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CCA 0789 – Cultura das Mídias Aula 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS 1 AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Temas/objetivos desta Aula Cultura das Mídias A importância de McLuhan Transformações pelos meios O “Meio é a Mensagem” Meios como extensões do homem Aldeia Global 2 Marshall McLuhan Cultura das Mídias Dados Biográficos Conhecido pela máxima “o meio é a mensagem” e por defender a ideia “aldeia global” , o acadêmico canadense Marshall Mcluhan (1911 -1980) continua sendo um teórico que divide opiniões, considerado profético para uns e determinista tecnológico para outros, sua obra tem sido revisitada devido ao advento do mundo digital. Formado em Literatura Inglesa , pertencia a Escola de Toronto, caracterizada pela exploração da Literatura da Grécia Antiga e de uma visão teórica de que os meios de comunicação criam estados psicológico e sociais. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Wikimedia Commons 3 Marshall McLuhan Cultura das Mídias Dados Biográficos Em uma perspectiva da Ecologia dos Meios, os estudos de McLuhan contribuem para um entendimento das modificações operadas pelos meios no modo de sentir o mundo e produzir linguagem; Suas obras mais conhecidas são: A Galáxia de Gutenberg (Gutenberg Galaxy, 1962) , Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem (Understanding Media, 1964) e O Meio é a Mensagem (The Medium is the Massage: An Inventory of Effects (1967). AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Wikimedia Commons 4 Principais Conceitos Cultura das Mídias Os meios como extensão do homem “Tudo que amplia a ação do agente humano. As roupas, por exemplo, são extensões, ampliações. A linguagem é um prolongamento, uma ação a distância que compreende uma memória, um sistema de codificação. Ela assimila as percepções, conduzindo-as e canalizando-as.” (McLuhan em entrevista à Revista france L’Express, 1972) Os meios são “próteses técnicas” que ampliam as capacidades do ser humano. O telefone amplia a fala; a roda, a capacidade de locomoção, a eletricidade, nosso sistema nervoso central. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 5 Principais Conceitos Cultura das Mídias O meio é a mensagem Para McLuhan meios são como ambientes, estamos imersos neles, não costumamos pesquisar os efeitos. A mensagem, alvo dos estudos comunicacionais da perspectiva crítica, é vista pelo autor como consequência das mudanças sociais e não a causa; Ademais, para McLuhan o conteúdo de um meio ou veículo é outro meio ou veículo. Por exemplo, o conteúdo da escrita é a fala e o da imprensa é a palavra escrita. (MCLUHAN, 2000, p.16) AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay Fonte: Pixabay 6 Principais Conceitos Cultura das Mídias O meio é a mensagem “Porque o ambiente é sempre invisível. O idioma francês, por exemplo, é o meio em que vocês se banham e sobre o qual não conhecem muita coisa, exatamente por estarem imersos dentro dele. Um inglês sabe muito mais sobre a língua francesa do que vocês mesmos, porque ele se surpreende com suas expressões. Para o inglês, tudo isso é playback, “replay”, enquanto para vocês é “play”. (McLuhan em entrevista à Revista france L’Express, 1972) AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Pixabay 7 Principais Conceitos Cultura das Mídias Meio como tradutor “Ao telefone, a criança neurótica demonstra tendência a perder seus traços neuróticos — fato que tem intrigado os psiquiatras. Alguns gagos perdem a gagueira quando falam em língua estrangeira. As tecnologias são meios de traduzir uma espécie de conhecimento para outra [...]” (MCLUHAN, 2000, p. 52) Os meios, que prolongam através da técnica nossa capacidade comunicativa, funcionam como metáforas que traduzem a experiência da totalidade para os sentidos manifestos. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 8 Principais Conceitos Cultura das Mídias Meios Quentes e Meios Frios McLuhan toma de empréstimo o termo de gíria “frio”, utilizado pelos jovens da época, na reflexão sobre os diferentes tipos de envolvimento permitidos pelas especificidades dos meios; Algo “frio” para estes jovens seria algo que envolve a participação de todas as faculdades de uma pessoa. A televisão e o rádio são exemplos de meios frios que fornecem pouca quantidade de informação, deixando ao receptor lacunas a serem completadas pela interação de todos os sentidos. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 9 Principais Conceitos Cultura das Mídias Meios Quentes e Meios Frios Os meios quentes prolongam o sentido um único sentido em alta definição como o livro, o Cinema e a fotografia. Deixam poucas lacunas à serem completadas pelo receptor, a alta saturação de dados não requer grande envolvimento; Socialmente produzem fragmentação e especialização, reduzindo sobremaneira a intensidade da experiência. “Destribaliza” ao individualizar a experiência. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 10 Principais Conceitos Cultura das Mídias Tribalização, Destribalização, Retribalização Em “A Galaxia de Guttenberg” (1972), McLuhan, associando-se a visão de Karl R. Poper sobre “sociedades abertas” e “sociedades fechadas”, busca estudar o efeito de destribalização do mundo, promovida pela entrada da cultura letrada a partir da invenção do alfabeto. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 11 Principais Conceitos Cultura das Mídias Tribalização, Destribalização, Retribalização “Mas é a invenção da tipografia que marca a grande transformação. A tecnologia da imprensa da ao homem, com o livro, — "a primeira máquina de ensinar", na expressão de McLuhan — a posse do saber, e armando-o com uma perspectiva visual e um ponto de vista uniforme e preciso, o liberta da tribo, a qual explode, vindo, nos dias de hoje, transformar-se nas grandes multidões solitárias dos imensos conglomerados individuais.” (MCLUHAN, 1972, p. 12) AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 12 Principais Conceitos Cultura das Mídias Tribalização, Destribalização, Retribalização Ainda em “A Galáxia de Gutenberg” (1972), o intelectual canadense observa o processo de retribalização do mundo devido à Revolução Elétrica cuja tecnologia possui caráter orgânico. “De fato, a tecnologia elétrica põe inteiramente a dimensão mítica ou coletiva da experiência humana em um mundo cada dia mais desperto e consciente.” (MCLUHAN, 1972, p. 327) . O argumento é desenvolvido na obra “Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem” (2010), na qual o autor enfatiza que a luz é meio sem informação, projeção de nosso sistema nervoso central, é veloz, sensorial, difusa. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 13 Principais Conceitos Cultura das Mídias Aldeia Global A Era da eletricidade tende a promover uma reunificação das partes mecanizadas da Era Impressa. A televisão é o meio paradigmático para se pensar esta relação. Um meio frio, cuja luz envolve o receptores de todo mundo através da interligação por satélites, liberta-os do corpo, tempo e espaço; “O que temos agora é a multidão, a meio caminho entre a civilização antiga e a tribo nova. E a multidão é apenas confusão.” AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 14 Principais Conceitos Cultura das Mídias Tétrade Em Laws of Media (1988), publicado postumamente, Mcluhan discute os efeitos que advêm da entrada de novos meios tecnológicos na sociedade; De acordo com Braga (2012, p.5) os efeitos compreendem: “a amplificação de alguns aspectos da sociedade; o envelhecimento (obsolescência)de aspectos da mídia dominante antes da emergência do novo meio; a proeminência de aspectos tornados obsoletos previamente; e a revitalização de mídias em consequência do pleno desenvolvimento do potencial do novo meio.” AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Wikimedia Commons 15 Críticas a McLuhan Cultura das Mídias Críticas a McLuhan Determinismo tecnológico, uma crença cega no poder transformador da mídia; Acusado de servir ao capitalismo americano, caracterizado pelo desenvolvimento tecnológico; Acusado de ser utópico sobre a questão da “aldeia global”, uma vez que a interligação não inclui a todos; Abstraiu as ideias de humano e meio dos contextos sócio históricos, responsáveis pelas configurações dos grupos humanos AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 16 McLuhan Revisitado Cultura das Mídias “Episódios Midiáticos Extremos” No artigo intitulado, Episódios Midiáticos Extremos: Dinâmicas Contemporâneas de Comunicação e Pesquisas Neuromidiáticas” (2015), o pesquisador da UFRJ Vinicius Pereira; explora os efeitos materiais dos meios sobre o corpo e mente contemporâneos, propondo novas pesquisas inspiradas no trabalho de McLuhan. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Pixabay 17 Fonte: Pixabay McLuhan Revisitado Cultura das Mídias “Episódios Midiáticos Extremos” O autor analisa como episódios como “as primeiras exibições de cinema no final do século XIX e início do século XX, a transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, em 1938, concebida por Orson Welles, o experimento de publicidade subliminar, proposto por James Vicary em 1957, as crises de epilepsia fotossensível, desencadeadas pelo game e posteriormente pela exibição da série de desenhos animados da grife Pókemon, em 1997 [...]” (PEREIRA, 2015, p.20), afetam nosso organismo. AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS 18 McLuhan Revisitado Cultura das Mídias “Episódios Midiáticos Extremos” “O Google está nos tornando estúpidos? O que a Internet está fazendo com os nossos cérebros. Com esse título [...] Nicholas Carr publica um artigo na revista “The Atlantic”, que depois ganharia mais extensão e profundidade no livro “The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains”. No artigo em questão, é especulado se seria possível que os novos hábitos de leitura inaugurados e fortalecidos pelas novas tecnologias de comunicação já pudessem afetar, não apenas os modos de se ler, mas também os modos de se pensar hoje em dia (CARR, 2008).” (PEREIRA, 2015, p.27) AULA 4: MCLUHAN: A VISÃO, O SOM E A FÚRIA DAS TRANSFORMAÇÕES MIDIÁTICAS Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Pixabay 19 Saiba mais “O Google Está Mudando o Seu Cérebro” Cultura das Mídias https://www.youtube.com/watch?v=nSwYmyls5-A AULA 4: DA SOBERANIA DO LIVRO À ERA DAS IMAGENS 20 Saiba mais Livros Cultura das Mídias MCLuhan, Marshall. A Galáxia de Gutenberg: formação do homem tipográfico. São Paulo, Editora Nacional, Editora da USP, 1972. MCLuhan, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 2010. AULA 4: DA SOBERANIA DO LIVRO À ERA DAS IMAGENS 21 Saiba mais Artigos Cultura das Mídias BRAGA, Adriana. McLuhan entre conceitos e aforismos. ALCEU , v. 12, n.24, p. 48 a 55, jan./jun. 2012. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/Artigo%204_24.pdf FLECK, Débora. Entrevista com Marshal McLuhan. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, E-compós, Brasília, v.14, n.3, set./dez. 2011. Disponível em: compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/845/609 PEREIRA, Vinícius Andrade. Episódios Midiáticos Extremos, Dinâmicas Contemporâneas de Comunicação e Pesquisas Neuromidiáticas. Contracampo. v. 32, n. 2, abr-jul, 2015, p. 18 a 35. Disponível em: contracampo.uff.br/index.php/index/search/titles?searchPage=8 AULA 4: DA SOBERANIA DO LIVRO À ERA DAS IMAGENS 22 Assuntos da próxima aula: Processo de produção de linguagens Possibilidades da Linguagem Hipermídia Linguagem Hipermídia nas Artes 23
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