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Prévia do material em texto

1
2
David Metzker
Lei Anticrime
(Lei 13.964/2019)
Comentários às modificações no CP, CPP, LEP,
Lei de Drogas e Estatuto do Desarmamento
Edição Revista e Atualizada
2020
Cia do eBook
3
Copyright © 2020 por David Metzker
A Cia do eBook apoia os direitos autorais. Eles incentivam a criatividade, promovem a liberdade de expressão e 
criam uma cultura vibrante. Obrigado por comprar uma edição autorizada desta obra e por cumprir a lei de direitos 
autorais não reproduzindo ou distribuindo nenhuma parte dela sem autorização. Você está apoiando os autores e a 
Cia do eBook para que continuem a publicar novas obras.
PROJETO EDITORIAL
Cia do eBook
EDITOR
Fabricio Hersoguenrath
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
__________________________________________________________________________________________________________
Metzker, David. 
Lei Anticrime (Lei 13.964/2019): Comentários às modificações no CP, CPP, LEP, Lei de Drogas e Estatuto do Desarma-
mento - Edição Revista e Atualizada / David Metzker.
– Timburi, SP: Editora Cia do eBook, 2020.
100 p.
1. Direito. 2. Direito Penal. 3. Direito Processual Penal. 4. Lei de Execuções Penais.
1. Título.
CDD 340
__________________________________________________________________________________________________________
EDITORA CIA DO EBOOK
Rua Ataliba Souza Silva, 311
Timburi/SP
Website: www.ciadoebook.com.br
Dúvidas ou sugestões: sac@ciadoebook.com.br
https://www.ciadoebook.com.br
mailto:sac@ciadoebook.com.br
4
Para se receber a instrução do entendimento, a justiça,
o juízo e a eqüidade;
Provérbios 1:3 
5
PREFÁCIO
O magistério é uma das vocações do ser humano que mais exige dedicação. 
Um sacerdócio. 
Aquele que abraça a atividade de compartilhar saberes, de forma organizada, 
canaliza suas aptidões permeando, pelo menos três, elementos essenciais: o amor, a 
vontade e a disciplina. Para desenvolver, com eficácia a ação de lecionar, esses três 
aspectos devem interagir, de maneira harmônica. A energia e o desgaste são compensados 
pelo prazer proporcionado pelo mútuo aprendizado.
Conheci o autor destes Comentários ao Pacote Anticrime quando tive a honra de 
ser por ele convidado para dialogar sobre aspectos do nosso conturbado processo penal 
brasileiro contemporâneo. A proposta era a de participar de uma Live, no Instagram, algo 
completamente novo para mim. O receio de não me desincumbir da tarefa foi logo dissipado 
pela forma como David Metzker conduziu o nosso debate e por ter sido contagiado pela 
vibração do autor com o conhecimento da nossa disciplina e com a sua preocupação com 
as fissuras que têm acometido seus fundamentos democráticos.
É muito gratificante quando nos identificamos com os objetivos do outro.
Conheci a produção científica de David Metzker e a sua dedicação à docência, 
logo percebendo que a amizade seguiria reforçada pela preocupação que temos pelo 
processo penal brasileiro. O autor, ainda jovem, já reúne as qualidades necessárias para 
ofertar ao público importante contribuição, não somente ao direito penal, processual penal 
e de execução penal, mas, notadamente, à cidadania, ao comentar, artigo por artigo, a Lei 
nº 13.964/2019.
Advogado, professor universitário, pós-graduado em Direito Penal e Criminologia 
pela tradicional PUC-RS – onde também se tornou especialista em Gestão –, membro 
da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas – ABRACRIM/ES, David Metzker 
nos brinda com o presente estudo, que descreve como o percurso autoritário do Pacote 
Anticrime trouxe, surpreendentemente, algum conteúdo progressista para o processo 
penal, malgrado as resistências que assistimos à implementação do juiz das garantias e, 
lamentavelmente, o recrudescimento do direito penal e dos institutos da execução penal.
Nesse contexto, o livro que ora é apresentado ao leitor, sob o título Lei Anticrime 
(Lei 13.964/2019): comentários às modificações no CP, CPP, LEP, Lei de Drogas e Estatuto 
do Desarmamento, também é importante trabalho de pesquisa. Surge em um momento de 
agonia dos alicerces do direito criminal.
Decerto, talvez não tenhamos vivido momento mais confuso na história dos nossos 
estudos jurídicos. Cuida-se de tempo de intensa preocupação e tristeza, que se agravam 
6
com a exacerbação da concentração de poder e com o baixo controle do arbítrio estatal 
verificado nos tribunais.
James Paul Goldschmidt, autor alemão que viveu de 1874 a 1940, teria dito que 
a medida da democracia seria o acatamento, pela ordem jurídica, do que há de mais 
relevante nas regras processuais penais. O processo penal seria o termômetro da 
democracia: se ele, processo penal, vai mal, a democracia, segue de mal a pior. O devido 
processo legal, compreendido como respeito à tessitura normativa para a proteção da 
liberdade e para a contenção do poder de punir, destina-se à tutela do “um” contra o perigo 
de ser acachapado pelo poder de “todos”.
Fiquei muito gratificado pelo convite de David Metzker para prefaciar este belo 
livro. Feliz pelo laço afetivo que construímos. E, sobremodo, renovado, diante da energia 
que nasce quando temos a certeza de que não estamos sozinhos. Espero que o leitor 
beba, com a leitura do texto, a satisfação que tive, em travar contato com ele em primeira 
mão.
Maceió, 23 de janeiro de 2020.
Rosmar Rodrigues Alencar
Doutor em Direito pela PUC/SP
Professor – UFAL e UNIT-AL
7
Sumário
1. iNTRODUÇÃO 8
2. NOMeNCLATURA DA Lei 8
3. DO DiReiTO iNTeRTeMPORAL e NATUReZA JURÍDiCA DAS MODiFiCAÇÕeS 9
4. DAS MODiFiCAÇÕeS NO CÓDiGO PeNAL 12
4.1. ARTiGO 25 DO CÓDiGO PeNAL 12
4.2. ARTiGO 51 DO CÓDiGO PeNAL 13
4.3. ARTiGO 75 DO CÓDiGO PeNAL 14
4.4. ARTiGO 83 DO CÓDiGO PeNAL 17
4.5. ARTiGO 91-A DO CÓDiGO PeNAL 19
4.6. ARTiGO 116 DO CÓDiGO PeNAL 21
4.7. ARTiGO 122 DO CÓDiGO PeNAL 23
4.8. ARTiGO 157 DO CÓDiGO PeNAL 25
4.9. ARTiGO 171 DO CÓDiGO PeNAL 28
4.10. ARTiGO 316 DO CÓDiGO PeNAL 31
5. DAS MODiFiCAÇÕeS NO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 34
5.1. ARTiGO 3º DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 35
5.2. ARTiGO 14-A DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 48
5.3. ARTiGO 28 e 28-A DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 50
5.4. ARTiGO 122 e 124-A DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 57
5.5. ARTiGO 157 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 58
5.6. ARTiGO 158 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 61
5.7. ARTiGO 282 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 64
5.8. ARTiGO 283 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 66
5.9. ARTiGO 287 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 67
5.10. ARTiGO 310 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 68
5.11. ARTiGO 311 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 70
5.12. ARTiGO 312 e 313 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 71
5.13. ARTiGO 315 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 73
5.14. ARTiGO 316 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 74
5.15. ARTiGO 492 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 75
5.16. ARTiGO 564 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 77
5.17. ARTiGO 581 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 77
5.18. ARTiGO 638 DO CÓDiGO De PROCeSSO PeNAL 78
6. DAS MODiFiCAÇÕeS NAS LeiS eSPeCiAiS 79
6.1. DAS MODiFiCAÇÕeS NA Lei De eXeCUÇÃO PeNAL 79
6.1.1. ARTiGO 9º-A e 50 DA Lei De eXeCUÇÃO PeNAL 80
6.1.2. ARTiGO 52 DA Lei De eXeCUÇÃO PeNAL 85
6.1.3. ARTiGO 112 DA Lei De eXeCUÇÃO PeNAL 89
6.1.4. ARTiGO 122 DA Lei De eXeCUÇÃO PeNAL 94
6.2. DA MODiFiCAÇÃO NA Lei De DROGAS 95
6.3. DAS MODiFiCAÇÕeS NO eSTATUTO DO DeSARMAMeNTO 97
BiBLiOGRAFiA 99
8
1. INTRODUÇÃO
A lei 13.964, publicada no dia 24 de dezembro de 2019, conhecida como lei 
anticrime, alterou substancialmente o código penal, código de processo penal e diversas 
leis extravagantes, como a lei de execução penal, lei de crimes hediondos e tantas outras. 
Em razão dessas modificações e com objetivo de ajudar os acadêmicos e novos advogados 
da área criminal, tive a pretensão de fazer esse e-book trazendo algumas considerações 
sobre as principais modificações realizadas pela lei anticrime, assim denominada a lei 
13.964/2019.
A vacatio legis da nova lei foi de 30 dias, um prazo curto para tamanha alteração. 
Há ainda numa nebulosidade sobre as principais modificações trazidas na lei, mormente 
o juiz de garantias, que está previsto no artigo 3º-A do CPP. Independentementedas 
possíveis interpretações que virão dos tribunais superiores e da doutrina especializada, 
o presente e-book vem trazer algumas considerações que julgo importantes para esse 
início de vigência da lei anticrime e que serão tratadas de forma pormenorizada seguindo 
a estrutura trazida na própria lei, que ordenou com o direito material primeiramente, 
posteriormente o direito processual e, após, a lei de execução penal, lei de drogas e 
estatuto do desarmamento. Demais leis alteradas serão objetos do próximo e-book.
A lei anticrime foi objeto de bastante discussão nas casas legislativas, sendo 
alterada diversas vezes. Todavia, em que pese alguns artigos serem, ao meu ver, 
inconstitucionais, tivemos alterações significativas para reforçar o sistema acusatório bem 
como as garantias constitucionais.
As alterações serão comentadas uma a uma, trazendo considerações sobre as 
modificações, visto que não é objetivo do autor tecer comentários sobre todos os artigos, 
de forma exaustiva.
2. NOMENCLATURA DA LEI
Primeiramente, é importante fazer uma consideração sobre a nomenclatura da lei. 
Desde a época do projeto de alteração das leis penais proposto pelo Ministro da Justiça 
Sérgio Moro, o projeto foi denominado de “Pacote Anticrime”. 
Não concordo com a nomenclatura dada ao pacote de alterações, visto que não 
se tratam de normas contrárias ao crime e sim normas que visam a garantia ao cidadão 
e proteção de bens jurídicos. Portanto, equivocado está em dizer que as normas penais 
têm o objetivo de ser contra o crime, ao contrário, têm a função de proteger bens jurídicos 
e, por óbvio, garantir aos cidadãos uma segurança das condutas que serão penalizadas e 
quais as penas às respectivas condutas.
9
Entretanto, em razão da nomenclatura ter “pegado”, a sociedade já conhecer as 
modificações por essa denominação, e, com objetivo de facilitar a referência, utilizaremos a 
nomenclatura “lei anticrime” para se referir a lei 13.964/2019, em que pese as considerações 
acima.
Feita a análise do todo, pode-se considerar que a maioria das modificações foram 
boas para o Estado Democrático de Direito, para um sistema mais justo, sem violação da 
imparcialidade.
No mais, resta aguardar as interpretações que serão dadas pelos tribunais 
superiores e pelo Supremo, esperando que as interpretações não sejam benevolentes aos 
anseios daqueles que desejam um sistema inquisitivo, arcaico, que preza pela segregação 
ao invés da liberdade.
3. DO DIREITO INTERTEMPORAL E NATUREZA JURÍDICA DAS 
MODIFICAÇÕES
Após cumprir todo o processo legislativo, uma nova lei entra em vigor no nosso 
ordenamento jurídico, podendo causar conflitos, pois uma nova lei traz conteúdo diverso 
da lei anterior. 
Uma lei somente será revogada com o surgimento de nova lei, que poderá 
simplesmente revogar a anterior, sem trazer novo conteúdo (ex. lei que extingue um 
crime) ou trazendo novo conteúdo, que poderá ser mais benéfico (nova legis in mellius), 
maléfico (novatio legis in pejus) ou até mesmo criando um novo tipo penal (novatio legis 
incriminadora).
Uma lei pode ser revogada de forma parcial (derrogação) ou total (ab-rogação), 
mas sempre através de uma nova lei, que poderá trazer expressamente a revogação ou 
de forma tácita, caso se torne incompatível com a anterior.
Dentro do nosso ordenamento jurídico, temos as normas penais e as normas 
processuais penais. Quando surge uma lei nova no decorrer de um processo penal, 
necessário se faz analisar a natureza jurídica, em razão do direito intertemporal. 
Quando uma nova lei entra em vigor podem surgir conflitos, em razão do seu 
conteúdo diferente da lei anterior, sobre o mesmo assunto. Esses conflitos deverão ser 
solucionados pelo direito intertemporal, com suas regras e exceções.
Quando se está diante de uma nova lei cujo conteúdo é de direito material, aplica-
se o princípio da irretroatividade da lei penal, previsto no artigo 5º, inciso XL da CF. A regra 
10
geral é a não retroatividade da lei penal. A lei vigente à época dos fatos será a lei aplicada. 
A exceção é a extra-atividade. 
A extra-atividade é a possibilidade da lei penal continuar regulando os fatos mesmo 
após a sua revogação ou retroagir e ser aplicada a fatos anteriores a sua vigência. Isso 
será definido em razão do conteúdo da nova lei, que caso seja benéfico ao réu, deixará 
de seguir a regra geral e ocorrerá a retroatividade. No entanto, caso o conteúdo da nova 
lei seja maléfico, ocorrerá a ultra-atividade e a lei revogada continuará regulando os fatos 
da época de sua vigência.
A aplicação de lei penal poderá fugir à regra quando se tratar de lei penal benéfica. 
A lei penal, a revogada ou nova, se for mais benéfica, essa será aplicada. Esse fenômeno 
se chama retroatividade da lei penal.
Quando se trata de norma de natureza processual, não há dúvida, pois conforme 
prescreve o artigo 2º do CPP, aplica-se imediatamente, independente se é benéfica ou 
não. Os atos já realizados permanecerão inalterados e os novos atos deverão obedecer à 
nova lei, conforme nos ensina o princípio da imediatidade.
A lei anticrime, como pode ser observada, modifica lei penal e lei processual, 
como, por exemplo, a alteração do artigo 92-A, que por se tratar de direito material e ser 
maléfica, deverá ser aplicado somente aos fatos novos, e o artigo 3º-A do CPP, que trata 
de direito processual e, portanto, não tem o condão de retroagir e se aplicar a atos já 
realizados, mas tão somente a atos posteriores, de forma imediata, independentemente 
de ser benéfico ou não.
Todavia, na nova lei aqui em pauta, temos os artigos com conteúdo híbridos, ou 
normas heterotópicas, que são aquelas normas que possuem natureza penal e processual 
ou que, apesar de estarem em determinado diploma, possuem natureza distinta do diploma 
a qual está inserida.
O nobre professor Norberto Avena1 nos diz que:
“Assim, há dispositivos que, a despeito de incorporados a leis processuais penais, 
inserem um conteúdo material, razão pela qual devem retroagir para beneficiar 
o réu. Em outras situações, estas regras encontram-se incorporadas a leis 
materiais, mas, em sua natureza, possuem conteúdo processual, devendo reger-
se pelo critério tempus regit actum. Infere-se, então, que não é a circunstância do 
diploma em que se encontra inserida a norma legal que define o critério de sua 
aplicação no tempo e sim a sua essência.”
Quando estamos diante de uma norma híbrida, como ocorrerá a intertemporalidade?
O STF e o STJ já se pronunciaram quando a esta questão2.
1 AVENA, Norberto. (03/2019). Processo Penal, 11ª edição [VitalSource Bookshelf version].
2 Contra o juízo negativo de admissibilidade da Presidência do Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal e Territórios (fls. 163-5), maneja agravo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (fls. 
11
Verifica-se, portanto, que quando se trata de norma heterotópica, apesar de estar 
alocada em diploma processual, possui natureza material, assim, não seguirá a regra do 
artigo 2º do CPP, e sim a regra do artigo 5º, inciso XL da CF.
Importante que se faça essa análise de cada alteração trazida na lei anticrime, pois, 
como veremos, há normas mais benéficas e outras não. Somente a título de exemplo, a 
alteração quanto à progressão de regime, que aparentemente se mostra maléfica, temos 
169-74) com vista a assegurar o trânsito do recurso extraordinário que interpôs. Oposto na origem o óbice 
da violação, acaso ocorrente, meramente indireta de dispositivo constitucional. Anailson Rocha de Araújo foi 
condenado às penas de 05 (cinco) e 04 (quatro) meses de reclusão, em regime semiaberto, e de 13 (treze) 
dias-multa pela prática do crime de roubo qualificado (art. 157, § 2º, II, do Código Penal). Houve, também, 
condenação ao pagamento de indenização mínima no valor de R$ 33,33 (trinta e três reais e trinta e três 
centavos) à vítima, forte no art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal. O Tribunal de Justiça deu 
parcial provimento à apelação defensiva somente paraafastar a indenização por danos. Inconformado, o 
Ministério Público interpôs recurso extraordinário. Nas razões do RE, sustentou violação do art. 5º, LV, da 
Constituição Federal, porquanto a indenização mínima é efeito civil da sentença condenatória, decorrente 
de prévia disposição legal, sem implicar ofensa ao contraditório e à ampla defesa (fls. 145-50). É o relatório. 
Decido. No julgamento da apelação defensiva, o Tribunal de Justiça rechaçou a condenação à reparação 
de danos, indicando ofensa aos princípios da inércia da jurisdição e ao exercício da ampla defesa e do 
contraditório. Do voto condutor do acórdão, extraio os seguintes excertos: “Uma ressalva deve ser feita 
quanto à indenização por danos. A Lei 11.719/08 alterou o artigo 387 do CPP e incluiu, no inciso IV, o dever 
de o Magistrado, na sentença condenatória, fixar valor mínimo para a indenização dos danos causados 
pela infração. A novel legislação passou a permitir que a vítima execute a parcela mínima reparatória. No 
entanto, mesmo com a reforma, é mister que a reparação ex delito obedeça às demais disposições legais 
e constitucionais, mormente porque, no Juízo Criminal, “a verdade processual é obtida a partir de critérios 
mais rigorosos” (…). Assim, além da necessidade de o crime ser posterior à vigência da lei, por tratar-se de 
norma heterotópica, deve haver pedido formal, seja do Ministério Público ou da assistência da acusação. 
A providência é essencial para viabilização da ampla defesa e do contraditório. (…). Não houve pedido do 
Parquet, de modo que a fixação da parcela indenizatória mínima fere o princípio da inércia da jurisdição. 
Configura também surpresa processual que impede o exercício do contraditório e da ampla defesa. Ausentes 
pedido e prévia discussão do valor, o Magistrado deve abster-se de aplicar o artigo 387, inciso IV, do CPP”. 
Como se observa, a justificativa para a reforma da decisão, no que tange à condenação por indenização, 
foi a aplicação indevida do previsto no art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal. Compreensão 
diversa, exigiria exame da legislação infraconstitucional, o que é inviável em recurso extraordinário, pois 
eventual inconstitucionalidade seria reflexa, com óbice na jurisprudência uníssona desta Suprema Corte 
(v.g.: Inviável em recurso extraordinário o exame de ofensa reflexa à Constituição Federal e a análise de 
legislação infraconstitucional - RE 660.186 AgR/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 14.02.2012; Os 
princípios da legalidade, o do devido processo legal, o da ampla defesa e do contraditório, bem como a 
verificação dos limites da coisa julgada e da motivação das decisões judiciais, quando a verificação da 
violação dos mesmos depende de reexame prévio de normas infraconstitucionais, revelam ofensa indireta 
ou reflexa à Constituição Federal, o que, por si só, não desafia a instância extraordinária - RE 642.408-AgR/
SP, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJe 14.02.2012). Ante o exposto, nego seguimento ao agravo (art. 21, § 
1º, do RISTF). Publique-se. Brasília, 06 de dezembro de 2013. Ministra Rosa Weber Relatora
(ARE 677265, Relator(a): Min. ROSA WEBER, julgado em 06/12/2013, publicado em DJe-243 
DIVULG 10/12/2013 PUBLIC 11/12/2013)
Informativo Nº: 0509 - Período: 5 de dezembro de 2012 – 6.ª Turma.
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. NATUREZA DA AÇÃO PENAL. NORMA PROCESSUAL 
PENAL MATERIAL.
A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. A norma 
que dispõe sobre a classificação da ação penal influencia decisivamente o jus puniendi, pois interfere nas 
causas de extinção da punibilidade, como a decadência e a renúncia ao direito de queixa, portanto tem 
efeito material. Assim, a lei que possui normas de natureza híbrida (penal e processual) não tem pronta 
aplicabilidade nos moldes do art. 2º do CPP, vigorando a irretroatividade da lei, salvo para beneficiar o réu, 
conforme dispõem os arts. 5º, XL, da CF e 2º, parágrafo único, do CP. Precedente citado: HC 37.544-RJ, DJ 
5/11/2007. HC 182.714-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.
12
uma situação que é benéfica, pois a regra da progressão de 1/6 da pena, anterior à lei 
anticrime, equivale a 16,6%, o que faz com que seja pior que os 16% da norma revogada. 
Assim, por se tratar de norma mais benéfica, quanto a essa parte, deve retroagir 
para aplicar a fatos anteriores a sua vigência.
4. DAS MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO PENAL
No presente capítulo, trataremos das modificações realizadas pela lei anticrime 
no código penal. Deve ser observado que, após a entrada em vigor, as normas benéficas 
deverão retroagir a fatos anteriores, por se tratar de modificações em norma de direito 
material.
Em resumo, o legislador aqui teve o intuito de evitar a procrastinação dos processos, 
como pode ser observado na alteração do artigo que trata da prescrição, bem como do 
endurecimento das penas na parte especial. Tivemos ainda alteração quando a execução 
da pena de multa, que até estava em discussão no STF, na ADI 3150 e será tratado no 
momento oportuno.
Farei aqui uma comparação com a norma anterior, quando for o caso, e serão 
trazidas as considerações que julgar necessárias.
4.1. ARTIGO 25 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 25. Entende-se em legítima defesa 
quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito 
seu ou de outrem.
Art. 25. Entende-se em legítima defesa 
quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou 
iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos 
previstos no caput deste artigo, considera-
se também em legítima defesa o agente de 
segurança pública que repele agressão ou 
risco de agressão a vítima mantida refém 
durante a prática de crimes.
A primeira alteração trazida pela lei diz respeito à legítima defesa. Não se trata 
de uma alteração substancial, visto que a nova lei somente confirmou o fato do agente 
lesionar bem jurídico de outrem em defesa de terceiro para repelir uma agressão ou risco 
de agressão a vítima mantida refém.
Este caso é legítima defesa e não estrito cumprimento do dever legal, visto que 
atualmente no Brasil não há lei que permita matar, salvo em caso de guerra declarada, 
que permitirá a pena de morte e, com isso, o carrasco terá autorização legal para matar.
13
O artigo não trata especificamente de casos com morte, vez que se usa o tiro de 
contenção, ou tiro de comprometimento ou tiro seletivo, que, em qualquer caso, não tem 
o objetivo levar a pessoa a morte, mas que poderá ocorrer. 
De qualquer modo, aplica-se a legítima defesa, que já era entendimento da melhor 
doutrina e da jurisprudência, e, por isso, entendo que não foi uma novidade trazida pela 
novatio legis, mas sim uma afirmação daquilo que já era pacifico tanto na doutrina quanto 
nas decisões dos tribunais pátrios.
4.2. ARTIGO 51 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será considerada dívida 
de valor, aplicando-se-lhes as normas da 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda 
Pública, inclusive no que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da prescrição.
Súmula 521, STJ: A legitimidade para a 
execução fiscal de multa pendente de pagamento 
imposta em sentença condenatória é exclusiva 
da Procuradoria da Fazenda Pública.
Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será executada perante o juiz 
da execução penal e será considerada dívida de 
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa 
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
Essa alteração há um fato interessante. A redação anterior a lei anticrime considerou 
a multa como dívida de valor, além de estabelecer que a cobrança seguirá as normas da 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.
Em razão do texto legal, pairaramdúvidas acerca da competência para executar a 
pena de multa, se seria o juízo da execução penal ou juízo da execução fiscal. 
O STJ já havia se manifestado em relação à competência do juízo da execução 
fiscal, consolidando esse entendimento através da súmula 521. 
Inobstante a súmula do STJ, ainda permaneciam dúvidas sobre a competência. 
Diante dessa celeuma, foi proposta a ADI 3150.
A ADI 3150 julgou parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta, 
em dezembro de 2018, para, conferindo interpretação conforme a Constituição ao art. 51 
do Código Penal, explicitar que a expressão “aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas 
e suspensivas da prescrição”, não exclui a legitimação prioritária do Ministério Público 
para a cobrança da multa na Vara de Execução Penal, nos termos do voto do Ministro 
Roberto Barroso, redator para o acórdão.
14
Foram opostos embargos de declaração e, no momento em que foi publicada a lei, 
não havia trânsito em julgado e nem ocorrerá até entrada em vigor da lei anticrime, visto o 
recesso dos tribunais superiores. 
A ADI 3150 permite a execução da pena de multa na Vara de Execução Penal, 
sendo legitimado o Ministério Público. Caso o Ministério Público se mantenha inerte por 
90 dias, caberá a Procuradoria da Fazenda Pública executar no Juízo da Fazenda, neste 
caso, em conformidade com a súmula 521 do STJ, divergindo quanto a exclusividade.
A despeito dessa decisão, a alteração no artigo 51 veio, a princípio, dissipar a 
dúvida, deixando claro que a multa será executada perante o juízo da execução penal, 
sendo somente esse trecho alterado pela lei.
O entendimento que prevalece é que a natureza jurídica da multa continua sendo 
de sanção penal. O fato de ser dívida de valor e seguir as normas da legislação relativa à 
dívida ativa, apenas confirma sua natureza pecuniária3.
Fica a dúvida se, com essa alteração, a legitimidade será exclusiva do Ministério 
Público ou se a competência subsidiária da Fazenda Pública permanece. Ao meu sentir, 
não obstante a nova lei não tratar sobre competência subsidiária, entendo que, em razão 
da decisão do STF na ADI 3150, permanece a competência subsidiária em caso de inércia 
do Ministério Público por mais de 90 dias.
Acredito que o STF manterá esse entendimento, visto que o artigo 51, conforme 
nova redação, não trouxe a legitimidade exclusiva do Ministério Público.
4.3. ARTIGO 75 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 
(trinta) anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas 
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 
30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo.
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas 
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para 
atender ao limite máximo deste artigo.
Creio que muitos já devem saber sobre o tema, independente se é da área jurídica 
ou não. Uma das maiores lendas jurídicas é sobre o limite de 30 anos. Há quem diga que 
não se sabe o motivo das condenações serem tão altas se no Brasil somente fica preso 
por no máximo 30 anos. Outros dizem que não serve para nada a pessoa ser condenada 
a pena superior a 30 anos, se a própria lei diz que somente ficará preso até o limite 
3 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral, volume I. 20. Ed. Niterói, RJ. Impetus. 
2018. Pág. 681.
15
estabelecido por ela. Enfim, há muitas afirmações sem uma análise mais detalhada sob o 
prisma jurídico.
A Constituição Federal veda as penas de caráter perpétuo, mormente em razão 
da função ressocializadora da pena. Não faz sentido existir pena com caráter perpétuo, 
tendo uma determinada pessoa condenada a pena elevadíssima e não conseguir retornar 
aos seios da sociedade, havendo um paradoxo caso pudesse ser aplicada pena perpétua. 
Ademais, a vedação ao caráter perpétuo está em harmonia com o princípio da dignidade 
da pessoa humana. 
O artigo 75 traz o máximo de tempo que a pessoa poderá cumprir quanto a pena 
privativa de liberdade, ou seja, se trata do tempo que permanecerá na unidade prisional, 
seja em regime fechado, semiaberto ou aberto.
Quando a pena trazida na sentença em razão da condenação for superior a 30 
anos, como por exemplo, em concurso de crimes ou crime continuado (a aplicação das 
regras não foi possível pelo juízo sentenciante), ocorrerá a unificação da pena (transformar 
várias penas em uma só) para atender o limite estabelecido em lei. Com isso, o apenado 
cumprirá até o limite de 30 anos. Ocorre também quando a pessoa é condenada em 
diversos processos e recebe uma pena superior a 30 anos em razão da somatória.
Assim, para efeito de benefícios, como por exemplo, a progressão de regime, 
considera o quantum total da pena. Contudo, para o cumprimento, deve ser observado o 
limite previsto no artigo 75 do CP.
O limite existe em razão da garantia constitucional4 de vedar a prisão perpétua. 
Seria ilógico não permitir a prisão perpétua e deixar a pessoa cumprir 90, 100 anos, sendo 
que a expectativa de vida do brasileiro é de 73 anos para homens e 80 anos para mulheres5.
A lei anticrime altera o artigo 75, aumentando de 30 anos para 40 anos o limite 
máximo para cumprimento de pena privativa de liberdade. Essa alteração visa atender a 
política criminal, que entende que a sociedade clama por enrijecimento no cumprimento 
de pena, consequentemente um maior cumprimento de pena privativa de liberdade. 
Importante ressaltar que o parágrafo segundo permanece, e, ao meu ver, ele já 
permitia que a pessoa cumprisse mais de 30 anos, antes mesmo da alteração. 
O artigo 75, §2º diz o seguinte: “Sobrevindo condenação por fato posterior ao 
início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, 
o período de pena já cumprido”.
4 CF, art. 5.º, XLVII, “b”
5 https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/02/expectativa-de-vida-por-que-as-
mulheres-vivem-mais-do-que-os-homens.shtml. Acessado em 6.1.2020.
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/02/expectativa-de-vida-por-que-as-mulheres-vivem-mais-do-que-os-homens.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/02/expectativa-de-vida-por-que-as-mulheres-vivem-mais-do-que-os-homens.shtml
16
Quando uma pessoa já está cumprindo a pena e, após o início da execução penal, 
sobrevier uma condenação, o tempo já cumprido é desprezado e nova unificação será 
realizada com intuito de obedecer ao limite estabelecido no caput do artigo 75.
Como exemplo, imaginemos que uma pessoa é condenada por homicídio qualificado 
a uma pena de 30 anos. Após o início do cumprimento da pena, dentro da unidade prisional, 
o apenado pratica outro homicídio e venha ser condenado a 30 anos, com o processo tendo 
sua tramitação pelo período de 10 anos após o início do cumprimento da pena anterior. 
Os 10 anos já cumpridos serão desprezados e será feita nova unificação, para atender o 
parágrafo primeiro, dos 20 anos restantes da primeira condenação e os 30 anos da nova 
condenação. Com isso, o apenado cumprirá 30 anos da nova unificação, sendo que ele já 
cumpriu 10 anos que foram desprezados na segunda unificação. Assim, ele ficará preso 
privativamente por 40 anos. Agora imaginem que ele pratique novo homicídio. No fim das 
contas, poderá ele ter uma prisão com caráter perpétuo, violando à Constituição.
Há quem critique a unificação, pois o cumprimento da pena do segundo crime será 
praticamente inócuo, visto que pouco ele cumprirá.
A presente modificação também afetará a medida de segurança. Certo que medida 
de segurança é uma espécie de sanção penal aplicada aplicadas aos inimputáveis, salvo 
os menores de 18 anos, e semi-imputáveis, sendo necessárioque ambos possuam 
periculosidade. Possui caráter preventivo, tem por finalidade a cura ou tratamento de 
quem praticou fato típico e ilícito, porém inimputável.
O artigo 97, §1º, primeira parte do CP diz que “a internação ou tratamento 
ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, 
mediante perícia médica, a cessação da periculosidade”.
Surge a dúvida se o fato de prever prazo indeterminando viola a vedação do caráter 
perpétuo previsto na Carta Magna. O prazo indeterminado é trazido pelo legislador, pois o 
tratamento ou internação (espécies de medidas de segurança) persistirá enquanto houver 
necessidade.
Parte da doutrina entende que a expressão “prazo indeterminado” atinge a 
Constituição. Esse foi o entendimento dos tribunais superiores, que divergiram quanto ao 
limite.
O STF6 se manifestou no sentido de não permitir que as medidas de segurança 
tenham caráter perpétuo, limitando sua duração ao prazo máximo de 30 anos.
6 STF, HC 84.219, relator ministro marco Aurélio, primeira turma, julgado em 16.8.2005, DJ 
23.9.2005.
17
Quanto ao tema, o STJ7 se manifestou informando que o limite para a duração 
da medida de segurança deve ser o máximo da pena abstratamente cominada ao delito 
praticado, de forma a não conferir tratamento mais severo e desigual ao inimputável, em 
razão aos princípios da isonomia, proporcionalidade e razoabilidade. Este entendimento 
foi sumulado no verbete 5278. Todavia, não poderá ultrapassar o limite estabelecido no 
artigo 75 do CP9.
Com isso, haverá reflexo da modificação na medida de segurança, que a partir da 
vigência da lei anticrime deverá obedecer ao limite de 40 anos.
A modificação ainda trará reflexo na lei de Migração. Na lei 13.445/2017, o artigo 
96, inciso III, prevê que não será efetivada a entrega do extraditando sem que o Estado 
requerente assuma o compromisso de comutar a pena corporal, perpétua ou de morte 
em pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento de 30 (trinta) 
anos, seguindo a redação do artigo 75 do CP antes da modificação. Diante da novel 
redação deste artigo, entendo que alterará a lei de Migração.
Sem delongar muito no tema, não via necessidade na alteração, todavia, o aumento 
de 10 anos não entendo como inconstitucional, de acordo com algumas vozes tem dito 
sobre o novo limite.
4.4. ARTIGO 83 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional 
ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou 
superior a 2 (dois) anos, desde que:
III - comprovado comportamento satisfatório durante 
a execução da pena, bom desempenho no trabalho 
que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria 
subsistência mediante trabalho honesto;
Art. 83.
III - comprovado:
bom comportamento durante a execução da 
pena;
não cometimento de falta grave nos últimos 12 
(doze) meses;
bom desempenho no trabalho que lhe foi 
atribuído; e
aptidão para prover a própria subsistência 
mediante trabalho honesto .
Entendo que alteração trazida no artigo 83 não seja tão substancial, vez que na 
prática já ocorria dessa forma.
Antes da alteração, o STJ, em julgamento na terceira seção no ERESP n. 
1.176.486/SP, sedimentou a orientação de que a prática de falta grave resulta em novo 
7 STJ; HC 412.089; Proc. 2017/0200624-0; BA; Quinta Turma; Rel. Min. Ribeiro Dantas; Julg. 
20/09/2018; DJE 26/09/2018; Pág. 2073
8 Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar 
o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. (Súmula 527, TERCEIRA SEÇÃO, 
julgado em 13/05/2015, DJe 18/05/2015)
9 STJ; HC 208.336; Proc. 2011/0125054-5; SP; Quinta Turma; Relª Min. Laurita Vaz; Julg. 
20/03/2012; DJE 29/03/2012
18
marco interruptivo para concessão de novos benefícios, exceto indulto, comutação e 
livramento condicional.
Todavia, para concessão, era necessário ter um bom comportamento, expressão 
trazida na nova redação do artigo 83, inciso III, alínea “a”, alterando a expressão 
“comportamento satisfatório”.
Conforme o artigo 78, 79, 80 e 81 do Decreto 6.049/2007, bom comportamento 
carcerário, expressão equiparada ao comportamento satisfatório, é aquele decorrente de 
prontuário sem anotações de falta disciplinar, desde o ingresso do preso no estabelecimento 
penal federal até o momento da requisição do atestado de conduta.
Equipara-se ao bom comportamento carcerário o do preso cujo prontuário registra 
a prática de faltas, com reabilitação posterior de conduta.
No caso da falta grave, o prazo para reabilitação é de 12 meses a partir do término 
do cumprimento da sanção disciplinar. Portanto, antes mesmo da alteração trazida pela 
nova lei, o cometimento de falta grave não interrompia o prazo para concessão do benefício, 
todavia o impedia em razão de não possuir bom comportamento. 
Passados 12 meses sem cometimento de nova falta grave, poderia ser concedido 
o benefício. Ou seja, para cumprir o comportamento satisfatório, que equivale ao bom 
comportamento, não poderia ter praticado falta grave, ou caso tenha sido praticado, que 
não tenha praticado novamente no período de 12 meses.
Ou seja, caso tenha praticado fato grave no período de 12 meses, não seria 
beneficiado pelo livramento condicional, visto não ter alcançado a reabilitação. 
Vejo, com isso, fazendo uma leitura do inciso III, alínea “a” com o Decreto 
6.049/2007, surte o mesmo efeito da alínea “b”. 
Em razão do termo “bom comportamento” trazido na alínea “a”, caso a falta grave 
seja praticada com violência ou grave ameaça, para se reabilitar, será necessário 24 
meses, conforme inciso VI do artigo 81 do Decreto 6.049/2007.
19
4.5. ARTIGO 91-A DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia
dispositivo
correspondente.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena 
máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como 
produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor 
do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento 
lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio 
do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício 
direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, 
a partir do início da atividade criminal.
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a 
procedência lícita do patrimônio.
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo 
Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da 
diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada 
e especificar os bens cuja perda for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações 
criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou 
do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não 
ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem 
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
Essa modificação é uma das que mais me preocupa. Há uma clara 
inconstitucionalidade nesse artigo ao alterar o ônus probatório do Ministério Público para o 
réu, violando o princípio do devido processo legal e da presunção de inocência, previstos 
no artigo 5º, incisos LIV e LVII da CF. 
Um dos efeitos da condenação é o perdimento do produto do crime ou de qualquer 
bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
Por questões lógicas, o produto do crime deverá ser considerado perdido em favor da 
União, com as devidas exceções legais. 
Os bens adquiridos através de produto do crime também serão considerados 
perdidos. Assim,o avião comprado e usado para o tráfico de drogas ou armas de uso 
exclusivo do Exército ou utilizadas sem o devido porte serão considerados perdidos em 
razão da condenação.
Quanto a isso, não há discussão. Ocorre que o novo artigo trazido pela lei anticrime 
não trata dos produtos do crime ou bens que constitua proveito auferido pelo agente com a 
prática do fato criminoso, e sim de bens que presumem ter sido adquiridos com produtos 
do crime.
Primeiramente importante registrar que o artigo 91-A somente se aplica a crimes 
cuja pena máxima prevista em lei seja superior a 6 anos. Frisa-se que não se trata de 
20
pena em concreto, aquela aplicada na sentença, mas de pena em abstrato, o preceito 
secundário do tipo penal.
Com a nova redação, havendo uma sentença condenatória a uma infração com 
pena máxima superior a 6 anos, obrigatoriamente haverá uma prestação de contas do 
réu, caso o seu patrimônio seja muito superior a sua renda. Uma modificação de duvidosa 
constitucionalidade.
Havendo a verificação que a renda da pessoa é incompatível com o seu patrimônio, 
a diferença auferida será perdida em favor da União ou do Estado, a depender da 
competência de quem julgar, caso seja assim requerido pelo Ministério Público em sede de 
denúncia. Independe se o patrimônio esteja sob a titularidade do réu ou de terceiros, mas 
que seja de uso do réu. Também poderá ocorrer o perdimento do bem que seja passado a 
terceiro apenas para dissimular a titularidade, com preço simbólico de transferência.
O ponto nevrálgico é a alteração do ônus probatório, além do confisco de bens e 
valores sem o devido processo legal, violando a individualização da pena. Sob o pretexto 
de efeito condenatório, foi permitido o confisco de bens e valores não relacionados a 
condenação, violando claramente a Constituição. Não estamos falando de bens e valores 
relacionados ao crime praticado, mas simplesmente em razão da diferença de patrimônio 
e renda do réu.
Entendo ainda que viola o direito à propriedade, visto que o confisco do bem 
se dá não em razão de uma sentença condenatória, pois os bens e valores não estão 
relacionados ao crime praticado. O saudoso Ministro Teori Zavascki, em voto proferido 
no RExt 795.567, afirmou que os efeitos da condenação “exigem a formação de juízo 
prévio a respeito da culpa do acusado, portanto, só podem ocorrer automaticamente como 
efeito acessório direto de condenação penal, nunca em sentença de transação penal, de 
conteúdo homologatório, na qual não há formação de culpa.”
Depreende-se que para que ocorra o efeito da condenação, demanda formação 
de culpa e, por óbvio, os bens e valores estejam relacionados com a conduta praticada.
No artigo 91-A, há uma clara afronta a presunção de inocência, pois não cabe ao 
Ministério Público provar que é produto de crime ou bem ou valor auferido pelo agente em 
razão do fato criminoso, que tem previsão no artigo 91, mas cabe ao réu, de acordo com 
parágrafo segundo do artigo 91-A, provar que ele tinha condições de ter um patrimônio 
acima de sua renda.
Ocorrerá perda de bens e valor, que presumidamente, foram adquiridos em razão 
da prática delituosa. Estamos falando de efeitos condenatórios em razão de presunção e 
não de certeza. De bens e valor que não foram utilizados na prática do crime ou adquiridos 
com dinheiro ilícito. 
21
A Constituição é clara ao afirmar que ninguém será privado da liberdade ou de 
seus bens sem o devido processo legal, e o que vemos no artigo 91-A é exatamente a 
privação de bens sem o devido processo legal, sem a ampla defesa e o contraditório, 
passando o ônus de comprovar para a defesa.
Espero que os Tribunais Superiores possam corrigir essa inconstitucionalidade, 
evitando assim perda de bens e valores sem a garantia da ampla defesa e do contraditório.
4.6. ARTIGO 116 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 116. Antes de passar em julgado a 
sentença final, a prescrição não corre:
Art. 116. (...)
- enquanto não resolvida, em outro 
processo, questão de que dependa 
o reconhecimento da existência do 
crime;
- enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro.
Parágrafo único - Depois de passada 
em julgado a sentença condenatória, a 
prescrição não corre durante o tempo 
em que o condenado está preso por 
outro motivo.
I – (...)
- enquanto o agente cumpre pena no exterior;
- na pendência de embargos de declaração ou de recursos 
aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e
- enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não 
persecução penal.
A alteração acima surge no momento de discussão da impunidade em razão da 
morosidade processual. 
Dia 7 de novembro de 2019 o STF, por maioria apertada, decidiu pela não 
possibilidade de se executar a pena provisoriamente antes do trânsito em julgado. Essa 
decisão trouxe uma acirrada discussão sobre a impunidade, pois a demora nos julgamentos 
poderia levar a prescrição dos crimes sem que houvesse o cumprimento da pena.
O Poder Legislativo, observando essa discussão e, com objetivo de atender aos 
anseios de uma parcela da sociedade, que, equivocadamente, acredita que a prisão 
é a função do direito penal, que a prescrição durante a fase recursal é a culpada pela 
impunidade, alterou o artigo 116, que traz as hipóteses em que o prazo prescricional não 
corre, inserindo o inciso III e IV. 
Antes de entrar no tema, importante trazer à baila que o artigo 116 do CP traz as 
causas suspensivas da prescrição, ou seja, havendo uma das hipóteses do artigo, o prazo 
prescricional fica suspenso. Não subsistindo o motivo que ensejou a suspensão, o prazo 
volta a correr pelo tempo restante. 
A alteração trazida no inciso II nada mais é que uma modificação da redação, 
trocando “no estrangeiro” para “no exterior”. Continuará não correndo o prazo prescricional 
22
enquanto o agente não for extraditado e cumprir pena no exterior. O legislador manteve 
essa situação, vez que o cumprimento da pena no exterior possa ser maior que o prazo 
prescricional, podendo ensejar a perda do direito de punir do Estado.
No inciso III, temos uma novidade que é a impossibilidade do prazo prescricional 
correr durante o processamento e julgamento dos Embargos de Declaração, não 
importando em que instância isso ocorra. Portanto, sempre que houver a interposição de 
Embargos declaratórios, o prazo prescricional não correrá.
A lei não faz distinção em relação à parte que interpuser o recurso, entendendo que 
havendo interposição, estará suspenso. Creio que os tribunais acertarão essa lacuna, pois 
a interposição de recurso por parte do Ministério Público não pode beneficiar o Estado, 
que demandará mais tempo para exercer o seu direito de punir. Em razão dos motivos que 
ensejaram essa modificação, vislumbro aplicação somente nos casos em que o recurso 
foi interposto pela defesa.
Da mesma forma ocorrerá quando houver recursos aos tribunais superiores, 
casos eles sejam inadmissíveis. Quando houver a interposição de recurso especial ou 
extraordinário (em que pese o STF não ser um tribunal superior e sim Supremo Tribunal, 
mas classificado como tribunal superior), se forem julgados inadmissíveis, o tempo do 
processamento será desconsiderado para efeitos da prescrição. Na prática, ocorrerá da 
seguinte forma: Ao protocolar o REsp ou RE no tribunal estadual ou regional federal, irá 
para o desembargador competente para realizar o juízo de admissibilidade e, caso seja 
inadmitido, o tempo transcorrido não será considerado para prescrição. 
A parte, por certo, entrará com o agravo previsto no artigo 1042 do CPC, que 
remeterá ao Tribunal Superior para julgar o recurso. O agravo poderá ser julgado 
conjuntamente com o Recurso Especial ou Extraordinário. De qualquer forma, mesmo 
conhecendo do agravo e não dando provimento, o recurso ao tribunal superior se manterá 
inadmissível, não correndo o prazo prescricional.
O prazo prescricional somente correrá quando o recurso ao tribunal superior for 
admitido, independente da forma com que será julgado,através de agravo ou não. Sendo 
inadmissível, o tempo despendido para processar e julgar o recurso não será considerado 
para o prazo prescricional.
Vejo que essa alteração trará mais morosidade ao processo, pois não haverá 
pressa estatal diante da suspensão da prescrição.
De igual forma como foi concluído em relação aos embargos, entendo também 
que o prazo somente ficará suspenso quando o recurso for interposto pela defesa, não 
suspendendo em casos de interposição por parte acusação ou de assistente de acusação.
23
No que se refere ao acordo de não persecução penal, enquanto não for cumprido 
a prescrição não correrá. Faz sentido, visto que o acordo de não persecução penal tem o 
intuito de evitar uma ação penal caso o investigado cumpra as condições e não aguardar 
uma prescrição.
4.7. ARTIGO 122 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.968/19)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-
se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena 
- reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se 
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de 
natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
- se o crime é praticado por motivo egoístico;
- se a vítima é menor ou tem diminuída, por 
qualquer causa, a capacidade de resistência.
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-
se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe 
auxílio material para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de 
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave 
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 
129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da 
automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 
2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
- se o crime é praticado por motivo egoístico, 
torpe ou fútil;
- se a vítima é menor ou tem diminuída, por 
qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta 
é realizada por meio da rede de computadores, 
de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente 
é líder ou coordenador de grupo ou de rede 
virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo 
resulta em lesão corporal de natureza gravíssima 
e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos 
ou contra quem, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra 
causa, não pode oferecer resistência, responde 
o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 
deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é 
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou 
contra quem não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra 
causa, não pode oferecer resistência, responde 
o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do 
art. 121 deste Código.
Não através da lei anticrime, mas sim através da lei 13.968/2019, foi alterado o 
artigo 122 do CP. Apesar de não fazer parte da lei anticrime, entendo ser pertinente trazer 
essa modificação, que além de ser importante, foi realizada logo após a publicação da lei 
anticrime.
24
Primeira mudança que pode ser visualizada na nova redação é no preceito primeiro. 
Na descrição da conduta temos duas alterações importantes. A primeira diz respeito à 
inclusão do induzimento, instigação ou prestar auxílio a prática de automutilação.
Quem se recorda do jogo “baleia azul”, sabe que consistia na relação entre os 
jogadores e administradores. Os administradores passavam determinadas tarefas aos 
jogadores, que incluía a automutilação e ao final, a última tarefa, era o suicídio. 
Alguns denominam a modificação de “criminalização da baleia azul”, vez que o 
induzimento, instigação ou auxílio à automutilação não era prevista em lei.
A segunda alteração dentro do preceito primário se trata da retirada da condicionante 
para configuração do crime. No texto anterior, para a consumação do crime do artigo 122 
era necessária a morte da vítima ou produção de lesão de natureza grave. Com a retirada 
dessa condição, não se faz mais necessário com a ocorrência do resultado naturalístico.
Isso implicará em duas situações. Primeiro, que a discussão na doutrina se cabia 
ou não a forma tentada caiu por terra. Entendo que hoje admite a forma consumada e 
tentada. A segunda situação é o fato que agora é possível aplicação do artigo 122 quando 
a vítima sofre lesão de natureza leve. Antes, quando a vítima sofria lesões leves, não 
havia crime do artigo 122 do CP. 
No preceito secundário temos uma redução da pena do caput, que antes era de 
2 anos a 6 anos, se resultasse morte, ou de 1 ano a 3 anos quando resultasse lesão de 
natureza grave. 
Diante da retirada da condição do caput, somente o fato de induzir, instigar ou 
auxiliar, independente do resultado, terá uma pena de 6 meses a 2 anos. Todavia, o 
resultado sendo lesão de natureza leve (artigo 129, caput, do CP), também será aplicado 
o caput do artigo 122.
Em relação ao resultado da vítima, ficou como qualificadora, previstas no §1º e 
§2º. Em caso de lesão como resultado, a pena será de 1 ano a 3 anos, devendo ser 
lesão de natureza grave ou gravíssima. O artigo 129, caput do CP, denominada de lesão 
corporal de natureza leve fica na conduta do caput do artigo 122, vez que somente os 
resultados morte e lesão corporal de natureza grave nos dois parágrafos que a compõe 
são qualificados.
Importa aqui registrar que o legislador mencionou a lesão gravíssima sem que 
a mesma exista dentro do texto legal. O artigo 129 do CP que trata dos crimes de lesão 
corporal possui a forma qualificada nos parágrafos primeiro e segundo, tendo como nomen 
iuris lesão corporal de natureza grave. Por possuir duas gradações com penas diferentes, a 
doutrina passou a chamar o parágrafo segundo de lesão corporal de natureza gravíssima. 
25
Antes da reforma, a condicionante para consumação do delito era morte ou lesão 
de natureza grave, abarcando os dois parágrafos do artigo 129, §2º do CP. Essa era a 
forma correta de se referir a natureza das lesões. 
O parágrafo terceiro aumentou as hipóteses de majorar a pena. Foram incluídos 
os motivos torpe e fútil. Neste caso, a pena será duplicada, mantendo a redação anterior.
Os parágrafos quarto e quinto trouxeram novas majorantes. A pena será aumentada 
até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou 
transmitida em tempo real. Importante mencionar que a vítima deve ser determinada. O 
critério de aumento deverá ser a verificação da potencialidade lesiva da conduta praticada. 
Quanto maior a lesividade, mais próxima do dobro.
No segundo caso, a pena será aumentada até a metade caso o agente seja o 
líder ou o coordenador de grupo ou de rede virtual. Há de se entender a desvaloração da 
conduta o fato de exercer liderança.
Nos parágrafos sexto e sétimo temos as hipóteses de crime mais grave. Caso a 
vítima menor de 14 (quatorze) anos ou quem, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, 
não pode oferecer resistência, responderá conforme o resultado naturalístico: lesão 
corporal de natureza gravíssima (artigo 129, §2º do CP) ou homicídio (artigo 121 do CP) 
4.8. ARTIGO 157 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 157. (...) Art. 157. (...)
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um 
terço) até metade:
VII - se a violência ou grave ameaça 
é exercida com emprego de arma 
branca;
§ 2º-B. Se a violência ou grave 
ameaça é exercida com emprego 
de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, aplica-se em dobro a pena 
prevista no caput deste artigo.
No artigo 157 do CP houve alteração a fim de resolver uma lacuna deixada na 
reforma realizada pela lei 13.654 de 2018. Nessa lei, foi revogado o inciso I do parágrafo 
segundo do artigo 157. Essa revogação tiroua majorante do emprego de arma. Não havia 
especificação se era arma de fogo ou branca, apenas trazia que o emprego de arma 
majorava a pena. Portanto, a sua aplicação era para os dois tipos de armas. 
26
Com o advento da lei 13.654/2018, dia 23 de abril de 2018 foi revogada essa 
majorante, incluindo no §2º-A, inciso I do artigo 157 a majorante “emprego de arma de 
fogo”, aumentando o grau de aumento, que de um terço a metade, passou a ser de 2/3 
somente. 
Pode ser enxergar uma novatio legis in mellius e uma novatio legis in pejus. Quanto 
a arma branca, deixou de ser considerada majorante e passou a ser aplicado o caput do 
artigo 157. Quanto a arma de fogo, passou a ser aplicado o §2º-A, que é prejudicial ao réu. 
Lembre-se que a lei benéfica retroagirá e a maléfica valerá somente para fatos posteriores 
a sua vigência.
Reparem que houve uma lacuna. Até 23 de abril de 2018, o emprego de arma 
branca na prática do crime de roubo era uma majorante, aplicando o aumento de um terço 
até a metade. Após essa data, o emprego de arma branca no crime de roubo passou a ser 
aplicado a pena do caput. Agora, com a lei anticrime, a partir de 23 de janeiro de 2020, 
volta a ser majorante.
Assim, aquele que praticou roubo usando arma branca, a lei 13.654/2018 retroagiu 
para retirar a causa de aumento de pena e fazer uma nova dosimetria com base na pena 
do caput do artigo 157. Quem praticou crime de roubo usando arma de fogo, ainda com 
fulcro na lei supramencionada, permaneceu com a pena e os novos fatos de roubo com 
uso de arma de fogo, a partir de 23 de abril de 2018, passaram a ter o aumento de 2/3.
O legislador, tentando acertar essa modificação benéfica que ocorreu na lei 
13.654/2018, incluiu, através da lei anticrime, o “emprego de arma branca” como majorante 
no inciso VII do 2º do artigo 157. O uso de arma branca no cometimento do crime de roubo 
fará com que a pena seja majorada de um terço até a metade. Essa alteração, por ser 
maléfica, somente será aplicada a fatos posteriores a vigência da lei. 
Tivemos ainda o acréscimo do §2º-B no artigo 157. Aqui têm a inclusão da 
qualificadora por emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, cuja pena será 
o dobro da prevista no caput. Menciono qualificadora, pois a diferença de qualificadora 
para majorante é que aquela altera as penas mínima e máxima do tipo penal, além de 
trazer novas elementares para o tipo, caracterizado por ser um tipo derivado autônomo 
ou independente, e será considerada na primeira fase da dosimetria da pena (1ª fase: 
Pena-base; 2ª fase: Agravantes e atenuantes; 3ª fase: Causa de aumento e diminuição 
da pena), ao passo que a majorante é uma causa de aumento de pena, aplicando-se uma 
fração à sanção estabelecida no tipo penal e, consequentemente, deve ser levada em 
consideração na 3ª fase da dosimetria da pena.
Verifica-se que com essa alteração, a majorante prevista no §2º-A, inciso I será 
aplicada somente ao uso de arma de uso permitido. Assim, temos três penas para emprego 
27
de arma, a depender do tipo de arma. Temos o emprego de arma branca, arma de uso 
permitido e arma de uso restrito ou proibido, cada um com preceito secundário diferente. 
Para ser utilizado somente o caput do artigo 157, não poderá fazer uso de qualquer 
arma. A partir do momento que usou arma, será verificado o tipo de arma para saber se 
aumentará de um terço até a metade, ou se aumentará 2/3 ou se seguirá a pena de 
8 a 20 anos. Lembrando sempre que empregar a arma significa utiliza-la para roubo, 
não necessariamente saca-la, mas o fato de mostrar que estar armado já configura a 
majorante ou qualificadora. 
Para facilitar o entendimento quanto a aplicação da lei penal no tempo do artigo 
157, com suas alterações, segue o quadro:
Lei Penal no tempo do artigo 157
Tipo de Arma Antes da Lei 13.654/18 Com a lei 13.654/18 Com a Lei 13.964/19
Branca Majorante: 1/3 até a metade Pena do caput Majorante: 1/3 até a metade
Uso Permitido Majorante: 1/3 até a metade Majorante: 2/3 Majorante: 2/3
Uso Restrito ou probido Majorante: 1/3 até a metade Majorante: 2/3 Pena de 8 a 20 anos
Nesta última alteração, entendo pela sua inconstitucionalidade, visto a violação 
do princípio da proporcionalidade. Em matéria penal, a exigência de proporcionalidade 
é necessária para trazer um equilíbrio entre o crime e a pena, para que a pena seja 
proporcional à combater risco à lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Como muito bem ensina os doutrinadores penalistas, a proporcionalidade deve 
estar presente tanto no plano abstrato (legislador que comina as penas) quanto no plano 
concreto (magistrado que aplica as penas).
Desta forma, o princípio da proporcionalidade funciona como limite não somente 
ao magistrado, que aplicará a pena, mas também ao legislador, que deverá observar essa 
proporcionalidade entre o crime e a pena.
Como assevera o Prof. Cleber Masson10, o princípio da proporcionalidade apresenta 
três dimensões:
a) Adequação da pena: a pena criminal deve ser um meio adequado, entre todos 
os outros menos gravosos, para realizar o fim de proteger um bem jurídico. 
b) Necessidade da pena: a pena criminal deve ser (meio adequado entre outros) 
é, também, meio necessário (outros meios podem ser adequados, mas não 
seriam necessários) para realizar o fim de proteger um bem jurídico.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: a pena criminal cominada e/ou aplicada 
(considerada meio adequado e necessário), deve ser proporcional à natureza e 
extensão da lesão abstrata e/ou concreta do bem jurídico.
10 Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber Masson. – 8.ª 
ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
28
Nota-se em todas estas dimensões, que se almeja evitar uma resposta penal 
excessiva frente à infração penal considerada. Por isso que a utilização do princípio da 
proporcionalidade envolve a apreciação da necessidade e da adequação da resposta 
penal.
Considerando que o artigo 157 protege o bem jurídico patrimônio e que o roubo de 
qualquer bem com emprego de arma de uso restrito terá uma pena mínima de 8 anos e 
máxima de 20 anos, passará a ter uma pena mais gravosa que o homicídio simples, que 
possui pena mínima de 6 anos (a pena máxima será igual). 
Vejamos uma situação: Brian ameaça Louis com uma arma de numeração raspada 
a fim de subtrair seu celular. Por se tratar de arma com numeração raspada e que se 
enquadra no artigo 16 da Lei 10.826/2003, que trata das arma de uso restrito ou proibido, 
a pena em abstrato será de 8 a 20 anos, uma pena maior que a prática de um homicídio 
simples.
Não pode o bem jurídico patrimônio, em caso de violação, ter uma pena mais 
excessiva que a violação ao bem jurídico vida. Entendo que o STF e até mesmo o STJ 
deverá se posicionar quanto a essa inconstitucionalidade.
4.9. ARTIGO 171 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo 
correspondente.
Art. 171. (...)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima 
for:
I – a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
A principal alteração aqui é a mudança do tipo de ação penal. As ações penais 
podem ser públicas ou privadas. As ações penais públicas podem ainda ser condicionadas 
ou incondicionadas. As ações penais privadas podem ser as propriamente ditas ou 
subsidiárias da pública.
Guilherme de Souza Nucci11, em sua obra, assim define:
A classificação mais comum das ações penais se faz com base na titularidade 
do seu exercício, pois é dessa forma que o Código Penal cuida do assunto. No 
art. 100, estabelece a regra (a ação penal é pública), bem como a exceção (a 
ação penal é privativa do ofendido quando a lei expressamente indicar). No § 
1.º do mesmo artigo, fixa a subdivisão das ações públicas, indicando a regra (a 
ação será promovida pelo Ministério Públicoindependentemente de qualquer 
11 Nucci, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal / Guilherme de 
Souza Nucci. – 12. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.
29
autorização da parte ofendida ou de outro órgão estatal), bem como a exceção (a 
ação será promovida pelo Ministério Público caso haja autorização do ofendido 
ou do Ministro da Justiça).
Em suma, pode-se dizer que as ações são: a) públicas, quando promovidas pelo 
Ministério Público, subdivididas em: a.1) incondicionadas, quando propostas 
sem necessidade de representação ou requisição; a.2) condicionadas, quando 
dependentes da representação do ofendido ou de requisição do Ministro da 
Justiça.
Deve-se analisar o tipo penal incriminador existente na Parte Especial do Código 
Penal (ou em legislação especial); caso não se encontre nenhuma referência 
à necessidade de representação ou requisição, bem como à possibilidade de 
oferecimento de queixa, trata-se de ação penal pública incondicionada. Por 
outro lado, deparando-se com os destaques “somente se procede mediante 
representação” (ex.: art. 153, § 1.º, CP) ou “procede-se mediante requisição do 
Ministro da Justiça” (ex.: art. 145, parágrafo único, CP), está-se diante de ação 
penal pública condicionada. E caso se encontre a especial referência “somente 
se procede mediante queixa” (ex.: art. 145, caput, CP), evidencia-se a ação 
penal privada.
Pois bem. Diante da alteração trazida no artigo 171, a regra geral quanto a espécie 
de ação penal, em relação ao crime de estelionato, passou a ser pública, condicionada 
a representação do ofendido. Antes, o Ministério Público não dependia de nenhuma 
condição, o que agora passa a depender que a vítima represente em face do suposto 
autor dos fatos.
A regra geral, antes da vigência da lei anticrime, era ação penal pública 
incondicionada. Havia a exceção prevista no artigo 183, conhecida como imunidade 
relativa, que traz a exigência que a vítima represente, para iniciar ação penal ou para 
instauração de inquérito policial. Não concordo com a nomenclatura, visto que não traz 
nenhuma imunidade, somente uma condição de procedibilidade.
De qualquer modo, em razão do artigo 183 ser aplicado a todos os crimes contra 
o patrimônio, permanece vigente, somente não se aplicando quando o crime contra o 
patrimônio já exigir representação, como é o caso do crime de estelionato a partir da nova 
redação, ou quando se tratar de ação privada, sendo cabível a queixa-crime.
Essa modificação deve ser analisada com mais profundidade, mormente quanto à 
aplicação da lei penal no tempo.
Conforme já manifestado no capítulo 3, na lei anticrime temos normas penais, 
normais processuais e normas híbridas. No presente caso, estamos diante de uma norma 
com conteúdo processual e material. Processual, pois trata de condicionalidade da ação 
penal pública, e, material, pois a representação está atrelada ao prazo decadencial, cujo 
a vítima poderá renunciar.
Como dito anteriormente, por ser norma penal híbrida, deverá seguir o princípio 
da irretroatividade, podendo retroagir caso a nova lei seja mais benéfica ao réu, como no 
caso em voga.
30
Ao alterar a ação penal pública de incondicionada para condicionada, estar-
se-á diante de uma alteração que beneficia o réu/investigado, visto que a vítima poderá 
renunciar ou não representar e, com isso, a ação penal não poderá ser iniciada, visto 
a ausência de requisito de procedibilidade, caracterizando assim uma despenalização, 
ocorrendo, se for o caso, causa de extinção de punibilidade.
Professor Badaró, em artigo publicado12 em seu site, diz o seguinte:
Além disso, no processo penal, as chamadas “condições de procedibilidade” se 
enquadrariam nas condições da ação, como requisitos da possibilidade jurídica 
do pedido. São elas: (1) representação do ofendido na ação penal pública 
condicionada (CP, art. 100, § 1º, c.c. CPP, art. 24); (2) requisição do Ministro da 
Justiça (CP, art. 100, § 1º, c.c. CPP, art. 24); (3) entrada do agente brasileiro, 
em território nacional, nos crimes cometidos no estrangeiro (CP, art. 7º, § 2º); 
(4) a sentença civil de anulação do casamento, no crime do art. 236 do CP (art. 
236, parágrafo único); (5) exame pericial homologado pelo juiz, nos crimes 
contra a propriedade imaterial (CPP, art. 529, caput); (6) a autorização do Poder 
Legislativo, para processar o Presidente da República, o Vice-Presidente e os 
Governadores, nos crimes comuns ou de responsabilidade. Consequentemente, 
o pedido seria juridicamente impossível, se não estivesse presente uma das 
condições de procedibilidade.
Todavia, surge a dúvida se a retroatividade será aplicada aos casos em curso, 
tanto em fase de investigação quanto em fase processual. A meu ver, aplica-se a todos 
os casos não transitado em julgado, devendo ser realizada a notificação da vítima ou 
de seu representante legal para informar se deseja representar criminalmente, para que 
o processo ou inquérito possa permanecer tramitando, ou até mesmo para continuar o 
cumprimento da pena.
O prazo deverá ser de 30 dias, por analogia ao previsto no artigo 9113 da lei 
9099/1995. 
A partir da vigência, notificada a vítima ou seu representante legal, e, não havendo 
representação ou manifestação de interesse em 30 dias, entendo que a ação penal ou o 
inquérito policial deverá ser extinto em razão da decadência. Caso não seja extinto, o réu/
investigado poderá utilizar a via do habeas corpus para trancar a ação penal ou inquérito.
Portanto, com a alteração, vejo que a vítima deverá ser notificada a fim de 
demonstrar o devido interesse em ver o ofendido processado, caso já não tenha sido 
demonstrado no processo ou inquérito. 
Todavia, há vozes trazendo interpretação contrária, dizendo que não foi essa a 
intenção do legislador e que deverá ser aplicado somente nos casos em que a denúncia 
12 http://www.badaroadvogados.com.br/20-062017-as-condicoes-da-acao-penal.html. 
Acessado em 7.1.2020
13 Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a propositura da ação 
penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, 
sob pena de decadência.
http://www.badaroadvogados.com.br/20-062017-as-condicoes-da-acao-penal.html
31
não fora recebida. Por ser questão de procedibilidade, o recebimento da denúncia se torna 
ato jurídico perfeito, aplicando somente aos casos em que a instrução não tenha sido 
iniciada. Este foi entendimento chegado diante do artigo 90 da lei 9.099/1995.
Entendo que não merece prosperar tal entendimento em razão da indevida 
modulação, pois encontraríamos situações distintas para casos idênticos. No entanto, 
provável que seja esse o entendimento que prevalecerá nos tribunais.
Outro ponto que merece destaque é o fato da jurisprudência entender que para 
representar não demanda formalidades, bastando mera demonstração de interesse do 
ofendido em fazer o agressor responder a Ação Penal14. Com isso, havendo já nos autos 
a demonstração do interesse, o requisito de procedibilidade já fora preenchido.
Por fim, registra-se que a ação penal pública condicionada é a regra, tendo 
por exceção quando a vítima for administração pública direta ou indireta, criança ou 
adolescente, deficiente mental ou pessoas acima de 70 anos ou incapaz.
Lembrando que muitas vezes não se sabe quem é a vítima no estelionato, o 
que, com a alteração, não poderá ser instaurado inquérito policial, pois necessita de 
representação. Não há que se falar das exceções, pois para que ocorra essas hipóteses, 
necessário que se saiba quem é a vítima, para saber se configura ou não a exceção. 
Por fim, importa registrar que em razão da pena mínima ser 1 ano, cabe a suspensão 
condicional do processo, prevista no artigo 89 da lei 9099/1995.
4.10. ARTIGO 316 DO CÓDIGO PENAL
Código Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 316. (...)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e 
multa.
Art. 316. (...)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12(doze) anos, e 
multa.
Última alteração no código penal, ocorre uma exasperação da pena máxima em 
abstrato do crime de concussão, passando de 8 anos para 12 anos, com intuito de fomentar 
que os funcionários públicos não pratiquem tal crime. 
No momento hodierno, o legislador entendeu que houve aumento na pratica deste 
crime e agiu com intuito de evitar novos fatos.
Todavia, merece destaque o restante do artigo, os seus parágrafos. Diferentemente 
dos outros tipos penais, temos nos parágrafos um tipo penal autônomo, que independe do 
caput para ser aplicado.
14 RHC-21.596/MG, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJ de 29.10.07)” (HC 
93.026/MS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe 22/2/2010
32
No parágrafo primeiro temos o excesso de exação. Exação significa a cobrança 
rigorosa de impostos15. Nessa cobrança, o funcionário público exige ilegalmente tributo ou 
contribuição social em benefício da administração púbica16, diferente do caput, em que o 
funcionário pratica o crime exigindo vantagem indevida em razão do cargo, em benefício 
próprio ou de outrem.
No parágrafo primeiro temos duas situações. 
A primeira se refere a ilegalidade do tributo. Pode ser praticado com dolo direto 
(que sabe) ou na modalidade de dolo eventual (deveria saber). Como por exemplo do 
primeiro caso, temos uma cobrança de um tributo já pago ou acima do valor devido. No dolo 
eventual, caso o funcionário público tenha dúvidas quanto a legalidade e mesmo assim 
realiza a cobrança sem a devida verificação, incorrerá no crime do parágrafo primeiro.
Na segunda situação temos uma cobrança de um tribulo legal, porém a forma 
de cobrar causou constrangimento ao contribuinte. A forma foi vexatória (humilhante) ou 
gravosa (causou despesas a mais), desde que não autorizados por lei. 
Percebe-se uma lesividade maior que a do caput. Não está a tratar de somente 
exigência de uma vantagem indevida em benefício próprio ou de outrem, em razão da sua 
função ou fora dela, mas de uma cobrança de tributos ilegais para os cofres públicos, para 
onde o dinheiro do contribuinte irá, ou uma cobrança humilhante, causando mais danos 
ao contribuinte. Diante dessa lesividade mais gravosa, o legislador optou colocar a pena 
mínima maior que a do caput, de acordo com a reação anterior.
No parágrafo segundo temos a forma qualificada do parágrafo primeiro. Não se 
trata de qualificadora do caput, visto se tratar de mudança nas bases da pena a quem 
desvia para si ou para outrem a vantagem indevida recebida que iria aos cofres públicos, 
portanto, ligada diretamente ao parágrafo primeiro, que trata dessa cobrança ilegal. 
Todavia, no parágrafo primeiro, o dinheiro chega a ir aos cofres públicos, o que não ocorre 
no parágrafo segundo em razão do desvio praticado pelo funcionário público. 
Veja que há duas condutas estranhas: i) o fato de realizar cobrança e receber 
indevidamente, e ii) o fato de desviar o dinheiro dos cofres públicos, que nem deveria ter 
recebido. Observa que no parágrafo segundo a conduta é mais gravosa que a do primeiro 
parágrafo e do caput. O funcionário público, além de receber indevidamente, colocando 
o contribuinte como vítima, desvia dos cofres públicos, causando uma segunda vítima. 
Em razão dessa qualificadora, a pena será maior que a do caput e do parágrafo primeiro, 
aumentando a pena máxima para 12 anos, conforme redação anterior à lei anticrime. 
15 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral, volume III. 20. Ed. Niterói, RJ. Impetus. 
2018. Pág. 757
16 Masson, Cleber, Código Penal comentado / Cleber Masson. 3. ed. rev., atual. e ampl. - Rio 
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. Pág. 1166.
33
Depreende da análise feita que as condutas dos parágrafos são mais gravosas 
que a do caput, em razão da pena mais elevada. Contudo, com a alteração, a conduta 
do caput passou a ser mais gravosa que a do parágrafo primeiro e de gravidade igual em 
relação ao segundo, pois estes não tiveram seus preceitos secundários alterados.
Entendo que, diante das condutas descritas, há uma inconstitucionalidade por 
violar o princípio da proporcionalidade, pois o novo preceito secundário do caput é 
desproporcional à conduta, tendo como base os crimes previstos nos parágrafos. Deverá 
uma nova lei adequar os parágrafos ou ocorrer a repristinação17 da pena do caput anterior 
a lei anticrime.
17 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - A QUESTÃO PERTINENTE AO 
MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL: UMA REALIDADE 
INSTITUCIONAL QUE NÃO PODE SER DESCONHECIDA - CONSEQÜENTE IMPOSSIBILIDADE 
CONSTITUCIONAL DE O MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL SER SUBSTITUÍDO, NESSA CONDIÇÃO, 
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO COMUM DO ESTADO-MEMBRO - AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE 
PROCEDENTE. OS ESTADOS-MEMBROS, NA ORGANIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS RESPECTIVOS 
TRIBUNAIS DE CONTAS, DEVEM OBSERVAR O MODELO NORMATIVO INSCRITO NO ART. 75 DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA . - Os Tribunais de Contas estaduais deverão ter quatro Conselheiros 
eleitos pela Assembléia Legislativa e três outros nomeados pelo Chefe do Poder Executivo do Estado-
membro. Dentre os três Conselheiros nomeados pelo Chefe do Poder Executivo estadual, apenas um 
será de livre nomeação do Governador do Estado. Os outros dois deverão ser nomeados pelo Chefe do 
Poder Executivo local, necessariamente, dentre ocupantes de cargos de Auditor do Tribunal de Contas 
(um) e de membro do Ministério Público junto à Corte de Contas local (um). Súmula 653/STF . - Uma das 
nomeações para os Tribunais de Contas estaduais, de competência privativa do Governador do Estado, 
acha-se constitucionalmente vinculada a membro do Ministério Público especial, com atuação perante as 
próprias Cortes de Contas. O MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL JUNTO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS 
NÃO SE CONFUNDE COM OS DEMAIS RAMOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMUM DA UNIÃO E DOS 
ESTADOS-MEMBROS . - O Ministério Público especial junto aos Tribunais de Contas - que configura uma 
indiscutível realidade constitucional - qualifica-se como órgão estatal dotado de identidade e de fisionomia 
próprias que o tornam inconfundível e inassimilável à instituição do Ministério Público comum da União 
e dos Estados-membros . - Não se reveste de legitimidade constitucional a participação do Ministério 
Público comum perante os Tribunais de Contas dos Estados, pois essa participação e atuação acham-se 
constitucionalmente reservadas aos membros integrantes do Ministério Público especial, a que se refere a 
própria Lei Fundamental da República (art. 130) . - O preceito consubstanciado no art. 130 da Constituição 
reflete uma solução de compromisso adotada pelo legislador constituinte brasileiro, que preferiu não 
outorgar, ao Ministério Público comum, as funções de atuação perante os Tribunais de Contas, optando, 
ao contrário, por atribuir esse relevante encargo a agentes estatais qualificados, deferindo-lhes um “status” 
jurídico especial e ensejando-lhes, com o reconhecimento das já mencionadas garantias de ordem subjetiva, 
a possibilidade de atuação funcional exclusiva e independente perante as Cortes de Contas. A QUESTÃO 
DA EFICÁCIA REPRISTINATÓRIA DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE “IN ABSTRACTO” 
. - A declaração final de inconstitucionalidade, quando proferida em sede de fiscalização normativa abstrata, 
importa - considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente - em restauração das normas estatais 
anteriormente revogadas pelo diploma normativo objeto do juízo de inconstitucionalidade, eis que o ato 
inconstitucional, por juridicamente inválido (RTJ 146/461-462), não se reveste de qualquer carga de eficácia 
derrogatória. Doutrina. Precedentes (STF). (STF - ADI: 2884 RJ, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data 
de Julgamento: 02/12/2004, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 20/05/2005 PP-00005 EMENT VOL-
02192-03 PP-00379 RTJ VOL-00194-02 PP-00504)
34
5. DAS MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Passarei agora para as análises das modificações realizadas no Código de 
ProcessoPenal. Essas modificações demonstram uma maior relevância, pois alterou 
substancialmente o processo penal, afirmando o sistema acusatório, a imparcialidade 
do julgador, prisão cautelar estritamente legal e demais alterações que com certeza 
demandará um estudo aprofundado sobre cada modificação.
Todavia, nosso propósito aqui é passar de forma objetiva as principais considerações 
acerca da reforma trazida pela lei anticrime. 
A importância das modificações aqui comentadas é razão da compreensão de 
que o processo penal serve para dar efetividade ao direito penal, fornecendo meios e o 
caminho para materializar a aplicação da pena ao caso concreto18.
Passam-se agora as considerações de cada artigo alterado pela lei anticrime.
18 Távora, Nestor e Alencar, Rosmar. Curso de direito processual penal – 11. Ed. Re., ampl. E 
atual. Salvador. Ed. JusPodivm, 2016. Página 48.
35
5.1. ARTIGO 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo 
correspondente.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição 
da atuação probatória do órgão de acusação.
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda 
dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe 
especialmente:
- receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal;
- receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste 
Código;
- zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer 
tempo;
- ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;
- decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o d isposto no § 1º deste artigo;
- prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí -las ou revogá-las, assegurado, no primeiro 
caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial 
pertinente;
- decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetiveis, assegurados o 
contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;
- prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade 
policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;
- determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou 
prosseguimento;
- requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação;
- decidir sobre os requerimentos de:
interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática o u de outras formas de 
comunicação;
afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
busca e apreensão domiciliar;
acesso a informações sigilosas;
outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; XII - julgar o habeas corpus 
impetrado antes do oferecimento da denúncia;
- determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
- decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;
- assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos 
os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às 
diligências em andamento;
- deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar produção da perícia;
- decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados 
durante a investigação;
- outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o 
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a 
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, 
e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 des te Código.
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento 
da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) 
dias.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse 
juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da 
instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetiveis, medidas de obtenção de provas ou de 
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado.
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias.
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste 
Código ficará impedido de funcionar no processo.
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, 
a fim de atender às disposições deste Capítulo.
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do 
Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divul gados pelo respectivo tribunal.
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o 
acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, 
sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal.
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo 
qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a 
programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução 
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.
Essa talvez seja a principal alteração do Código de Processo Penal. Além de 
introduzir o juiz das garantias, veio sacramentar o sistema processual adotado no processo 
penal.
36
Conforme nos ensina os professores Rosmar Alencar e Nestor Távora em sua 
doutrina (Ob. Cit), conforme os princípios informadores, o processo penal poderá adotar o 
sistema inquisitivo, acusatório ou misto.
Em nosso processo penal, se olhar à luz da Constituição, teremos um sistema 
processual acusatório, pois os princípios ali elencados nos remetem a um sistema que 
separa a função do julgador da de acusar, a liberdade do réu é regra, é garantido o devido 
processo legal, a ampla defesa e o contraditório, publicidade dos procedimentos, isonomia 
entre as partes, livre sistema de produção de provas.
Contudo, analisando o código de processo penal, veremos algumas normas que 
nos remetem ao sistema inquisitivo, como o sigilo dos procedimentos investigatórios, 
ausência de contraditório e de ampla defesa no inquérito, procedimento eminentemente 
escrito, gestão da prova por parte do julgador, ementatio libelli e mutatio libelli etc. 
Por tais razões, há doutrinador que defende que o nosso processo penal adotou 
o sistema processual misto, vez que não há umseguimento somente dos princípios 
constitucionais. Há também quem defenda que o processo penal brasileiro adotou 
o sistema acusatório, em razão dos princípios trazidos na Constituição. Esse que vos 
escreve defende que foi adotado o sistema acusatório.
Não se pode olvidar que o atual código processual foi inspirado numa época 
inquisitiva e, suas reformas, a maior parte delas, ocorreram já sob os princípios da 
Constituição Federal de 1988. Todavia, analisando o código à luz da Constituição, temos 
um sistema acusatório no processo penal. Não há que se falar em sistema misto em razão 
do inquérito ser inquisitivo, pois este tem a função de embasar a formação da opinio delicti 
ao titular da ação penal, em que pese algumas provas serem produzidas no inquérito e 
utilizadas no processo penal.
No entanto, a lei anticrime incluiu o artigo 3º-A, que dissipa de uma vez por todas 
as dúvidas quanto ao sistema processual adotado em nosso processo penal. 
A lei foi clara ao trazer a estrutura acusatória, vedada a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Agora há uma 
nítida separação entre o julgador e a acusação, não podendo o julgador fazer as funções 
da parte. O papel do julgador será de expectador e não de jogador. Esta função caberá 
às partes. 
Todavia, em nada adianta alterar a lei se não alterar a cultura inquisitória. Além 
do nosso código processual ser inquisitivo, diferentemente da nossa Carta Magna, há 
uma cultura inquisitiva, uma sangria punitivista que impedirá o juiz das garantias chegar 
ao objetivo traçado em seu nascedouro. Será preciso uma mudança cultural, entretanto, 
considero um grande avanço a inclusão da figura do juiz das garantias.
37
Um dos principais objetivos com a mudança foi fazer com que o órgão julgador seja 
dotado de imparcialidade, vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e atuação 
probatória.
Na primeira parte, essa vedação impede o agir de ofício do magistrado durante a 
fase de investigação e, ao longo do texto, veremos, em comentários as outras alterações, 
que a atuação do magistrado de ofício para aplicar medidas cautelares pessoais na fase 
processual também foi vedada. 
Ao juiz é vedado atuar de ofício seja para aplicar quaisquer medidas, cautelares, 
pessoais ou reais e demais atos a serem aplicados na fase de investigação.
Na segunda parte temos a vedação à atuação probatória. Importante ressaltar que 
o papel probatório é exclusivo das partes, tanto da defesa quanto da acusação. Entretanto, 
era possível visualizar uma atuação probatória por parte do magistrado em substituição ao 
órgão acusador, o que está claramente vedado. 
No entanto, ainda é possível ver essa atuação probatória em alguns artigos que a 
lei anticrime, infelizmente, esqueceu de alterar.
O Código Processual Penal Brasileiro centralizou no julgador a gestão da prova, 
sendo que era possível produção de prova sem requerimento das partes, modificar a 
capitulação dada ao fato, entre outras questões. 
No artigo 156, inciso I, é possível ver essa produção de prova sendo determinada 
de ofício pelo julgador.
O artigo diz que “a prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida”. 
Em razão da certeza quanto ao sistema acusatório e vedada a atuação probatória, 
bem como o agir de ofício do magistrado, além do inciso VII do artigo 3º-B, entendo que 
há uma revogação tácita do inciso I do artigo 156.
Caso não seja este o entendimento dos tribunais superiores, que seja declarado 
a sua inconstitucionalidade, não podendo permanecer no nosso ordenamento um inciso 
totalmente contrário à estrutura acusatória que agora está bem definido no processo penal.
Outro artigo que importa mencionar é o 212, parágrafo único. O parágrafo único diz 
que “sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição”. Quem 
faz as perguntas é quem vai produzir as provas. Tal atuação por parte do magistrado vai 
de encontro ao artigo 3º-A do CPP, acrescido pela lei anticrime. 
38
Com isso, entendo, também, que houve uma revogação tácita do parágrafo único 
do artigo 212 do CPP.
Quanto aos artigos 383 e 384, ambos do CPP, vejo que já não era possível sua 
existência à luz da Constituição, visto o sistema ser acusatório. Com a afirmação no 
artigo 3º-B, entendo que não mais poderá permanecer no nosso ordenamento jurídico 
a ementatio libelli e mutatio libelli, visto que o sistema acusatório coloca o julgador como 
expectador e não como atuante nas provas e demais atos da acusação.
No artigo 383 do CPP, o juiz poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa. A 
capitulação cabe ao Ministério Público. A defesa foi realizada em cima de uma capitulação, 
mesmo que ela se defenda dos fatos. Capitulação errônea não pode ser suprida pelo 
julgador, em nítida atuação probatória. 
No que se refere ao artigo 384 do CPP, o julgador toma iniciativa em provar o 
Ministério Público a dar nova classificação jurídica aos fatos expostos, o que também 
entendo ser substituição da atuação probatória. 
O artigo 3º-B é a inclusão dada pela lei anticrime que traz a figura do juiz das 
garantias. Essa inclusão é fundamental para se alcançar um julgador imparcial. É a 
materialização do sistema acusatório, uma vitória do Estado Democrático de Direito. Um 
grande avanço no sistema processual penal brasileiro, que deve ser mantido no nosso 
ordenamento jurídico.
O caput do artigo 3º-B, traz a responsabilidade do juiz das garantias. Esse terá 
a função de controlar a legalidade da investigação criminal e salvaguardar os direitos 
individuais que demandam autorização do poder judiciário, como medida cautelar, pessoais 
ou reais, busca e apreensão, entre demais medidas. Nada mais que a atuação normal de 
um juiz na fase de investigação.
Tudo relacionado ao inquérito, flagrante e demais atos da fase de investigação 
ficará o juiz das garantias responsável, resguardando assim uma possível contaminação 
do julgador do processo, que não terá praticado nenhum ato da fase investigativa.
Teremos, portanto, na persecução penal, dois juízes, um para a fase de investigação 
e outro para instruir e prolatar a sentença.
Sempre houve uma divisão da fase investigativa da fase processual, todavia, com 
o advento da lei anticrime, há uma clara divisão dessas duas fases, determinando um juiz 
para cada fase, com objetivo de trazer mais imparcialidade ao juiz que julgar o processo, 
visto que não teve atuação na fase investigativa.
Dentre os incisos, o que me chama mais atenção são os incisos II, IV, VI, VII, VIII, 
XII e XIV.
39
O inciso II trouxe uma dúvida quanto à audiência de custódia. Todavia, as audiências 
de custódia existiam com base em provimento do CNJ, chanceladas pelo STF. Com a lei 
anticrime, a função do juiz criminal que fazia as audiências de custódia passará para o 
denominado juiz das garantias. A meu ver, nada obsta de permanecer como estão as 
audiências de custódia, visto que juiz das garantias não é a criação de um novo cargo ou 
uma nova vara especializada, mas sim a denominação do juiz que atuará somente na fase 
investigativa. 
Entendo que o juiz que fazia as audiências de custódia nada mais eram que juiz que 
tinha a função de controlar a legalidade do flagrante e salvaguardar os direitos individuais. 
Assim, na prática, era um juiz das garantias, sem a devida denominação. 
Esse modelo tem uma vaga lembrança com modelo norte americano, mormente 
com o acordo de não persecução penal, visto que havendo a confissão na fase de 
investigação e cumpridos os demais requisitos previstos no artigo 28-A, incluído pela lei 
anticrime, impedirá a ação penal, podendo a punibilidade ser extinta antes mesmo de 
iniciar o processo penal.
O inciso IV traz a determinação de informar ao juiz das garantias a instauraçãode 
qualquer investigação criminal. Toda investigação que venha iniciar deverá ser informada, 
sem qualquer exceção. Iniciou uma investigação, o juiz das garantias deve receber a 
informação. Importante inclusão para garantir o controle da legalidade.
O inciso VI tem uma particularidade na sua parte final que me chamou bastante 
atenção. É assegurado ao preso provisório, em caso de prorrogação de sua prisão, o 
contraditório em audiência pública e oral. Esse inciso está relacionado com a prisão 
temporária, que possui prazo de término e pode ser prorrogada, além da sua aplicação 
ser exclusiva na fase de investigação. Para que ocorra a prorrogação, deverá ocorrer uma 
audiência com o juiz das garantias, assegurando o contraditório e, por questões lógicas, a 
ampla defesa, apesar da falha em não ter sido expressamente citada no inciso.
Há de se verificar se a necessidade de revisão da prisão preventiva, prevista no 
parágrafo único do artigo 316, incluída pela lei anticrime, será abarcada por este inciso. 
Entendo que não, pois não se trata de uma prorrogação, mas sim de manutenção. Porém, 
vejo discussões a respeito em um futuro bem próximo.
O inciso VII vai de encontro ao previsto no artigo 156, inciso I do CPP, não obstante 
o artigo 156 permitir o agir de ofício na fase processual. A produção de provas antecipadas 
deve ser requerida, não trazendo a possibilidade de ser de ofício. Ademais, assim como 
na prorrogação da prisão provisória, deverá ser assegurada audiência pública e oral, 
com o contraditório e a ampla defesa. Aqui veio expresso o princípio da ampla defesa, 
diferentemente do inciso VI.
40
Quanto ao inciso VIII, o ponto relevante é a lacuna que foi preenchida. Antes 
não havia a possibilidade de prorrogação de inquérito de investigado preso, o que agora 
é permitido, pelo prazo máximo de 15 dias, conforme o complemento do parágrafo 2º 
do artigo 3º -B. Caso o inquérito não seja finalizado, deverá ser posto o investigado em 
liberdade, seguindo, portanto, o prazo para inquérito de investigado solto. 
Acredito que o legislador perdeu uma grande oportunidade de solucionar a 
celeuma jurídica quanto ao prazo de finalização de inquérito de investigado preso e a 
prisão temporária. 
Veja que o inquérito possui prazo de 10 dias, e, agora, prorrogável por mais 15 
dias. Temos as exceções em crimes de competência da Justiça Federal – 15 dias para 
indiciado preso e 30 dias para indiciado solto, nos crimes da lei de Drogas – 30 dias para 
indiciado preso e 90 dias para indiciado solto, podendo ser duplicados em ambos os casos 
e crimes contra a economia popular – 10 dias tanto para indiciado preso quanto para 
indiciado solto.
Caso haja uma prisão temporária de investigado por crime hediondo (que não há 
exceção), teremos uma prisão por 30 dias ou 60 dias, caso haja prorrogação, de acordo 
com a lei 7960/1989 e o inquérito com prazo de 10 dias.
Percebe-se que, caso siga a regra do CPP, o prazo da prisão temporária para 
crimes hediondos não fará sentido, pois prisão temporária somente tem validade na fase 
de investigação.
A maioria dos doutrinadores defende que o prazo do inquérito de crime hediondo 
acompanhará o da prisão temporária, caso ocorra esse tipo de prisão.
O inciso XII traz a competência para julgar habeas corpus impetrado antes do 
oferecimento da denúncia. Aqui, por razões óbvias, trata-se de habeas corpus impetrado 
contra autoridade coatora que não seja o juiz das garantias, como, por exemplo, delegado 
de polícia. Em caso de ato ilegal praticado pelo juiz das garantias, o habeas corpus deverá 
ser impetrado em instância superior, no caso TJ ou TRF. 
No inciso XIV, há um equívoco prático não observado pelo legislador. Não obstante 
no artigo 399 do CPP constar o recebimento da denúncia, a mesma é recebida quando 
não verificadas as hipóteses de rejeição, previstas no artigo 395 do CPP. Portanto, o 
recebimento da denúncia se dá antes da citação e resposta acusação e não após. Caso 
fosse, poderíamos incorrer em uma absolvição sumária (artigo 397 do CPP) antes mesmo 
de iniciar uma ação penal, o que seria ilógico.
Assim, entendo que onde se lê artigo 399, deve ser lido artigo 395 do CPP. Caso 
aplicasse o artigo 399 do CPP, o juiz das garantias seria o responsável pela designação 
41
da audiência de instrução processual, sem pauta ou agenda do juiz da instrução, podendo 
ocorrer muitos conflitos e na prática se tornar inviável. 
O artigo 3º-C retira da competência do juiz das garantias os crimes de menor 
potencial ofensivo. Isso quer dizer que nos crimes de competência dos juizados especiais 
criminais permanecem sob a tutela de um único juiz, podendo, nesses casos, o juiz 
da instrução atuar na fase de investigação, sem causar impedimento. Claro que serão 
raríssimos casos, mas pode ocorrer de um acesso à informação sigilosa durante uma 
investigação de crime de menor potencial ofensivo ser determinado pelo juiz que julgará 
o processo.
Ao receber a denúncia, a atuação do juiz das garantias se encerra, sendo remetido 
os autos ao setor de distribuição para que seja remetido ao juiz competente para processar 
e julgar. Qualquer questão pendente após o recebimento deverá ser analisada pelo juiz da 
instrução (artigo 3º-C, §1º)
Importante frisar que o parágrafo terceiro do artigo 3º-C determina que os autos 
permaneçam no cartório do juízo das garantias. Esse juízo será o do juiz que atuou na 
fase de investigação. Ou seja, nenhuma peça da fase de investigação acompanhará a 
denúncia, salvo os documentos relativos às provas irrepetíveis e medidas de obtenção 
de provas ou de antecipação de provas. Essa inclusão é de extrema importância, pois as 
provas deverão ser produzidas no processo, sob o crivo da ampla defesa e contraditório. 
A ideia é que o juiz não contamine seu convencimento com o inquérito, ele deve 
conhecer as provas de forma originária. Haverá uma separação daquilo que foi produzido 
na investigação com aquilo que será produzido na fase processual. Isso surtirá efeito 
principalmente no interrogatório do réu e nos depoimentos de policiais. 
Voltando a ordem do código, no parágrafo segundo do artigo 3º-C, o juiz da 
instrução ao receber os autos, terá 10 dias para reexaminar todas as medidas cautelares 
em curso, tanto as reais quanto as pessoais, vez que o juiz da instrução não está vinculado 
às decisões do juiz das garantias, podendo revogar, caso não veja necessidade na 
manutenção das medidas. 
O prazo de 10 dias foi interessante, pois obriga ao juiz da instrução analisar logo 
assim que receber os autos, sendo a primeira providência a ser tomada. 
Por fim, o parágrafo quarto assegura a todas as partes o acesso aos autos 
acautelados na secretaria do juízo das garantias, conforme já mencionado, o juízo que ficou 
na competência de atuar na fase investigativa, caso não seja criado varas especializadas.
O artigo 3º-D trata de um impedimento ao juiz que atuar na fase de investigação 
para atuar na fase processual. Na verdade, o artigo cita os artigos quarto e quinto do 
CPP, que não traz competência de juiz. Todavia, entendo que o legislador quis foi criar 
42
impedimento a quem praticasse atos no inquérito, vez que os artigos estão relacionados 
ao inquérito.
O juiz que atuar na fase de investigação, denominado juiz das garantias, ficará 
impedido de atuar e julgar o processo. Tem-se então mais uma modalidade de impedimento 
do Juiz. No meu sentir, essa é a principal mudança no código de processo penal. Não vejo 
uma criação de uma classe de juiz e sim de regra de impedimento. Mais adiante tratarei 
melhor desse tema.
O parágrafo único traz apenas uma forma de organização para funcionar o juiz 
das garantias em comarca que funciona apenas um juiz. Entendo que poderão ser criado 
núcleos com juízes das garantias por região, atendendo diversas comarcas próximas que 
funcionam apenas um juiz. De qualquer forma, a sugestão de distribuição cruzada é de 
grande valia. Havendo comarca com apenas um juiz, este atuará como juiz das garantias.Encerrada a fase de investigação, passará para a comarca mais próxima. Isso poderá 
ocorrer em forma de distribuição cruzada, quando um juízo se torna juízo das garantias 
do outro. 
Entretanto, há argumentos que parágrafo único do artigo 3º-D interfere na 
organização judiciária, violando, assim, o poder de auto-organização desses órgãos (art. 
96 da Constituição Federal) e usurpando sua iniciativa para dispor sobre organização 
judiciária (art. 125, § 1º, da Constituição Federal), o que poderá ser declarada a sua 
inconstitucionalidade.
Já o artigo 3º-E apenas determina que a competência para designar o juiz das 
garantias será a organização judiciária do ente responsável. Não criar ou usurpa a função 
da lei de iniciativa dos tribunais. Há apenas indicação que a organização judiciária que 
designará o juiz responsável, visto que com o impedimento do juiz das garantias, o 
substituto legal assumirá o processo para instrução e julgamento.
Para finalizar esse tópico, o artigo 3º-F, traz uma significativa mudança. O juiz das 
garantias assegurará que não haja acordo ou ajuste por parte da autoridade policial com 
órgãos de imprensa para publicação de imagem de preso. Tal situação foi também objeto 
da lei de abuso de autoridade, dentro daquele contexto. 
Frisa-se que o próprio artigo traz prazo de 180 dias para que seja regulamentada a 
forma como será divulgada a prisão, garantindo assim o direito à informação, sem atentar 
a dignidade do preso.
Há ainda um ponto a ser lembrado. A aplicação do juiz das garantias nos tribunais. 
Em razão dos processos originários por motivo de prerrogativa, por exemplo, teremos 
investigação em que atos serão decididos pelos tribunais. 
43
A lei 8.038/1990, nos artigos 1º a 5º, estabeleceu as normas de processamento de 
ações originárias e de inquéritos nos tribunais superiores. A Lei n. 8.658/1993 estendeu 
sua eficácia aos TJs e TRFs.
Entendo que não foi a intenção do legislador incluir juiz das garantias nos tribunais 
superiores. Explico.
Veja que o acordo de não persecução penal introduzido no artigo 28-A foi também 
incluído no artigo 1º, §3º da lei 8.038/1990, lei que trata da competência originária do 
STF e STJ. Caso fosse do interesse do legislador incluir o juiz das garantias nos tribunais 
superiores, teria o feito, alterando a lei 8.038/1990.
Há quem defenda que não precisava ser inserido na lei 8.038/1990. Penso o 
contrário, vez que o acordo de não persecução penal também não precisaria, mas o 
legislador fez questão de incluir na lei supracitada. Por essa razão, vejo que realmente 
não deve ser aplicado nos tribunais superiores, em que pese ver necessidade. 
Importante ressaltar outra exceção ao juiz das garantias, além dos juizados 
especiais. A lei 12.694/2012 foi modificada, acrescentando o artigo 1º-A que regulamenta 
a formação de varas criminais colegiadas. No §1º do referido artigo, fica estabelecida a 
competência da vara colegiada para atos da fase de investigação, processual e inclusive 
execução penal. 
Dentro desse prisma, não se deve aplicar o juiz das garantias nos casos de 
competência do tribunal do júri. As varas criminais colegiadas, bem como as ações 
originárias nos tribunais, não terão a figura do juiz das garantias por entender que, se 
tratando de decisões colegiadas, a imparcialidade não corre risco de ser violada. No 
tribunal do júri, em razão da competência para julgar ser do conselho de sentença, ou 
seja, dos jurados, chega a conclusão que se aplica a mesma situação dos tribunais e 
varas criminais colegiadas. 
Com isso, pode-se observar que o juiz das garantias atuará, salvo em casos de 
varas colegiadas, tribunais e crimes de competência dos Juizados Especiais Criminais, 
por se tratar de procedimento com dinâmicas específicas.
Trago a questão da constitucionalidade do juiz das garantias. Logo após a publicação 
da lei anticrime, houve a interposição de diversas ADI´s arguindo a inconstitucionalidade 
do juiz das garantias e alguns outros artigos modificados pela lei. 
Os principais argumentos eu trago abaixo com algumas considerações.
i. Lei federal, que criou a figura do juiz das garantias é lei geral de eficácia 
contida, que depende, para sua eficácia plena, da criação respectiva do juiz 
44
das garantias nas leis de organização judiciária da Justiça da União e dos 
Estados. Inconstitucionalidade dos dispositivos que impõe a eficácia imediata.
Neste ponto, alega a inconstitucionalidade visto que a lei federal, em regra geral, 
instituiu um novo cargo, o juiz das garantias. Afirma que criou normas gerais e normas 
procedimentais, tais como competência, os atos que deverá praticar, vedação de agir de 
ofício e demais atos. Assevera que adentrou em matéria de competência concorrente, 
vez que dispôs sobre normas da fase pré-processual. Por fim, neste ponto, entende ser 
inconstitucional o artigo 20 da lei anticrime, pois é norma de eficácia contida e não pode 
ser aplicada de forma imediata. 
Ouso discordar. Não há alguma inconstitucionalidade. O principal ponto em 
questão é saber se foi criada uma função, um novo cargo, ao instituir o juiz das garantias 
ou apenas uma regra de impedimento, dividindo funcionalmente a competência da fase 
investigativa para o primeiro juiz que atuar no caso.
Ainda que fosse regra de competência em relação matéria e o leitor discorde 
sobre todos os pontos aqui mencionados de que se trata de regra de impedimento e 
divisão funcional da competência, o artigo 22, I, da CF incumbe privativamente à União 
a disciplina do direito processual, sendo o tema “competência” notadamente afeto à 
matéria. A atribuição dos Estados atinente à respectiva organização judiciária não afasta 
a prerrogativa da União de estabelecer regras sobre processo e, em consequência, editar 
normas que acabam por influenciar a atuação dos órgãos jurisdicionais locais19.
O artigo 3º-B não cria varas judiciais, não se definem limites e não estabelece o 
número de magistrados a serem alocados aos juízos das garantias (caso entenda pela 
criação do juízo, o que discordo).
Adianto que, resolvida essa dúvida que trago sobre a questão do impedimento, 
com a devida vênia, todos os argumentos das ADI´s citadas caem por terra. 
Ao argumentar que o legislador restringiu, até mesmo entender que a norma é de 
eficácia contida, tem como premissa a criação de uma nova função ou até mesmo de uma 
vara especializada em inquéritos, além de trazer novatio legis sobre inquérito.
Ocorre que não foi criado um juiz para cuidar do inquérito. O juiz que já cuidava 
do inquérito, que antes podia julgar, não poderá mais julgar o processo, pois se criou uma 
regra de impedimento. As citadas jurisprudências na peça vestibular das ADI´s, na parte 
que diz respeito ao inquérito, se trata de legislação que disciplina inquérito, o que não é o 
caso dos artigos objeto da ação. 
19 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 19 DISTRITO FEDERAL RELATOR 
: MIN. MARCO AURÉLIO. DATA DE PUBLICAÇÃO DJE 29/04/2014 - ATA Nº 56/2014. DJE nº 80, divulgado 
em 28/04/2014.
45
Em nenhum momento foram criadas regras para o inquérito. Foi apenas criada 
uma regra de impedimento para o juiz que atuar na fase investigativa. Permita-me ser 
repetitivo quanto a essa nova regra de impedimento, mas esse é o foco.
Os comentários tecidos nas ADI´s dão a entender a criação de cargo e que deve 
ser implementado de forma imediata o juiz das garantias. O que será implementado 
de forma imediata é a regra do impedimento. Não se criará, através da lei anticrime, 
uma nova vara, uma central de inquérito, ou algo que o valha, mas, aplicado de forma 
imediata o impedimento do juiz que atuou na fase do inquérito. Ao receber a denúncia, o 
juiz simplesmente encaminhará o processo ao setor de distribuição, que encaminhará o 
processo para o substituto legal para processar e julgar, permanecendo os autos da fase 
investigativa no juízo que ficou como juízo das garantias.
Repare que houve uma divisão funcional da competência e impedimento. Vale aquitrazer à baila trecho da carta aberta de juízes federais defendendo o juiz das garantias20. 
Ao dispor sobre o “juiz de garantias”, a nova lei estabelece uma hipótese de 
divisão da competência funcional do juízo e de impedimento decorrente dessa 
divisão: a competência do “juiz das garantias” finda ao ser recebida a denúncia 
ou queixa (art. 3º-A, CPP), de modo que, se uma/um magistrada/o atuar na fase 
preliminar de investigação, não terá competência funcional para jurisdicionar 
no processo, porquanto objetivamente impedida/o de instruir e julgar as ações 
penais dela originada, sob pena de nulidade de suas decisões[1] (art. 3º-D, CPP).
Eventuais dificuldades logísticas decorrentes do afastamento do juiz das garantias/
juiz da instrução e julgamento da sede do juízo onde tramita o inquérito/ação 
penal podem ser resolvidas com regras de distribuição dos feitos entre juízas/
es com competência criminal a serem editadas pelos tribunais e com recursos 
tecnológicos do processo eletrônico, que tornam cada vez mais realizável a 
ideia de “núcleos regionais das garantias”[2] criados a partir de critérios prévios, 
impessoais e objetivos. Mesmo em uma vara única em que atuem dois juízes, 
por exemplo, basta determinar que, no processo em que um deles atue como 
juiz de garantias, o outro jurisdicione como juiz de processo e vice versa. Não há 
órgão novo. Não há nova instância. Há divisão funcional de competência.
Veja que o juiz das garantias nada mais é que uma denominação ao juiz que atuar 
na fase de inquérito. 
Percebe-se que no parágrafo único do artigo 3º-D, diz que “nas comarcas em que 
funcionar apenas um juiz”, ou seja, se a comarca tiver dois juízes, não se criará um novo 
cargo, uma nova classe, simplesmente o juiz que atuar na fase de investigação ficará 
impedido e deverá ser encaminhado ao outro juiz da comarca, seu substituto legal, que 
continuará atuando nos demais processos criminais, cíveis e de juizados, que estão sob 
sua responsabilidade, como já ocorre em outros casos de impedimento.
20 https://www.conjur.com.br/2020-jan-02/juizes-federais-publicam-carta-defesa-juiz-
garantias. Acessado em 10.1.2020.
https://www.conjur.com.br/2020-jan-02/juizes-federais-publicam-carta-defesa-juiz-garantias
https://www.conjur.com.br/2020-jan-02/juizes-federais-publicam-carta-defesa-juiz-garantias
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Ao trazer que caberá aos Tj´s ou STJ, a depender do âmbito, a iniciativa de elaborar 
lei que vier a criar novas varas, cargos e alterar a organização e divisão judiciárias, entende-
se que a lei anticrime criou algo, o que não procede.
A atuação do juiz das garantias na fase investigativa nada mais é do que a atuação 
de qualquer juiz nessa fase. Não será necessário implementar novos juízes, novos 
servidores, impactos no orçamento, nada. O juiz que atuou no inquérito fica impedido 
e o processo passará para outra vara criminal, ficando aquela vara como o juízo das 
garantias daquele processo. Não quer dizer que a vara será juízo das garantias de toda 
comarca. Havendo pedido na fase investigativa, com base na lei anticrime, será distribuído 
e doravante se tornará a vara preventa para os demais atos da fase investigativa. 
Caso os tribunais queiram criar vara especializada, um núcleo para atender 
determinada região, poderá, conforme a própria lei assim permite, visto que é da 
competência dos tribunais a iniciativa de lei para essa criação.
Todavia, para aplicação imediata, não se faz necessária a criação de vara 
especializada, novos cargos, alterar divisão judiciária ou organização. Repito, basta 
apenas aplicar a nova regra de impedimento.
ii. A criação do “Juiz das Garantias” em lei ordinária viola do art. 93, caput, da CF
Neste tópico, é arguido que cabe a LOMAN criar o juiz das garantias, uma classe 
própria de juiz, competência definida e restrita à fase de investigação, violando o artigo 93 
da CF.
Não me delongarei nesse e nos demais tópicos das ADI´s, pois como dito 
anteriormente, não se trata de uma criação de classe própria de juiz e sim de uma nova 
regra de impedimento. 
A competência não foi definida ao juiz das garantias, trazendo uma nova 
competência. Como dito, foi feita apenas uma divisão funcional da competência. O rol 
trazido no artigo 3º-B é exemplificativo. Isso pode ser visto no último inciso do artigo quando 
diz que poderá atuar em “outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput 
deste artigo”. Assim, qualquer ato relacionado à fase investigativa, caberá ao juiz criminal 
que atuou primeiro, ficando prevento. A partir desse momento, ele se torna impedido de 
permanecer no processo após o recebimento da denúncia, devendo ser remetido à vara 
competente para processar e julgar.
47
iii. A jurisdição é uma e indivisível. Violação ao princípio do juiz natural (CF, art. 
5º, LIII)
Novamente se depara com argumento relacionado a criação de algo e não apenas 
inclusão de regra de impedimento. Assevera que a jurisdição é una e indivisível, pois em 
1º grau há apenas um juiz natural (estadual ou federal).
Esse argumento vai ao encontro do momento atual, em que há atuação do juiz na 
audiência de custódia, diferentemente do juiz que irá processar e julgar o feito. 
Como dito alhures, o juiz da audiência de custódia já era considerado um juiz das 
garantias, sem essa nomenclatura, já que ele tinha o controle de legalidade do flagrante. 
Todavia, sua atuação era restrita ao artigo 310 do CPP. Agora, com a lei anticrime, o juiz 
que atuar na audiência de custódia também é um juiz de garantias. 
Sem adentrar muito nesse aspecto, já era possível dois juízes atuarem em 1º grau, 
não violando o princípio do juiz natural. 
Não há uma criação de instância interna dentro do 1º grau, mas, como dito 
exaustivamente, há um impedimento e o seu substituto legal assumirá.
iv. A criação do “Juiz das Garantias” apenas em 1ª instância configura hipótese de 
ofensa ao princípio da igualdade (CF, art. 5º, caput), que resulta na nulidade do 
próprio “Juiz das Garantias”.
Essa tese esbarra no mesmo argumento de não ter juiz das garantias em Varas 
Criminais Colegiadas.
Concordo que realmente a lei previu o juiz das garantias nos tribunais, pois não 
houve revogação expressa do artigo 2º da lei 8038/1990. Todavia, não há necessidade da 
figura do juiz das garantias em tribunais em razão das decisões de mérito serem colegiadas. 
Não será uma pessoa somente que julgará, pois caso este possa estar “viciado” pela 
atuação na fase investigativa, haverá outros para julgar. 
Ademais, o fato de a pessoa ter prerrogativa de foro o faz ter um julgamento em 
local diferente com regras diferentes, visto que a título de exemplo, quem tiver função cuja 
competência é do STF, terá seus possíveis recursos reduzidos. Todavia, isso ocorre em 
razão da função e não da pessoa, por isso não há violação da isonomia, o que a meu ver 
se aplica perfeitamente ao caso sob análise.
Os demais tópicos das ADI´s são rechaçados nos argumentos já mencionados, 
entendendo que os citados são os mais relevantes para serem trazidos à discussão.
48
Em tempo, temos a questão da aplicação da lei processual no tempo. Diante da 
previsão do artigo 2º do CPP, os atos já praticados permanecerão e o juiz das garantias 
inicia imediatamente a partir da vigência. 
Concluo que o juiz que já se manifestou em investigação que ainda não deu origem 
a uma ação penal deverá ficar impedido para atuar na fase processual. Nos casos dos 
processos já iniciados, não haverá impedimento. Lei processual penal deve ser aplicada 
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei pretérita.
Caso haja dois juízes na mesma vara e os dois tenham atuado, os dois ficarão 
impedidos. Caso somente um tenha atuado, entendo que o outro poderá instruir e julgar. 
Assim, em varas em que há dois juízes, se tornará mais fácil ainda o funcionamento do 
juiz das garantias.
Há quem defenda que somente valerá para as investigações que iniciarem. Caso 
isso ocorra, haverá violação ao princípio da imediatidade.5.2. ARTIGO 14-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia
dispositivo
correspondente.
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas 
no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos 
policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo 
objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados 
no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações 
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado 
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no 
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação 
de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá 
intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência 
dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor 
para a representação do investigado.
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares 
vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde 
que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da 
Ordem.
Essa alteração é mais uma novidade trazida pela lei anticrime. O artigo traz muitas 
especificações que fará com que seja aplicado em determinados casos. Vamos a elas.
A primeira é que o investigado deve compor o quadro da segurança pública, 
podendo ser servidor da polícia federal, rodoviário ou ferroviário federal, civil, militar e 
bombeiro militar.
49
O artigo se aplica às investigações não só de inquérito policial, mas também de 
inquérito policial militar e qualquer procedimento investigatório extrajudicial com caráter 
criminal. Tais investigações devem ser sobre o uso da força letal no exercício da profissão, 
consumado ou tentado, mesmo os que sejam amparados pelas excludentes de ilicitude. 
Outros tipos de situações não serão abarcados pelo artigo. 
Caso todos esses requisitos sejam preenchidos, o investigado terá direito a constituir 
um defensor. Na verdade, todos têm direito a constituir um defensor, independente do 
crime praticado ou de quem seja e qual a sua profissão. Até mesmo em procedimentos 
investigatórios militares e extrajudiciais. 
Os parágrafos trazem a devida citação da abertura da investigação para que o 
investigado possa constituir seu defensor. Caso não o faça, a instituição a qual estava ou 
está vinculado, será intimada para que indique um defensor. Há uma um uso equivocado da 
citação. Não há uma ação penal, portanto, entendo que deverá ser utilizada a notificação.
Entendo pertinente essa novidade legislativa, todavia, deveria ser aplicado a 
todos os casos e não somente nos casos previsto no novel artigo. Chama atenção que a 
investigação tramitará somente caso o defensor seja nomeado.
Os servidores vinculados ao exército, marinha e aeronáutica também têm direito, 
desde que os fatos estejam relacionados à Missão para garantir a Lei e a Ordem.
50
5.3. ARTIGO 28 E 28-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do 
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, 
o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá 
a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de 
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado 
a atender .
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público 
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará 
os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o 
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do 
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância 
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei 
orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, 
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá 
ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação 
judicial.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado 
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem 
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, 
o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde 
que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante 
as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
- reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de 
fazê-lo;
- renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério 
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
- prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período 
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois 
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
- pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade 
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que 
tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou 
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
- cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério 
Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o 
caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
- se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei;
- se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que 
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas;
- ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento 
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou 
suspensão condicional do processo; e
- nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em 
favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu 
defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada 
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da 
oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
51
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as 
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos 
ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com 
concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz 
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução 
perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que nãoatender aos 
requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere 
o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público 
para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o 
oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução 
penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não 
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins 
de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado 
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o 
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal 
não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins 
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo 
competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo 
de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos 
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
Essa modificação altera a forma de arquivamento dos inquéritos e cria, podemos 
assim dizer, o acordo de não persecução penal, que doravante chamaremos de ANPP. 
O ANPP já havia sido criado através de uma resolução do CNMP. Havia discussão 
sobre a sua constitucionalidade exatamente pela forma com que foi criada, pois deveria 
ter sido por lei. A lei anticrime resolve essa questão ao trazer essa possibilidade no novel 
artigo 28-A.
Irei tratar primeiramente sobre o arquivamento, que sofreu mudanças circunstanciais 
em razão da separação do papel de julgador com o de acusar. 
Antes da lei anticrime, o arquivamento do inquérito, quando era o caso, poderia 
ser opinado pela autoridade policial e, após o encaminhamento ao Ministério Público, este 
poderia denunciar, caso entendesse que havia elementos suficientes para propositura da 
ação penal ou requerer ao juízo o arquivamento. 
Após o envio do pedido de arquivamento ao juízo competente, o juiz poderia 
homologar o arquivamento ou, em caso de não concordar com o arquivamento, remeter 
ao procurador geral para que este oferecesse a denúncia, ou requisitar diligências ou que 
fosse encaminhado a outro membro do Ministério Público para que oferecesse denúncia. 
Caso insistisse com o arquivamento (princípio da devolução), o juiz era obrigado a arquivar. 
Esse procedimento era e é muito criticado pelos doutrinadores, pois viola o sistema 
acusatório, vez que o juiz já estaria valorando as provas, ferindo a imparcialidade.
52
Entretanto, esse controle judicial sobre o arquivamento foi suprimido do código, 
colocando outras situações para quando ocorrer o arquivamento.
Diante da leitura do novo artigo 28 do CPP, não há mais a possibilidade do 
magistrado considerar improcedentes as razões invocadas pelo Ministério e remeter ao 
procurador geral, visto ter sido retirado dele a homologação do arquivamento. 
Agora, com a nova lei, será semelhante como ocorre no Supremo Tribunal Federal, 
que “promovido o arquivamento do Inquérito Policial pelo Chefe do Ministério Público da 
União, sem que seu fundamento seja capaz de constituir coisa julgada material, não cabe 
ao STF manifestar discordância, mas tão somente homologar o arquivamento nos termos 
da promoção do Procurador-Geral da república, nos termos de sua atribuição natural 
prevista na Lei Complementar nº 75/1993, por decisão de natureza administrativa”21, 
apenas retirando do magistrado a função de homologar, que caberá ao órgão revisional 
do Ministério Público.
Ordenado o arquivamento, deverá a vítima ser comunicada, assim como o 
investigado e a autoridade policial. Essa comunicação à vítima é necessária, pois o 
parágrafo primeiro do artigo 28 do CPP permite que, em caso de não concordância, 
submeter a matéria para que seja novamente apreciada pelo órgão revisor do Ministério 
Público. O prazo da vítima para se manifestar será de 30 dias.
Esse órgão revisor já tem funcionado no âmbito da justiça federal, que no artigo 
62, IV da lei Complementar nº 75/1993 traz essa previsão22.
Há vozes que entendem que esse órgão revisor trará custos adicionais ao 
Ministério Público e por isso essa alteração é inconstitucional, pois demanda alteração em 
lei orçamentária. Com a devida vênia, discordo pois já há essa forma em determinados 
casos e o Ministério Público demandará Procuradores que já atuam como revisores, 
formando assim um Conselho.
Quando o crime for praticado em detrimento de algum ente federativo, o chefe do 
órgão poderá provocar a revisão do arquivamento. 
O arquivamento quando ordenado deverá ser encaminhado à instância de revisão 
criminal do próprio Ministério Público a fim de ser homologado, ao contrário do que ocorria 
à época do falecido artigo 28 anterior à lei anticrime. Há uma pequena confusão do texto, 
pois dá a entender que independente da discordância da vítima, haverá essa remessa ao 
órgão revisor do Ministério Público para homologação. 
21 Távora, Nestor e Alencar, Rosmar. Curso de direito processual penal – 11. Ed. Re., ampl. E 
atual. Salvador. Ed. JusPodivm, 2016. Página 193.
22 Távora, Nestor e Alencar, Rosmar. Curso de direito processual penal – 11. Ed. Re., ampl. E 
atual. Salvador. Ed. JusPodivm, 2016. Página 187.
53
Na prática, a remessa ao órgão revisor do Ministério Público para revisão se dará 
após 30 dias da intimação da vítima ou de seu representante legal.
Cito a forma como os professores Aury Lopes Junior e Alexandre Morais da Rosa 
chegaram à uma conclusão, expressado em artigo publicado no Conjur23:
“Então o arquivamento deve se dar em duas fases:
a) primeira fase: o representante do Ministério Público emite manifestação pelo 
arquivamento, comunica formalmente vítima e investigados, quando existentes, 
advertindo expressamente da possibilidade recursal em 30 dias (prazo que se 
conta da respectiva intimação e não da juntada aos autos, na linha do art. 798, 
do CPP);
b) segunda fase: Efetivadas as comunicações formais, ausente pedido voluntário 
de revisão da vítima (ou seu representante), investigado ou autoridade 
investigadora, devidamente certificado o prazo, sobem os autos para homologação 
do arquivamento pelo órgão competente da Instituição do Ministério Público que 
pode confirmar ou divergir, total ou parcialmente, caso em que será designado 
novo membro do Ministério Público para o exercício da ação penal.”
De qualquer forma, deverá o juiz das garantias ser informado, em razão da previsão 
do artigo 3º-B, inciso IV.
Passa-se para o artigo 28-A. Uma grande inclusão trazida pela lei anticrime. O 
conserto realizado pela falha da resolução 181/2017, modificada pela resolução 183/2018 
do CNMP: O Acordo de Não Persecução Penal, o ANPP.
Falo que foi um conserto, pois uma das maiores críticas ao acordo de não 
persecução penal previsto na resolução era quanto a sua forma, que deveria ter sido 
prevista por lei, sendo dissipada a discussão em razão da previsão ora trazida pela lei 
anticrime.
De acordo com Vinicius Gomes de Vasconcellos, “trata-se de mecanismo 
consensual, em que o imputado se conforma com a imposição de sanção (não privativa 
de liberdade) em troca de eventual benefício, como redução da pena e a não configuração 
de maus antecedentes”24.
Em razão do artigo ser extenso e de algumas modificações serem de fácil 
entendimento com uma simples leitura, tratarei dos pontos mais importantes e nebulosos 
do artigo.
O caput traz os requisitos para celebração do acordo: (i) confessado formal e 
circunstancialmente a prática de infração penal; (ii) infração penal sem violência ou grave 
ameaça, (iii) infração penal com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, (iv) não ser cabível 
transação penal, (v) se o investigadofor reincidente ou elementos probatórios indiquem 
condutas habitual, reiterada ou profissional, (vi) o investigado não ter sido beneficiado nos 
23 https://www.conjur.com.br/2020-jan-10/limite-penal-procede-arquivamento-modelo. 
Acessado em 10.1.2020.
24 https://www.conjur.com.br/dl/modificacoes-processuais-projeto.pdf. Acessado em 8.1.2020
https://www.conjur.com.br/2020-jan-10/limite-penal-procede-arquivamento-modelo
https://www.conjur.com.br/dl/modificacoes-processuais-projeto.pdf
54
últimos 5 anos em transação penal, suspensão condicional do processo ou ANPP e (vii) 
não ter o investigado praticado crimes no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Não concordo com o requisito i. Não entendo que para realização do acordo seja 
necessário a confissão formal. Caso não cumpra, mesmo que essa confissão não possa 
ser utilizada, já um conhecimento de todos os pormenores, violando o princípio da ampla 
defesa e contraditório.
O requisito iii é intrigante, pois, no projeto inicial, estava pena máxima de quatro 
anos. A alteração fez ampliar a gama de infrações que poderão ocorrer o ANPP.
Requisito v, trazido no §2º, inciso II do artigo 28-A, traz um elemento demasiadamente 
subjetivo, pois deixa ao critério do juiz das garantias analisar se a conduta é habitual ou 
não. Caso fosse mencionado crime habitual, a classificação do crime já responderia a 
questão, mas não, trouxe se a conduta é habitual, reiterada ou profissional. 
Acredito que haverá discussão a respeito desse item. Ademais, a parte final do 
inciso traz uma exceção para desconsiderar as infrações penais pretéritas: insignificantes. 
Há um erro conceitual, pois se forem insignificantes, deixa de ser infração penal, visto a 
ausência de tipicidade material. Como disse, acredito em discussões nesse ponto.
As condições trazidas pela lei podem ser cumulativas ou alternativas, o que facilita 
muito na hora de ajustar o acordo. Costumam ser cumulativas, sem abrir margem, mas 
neste caso o legislador foi feliz em possibilitar que sejam alternativas. 
Na verdade, as condições configuram antecipação de penas restritivas de direito, 
evitando tão somente um processo penal, indo direto para a sanção penal. Mas em razão 
da confissão, pode ser a saída para desafogar os processos e tornar o judiciário mais 
célere. No entanto, vejo com duvidosa constitucionalidade a necessidade de confessar e 
as condições terem características de sanções penais.
As condições são: (i) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; (ii) renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; (iii) prestar serviço 
à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Código Penal; (iv) pagar prestação pecuniária, a ser 
estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de interesse 
social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função 
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou 
(v) cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde 
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
55
O parágrafo primeiro nos diz que para aferição da pena mínima de quatro anos, 
deverão ser consideradas as causas de aumento e diminuição. Lembrando que para as 
causas de aumento, considera-se o grau mínimo25 e para as causas de diminuição o grau 
máximo26.
Importante trazer à baila a situação do tráfico privilegiado. Sabe-se que quando 
o réu é primário, tem bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem 
integre organização criminosa, fará jus à causa de diminuição de 1/6 a 2/3.
Fica a pergunta se poderá, já na fase de investigação, propor o ANPP em casos 
de tráfico privilegiado. Há quem afirme que não, pois a confirmação de tráfico privilegiado 
somente se materializará em sede de sentença, após a devida investigação e instrução, 
pois será verificado se realmente não se dedica às atividades criminosas e nem integre 
organização criminosa. Ademais, o juiz das garantias, que homologará o acordo, não tem 
o condão de analisar se o investigado se dedica ou não a atividades criminosas ou integre 
organização criminosa.
Todavia, penso que quando o legislador incluiu o inciso II no §2º do artigo 28-A, 
impedindo a proposta de ANPP quando o juiz das garantias verificar que há elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, abriu brecha 
para que verifique se incide ao investigado a causa de diminuição prevista no parágrafo 
quarto do artigo 33 da lei 11.343/2006.
O acordo deverá ser escrito, com a participação de todos os atores e haverá uma 
audiência para homologação, a fim de constatar a voluntariedade por parte do investigado, 
que ele não tenha sido pressionado. A presença do seu defensor é obrigatória. 
O parágrafo quinto me chama atenção para um seguinte aspecto: se o juiz 
considerar insuficientes. 
Ao homologar o ANPP, o juiz poderá verificar se as condições são inadequadas, 
insuficientes ou abusivas e devolverá os autos ao Ministério público para reformular a 
proposta.
O Artigo 3º-C deixa claro que a função do juiz das garantias é o controle da 
legalidade e salvaguardar os direitos individuais, vedando atuação de ofício e substituição 
em atuação probatória.
25 Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime 
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for 
superior a um ano.
26 Entretanto, em se tratando de crime tentado, deve ser considerada a menor pena cominada 
em abstrato para o delito, reduzida pela fração máxima prevista no art. 14, II, do Código Penal, isto é, de 2/3, 
o que possibilita a suspensão condicional do processo, na medida em que a pena mínima em abstrato, com 
a redução pela tentativa, é inferior a 1 ano. (STJ; HC 505.156; Proc. 2019/0111147-1; SP; Rel. Min. Rogério 
Schietti Cruz; DJE 21/10/2019)
56
Não cabe ao juiz das garantias ampliar a sanção penal. Essa parte do parágrafo 
vai de encontro ao sistema acusatório e a finalidade do juiz das garantias. Não pode o juiz 
ir contra o indivíduo e considerar que a sanção foi insuficiente e demandar um aumento na 
sanção. Completamente inconstitucional essa parte da alteração. 
Caberá ao Ministério Público a remessa do ANPP ao juízo da execução penal 
para início do cumprimento, após a devida homologação. A homologação somente poderá 
ocorrer quando preenchidos os requisitos, com as considerações trazidas no §5º.
Em razão da voluntariedade, o investigado poderá recusar o ANPP, caso não 
esteja de acordo com as condições. Deve ficar atento que se trata de acordo, podendo ser 
negociadas as condições e o Ministério Público aberto à negociação. Caso contrário, não 
há sentido no ANPP.
Caso seja recusado, o Ministério público seguirá com as investigações ou, caso 
esteja satisfeito com as provas até então colhidas, oferecerá denúncia. 
Sempre a vítima será intimada caso o acordo seja realizado ou até mesmo 
descumprido, para que fique ciente da atuação estatal no caso.
Durante a execução, caso haja descumprimento das condições, o Ministério 
Público comunicará ao juízo e oferecerá denúncia, caso não haja mais diligências a serem 
realizadas e se for o caso de oferecimento. 
O descumprimento poderá fazer com que o Ministério público não ofereça o 
SUSPRO, caso seja possível, visto a prova de que o investigado não tem dado a devida 
importância aos cumprimentos de condições para não ser processado.
Não poderá constar em certidões o ANPP realizado, somente deverá ter registro 
para fins de impedir novo ANPP.
Cumprido o ANPP, a punibilidade será extinta. E caso o MinistérioPúblico não 
ofereça o acordo, deverá o juiz das garantias encaminhar a instância de revisão do 
Ministério Público, conforme preceitua o artigo 28, modificado pela lei anticrime. Isso se 
dá, visto que o ANPP se torna um direito subjetivo do investigado. Caso preencha os 
requisitos, o ANPP tem que ser oferecido, assim como ocorre com a transação penal e 
SUSPRO.
57
5.4. ARTIGO 122 E 124-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 
133, decorrido o prazo de 90 dias, após transitar em 
julgado a sentença condenatória, o juiz decretará, 
se for caso, a perda, em favor da União, das coisas 
apreendidas (art. 74, II, a e b do Código Penal) e 
ordenará que sejam vendidas em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido 
ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou 
a terceiro de boa-fé.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as 
coisas apreendidas serão alienadas nos termos do 
disposto no art. 133 deste Código.
Parágrafo único. (Revogado).
Não existia dispositivo correspondente. Art. 124-A. Na hipótese de decretação de 
perdimento de obras de arte ou de outros bens de 
relevante valor cultural ou artístico, se o crime não 
tiver vítima determinada, poderá haver destinação 
dos bens a museus públicos.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, o juiz, de oficio ou a requerimento do 
interessado, determinará a avaliação e a venda dos 
bens em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido 
ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou 
a terceiro de boa-fé.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, o juiz, de oficio ou a requerimento do 
interessado ou do Ministério Público, determinará 
a avaliação e a venda dos bens em leilão público 
cujo perdimento tenha sido decretado.
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres 
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro 
de boa-fé.
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao 
Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver 
previsão diversa em lei especial.
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o 
interesse público, a utilização de bem sequestrado, 
apreendido ou sujeito a qualquer medida 
assecuratória pelos órgãos de segurança pública 
previstos no art. 144 da Constituição Federal, 
do sistema prisional, do sistema socioeducativo, 
da Força Nacional de Segurança Pública e do 
Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de 
suas atividades.
§ 1º O órgão de segurança pública participante das 
ações de investigação ou repressão da infração 
penal que ensejou a constrição do bem terá 
prioridade na sua utilização.
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o 
interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do 
bem pelos demais órgãos públicos.
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste 
artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o 
juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão 
de registro e controle a expedição de certificado 
provisório de registro e licenciamento em favor 
do órgão público beneficiário, o qual estará isento 
do pagamento de multas, encargos e tributos 
anteriores à disponibilização do bem para a sua 
utilização, que deverão ser cobrados de seu 
responsável.
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal 
condenatória com a decretação de perdimento dos 
bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de 
boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência 
definitiva da propriedade ao órgão público 
beneficiário ao qual foi custodiado o bem.
58
A presente modificação diz respeito à destinação dos bens. No artigo 122, 
vislumbra-se a concentração sobre a forma que será destinado o bem no artigo 133, 
revogando o parágrafo único, visto que o dinheiro não será mais destinado ao tesouro 
nacional, conforme veremos a seguir.
Quanto ao artigo 124-A, mais uma inovação trazida pela lei anticrime. Tem por 
finalidade prever a destinação de obras de arte ou outros bens de valor cultural aos museus 
públicos, caso não haja vítima determinada. Uma mudança significativa, pois enriquece 
a cultura brasileira, em razão de várias obras de artes caríssimas serem frutos de crimes 
antecedentes.
No artigo 133 tem a inclusão do Ministério Público como legitimado ativo, a 
destinação do dinheiro apurado aos cofres públicos e não mais ao tesouro nacional e, o 
valor apurado, ao Fundo Penitenciário. 
Posteriormente temos o inovador artigo 133-A, que permite antes do trânsito 
em julgado, quando for interesse público, a utilização de bens sujeitos às medidas 
assecuratórias pelas polícias, pelo sistema prisional, socioeducativos, força nacional e 
Instituto Geral de Perícia, estritamente para desempenhar atividades relacionadas ao 
serviço. Também poderão ser autorizados outros órgãos públicos, desde que demonstrado 
interesse público. 
Caso seja veículo, embarcação ou aeronave, o juiz determinará ao órgão 
competente a transferência provisória, permanecendo quaisquer dívidas em nome do 
proprietário anterior. 
Em caso de trânsito em julgado com o perdimento do bem, poderá ocorrer a 
transferência definitiva. 
Quem apreendeu o bem terá prioridade no uso do bem, privilegiando, portanto, 
aquele que se esforçou na apreensão.
5.5. ARTIGO 157 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas 
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas 
em violação a normas constitucionais ou legais.
Art. 157. (...)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo 
da prova declarada inadmissível não 
poderá proferir a sentença ou acórdão.
59
Dentro da sistemática do art. 5.º da CF, que estabelece as regras e princípios 
visando à proteção dos direitos fundamentais, sobressai a vedação ao uso de provas 
obtidas por meios ilícitos (art. 5.º, LVI)27.
O artigo 157 do CPP trata do presente tema que teve inclusão do parágrafo quinto 
de extrema importância.
Guilherme de Souza Nucci28 refere que:
“a partir da nova redação conferida ao art. 157, caput, do CPP, soa-nos nítida a 
inclusão, no termo maior provas ilícitas, daquelas que forem produzidas ao arrepio 
das normas constitucionais ou legais. Logo, infringir a norma constitucional ou 
qualquer lei infraconstitucional (direito material ou processual), pois não fez o 
referido art. 157 nenhuma distinção, torna a prova ilícita. Este é, pois, o gênero 
e não a espécie”.
Professores Rosmar Alencar e Nestor Távora29, afirmam que:
“A produção de prova ilícita pode ser de extrema prejudicialidade ao processo. 
Os efeitos da ilicitude podem transcender a prova viciada, contaminando todo 
material dela decorrente. Em um juízo de causa e efeito, tudo que é originário 
de uma prova ilícita seria imprestável, devendo ser desentranhado dos autos.”
Observa que inadmite que qualquer prova que tenha sido originária da prova ilícita 
permaneça nos autos, pois tem o condão de contaminar todas dela decorrentes. 
Rosmar Alencar e Nestor Távora tratam em sua obra, antes mesmo da lei anticrime, 
sobre a descontaminação do julgador. Exatamente essa descontaminação do julgador, em 
tempos atrás, no Projeto de Lei n° 4.205/2001, vetada pelo Presidente, foi implementada 
pela lei anticrime. 
Extremamente acertada a decisão, pois além das provas decorrentes, o julgador 
que teve acesso à ela também está contaminado, já está em seu subconsciente a prova 
ilícita. 
Por óbvio, o juiz aqui tratado se refere ao juiz da instrução, não havendo motivo 
para ser aplicado ao juiz das garantias.
Entendo que os tribunais deverão definir melhor o conceito de “conhecer”, que 
acredito que seja o caso de ter se manifestado sobre tal prova. Todavia, mesmo diante 
dessa definição a ser realizada, entendo que o artigo veio conferir uma maior imparcialidade 
ao julgador.
27 AVENA, Norberto Pâncaro. Processo Penal Esquematizado, 6ª edição. Método, 02/2014. 
VitalBook file.
28 NUCCI, Guilherme de Souza.Código de Processo Penal comentado.8. ed. São Paulo: RT, 
2008.
29 Távora, Nestor e Alencar, Rosmar. Curso de direito processual penal – 11. Ed. Re., ampl. E 
atual. Salvador. Ed. JusPodivm, 2016. Página 626.
60
Caso o tribunal declare uma prova ilícita, o magistrado que estiver com o processo 
ficará impedido de julgar. Porventura o magistrado se depara com uma prova ilícita, não 
chegou a “conhecer”, ou seja, se manifestar sobre ela, entendendo ser lícita, e determinou 
seu desentranhamento, não há que se falar em aplicação do artigo 157, §5º. Portanto, 
vejo que a aplicação do referido parágrafo somente se aplica em casos que o magistrado 
ou relator tenha praticado atos com base na prova ilícita, ficando impedido para proferir 
sentença ou acordão.
Entendo que isso ocorre como em casos de suspeição, que pode ocorrer tanto 
na fase investigativa quanto na fase processual, sem violar o juiz natural. Todavia, como 
disse, por criar impedimento para julgar, não vejo aplicação na fase investigativa, vez que 
o juiz das garantias já está impossibilitado de julgar.
Portanto, a lei é clara ao afirmar que o juiz que tenha, em tese, se contaminado 
com a prova ilícita, fica impedido de julgar.
61
5.6. ARTIGO 158 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia 
dispositivo 
correspondente.
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados 
para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas 
de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com 
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção 
da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se 
relaciona à infração penal.
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção 
da prova pericial;
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o 
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no 
corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, 
filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito 
responsável pelo atendimento;
IV - coleta: ato de recolher o vestigio que será submetido à análise pericial, respeitando suas 
características e natureza;
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado 
de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, 
para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento;
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições 
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção 
de suas características originais, bem como o controle de sua posse;
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado 
com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia 
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de 
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de 
quem o recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia 
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado 
desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a 
ser processado, guardado para realização de contra-perícia, descartado ou transportado, com 
vinculação ao número do laudo correspondente;
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, 
quando pertinente, mediante autorização judicial.
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que 
dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a 
realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como 
descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por 
detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de 
locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude 
processual a sua realização.
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do 
material.
62
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de 
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir 
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de 
informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, 
por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento 
de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as 
informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada 
à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central 
de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, 
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a 
distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais 
que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, 
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e 
deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, 
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário 
da ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, 
devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar 
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de 
depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão 
central de perícia oficial de natureza criminal.
A prova sem sombra de dúvida é o pilar do processo penal. Tudo gira em torno da 
prova, servindo para isentar uma responsabilidade ou para legitimar a aplicação penal.
Em razão dessa grande importância que a prova possui, visto que ela é que fará 
com que se possa fazer uma retrospectiva e saber o que ocorreu no momento da prática 
delituosa, necessário que a prova não sofra nenhum tipo de interferência, vícios, esteja 
“intacta”.
O magistrado que for responsávelpela prolação da sentença tem que ter acesso 
às provas sem nenhum tipo de mácula, interferência externa. O magistrado precisa se 
convencer com provas que não tenham sua cadeia de custódia quebrada.
Além disso, as partes precisam ter a ciência de que do momento em que elas 
foram coletadas até serem descartadas não sofreram interferência. Para isso, tudo precisa 
estar documentado, desde o momento em que foi coletada até o laudo definitivo realizado, 
além que sua guarda esteja protegida, preservada, mormente quando é produzida na fase 
investigativa.
O caminho percorrido pela evidência precisa estar devidamente documentado, é 
preciso que a sua coleta, seu manuseio, seu transporte, sua análise e seu armazenamento 
estejam documentados de forma cronológica a fim de garantir que não haja nenhuma 
ilicitude na prova ou algo que a torna ilícita. 
63
A finalidade é impedir a manipulação indevida da prova com o propósito de 
incriminar (ou isentar) alguém de responsabilidade, com vistas a obter a melhor qualidade 
da decisão judicial e impedir uma decisão injusta, afirma Aury Lopes Junior e Alexandre 
Morais da Rosa em artigo publicado pelo Conjur30.
Ainda citado os doutores Aury Lopes Junior e Alexandre Morais da Rosa:
“Não se trata nem de presumir a boa-fé, nem a má-fé, mas sim de objetivamente 
definir um procedimento que garanta e acredite a prova independente da 
problemática em torno do elemento subjetivo do agente. A discussão acerca da 
subjetividade deve dar lugar a critérios objetivos, empiricamente comprováveis, 
que independam da prova de má-fé ou ‘bondade e lisura’ do agente estatal.
Do contrário, ficaremos sempre na circularidade ingênua de quem, acreditando na 
‘bondade dos bons’ (Agostinho Ramalho Marques Neto), presume a legitimidade 
de todo e qualquer ato de poder, exigindo que se demonstre (cabalmente, é claro) 
uma conduta criminosa e os ‘motivos’ pelos quais uma ‘autoridade’ manipularia 
uma prova... Eis a postura a ser superada.”
Em determinadas provas, há uma clara necessidade de se evitar manipulações, 
como a interceptação telefônica, DNA, que a documentação da cadeia de custódia fará 
com que seja exercido com mais plenitude a defesa.
A evidência no processo precisa ser a mesma que foi coletada na cena dos fatos, 
sem nenhuma interferência. A cadeia de custódia tem a função de garantir isso. Essa 
função é de todos os atores do processo, desde quem atue somente na fase investigativa 
como quem atue na fase processual.
O fato de assegurar a memória de todas as fases do processo constitui um protocolo 
legal que possibilita garantir a idoneidade do caminho que a amostra percorreu.
Diante disso, veja a importância que essa novidade legislativa traz tanto para 
criminalística quanto para o próprio processo, evitando manipulações ou mesmo a 
desconfiança que possa ter sido manipulada a evidência.
A coleta de vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, bem 
como o seu necessário encaminhamento à central de custódia, mesmo quando necessário 
algum exame complementar. 
Qualquer vestígio coletado, na fase investigativa ou processual, deverá ser 
remetido à central de custódia, que obrigatoriamente deverá existir em cada Instituto de 
Criminalística, sob a gerência do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. 
Com fundamento no princípio da documentação, felizmente, a cadeia de custódia 
foi devidamente positivada.
30 https://www.conjur.com.br/2015-jan-16/limite-penal-importancia-cadeia-custodia-prova-
penal. Acessado em 8.1.2020
https://www.conjur.com.br/2015-jan-16/limite-penal-importancia-cadeia-custodia-prova-penal
https://www.conjur.com.br/2015-jan-16/limite-penal-importancia-cadeia-custodia-prova-penal
64
5.7. ARTIGO 282 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 282. As medidas cautelares previstas 
neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a:
- necessidade para aplicação da lei penal, 
para a investigação ou a instrução criminal 
e, nos casos expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações penais;
- adequação da medida à gravidade do 
crime, circunstâncias do fato e condições 
pessoais do indiciado ou acusado.
§ 1º As medidas cautelares poderão ser 
aplicadas isolada ou cumulativamente.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas 
pelo juiz, de ofício ou a requerimento das 
partes ou, quando no curso da investigação 
criminal, por representação da autoridade 
policial ou mediante requerimento do 
Ministério Público.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou 
de perigo de ineficácia da medida, o juiz, 
ao receber o pedido de medida cautelar, 
determinará a intimação da parte contrária, 
acompanhada de cópia do requerimento e 
das peças necessárias, permanecendo os 
autos em juízo.
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer 
das obrigações impostas, o juiz, de oficio 
ou mediante requerimento do Ministério 
Público, de seu assistente ou do querelante, 
poderá substituir a medida, impor outra em 
cumulação, ou, em último caso, decretar a 
prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).
§ 5º O juiz poderá revogar a medida cautelar 
ou substituí-la quando verificar a falta de 
motivo para que subsista, bem como voltar 
a decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem.
§ 6º A prisão preventiva será determinada 
quando não for cabível a sua substituição 
por outra medida cautelar (art. 319).
Art. 282. (...)
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz 
a requerimento das partes ou, quando no curso da 
investigação criminal, por representação da autoridade 
policial ou mediante requerimento do Ministério 
Público.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo 
de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido 
de medida cautelar, determinará a intimação da parte 
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) 
dias, acompanhada de cópia do requerimento e das 
peças necessárias, permanecendo os autos em 
juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão 
ser justificados e fundamentados em decisão que 
contenha elementos do caso concreto que justifiquem 
essa medida excepcional.
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das 
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do 
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, 
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, 
ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos 
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, 
revogar a medida cautelar ou substituí-la quando 
verificar a falta de motivo para que subsista, bem 
como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que 
a justifiquem.
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada 
quando não for cabível a sua substituição por outra 
medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, 
e o não cabimento da substituição por outra medida 
cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada 
nos elementos presentes do caso concreto, de forma 
individualizada.
Inicio, agora, os comentários às modificações realizadas nas medidas cautelares 
pessoais do código. Muitas modificações foram realizadas e, conjuntamente com a lei 
de abuso de autoridade, traz uma esperança de dias melhores sem prisões descabidas, 
desnecessárias, mas prisões estritamente legais.
Nosso ordenamento jurídico, a aplicação de medida cautelar pessoal deve obedecer 
aos princípios elencados no artigo 282 e seus incisos. Tivemos mudanças significativas 
com a lei 12.403/2011 e as falhas que permaneceram foram, aparentemente, corrigidas 
com a lei anticrime.
65
Hodiernamente nosso sistema é multicautelar, a regra é a liberdade. Não sendo 
possível, por ser a liberdade do agente prejudicial à efetividade do processo, o magistrado 
poderá lançar mão das medidas cautelares: as diversas da prisão ou a prisão preventiva. 
Não menciono a prisão temporária, pois, em que pese ser uma medida cautelar, está 
prevista em lei extravagante, e falo no presente momento somente das medidas previstasno código processual.
A prisão em flagrante, com a devida vênia de quem pensa o contrário, entendo 
ser medida pré-cautelar, visto que não tem o condão de resguardar o processo e sim 
antecede à prisão que tem essa função, no caso, a preventiva. Ela se encerra, mormente 
agora com a lei anticrime, 24 horas após a sua efetiva prisão. Portanto, não vejo como ter 
natureza cautelar.
As medidas cautelares, antes dessa reforma, poderiam ser decretadas na fase 
de investigação, somente a requerimento, ou, na fase processual, a requerimento ou de 
ofício. 
Muito se criticava a possibilidade do magistrado decretar medida cautelar de ofício 
na fase processual, visto que não se coaduna com os princípios constitucionais e o sistema 
acusatório.
Diante disso, a lei anticrime, no artigo 282, retirou a possibilidade de agir de ofício 
do magistrado, acertadamente, conforme §2º e §4º, trazendo a possibilidade de agir 
de ofício quando for o caso de revogar medida cautelar (§5º). Neste ponto, merece um 
destaque que ao liberar a revogação ou substituição de ofício das medidas cautelares 
quando não mais subsistir o motivo que a ensejou, visto que acaba sendo mais benéfico 
ao agente, acabou permitindo o magistrado agir de ofício quando for para voltar a decretar, 
se sobrevierem razões que a justifiquem.
Entendo que esta não foi a vontade do legislador, pois não faz sentido retirar todas 
as possibilidades de decretar de ofício e permitir a decretação quando sobrevierem motivo, 
ou seja, surgirem fatos novos. Acredito que houve uma falha do legislador que deverá ser 
corrigida pelos tribunais.
Adiante, trouxe o prazo para manifestação do contraditório quando o requerimento 
da medida não for urgente ou de perigo. 
Nestes casos, o juiz das garantias ou juiz da instrução deverá justificar e fundamentar 
por qual motivo o caso é urgente ou de perigo que justifique a medida. 
Um ponto importante é a demonstração da insuficiência das medidas cautelares 
para decretar preventiva.
66
No nosso ordenamento, a prisão preventiva ocorre como ultima ratio, ou seja, o 
direito penal deve ser mínimo. A intervenção estatal na liberdade do cidadão, dentro de 
um Estado democrático de Direito, somente se justifica diante de situações graves, que 
representem risco ou dano a direito fundamental31. 
O encarceramento é um mal a ser evitado, devido ao seu alto potencial estigmatizante 
e os inúmeros problemas pessoais que disso decorrem.
Entende-se que a prisão preventiva se aplicará em último caso, quando nenhuma 
outra medida puder ser aplicada. A prisão preventiva somente poderá ser decretada, 
caso não seja possível a liberdade provisória ou não seja possível substituir por medidas 
cautelares diversas da prisão.
Com a redação conferida ao artigo 282 do Código de Processo Penal pela Lei 
12.403/11, que prioriza o princípio da proporcionalidade entre a medida cautelar e o 
resultado do final do processo, passou-se a exigir para a decretação da prisão preventiva 
não apenas a presença dos pressupostos e dos requisitos trazidos pelo artigo 312 do 
Código de Processo Penal, mas, também, a sua necessidade e adequação diante do caso 
concreto, sendo a prisão preventiva a última cautelar a ser aplicada, na perspectiva de sua 
excepcionalidade, cabível apenas quando não incidirem outras medidas cautelares.
A lei anticrime trouxe de forma clara que para se decretar a prisão preventiva, 
deverá ser demonstrado o não cabimento da substituição por outra medida cautelar, de 
forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. 
Não basta mais dizer que são insuficientes, deverá dizer o motivo de serem 
insuficientes, individualizando para cada medida o motivo de não atingir o objetivo das 
cautelares.
5.8. ARTIGO 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em 
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
da autoridade judiciária competente, em decorrência 
de sentença condenatória transitada em julgado ou, 
no curso da investigação ou do processo, em virtude 
de prisão temporária ou prisão preventiva.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão 
em flagrante delito ou por ordem escrita 
e fundamentada da autoridade judiciária 
competente, em decorrência de prisão 
cautelar ou em virtude de condenação 
criminal transitada em julgado.
A modificação aqui trazida não há tanta relevância, pois vislumbro apenas um 
texto mais enxuto, colocando numa ordem cronológica mais correta, de acordo com o 
processo, sem alteração significativa. 
31 PACELLI, Eugênio. Prisão Preventiva e liberdade provisória. Ed Atlas. 2013.
67
5.9. ARTIGO 287 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta 
de exibição do mandado não obstará à prisão, 
e o preso, em tal caso, será imediatamente 
apresenta do ao juiz que tiver expedido o 
mandado.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de 
exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, 
em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz 
que tiver expedido o mandado, para a realização de 
audiência de custódia.
Em determinados casos poderá ocorrer a não possibilidade de exibir o mandado. 
A modificação aqui trazida nada muda em relação à possibilidade de se prender mesmo 
sem a exibição de mandado.
Todavia, o acréscimo realizado pela lei anticrime reforça o entendimento da 
audiência de custódia a todos os presos, em razão de preventiva ou em casos de flagrante.
O artigo trata de prisão quando não for possível a exibição de mandado, ou seja, ou 
é prisão temporária ou preventiva. Antes da lei anticrime, o agente poderia realizar a prisão, 
e, após, apresentar imediatamente ao juiz que expediu o mandado. Essa apresentação, 
com a lei nova, passa a ser a audiência de custódia, quando será verificada a necessidade 
em se manter a prisão, substituí-la por outra medida ou conceder a liberdade irrestrita. 
Em determinados casos, o mandado fora expedido há muito tempo, não cumprido, 
e, de repente, ser realizada a prisão da pessoa sem a exibição do mandado, e ter ocorrido 
já a revogação ou não ser mais necessária a prisão. 
Norberto Avena32 explica o artigo 287 da seguinte forma:
“Eventualmente, pode ocorrer que não seja possível a exibição do mandado 
à pessoa que deva ser presa. Considere-se, por exemplo, a hipótese em que 
policiais, durante a madrugada, deparem-se, em via pública, com indivíduo 
perigoso, já conhecido de operações anteriores, em relação ao qual sabem existir 
mandado de prisão pela prática de crime de roubo. Nesta situação, estabelece 
o art. 287 do CPP que, se a infração for inafiançável, a falta de exibição do 
mandado não obstará a prisão, e o preso será imediatamente apresentado ao 
juiz que tiver expedido o mandado.”
Todavia, importante lembrar sobre a logística para realização dessa audiência. 
Há quem acredite que o método da videoconferência resolva esse problema. Não sou 
favorável a audiência utilizando esse método, a não ser que o promotor de justiça esteja 
junto com o defensor. Não sendo dessa forma, entendo que há violação a paridade das 
armas.
De qualquer modo, a questão da logística será um fator a ser analisado, pois 
poderá ocorrer uma prisão em comarca distante do juízo que expediu o mandado e a 
audiência se tornar inviável, vez que não ocorrerá imediatamente. O que poderá ser feito é 
32 AVENA, Norberto. (03/2019). Processo Penal, 11ª edição [VitalSource Bookshelf version]. 
68
a audiência de custódia por juiz diverso e não pelo que expediu o mandado. Não acredito 
em violação do princípio do juiz natural, pois, em uma análise superficial, não há uma 
escolha de julgador ou um afastamento sem justificativa legal.
5.10. ARTIGO 310 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em 
flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: 
I - relaxar a prisãoilegal; ou
- converter a prisão em flagrante em preventiva, 
quando presentes os requisitos constantes do art. 
312 deste Código, e se revelarem inadequadas 
ou insuficientes as medidas cautelares diversas 
da prisão; ou
- conceder liberdade provisória, com ou sem 
fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de 
prisão em flagrante, que o agente praticou o 
fato nas condições constantes dos incisos I a 
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
poderá, fundamentadamente, conceder ao 
acusado liberdade provisória, mediante termo 
de comparecimento a todos os atos processuais, 
sob pena de revogação.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, 
no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas 
após a realização da prisão, o juiz deverá promover 
audiência de custódia com a presença do acusado, 
seu advogado constituído ou membro da Defensoria 
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa 
audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, 
quando presentes os requisitos constantes do art. 
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou 
insuficientes as medidas cautelares diversas da 
prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem 
fiança.
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 
flagrante, que o agente praticou o fato em 
qualquer das condições constantes dos incisos 
I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder 
ao acusado liberdade provisória, mediante termo 
de comparecimento obrigatório a todos os atos 
processuais, sob pena de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente 
ou que integra organização criminosa armada ou 
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, 
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem 
medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação 
idônea, à não realização da audiência de custódia 
no prazo estabelecido no caput deste artigo 
responderá administrativa, civil e penalmente pela 
omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após 
o decurso do prazo estabelecido no caput deste 
artigo, a não realização de audiência de custódia 
sem motivação idônea ensejará também a 
ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade 
competente, sem prejuízo da possibilidade de 
imediata decretação de prisão preventiva.
Muitos torciam o nariz para a audiência de custódia, pois não estava regulamentada 
por lei e sim por resolução do CNJ, nº213, alterada pela resolução nº 268.
Não era crível a irresignação à audiência de custódia com base nesse argumento, 
pois a mesma encontra respaldo em tratados referendados pelo Brasil, mormente a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), que 
traz no artigo 7º, item 5 que “toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, 
69
sem demora, à presença de um juiz”. Ademais, a Constituição Federal estabelece que os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados pelo 
mesmo quorum das emendas, serão equivalentes a esta. 
Com o advento da lei anticrime, não há mais motivo para discutir a constitucionalidade 
da audiência de custódia, que é preservada, respeitada a oralidade e contraditório, devendo 
verificar a legalidade da segregação e sua continuidade.
Todavia, não podemos falar de constitucionalidade quando nos deparamos com 
o §2º. Após longo tempo, volta a existir no meio de nós a liberdade provisória proibida, 
aquela mesmo que era prevista na lei de drogas e foi declarada inconstitucional pelo STF, 
de forma incidental, no julgamento do Habeas Corpus n.º 104.339/SP.
Além da lei de drogas, encontrava também a chamada liberdade provisória proibida 
na lei, já revogada, de organização criminosa (art. 7.º da Lei 9.034/1995), na lei de crimes 
hediondos (art. 2.º, II da lei 8.072/1990) antes da reforma realizada pela lei 11.464/2007 
e no Estatuto do desarmamento (art. 21 da Lei 10.826/2003), dispositivo este que foi 
declarado inconstitucional pelo STF no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
3.112/DF.
Não se mostra arrazoado a vedação à liberdade provisória, independentemente 
de qual crime tenha sido praticado. Para se manter uma pessoa presa provisoriamente, 
é necessário que essa liberdade seja prejudicial ao processo, que a liberdade do agente 
venha se mostrar perigosa à efetividade processual. 
A vedação à liberdade provisória, somente em razão do crime praticado, tirará a 
fundamentação da decisão que segregar a liberdade da pessoa, além de ir de encontro à 
presunção de inocência.
A vedação à liberdade provisória fará com que o juiz das garantias mantenha a 
pessoa presa sem indicar a devida fundamentação do artigo 312 do CPP, somente em 
razão da vedação. O parágrafo segundo retira do juiz competente a oportunidade de, no 
caso concreto, analisar os pressupostos da necessidade do cárcere cautelar. Para que 
o decreto de custódia cautelar seja idôneo, é necessário que o ato judicial constritivo da 
liberdade especifique, de modo fundamentado (CF, art. 93, IX), elementos concretos que 
justifiquem a medida33.
Não é dessa forma que o legislador trará maior severidade à determinadas 
categorias de crimes. Com duvidosa constitucionalidade, acredito que os tribunais 
superiores, mormente o STF, declarará a inconstitucionalidade do parágrafo segundo do 
artigo 310 do CPP.
33 Voto do Ministro Relator Gilmar Mendes no HC 104.339/SP do STF.
70
Em seguida, tem a responsabilidade a quem der causa a não realização da 
audiência de custódia, visto a tamanha importância da audiência. 
E por fim, há a garantia que o prazo para realização será de 24 horas. Prazo 
este por diversas vezes mitigado e chancelado pelos tribunais superiores que não viam 
constrangimento ilegal, entendendo ser mera irregularidade a não realização dentro do 
prazo estabelecido. 
Caso não ocorra dentro do prazo, a prisão em flagrante será imediatamente 
relaxada, não criando óbice a imediata decretação da prisão preventiva, devendo a mesma 
ser requerida, em face da impossibilidade de agir de ofício por parte do juiz das garantias.
Neste pormenor, acredito que os tribunais superiores se manifestarão sobre 
a irregularidade em não cumprir o prazo de vinte quatro horas. Hodiernamente não há 
nulidade em não cumprir esse prazo, e, infelizmente, acredito que esse pensamento 
permanecerá.
5.11. ARTIGO 311 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial 
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva 
decretada pelo juiz, de oficio, se no curso da ação 
penal, ou a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por representação da 
autoridade policial.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação 
policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento 
do Ministério Público, do querelante ou do 
assistente, ou por representação da autoridade 
policial.
A modificação aqui visualizada nada mais é que a retirada da possibilidade do juiz 
decretar de ofício a prisão preventiva na fase processual, em consonância com as demais 
alterações, salvo o §5º do artigo 282 do CPP. Trata-se de medida positiva para resguardar 
o sistema acusatório e, assim, a imparcialidade do juiz.
Entendo que essa alteração refletirá no artigo 366 do CPP. Não poderá mais o 
juiz decretar prisão preventiva de ofício, fazendo com que quaisquer artigos que traz a 
possibilidade de prisão preventiva de ofício esteja revogado tacitamente.
71
5.12. ARTIGO 312 E 313 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada 
como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência da instrução criminal, 
ou para assegurar a aplicação dalei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria.
Parágrafo único. A prisão preventiva também 
poderá ser decretada em caso de descumprimento 
de qualquer das obrigações impostas por força de 
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o).
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, 
será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa 
de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
- se tiver sido condenado por outro crime doloso, 
em sentença transitada em julgado, ressalvado o 
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal;
- se o crime envolver violência doméstica e familiar 
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a 
execução das medidas protetivas de urgência;
- (revogado).
Parágrafo único. Também será admitida a 
prisão preventiva quando houver dúvida sobre 
a identidade civil da pessoa ou quando esta não 
fornecer elementos suficientes para esclarecê-
la, devendo o preso ser colocado imediatamente 
em liberdade após a identificação, salvo se outra 
hipótese recomendar a manutenção da medida.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser 
decretada como garantia da ordem pública, da 
ordem econômica, por conveniência da instrução 
criminal ou para assegurar a aplicação da lei 
penal, quando houver prova da existência do 
crime e indício suficiente de autoria e de perigo 
gerado pelo estado de liberdade do imputado.
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser 
decretada em caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas por força de 
outras medidas cautelares (art. 282, § 4º).
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva 
deve ser motivada e fundamentada em receio de 
perigo e existência concreta de fatos novos ou 
contemporâneos que justifiquem a aplicação da 
medida adotada.
Art. 313.(...)
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva 
quando houver dúvida sobre a identidade civil da 
pessoa ou quando esta não fornecer elementos 
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso 
ser colocado imediatamente em liberdade após a 
identificação, salvo se outra hipótese recomendar 
a manutenção da medida.
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão 
preventiva com a finalidade de antecipação de 
cumprimento de pena ou como decorrência 
imediata de investigação criminal ou da 
apresentação ou recebimento de denúncia.
A modificação que veio consolidar a jurisprudência dominante dos tribunais 
superiores34. 
O periculum libertatis é o perigo gerado pela liberdade do imputado e a decisão que 
decretar a prisão preventiva deve ser fundamentada e demonstrada de forma concreta em 
elementos contemporâneos existentes nos autos.
Para decretação da prisão preventiva, necessário se faz a presença de três 
requisitos: Fumaça do cometimento do crime (a materialidade e indício suficiente de 
autoria) + Perigo na liberdade do agente (um dos fundamentos trazidos no artigo 312) + 
Cabimento (hipóteses descritas no artigo 313).35
34 STF; HC 156.600, Rel. Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Acórdão: Min. Ricardo Lewandowski, 
Segunda Turma, j. 25/09/2018, DJe 19-09- 2019 e STJ; HC 431.200; Proc. 2017/0334802-4; SP; Quinta 
Turma; Rel. Min. Joel Ilan Paciornik; Julg. 11/12/2018; DJE 19/12/2018.
35 10343042 - HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. IMPETRAÇÃO CONTRA 
DECISÃO INDEFERITÓRIA DE LIMINAR NO STJ. ÓBICE DA SÚMULA Nº 691/STF. PORTE ILEGAL 
DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO 
IDÔNEA. 1. À Vista da Súmula nº 691 do STF, de regra, não cabe ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
de habeas corpus impetrado contra decisão do relator pela qual, em habeas corpus requerido a tribunal 
superior, não se obteve a liminar, sob pena de indevida supressão de instância, ressalvadas situações em 
que a decisão impugnada é teratológica, manifestamente ilegal ou abusiva. Precedentes. A hipótese dos 
72
Para fundamentar, deverá o magistrado trazer elementos concretos presente 
nos autos que façam demonstrar que a liberdade do agente trará prejuízo à efetividade 
processual, sendo este risco atual.
A ausência de fundamentação, em que pese a possível presença dos outros 
requisitos, é fundamental para validação do decreto prisional cautelar. Não há que se falar 
em legalidade da prisão preventiva quando presentes os pressupostos (materialidade e 
indício), presente a hipótese de cabimento, mas ausente a fundamentação. 
A fundamentação da prisão preventiva ou o periculum libertatis é o risco que a 
liberdade do agente trará ao processo, atingindo a ordem pública, a ordem econômica, a 
conveniência da instrução criminal e segurança da aplicação da lei penal.
De qualquer modo, qualquer que seja o fundamento utilizado, visto que se trata de 
situações alternativas, é imprescindível a existência de prova razoável do alegado periculum 
libertatis36. Isto quer dizer que não bastam presunções, ilações, meras conjecturas, é 
preciso apontar nos autos elementos concretos que consubstanciem o fundamento 
alocado na decisão que decreta a prisão preventiva e eles serem contemporâneos. 
O renomado processualista penal Aury Lopes Júnior, ainda afirma em sua doutrina 
(Ob. Cit.): “O perigo gerado pelo estado de liberdade do paciente deve ser real, com 
suporte fático probatório suficiente para legitimar tão gravosa medida”. 
No artigo 313 houve a inclusão do parágrafo segundo, que também veio consolidar 
jurisprudência dominante dos tribunais37. A prisão provisória não possui caráter de 
antecipação de pena. Tampouco o fato de ter investigação gerará obrigatoriamente uma 
prisão preventiva. Como disse acima, necessário a devida fundamentação lastreada em 
elementos concretos. 
Da mesma forma, o fato da denúncia ser oferecida ou recebida não tem o condão 
de fazer nascer uma prisão preventiva. Não é fundamento idôneo.
autos, todavia, autoriza a superação dessa regra procedimental. 2. Segundo o art. 312 do Código de 
Processo Penal, a preventiva poderá ser decretada quando houver prova da existência do crime 
(materialidade) e indício suficiente de autoria, mais a demonstração de um elemento variável: (a) 
garantia da ordem pública; ou (b) garantia da ordem econômica; ou (c) por conveniência da instrução 
criminal; ou (d) para assegurar a aplicação da Lei penal. Para qualquer dessas hipóteses, é imperiosa 
a demonstração concreta e objetiva de que tais pressupostos incidem na espécie, assim como deve 
ser insuficiente o cabimento de outras medidas cautelares, nos termos do art. 282, § 6º, do Código de 
Processo Penal 3. No caso, o magistrado de primeiro grau lastreou sua decisão tão somente na repetição 
textual dos requisitos previstos na Lei (art. 312 do CPP). Nada foi dito acerca das particularidades do 
caso concreto. Chancelar essa decisão, portanto, equivaleria a dizer que, em qualquer caso, a decretação 
da prisão cautelar seria medida necessária, o que, a toda evidência, não se coaduna com a disciplina 
constitucional. Precedentes. 4. Ordem concedida. (Supremo Tribunal Federal STF; HC 129783; Segunda 
Turma; Rel. Min. Teori Zavascki; Julg. 15/12/2015; DJE 11/02/2016; Pág. 43)
36 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal – 13ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 
653. 
37 STF; HC 115.613, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. 25/06/2013, DJe 13-08-
2014
73
5.13. ARTIGO 315 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 315. A decisão que 
decretar, substituir ou denegar 
a prisão preventiva será sempre 
motivada.
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão 
preventiva será sempre motivada e fundamentada.
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer 
outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de 
fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da 
medida adotada.
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja 
ela interlocutória,sentença ou acórdão, que:
- limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, 
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
- empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso;
- invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão;
- não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes 
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
- limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem 
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o 
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
- deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no 
caso em julgamento ou a superação do entendimento.
As decisões devem ser fundamentadas. Assim diz a Constituição no artigo 93, 
inciso IX. A existência da fundamentação, conforme a Carta Magna, é imperativa, e a sua 
inexistência configura nulidade. 
O cidadão tem o direito de saber quais motivos levaram o magistrado decretar a 
medida cautelar. Como bem afirma o Professor Marcelo Abelha, “faz parte do próprio due 
process of law”38.
Além do mais, decisões fundamentadas não tolhem o direito de recorrer do 
investigado ou réu, pois saberá contra argumentar aos fundamentos utilizados. 
Sobre o parágrafo primeiro, recomendo a leitura do item 5.12.
No que se refere ao parágrafo segundo, há uma cópia do artigo 489, §1º do CPC. 
Para fundamentar uma decisão, não basta reproduzir o texto jurídico, necessita 
demonstrar por qual motivo aquele texto jurídico incidiu sobre aquele caso concreto. É 
preciso que faça concretização do conceito jurídico indeterminado em relação àquela 
situação.
Não é permitido que se utilize de decisão de outros casos, a decisão é personalíssima. 
Deve ser feito a subsunção de forma correta. Ademais, os argumentos levantados pela 
parte devem ser enfrentados quando eles tornarem a decisão duvidosa. O magistrado 
38 Abelha, Marcelo. Manuel de direito processual civil. 6ª ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro, 
Forense, 2016. Pág. 658.
74
deverá dizer o motivo de rejeitar os argumentos levantados pelas partes e que vão de 
encontro com a decisão. 
Não pode também o magistrado invocar um precedente, enunciado ou súmula 
sem fazer o devido cotejo analítico, mostrando que o verbete utilizado se ajusta ao caso 
concreto. 
Quando a parte demonstrar um verbete ou jurisprudência, deverá o magistrado 
fundamentar informando o motivo daquela súmula, jurisprudência ou precedente não se 
amolda ao caso concreto e por isso não o adotou. 
5.14. ARTIGO 316 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão 
preventiva se, no correr do processo, 
verificar a falta de motivo para que 
subsista, bem como de novo decretá-la, se 
sobrevierem razões que a justifiquem.
Art. 316. O juiz poderá, de oficio ou a pedido das partes, 
revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação 
ou do processo, verificar a falta de motivo para que 
ela subsista, bem como novamente decretá-la, se 
sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o 
órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua 
manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão 
fundamentada, de oficio, sob pena de tornar a prisão 
ilegal.
A grande modificação aqui se dá no parágrafo único. Como em outros casos, se 
trata de uma inovação legislativa.
Quanto à alteração do caput, é a mesma situação do parágrafo quinto do artigo 
282 do CPP. Em razão do lapso do legislador, pode ter permitido uma atuação de ofício 
quando o magistrado entender pela decretação novamente, se sobrevier novas razões 
que a justifiquem. Sobre o tema, recomendamos a leitura do item 5.7, no que diz respeito 
ao parágrafo quinto.
No parágrafo único temos a revisão periódica da prisão preventiva. Por ser a medida 
mais gravosa que o Estado poderá lançar mão em relação à liberdade do agente, a revisão 
é extremamente necessária para verificação das validades dos motivos que ensejaram a 
prisão preventiva, se permanecem os motivos, se não é o caso de substituição por outra 
medida cautelar, enfim, medida necessária para a quantidade de presos provisórios que 
possuímos hoje no país. 
Norberto Avena, diz assim em sua doutrina39:
39 AVENA, Norberto Pâncaro. Processo Penal Esquematizado, 6ª edição. Método, 02/2014. 
VitalBook file.
75
“Em verdade, o aspecto relativo à revogação das medidas pessoais de caráter 
pessoal é norteado pela cláusula rebus sic stantitus, que pode ser lida como 
“enquanto as coisas estiverem assim”. Isto implica dizer que a decisão judicial que 
decretar a prisão preventiva ou outra medida cautelar diversa da prisão deverá 
ser reflexo da situação existente no momento em que proferida, persistindo 
o comando a ela inserido enquanto esse mesmo contexto fático se mantiver. 
Se o reverso ocorrer e desfizer-se o cenário que justificou a determinação das 
providências emergenciais, caberá ao Poder Judiciário ordenar a respectiva 
revogação, restabelecendo a situação anterior.”
Portanto, se a situação se alterar, deve ser revogada a medida e a revisão periódica 
irá combater a desnecessidade da prisão preventiva.
Urge mencionar que a manifestação sobre a revisão periódica deve ser 
fundamentada, não bastando a mera repetição dos fundamentos da decisão anterior.
Por derradeiro, diante da aplicação imediata da lei processual, todas as prisões 
preventivas devem ser revistas, caso tenha ultrapassado o prazo de 90 dias de sua 
decretação. O próprio STJ já vem recomendando que seja feita a revisão em casos de 
habeas corpus cuja a ordem não tenha sido concedida ou a ação não tenha sido conhecida 
e não verificado constrangimento ilegal que ensejadasse a ordem de ofício.
5.15. ARTIGO 492 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 492. Em seguida, 
o presidente proferirá 
sentença que:
I – no caso de condenação:
e) mandará o acusado 
recolher-se ou recomendá-
lo-á à prisão em que se 
encontra, se presentes 
os requisitos da prisão 
preventiva;
Art. 492. (...)
I – (...)
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em 
que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, 
no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) 
anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, 
com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do 
conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a 
execução provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do 
caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolução pelo 
tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente levar à 
revisão da condenação.
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do 
Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não 
terá efeito suspensivo.
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo 
à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verificado 
cumulativamente que o recurso:
- não tem propósito meramente protelatório; e
- levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, 
anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena para 
patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito 
incidentemente na apelação ou por meio de petição em separado 
dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença 
condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestividade, 
das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da 
controvérsia.
76
Um dos maiores pontos negativos da lei anticrime: execução provisória da pena 
para os condenados à pena igual ou superior a 15 anos.
Até o final do ano de 2019 haviaa discussão sobre a execução provisória da pena 
em âmbito geral, ou seja, a todos os crimes. Por maioria extremamente apertada, o STF 
vetou a execução provisória da pena. 
Todavia, em voto de minerva, o Ministro Dias Toffoli deixou claro seu pensamento 
em relação à execução provisória da pena dos crimes de competência do tribunal do júri, 
entendendo que não haveria obstáculo ao início do cumprimento da pena.
Hoje o tema está em pauta no STF, com julgamento marcado para fevereiro de 2020 
(até o fechamento desse livro ainda não havia iniciado o julgamento), no RE 1.235.340.
O direito de responder em liberdade está atrelado às prisões cautelares. As prisões 
cautelares são aquelas que têm por finalidade garantir que o processo chegue ao seu final 
sem nenhum tipo de obstáculo causado pela liberdade do réu.
Se a liberdade do réu não traz nenhum prejuízo ao processo, a sua prisão é 
ilegal. Portanto, a prisão durante o processo somente ocorrerá quando a liberdade do 
réu atrapalhar o andamento do processo e que chegue ao seu final sem nenhum tipo de 
inferência externa.
A negativa do direito de recorrer em liberdade, sem fatos novos que justifiquem a 
medida, amparada somente no argumento de que a decisão condenatória proferida pelo 
Tribunal do Júri deve ser executada prontamente, sem qualquer elemento do caso concreto 
para demonstrar a necessidade da segregação cautelar, não transitada em julgado, torna 
a prisão ilegal40.
Portanto, diante da mudança do entendimento do STF, mas levando em 
consideração o posicionamento do Ministro Dias Toffoli, bem como a iminente decisão 
do STF em sede de Recurso Extraordinário, tem-se um debate caloroso se aproximando. 
Mantenho a crença que a execução provisória não será permitida pelo STF, vindo a ter 
consequências na neófita lei anticrime.
Conforme a novidade legislativa, a execução provisória poderá deixar de ocorrer 
quando o presidente da sessão visualizar uma possível revisão da decisão. De igual forma 
poderá aplicar o efeito suspensivo a apelação e, por via de consequência, suspender 
a execução provisória, desde que cumulativamente o recurso não tenha finalidade 
protelatória e que levante questão substancial que poderá resultar em absolvição, anulação 
da sentença, novo julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) 
40 STJ; HC 521.628/PA, relator Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 08/10/2019, DJe 14/10/2019
77
anos de reclusão. Penso como será a aferição de um recurso manifestamente protelatório 
quando uma pessoa é condenada.
O fato de o Tribunal Revisor não estar legitimado a efetuar um amplo juízo 
rescisório no julgamento de apelação contra decisão do Júri, em nada influencia tampouco 
implica na execução imediata da sentença condenatória, pois permanece incólume a sua 
competência para efetuar o efeito devolutivo e determinar, se for o caso, até mesmo um 
novo julgamento.
A parte também poderá fazer o pedido de efeito suspensivo da apelação de forma 
incidental ao relator, desde que faça juntada com cópias da sentença condenatória, das 
razões da apelação e de prova da tempestividade, das contrarrazões e das demais peças 
necessárias à compreensão da controvérsia.
5.16. ARTIGO 564 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo 
correspondente.
Art. 564. (...)
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.
A lei anticrime acrescenta mais uma hipótese legal de nulidade. Como em outras 
vezes, essa inovação é a afirmação da jurisprudência pacífica dos tribunais.
Decisão carente de fundamentação é nula. Com o agora inciso V no artigo 564, 
fica legalmente nulo quando uma decisão estiver ausente da devida fundamentação. 
Certo que o entendimento hodierno é que deverá ser demonstrado o prejuízo à 
parte, entendo que o fato de estar ausente de fundamentação, torna prejudicial a parte 
que não sabe o motivo que levou ao magistrado a chegar aquela conclusão, bem como 
impossibilitará manejo de recurso, visto não ter ciência da motivação. Portanto, o fato de 
estar carente de fundamentação, entendo que, por si só, já é prejudicial a parte, violando 
o princípio da ampla de defesa.
Para mais sobre o tema, recomendo a leitura do item 5.13.
5.17. ARTIGO 581 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo 
correspondente.
Art. 581. (...)
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não 
persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei.
78
A lei anticrime trouxe no artigo 581 mais uma hipótese de cabimento de recurso 
em sentido estrito. 
Diante da inclusão legislativa do ANPP e por se tratar de direito subjetivo do 
investigado, quando preenchidos os requisitos, tendo o investigado aceitado as condições, 
o juiz deverá homologar.
Não o fazendo, o juiz deverá motivar qual a razão de não homologar. Havendo a 
recusa injustificada, as partes poderão interpor o RESE, recurso em sentido estrito.
A inclusão está em consonância com a nova sistemática do processo penal, diante 
das modificações trazidas pela lei anticrime.
Para melhor entender a ANPP, recomendo a leitura do item 5.3.
5.18. ARTIGO 638 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Código de Processo Penal
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 638. O recurso extraordinário será 
processado e julgado no Supremo 
Tribunal Federal na forma estabelecida 
pelo respectivo regimento interno.
Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial serão 
processados e julgados no Supremo Tribunal Federal e 
no Superior Tribunal de Justiça na forma estabelecida por 
leis especiais, pela lei processual civil e pelos respectivos 
regimentos internos.
O presente artigo vem incluir o recurso especial, que havia ficado de fora na 
redação antiga.
Outro ponto que entendo pertinente é a ordem da forma estabelecida em leis. 
Na redação anterior, trazia que o processamento e julgamento se dariam na forma do 
regimento interno.
Todavia, a redação é de 1941. Em 1990 foi promulgada a lei 8038, que institui 
normas procedimentais para os processos que especifica, perante o Superior Tribunal de 
Justiça e o Supremo Tribunal Federal.
Alguns artigos dessa lei foram revogados pelo CPC de 2015, entretanto, o 
entendimento na Corte Suprema é que, em relação ao processo penal, prevalece a lei 
8038 em detrimento do CPC. Diante disso, o prazo para agravo em Recurso Extraordinário 
é de cinco dias e não quinze dias como no CPC.
Dito isso, verifico que a ordem colocada pelo legislador no artigo 638 é a lei especial 
(entendo ser a 8038/90), lei processual civil e respectivo regimento interno.
Portanto, entendo que, em caso de dúvida ou lacuna, prevalece a lei 8038/90, 
caso permaneça a lacuna aplica o CPC e por fim o regimento interno.
79
6. DAS MODIFICAÇÕES NAS LEIS ESPECIAIS
Muitas leis penais foram modificadas pela lei anticrime, em especial a lei de 
execução penal, lei de drogas e estatuto do desarmamento, entre outras. 
Farei uma breve análise das alterações realizadas na lei de execução penal, lei 
de drogas e estatuto do desarmamento, observando a objetividade e clareza nos efeitos 
originados pelas modificações.
6.1. DAS MODIFICAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
Tratar da lei de execução penal é uma tarefa árdua, pois além de envolver as 
normas inerentes à matéria, hão de ser consideradas as mazelas do sistema penitenciário. 
É preciso contextualizar as normas à superpopulação carcerária, a falta de recursos 
humanos, as situações degradantes das unidades prisionais, além da falta de recursos 
financeiros para melhorias. 
De qualquer modo, algumas alterações tiveram por objetivo obstaculizar as saídas 
dos apenados sem trazer inovações as regras que dizem respeito a ressocialização, se 
preocupando mais em impedir a saída do apenado que prepará-lo para viver em sociedade.
Destarte, espero que os comentários aqui possam ajudar a compreender as 
modificações realizadas.
80
6.1.1. ARTIGO 9º-A E 50 DA LEI DEEXECUÇÃO PENAL
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, 
com violência de natureza grave contra pessoa, ou por 
qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, de 
25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à 
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - 
ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor.
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em 
banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido 
pelo Poder Executivo.
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer 
ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso 
ao banco de dados de identificação de perfil genético.
Art. 9º-A. (VETADO).
§ 1º - (...)
§ 1º-A. A regulamentação deverá 
fazer constar garantias mínimas 
de proteção de dados genéticos, 
observando as melhores práticas da 
genética forense.
§ 2º - (...)
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular 
de dados genéticos o acesso aos 
seus dados constantes nos bancos 
de perfis genéticos, bem como a 
todos os documentos da cadeia de 
custódia que gerou esse dado, de 
maneira que possa ser contraditado 
pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes 
previstos no caput deste artigo 
que não tiver sido submetido à 
identificação do perfil genético 
por ocasião do ingresso no 
estabelecimento prisional deverá ser 
submetido ao procedimento durante 
o cumprimento da pena.
§ 8º Constitui falta grave a recusa 
do condenado em submeter -se ao 
procedimento de identificação do 
perfil genético.
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa 
de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para 
subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a 
integridade fisica de outrem; IV - provocar acidente de trabalho;
- descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
- inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 
39, desta Lei.
– tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de 
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos 
ou com o ambiente externo.
Art. 50. (...)
VIII - recusar submeter-se ao 
procedimento de identificação do 
perfil genético.
A identificação do perfil genético do preso, de acordo com as premissas da inclusão 
do artigo 9º-A pela lei 12.654/2012, tem por objetivo aparelhar banco de dados para auxiliar 
investigações e elucidar futuras infrações penais.
Ademais, tem o intuito de identificar os apenados e contribuir para individualização 
da pena e classificação do preso.
A respeito da constitucionalidade do artigo 9º-A, trago as palavras do professor 
Norberto Avena41, em sua obra “Execução Penal esquematizado”, que assim nos diz:
41 AVENA, Pâncaro, N. C. (11/2013). Execução Penal Esquematizado. 2. ed. rev. e atual. Rio 
de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. Pág. 29.
81
“Considerando que o fornecimento desse material é obrigatório para os 
condenados pelos crimes antes referidos, nos termos do art. 9º-A da L. 7.210, 
parte expressiva da doutrina vem sustentando a inconstitucionalidade do 
dispositivo, sob o argumento de que implica violação ao direito que sobressai 
do art. 5º, LXIII, da Constituição Federal no sentido de que ninguém pode ser 
obrigado a produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere).
Particularmente, discordamos dessa posição. Consideramos, enfim, que a 
proibição de que o indivíduo seja obrigado a produzir prova contra si alcança 
unicamente situações nas quais se pretenda constrangê-lo a uma postura 
ativa, por exemplo, o fornecimento de DNA no curso de uma investigação em 
andamento para comprovar a autoria de um crime pelo suspeito. Isso não pode 
ser feito. Contudo, na situação prevista no art. 9º-A da L. 7.210/1984, o que se 
estabelece é a obrigação legal de que indivíduos já condenados pela prática de 
determinados crimes (graves, pela própria natureza) forneçam material biológico 
a fim de compor banco de dados, a fim de subsidiar futuras investigações em 
relação a delitos diversos dos que motivaram a extração. A situação, como 
se vê, não envolve um comportamento ativo no sentido do fornecimento de 
provas para uma investigação ou processo em andamento, mas simplesmente 
o abastecimento de banco de dados que permanecerá inerte (passivo), 
podendo ser acessado pelas autoridades policiais para fins de investigações 
de crimes apenas por ordem judicial. Tal raciocínio, enfim, guarda simetria com 
o entendimento adotado pela Suprema Corte norte-americana ao apreciar o 
célebre caso Schmerber v. Califórnia (1966). Nessa oportunidade, foi realizada 
a distinção entre os procedimentos que exigem a participação ativa do acusado 
e aqueles em que o acusado é apenas de uma fonte passiva de elementos de 
prova, entendendo-se que, neste último caso, não haveria ofensa ao nemo 
tenetur se detegere. “
Discordo quanto ao posicionamento de não ser inconstitucional. Independente de 
postura ativa ou passiva para colhimento de material genético e que servirá para futuras 
investigações, há uma produção de prova antecipada, ainda mais com as modificações 
trazidas pela lei anticrime, que coloca uma punição quando o acusado se recusa a permitir 
o colhimento de material genético.
A defesa do argumento da constitucionalidade que o material poderá isentá-lo de 
futura incriminação, soa como ardil, artifício de submeter uma pessoa a produzir prova 
contra si mesmo.
Há um Recurso Extraordinário acerca do tema, já com repercussão geral, (RE 
973837) aguardando julgamento. 
Para se submeter ao colhimento de material genético, o apenado deverá ter 
praticado crimes com violência ou grave ameaça à pessoa elencados na lei de crimes 
hediondos (8072/1990), que também foi modificada pela lei anticrime (verá adiante).
O exame de DNA deverá ser determinado na sentença condenatória, aguardando 
o trânsito em julgado em razão do princípio da presunção de inocência. Não havendo 
determinação, o juízo da execução penal poderá determinar, ouvido o Ministério Público 
e a defesa. A nova lei permite que possam ser realizados os exames durante a fase de 
cumprimento de pena, caso não tenham sido realizados no momento do ingresso no 
sistema prisional.
82
As alterações sancionadas pelo Presidente da República se encontram no §§1º-A, 
3º, 4º e 8º. 
Devem ser asseguradas ao apenado as garantias mínimas no momento do 
colhimento, proibidas técnicas não adequadas e dolorosas. Ao apenado será garantido 
também acesso a todos os dados, bem como a cadeia de custódia, para que possa ter a 
certeza que o material no momento de sua utilização não foi alterado, se manteve incólume 
desde o seu colhimento.
Por fim, temos a mudança mais significativa, que, a meu ver, com duvidosa 
constitucionalidade.
O parágrafo oitavo inclui como falta grave a recusa em submeter ao procedimento 
para identificação de perfil genético, assim como a alteração do artigo 50 da lei de execução 
penal.
No recurso extraordinário dito alhures, a Procuradora Geral da República se 
manifestou na seguinte forma:
“O legislador, ao editar a Lei 12.654/2012, estabeleceu a utilização, mediante 
cooperação jurídica, do Sistema CODIS – Combined DNA Index System –, criado 
pelo FBI norte-americano e já utilizado em mais de 30 países, para auxiliar no 
gerenciamento dos dados ali lançados.
Trouxe, ainda, dois instrumentos bastante úteis na investigação criminal: o 
primeiro, relativo à coleta e armazenamento de material biológico extraído da 
vítima ou do local do crime, assim como de investigados; o segundo, concernente 
à coleta de material biológico de indivíduos condenados pela prática de crimes 
graves ou cometidos com violência. Nesse segundo caso enquadra-se o 
recorrente. 
De início, há afastar a suposta abstração do artigo 5º–II da Constituição, uma 
vez tratar-se de obrigação estabelecida em lei. O recorrenteinvoca, ainda, que o 
direito de não produzir prova contra si mesmo acoberta o direito de o condenado 
não fornecer o material biológico determinado.
Ora, a lei, malgrado estabeleça obrigação, não tratou do emprego de meios 
coercitivos diretos para obtenção do material. Logo, não há presumir ser possível 
o emprego de força, a fim de compelir o investigado ou condenado a fornecer o 
material biológico. Por outro lado, obtido o material genético por meio diverso não-
invasivo, autorizada está sua submissão à perícia, cruzamento de informações e 
armazenamento do perfil genético em banco de dados.
Nestes casos, a obtenção da prova dar-se-á a partir de prévia decisão judicial 
que avaliará, no caso concreto, a proporcionalidade da medida.
Para a análise da prerrogativa contra a autoincriminação, é necessário observar 
que, mesmo nos casos que dependem de uma participação ativa do agente, uma 
vez fornecido voluntariamente o material não há falar em ofensa ao princípio da 
não autoincriminação. O direito não apenas reputa válida a prova assim obtida, 
mas a encoraja.
Com efeito, o fornecimento de padrão gráfico ou vocal para perícias, por exemplo, 
não é viável senão mediante a sujeição do indivíduo ao quanto determina a lei. 
Em caso de discordância, não é possível compelir o sujeito sem que para tanto se 
ofendam direitos assegurados aos indivíduos, assim como as próprias condições 
exigidas para o exame.
No caso de confrontação de perfis genéticos, certo é que a produção da prova 
prescinde de um comportamento ativo do sujeito, mas depende, por outro lado, 
de sua anuência, uma vez que o procedimento impõe uma intervenção corporal, 
83
ainda que mínima e indolor. Desautorizada a coleta, o procedimento padrão para 
a coleta do material não deve ser executado.
Logo, não há supor ofensa à aludida prerrogativa nos casos em que o investigado 
atenda à determinação legal e, voluntariamente, submeta-se a exame para 
coleta de material genético, assim como não há afronta ao aludido princípio nos 
casos em que o agente abra mão do direito ao silêncio e confessa a prática de 
determinado crime.
Relevante observar, contudo, que, no presente caso, é possível a obtenção de 
material genético independentemente da anuência do agente.
Normatizou-se como técnica padrão para a obtenção do perfil genético o 
esfregaço bucal com suabe. Cuida-se de técnica pouco invasiva e indolor. A 
despeito de ser possível obter o material genético mediante intervenção corporal 
desautorizada, certo é que o legislador assim não dispôs.
O Instituto Nacional de Criminalística, ao tratar do tema, esclareceu que 
procedimentos alternativos para coleta do perfil genético terão lugar quando o 
agente não concordar em fornecer o material biológico. Nesse sentido, listou três 
distintas possibilidades, todas sempre acompanhadas por perito, a fim de evitar 
a contaminação do material e documentar a cadeia de custódia:
a) a utilização de material biológico coletado em eventuais exames de saúde 
feitos no indivíduo custodiado;
b) a coleta de objetos pessoais – escovas de cabelo, copos ou talheres usados, 
roupas íntimas, entre outros, coletados em ambiente isolado e/ou controlado;
c) a busca e apreensão mediante prévia autorização judicial de objetos pessoais 
– esta última hipótese de aplicação mais restrita.
Certo é que, em caso de recusa, a coleta não é feita pelo método ordinário, 
não se compelindo o agente a fornecer o material. Nestes casos, documenta-
se o fato em termo próprio e se o submete à autoridade judicial competente, 
que deliberará pela obtenção do material mediante um dos procedimentos 
alternativos existentes. Da obtenção deste material não há supor ofensa à não 
autoincriminação, nem, tampouco, à dignidade do indivíduo.
Assim, ainda que se estenda a prerrogativa do silêncio para além do que 
expressamente enuncia o texto constitucional, certo é que tal direito não pode 
ser invocado em procedimentos em que o agente não produza ativamente prova 
contra si.”
Reparem que um ponto nodal da manifestação está na possibilidade do apenado 
se recusar a se submeter ao exame, não havendo punição, consequências ao apenado 
em se recusar e se manter no seu direito ao silêncio, pois há outras formas não invasivas 
para colher o material genético do executado. 
Todavia, ao contrário da manifestação da PGR, que defende a constitucionalidade 
do artigo 9º-A da lei de execução penal exatamente pelo fato da possibilidade de se recusar, 
a lei anticrime traz punição para o apenado que se recusar a se submeter ao exame.
Além do fato de ser inconstitucional o procedimento para identificação do perfil 
genético, posição deste que vos escreve, a punição torna clara a obrigatoriedade da 
submissão ao exame, ficando mais evidente a inconstitucionalidade.
Importa ressaltar que foi objeto de questionamento por parte do relator do recurso 
ao Instituto de Criminalística, qual era o procedimento em caso de recusa por parte do 
apenado, que antes não havia e com a nova lei anticrime há. Não obstante não haver 
no momento do questionamento, com a nova lei será aberto procedimento disciplinar, 
84
em razão de configurar falta grave, contrariando princípios constitucionais explícitos e 
implícitos.
Por fim, registra-se que a lei 12.037/2012, que incluiu a identificação do perfil 
genético, foi alterada pela lei anticrime também no seu artigo Art. 7º-A, trazendo as 
hipóteses de exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá que ocorrerá 
nos casos de absolvição do acusado ou no caso de condenação do acusado, mediante 
requerimento, após vinte anos do cumprimento da pena.
85
6.1.2. ARTIGO 52 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 52. A prática de fato previsto como crime 
doloso constitui falta grave e, quando ocasione 
subversão da ordem ou disciplina internas, 
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem 
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar 
diferenciado, com as seguintes características:
- duração máxima de trezentos e sessenta dias, 
sem prejuízo de repetição da sanção por nova 
falta grave de mesma espécie, até o limite de 
um sexto da pena aplicada;
- recolhimento em cela individual;
- visitas semanais de duas pessoas, sem contar 
as crianças, com duração de duas horas;
- o preso terá direito à saída da cela por 2 horas 
diárias para banho de sol.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado 
também poderá abrigar presos provisórios 
ou condenados, nacionais ou estrangeiros, 
que apresentem alto risco para a ordem e a 
segurança do estabelecimento penal ou da 
sociedade.
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime 
disciplinar diferenciado o preso provisório ou 
o condenado sob o qual recaiam fundadas 
suspeitas de envolvimento ou participação, a 
qualquer título, em organizações criminosas, 
quadrilha ou bando.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso 
constitui falta grave e, quando ocasionar subversão 
da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso 
provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, 
sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar 
diferenciado, com as seguintes características:
- duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo 
de repetição da sanção por nova falta grave de 
mesma espécie;
- recolhimento em cela individual;
- visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, 
a serem realizadas em instalações equipadas para 
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por 
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado 
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas;
- direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas 
diárias para banho de sol, em grupos de até 4 
(quatro) presos, desde que não haja contato com 
presos do mesmo grupo criminoso;
- entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas 
com seu defensor, em instalações equipadas para 
impedir o contato físico e a passagem de objetos, 
salvo expressa autorização judicial em contrário;
- fiscalização do conteúdo da correspondência;
- participaçãoem audiências judiciais 
preferencialmente por videoconferência, garantindo-
se a participação do defensor no mesmo ambiente 
do preso.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será 
aplicado aos presos provisórios ou condenados, 
nacionais ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e 
a segurança do estabelecimento penal ou da 
sociedade; 
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de 
envolvimento ou participação, a qualquer título, em 
organização criminosa, associação criminosa ou 
milícia privada, independentemente da prática de 
falta grave.
§ 2º (Revogado).
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança 
em organização criminosa, associação criminosa ou 
milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 
2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime 
disciplinar diferenciado será obrigatoriamente 
cumprido em estabelecimento prisional federal.
86
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime 
disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado 
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, 
existindo indícios de que o preso:
- continua apresentando alto risco para a ordem e a 
segurança do estabelecimento penal de origem ou 
da sociedade;
- mantém os vínculos com organização criminosa, 
associação criminosa ou milícia privada, 
considerados também o perfil criminal e a função 
desempenhada por ele no grupo criminoso, a 
operação duradoura do grupo, a superveniência 
de novos processos criminais e os resultados do 
tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o 
regime disciplinar diferenciado deverá contar com 
alta segurança interna e externa, principalmente 
no que diz respeito à necessidade de se evitar 
contato do preso com membros de sua organização 
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, 
ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste 
artigo será gravada em sistema de áudio ou de 
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada 
por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime 
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a 
visita de que trata o inciso III do caput deste artigo 
poderá, após prévio agendamento, ter contato 
telefônico, que será gravado, com uma pessoa 
da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) 
minutos.
Primeiramente, urge mencionar que o Regime Disciplinar Diferenciado, doravante 
me referirei por RDD, não se trata de um novo regime, como o fechado, semiaberto ou 
aberto, mas uma forma de cumprimento de regime fechado.
Será aplicado tanto aos presos nacionais quanto aos estrangeiros, sendo uma 
inovação da lei anticrime ao caput do artigo 52 da LEP, não obstante essa previsão já 
existir no parágrafo primeiro.
Trata-se de uma sanção penal, de acordo com o caput, e uma medida cautelar, em 
razão da previsão do parágrafo primeiro, mormente com a nova redação trazida pela lei.
O RDD se destina àqueles que praticam fato definido como crime doloso, desde que 
essa conduta ocasione subversão da ordem ou disciplina interna, aos presos provisórios 
ou condenados definitivos, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a 
ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade e aos presos provisórios 
ou condenados definitivos sobre os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou 
participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia 
privada, ou de grupos rivais, já com a nova redação da lei anticrime.
As características do RDD consistem em recolhimento em cela individual, visitas 
quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas 
87
para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso 
de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas, direito do preso à 
saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) 
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso, entrevistas 
sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para 
impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial 
em contrário; fiscalização do conteúdo da correspondência; participação em audiências 
judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor 
no mesmo ambiente do preso.
Das modificações trazidas pela lei anticrime, ressalto o banho de sol, que antes 
era individual e passa ser para grupo de quatro pessoas, sendo que caso não seja do 
mesmo grupo criminoso, poderá ser junto o banho de sol, o que melhora a dignidade, vez 
que antes o banho de sol era individual.
Outro ponto importante foi proibir o monitoramento das conversas com defensor, 
observando assim o Estatuto da Advocacia.
Destaca-se, ainda, a fiscalização das correspondências. A Constituição traz o sigilo 
das correspondências e ver uma lei federal dissipar uma garantia ao cidadão dessa forma, 
me faz visualizar o direito penal do inimigo nesse pormenor42. 
O RDD terá duração de dois anos, diferente dos 365 dias da redação anterior. 
Anteriormente havia um limite de até 1/6 da pena, o que não tem mais essa previsão, 
visto que o limite é de dois anos, podendo ter novo prazo em caso de nova falta grave da 
mesma espécie.
O parágrafo quarto autoriza a prorrogação de um ano, sucessivamente quando 
ocorrerem as hipóteses do parágrafo primeiro e terceiro, se houver indícios que o preso 
continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento 
penal de origem ou da sociedade, mantém os vínculos com organização criminosa, 
associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a 
função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a 
superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
42 APELAÇÃO CRIMINAL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO MINISTERIAL. PROVAS 
DA AUTORIA. APREENDIDA CARTA ATRIBUÍDA A PRESO. PROVA CONSIDERADA ILÍCITA. AUSÊNCIA 
DE MOTIVAÇÃO PARA VIOLAÇÃO DO SIGILO DA CORRESPONDÊNCIA. CONJUNTO PROBATÓRIO 
FRÁGIL. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. A violação do sigilo da correspondência de preso é admitida desde que 
haja motivação por parte da autoridade, o que não foi demonstrado no caso em comento, não podendo 
ser aproveitada a prova. Ausentes provas confirmando autoria e materialidade, necessária a absolvição. 
(TJMS; ACr 2010.003148-4/0000-00; Bonito; Primeira Turma Criminal; Rel. Des. Dorival Moreira dos Santos; 
DJEMS 04/05/2010; Pág. 56)
88
Não vejo como constitucional a prorrogação sucessiva sem um limite, mesmo que 
o fator que autoriza a prorrogação permaneça, visto a natureza de sanção disciplinar e, 
com isso, ter uma sanção com caráter perpétuo. 
O RDD poderá ser cumprido em estabelecimento estadual ou federal, sendo 
obrigatoriamente federal quando houver indícios de que o preso exerce liderança em 
organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação 
criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação.
89
6.1.3. ARTIGO 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 112. A pena privativa de liberdade será 
executada em forma progressiva com a transferência 
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo 
juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um 
sexto da pena no regime anterior e ostentar bom 
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor 
do estabelecimento, respeitadas as normas que 
vedam a progressão.
§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida 
de manifestação do Ministério Público e do defensor.
§ 2º Idêntico procedimento será adotado na 
concessão de livramento condicional, indulto 
e comutação de penas, respeitados os prazos 
previstos nas normas vigentes.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe 
ou responsável por crianças ou pessoas com 
deficiência, os requisitos para progressão de regime 
são, cumulativamente: 
I- não ter cometido crime com violência ou grave 
ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou 
dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena 
no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, 
comprovado pelo diretor do estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa. 
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta 
grave implicará a revogação do benefício previsto no 
§ 3º deste artigo. 
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em 
forma progressiva com a transferência para regime menos 
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver 
cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for 
primário e o crime tiver sido cometido sem violência à 
pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for 
reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou 
grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado 
for primário e o crime tiver sido cometido com violência à 
pessoa ou grave ameaça; 
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for 
reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou 
grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for 
condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, 
se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o a penado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou 
equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o 
livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, 
de organização criminosa estruturada para a prática de 
crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de 
milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for 
reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado 
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com 
resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à 
progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, 
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas 
as normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de 
regime será sempre motivada e precedida de manifestação 
do Ministério Público e do defensor, procedimento que 
também será adotado na concessão de livramento 
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os 
prazos previstos nas normas vigentes.
(...)
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os 
fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no 
§ 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução 
da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para 
a obtenção da progressão no regime de cumprimento da 
pena, caso em que o reinício da contagem do requisito 
objetivo terá como base a pena remanescente.
Essa é das modificações que mais chamou atenção na lei de execução penal. Antes 
da lei anticrime, havia a progressão de regime com três frações. Havia a progressão com o 
cumprimento de 1/6 da pena em casos de crimes diversos dos hediondos e equiparados, 
sendo irrelevante se era primário ou reincidente. Nos crimes hediondos ou equiparados a 
90
hediondos, a progressão de regime operava quando houvesse o cumprimento de 2/5 da 
pena, caso fosse primário, ou 3/5 em caso de reincidência, conforme previa o artigo 2º, §2º 
da lei de crimes hediondos, revogado pela lei anticrime, em consonância com o presente 
artigo analisado. 
Havia ainda, e permanece, visto não ter sido alterado ou revogado, a progressão 
de regime a mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com 
deficiência. Nestes casos, a progressão de regime ocorre quando há o cumprimento 1/8 
da pena, além de preencher os demais requisitos do parágrafo terceiro.
Em caso de falta grave ou prática de crime doloso, o benefício do parágrafo terceiro 
será revogado. 
Da vigência do artigo 2º, §2º da lei de crimes hediondos, a fração estabelecida 
para progressão de regime devia respeitar a previsão tanto do parágrafo terceiro quanto 
do parágrafo quarto do artigo 112 da lei de execução penal.
Já adiantando o tema das modificações, ressalto que o parágrafo terceiro se 
sobrepõe em relação a qualquer porcentagem estabelecida nos incisos do caput do artigo 
112. Preenchendo os requisitos do parágrafo terceiro, a apenada deverá seguir a fração 
de 1/8 para lograr em progredir, o que equivale a 12,5% da pena, sendo hoje a menor 
porcentagem para alcançar a progressão de regime.
Como se pode observar, a primeira alteração foi retirar a forma de fração passando 
para porcentagem. Isso implicará uma novatio legis in mellius na primeira hipótese de 
progressão, prevista no artigo 112, inciso I, da LEP.
Em razão do conteúdo da lei de execução penal ser direito material, quaisquer 
alterações realizadas somente serão aplicadas a fatos posteriores a vigência da lei. 
Tratando-se de norma mais benéfica, deve retroagir, de acordo com o artigo 5º, XL, da 
CF43.
Anterior à lei anticrime, quaisquer crimes que não fossem hediondos ou 
equiparados a hediondos, aplicavam a fração de 1/6, independentemente dos apenados 
serem primários ou não.
Com o novo texto, há uma diferenciação de ser primário, crime com violência ou 
grave ameaça, se for crime hediondo (antes a previsão era na lei de crimes hediondos), 
se resultar morte, se exercer comando em organização criminosa estruturada, se resultar 
morte, entre outras. 
43 Admite-se a aplicação retroativa da alteração do art. 127 da Lei de Execuções Penais, pela 
Lei 12.433/2011, para limitar a revogação dos dias remidos à fração de 1/3, mantendo a previsão de reinício 
da contagem do prazo para a obtenção de benefícios. [HC 136.376, rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 
18-4-2017, DJE 89 de 2-5-2017.]
91
Todavia, a fração de 1/6 é equivalente a 16,6%, o que faz com que, à exceção 
dos incisos I, V e VII e todas as demais hipóteses aparentemente sejam prejudiciais. Com 
isso, as novas frações somente serão aplicadas aos fatos praticados após a vigência da 
lei anticrime, ressalvada a hipóteses do inciso I, que é benéfica, bem como os incisos II, 
IV e VII, que traz uma situação interessante.
Se uma pessoa comete crime sem violência ou grave ameaça e, após o trânsito 
em julgado, pratica um crime com violência, se torna reincidente. Neste caso, aplica a 
progressão de 30% ou de 20%?
De igual forma nos casos em que uma pessoa pratique crime hediondo com 
condenação transitada em julgado em crime comum, aplica a progressão de 60% (3/5)?
Essas dúvidas existem pois os incisos IV e VII tratam-se de reincidência especifica 
e não genérica. A reincidência tem que ser em crime com violência ou grave ameaça e 
reincidência em crime hediondo ou equiparado, respectivamente.
Todavia, teremos situações que não haverá um percentual para progressão. Caso 
a pessoa pratique crime de roubo, tendo já uma condenação transitada em julgado por 
crime de furto, o agente não é reincidente em crime com violência ou grave ameaça, 
não podendo aplicar a progressão de 30%. Não é primário, descartando a progressão de 
16% e 25% e não é reincidente em crime sem violência ou grave ameaça, não podendo 
aplicar a progressão de 20%. Diante disso, não há uma porcentagem para aquele que, por 
exemplo, pratica roubo com condenação em furto. 
Paulo Queiroz44, em artigo publicado, traz a seguinte conclusão:
A lei não refere a hipótese de o réu ser reincidente em crime cometido com 
e sem violência (p.ex., tendo cumprido pena por furto, é condenado por roubo 
ou o contrário). Existem ao menos quatro soluções possíveis: a) exigir-se 
o cumprimento de 20% da pena, percentual previsto para o reincidente em 
crime sem violência à pessoa; b) exigir-se o cumprimento de 25%, percentual 
previsto para o réu primário condenado por crime com violência; c) exigir-se o 
cumprimento de30% da pena, percentual previsto para o reincidente em crime 
violento; d) combinar as letras a e b.
Nesse caso, deverá prevalecer o critério mais favorável ao réu, o que exclui, 
de logo, a letra c, cuja aplicação está prevista para o reincidente específico em 
crime violento. Embora a hipótese a seja a mais favorável, fato é que há crime 
violento a ser considerado, razão pela qual o mais razoável seria aplicar a letra 
b. O mais correto, porém, parece ser adotar a solução da letra d (combinação 
das letras a e b), verificando-se se o novo crime é ou não violento. Assim, se o 
réu já punido por furto vem a ser condenado por roubo, deverá cumprir 25% da 
nova pena para progredir de regime, visto que esse já seria o percentual mínimo 
a ser cumprido pelo só fato de ter cometido crime violento. No entanto, se o 
novo delito que gerou a reincidência não é violento, o mais razoável é exigir-se 
44 https://www.pauloqueiroz.net/a-nova-progressao-de-regime-lei-n-13-964-2019/. Acessado 
em 4.2.2020
https://www.pauloqueiroz.net/a-nova-progressao-de-regime-lei-n-13-964-2019/
92
o cumprimento de 20%, percentual previsto para o reincidente em crime sem 
violência ou grave ameaça à pessoa.
Como é óbvio, em relação à primeira condenação, o réu era primário, devendo 
cumprir o mínimo legal previsto, conforme se trate de crime com ou sem violência. 
Daí porque, em caso de soma ou unificação de penas, deve ser feita a distinção 
e a verificação de cada delito no caso concreto.
Na situação de crimes hediondos ou equiparados, a progressão de 3/5 operava-se 
com a reincidência, sem trazer especificidade45. Todavia, com o advento da lei anticrime, 
a reincidência de 60% (3/5) somente será aplicada aos reincidentes em crimes hediondos 
ou equiparados. Com isso, aquele que é reincidente genérico, não será mais aplicado 
a progressão de 3/5 (60%) como antigamente e, com isso, não terá uma porcentagem 
adequada.
Seguindo a mesma conclusão citada acima para os crimes com e sem violência 
ou grave ameaça, deverá aplicar a progressão de 40%, mesmo já sendo reincidente, pois 
seria aplicado caso fosse primário.
Em casos de crimes hediondos e não hediondos, deverá seguir a reincidência 
genérica, analisando se tem ou não violência ou grave ameaça. Neste caso, podemos 
ver quando nos deparamos com crime de tráfico e tráfico privilegiado. Nesta mesma 
toada, quando ocorre reincidência em crime hediondo com e sem morte, deverá analisar 
a situação mais favorável no caso concreto46.
Havendo morte e sendo reincidente sem ser específico, deverá seguir a progressão 
de 50%.
Importante registar que os crimes praticados antes da vigência da lei anticrime não 
sofrerão a incidência das porcentagens trazidas nos incisos II, III, IV, VI e VIII. O inciso 
I, que traz a porcentagem de 16%, por ser mais benéfica do que a fração de 1/6, que 
equivale a 16,6%, deverá retroagir.
Todavia, o inciso I somente é aplicado ao apenado primário que tenha praticado 
crime sem violência à pessoa ou grave ameaça. Nos casos anteriores a vigência à lei 
anticrime, em que o apenado seja primário e tenha praticado crime sem violência à pessoa 
45 HABEAS CORPUS. LEI 8.072/90. ARTIGO 2°. PARÁGRAFO 2°. PROGRESSÃO DE 
REGIME. REINCIDÊNCIA GENÉRICA E NÃO ESPECÍFICA. CUMPRIMENTO DE 3/5 DA PENA. ORDEM 
DENEGADA. 1. Da simples leitura do artigo 2°, parágrafo 2°, da Lei n° 8.072/90, acrescentado pela Lei n° 
11.464/07, constata-se que o legislador não fez qualquer menção à reincidência específica, portanto, aquele 
que cometer delito hediondo ou equiparado, depois de já ter sido condenado por outro crime, com trânsito 
em julgado, nos últimos cinco anos, deve progredir somente após o cumprimento de 3/5 da pena. Trata-se 
de reincidência genérica. 2. Ordem denegada. (TRF 3ª Região, Primeira Turma, HC 55728, Rel. Des. Fed. 
Toru Yamamoto, julgado em 05/11/2013)
46 https://www.pauloqueiroz.net/a-nova-progressao-de-regime-lei-n-13-964-2019/. Acessado 
em 4.2.2020.
https://www.pauloqueiroz.net/a-nova-progressao-de-regime-lei-n-13-964-2019/
93
ou grave ameaça, a lei retroagirá para aplicar a estes a porcentagem de 16% e não mais 
1/6 (16,6%).
Segue a tabela para melhor compreensão:
Aplicação da lei penal no tempo: Novos Requisitos para Progressão de Regime
Hipóteses Anterior (7210/89) Atual (Lei 13.964/19)
se o apenado for primário e o crime tiver 
sido cometido sem violência à pessoa ou 
grave ameaça
UM SEXTO (1/6) [16,6%] 16%
se o apenado for reincidente em crime 
cometido sem violência à pessoa ou grave 
ameaça
UM SEXTO (1/6) [16,6%] 20%
se o apenado for primário e o crime tiver 
sido cometido com violência à pessoa ou 
grave ameaça
UM SEXTO (1/6) [16,6%] 25%
se o apenado for reincidente em crime 
cometido com violência à pessoa ou grave 
ameaça
UM SEXTO (1/6) [16,6%] 30%
se o apenado for condenado pela prática 
de crime hediondo ou equiparado, se for 
primário
DOIS QUINTO (2/5) [40%] 40%
se o apenado for condenado pela prática 
de crime hediondo ou equiparado, com 
resultado morte, se for primário
DOIS QUINTO (2/5) [40%] 50%
se o apenado for condenado por exercer 
o comando, individual ou coletivo, de 
organização criminosa estruturada para a 
prática de crime hediondo ou equiparado
DOIS QUINTO (2/5) [40%] 50%
se o apenado for condenado pela prática 
do crime de constituição de milícia privada UM SEXTO (1/6) [16,6%] 50%
se o apenado for reincidente na prática de 
crime hediondo ou equiparado TRÊS QUINTO (3/5) [60%] 60%
se o apenado for reincidente em crime 
hediondo ou equiparado com resultado 
morte
TRÊS QUINTO (3/5) [60%] 70%
Portanto, deve ficar atento a aplicação da lei no tempo, verificando quais hipóteses 
deve ou não retroagir, analisando o caso concreto para ver a incidência.
Mas precisamos ter atenção à vedação ao livramento condicional nos casos de 
crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário e se o apenado 
for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte. Entendo ser 
inconstitucional, visto retirar da pessoa o retorno gradativo a sociedade, que é a função 
ressocializadora da pena.
Quanto a interrupção do prazo para progressão de regime em razão de falta grave, 
apesar das minhas discordâncias, pois poderá impedir o retorno do apenado à sociedade, 
mormente em razão das novos prazos para progessão, já é algo sumulado pelo STJ47.
47 Súmula 534 do STJ: a prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a 
progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
94
6.1.4. ARTIGO 122 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo 
correspondente.
Art. 122. (...)
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo 
o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado 
morte.
Uma alteração bastante significativa, que impede a saída temporária da pessoa 
que praticou crime hediondo com resultado morte.
Norberto Avena, em sua obra já citada, definisse assim o objetivo das saídas 
temporárias:
“Em linhas gerais, têm por objetivo possibilitar o retorno gradual do preso ao 
mundo exterior, facilitando sua reintegração na sociedade. (AVENA, 11/2013)”
Já Guilherme de Souza Nucci, também em obra já citada, diz o seguinte:
“Essa saída volta-se à visita à família, à frequência a curso supletivo 
profissionalizante (ou de instrução de segundo grau ou superior na Comarca 
onde estiver) e à participação em atividades que concorram para o retorno ao 
convívio social.” (NUCCI, 04/2015)
Ainda nessa toada, o artigo 123, não modificado pela lei anticrime, traz que para a 
concessão do benefício da saída temporária, deverá preencher os requisitos previstos no 
artigo, dentre eles, o da compatibilidade do benefício objetivo da pena.
O professor já citado Norberto Avena, afirma que:
“Além da finalidade de prevenção geral e repressão à prática de crimes, a pena 
tem como objetivo a ressocialização do indivíduo, visandoadaptá-lo ao convívio 
em sociedade. Essa é a razão pela qual a Lei de Execução Penal adotou o 
sistema da progressividade, que objetiva favorecer o apenado que demonstrar 
boa conduta carcerária e sancionar aquele que persiste na prática de condutas 
graves. Especificamente em relação às saídas temporárias, condiciona-se seu 
deferimento a que haja compatibilidade com os objetivos da pena, isto é, que 
o condenado demonstre estar apto à concessão do benefício, não implicando 
o contato com o mundo exterior em riscos maiores à eficácia do processo de 
ressocialização. Veja-se, entretanto, eventual indeferimento de pedido de saída 
temporária com base no art. 123, III, da LEP deve fundamentar-se em dados 
concretos, não sendo suficientes alegações relativas à gravidade em abstrato 
do delito praticado ou à quantidade de pena que resta a ser cumprida.” (AVENA, 
11/2013)
Verifica-se que é inadmissível a vedação da saída temporária em alegações 
relativas à gravidade abstrata do delito. Todavia, ao incluir no parágrafo segundo no artigo 
122 da LEP, a vedação à saída temporária se consubstanciará em uma gravidade abstrata 
do delito, sem análise de caso concreto, sem exame de elementos que demonstrem que o 
95
apenado não merece sair gradualmente com objetivo de ressocialização, indo de encontro 
aos objetivos da pena, confrontando os princípios da execução da pena. 
Entendo ser inconstitucional a modificação do artigo 122 da LEP, por violar o 
princípio da individualização da pena, visto a vedação ser de forma genérica com base 
em gravidade abstrata do delito, além da violação ao princípio da dignidade da pessoa 
humana e da humanidade, proibindo o apenado a um dos benefícios que tem por escopo 
a ressocialização.
Ademais, cumpre salientar que por se tratar de norma prejudicial, não poderá 
retroagir, aplicando-se somente a fatos praticados dentro da vigência da lei anticrime.
6.2. DA MODIFICAÇÃO NA LEI DE DROGAS
Lei 11.343/06 (Lei de Drogas)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Não existia dispositivo correspondente. Art. 33. (...)
§ 1º (...)
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo 
ou produto químico destinado à preparação de drogas, 
sem autorização ou em desacordo com a determinação 
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando 
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta 
criminal preexistente.
Neste caso, há uma novatio legis incriminadora, que é a venda ou entrega de 
drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal, a agente policial 
disfarçado.
Vejo essa inovação em razão da súmula 145 do STF, em que a preparação de 
flagrante por parte do agente policial, torna o crime impossível (artigo 17 do CP), conhecida 
como flagrante preparado.
Visto o agente policial está disfarçado, pode se entender que o mesmo preparou o 
flagrante, tornando aquela conduta atípica. Vejo que a alteração não impede o crime ser 
impossível, caso o agente tenha provocado a conduta, ou seja, que a pessoa pratica a 
conduta considerada tráfico exclusivamente em razão da conduta do agente provocador. 
Primeiro, é importante distinguir agente infiltrado de agente disfarçado.
O professor Rogério Sanches, em artigo publicado48, traz essa distinção:
“O agente disfarçado contemplado na Lei 13.964/2019 é referido em quatro 
momentos específicos e afigura-se tratar-se de figura jurídica sem precedente 
no Código de Processo Penal e na legislação penal esparsa, razão pela qual nos 
48 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-
prevista-na-lei-13-9642019/. Acessado em 13.1.2020.
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
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parece recomendável um breve levantamento doutrinário comparado, indicativo 
de uma terceira modalidade de ação encoberta dos agentes estatais.
Nessa toada, o autor português Manuel Augusto Alves Meireis apresenta uma 
proposta de dissociação do agente infiltrado e agente encoberto – que, adianta-
se, muito se aproxima da novel figura do agente disfarçado. Para o autor, o agente 
infiltrado é caracterizado, sobretudo, pela confiança que conquista dos membros 
da organização criminosa. Na infiltração de agentes, a relação entre o agente 
infiltrado e o grupo criminoso é imprescindível para a revelação da tessitura 
criminosa, os planos delitivos, o funcionamento e a identidade dos membros. 
Lado outro, ainda em consonância com MEIREIS, o agente encoberto diferencia-
se pela ausência de envolvimento prévio do agente com o grupo criminoso. 
Noutras palavras, o agente não provoca o acontecer típico e tampouco cativa a 
confiança do grupo criminoso.
A doutrina espanhola também tem uma concepção tripartida de ações 
investigativas com agentes cujas identificações mantém-se dissimuladas. 
Joaquim Delgado explica, dentre elas, a figura da ação encoberta. Para o autor, 
o “agente meramente encoberto” é aquele que, sem revelar sua real identidade, 
em trabalho de rotina, investiga crimes sem precisar se envolver ou ganhar a 
confiança dos integrantes do grupo criminoso. O autor espanhol, ainda, concebe 
a conceituação do “agente encoberto infiltrado”, que corresponde ao nosso 
agente infiltrado, podendo ocorrer com ou sem identidade falsa e, por fim, o 
“agente provocador”, já estudado alhures.
Dada as semelhanças com as disposições da Lei 13.964/2019, infere-se que o 
agente disfarçado, com as adaptações à tradição jurídica do Brasil, corresponde 
à ação encoberta da doutrina portuguesa e espanhola.
Importa, porém deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido 
pela Lei 13.964/2019 não pode ser confundido com a uma mera “campana 
policial”, técnica amplamente utilizada para realização de prisões em flagrante 
esperado. A distinção é feita a partir dos pressupostos mencionados na legislação 
que o concebe, a seguir estudados.”
Veja que o agente disfarçado é uma forma de investigação trazida pela lei 
anticrime (incluído também em outras modificações da lei), que é fruto da modernização 
das investigações, todavia, se esbarrava na súmula 145 do STF.
Vejo que para essa nova modalidade não configurar flagrante preparado, deverá 
ser feita uma investigação prévia, levantamento investigativo que a pessoa investigada já 
pratica o crime e que a conduta praticada com o policial disfarçado não foi exclusiva, ou 
seja, o policial não tenha provocado.
Havendo provocação, mesmo diante da novel conduta, esbarrará na súmula 145 
do STF.
97
6.3. DAS MODIFICAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento)
Anterior Atual (Lei 13.964/19)
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, 
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda 
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, 
acessório ou munição de uso proibido ou restrito, 
sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
– suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer 
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
– modificar as características de arma de fogo, 
de forma a torná -la equivalente a arma de fogo de 
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou 
de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, 
perito ou juiz;
– possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato 
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar;
– portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer 
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer 
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou 
adulterado;
– vender, entregar ou fornecer, ainda que 
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou 
explosivo a criança ou adolescente; e
– produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização 
legal,ou adulterar, de qualquer forma, munição ou 
explosivo.
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, 
conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, 
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, 
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem 
autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial 
ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma 
de prestação de serviços, fabricação ou comércio 
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em 
residência.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou 
saída do território nacional, a qualquer titulo, de arma 
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da 
autoridade competente:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 
17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem 
praticados por integrante dos órgãos e empresas 
referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter 
em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, 
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar:
§ 1º (...)
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste 
artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de 
reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 17. (...)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º (...)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma 
de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em 
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a 
agente policial disfarçado, quando presentes elementos 
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Art. 18. (...)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou 
entrega arma de fogo, acessório ou munição, em operação 
de importação, sem autorização da autoridade competente, 
a agente policial disfarçado, quando presentes elementos 
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a 
pena é aumentada da metade se:
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas 
referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou II - o agente for 
reincidente específico em crimes dessa natureza.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros 
balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis 
Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo 
cadastrar armas de fogo e armazenar características de classe 
e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição 
deflagrados por arma de fogo.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído 
pelos registros de elementos de munição deflagrados por 
armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações 
destinadas às apurações criminais federais, estaduais e 
distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela 
unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis 
Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou 
promover sua utilização para fins diversos dos previstos 
nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e 
administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de 
dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional 
de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder 
Executivo federal.
98
Aqui ocorreram alterações significativas nos preceitos secundários, ocorrendo 
exasperação das balizas da pena em diversos artigos, mormente em casos de reincidência, 
com a majorante incluída pela lei anticrime.
Logo no caput do artigo 16, há alteração no preceito primário. O caput do artigo 16 
passa a ser somente em casos de armas de uso restrito e não mais em casos de armas 
de uso proibido.
Quando a conduta for praticada com uso de arma de uso proibido, deverá ser 
enquadrado no parágrafo segundo do artigo 16, com a pena passando de 3 a 6 anos para 
4 a 8 anos. 
No artigo 17, tem a alteração da pena de 4 a 8 anos para 6 a 12 anos, uma 
exasperação alta para o comércio ilegal de arma.
Quanto ao artigo 18, no texto anterior, o tráfico internacional de armas havia 
preceito secundário igual comércio ilegal de arma de fogo, o que poderia violar o princípio 
da proporcionalidade, tornando a proteção ineficiente do bem jurídico. O legislador alterou, 
tornando a pena de 8 a 16 anos para os casos de tráfico internacional de arma.
No parágrafo segundo do artigo 17, trazido pela lei anticrime, há a mesma situação 
do agente disfarçado trazido na lei de drogas. Assim, recomenda-se a leitura do capítulo 
6.2.
Por fim, a modificação que considero de extrema relevância, e por sinal, acredito 
até mesmo em uma inconstitucionalidade pela proibição excessiva, é o artigo 20, inciso II. 
Em casos de reincidência, haverá mais uma forma de majorar a pena. A partir da 
lei anticrime, nos crimes do artigo 14, 15, 16, 17 e 18, poderá haver um aumento até a 
metade na pena. 
Como em outros casos, entendo que houve uma violação ao princípio da 
proporcionalidade, tornando a proibição excessiva, desproporcional.
99
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Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber Masson. – 8.ª 
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Nucci, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal / Guilherme de 
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http://www.badaroadvogados.com.br/20-062017-as-condicoes-da-acao-penal.html
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-lei-13-9642019/
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https://www.conjur.com.br/2015-jan-16/limite-penal-importancia-cadeia-custodia-prova-penal
https://www.conjur.com.br/2015-jan-16/limite-penal-importancia-cadeia-custodia-prova-penal
https://www.conjur.com.br/2020-jan-02/juizes-federais-publicam-carta-defesa-juiz-garantiashttps://www.conjur.com.br/2020-jan-02/juizes-federais-publicam-carta-defesa-juiz-garantias
https://www.conjur.com.br/2020-jan-10/limite-penal-procede-arquivamento-modelo
https://www.conjur.com.br/dl/modificacoes-processuais-projeto.pdf
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/02/expectativa-de-vida-por-que-as-mulheres-vivem-mais-do-que-os-homens.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/02/expectativa-de-vida-por-que-as-mulheres-vivem-mais-do-que-os-homens.shtml
100
NUCCI, Guilherme de Souza.Código de Processo Penal comentado. 8. ed. São Paulo: RT, 
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PACELLI, Eugênio. Prisão Preventiva e liberdade provisória. Ed Atlas. 2013.
Távora, Nestor e Alencar, Rosmar. Curso de direito processual penal – 11. Ed. Re., ampl. 
E atual. Salvador. Ed. JusPodivm, 2016. Página 48.
	1. INTRODUÇÃO
	2. NOMENCLATURA DA LEI
	3. DO DIREITO INTERTEMPORAL E NATUREZA JURÍDICA DAS MODIFICAÇÕES
	4. DAS MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO PENAL
	4.1. ARTIGO 25 DO CÓDIGO PENAL
	4.2. ARTIGO 51 DO CÓDIGO PENAL
	4.3. ARTIGO 75 DO CÓDIGO PENAL
	4.4. ARTIGO 83 DO CÓDIGO PENAL
	4.5. ARTIGO 91-A DO CÓDIGO PENAL
	4.6. ARTIGO 116 DO CÓDIGO PENAL
	4.7. ARTIGO 122 DO CÓDIGO PENAL
	4.8. ARTIGO 157 DO CÓDIGO PENAL
	4.9. ARTIGO 171 DO CÓDIGO PENAL
	4.10. ARTIGO 316 DO CÓDIGO PENAL
	5. DAS MODIFICAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.1. ARTIGO 3º DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.2. ARTIGO 14-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.3. ARTIGO 28 E 28-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.4. ARTIGO 122 E 124-A DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.5. ARTIGO 157 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.6. ARTIGO 158 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.7. ARTIGO 282 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.8. ARTIGO 283 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.9. ARTIGO 287 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.10. ARTIGO 310 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.11. ARTIGO 311 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.12. ARTIGO 312 E 313 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.13. ARTIGO 315 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.14. ARTIGO 316 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.15. ARTIGO 492 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.16. ARTIGO 564 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.17. ARTIGO 581 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	5.18. ARTIGO 638 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
	6. DAS MODIFICAÇÕES NAS LEIS ESPECIAIS
	6.1. DAS MODIFICAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
	6.1.1. ARTIGO 9º-A E 50 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
	6.1.2. ARTIGO 52 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
	6.1.3. ARTIGO 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
	6.1.4. ARTIGO 122 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL
	6.2. DA MODIFICAÇÃO NA LEI DE DROGAS
	6.3. DAS MODIFICAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
	Bibliografia

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