMINATIVO: como explicado no Módulo 1, as decisões interlocutórias não são passíveis de recurso imediato. No entanto, também foi falado que o Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias encontra algumas exceções, elencadas na Súmula 214, do TST.
Pois bem. Uma das exceções ao Princípio dizem respeito, justamente, à algumas decisões interlocutórias que são terminativas do feito na Justiça do Trabalho, como, por exemplo, a hipótese elencada no artigo 799, §2º, da CLT e na citada Súmula 214, letra “c”, do TST, em que o juiz acolhe a exceção de incompetência territorial e remete os autos para Vara do Trabalho que está sob jurisdição de TRT diverso daquele em que foi proposta ação. 
            No Rito de Alçada, previsto na Lei 5.584/70, para causas com valor de até dois salários mínimos, o cabimento do Recurso Ordinário está restrito a hipótese em que a sentença proferida viola a Constituição Federal. 
            A decisão que homologa o acordo feito perante o Juiz do Trabalho é decisão irrecorrível, dela não sendo cabível Recurso Ordinário. Nesta situação, o meio próprio para atacar a coisa julgada formada é a ação rescisória (art. 831 da CLT e Súmula 259 TST);
 
2.2 – PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
 
            Como visto no Módulo 1, os recursos, para serem encaminhados à Instância Superior e serem por ela julgados devem preencher uma série de requisitos, denominados Pressupostos de Admissibilidade. 
            Estes pressupostos tem sua presença duplamente verificada: pelo 1º Juízo de Admissibilidade e pelo 2º Juízo de Admissibilidade e são divididos em Pressupostos Subjetivos e Objetivos. 
            Os PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS do Recurso Ordinário são os já elencados no Módulo 1 desta Disciplina: legitimação, capacidade e interesse. 
            Os PRESUPOSTOS OBJETIVOS merecem um pouco mais de atenção, pois, apesar de serem os mesmos já elencados no Módulo anterior, apresentam algumas particularidades quando se trata do Recurso Ordinário 
a) CABIMENTO: como dito acima, o cabimento do Recurso Ordinário está disciplinado nos incisos I e II, do artigo 895, da CLT. 
b) A INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER; 
c) TEMPESTIVIDADE: o recurso ordinário deve ser interposto em OITO dias, contados da ciência da decisão que vai ser recorrida.
Os entes públicos tem prazo dobrado para recorrer, o que é previsto pelo artigo 188, do CPC/15 e ratificado pelo artigo 188, do CPC/15.
Como já dito, inaplicável ao Processo do Trabalho o prazo dobrado para litisconsortes com advogados diversos, por incompatibilidade com o Princípio da Celeridade. 
d) REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO: é cabível ainda, em sede de Recurso Ordinário, o exercício do jus postulandi, nos termos do disposto na Súmula 425, do TST.
No entanto, se representado por advogado, deve este estar devidamente munido de procuração, a fim de que a representação processual esteja regular e, ainda, deve-se atentar para a necessidade de assinatura do recurso 
e) PREPARO: o preparo consiste no recolhimento, pela parte recorrente, de determinados valores a título de depósito recursa e/ou custas processuais, exigidos em lei, que possibilitam a análise do mérito do recurso.
No caso do Recurso Ordinário, o preparo é diferente, dependendo da parte Recorrente:
Se o recorrente é o Trabalhador-Reclamante, o preparo consiste apenas no recolhimento das custas processuais, desde que tenha sido ele parte totalmente sucumbente no objeto da ação (decisão que extingue o processo sem análise de mérito ou que declara a total improcedência das pretensões) e, ainda, se não for beneficiário da Justiça Gratuita.
Se o recorrente é o Empregador-Reclamado, o preparo consiste no recolhimento das custas processuais E do depósito recursal, nos termos já explicados no Módulo 1 deste curso
 
2.3 – EFEITOS E PROCEDIMENTO
 
            O Recurso Ordinário   O recurso ordinário será recebido, nos termos do artigo 899 da CLT apenas em seu efeito DEVOLUTIVO, ou seja, devolve a matéria para novo reexame pelo juízo "ad quem", não cabendo efeito suspensivo, o que possibilita a extração de carta de sentença e o início da execução provisória.
             No entanto, como já explicado no Módulo 1 desta Disciplina, comporta tal recurso, a propositura de ação cautelar inominada para obtenção do efeito suspensivo, nos moldes do entendimento pacificado na Súmula 414, do TST. 
            Referido recurso SEMPRE será interposto através de uma peça de interposição, perante o Juiz que proferiu a decisão (“a quo”) e encaminhado para a instância superior (“ad quem”) a quem competirá o julgamento do recurso. 
            Interposto o Recurso Ordinário por meio de petição, o juiz poderá recebê-lo ou denegar seu seguimento/processamento, ou ainda, recebê-lo e julgá-lo deserto, caso o recorrente não tenha recolhido o preparo composto por custas e depósito recursal (este último somente para as empresas). 
            O Recurso Ordinário poderá também ser chamado de oficio, pelo próprio juiz que prolatou a sentença condenatória em desfavor de pessoas jurídicas de direito público, quais sejam: União, Estados Membros da Federação, Municípios e respectivas Autarquias (DL 779/69). 
            No Procedimento Ordinário, uma vez interposto o Recurso Ordinário, passará ele pelo 1º Juízo de Admissibilidade e, estando presentes todos os pressupostos, a parte contrária será intimada para apresentação de contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo de oito dias artigo 900, da CLT). 
            Apresentadas ou não as contrarrazões, o processo é remetido à Instância imediatamente superior e lá é distribuído a uma das Turma e, após os trâmites administrativos, o processo será remetido ao Ministério Público do Trabalho, SE FOR O CASO.
            Se ausente a necessidade de parecer do MPT ou se apresentado o parecer, o processo retorna à Turma, sendo sorteado o relator, bem como os outros dois desembargadores ou ministros que farão parte da Câmara Julgadora. 
            No dia da sessão de julgamento, anunciado o processo, o presidente da Turma dará a palavra ao relator para que exponha os fatos e circunstâncias da causa, apresentando o relatório. 
            Após, é aberta a oportunidade das partes ou seus procuradores para falar sobre a causa, fazendo uma SUSTENTAÇÃO ORAL. Para tanto, as partes ou os procuradores deverão ter se inscrito previamente na Secretaria da Turma. 
            Em seguida, a palavra retorna ao relator paraque ele profira seu voto, sendo seguido pelos outros dois juízes, para que, ao final, conjugando-se os três votos, obtenha-se o ACÓRDÃO. 
            No Procedimento Sumaríssimo, o trâmite do Recurso Ordinário segue as regras do artigo 895, §1º, da CLT:
 
a) recebido o processo no tribunal, será ele imediatamente distribuído e encaminhado ao relator;
b) o relator deve liberar os autos em, no máximo, 10 dias, para que ele seja colocado em pauta de julgamento;
c) se necessário parecer do Ministério Público do Trabalho, este será feito de forma oral, na própria sessão de julgamento;
d) o acórdão consistirá unicamente na certidão de julgamento, com a indicação do número do processo, da parte dispositiva e das razões de decidir do voto prevalente
 Exercício 1:
Da decisão proferida pela Vara do Trabalho em causa de sua alçada exclusiva:          
A)não cabe qualquer recurso;
B)cabe recurso ordinário, se versar matéria constitucional;
C)cabe recurso extraordinário, se versar sobre matéria constitucional;
D)cabe recurso ordinário, independentemente da matéria decidida.
E)nenhuma das alternativas está correta.
Exercício 2:
Em litígio trabalhista, diz-se prequestionada a matéria quando:
A)na decisão impugnada, haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito;
B)na decisão impugnada, haja sido adotada, implícita ou explicitamente, tese a respeito;
C)o meio jurídico próprio de provocar o prequestionamento é o Recurso Ordinário;
D)quando a sentença for omissa em relação a algum ponto suscitado pelas partes;
E)nenhuma das alternativas está correta.
 
Exercício 3:
Intimadas as partes da decisão da Vara do Trabalho que inacolheu a exceção de incompetência "ex ratione loci", cabe ao excipiente interpor dentro de 08 dias da intimação:
A)recurso de revista;
B)recurso ordinário;
C)mandado de segurança;
D)agravo de instrumento.
E)Nenhuma das alternativas.
Exercício 4:
Analise as afirmações a seguir sobre recurso ordinário no Processo do Trabalho:
I - Cabe recurso ordinário das decisões interlocutórias de caráter terminativo do processo.
II - Do indeferimento da petição inicial, cabe recurso ordinário.
III - Das decisões definitivas dos tribunais do trabalho, cabe recurso ordinário.
IV - Nos dissídios coletivos, cabe recurso ordinário das decisões definitivas.
Pode-se dizer que:
A)I, II e III estão corretas;
B)somente I e III estão corretas;
C)somente a IV está correta;
D)todas estão corretas;
E)todas estão incorretas.
Exercício 5:
O artigo 1.013, §§ 1º e 2º, do CPC/15 assim dispõe:
Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Tendo em conta o efeito devolutivo em extensão e em profundidade inerente ao recurso ordinário, na forma do citado art. 1.013, parágrafos 1° e 2° do Código de Processo Civil de 2015, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, podemos afirmar que:
I – a extensão do efeito devolutivo consiste em apreciar o que se submete, por força do recurso ordinário, ao julgamento do Tribunal Regional do Trabalho; medir-lhe a profundidade é determinar com que material há de trabalhar o órgão destinatário do recurso para julgar;
II – o efeito devolutivo em profundidade transfere automaticamente ao Tribunal a apreciação de questão ou fundamento de defesa não examinado pela sentença, ainda que não renovado em contrarrazões, não se aplicando, todavia, ao caso de pedido não apreciado na sentença;
III – o efeito devolutivo em extensão e em profundidade do recurso ordinário transfere ao conhecimento do Tribunal Regional do Trabalho a matéria impugnada, nos limites dessa impugnação, sendo vedada a reapreciação de questões já decididas no mesmo processo. O que se permite ao Tribunal revisor é conhecer, mesmo sem provocação, das questões relativas à admissibilidade do processo, respeitada, porém, a preclusão.
Assinale a alternativa correta:
A)Apenas as alternativas I e II são corretas;
B)Todas as alternativas estão corretas;
C)Apenas as alternativas II e III são corretas;
D)Apenas as alternativas I e III estão corretas;
E)Todas as alternativas estão incorretas.
Exercício 6:
Com relação aos embargos de declaração, no processo do trabalho, é correto afirmar que:
A)São cabíveis para suprir dúvidas que se apresentem no julgado ou nos despachos.
B)São cabíveis para obter, somente no segundo grau de jurisdição, aplicação de efeito modificativo do julgado, no caso de manifesto equívoco dos pressupostos extrínsecos do recurso.
C)Deverão ser opostos no prazo de cinco dias e julgados na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação.
D)Deverão ser opostos, pela Fazenda Pública, no prazo de 15 (quinze) dias.
E)Não são cabíveis em caso de procedimento sumaríssimo.
MÓDULO 3 – DOS RECURSOS TRABALHISTAS EM ESPÉCIE: RECURSO DE REVISTA E AGRAVO DE INSTRUMENTO
1 - RECURSO DE REVISTA
 1.1 - DEFINIÇÃO 
            O recurso de revista é um recurso de natureza extraordinária, cabível de acórdãos proferidos pelos Tribunais Regionais do Trabalho no julgamento de Recurso ordinário, quando atendidas as exigências contidas no art. 896, da CLT. 
            Com efeito, os recursos de natureza ordinária, como o Recurso Ordinário, visam a tutela do direito subjetivo, permitindo a rediscussão ampla da matéria de fato e/ou de direito e, nesse sentido, o mero inconformismo da parte com a justiça da decisão seria suficiente para a interposição do recurso.
            Já os recursos de natureza extraordinária fundam-se na tutela do direito objetivo, buscando sua exata aplicação e, por isso, para sua análise não importa a justiça da decisão quanto aos fatos, mas sim se a lei foi corretamente aplicada ao caso. 
            Nesse sentido, no Recurso de Revista, assim como em todos os demais recursos de natureza extraordinária, é proibido o reexame de matéria fático-probatória, a teor do entendimento pacificado pela Súmula 126, do TST. 
            Além disso, o Recurso de Revista é um recurso de fundamentação vinculada, já que a lei exige do recorrente a indicação de vício específico na decisão impugnada, como a seguir será abordado. 
            Recentemente, a Lei 13.015/14 promoveu uma série de modificações nos dispositivos da CLT que tratam do Recurso de Revista.
 
1.2 – PRAZO E CABIMENTO 
            De maneira genérica, o Recurso de Revista é o recurso cabível dos acórdãos de Recursos Ordinários, proferidos pelos Tribunais Regionais do Trabalho, nos dissídios individuais, no prazo de OITO dias. 
            As hipóteses de cabimento do Recurso de Revista em Procedimento Ordinário estão descritas no artigo 896, alíneas “a”, “b” e “c”, da CLT, abaixo transcrito: 
Art. 896. Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal 
            Analisando o dispositivo acima transcrito, pode-se verificar que o Recurso de Revistaé cabível nas seguintes hipóteses: 
            I – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL: a divergência jurisprudencial é a existência de teses conflitantes quando da análise de um mesmo dispositivo legal em um contexto fático semelhante. 
            Assim, o correrá a divergência jurisprudencial quando for dada a um mesmo dispositivo de lei federal, lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação diversa por outro Tribunal. A interpretação divergente não pode ser do mesmo Tribunal, e sim de outro Tribunal Regional tanto quanto ao Pleno ou Turmas. 
            Para a caracterização da divergência, são necessários dois requisitos, indicados no artigo 896, §8º, da CLT: identidade do dispositivo legal interpretado e identidade ou semelhança do contexto fático 
            Assim, o dissenso jurisprudencial pode se caracterizar: 
	DECISÃO RECORRIDA
	ACÓRDÃO PARADIGMA
	 
ACÓRDÃO RO
(TRT)
	- Acórdão de TRT diverso do TRT que proferiu o acórdão recorrido;
Acórdão do TST, proferido por uma de suas Turmas, pelo Pleno ou pelas SDI’s
 
 
            Não se presta à formação do dissenso a existência de decisões conflitantes oriundas do mesmo TRT (OJ 111, SDI-I, TST), pois estas devem ser objeto de Incidente de Uniformização de Jurisprudência, como previsto no artigo 896, §§3º a 6º, da CLT. 
            A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, esclarecendo o artigo 896, §7º, da CLT, que assim não será considerada aquela ultrapassada por súmula do TST ou STF ou superada por iterativa (repetida) e notória jurisprudência do TST que, via de regra, se consolidam nas Orientações Jurisprudenciais. 
            Importante destacar que se o acórdão recorrido apresentar diversos dispositivos de lei, o acórdão paradigma deve discutir sobre todos eles, sob pena de não conhecimento do recurso (Súmula 23, do TST) 
            É ônus da parte comprovar a divergência e, para isso, deve observar o disposto no artigo 896, §8º, da CLT e na Súmula 337, do TST.
            No caso de processos físicos, cabe à parte juntar ao recurso certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou citar a fonte oficial em que foi publicada a decisão, bem como transcrever no recurso a ementa ou os trechos que comprovem o conflito de teses.
             No caso de processos eletrônicos, deve-se acrescentar aos requisitos descritos no parágrafo anterior a indicação do sítio de onde foi extraído o acórdão paradigma e a indicação do número do processo, órgão prolator e data de publicação no Diário Oficial Eletrônico. 
            II – CONTRARIEDADE À SÚMULA: também é cabível Recurso de Revista por contrariedade à Súmula do TST, à Súmula Vinculante do STF e às Orientações Jurisprudenciais (OJ’s), do TST, nos termos do artigo 896, alínea “a”, última parte, da CLT e OJ 219, da SDI-I, do TST. 
            Nestas situações, basta que a parte faça constar do seu recurso o número do entendimento violado OU o seu conteúdo, transcrevendo, ainda, o trecho da decisão recorrida que caracteriza a contrariedade (OJ 219, SDI-I, TST) 
            III – VIOLAÇÃO LEGAL: nos termos do artigo 896, alínea “c”, da CLT, é cabível Recurso de Revista por violação literal de dispositivo de lei federal e por violação direta e literal de dispositivo da Constituição Federal. 
            A violação literal é a violação frontal, categórica, é aquele que aplica incorretamente a lei. 
            Para ensejar o Recurso de Revista, a parte deve apontar expressamente o dispositivo violado, sendo desnecessária a indicação de parágrafo ou inciso, a não ser que se trate de dispositivo muito amplo, como, por exemplo, o artigo 7º, da Constituição Federal, que possui inúmeros incisos (Súmula 221, TST). 
            No que diz respeito à Constituição Federal, a afronta deve ser literal e DIRETA, vedando-se a ofensa reflexa. 
            A ofensa indireta ou reflexa ocorre quando o recorrente tiver que invocar uma norma infraconstitucional para chegar à norma constitucional, como, por exemplo, a inadequação da notificação de certa parte, o que violaria, em princípio, o artigo 841, da CLT, para, de forma reflexa, violar o artigo 5º, inciso LV, da CF. 
            O cabimento do Recurso de Revista no Procedimento Sumaríssimo está previsto no artigo 896, §9º, da CLT, sendo, neste caso, cabível o apelo apenas em caso de contrariedade à Súmula do TST, contrariedade à Súmula do STF e por violação direta à Constituição Federal, não ensejando Recurso de Revista acórdão que viole Orientação Jurisprudencial (Súmula 442, TST) 
            Por fim, também é possível se falar em cabimento de Recurso de Revista dos acórdãos que tem natureza interlocutória, mas que contrariem Súmula ou OJ do TST, nos termos da Súmula 214, “a”, do TST.
 
1.3 – PRESSUPOSTOS. 
            O TST objetivando claramente restringir o conhecimento de Recursos de Revista que chegam a mais alta corte trabalhista, editou inúmeras Súmulas e Orientações Jurisprudenciais estabelecendo verdadeiros pressupostos específicos de admissibilidade recursal: 
Súmulas: 23, 25, 126, 184, 218, 221, 266, 285, 296, 297, 333, 337; 459
Orientações Jurisprudenciais: 62, 111, 118, 119, 147, 151, 219, 257, 334;
 
            Os PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS do Recurso de Revista são os já elencados no Módulo 1 desta Disciplina: legitimação, capacidade e interesse, entendendo o TST, porém, que também faz parte deste rol a inexistência de fatos impeditivos ou modificativos do direito de recorrer. 
            Os PRESUPOSTOS OBJETIVOS merecem um pouco mais de atenção, pois, apesar de serem os mesmos já elencados no Módulo anterior, apresentam algumas particularidades quando se trata do Recurso de Revista
 
a) CABIMENTO: como dito acima, o cabimento do Recurso de Revista está disciplinado nas alíneas “a”, “b” e “c” e no §9º, do artigo 896, da CLT. 
b) TEMPESTIVIDADE: o recurso de revista deve ser interposto em OITO dias, contados da ciência da decisão que vai ser recorrida.
Os entes públicos tem prazo dobrado para recorrer, o que é previsto pelo artigo 188, do CPC/15 e ratificado pelo artigo 188, do CPC/15.
Como já dito, inaplicável ao Processo do Trabalho o prazo dobrado para litisconsortes com advogados diversos, por incompatibilidade com o Princípio da Celeridade.
Neste ponto, importante destacar que o TST, em sua Súmula 434, I, entende que o recurso apresentado antes de publicada a decisão a ser impugnada é um recurso INTEMPESTIVO. 
d) REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO: é incabível em sede de Recurso de Revista, o exercício do jus postulandi, nos termos do disposto na Súmula 425, do TST, devendo a parte estar representada por advogado devidamente munido de procuração, a fim de que a representação processual esteja regular e, ainda, deve-se atentar para a necessidade de assinatura do recurso 
e) PREPARO: o preparo consiste no recolhimento, pela parte recorrente, de determinados valores a título de depósito recursa e/ou custas processuais, exigidos em lei, que possibilitam a análise do mérito do recurso.
O preparo do Recurso de Revista é dependente de eventual preparo feito em sede de Recurso Ordinário.
Assim, se houve a interposição de Recurso Ordinário, com o devido recolhimento das custas e não houve acréscimo ao valor da condenação, nada mais deve ser recolhido a este título.
Quanto ao depósito recursal, se já feito em sede de Recurso Ordinário e se suficiente à garantia integral do valor da condenação, nenhum depósito deve ser feito em Revista.
No entanto, se não houve depósito em sede de Recurso Ordinário, ou se este foi insuficiente para garantir integralmente o valor da condenação, há necessidade de complementação em sede de Recurso de Revista, sempre se atentando ao teto máximo imposto pelo TST, sob pena de deserção.
 
            O Recurso de Revista conta, ainda, com alguns pressupostos ESPECÍFICOS, quais sejam: 
a) o prequestionamentoda matéria;
b) a transcendência das matérias suscitadas, (art. 896-A, da CLT), que devem ter alcance maior que as partes do processo, extrapolando a decisão dada no Recurso de Revista o efeito inter partes, a semelhança do requisito de repercussão geral existente para o Recurso Extraordinário. Este pressuposto, inserido na CLT por força da MP nº 2.226/01, deveria ser regulamentado pelo próprio TST, nos termos do artigo 2º da citada Medida Provisória, o que não aconteceu até o presente momento.
 
1.4 – DA FORMA DO RECURSO DE REVISTA
 
            O artigo 896, da CLT teve acrescentado ao seu corpo o §1º-A, que dispõe sobre a forma obrigatória do Recurso de Revista. Assim, na elaboração do recurso, é exigido da parte: 
            I) INDICAÇÃO DO TRECHO DA DECISÃO RECORRIDA QUE INDIQUE O PREQUESTIONAMENTO DA CONTROVÉRSIA: cabe ao recorrente transcrever o trecho do acórdão recorrido que pretende impugnar, demonstrando que a questão foi expressamente enfrentada pelas instâncias ordinárias, ou foi, ao menos, prequestionada pela parte. 
            II) INDICAÇÃO EXPLÍCITA E FUNDAMENTADA DA CONTRARIEDADE À LEI, SÚMULA OU OJ: a previsão já estava contida na Súmula 221, do TST e na OJ 219, da SDI-I, do TST. 
            Assim, a parte deve indicar de maneira categórica o dispositivo violado, sendo que o erro na indicação pode levar ao não conhecimento do recurso. 
            III) IMPUGNAÇÃO DE TODOS OS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA DECISÃO RECORRIDA, ATRAVÉS DA DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DE CADA DISPOSITIVO VIOLADO: a parte deverá, nas razões recursais, confrontar o trecho da decisão recorrida com o dispositivo violado, explicitando as razões pelas quais acredita que houve violação e os motivos da reforma do julgado.
 
1.5 – PROCEDIMENTO 
            O Recurso de Revista é interposto no juízo prolator da decisão impugnada, sendo dirigidas suas razões recursais para o TST. 
            Interposto o Recurso de Revista, o 1º Juízo de Admissibilidade será realizado pelo Presidente do TRT, podendo ele proferir juízo de admissibilidade negativo, caso não estejam presentes os pressupostos recursais ou juízo de admissibilidade positivo, determinando o seguimento do apelo e a remessa dos autos ao TST para julgamento do Recurso. 
            Na segunda hipótese, a parte contrária será intimada para apresentação de contrarrazões e apresentadas ou não as contrarrazões, o processo é remetido à Instância imediatamente superior e lá é distribuído a uma das Turma e, após os trâmites administrativos, o processo será remetido ao Ministério Público do Trabalho, SE FOR O CASO. 
            Se ausente a necessidade de parecer do MPT ou se apresentado o parecer, o processo retorna à Turma, sendo sorteado o relator, bem como os outros dois desembargadores ou ministros que farão parte da Câmara Julgadora. 
            No dia da sessão de julgamento, anunciado o processo, o presidente da Turma dará a palavra ao relator para que exponha os fatos e circunstâncias da causa, apresentando o relatório. 
            Após, é aberta a oportunidade das partes ou seus procuradores para falar sobre a causa, fazendo uma SUSTENTAÇÃO ORAL. Para tanto, as partes ou os procuradores deverão ter se inscrito previamente na Secretaria da Turma. 
            Em seguida, a palavra retorna ao relator para que ele profira seu voto, sendo seguido pelos outros dois juízes, para que, ao final, conjugando-se os três votos, obtenha-se o ACÓRDÃO. 
 
2 - AGRAVO DE INSTRUMENTO 
            Agravo de Instrumento é o recurso destinado à impugnação das decisões denegatórias de seguimento de recurso (art. 897, “b” da CLT; item II da IN TST nº 16/99).
 
            O agravo de instrumento, nos termos do artigo 897, b da CLT, é cabível SOMENTE contra os despachos proferidos pelo juiz que denegarem seguimento a um recurso. Referido despacho é proferido em sede de 1º juízo de admissibilidade. 
            Necessário lembrar que o agravo de instrumento, tendo em vista o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, em nossa justiça especializada, não tem a mesma serventia que o agravo previsto no CPC. 
            O prazo de sua interposição segue aquele previsto na Lei 5584/70, ou seja, também é de 08 (oito) dias. 
            Não é cabível o recurso adesivo no caso do agravo de instrumento, uma vez que a Súmula 283, do TST limita a utilização deste recurso para os casos de recurso ordinário, recurso de revista, embargos ao TST e agravo de petição, não incluindo o agravo de instrumento neste rol. 
            Como se trata de recurso que tem por finalidade “destrancar” outro recurso que teve seu seguimento denegado, os autos principais permanecem “trancados” com o juízo prolator do despacho denegatório, correndo o Agravo de Instrumento em autos apartados. 
            É por esse motivo que há necessidade da formação do Instrumento no Agravo, que nada mais é do que a juntada ao recurso, de cópias autenticadas de peças obrigatórias e facultativas que possibilitem o conhecimento e a análise do Agravo. 
            É o parágrafo 5º, inciso I, do artigo 897 da CLT que elenca quais são as peças que obrigatoriamente devem ser trasladadas, deixando o inciso II do mesmo dispositivo à critério da parte trasladar outras peças que entenda essenciais para a análise do Agravo. 
            Todas as peças trasladadas devem ser autenticadas por cartório ou pelo próprio advogado, com autorização do artigo 830, da CLT 
            Nos Agravos de Instrumento a serem julgados pelos TST É DESNECESSÁRIA A FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO, a teor do disposto na Resolução Administrativa do TST, já que todos os processos que se encontram no Tribunal Superior do Trabalho são eletrônicos, estando as peças digitalizadas no sistema. 
            Por fim, devemos lembrar que o juízo agravado NÃO PODE OBSTAR O SEGUIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO, sob pena de ferimento de direito líquido e certo a ser corrido por MANDADO DE SEGURANÇA. 
            Sendo denegado seguimento a um recurso interposto na 1ª instância, o agravo de instrumento será julgado pelo TRT; sendo denegado seguimento a um recurso interposto na 2ª instância ou recurso de competência originária, o agravo de instrumento será julgado pelo TST. 
            Quanto aos pressupostos recursais, possui o Agravo de Instrumento todos os requisitos subjetivos e objetivos de praxe, estudados no Módulo 1, desta Disciplina. 
            NO que diz respeito aos PRESUPOSTOS OBJETIVOS, o Agravo de Instrumento apresenta as seguintes particularidades: 
a) CABIMENTO: como dito acima, o cabimento do Agravo de Instrumento está disciplinado no artigo 897, “b”, da CLT. 
b) A INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER; 
c) TEMPESTIVIDADE: o Agravo de Instrumento deve ser interposto em OITO dias, contados da ciência da decisão que vai ser recorrida.
Os entes públicos tem prazo dobrado para recorrer, o que é previsto pelo artigo 188, do CPC/15 e ratificado pelo artigo 188, do CPC/15.
Como já dito, inaplicável ao Processo do Trabalho o prazo dobrado para litisconsortes com advogados diversos, por incompatibilidade com o Princípio da Celeridade. 
d) REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO: quando o Agravo for julgado pelo TRT ainda é cabível o exercício do jus postulandi. No entanto, uma vez a ser julgado pelo TST, a parte que interpõe o Agravo deve estar representada por advogado, devidamente munido de procuração, a fim de que a representação processual esteja regular e, ainda, deve-se atentar para a necessidade de assinatura do recurso 
e) PREPARO: em 2010 foi publicada a Lei 12.275 que modificou o artigo 899, da CLT, inserindo o §7º ao referido dispositivo. Este parágrafo impôs a necessidade de efetivação de preparo para o Agravo de Instrumento.
Assim, a parte que desejar interpor Agravo de Instrumento deve efetuar depósito recursal em valor equivalente à 50% do valor do depósito recursal feito no recurso trancado 
            Como já dito, o Agravo de Instrumento será interposto no juízo que proferiu o despacho denegatório e será julgado pela autoridadeque seria competente para julgar o recurso que foi trancado. 
            Apresentado o agravo de instrumento, o juízo prolator do despacho denegatório pode retratar-se. Caso não o faça, a parte contrária será intimada para oferecer a contraminuta de agravo, no prazo de 08 dias, bem como as contrarrazões do recurso trancado, já que se for dado provimento ao Agravo, o recurso trancado, que foi trasladado para o Agravo, será imediatamente julgado. 
            Apresentadas ou não a contraminuta e ass contrarrazões, o processo é remetido à Instância imediatamente superior e lá é distribuído a uma das Turma e, após os trâmites administrativos, o processo será remetido ao Ministério Público do Trabalho, SE FOR O CASO. 
            Se ausente a necessidade de parecer do MPT ou se apresentado o parecer, o processo retorna à Turma, sendo sorteado o relator, bem como os outros dois desembargadores ou ministros que farão parte da Câmara Julgadora. 
            No dia da sessão de julgamento, anunciado o processo, o presidente da Turma dará a palavra ao relator para que exponha os fatos e circunstâncias da causa, apresentando o relatório. 
            Em seguida, o relator profere seu voto, sendo seguido pelos outros dois juízes, para que, ao final, conjugando-se os três votos, obtenha-se o ACÓRDÃO. 
            Não caberá nenhum recurso da decisão que der ou negar provimento ao Agravo de Instrumento, cabendo apenas Embargos Declaratórios, nas hipóteses já estudadas.
Exercício 1:
No processo trabalhista, agravo retido tem cabimento:
A)contra despacho de indeferimento de realização de prova pericial;
B)contra despacho de adiantamento de audiência sem notificação a uma das partes;
C)contra despacho de indeferimento de processamento de agravo de instrumento;
D)não cabe agravo retido no Processo do Trabalho;
E)n.d.a.
Exercício 2:
Quanto ao agravo de instrumento no processo do trabalho, pode-se afirmar que:
A)É o recurso adequado para impugnar despachos terminativos;
B)Somente é usado para pleitear seguimento de recurso;
C)Pode ser interposto para pedir seguimento a recurso e para postular justiça gratuita;
D)Somente pode ser indeferido seu processamento quando não houver o depósito recursal.
E)Nenhuma das alternativas anteriores.
Exercício 3:
Alfredo, advogado da empresa Casa Nova, apresentou recurso de revista contra acórdão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que teria sido desfavorável à empresa. Nos fundamentos do recurso, Alfredo argumentou que o depoimento da única testemunha apresentada pelo reclamante não havia comprovado o direito alegado na inicial, e que, portanto, a sentença de 1° grau, confirmada no TRT deveria ser reformada. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta.
A)O recurso de revista deve ser conhecido e provido pelo TST, já que a prova apresentada pelo reclamante no processo não foi suficiente para comprovar o seu direito;
B)O advogado da empresa deveria ter interposto, juntamente com o recurso de revista, o recurso extraordinário para o STF;
C)É inadmissível a interposição de recurso de revista na presente situação hipotética, pois não cabe reanálise de fatos e provas;
D)Como a sentença de 1° grau foi confirmada pelo TRT, não seria cabível a interposição de qualquer recurso para o TST.
E)nenhuma das alternativas anteriores
Exercício 4:
Leia com atenção: Cabe _____________ para Turma do _______ das decisões proferidas em grau de _____________ em dissídio ____________ pelos ____________, quando: derem ao mesmo dispositivo de lei federal, interpretação divergente de _________________. Assinale a alternativa que preenche corretamente os espaços:
A)Recurso de Revista, TRT; agravo de instrumento, individual, súmula de jurisprudência uniforme do TST;
B)Recurso de Revista, TST, agravo de instrumento, coletivo, TRT, outra seção de Dissídio Coletivo do TST;
C)Recurso de Revista, TST, recurso ordinário, individual, TRT, outro TRT no seu pleno;
D)Recurso de Revista, TST, recurso ordinário, coletivo, TRT, outro TRT em sua Turma.
E)nenhuma das alternativas anteriores.
Exercício 5:
Conforme jurisprudência pacificada pelo TST, o fato do juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista entendê-lo cabível quanto à parte das matérias veiculadas:
A)impede a apreciação integral pela turma do TST, cabendo a parte a interposição de agravo de instrumento;
B)não impede a apreciação integral pela turma do TST, desde que a parte interponha agravo de instrumento quanto à matéria não recebida;
C)não impede a apreciação integral da turma do TST, sendo imprópria a interposição de agravo de instrumento;
D)vincula a turma do TST à apreciação necessária quanto ao mérito das matérias admitidas pelo juízo primeiro de admissibilidade.
E)nenhuma das alternativas anteriores.
Exercício 6:
Com relação ao recurso de revista, é certo que:
A)é incabível esse recurso para reexame de fatos, mas será cabível a revista para reexame de provas;
B)caberá, em regra, esse recurso contra acórdão regional prolatado em agravo de instrumento;
C)a admissibilidade desse recurso contra acórdão proferido em processo incidente na execução independe da demonstração inequívoca de violação direta à Constituição Federal;
D)só caberá esse recurso por violação literal de dispositivo de lei federal nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo;
E)não se conhecerá do recurso de revista quando a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.
 
MÓDULO 4 – DOS RECURSOS TRABALHISTAS EM ESPÉCIE: RECURSO DE EMBARGOS, RECURSO DE AGRAVO E AGRAVO REGIMENTAL, RECURSO EXTRAORDINÁRIO E REECLAMAÇÃO CORREICIONAL
1 – DO RECURSO DE EMBARGOS 
            O artigo 894, da CLT contém a previsão de cabimento, no âmbito do TST, do recurso de Embargos, costumeiramente chamado de EMBARGOS PARA O PLENO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. 
            Este recurso tem como finalidade uniformizar a jurisprudência das turmas do TST, ou de suas decisões não unânimes em processos de competência originária do TST. 
            Cabe dizer, que a partir de 1.988, o Pleno do TST ficou dividido entre SDI (Seção de Dissídios Individuais) e SDC (Seção de Dissídios Coletivos), além das Turmas e do próprio Pleno. 
            A Lei 13.015/14 alterou a redação do artigo 894, da CLT, que assim dispõe agora: 
Art. 894.  No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8 (oito) dias:
I - de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei; e
II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.  
            Neste sentido, fala-se em duas modalidades de embargos: os EMBARGOS INFRINGENTES, cabíveis das decisões proferidas de forma não unânime, em matéria de dissídio coletivo, nos termos do artigo 894, inciso I, alínea “a”, da CLT; e os EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA, cabíveis dos acórdãos que julgarem Recursos de Revista, sendo interpostos contra as decisões divergentes de Turmas ou de decisões das Turmas que divergirem com as decisões da SDI, bem como quando estas decisões contrariarem Súmulas e OJ’s do TST ou Súmulas Vinculantes do STF, nos termos do artigo 894, II, da CLT.
 
1.1 – DOS EMBARGOS INFRINGENTES 
            Como dito no item anterior, o Recurso de Embargos, previsto no artigo 894, da CLT, é cabível, no prazo de OITO dias, em duas situações: das decisões não unânimes proferidas em grau de dissídio coletivo e das decisões proferidas em sede de Recurso de Revista. 
            No caso dos EMBARGOS INFRINGENTES (art. 894, I, ‘, da CLT), via de regra, o dissídio coletivo é ação de competência origináriados TRT’s. 
            No entanto, quando a extensão do conflito coletivo ultrapassa a área territorial coberta por um só TRT, é necessária a propositura do dissídio coletivo diretamente no Tribunal Superior do Trabalho, sendo a Seção de Dissídios Coletivos a responsável pelo julgamento do mesmo. 
            Das decisões proferidas em sede dos Dissídios Coletivos propostos no TST cabe, então, no prazo de oito dias, os Embargos Infringentes, sendo, requisitos para sua interposição: que se origem de julgamento proferido pelo TST em sede de Dissídio Coletivo e que a decisão proferida neste Dissídio Coletivo seja NÃO UNÂNIME. 
            Uma vez que a decisão proferida pela SDC no Dissídio Coletivo de sua competência originária NÃO SEJA UNÂNIME, caberão os Embargos Infringentes, que serão julgados pela própria SDC, com a finalidade de colocar fim à divergência existente dentro da própria Seção de Dissídios Coletivos acerca daquele conflito. 
            Importante destacar que se ocorre divergência da SDI sobre apenas uma das cláusulas objeto do Dissídio Coletivo, apenas sobre esta cláusula poderão versar os Embargos Infringentes. 
            Quanto aos pressupostos de admissibilidade, são aplicáveis aos Embargos Infringentes os mesmos pressupostos estudados no Módulo 1 desta Disciplina. 
            Merecem atenção, porém, dois pressupostos objetivos: o da regularidade de representação, já que como se tratam os Embargos de recurso interposto diretamente no TST, nos termos da Súmula 425, do TST, é impossível o exercício do jus postulandi, devendo as partes estarem devidamente representadas por advogado munido de procuração, a fim de que a representação processual esteja regular e, ainda, deve-se atentar para a necessidade de assinatura do recurso 
            Quanto ao preparo, NÃO HÁ NECESSIDADE da efetivação de qualquer depósito no caso dos Embargos Infringentes, uma vez que a sentença normativa, objeto do citado recurso, tem natureza constitutiva e não condenatória, não se exigindo qualquer garantia para a interposição do recurso, nos termos da Súmula 161, do TST.           
Os Embargos Infringentes serão interpostos junto à Secretaria da SDC, sendo a petição de interposição e as razões recursais dirigidas ao Presidente da Seção de Dissídios Coletivos. 
            Após, a parte contrária será intimada para apresentação das contrarrazões no prazo de oito dias e, apresentadas ou não as contrarrazões, após os trâmites administrativos, o processo será remetido ao Ministério Público do Trabalho, SE FOR O CASO. 
            Se ausente a necessidade de parecer do MPT ou se apresentado o parecer, é sorteado o relator do processo. 
            Caso o relator verifique a ausência de algum dos pressupostos de admissibilidade dos Embargos, pode ele negar seguimento aos mesmos, cabendo, desta decisão, o Recurso de Agravo, previsto no artigo 894, §3, da CLT. 
            Estando todos os pressupostos presentes, o relator analisa dos autos e designa data para a sessão de julgamento. 
            No dia da sessão de julgamento, anunciado o processo, o presidente da Turma dará a palavra ao relator para que exponha os fatos e circunstâncias da causa, apresentando o relatório. 
            Após, é aberta a oportunidade das partes ou seus procuradores para falar sobre a causa, fazendo uma SUSTENTAÇÃO ORAL. Para tanto, as partes ou os procuradores deverão ter se inscrito previamente na Secretaria da SDC. 
            Em seguida, a palavra retorna ao relator para que ele profira seu voto, sendo seguido pelos demais integrantes do colegiado, em ordem decrescente de antiguidade, para que, ao final, conjugando-se todos os votos, obtenha-se o ACÓRDÃO.
 
1.2 – DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA OU EMBARGOS À SDI 
            O artigo 894, inciso II, da CLT, prevê o cabimento dos Embargos de Divergência, cabíveis das decisões das Turmas do TST que divergirem entre si, das decisões das Turmas que divergirem com a SDI, e ainda das decisões das Turmas que contrariarem Súmulas e OJ’s do TST e Súmula Vinculantes do STF. 
            Assim, as hipóteses de cabimento dos Embargos de Divergência podem assim ser resumidas: 
 
	DECISÃO RECORRIDA
	 
	DECISÃO DIVERGENTE
	TURMA
	 
	Outra Turma do TST
	DO
	X
	SDI
	TST
	 
	Súmula e OJ do TST
	 
	 
	Súmula Vinculante do STF
 
            Como já estudado no Recurso de Revista, a divergência jurisprudencial é a existência de teses conflitantes quando da análise de um mesmo dispositivo legal em um contexto fático semelhante. 
            Assim, o correrá a divergência jurisprudencial quando for dada a um mesmo dispositivo de lei federal, lei estadual, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação diversa por outro Tribunal. A interpretação divergente não pode ser do mesmo Tribunal, e sim de outro Tribunal Regional tanto quanto ao Pleno ou Turmas. 
            Para a caracterização da divergência, são necessários dois requisitos: a identidade do dispositivo legal interpretado e identidade ou semelhança do contexto fático. 
            A divergência apta a ensejar os Embargos Divergentes deve ser atual, esclarecendo o artigo 894, §2º, da CLT, que assim não será considerada aquela ultrapassada por súmula do TST ou STF ou superada por iterativa (repetida) e notória jurisprudência do TST que, via de regra, se consolidam nas Orientações Jurisprudenciais. 
            Do mesmo modo que no Recurso de Revista, nos Embargos de Divergência é ônus da parte comprovar a divergência e, para isso, deve observar o disposto na Súmula 337, do TST. 
            No caso de processos físicos, cabe à parte juntar ao recurso certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou citar a fonte oficial em que foi publicada a decisão, bem como transcrever no recurso a ementa ou os trechos que comprovem o conflito de teses. 
            No caso de processos eletrônicos, deve-se acrescentar aos requisitos descritos no parágrafo anterior a indicação do sítio de onde foi extraído o acórdão paradigma e a indicação do número do processo, órgão prolator e data de publicação no Diário Oficial Eletrônico. 
            Também são cabíveis os Embargos de Divergência por contrariedade à Súmula do TST, à Súmula Vinculante do STF e às Orientações Jurisprudenciais (OJ’s), do TST, bastando que a parte faça constar do seu recurso o número do entendimento violado OU o seu conteúdo, transcrevendo, ainda, o trecho da decisão recorrida que caracteriza a contrariedade (OJ 219, SDI-I, TST) 
            Quanto aos pressupostos, valem as mesmas lições dadas no Recurso de Revista. 
            Neste sentido, os PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS dos Embargos à SDI são os já elencados no Módulo 1 desta Disciplina: legitimação, capacidade e interesse, entendendo o TST, porém, que também faz parte deste rol a inexistência de fatos impeditivos ou modificativos do direito de recorrer. 
            Os PRESUPOSTOS OBJETIVOS merecem um pouco mais de atenção, pois, apesar de serem os mesmos já elencados no Módulo anterior, apresentam algumas particularidades quando se trata dos Embargos de Divergência. 
a) CABIMENTO: como dito acima, o cabimento do Embargos à SDI está disciplinado no artigo 894, II, da CLT. 
b) TEMPESTIVIDADE: os embargos devem ser interpostos em OITO dias, contados da ciência da decisão que vai ser recorrida.
Os entes públicos tem prazo dobrado para recorrer, o que é previsto pelo artigo 188, do CPC/15 e ratificado pelo artigo 188, do CPC/15.
Como já dito, inaplicável ao Processo do Trabalho o prazo dobrado para litisconsortes com advogados diversos, por incompatibilidade com o Princípio da Celeridade.
Neste ponto, importante destacar que o TST, em sua Súmula 434, I, entende que o recurso apresentado antes de publicada a decisão a ser impugnada é um recurso INTEMPESTIVO. 
d) REGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO: é incabível em sede de Recurso de Embargos, o exercício do jus postulandi, nos termos do disposto na Súmula

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