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UNIDADE III - PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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Pesquisa em 
Educação Matemática
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Edda Curi
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Principais tendências da pesquisa em educação matemática
• Introdução
• Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
• Técnicas Utilizadas para Realizar uma Pesquisa
• Etapas para o Planejamento e Execução da Pesquisa
• Metodologia de Pesquisa
• Elaboração de Artigos Acadêmicos
• Pesquisa em Educação Matemática
• Algumas Reflexões
 · Discutir a construção de projetos de pesquisa e de artigos acadêmicos.
 · Discorrer sobre tendências de pesquisa em Educação Matemática.
 · Entender o que é e como se elabora um artigo acadêmico e 
uma pesquisa.
 · Sugerir temas que podem ser inseridos no cenário da pesquisa.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Caro(a) aluno(a),
Nesta Unidade discutiremos as principais tendências da pesquisa em Educação 
Matemática. Abordaremos ainda alguns elementos que constituem projetos de 
pesquisa e artigos acadêmicos. 
Para conhecer mais sobre o assunto, acesse os materiais didáticos desta Unidade, 
onde você encontrará o conteúdo e as atividades propostas.
Mãos à obra!
ORIENTAÇÕES
Principais tendências da pesquisa em 
educação matemática
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Contextualização
Você já fez alguma pesquisa na escola? Já leu alguma pesquisa? E artigo acadêmico, 
você conhece algum?
Nesta Unidade estudaremos algumas características de um projeto de pesquisa, 
de modo que você se familiarizará com elementos e itens de um artigo acadêmico.
Quer saber mais sobre este assunto?!
Então, além de ler o material teórico desta Unidade, o qual foi inspirado em 
livros de metodologia de pesquisa escritos por educadores brasileiros de renome, 
como Antônio Joaquim Severino, Pedro Demo e Sergio Luna, você saberá mais 
sobre um desses autores nesta contextualização.
Importante!
Que um dos grandes pesquisadores brasileiros que discutem metodologia de pesquisa é 
Antônio Joaquim Severino?
Severino é professor titular, aposentado, de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação 
da Universidade de São Paulo, atuando como docente colaborador. Licenciou-se em Filosofia 
na Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1964. Na Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo apresentou seu Doutorado, defendendo a tese sobre o personalismo de Emmamuel 
Mounier, em 1972. Prestou concurso de Livre Docência em Filosofia da Educação na Universidade 
de São Paulo, em 2000. Em 2003 prestou concurso de titularidade. Atualmente integra o corpo 
docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Nove de Julho, de São 
Paulo, onde lidera o Grupo de Pesquisa e Estudo em Filosofia da Educação (Grupefe). Entre suas 
publicações, destacam-se Metodologia do trabalho científico (21. ed. São Paulo: Cortez, 2000); 
Educação, ideologia e contra-ideologia (São Paulo: EPU, 1986); Métodos de estudo para o 
2º Grau (5. ed. São Paulo: Cortez, 1996); A Filosofia no Brasil ([S.l.]: Anpof, 1990); Filosofia (5. 
ed. São Paulo: Cortez, 1999); Filosofia da Educação (2. ed. São Paulo: FTD, 1998); A Filosofia 
Contemporânea no Brasil: conhecimento, política e educação (Petrópolis, RJ: Vozes, 1999), 
Educação, sujeito e história ([S.l.]: Olho d´Água, 2002) e vários artigos sobre temas de Filosofia 
da Educação. Seus estudos e pesquisas atuais situam-se no âmbito da Filosofia e da Filosofia 
da Educação, com destaque para as questões relacionadas à epistemologia da educação e às 
temáticas concernentes à educação brasileira e ao pensamento filosófico e sua expressão na 
cultura brasileira (fonte: http://goo.gl/4XvqXd).
Você Sabia?
6
7
Introdução
Neste texto refletiremos sobre a configuração de um projeto de pesquisa 
e sobre a composição de um artigo acadêmico, ou seja, alguns dos formatos 
textuais que permitem comunicar para a comunidade científica os resultados da 
pesquisa realizada. Além disso, discutiremos algumas tendências de pesquisa em 
Educação Matemática.
Já abordamos este assunto em outras unidades desta Disciplina. Afinal, você sabe o 
que é pesquisa?Ex
pl
or
Seguem algumas definições de pesquisa – claro que existem muitas outras.
Para Demo (2000, p. 33) “a pesquisa apresenta-se como a instrumentação teórico-
metodológica para construir conhecimento”. Para Luna (2000, p. 15) “a pesquisa 
visa a produção de conhecimento novo, relevante teórica e socialmente fidedigno”. 
Esse autor completa que um saber novo corresponde a “[...] um conhecimento que 
preenche uma lacuna importante no conhecimento disponível em uma determinada 
área do conhecimento” (LUNA, 2000).
Pedro Demo é graduado em Filosofia e doutor em Sociologia, com Pós-Doutorados 
na Alemanha e Estados Unidos. É professor titular aposentado do Departamento 
de Sociologia da Universidade de Brasília, instituição que lhe conferiu também o 
título de professor emérito. Trabalha com Metodologia Científica, no contexto da 
Teoria Crítica e de Pesquisa Qualitativa. No Ministério da Educação foi secretário-
geral adjunto de 1979 a 1983 e diretor geral do Instituto Nacional de Estudos 
e Pesquisas Educacionais (Inep) de 1984 a 1985. Ao longo de sua carreira, 
orientou 22 dissertações de Mestrado, nove teses de Doutorado, quinze trabalhos 
de conclusão de curso de Graduação e onze de iniciação científica. Recebeu 
inúmeras homenagens nacionais e internacionais; é autor de mais de cem artigos 
completos em periódicos; mais de setenta livros; entre muitas outras contribuições 
(fonte: http://goo.gl/WBgkeS).
Ex
pl
or
7
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Sergio Vasconcelos de Luna concluiu o Doutorado em Psicologia 
Experimental pela Universidade de São Paulo em 1983. 
Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo, filiado aos programas de Pós-Graduação 
em Educação: Psicologia da Educação, assim como em Psicologia 
Experimental: Análise do Comportamento. Publicou quatro 
livros – dos quais três em coautoria –, treze capítulos de 
livros e dez artigos em periódicos especializados. Orientou 47 
dissertações de Mestrado e sete de Doutorado nas áreas de 
Educação e Psicologia. Participou de inúmeros projetos, um 
dos quais em nível internacional. Atua na área de Psicologia, 
com ênfase em Psicologia Experimental. Em suas atividades 
profissionais, interagiu com treze colaboradores em coautorias 
de trabalhos científicos. Em seu Currículo Lattes os termos mais 
frequentes na contextualização de sua produção científica, 
tecnológica e artístico-cultural são: análise do comportamento 
e educação, behaviorismo e educação, contingências de ensino, 
contingências educacionais, contingências na Pós-Graduação, 
desenvolvimento infantil, dissertações e teses, ensino de Pós-
Graduação no Brasil, ensino e pesquisa e ensino universitário 
(fonte: http://goo.gl/N5hpC6).
Ex
pl
or
Busque outras definições de pesquisa e verifique pontos em comum ou discordantes nas 
significações apresentadas.Ex
pl
or
Agora que você descobriu o que é pesquisa, saberia dizer para que serve?
A pesquisa pode ser utilizada para: 
 · Gerar e adquirir novos conhecimentos sobre si ou sobre o mundo em que vive;
 · Obter e/ou sistematizar a realidade empírica – conhecimento empírico;
 · Responder, explicitar ou descrever alguns questionamentos; 
 · Resolver problemas; 
 · Atender às necessidades de mercado.
8
9
Pesquisa Qualitativa e Quantitativa
Quanto à natureza, a pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa, a saber:
 · Quantitativa – traduz os dados em números, no geral, a partir de técnicas de 
estatística para análise; 
 · Qualitativa – é descritiva. Os dados são analisados indutivamente por 
meio da interpretação dos fenômenos pesquisados.
Na área da Educação e da Educação Matemática há uma tendência para o uso 
de pesquisas de natureza qualitativa.
Mas existe uma só maneira de fazer pesquisa qualitativa?
No próximo item você verá que existem diferentes técnicas ou procedimentos depesquisa, dependendo do que será investigado.
Técnicas Utilizadas para Realizar uma Pesquisa
Quanto aos procedimentos técnicos para a coleta de dados, apresenta-se a 
seguir alguns tipos de pesquisa:
 · Bibliográfica – quando elaborada com base em material já publicado, cons-
tituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente também 
com material publicado na Internet; 
 · Documental – utiliza fontes de informações que não receberam tratamento 
analítico, ou não foram organizadas, ou não foram analisadas com os objetivos 
propostos como, por exemplo, legislação, currículo, livro didático etc.; 
 · Experimental – consiste em experimentar, fazer experiências. O objeto da 
pesquisa é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os 
fatores que o produzem, ou que por esse sejam produzidos; 
 · Estudo de caso – análise aprofundada de um ou de poucos objetos, de 
maneira a permitir o seu conhecimento detalhado; 
 · Pesquisa-ação – possui o envolvimento participativo ou cooperativo dos 
pesquisadores e demais participantes no trabalho de pesquisa.
No próximo item discutiremos as etapas utilizadas no planejamento e execução 
de uma pesquisa.
9
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Etapas para o Planejamento e Execução 
da Pesquisa
Um ponto crucial para a realização de uma pesquisa é a escolha do tema. 
Essa escolha depende de vários fatores, mas o tema adotado deve ser importante 
para o pesquisador, embora também deva ser atual e relevante para a comuni-
dade científica.
Revisão da Literatura
Para realizar uma pesquisa é inicialmente necessário fazer uma revisão da 
literatura, com o mapeamento de pesquisas e publicações da área, as quais devem 
ser estudadas e sintetizadas nesta etapa.
O objetivo da revisão de literatura é sumarizar e analisar criticamente os 
estudos relevantes sobre um determinado tópico de interesse do pesquisador. Não 
se trata apenas de mostrar o que outros no campo têm “produzido”. É preciso 
analisá-los criticamente, comparar e contrastar as diferentes visões dos autores 
e seus “achados”, agrupar autores com conclusões similares; criticar aspectos da 
metodologia; identificar pontos que os autores não concordam; mostrar como o 
estudo está relacionado à literatura em geral.
Uma boa revisão de literatura permite definir e limitar o problema de pesquisa; 
evitar duplicação de temas; avaliar métodos interessantes; relacionar os resultados 
prévios com a pesquisa que será desenvolvida. 
A revisão de literatura pode ser elaborada a partir de leituras de artigos publicados 
no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (Capes), em anais de congressos, em livros com artigos da área etc. De 
preferência, deve contemplar literatura nacional e internacional.
Quando fizer a leitura, guie-se pelo objetivo de seu estudo. Faça questões como: 
“o que os autores estão tentando compreender?” “Por que tal estudo é importante?” 
“Como o estudo foi situado na literatura?” “Qual é o modelo teórico?” “Como os 
dados foram coletados?” “Quais foram os resultados?” “Devo aceitar os resultados 
como adequados?” “Estes resultados estão relacionados ao meu estudo? Se sim, 
de qual maneira?”
Faça um sumário da leitura; escreva um resumo das evidências e conclusões dos 
autores lidos; redija suas reações; comente sobre a metodologia; faça conexões 
entre seu projeto de pesquisa e o que você leu; compare e contraste com as visões 
de outros autores; mantenha clareza sobre a diferença entre suas ideias e a dos 
autores lidos; revise suas notas em outro dia e as complemente.
10
11
Mas, por que explicitar a teoria no estudo?
As teorias enviesam o estudo, portanto, melhor explicitá-las; ajudam a dar 
sentido aos dados; a aprofundar a compreensão dos dados. São como “lentes” 
diferentes, que geram distintas questões, novas análises de literatura, apartadas 
análises de dados. A teoria de um estudo deve dialogar bem com o paradigma no 
qual a pesquisa é desenvolvida.
É preciso ter relação entre a teoria e os dados, mas a teoria não deve funcionar 
como “camisa de força”. Um estudo consistente necessita trazer uma íntima relação 
entre a teoria e a revisão de literatura. A teoria pode ser as lentes pelas quais 
selecionamos e analisamos a literatura, ao mesmo passo que resultados de estudos 
podem desafiar a teoria.
Justificativa da Escolha do Tema
O pesquisador precisa justificar a importância de sua pesquisa, salientando o 
“porquê” da investigação, as vantagens e benefícios que essa proporcionará. A 
importância da pesquisa deve ser pessoal, mas também acadêmica e profissional. 
Assim, a justificativa deve descrever como o pesquisador desenvolveu o interesse 
pelo assunto, ou seja, a justificativa pessoal; a importância da pesquisa para a área 
científica, a partir de uma lacuna na literatura ou de uma teoria pouco estudada; ou 
ainda a insatisfação com alguma prática ou crença. Pode-se ainda fazer parte de 
um grande projeto em desenvolvimento, mas a pesquisa deve ser importante para 
o campo profissional em que o pesquisador atua.
Formulação do Problema
A partir da escolha do tema, da justificativa e da revisão da literatura, o problema 
é então formulado. Nesta etapa define-se claramente o problema, delimitando-o em 
termos de tempo e espaço, ou seja, um problema não pode ser muito amplo. Os 
exemplos a seguir mostram como delimitar melhor o tema de pesquisa e formular 
o problema:
Um problema de pesquisa bastante amplo e genérico pode ser, por exemplo: 
“Como os alunos aprendem Matemática?”
Esse problema poderia ser delimitado usando um determinado ano de 
escolaridade, uma abordagem metodológica, ou o uso da Internet, de modo que a 
questão ficaria: “Como os alunos do 9º ano aprendem Matemática usando como 
abordagem metodológica a resolução de problemas?”
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UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Objetivos e Questões de Pesquisa
Uma pesquisa deve ter objetivos bem definidos. O objetivo representa o objeto 
a ser investigado, deve ser claro, delimitado e focado.
Em uma pesquisa é necessário determinar os objetivos que se pretende alcançar, 
ou seja, seus propósitos. Os objetivos devem ser explicitados nesta etapa. Podem ter 
diferentes ênfases: realçar a percepção dos sujeitos, destacar os processos, o desen-
volvimento dos fenômenos, ou mesmo enfatizar a historicidade desses fenômenos.
A partir dos objetivos e da problemática são apresentadas as questões de pesquisa, 
as quais devem destrinchar o objetivo geral. O exemplo a seguir ilustra esta etapa.
Se uma pesquisa tem como objetivo geral: “Investigar o uso do livro didático de 
Matemática por professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental”.
A partir desse objetivo é possível delimitar algumas questões de pesquisa mais 
específicas, tais como: 
 · “Com qual frequência os professores dos anos iniciais do Ensino 
Fundamental usam os livros didáticos de Matemática?”
 · “Quais escolhas fazem?”
 · “Como selecionam os conteúdos?”
 · “Quais critérios utilizam na seleção das atividades?”
 · “Usam em sala de aula ou para lição de casa?”
Metodologia de Pesquisa
Em função do objetivo é possível escolher a metodologia de pesquisa, ou seja, 
como se procederá a execução da investigação, quais caminhos serão utilizados 
para chegar aos objetivos propostos, ou como se fará a coleta de dados. Isso 
acontece, pois, há uma relação entre as questões de pesquisa e a coleta de dados.
Coleta de Dados
A partir do objetivo aqui empregado como exemplo – “Investigar o uso do livro 
didático de Matemática por professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental” 
– é possível delimitar os sujeitos da pesquisa: professores dos anos iniciais do 
Ensino Fundamental. Mas é preciso saber como esses dados serão coletados, se 
por entrevista aberta ou semiestruturada, se por observação da prática docente ou 
por análise dos documentos de registro das aulas etc.
Definida como será a coleta de dados, é precisofazer o planejamento dessa coleta. 
Algumas questões podem ajudar nessa organização: “Por que estes dados serão 
coletados?” “Qual é a estratégia?” “Quem/o que será a fonte de dados?” “Quantos 
serão acessados?” “Onde os dados serão coletados?” “Com qual frequência?” “Como 
os dados serão coletados?” “Por que esta é a melhor forma para coletar os dados?”
12
13
Tratamento dos dados
Após a coleta de dados é preciso fazer a tabulação das informações da pesquisa, 
ou seja, a organização dos dados obtidos. Tais dados podem ser organizados por 
similares e/ou por diferenças.
Após a tabulação, realiza-se a análise e a discussão dos resultados. Para tal etapa 
recorre-se a recursos tais como: índices, cálculos estatísticos, tabelas, quadros e 
gráficos. Concluída a análise dos dados coletados e organizados, pode-se confirmar 
ou refutar a hipótese anunciada. 
Redação Final
Finalmente, é elaborada a redação e apresentação do trabalho científico. Após sua 
realização, tal pesquisa é divulgada, uma vez que os resultados devem ser públicos.
A seguir discutiremos alguns aspectos metodológicos para a elaboração de artigos 
acadêmicos e coleta de dados.
Elaboração de Artigos Acadêmicos
Você sabe o que é um artigo acadêmico?
Ex
pl
or
Artigo acadêmico é uma das formas de comunicação da comunidade científica; 
apresenta o resultado da sistematização da análise sobre um tema, condição realizada 
a partir de interpretação científica. Tem por objetivo apresentar uma contribuição 
relevante ou original e pessoal à Ciência. É um estudo científico sobre uma questão 
bem determinada e limitada, realizado com profundidade e de forma conclusiva. 
Em relação ao tema tratado, o autor deve demostrar conhecimento da literatura; 
exame detalhado do tema, abordando todos os seus aspectos e ângulos; análise em 
profundidade, privilegiando a reflexão e o rigor científico.
Assim, um artigo acadêmico dá tratamento escrito de um assunto específico, 
original, com metodologia própria, relacionado integralmente à investigação científica 
pura ou aplicada. Pode ser resultado tanto de pesquisa experimental ou empírica, 
como de pesquisa não experimental – de campo, observacional, documentária, 
inquérito, bibliográfica etc.
Você sabe qual o objetivo de se fazer um artigo acadêmico?
Ex
pl
or
Em suma, o objetivo de um artigo acadêmico é produzir e divulgar conhecimento. 
Mas, se o objetivo é comunicar algo a uma comunidade, como isso deve ser feito? 
Quais os requisitos? Como deve ser elaborado este material? É o que veremos nos 
próximos itens.
13
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Requisitos de Cientificidade
Um estudo é científico quando responde aos seguintes requisitos:
 · Debruçar-se sobre um objeto reconhecível e definido de tal maneira que 
seja igualmente reconhecível pelos outros: 
 ▪ Definir o objeto significa estabelecer as condições sob as quais podemos 
abordar, com base em certas regras que estabelecemos ou que outros o 
fizeram antes de nós. Dito de outra forma, é possível constituir um objeto 
de pesquisa reconhecível publicamente sob certas condições; 
 · Dizer do objeto algo que ainda não foi dito, ou, sob uma ótica diferente, rever 
o que já se disse. Um artigo acadêmico bibliográfico só é cientificamente 
útil se o autor conseguiu relacionar de modo sistemático e estruturado, 
ou até inovador, as opiniões já expressas por outros sobre o mesmo tema 
– originalidade;
 · Ser útil aos demais, ou seja, acrescentar algo ao que a comunidade já 
sabia, de modo que os futuros trabalhos sobre o tema devem levá-lo em 
conta, ao menos em teoria. A importância científica se mede pelo grau de 
indispensabilidade que a contribuição estabelece;
 · Fornecer elementos para a verificação e a contestação das hipóteses 
apresentadas e, portanto, para uma continuidade pública – replicabilidade, 
importância do método. Para que o estudo seja científico, deve:
 ▪ Fornecer provas;
 ▪ Descrever como procedeu para obter tais provas;
 ▪ Informar como se deve fazer para achar outras provas;
 ▪ Dizer, se possível, qual tipo de prova destruiria sua hipótese, caso fosse 
encontrada;
 ▪ Apresentar documentos para confirmar seu argumento;
 ▪ Descrever como procedeu para localizar tais documentos e onde 
os encontrou;
 ▪ Descrever quais foram os critérios empregados para atestar tais documentos 
como legítimos.
Estrutura Formal de um Artigo Acadêmico
 · Elementos pré-textuais:
 ▪ Título;
 ▪ Filiação institucional;
 ▪ Resumo;
 ▪ Palavras-chave;
 ▪ Abstract;
 ▪ Keywords.
14
15
 · Elementos textuais:
 ▪ Introdução;
 ▪ Desenvolvimento;
 ▪ Conclusão – ou considerações finais;
 · Elementos pós-textuais:
 ▪ Referências bibliográficas.
A seguir apresentamos algumas considerações sobre cada um desses subitens. 
Título
O título deve expressar o tema da pesquisa, de modo que o autor deve se 
preocupar em deixar claro o argumento principal defendido ao longo de seu artigo 
no título. Deve ser claro, objetivo e conciso, além de atraente para o leitor.
Filiação Institucional
Títulos acadêmicos que o autor possui e sua vinculação acadêmica e profissional.
Resumo 
O resumo que precede aos artigos acadêmicos, Trabalhos de Conclusão de 
Curso (TCC), monografias, dissertações de Mestrado e teses de Doutorado é do tipo 
“resumo informativo”. 
O resumo visa fornecer os elementos essenciais para permitir a decisão sobre 
a necessidade da consulta ao texto integral. Deve ser objetivo, conciso e com 
frases breves e afirmativas, na terceira pessoa do singular, em espaço simples, 
preferencialmente em parágrafo único.
De forma muito sucinta, deve conter: o tema do artigo; os objetivos gerais; a 
metodologia utilizada; o referencial teórico; os principais resultados; as conclusões.
Palavras-Chave 
São palavras que resumem os temas principais do texto. Identificam ideias e 
assuntos de especial importância, empregadas como referência da pesquisa. 
Abstract
O abstract é a versão do resumo em inglês. Porém, não deve ser apenas uma tradu-
ção literal ou convencional do resumo, mas sim uma tradução científica, com projeção 
idiomática precisa dos termos e expressões técnicas à cultura científica anglófona. 
Keywords
É a versão em inglês das palavras-chave.
Introdução
A introdução deve conter: tema e delimitação desse; problema; hipótese; 
justificativa; objetivos gerais e específicos; metodologia e técnicas de pesquisa.
15
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Desenvolvimento 
O desenvolvimento deve conter: referencial teórico – base teórica do artigo e 
revisão bibliográfica – e resultados.
Conclusão – ou Considerações Finais
A conclusão deve ser analítica, interpretativa e incluir argumentos explicativos. 
Fornecer evidências da solução de seu problema por meio dos resultados.
A partir das análises e interpretações dos resultados da pesquisa, expõe-se, de 
forma sintética, as deduções retiradas dos seus resultados, dando um fechamento 
ao trabalho, em que se deve:
 · Evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo;
 · Indicar as limitações e as reconsiderações;
 · Apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria;
 · Relacionar os resultados e dados obtidos com o problema, os objetivos e 
as hipóteses.
Referências Bibliográficas
Devem se orientar pelas seguintes regras da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT):
 · NBR 6023:2002 – informação e documentação, referências, elaboração;
 · NBR 10520:2002 – informação e documentação, citações em documentos, 
apresentação.
Bases virtuais para coleta de dados:
• Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Biblioteca Digital Brasileira 
de Teses e Dissertações, disponível em: http://bdtd.ibict.br; 
• Portal de periódicos Capes, disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br;
• Banco de teses Capes, disponível em: http://goo.gl/Wshga6;
• Scientific Electronic Library Online (Scielo), disponível em: http://goo.gl/uhyYxs.
Ex
pl
or
Algumas Dicas para Iniciar uma Pesquisa· Estabeleça a base de dados que será acessada, bem como se pesquisará artigos 
de periódicos, teses, dissertações etc.;
 · Delimite um período de busca e seus critérios;
 · Determine “descritores”, ou seja, palavras ou expressões que identificam, geral-
mente para fins de indexação, o tema.
16
17
Pesquisa em Educação Matemática
Para uma área de conhecimento jovem e em construção, mas que se propõe 
a estudar problemas seculares – como são os do ensino e aprendizagem da 
Matemática –, em contextos sociais, culturais, políticos e econômicos mutantes e 
altamente complexos; é bastante natural que muitas questões ainda estejam em 
aberto, como em relação ao seu próprio objeto, métodos, validação de teorias, 
demandas de investigação e articulação entre linhas de pesquisa.
Uma análise da trajetória da área mostra que a Educação Matemática nasceu 
de uma preocupação mundial, qual seja: compreender como se dá a construção 
de conhecimentos matemáticos, buscando alternativas para potencializar seu 
ensino e aprendizagem. Evidencia ainda que, com o passar do tempo, linhas 
de pesquisa e grupos multiplicaram-se, colocando seu foco em diferentes e 
importantes temas para a área.
No entanto, o debate sobre formas de investigação e, principalmente, acerca 
dos dispositivos para validar teorizações pela comunidade para que alcancem o 
estatuto de teoria, ainda são muito incipientes mundialmente e, em particular, 
no Brasil.
A denominação “teoria” é, geralmente, conferida pelo seu próprio autor, 
independentemente de satisfazer critérios básicos considerados no campo científico. 
Como reflexo desse fato, em muitas teses e dissertações jovens pesquisadores 
sustentam-se em fundamentos teóricos sem o menor questionamento sobre um 
aspecto elementar: são realmente “teorias”, ou apenas contribuições, reflexões, 
ensaios, formulações de seus elaboradores. Em consequência, afirmações são 
repetidas a exaustão em trabalhos acadêmicos, especialmente de iniciantes, com 
pouco posicionamento crítico ou algum tipo de relativização. 
Além desse grande desafio, uma questão emergencial da área, especialmente 
no Brasil, é a discussão de linhas de pesquisa ou de eixos e subeixos, denominações 
empregadas para agrupar pesquisas em congressos da área e para organizar os 
grupos de trabalho da Sociedade Brasileira de Educação Matemática. 
Partindo da sua motivação inicial – de compreender como se dá a construção de 
conhecimentos matemáticos, buscando alternativas para potencializar seu ensino 
e aprendizagem –, a Educação Matemática teve suas primeiras investigações 
nessa direção, estudos que – denominaremos pesquisas nucleares – foram se 
configurando em dois blocos: aquele que focalizava dimensões biopsicológicas e 
o que enfocava dimensões culturais e sociais. Aos quais acoplou-se um conjunto 
de pesquisas – que denominaremos pesquisas correlatas –, destacando as 
investigações sobre tecnologias, formação docente, organização e desenvolvimento 
curricular etc. 
17
UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
O Quadro a seguir sintetiza as possibilidades de pesquisas nucleares e correlatas 
na Educação Matemática:
Quadro 1.
Pesquisas nucleares Pesquisas correlatas
Ensino e aprendizagem da Matemática 
– Aritmética, Álgebra, Geometria, 
Estatística, Análise
Formação de professores que ensinam 
Matemática
• Investigações com foco em 
dimensões biopsicológicas;
• Investigações com foco em 
dimensões culturais e sociais.
• Tecnologias e Educação Matemática;
• Organização e desenvolvimento 
curricular em Matemática;
• Estudos históricos e filosóficos 
sobre a Matemática e a Educação 
Matemática.
Algumas Reflexões
As pesquisas nucleares perderam espaço para as correlatas, de tal forma que 
parece que não temos questões a responder sobre aprendizagem. Estacionamos 
em Piaget, em Vygotsky, nos Van Hiele; fizemos críticas pertinentes, mas não 
avançamos com investigações nem com propostas. Uma possível evidência disso é 
a ausência de termos como Aritmética, Álgebra, Geometria etc., na categorização 
de grupos em eventos de grande porte no Brasil. Na análise de fenômenos didáticos, 
a dicotomização de abordagens – ênfase de fatores biopsicológicos, ou de relações 
sociais e culturais – não contribui para os avanços necessários.
É preciso que do lado das investigações que priorizam fatores biopsicológicos, 
leve-se em conta que o conhecimento matemático do indivíduo se constrói 
também em função das relações sociais e culturais e que nem sempre é possível 
generalizar resultados obtidos em uma dada situação de pesquisa para outras com 
especificidades próprias.
O mesmo acontece do lado das investigações que priorizam fatores sociais e 
culturais. Tomando-se o mesmo cuidado da generalização, deve-se considerar 
os contextos socioculturais como específicos, dado que possuem características 
diversas entre si.
As investigações desenvolvidas nesses primeiros anos de constituição da área de 
Educação Matemática foram, de um lado, caracterizadas por teorizações desvincu-
ladas das práticas; por outro lado, há um movimento de discussão das práticas que 
emergem sem teorizações. Assim, do lado das teorizações desvinculadas de práticas 
é preciso buscar complementos, de modo que teorizações interessantes possam ter 
implicações práticas e condições de reprodução; enquanto do lado das práticas não 
teorizadas, é importante identificar e formular claramente objetos, concepções e meto-
dologias com rigor, previsão e que permitam prognósticos para outras situações. 
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A constituição de linhas que desvinculam práticas de pesquisas não contribui para 
os avanços necessários para a área. É importante o alerta para não dicotomizar 
“práticas” e “pesquisa”, ou anular pesquisas nucleares, contemplando apenas 
as complementares. Em certa medida, essa dicotomização também é usada de 
forma inadequada para diferenciar pesquisas de Mestrado Acadêmico e Mestrado 
Profissional, questão que merece ser discutida.
Assumindo duas vertentes integradas de organização da Educação Matemática 
– uma acadêmica e uma profissional –, do lado acadêmico, ainda é preciso definir 
com clareza: o(s) objeto(s) de pesquisa da área; a(s) metodologia(s) de pesquisa; a(s) 
instância(s) e processo(s) de validação que confere(m) a um estudo o estatuto de teoria.
Do lado profissional, torna-se necessária a criação de condições efetivas a fim 
de viabilizar o uso de conhecimentos especializados para: aperfeiçoar a tarefa 
dos professores que ensinam Matemática; auxiliar os estudantes a aprenderem 
Matemática; melhorar a proposição e desenvolvimento de currículos de Matemática; 
aprimorar os processos de formação de professores, oferecendo-lhes prática e 
desenvolvimento teórico, ambos atualizados. 
Na relação entre perspectiva acadêmica e profissional, ainda é preciso ter 
clareza que a sala de aula não pode ser convertida em um laboratório de pesquisa 
– com aparato de controle de variáveis, de instrumentos de coleta de dados e de 
sua interpretação –, pois configura-se como um espaço educativo com dinâmica 
peculiar, necessidades e condições muito diferentes daquelas que orientam as 
investigações de base. 
Desse modo, as pesquisas devem ir além da apresentação acadêmica de seus 
resultados, indicando possibilidades e limites de seu uso em sala de aula.
Outro problema a ser enfrentado é o – ainda forte – distanciamento existente 
entre o mundo dos pesquisadores e a realidade dos professores, considerando-se 
a dificuldade de acesso desses docentes aos resultados de pesquisa e à discussão 
daqueles pesquisadores e seus pares. 
Um dos problemas reside na forma extremamente hermética e desnecessária de 
apresentação de resultados de algumas pesquisas. Essas reflexões certamente farão 
parte de muitas discussões em eventos nacionais do gênero. Cabe destacar que 
esses eventos não são atividades passivas em que o participante é mero expectador 
dos trabalhos apresentados. Ou ainda que vá a um desses eventos expor seu 
trabalhoapenas, sem se inserir em outras atividades propostas. A participação 
ativa das discussões é extremamente importante na formação docente. Esse é 
um dos pontos fundamentais para a formação de um professor-pesquisador, tão 
importante na atuação docente e que apenas a formação inicial nos cursos de 
Licenciatura não dá conta.
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UNIDADE Principais tendências da pesquisa em educação matemática
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Como escrever um artigo científico
VOLPATO, Gilson Luiz. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, 
v. 4, p. 97-115, 2007. 
Disponível em: http://goo.gl/qQEcCU
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Referências
DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento: metodologia científica 
no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.
LUNA, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São 
Paulo: Educ, 2000.
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