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DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS Segundo Pablo Stolze, ao discorrer sobre os atos lícitos e ilícitos: Quando estudamos o fato jurídico, vimos que, segundo a melhor doutrina, o ato jurídico (em sentido amplo) é toda ação humana lícita, positiva ou negativa, apta a criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações. Entretanto, por vezes, pode a pessoa atuar contrariamente ao direito, violando as normas jurídicas e causando prejuízo a outrem. Neste último caso, estaremos diante de uma categoria própria, denominada ato ilícito, conceito difundido pelo Código Civil alemão, consistente no comportamento humano voluntário, contrário ao direito, e causador de prejuízo de ordem material ou moral. SÉRGIO CAVALIERI FILHO, com precisão, define-o como sendo “o ato voluntário e consciente do ser humano, que transgride um dever jurídico”. Do exposto, poderemos extrair os seguintes elementos componentes do ato ilícito: ação humana (positiva ou negativa); contrariedade ao direito ou ilicitude (violação de dever jurídico preexistente); c) prejuízo (material ou moral). “A iliceidade de conduta está no procedimento contrário ao dever preexistente”, adverte CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA. E arremata: “Sempre que alguém falta ao dever a que é adstrito, comete um ilícito, e como os deveres, qualquer que seja a sua causa imediata, na realidade são sempre impostos pelos preceitos jurídicos, o ato ilícito importa na violação do ordenamento jurídico” *...+ O exercício regular do direito, a legítima defesa e o estado de necessidade são causas excludentes de .iliçitude, previstas em nosso direito positivo. Dentro da noção de exercício regular de um direito enquadra-se, ·por óbvias razões, o estrito cumprimento do dever legal. A legítima defesa (art, 188, I, primeira parte) pressupõe a reação proporcional a uma injusta agressão, atual ou iminente, utilizando-se moderadamente os meios de defesa postos à disposição do ofendido. A desnecessidade ou imoderação dos meios de repulsa poderá caracterizar o excesso, proibido pelo direito. Vale lembrar que, se o agente, exercendo a sua lídima prerrogativa de defesa, atinge terceiro inocente, terá de indenizá-lo, cabendo-lhe, outrossim, ação regressiva contra o verdadeiro agressor. Nesse sentido, confiram-se os arts. 929 e 930 do CC [...] O estado de necessidade (art. 188, II, do CC-02), por sua vez, consiste na situação de agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se pretende proteger, para remover perigo iminente, quando as circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação. [...] Diferentemente do que ocorre na legítima defesa, o agente não reage a uma situação injusta, mas atua para subtrair um direito seu ou de outrem de uma situação de perigo concreto.[...] Se o terceiro atingido não for o causador da situação de perigo, poderá exigir indenização do agente que houvera atuado em estado de necessidade, cabendo a este ação regressiva contra o verdadeiro culpado [...]. (STOLZE, Pablo Gagliano. Novo curso de direito civil). QUESTÃO 01 – Discorra sobre os atos ilícitos e aponte qual é sua consequência. Ato ilícito trata-se de toda ação ou omissão antijurídica, negligência ou imprudência, que violar direitos e acarretar danos a outrem. Conforme os artigos. 186 e 927 e os artigos. 944 a 954 do CC a consequência do ato ilícito civil é o dever de indenizar. QUESTÃO 02 – (MP/SP/Promotor de Justiça/ 85º Concurso/ 2006) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam o dever de indenizar. São elas: a) Legítima defesa, erro substancial e estado de necessidade. b) Legítima defesa, estado de necessidade e dolo bilateral. c) Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e dolo bilateral. d) Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e erro substancial. e) Legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade. (CORRETA) QUESTÃO 03 – Diferencie exercício regular de um direito e exercício irregular de um direito. O exercício regular de um direito caracteriza-se no desempenho de uma conduta autorizada pelo ordenamento jurídico, mas torna-se lícito um fato típico. Portanto, o exercício regular de um direito deve seguir os parâmetros impostos para tornar-se lícito. O exercício irregular de um direito trata-se de exceder os parâmetros impostos pelo ordenamento. Desse modo, torna-se abuso de direito, proporcionando o ato ilícito susceptível de indenização. QUESTÃO 04 – Genésio trafega em velocidade acima do permitido em via pública, quando ao alcançar determinado cruzamento, atropela um pedestre que atravessava a faixa própria para tanto. Neste caso: a) Estamos diante de um ato ilícito? Explique. De acordo com Monteiro, Maluf e Tavares da Silva (2013b), “a maior parte da doutrina nacional e estrangeira explica a responsabilidade civil por meio de seu resultado ou consequência: a reparação de danos”. Entende-se que o ato ilícito fundamenta-se na obrigação, origina-se da ação ou omissão culposa ou dolosa do agente. Por fim, ao trafegar em velocidade acima do permitido e ocasionar um atropelamento, Genésio poderá causar danos físicos à vítima, como também danos morais. b) Acerca das espécies de responsabilidade, contratual ou extracontratual. De qual responsabilidade se trata? Por quê? Trata-se da responsabilidade civil extracontratual, haja vista que o agente não tem vínculo com a vítima. Contudo, dispõe de vínculo legal porque por conta de descumprimento de um dever legal, o agente por omissão ou ação, nexo de causalidade e culpa ou dolo, causou dano à vítima. c) A situação é de dolo ou culpa? Se for culpa, de qual modalidade estamos tratando? Explique. A situação descrita trata-se de culpa consciente, haja vista que o agente não aceitou a ocorrência do resultado. Nesse caso o agente atua com “confiança nas próprias habilidades”, apesar do risco nada aconteceria naquele determinado momento. QUESTÃO 05 – Carlos trafega com sua camionete em velocidade compatível com a via pública utilizada, quando ao virar a esquina se depara com uma pessoa deitada no meio da rua, desvia o veículo e atinge a frente de uma loja. Neste caso, discorra acerca da responsabilidade no caso, mencionando se Carlos praticou um ato ilícito. Justifique e fundamente a solução jurídica a ser dada para o caso em concreto. O estado de necessidade refere-se da colisão de interesses protegidos juridicamente, sacrifica- se um deles em benefício do interesse social. Portanto, mesmo que Carlos tenha cometido um ato lícito necessário, não conclui-se que o estado de necessidade efetiva a hipótese de exclusão da responsabilidade civil.
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