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Química Analítica, Teórica e Experimental II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Marina Garcia resende Braga Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Análise Gravimétrica • Introdução; • Conceitos Importantes; • Gravimetria por Precipitação; • Precipitação a partir de uma solução homogênea. • Apresentar os principais conceitos relacionados à análise gravimétrica, a gravimetria por precipitação, as principais características dos precipitados e os conceitos iniciais de gravimetria por volatilização. OBJETIVO DE APRENDIZADO Análise Gravimétrica Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Análise Gravimétrica Introdução Um dos métodos clássicos de análise mais utilizados em Química Analítica é a análise gravimétrica. Nesse tipo de análise, a grandeza de interesse é a massa do analito. Essa massa é medida em uma balança analítica, que garante dados extre- mamente exatos e precisos. As análises gravimétricas podem ser realizadas de várias formas: por precipita- ção, por volatilização, eletrogravimetria, entre outras. Nesta Unidade, o foco será a gravimetria por precipitação. Estudaremos como são formados os precipitados, suas principais características e a formação desses em soluções homogêneas. Além disso, uma breve explanação sobre gravimetria de volatilização e outros tipos de análises gravimétricas também será dada. Vamos começar? Bons estudos! Conceitos Importantes A análise gravimétrica é um método muito eficiente e também é utilizada há muito tempo por analistas químicos. Veja uma importante aplicação da análise gravimétrica a seguir. Segundo Harris (2017, p. 733), [...] no início do século XX, por meio de uma análise gravimétrica muito meticulosa, T. W. Richards e colaboradores determinaram, com uma pre- cisão de seis algarismos significativos, as massas atômicas do Ag, Cl e N. Essa pesquisa, que mereceu um prêmio Nobel, permitiu a determinação precisa das massas atômicas de vários outros elementos. Antes de iniciarmos nossos estudos de gravimetria por precipitação, alguns con- ceitos importantes devem ser introduzidos (SKOOG et al., 2014): • Coloides: são partículas no estado sólido cujos diâmetros não ultrapassam 10-4 cm; • Partículas cristalinas: são partículas no estado sólido cujos diâmetros são maiores do que 10-4 cm; • Efeito Tyndall: geralmente, a olho nu, uma suspensão coloidal parece não con- ter partículas. Porém, para confirmar se existe ou não sólido na suspensão, pode- -se direcionar um feixe de luz para a solução. Se houver partículas, essas espalha- rão a radiação visível, o que possibilitará que você veja o caminho que a luz faz e note que existem sólidos em suspensão. Esse efeito é chamado de efeito Tyndall; • Solução supersaturada: contém uma concentração de soluto maior do que uma solução saturada; 8 9 • Nucleação: processo no qual um determinado número de entidades químicas (átomos, moléculas ou íons) se agrupam para a formação de um sólido estável; • Adsorção: é um tipo de processo no qual entidades químicas (átomos, moléculas ou íons) são retidas (adsorvidas) a uma superfície sólida (chamada de adsorvente); • Digestão: é um processo em que o precipitado sofre aquecimento durante algum tempo, permanecendo na própria solução mãe e em repouso; • Solução mãe: solução original na qual o precipitado se formou. Em suma, durante uma análise gravimétrica, isola-se o analito de interesse para que esse dê origem a um composto estável e puro, fazendo assim que, ao final da análise, seja possível a determinação de sua massa. Esse método apresenta várias vantagens, como, por exemplo: • É um método altamente preciso e exato; • Pode-se controlar as fontes de erro com facilidade; • Os equipamentos necessários para uma análise gravimétrica são baratos se comparados a outros usados em outras análises. As principais desvantagens da gravimetria são, segundo Quevedo (2018): • Processo muito demorado; • Necessita de várias etapas para ser concluído; • Há possibilidade de perda de analito durante as etapas; • Erros durante a precipitação. Tendo esses conceitos em mente, passaremos agora ao estudo da gravimetria por precipitação. Gravimetria por Precipitação A análise gravimétrica por precipitação é um tipo de método clássico de análise ainda bastante utilizado nos dias atuais. Mas, em que consiste uma precipitação? Bem, esse fenômeno ocorre quando se excede o produto de solubilidade de uma substância química, fazendo com que uma fase sólida comece a se formar na solu- ção (chamada de precipitado). Após sua formação, o precipitado é, então, condu- zido para fora da solução. De forma simplificada, uma análise gravimétrica por precipitação segue as se- guintes etapas: • 1ª Etapa: é adicionado um agente ou reagente precipitante (possibilita a formação de um precipitado) na amostra; • 2ª Etapa: verifica-se a formação de um precipitado na amostra; 9 UNIDADE Análise Gravimétrica • 3ª Etapa: o precipitado é separado da solução mãe e devidamente lavado; • 4ª Etapa: o precipitado é secado ou calcinado; • 5ª Etapa: é feita a pesagem do material sólido obtido (Figura 1); • 6ª Etapa: são realizados os devidos cálculos para determinação da massa da fase sólida obtida. Figura 1 – Pesagem de um precipitado em uma balança analítica Fonte: iStock/Getty Images Reagentes Precipitantes Para que haja formação de um precipitado, é preciso que haja um agente pre- cipitante. Essa substância deve ser específica ou, pelo menos, seletiva ao reagir com o analito. Reagentes específicos são aqueles que, como o próprio nome já diz, reagem apenas com uma espécie química. Exemplo: dimetilglioxina – precipita apenas cátions Ni2+ (para isso, o meio deve estar básico). Já os reagentes seletivos reagem com um pequeno número de espécies, porém, são encontrados com mais facilidade. Exemplo: nitrato de prata (AgNO3) – é responsável pela precipitação dos íons Cl-, Br-, I- e SCN-, considerando uma solução ácida (SKOOG et al., 2014). Ex pl or O chamado reagente precipitante, além de ser seletivo e/ou específico, tam- bém deve formar um produto tal que (SKOOG et al., 2014): • O precipitado formado possa ser lavado e filtrado com facilidade;• Pouco solúvel: para que o analito não sofra perda significativa durante os pro- cessos de filtração e lavagem; • Possível de se conhecer sua composição química ao final da análise; • Não reativo com nenhuma substância presente no ar. 10 11 Exercício 1: (FUNRIO, 2014) A informação gravimétrica reveste-se de primor- dial importância em diversas áreas das ciências da Terra, como, por exemplo, na Geodésia (estudo da forma – geoide – e dimensões da Terra), na Geologia (inves- tigação de estruturas geológicas) e na Geofísica (prospecção mineral). A técnica gravimétrica, onde o analito é separado de uma solução da amostra como um precipitado e é convertido a uma espécie de composição conhecida que pode ser pesada, é chamada de: a. Gravimetria por precipitação; b. Gravimetria por volatilização; c. Eletrogravimetria; d. Titulação gravimétrica; e. Espectrometria de massas atômicas. Discuta a solução desse exercício com seus colegas no fórum de discussão. Ade- mais, consulte as referências e o material complementar desta Unidade para saber mais sobre as outras análises citadas nas alternativas do exercício. Estudaremos, a partir de agora, como são formados os precipitados. Tamanho de partículas em precipitados Como a análise gravimétrica é baseada em cálculos que envolvem massa, quan- to maior a partícula do precipitado, melhor, pois isso favorece as etapas de filtração e lavagem. Apesar de ser um processo usado há muito tempo, a forma como ocorre a precipitação ainda não foi completamente entendida. O que se sabe é que, geral- mente, alguns fatores podem influenciar o tamanho das partículas em precipitados (SKOOG et al., 2014): • Solubilidade do precipitado; • Temperatura; • Concentração de reagentes; • Velocidade de mistura dos reagentes. Para determinar, qualitativamente, se um precipitado tende a ser coloidal ou cristalino, pode-se utilizar a equação de Von Weimarn (Equação 1), que calcula a supersaturação relativa do precipitado: Q SSR S − = Equação 1 11 UNIDADE Análise Gravimétrica Em que representa a concentração do soluto (em qualquer tempo) e representa a solubilidade do soluto na condição de equilíbrio químico. Se o valor de for grande, é mais provável que haja formação de um precipitado coloidal. No entanto, se o valor de for pequeno, a probabilidade de formação de um precipitado cristalino é maior. Como são formados os precipitados? Bem, os precipitados podem ser formados a partir de dois processos principais: nucleação e crescimento da partícula. Mas, por que é importante saber qual o processo predominante na formação de um precipitado? O fato é que o processo predominante determinará o tamanho da partícula do precipitado: • Predomínio de nucleação: formação de grande quantidade de partículas menores; • Predomínio de crescimento da partícula: formação de pequena quantidade de partículas, porém, maiores. Pode-se ajustar algumas variáveis, experimentalmente, para controlar o tama- nho das partículas nos precipitados. Algumas técnicas para esse controle são as seguintes (SKOOG et al., 2014): • Aumentar a temperatura (de forma a aumentar a solubilidade do precipitado); • Diluir a solução; • Adição lenta do agente precipitante; • Controle de pH. Tratamento de precipitados Geralmente, os precipitados podem conter partículas coloidais ou cristalinas, cujas definições você já aprendeu no início desta Unidade. E, para cada uma dessas soluções (coloidais ou cristalinas), deve ser feito um tratamento especial. Primeiramente, trataremos dos precipitados coloidais. Esses tipos de precipita- dos contêm partículas tão pequenas que não conseguem ficar retidas em filtros co- muns. Logo, é preciso tratar o precipitado para que, posteriormente, seja possível realizar uma filtração. As principais formas de tratamento são: • Coagulação: a coagulação é um processo de aglutinação de partículas que pode ser realizado por aquecimento, agitação ou mesmo adição de um eletró- lito à solução; • Peptização: durante a peptização, uma partícula coloidal que sofreu coagula- ção volta ao seu estado de dispersão; 12 13 • Digestão: o processo de digestão possibilita que uma posterior filtração do pre- cipitado seja mais fácil, pois, durante a digestão, forma-se uma massa com den- sidade maior do que o precipitado anterior, facilitando o processo de filtração. A definição do processo de digestão você já aprendeu no início desta Unidade. Os precipitados cristalinos, por conterem partículas maiores, são naturalmente mais fáceis de serem filtrados. No entanto, o processo de digestão também pode facilitar ainda mais essa filtração. Contaminação de precipitados Às vezes, os precipitados podem conter certas impurezas. Geralmente, a conta- minação pode ocorrer por coprecipitação ou pós-precipitação. Na coprecipitação, substâncias que em condições normais seriam solúveis, são removidas da solução juntamente com o precipitado (SKOOG et.al, 2014). A co- precipitação pode ocorrer por: • Adsorção superficial: não é significativa em precipitados cristalinos, no en- tanto, é frequente fonte de contaminação em precipitados coloidais; • Formação de cristal misto: um íon do retículo de um cristal é substituído por outro íon, sendo esse o contaminante. Pode ocorrer em precipitados coloi- dais ou cristalinos; • Oclusão: às vezes um cristal apresenta um crescimento muito rápido. E, du- rante esse crescimento, pode ser que íons contaminantes sejam aprisionados dentro do cristal da partícula. Esse processo é chamado de oclusão. Ocorre somente em precipitados cristalinos; • Aprisionamento mecânico: nesse caso, os cristais estão muito próximos du- rante o crescimento. Isso faz com que eles consigam reter parte da solução entre eles. Ocorre somente em precipitados cristalinos. No caso da pós-precipitação, uma segunda substância insolúvel (além do precipi- tado) é formada na solução juntamente com o precipitado que já existe na solução. Como separar os precipitados? Geralmente, os precipitados são separados da solução por meio de filtração, na qual as partículas ficam retidas em materiais especiais. A filtração pode ser feita com os seguintes materiais: • Filtração com papel de filtro: o custo do papel de filtro (ou papel filtro) é pequeno se comparado a outros tipos de materiais de filtração. Além disso, existem vários papéis de filtro com diferentes porosidades disponíveis no mer- 13 UNIDADE Análise Gravimétrica cado. A desvantagem é que o papel de filtro reage com várias substâncias, principalmente ácidos e bases fortes, dificultando a filtração nesses casos; • Filtração com vidro sinterizado: o vidro sinterizado nada mais é do que um tipo de vidro poroso, que pode ser utilizado para filtração. Permite que a filtra- ção possa ser realizada a altas temperaturas e também permite o uso de sucção; no entanto, existem poucas porosidades desse vidro disponíveis no mercado; • Filtração com porcelana sinterizada: é um tipo de porcelana porosa. Tam- bém suporta altas temperaturas (maiores até do que as suportadas pelo vidro sinterizado) e também permite sucção. No entanto, essas porcelanas são equi- pamentos mais caros. Figura 2 – Exemplo de filtração com utilização de papel filtro Fonte: iStock/Getty Iamges Lavagem e secagem de precipitados Após a filtração, para garantir a remoção de impurezas, o precipitado deve ser lavado. Geralmente, ele pode ser lavado com água destilada. No entanto, se o precipitado for solúvel em água ou tiver qualquer outra característica que não permita que ele possa ser lavado com água, outras substâncias podem ser usadas para lavagem, como soluções ácidas, alcalinas ou que possuam um eletrólito vo- látil, por exemplo. Após a lavagem, é feita a secagem ou a calcinação do precipitado até que a massa do mesmo seja constante. Geralmente, são reações a altas temperaturas que possibilitam a evaporação da água e/ou qualquer espécie volátil remanescente no precipitado. Após essa etapa, é formada uma substância de composiçãodefinida. 14 15 A calcinação é uma decomposição térmica (queima) realizada a altíssimas temperaturas, de modo a possibilitar a ocorrência de transformações físico-químicas na amostra, como eliminação de substâncias voláteis, formação de novas substâncias, entre outras. Ex pl or Pesagem do precipitado Geralmente, para pesar o precipitado após secagem ou calcinação, são utiliza- das as chamadas balanças analíticas, que permitem a obtenção da massa do pre- cipitado de maneira precisa e exata (considerando que foi bem calibrada e está em perfeito estado de funcionamento). Alguns cuidados devem ser tomados durante o processo de pesagem (MATTOS, 2016): • Higiene adequada das mãos de quem operará a balança; • Manter as portas laterais da balança fechadas; • Cuidado ao manusear a substância a ser pesada. Manuseá-la com equipamen- to adequado; • Não se esquecer de usar sempre a mesma balança, caso sejam necessárias várias pesagens; • Cuidado com a temperatura do ambiente durante a pesagem. Precipitação a partir de uma solução homogênea Nesse tipo de precipitação, ocorre a formação de um reagente precipitante de forma homogênea em uma solução que contenha a substância de interesse. Essa formação é feita de forma lenta e gradativa, de tal modo que possibilite a reação imediata do reagente precipitante com o analito (SKOOG et.al, 2014). Algumas características dos sólidos formados nesse tipo de precipitação: • Alta pureza; • Facilidade de filtração. É necessário que, durante a precipitação a partir de uma solução homogênea, seja mantido um baixo grau de supersaturação durante o fenômeno de precipitação. Com isso, será possível obter partículas maiores e mais puras. É importante ressal- tar que, nesse caso, o reagente precipitante não é adicionado à solução e sim gerado a partir dela. Um exemplo desse tipo de precipitação é o uso da hidrólise da ureia, que é capaz de precipitar óxidos hidratados a partir de sais básicos de alguns metais como alumínio, bismuto e ferro. 15 UNIDADE Análise Gravimétrica Outros tipos de análises gravimétricas Além da gravimetria por precipitação, existem outras formas de se realizar aná- lises gravimétricas. Eis algumas delas: • Eletrogravimetria – Neste tipo de análise, a presença de uma corrente elétri- ca permite que a substância de interesse (analito) deposite-se em um eletrodo. Depois, é possível medir a concentração do analito por meio desse produto, visto que o eletrodo já foi previamente pesado. Exemplos: dosagem de cádmio em soluções e determinação de chumbo como dióxido de chumbo; • Gravimetria por volatilização – Nesse tipo de análise, como o próprio nome já diz, existe volatilização. Em outras palavras, a substância de interesse é isolada da amostra e convertida em um gás de composição química previamente conhecida. Para medir a concentração do analito, basta, então, realizar a pesagem desse gás. Exemplos: determinação de CO2 (dióxido de carbono) e água em soluções; • Termogravimetria – A análise termogravimétrica é um tipo de análise térmi- ca (ou seja, é dependente da temperatura). Nesse tipo de análise, é medida a variação da massa de uma amostra em função do tempo e/ou da temperatu- ra, por meio da aplicação de uma programação controlada de temperatura. Exemplo: oxidações formando óxidos não voláteis. Agora que você já conhece as principais características de diversos tipos de análi- ses gravimétricas, veja alguns exemplos de cálculos envolvendo gravimetria a seguir. É importante ressaltar que todos esses cálculos são baseados na estequiometria das reações, portanto, uma boa revisão de cálculos estequiométricos é essencial para este estudo. Cálculos envolvendo análises gravimétricas Uma variável muito utilizada em cálculos envolvendo análises gravimétricas é o cha- mado fator gravimétrico (ou fator de conversão). Essa variável combina massas mo- lares e razões estequiométricas, sendo bastante útil em cálculos gravimétricos. O fator gravimétrico pode ser calculado como (Equação 2): analito substância pesada a MMF b MM × = × Equação 2 em que representa massa molar, é o número de mols do analito presentes na substân- cia pesada e é o número de mols da substância pesada presentes no analito. 16 17 Exemplos: • Substância pesada – Fe2O3; analito – FeSO4: 2 3 4 159,69 / 151,91 / 2 151,91 1,90 1 159,69 Fe O FeSO analito substância pesada MM g mol MM g mol a MMF b MM = = × × = = = × × • Substância pesada – BaSO4; analito – BaO: 4 233,38 / 153,33 / 1 153,33 0,66 1 233,38 BaSO BaO analito substância pesada MM g mol MM g mol a MMF b MM = = × × = = = × × Agora, vejamos alguns exemplos de cálculos gravimétricos. Exemplo 1: (VUNESP, 2014) Para determinação de cálcio em uma amostra, foi feita uma análise gravimétrica, partindo-se de uma massa inicial de 2,50 g de CaCO3. Depois de terminada a análise, recuperou-se 95,0% da massa original em CaCO3. A massa final de CaCO3 obtida nessa análise foi igual a: a. 2,15; b. 2,00; c. 2,38; d. 1,95; e. 2,45. Solução: Esse exercício é bastante simples. Se temos uma massa inicial de 2,50 g e, ao final da análise, recuperou-se 95,0%, basta fazer uma simples “regra de três”: 3 3 3 3 3 0, 201 0,512 0,201 0,103 95,0% 2,50 95,0 2,375 2,38 100 AlI amostra AlI m m m g de AlI x g deCaCO x g deCaCO = ⋅ = ⋅ = − − − − − − ⋅ = = ≅ Resposta: letra C. 17 UNIDADE Análise Gravimétrica Exemplo 2: (SKOOG et al., 2014, p. 298) Que massa de AgI pode ser produ- zida a partir de uma amostra com 0,512 g que foi dosada em 20,1% de AlI3? Solução: Primeiramente, temos que descobrir a quantidade de iodeto de alumí- nio (AlI3) na amostra. Como nos foi dito que a amostra contém 20,1% de iodeto de alumínio, logo: 3 3 3 0, 201 0,512 0,201 0,103 AlI amostra AlI m m m g de AlI = = ⋅ = ⋅ Pela estequiometria, podemos dizer que, a partir de 1 mol de iodeto de alumínio, serão formados 3 mols de iodeto de prata, considerando 100% de conversão do reagente em produto. Então, para facilitar, vamos transformar a massa de AlI3 que temos em mols: 3 3 4 3 1 407,693 0,103 1 0,103 2,53 10 407,693 mol de AlI g x mol de AlI g x mol de AlI− − − − − − − − − − − − − ⋅ = = × Agora, podemos descobrir quantos mols de AgI serão formados: 3 4 3 4 4 1 3 2,53 10 3 2,53 10 7,59 10 1 mol de AlI mol de AgI mol de AlI y mol de AgI y mol de AgI − − − − − − − − − × − − − − − − ⋅ × = = × A partir dessa quantidade, podemos descobrir a massa de AgI produzida: 4 4 1 234,772 7,59 10 7,59 10 234,772 0,178 1 mol de AgI g de AgI z g de AgI z g de AgI − − − − − − − − × − − − − − − × ⋅ = = Portanto, foram produzidos 0,178 g de AgI. Exemplo 3: (HARRIS, 2017, p. 748) 0,649 g de amostra contendo somente K2SO4 (MF = 174,27) e (NH4)2SO4 (MF = 132,14) foi dissolvido em água e tra- tado com Ba(NO3)2 para precipitar todo o SO4 2- como BaSO4 (MF = 233,39). Determine a porcentagem em massa do K2SO4 na amostra se foi formado 0,977 g de precipitado. 18 19 Solução: Primeiramente, temos que observar a estequiometria do problema. Através da fórmula dos compostos, é possível verificar que: 2 4 4 2 4 41 1 ( ) 1 mol de K SO mol de NH SO produz mol de BaSO+ Para resolver esse problema, temos que descobrir a massa de SO4 2- em cada reagente, certo? Então, chamaremos a massa de SO4 2- em K2SO4 de e massa de SO4 2- em (NH4)2SO4 de . Pela estequiometria já verificada, podemos dizer que: 0,649 x y g+ = Vamos descobrir agora quantos mol de BaSO4 foram formados: 4 4 4 4 3 4 1 233,39 0,977 0,977 1 4,186 10 233,39 mol de BaSO g de BaSO z mol de BaSO g de BaSO z mol de BaSO− − − − − − − − − − − − − ⋅ = = × Quantidade de matéria (em mols) de K2SO4 e (NH4)2SO4 necessária para a for- mação do produto: 2 4 2 4 2 4 2 4 2 4 4 2 4 4 2 4 4 2 4 4 2 4 1 174,27 1 174,27 174,27 1 ( ) 132,14 ( ) ( ) ( ) 1 132,14 132mol de K SO g de K SO wmol de K SO x g de K SO x xw g de K SO mol de NH SO g de NH SO k mol de NH SO y de NH SO y yk − − − − − − − − − − − − ⋅ = = − − − − − − − − − − − − ⋅ = = ,14 Observe que a quantidade de matéria dos reagentes agora depende de x e y. A partir disso, podemos dizer que: ( )0,649 x y massa+ = (I) ( )3 32,78 10 4,186 10 174,27 132,14 x yw k mols− −+ = × → + = × (II) Agora, basta resolver o sistema formado pelas Equações I e II. A solução será: 2 4 4 2 40,397 0, 252 ( ) x g de K SO e y g de NH SO= = 19 UNIDADE Análise Gravimétrica Para determinar a massa de K2SO4 na amostra, basta fazer a seguinte “regra de três”: 2 4 0,649 100% 0,397 % 0,397 100 61,2% . 0,649 g deamostra g deamostra q q de K SO na amostra − − − − − − − − − − − − ⋅ = = Exemplo 4: Um analista determinou, por meio de uma análise gravimétrica, o conteúdo de alumínio em uma liga. Para tanto, usou como reagente precipitan- te a 8-hidroxiquinolina e formou como precipitado a substância Al(C9H6ON)3. Ao final da análise, o precipitado apresentou uma massa igual a 0,2793 g. Considerando que a massa da amostra era igual a 1,5315 g, determine a massa de alumínio na liga. Solução: Primeiramente, vamos examinar a estequiometria da reação: ( )9 6 31 1 mol dealumínio forma mol de Al C H ON Massas atômica e molar dos componentes: ( )9 6 3 27 27 / 459,43 / alumínio Al C H ON Ma u g mol MM g mol = = = Logo, temos: ( ) ( ) ( ) 9 6 3 9 6 3 4 9 6 3 1 459,43 0, 2793 0,2793 6,079 10 459,43 mol de Al C H ON g x mol de Al C H ON g x mol de Al C H ON− − − − − − − − − − − − − = = × Portanto: 4 4 1 27 6,079 10 27 6,079 10 0,0164 1 mol dealumínio g mol dealumínio y g y g dealumínio − − − − − − − − × − − − − − − × × = = Ou seja, existem 0,0164 g de alumínio na amostra. Bem, chegamos ao final de mais uma unidade. Para entender melhor tudo o que foi estudado até aqui, é importante que você revise o conteúdo desta unidade, faça todos os exercícios propostos e consulte o material complementar. Não se esqueça de comentar as resoluções com seus colegas no fórum de discussão e, se surgir qualquer dúvida, entre em contato com seu professor-tutor. Bons estudos e até a próxima! 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Fundamentos de Química Analítica SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. Leitura do Capítulo 12 do livro de Skoog et al. (2014). É interessante que você também resolva os exercícios propostos no capítulo. Leitura Introdução à Análise Gravimétrica: Gravimetria de Volatilização https://goo.gl/HjsJRr Gravimetria de Precipitação https://goo.gl/BCqiFC Gravimetria https://goo.gl/nUJvMq 21 UNIDADE Análise Gravimétrica Referências HARRIS, D. C. Análise química quantitativa. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. (e-book) MATTOS, W. M. Análise gravimétrica. 2016. Disponível em: http://www. esalq.usp.br/departamentos/lce/arquivos/aulas/2016/LCE0108/Aula3_prati- ca_2016.pdf. Acesso em: 28 ago. 2018. QUEVEDO, R. T. Análise gravimétrica. Disponível em: https://www.infoescola. com/quimica/analise-gravimetrica/. Acesso em: 28 ago. 2018. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. 22
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