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Instituto Politécnico de Tomar Escola superior de tecnologia de Tomar Curso de Engenharia Civil FABRICO E USO DE ESTRUTURAS METÁLICAS Trabalho realizado por: Bruno Fonseca n.º 4848 Tiago Simões n.º 3714 Valdemar Martins n.º 4275 Ourém, 11 de Junho de 2002 Instituto Politécnico de Tomar Escola superior de tecnologia de Tomar Curso de Engenharia Civil Objectivos do Trabalho Este trabalho enquadra-se na disciplina de Materiais e Processos de Construção II e tem como titulo “Fabrico e uso de Estruturas Metálicas”. Com a realização deste trabalho pretendemos aprofundar o nosso conhecimento acerca de um assunto que assume grande importância para o nosso futuro tendo em conta que estamos num curso de Engenharia Civil. Neste trabalho vamos salientar o fabrico, as características e algumas utilizações de estruturas metálicas no nosso dia-dia. Índice Índice 3 Introdução 5 Vantagens do uso das Estruturas Metálicas na Construção Civil 6 Elementos constituintes das Estruturas Metálicas 8 Fabrico de Estruturas Metálicas 12 Corte 12 Corte a plasma 12 Oxicorte 13 Corte mecânico 14 Conformação a Frio 16 Conformação a Quente 17 Tipos de calandra 17 Calandras para chapas 17 Calandras para tubos e perfis 18 Ligações das peças estruturais 20 Ligações Parafusadas 20 Ligações Soldadas 21 Preparação das Superfícies 25 Pintura 26 Problemas relacionados com as ligações 27 Ligações parafusadas 27 Corrosão em Ligações Parafusadas 29 Detalhamento incorrecto em projecto 29 Furos errados 30 Erro de calculo do comprimento das peças 31 Diâmetro errado do furo ou do parafuso 31 Parafuso incompatível com a ligação 31 Erros na localização de furos durante a fabricação 31 Falta de aperto do parafuso 32 Ligações soldadas 32 Porosidade 32 Inclusão de escória 33 Mordeduras 33 Falta de fusão 33 Falta de penetração 34 Trincas 34 Excesso de respisngos 34 Corrosão em estruturas Metálicas 35 Tipos de corrosão 35 Corrosão uniforme 35 Corrosão Galvânica 36 Corrosão por lixiviação 37 Corrosão erosão 37 Corrosão sob tensão 37 Corrosão por pontos 37 Corrosão por freestas 39 Corrosão por ranhuras 39 3 Projecto de Estruturas Metálicas 41 Problemas relacionados com a corrosão 41 Problemas quanto ás Ligações 43 Problemas quanto á estabilidade da estrutura 44 Tipos fechamentos em estruturas metálicas 45 Fechamentos horizontais 45 Fechamentos verticais 45 Protecção das estruturas metálicas contra incêndios Anexos 48 FABRICO DO AÇO 20 MOLDAGEM DO AÇO PARA PERFIS 60 TOLERÂNCIAS DE FABRICAÇÃO 63 TRATAMENTO DOS AÇOS 64 Bibliografia 65 4 Introdução O aço tem possibilitado aos arquitectos, engenheiros e construtores soluções arrojadas, eficientes e de alta qualidade, desde o século XVIII, quando se iniciou a utilização de estruturas metálicas na construção civil, até os dias actuais. A arquitectura em aço sempre esteve associada à ideia de modernidade, inovação e vanguarda, traduzida em obras de grande expressão arquitetónica. No entanto, as vantagens na utilização de sistemas construtivos em aço vão muito além da linguagem estética de expressão marcante. A redução do tempo de construção, a racionalização no uso de materiais e da mão de obra, além do aumento da produtividade, passaram a ser factores chave para o sucesso de qualquer empreendimento. A multiplicidade da construção metálica possibilita a utilização do aço em obras como: edifícios de escritórios e de apartamentos, residências, habitações populares, pontes, passarelas, viadutos, galpões, supermercados, shopping centers, lojas, postos de gasolina, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários, ginásios esportivos, torres de transmissão, etc. 5 Vantagens do uso das Estruturas Metálicas na Construção Civil As vantagens do uso de estruturas metálicas na construção civil são muito vastas e vao desde a qualidade de construção, aos custos das obras passando por um grande numero de vantagens que vamos em seguida focar. As principais vantagens do uso de estruturas metálicas na construção civil são: Liberdade no projecto de arquitectura - - - - - - - A tecnologia do aço confere aos arquitectos total liberdade criadora, permitindo a elaboração de projectos arrojados e de expressão arquitetónica marcante. Maior área útil As secções dos pilares e das vigas de aço são substancialmente mais esbeltas do que as equivalentes em betão, resultando em melhor aproveitamento do espaço interno e aumento da área útil, factores muito importantes, principalmente em garagens. Flexibilidade A estrutura metálica mostra-se especialmente indicada nos casos onde há necessidade de adaptações, ampliações, reformas e mudança de ocupação de edifícios. Além disso, torna mais fácil a passagem de utilidades como água, ar condicionado, electricidade, esgoto, telefonia, informática, etc. Compatibilidade com outros materiais O sistema construtivo em aço é perfeitamente compatível com qualquer tipo de material de fechamento, tanto vertical como horizontal, admitindo desde os mais convencionais (tijolos, blocos e lajes moldadas In loco) até componentes pré-fabricados (lajes, painéis de betão, painéis dry-wall, etc). Menor prazo de execução A fabricação da estrutura em paralelo com a execução das fundações, a possibilidade de se trabalhar em diversas frentes de serviços simultaneamente, a diminuição de formas e escoramentos e o facto da montagem da estrutura não ser afectada pela ocorrência de chuvas, pode levar a uma redução de até 40% no tempo de execução quando comparado com os processos convencionais. Racionalização de materiais e mão-de-obra Numa obra, através de processos convencionais, o desperdício de materiais pode chegar a 25% em peso. A estrutura metálica possibilita a adopção de sistemas industrializados, fazendo com que o desperdício seja sensivelmente reduzido. Alívio de carga nas fundações Por serem mais leves, as estruturas metálicas podem reduzir em até 30% o custo das fundações. 6 Garantia de qualidade - - - - - - A fabricação de uma estrutura metálica ocorre dentro de uma indústria e conta com mão-de-obra altamente qualificada, o que dá ao cliente a garantia de uma obra com qualidade superior devido ao rígido controle existente durante todo o processo industrial. Antecipação do ganho Em função da maior velocidade de execução da obra, haverá um ganho adicional pela ocupação antecipada do imóvel e pela rapidez no retorno do capital investido Organização do estaleiro de obras Como a estrutura metálica é totalmente pré-fabricada, há uma melhor organização do estaleiro devido, entre outros, à ausência de grandes depósitos de areia, brita, cimento, madeiras e ferragens, reduzindo também o inevitável desperdício desses materiais. O ambiente limpo e com menor geração de entulho, oferece ainda melhores condições de segurança ao trabalhador, contribuindo para a redução dos acidentes na obra.Precisão construtiva Enquanto nas estruturas de betão a precisão é medida em centímetros, numa estrutura metálica a unidade empregada é o milímetro. Isso garante uma estrutura perfeitamente aprumada e nivelada, facilitando actividades como o assentamento de esquadrias, instalação de elevadores, bem como redução no custo dos materiais de revestimento. Reciclabilidade O aço é 100% reciclável e as estruturas podem ser desmontadas e reaproveitadas com menor geração de desperdícios. Preservação do meio ambiente A estrutura metálica é menos agressiva ao meio ambiente. Além de reduzir o consumo de madeira na obra, diminui a emissão de desperdícios e a poluição sonora geradas pelas serras e outros equipamentos destinados a trabalhar a madeira. 7 Elementos constituintes das Estruturas Metálicas As estruturas metálicas são constituídas por varias peças metálicas a que se dá o nome de elementos estruturais. As peças estruturais podem ser encontradas no mercado sob diversas formas como: Chapas - São laminados planos assim denominados quando uma das dimensões (espessura) é muito menor que as demais. Sua especificação, de acordo com a norma, é através das letras CH seguida da espessura (mm) e o tipo de aço empregado. Barras - Quando as dimensões da secção transversal é muito menor que o seu comprimento. Sua especificação é através do símbolo �seguido do diâmetro da barra em mm. As barras que possuem secção transversal redondas são geralmente empregas nas estruturas metálicas como tirantes, contraventamentos e chumbadores. Perfis Laminados - São peças que apresentam grande eficiência estrutural, podendo ser encontradas sob diversas geometrias, sendo algumas apresentadas nas figuras abaixo. Os perfis H, I, C podem ter abas paralelas (padrão europeu) ou não (padrão americano), de acordo com sua especificação. Já os perfis tipo L ou cantoneiras, são formados por duas abas perpendiculares entre si, podendo apresentar larguras iguais ou diferentes. 8 PERFIL I LAMINADO PERFIL IP CANTONEIRAS DE ABAS IGUAIS CANTONEIRAS DE ABAS DESIGUAIS PERFIL HPL PERFIL HPM PERFIL HPP PERFIL C LAMINADO Perfis Soldados - São elementos que surgiram de forma a suprirem as limitações impostas pelos perfis laminados tipo I. Podendo ser encontrados sob diversas geometrias, como H, I, L, a norma também permite que seja criado perfis especiais de modo a suprir as necessidades do projectista. Também possuem grande eficiência estrutural. A nomenclatura é dada pelo símbolo do perfil utilizado seguido pela sua altura em mm e a massa em kg/m. PERFIL VS PERFIL CVS PERFIL CS 9 Chapas Dobradas - São perfis formados a frio, padronizados sob as formas L, U, UE, Z, ZE . Porém, oferecem grande liberdade à imaginação do projectista. O seu dobramento deve obedecer raios mínimos (não muito pequenos) evitando a formação de fissuras nestes pontos. Esse tipo de perfil apresenta cantos arredondados e utilização de aços com alto teor de carbono. - - Fios, Cordoalhas e Cabos São produtos metálicos obtidos por trefilação e que, devido a sua flexibilidade, são muito utilizados na construção civil. Fios Trefilados São obtidos directamente por trefilação. Em sua fabricação, utiliza-se aços de alto teor de carbono (aço duro) e aço doce. 10 - Cordoalha de Sete Fios Podem ser formados pela associação de três ou sete fios arrumados de forma helicoidal. O seu módulo de elasticidades longitudinal (E) é tão elevado quanto o de uma barra maciça de aço. E= 195000 Mpa Cabo de Aço - Também é formado pelo arranjo helicoidal de fios trefilados. São cabos muito flexíveis e empregado em inúmeras funções, porém apresenta modulo de elasticidade longitudinal (E) cerca de 50% menor que o de uma barra maciça. 11 Fabrico de Estruturas Metálicas O fabrico de estruturas metálicas é um processo que vai desde a altura em que temos as referidas peças estruturais que vão passar por várias transformações até que as estruturas estejam prontas a ser montadas em obra. Os processos pelos quais passam os elementos estruturais até que sejam transformados numa estrutura metálica são os seguintes: corte térmico e mecânico, conformação a quente e frio, ligações parafusadas e soldadas, preparo das superfícies e pintura. - - Corte O corte È um processo de fabricação em que uma ferramenta, com duas cunhas de corte, que se movem uma contra a outra, provoca a separaão de um material por cisalhamento. Cisalhamento é a deformação que um corpo sofre devido á acção de forças cortantes opostas. Os aços para a construção civil podem ser facilmente cortados através de processos usuais, sejam térmicos (oxi-propano, oxi-acetileno, plasma ou laser) ou mecânicos (guilhotina ou tesoura). Quando é utilizado o processo de corte térmico em chapas de até 50 mm de espessura, não há necessidade de pré-aquecimento do material. Corte a plasma No processo de corte a plasma, o material base é fundido e, parcialmente vaporizado, antes de ser removido para fora da área de corte pela força do jacto plasma. Um arco plasma é utilizado como fonte de calor a exemplo da solda a plasma. Devido a alta temperatura do arco, o processo de corte a plasma pode ser 12 utilizado para aços inoxidáveis, cobre, alumínio e suas ligas. Na grande maioria dos equipamentos existentes, o processo de corte a plasma é mecanizado (fotocopiadoras) ou computadorizado (máquinas CNC). Sistema CNC de Corte a Laser de alta velocidade, marca BYSTRONIC 3000W. Capacidade de corte em aço carbono até 20mm, aço galvanizado até 5mm, aço inox até 12 mm, alumínio até 8mm, latão até 4mm, madeira até 20mm. Mesa de 1500 x 3000 Oxicorte - O processo de oxicorte, de grande aplicação industrial, constitui etapa fundamental no corte de chapas e perfis metálicos, e na preparação de chanfros para juntas de solda.O oxicorte é uma operação onde um metal (liga de ferro) é aquecido à temperatura de ignição ou queima (abaixo do ponto de fusão) por uma chama oxi- combustível (chama de pré-aquecimento). A seguir, o metal é rapidamente oxidado por um jacto de oxigénio (oxigénio de corte). O óxido formado, como também uma pequena região circunvizinha não oxidada, funde e flui, sendo expelida pela acção do jacto de oxigénio, expondo a este jacto mais metal, para continuidade da reacção. A operação prossegue auto-sustentada, pois a reacção química entre o ferro e o oxigénio se dá com forte desprendimento de calor (reacção exotérmica). O calor liberado mantém a condição necessária para a combustão, ajudado por uma menor parcela de calor proveniente da chama de pré-aquecimento. Se combinarmos um movimento no sentido desejado, manteremos a reacção e, por conseguinte, teremos a abertura de um sulco no material, denominado corte ou sangria. 13 No quadro a seguir, são listados alguns pré- requisitos fundamentais para que o oxicorte possa ser executado e as consequências decorrentes do não cumprimento dos mesmos. o cor Pré-requisito para executar o corte te Consequência se o pré-aquecimento não for satisfeito Temperatura de fusão do óxido menor que a temperatura de fusão do metal. O metal funde antes do corte ser processado.Temperatura de ignição (queima) do metal menor que a temperatura de fusão do mesmo. Idem ao anterior. O calor produzido na reacção de combustão do metal pelo jacto de oxigénio, deve ser tal que o corte seja auto- sustentável. O corte não inicia ou é frequentemente interrompido (menor velocidade de corte irregular). Produtos gasosos da combustão não devem ultrapassar determinadas proporções para não contaminar o oxigénio de corte. Menor poder de oxidação do oxigénio de corte (menor velocidade de corte). O material não deve apresentar elevada condutividade térmica. Grande perda de calor por condução dificultando a auto-sustentação do corte (menor velocidade de corte). Os óxidos devem fluir quando fundidos a fim de que possam ser expulsos com facilidade pela pressão do jacto de oxigénio de corte. Dificuldade de oxidação do metal pelo oxigénio (menor velocidade de corte). Corte mecânico - O processo de corte mecânico é usual para chapas de espessuras não muito superiores a 6,30 mm, mas em casos especiais pode ser realizado em chapas com até 12,50 mm. Serra de Fita Horizontal Hidráulica 14 Chaveteira Soldador A Topo para Serra de Fita SSF 3/4'' -Tesoura para corte da fita -Dispositivo de comando e painel de instrução na parte frontal do aparelho. Máquinas Especiais SFF 500 Trata-se de uma serra de fita frontal de construção robusta e muito prática. O corte é rápido e de alta precisão. A máquina destina-se a cortes de qualquer material, mas principalmente em bitola grande, e em blocos de motores devido a sua capacidade de corte de 500 x 500 mm. Corta tubos Corta tubos de aço, ferro e metal de 12,7 a 50,8 mm, com espessura de até 2 mm. (capacidade de corte operacional de até 101,6 mm (T4). Para dimensões menores consultar a fábrica. 15 Conformação a Frio - Os aços para a construção civil com espessura até 12,50 mm podem ser conformados a frio em equipamentos convencionais, tanto para operações de dobramento como calandragem. Para chapas com espessuras acima de 12,50 mm, a conformação a frio não é recomendada. No entanto, a conformação é possível em condições especiais e utilizando-se grandes raios de dobramento. Os aços de alta resistência mecânica exigem um esforço um pouco maior para sua conformação e, consequentemente, apresentam raios de dobramento maiores quando comparado com aços estruturais de menor resistência. Os diâmetros internos mínimos para dobramento (transversal à direcção de laminação) são: para espessuras até 6,30 mm, o diâmetro mínimo interno de dobramento recomendado é quatro vezes a espessura do material. Para espessuras de chapa entre 6,30 mm e 12,50 mm o diâmetro interno mínimo recomendado é seis vezes a espessura do material. 16 - - - Conformação a Quente O trabalho de curvar barras torna aquecimento. Para chapas com espessura acima d necessária, deverá ser feita à quente aquecimento para que não ultrapass Peças como anéis, flanges, elos quando observados cuidadosamen calor aplicado no local correcto por espessura da peça, pressão exercid adequados a cada tipo de trabalho. Curvamento á maquina A maquina usada para curvar chap curvados chapas, perfis e tubos. As o raio desejado. Nesse tipo de maqu de tanques, caldeiras, trocadores de Elementos da calandra A calandra é constituída por um movimento giratório e pressão r colocado entre rolos que giram e pr acordo com as dimensões desejadas Tipos de calandra Existem calandras para chapas e cal Calandras para chapas Têm geralmente 3 ou 4 rolos. As de nelas os rolos estão dispostos em ilustração seguinte. As calandras Dobramento a maquina O dobramento a maquina costuma ser executado numa prensa dobradeira . É uma maquina que executa operações de dobramento em chapas de diversas dimensões e espessuras, com medidas predeterminadas. É, geralmente, uma maquina de grandes dimensões, formada por uma barra de pressão qual é acoplado o estampo com movimento vertical, e uma matriz localizada na mesa inferior da maquina. Grande numero de prensas dobradeiras apresenta a mesa inferior fixa e a barra de pressão móvel. Entretanto, podem-se encontrar modelos que têm a barra fixa e a mesa inferior móvel. Muitas dobradeiras chegam a atingir mais de 6 m de comprimento. -se mais fácil quando o material recebe e 12,50 mm a conformação, quando controlando-se a temperatura de e a 900°C. etc. São executados com êxito a quente te os componentes do processo como: meio de maçarico ou forja adequados á a durante o curvamento e dispositivos as chama-se calandra. Na calandra são peças podem ser curvadas de acordo com ina é que se fabricam corpos ou costados calor, colunas de destilação etc. conjunto de rolos ou cilindros, com egulável. O material a ser curvado é essionam até que o curvamento esteja de . andras para tubos e perfis. 3 rolos são as mais usadas na industria e formação de pirâmide , como mostra a para chapas com 4 rolos apresentam a 17 vantagem de facilitar o trabalho de pré-curvamento. Nas calandras de 3 rolos, o pré-curvamento é feito manualmente. Calandras para tubos e perfis - Apresentam conjuntos de rolos ou cilindros sobrepostos, feitos de aço temperado, com aproximadamente 200 mm de diâmetro. Podem curvar qualquer tipo de perfil: barras, quadrados, cantoneiras, em T etc. Quanto ao accionamento, as calandras podem ser: manuais, com um volante ou manivela para fazer girar os rolos, ou mecânicas , com motor eléctrico e redutor para movimentar os rolos. As calandras mecânicas podem apresentar, além do motor eléctrico, um sistema hidráulico que imprime maior ou menor pressão aos rolos. Este último tipo é usado para trabalhos de grande porte. 18 Calandra mecânica com sistema hidráulico Todos os tipos apresentam, em uma das extremidades, um dispositivo que permite soltar o cilindro superior para retirar a peça calandrada. Em casos onde há exigências rigorosas de tenacidade, pode ser necessário a normalização do material, através de tratamento térmico, após a operação de conformação. 19 Ligações das peças estruturais Ligações são materiais que têm por finalidade unir elementos estruturais dando continuidade à estrutura. Elas funcionam como meios de fixação e transmissão de esforços, sendo portanto necessário que trabalhem de forma semelhante às peças a elas conectadas. Ligações Parafusadas - As ligações parafusadas são largamente utilizadas na montagem final, já em obra, quando a estrutura está próxima de sua consolidação final. Por se tratar de uma ligação com maior grau de flexibilidade, existe a necessidade de cuidados especiais na sua execução para que o estado In loco da estrutura se aproxime ao máximo das previsões de projecto. As ligações parafusadas substituíram na história o uso de rebites. Embora necessitem da previsão anterior de material (parafusos e porcas), da fabricação com medidas exactas e do maior controle das áreas líquidas para evitar esmagamentos, elas trazem consigo vantagens como: rapidez nas ligações, economia em relação à energia empregada, exigência de qualificação inferior do operário se comparada à solda, maior suporte à fadiga. 20 As ligações parafusadas podem utilizar dois tipos de parafusos: -comuns: apresentam baixa resistência mecânica, sendo, portanto, utilizados em ligações de peças secundárias, como guarda-corpos, corrimãos, terças e outras peças pouco solicitadas; -alta resistência: são especificados para ligações de maior responsabilidade. Devido à característica de alta resistência, as ligações geralmente têm um número reduzido de parafusos, além de chapas de ligação menores; É importante destacar que, quando a obra necessita de aços resistentes à corrosão atmosférica,deve-se empregar parafusos que tenham essas mesmas características. Não é recomendada a utilização de parafusos e porcas galvanizados sem pintura em estruturas de aço carbono comum ou resistentes à corrosão atmosférica. A diferença de potencial electro-químico entre o revestimento de zinco e o aço da estrutura pode ocasionar uma corrosão acelerada da camada de zinco. Nota: este assunto será novamente focado no capitulo Problemas relacionados com as ligações deste trabalho. Ligações Soldadas - A soldadura é um processo de ligação permanente entre duas ou mais peças que tem, ultimamente, vindo a manifestar tendência para ocupar uma posição cada vez mais importante na construção civil. A economia que o recurso à soldadura permite geralmente obter em acção à fundição resulta de três circunstâncias. Em primeiro lugar, peças soldadas dispensam a construção do molde e da moldação. Em segundo lugar, o aço que se utiliza nas peças soldadas é consideravelmente mais resistente que o ferro fundido, o que permite uma apreciável redução da quantidade de material. Por último, o cálculo das peças soldadas é geralmente mais simples do que o das peças fundidas, pois as chapas, tubos e perfis metálicos que se empregam nas peças soldadas são normalizados, conhecendo-se o seu peso e a sua resistência, o que facilita o dimensionamento daquelas peças. Note-se, finalmente, que a resistência das ligações soldadas nunca compromete a resistência do conjunto e que peças soldadas correctamente projectadas, quando submetidas a ensaios de rotura, partem, geralmente, não pela junta de soldadura mas noutros locais. Actualmente, e de uma forma cada vez mais generalizada, a soldadura tende a substituir os rebites, pois apresenta, na maior parte dos casos, vantagens incontestáveis. De facto, a soldadura é mais 21 versátil, permite melhor acabamento, é facilmente estanque, garante uma distribuição de esforços mais uniforme e, uma vez que dispensa a furação das peças, poupa trabalho e melhora a resistência destas. Permite assim obter estruturas mais ligeiras e portanto mais económicas. Tipos de juntas de soldadura Conforme a disposição das peças que se pretendam soldar podem distinguir-se vários tipos de juntas de soldadura: topo a topo, sobrepostas, paralelas, de ângulo e múltiplas. Na figura apresentam-se, de forma muito esquemática, alguns exemplos dos tipos de juntas de soldadura referidos. Notem-se os vários exemplos das modalidades possíveis de soldaduras de ângulo. As soldaduras com fusão podem ser de qualquer dos tipos indicados, enquanto as soldaduras com pressão só podem ser topo a topo (geralmente usada apenas para soldar varão), sobrepostas ou paralelas (casos das soldaduras por pontos e contínua). As soldadura, podem fazer-se entre peças com espessuras iguais ou diferentes. Fig. 1 – Soldaduras sobrepostas Fig. 2 – Soldaduras paralelas Em geral não é necessário o alinhamento das peças e pode utilizar-se a soldadura representada na fig. 1a. Se este alinhamento for necessário, pode recorrer-se à junta representada na fig. 1b que exige a dobragem prévia de uma das peças. O comprimento l de sobreposição é, tanto num caso como no outro, cerca de três a quatro vezes a soma 22 das espessuras das peças soldadas e. Em certos casos em que se pretende o alinhamento das peças, pode também recorrer-se à soldadura com cobrejunta simples ou dupla (fig. 1c e d). Note-se que neste caso, embora as peças a ligar topejem, não se deve considerar que a soldadura é topo a topo, pois a ligação não se faz efectivamente nos topos, mas através da cobrejunta. Na fig.2 representa-se o aspecto de soldaduras paralelas O objectivo desta soldadura é permitir o reforço de uma chapa em determinada zona, para que possa resistir aos esforços a que está sujeita. Pelo mesmo processo podem ligar-se paralelamente três ou mais chapas com comprimentos iguais ou diferentes. Na figura representam-se três tipos diferentes de soldaduras paralelas: soldadura nos topos, que geralmente são cortados com uma forma adequada (fig. 2a); soldadura feita lateralmente, como se tratasse de uma soldadura sobreposta (fig. 2b); e soldadura em entalhe em que as peças são ligadas por cordões executados na periferia de orifícios abertos numa das chapas (fig. 2c) ou enchendo completamente esses orifícios, que podem ter forma alongada, designando-se por entalhes propriamente ditos, ou forma circular com pequenas dimensões designando-se então por pernos soldadura .A soldadura por entalhe só é usada em casos especiais, devidamente justificados e deve, além disso, obedecer certo número de condições especificadas pelo Regulamento de Estruturas de Aço para Edifícios. Fig.3 – Soldaduras sobrepostas por pressão (por pontos e contínua) Fig.4 – Soldaduras de ângulo Soldaduras sobrepostas e paralelas são também correntes na soldadura com pressão. Na fig.3 representa-se um alçado e um corte de duas soldaduras sobrepostas, uma por pontos e outra contínua. A representação de uma soldadura paralela com pressão tem um aspecto fácil de estabelecer, a partir das representações das figs. 2 e 3. Na fig. 4 representam-se em corte alguns tipos de soldaduras de ângulo. 23 Fig 5 - Soldadura tripla Na fig. 5 representa-se uma soldadura múltipla de três chapas ou soldadura tripla. Nota: este assunto será novamente focado no capitulo Problemas relacionados com as ligações deste trabalho. 24 Preparação das Superfícies As superfícies das estruturas metálicas estão sujeitas a varias acções que vão deteriorar em primeiro lugar as superfícies que vão ficar em contacto com os agentes agressivos e em seguida vão deteriorar toda a estrutura podendo até levar á ruína da estrutura. Para evitar os efeitos dos agentes que deterioram as estruturas metálicas, as estruturas são pintadas sendo que para serem pintadas as estruturas tem que sofrer um processo de preparação das superfícies a pintar. As técnicas de preparo de superfície comumente utilizadas são: Limpeza Manual: Calamina, ferrugem e tintas velhas pouco aderentes podem ser removidas do aço manualmente por limpeza com escova metálica, lixa, raspadeiras e limpeza por impacto. Contudo, estes métodos são incompletos e deixam sempre uma camada de ferrugem fortemente aderente sobre a superfície do aço. As ferramentas manuais mais usadas são: martelos, picadores, espátulas, escovas, etc.; Limpeza Mecânica: Geralmente mais eficaz e menos laboriosa que a limpeza com ferramenta manual para a limpeza de calamina, tinta e ferrugem pouco aderentes. Contudo, a limpeza com ferramenta eléctrica não removerá ferrugem e calamina fortemente aderentes. Escovas metálicas eléctricas, ferramentas de impacto tais como martelos de agulha, esmeriladores e lixadeiras são todos usados vulgarmente. Deve haver cuidado, principalmente com as escovas metálicas eléctricas, para não polir a superfície metálica, uma vez que isto reduzirá a adesão ao revestimento de tinta subsequente. Ideal para áreas pequenas ou de difícil acesso, devido ao seu maior custo; Jacteamento: Este é, de longe, o método mais eficaz para remover calamina, ferrugem, e tintas velhas, utilizando abrasivos como areia ou granalha angular ou esférica sob alta pressão. O grau de decapagem adequado para uma especificação de pintura particular depende de vários factores, o mais importante dos quais é o tipo de sistema de pintura seleccionado. Antes da decapagem, as estruturas de aço devem ser desengorduradas e todos os salpicos de soldadura removidos. Se estiverem presentes na superfície sais, gordura ou óleo, dará a impressão de terem sido removidos pela decapagem, embora não seja este o caso. Embora não seja visível, a contaminação ainda estará presente como uma camada fina e afectará a adesão das demãos subsequentes. Os cordões de soldadura, lascas metálicas e arestas vivas reveladas pelo processo de decapagemdevem ser esmerilados, uma vez que as demãos de tinta têm tendência a escorrer das arestas vivas, resultando em falta de espessura e numa protecção reduzida. É quase impossível pintar uniformemente os salpicos de soldadura, além do facto de estes estarem frequentemente pouco aderentes, sendo esta uma causa comum de falha prematura do sistema de pintura. A remoção dos resíduos varia de acordo com os seguintes graus de limpeza; Jacto Abrasivo Ligeiro Jacto Abrasivo Comercial Jacto Abrasivo ao Metal Quase Branco Jacto Abrasivo ao Metal Branco 25 Pintura Como já se disse as estruturas metálicas devem ser protegidas, neste caso pintadas, porem é de salientar que na elaboração de um sistema de pintura devem ser considerados dados como: o meio ambiente e sua agressividade, o tipo de tinta, a preparação da superfície, a sequência de aplicação, o número de demãos, as espessuras, o tipo de aplicação e as condições de trabalho a que estará submetida a superfície. É importante destacar que não basta ter o melhor esquema de pintura definido. O preparo da superfície a ser pintada é um factor determinante para o bom desempenho do sistema. Durante sua aplicação, a superfície deverá estar isenta de pó, ferrugens, carepas, óleos ou graxas e a humidade relativa do ar não deverá estar superior a 85%. Estrutura revestida com pintura 26 Problemas relacionados com as ligações A resistência de uma estrutura não depende somente de quanto um perfil pode suportar, suas junções podem representar pontos críticos ou de fragilidade se não dimensionados da forma correcta. As conexões devem ser calculadas para poder sustentar as solicitações provenientes de reacções da estrutura com o peso próprio, sobrecargas e demais acções. Nas estruturas de betão, o monolitismo garante uma continuidade do material ao longo da estrutura, com junções rígidas que facilitam a analise dos esforços actuantes. Quando projectos metálicos são realizados, surge a necessidade de divisão da estrutura em peças distintas que deverão ser transportadas e montadas in loco. A falta de continuidade física devido a essa separação faz com que a execução de ligações exija cuidados especiais para não recair nos problemas que estão dispostos nessa sessão. Actualmente as ligações são executadas através de soldas ou parafusos, devendo a escolha do processo ser baseada nas características especiais de cada projecto. Outro sistema conhecido de conexão é o rebite, mas que entrou em desuso devido à baixa resistência mecânica, exigência de mão de obra especializada e dificuldades na inspecção. Ligações parafusadas - Existem, três tipos básicos de problemas relacionados às ligações parafusadas. São eles: o colapso da ligação, os problemas de corrosão e o detalhamento incorrecto. -Tipos de ruínas em ligações parafusadas: Ruína por cisalhamento do fuste do parafuso: o parafuso rompe devido à presença de uma tensão de cisalhamento superior à resistência de cálculo. Ruína por rasgamento da chapa junto ao parafuso: Ocorre devido a inadequações no projecto da chapa, normalmente com dimensões insuficientes para o carregamento que a solicitará. A chapa pode ter seu furo alargado, o que aumentará a flexibilidade da estrutura, ou pode ter sua superfície rasgada na direcção da tensão. Ruína por esmagamento/estacionamento do fuste do parafuso: Actua de forma semelhante ao cisalhamento do parafuso, causando grande deformação no parafuso e seu consequente escoamento. A consequência para a estrutura é o grande deslocamento que ela sofrerá. 27 http://www.cesec.ufpr.br/~metalica/patologias/ligacoes/parafusos/ http://www.cesec.ufpr.br/~metalica/patologias/ligacoes/parafusos/ http://www.cesec.ufpr.br/~metalica/patologias/ligacoes/parafusos/ http://www.cesec.ufpr.br/~metalica/patologias/ligacoes/parafusos/ Ruína por esmagamento da chapa: É o caso em que a chapa não chega a rasgar, porém o escoamento nela ocasionado na região do furo pode gerar deslocamentos sérios à estrutura. Ruína por tensionamento axial do fuste do parafuso: Muitas ligações são feitas utilizando do parafuso apenas a sua resistência axial. Caso a tensão gerada pela tracção do parafuso seja superior à resistência do fuste, o parafuso pode escoar e romper, levando a estrutura ao colapso. Ruína por dobramento do parafuso: Em parafusos longos, dependendo da solicitação, podem ocorrer momentos capazes de dobrar o parafuso. Na figura seguinte, temos um exemplo de parafuso dobrado, que pode também ocorrer na fabricação da estrutura, quando essa se diferencia do projecto, com erros nas dimensões, problemas de locação dentro da construção em si ou problemas na locação dos furos. Parafuso torto Ruína por rasgamento global da chapa na ligação: Caso em que a tensão normal é maior que a tensão de escoamento da chapa, rompendo-a não somente na região do parafuso mas em toda a sua secção transversal. 28 http://www.cesec.ufpr.br/~metalica/patologias/ligacoes/parafusos/ Corrosão em Ligações Parafusadas - Corrosão por frestas Corrosão no parafuso O processo de corrosão ocorre principalmente pela presença de frestas sempre que uma ligação parafusada é executada. Essa patologia ocorre devido à presença de água nas frestas. O problema é minimizado impedindo-se a entrada de humidade com argamassa no caso de estruturas revestidas, com pinturas anti- corrosivas ou com mastiques na borda da fresta. - Detalhamento incorrecto em projecto Um grande problema enfrentado em obra é a presença de locais inacessíveis para o aperto dos parafusos. Em projecto, devem ser previstos espaços para facilitar a execução da montagem. Deve-se lembrar que para realizar a ligação, é preciso colocar o parafuso, colocar no outro lado a arruela e a porca e ainda ter espaço para a movimentação da chave de aperto e do braço do montador. Na figura seguinte, na parte destacada, podem ser vistos dobramentos nos perfis para colocação dos parafusos, essa prática pode ser danosa à estrutura. Amassamento em Ligação para Acesso ao Furo 29 Furos errados - Esse problema ocorre quando o projectista detalha de maneira diferente as peças de uma mesma ligação. Esse problema pode ocorrer quando o projecto possui padrões de furação que se repetem inúmeras vezes causando uma predisposição para reprodução do estilo. Outro problema que pode trazer esse erro ao projecto é a utilização de peças que apesar de possuírem simetrias, necessitam de fixações diferentes em cada lado. Em geral essa patologia ocorre devido à não observância das diferenciações de um projecto. Muitas vezes o projectista realiza alterações e esquece de repassar para todos os níveis do projecto, chegando em obra um modelo de versão anterior, ao fabricante o modelo actualizado e no escritório um modelo com alterações sendo feitas. Falta de Furo no Pilar Desalinhamento Generalizado Parafusos fora da Chapa 30 Erro de calculo do comprimento das peças - Erro muito comum de acontecer e que revela a falta de atenção durante o projecto. Normalmente ocorre por erros de cálculos pois envolve ângulos, distâncias e diminuições devido ao formato rectangular das peças em geral. Prejudicam o andamento da obra pois envolvem o rearranjo da peça como novos furos devido ao corte das pontas ou soldas para completar o comprimento das peças. Também podem ocorrer erros no cálculo do comprimento dos parafusos, de forma a atrasar a montagem. Em seguida temos dois exemplos de problemas relacionados ao comprimento das peças. Na esquerda, uma peça que teve de ser soldada devido a falta de comprimento na fabricação. Como pode ser visto, a estética da estrutura fica danificada e a peça permanece com furos inutilizados que diminuem sua resistência. Na figura da direita,uma peça que fora fabricada com o comprimento maior do que o necessário, esse caso é menos problemático que o anterior pois envolve somente o corte e nova furação, não sendo necessária a solda. Diâmetro errado do furo ou do parafuso - - - Pode acarretar basicamente dois problemas: falta de resistência nos parafusos, se esses têm áreas inferiores às calculadas; susceptibilidade de escoamento ou ruptura na região dos furos, se esses tiveram de ser ampliados por divergências no projecto. Existe portanto a necessidade de recalcular a ligação para verificar a estabilidade desejada. Parafuso incompatível com a ligação Existe o risco da troca de parafusos em montagens, colocando-se parafusos comuns no lugar dos de alta resistência, especificados em projecto. Essa falha pode ser fatal e implica em cuidados no recebimento e na armazenagem dos materiais, bem como na confiabilidade do fornecedor. Erros na localização de furos durante a fabricação Muitas empresas não possuem um meio automático de furação, cabendo aos operários traçarem os furos com trenas e riscadores para o executarem manualmente. A peça toda é susceptível ao erro, chegando à obra com medidas erradas que impedem a montagem ou fazem o parafuso entrar de maneira inclinada, podendo dobrar quando carregado. 31 Falta de aperto do parafuso - Em muitas obras, as estruturas metálicas são executadas de forma apressada, deixando para trás ligações incompletas ou mal finalizadas. Os parafusos funcionam ou por atrito ou por contacto. A falta de aperto pode então inutilizar uma ligação, causando-lhe flexibilidade imprevista e possibilidade de colapso por sobrecarregar outros nós de ligação. Falta de aperto do parafuso - - Ligações soldadas Dentro dos vários problemas que podem surgir nas ligações soldadas podem- se destacar as seguintes: Porosidade 32 Inclusão de escória - - Mordeduras - Falta de fusão 33 - - Trincas Falta de penetração - Excesso de respisngos 34 Corrosão em estruturas Metálicas A corrosão é um tipo de deterioração que pode ser facilmente encontrada em obras metálicas. O aço oxida quando em contacto com gases nocivos ou humidade, necessitando por isso de cuidados para prolongar sua durabilidade. A corrosão é um processo de deterioração do material que produz alterações prejudiciais e indesejáveis nos elementos estruturais. Sendo o produto da corrosão um elemento diferente do material original, a liga acaba perdendo suas qualidades essenciais, tais como resistência mecânica, elasticidade, ductilidade, estética, etc. Em certos casos quando a corrosão está em níveis elevados, torna-se impraticável sua remoção, sendo portanto a prevenção e controle as melhores formas de evitar problemas. Tipos de corrosão - -Corrosão uniforme Mais comum e facilmente controlável, consiste em uma camada visível de óxido de ferro pouco aderente que se forma em toda a extensão do perfil. É caracterizada pela perda uniforme de massa e consequente diminuição da secção transversal da peça. Esse tipo de corrosão ocorre devido à exposição directa do aço carbono a um ambiente agressivo e à falta de um sistema protector. Comumente, o sistema protector pode-se romper durante o transporte ou manuseio da peça, devendo ser rapidamente reparado, antes que ocorra a formação de pilhas de acção local ou aeração diferencial. Corrosão em uma coluna de aço Prevenção e Controle: Dependendo do grau de deterioração da peça, pode-se apenas realizar uma limpeza superficial com jacto de areia e renovar a pintura antiga. Em corrosões avançadas, deve-se optar pelo reforço ou substituição dos elementos danificados. Em qualquer caso é preciso a limpeza adequada da superfície danificada. a A corrosão uniforme pode ser evitada com a inspecção regular da estrutura e com o uso de ligas especiais como o aço inoxidável. Sua localização é uma das mais simplificadas e permite que problemas sejam evitados quando se existe serviços de manutenção preventiva. Corrosão uniforme em coluna metálic 35 -Corrosão Galvânica Esse tipo de corrosão ocorre devido a formação de uma pilha electrolítica quando utilizados metais diferentes. As peças metálicas podem se comportar como eléctrodos e promover os efeitos químicos de oxidação e redução. É fácil encontrar esse tipo de contacto em construções. A galvanização de parafusos, porcas e arruelas; torres metálicas de transmissão de energia que são inteiramente constituídas de elementos galvanizados, esquadrias de alumínio encostadas indevidamente na estrutura e diversos outros casos decorrentes da inadequação de projectos Ao lado temos um exemplo do que pode ocorrer do contacto de telhas galvanizadas ou de alumínio com a estrutura, da criação de furos nas peças estruturais e fixação das telhas com parafusos galvanizados. Terça corroída Prevenção e Controle: Ela é evitada através do isolamento dos metais ou da utilização de ligas com valores próximos na série Galvânica. Uma forma muito utilizada é a protecção catódica, que consiste em fazer com que os elementos estruturais se comportem como cátodos de uma pilha electrolítica com o uso de metais de sacrifício. Dessa forma, a estrutura funcionará como agente oxidante e receberá corrente eléctrica do meio, não perdendo electrões para outros metais. Ao lado, temos um exemplo de esquadria metálica afastada da estrutura por um material isolante. Contacto bi-metálico aço-alumínio 36 -Corrosão por lixiviação Outra forma de ataque às superfícies, essa corrosão forma laminas de material oxidado e se espalha por debaixo dele até camadas mais profundas. O combate a essa floculação é feito normalmente com tratamento térmico. Laminas de material corroído -Corrosão erosão Ocorre em locais turbulentos onde o meio corrosivo se encontra em alta velocidade aumentando o grau de oxidação das peças. É possível encontrar esse problema em locais que contenham esgotos em movimento, despejo de produtos químicos (indústrias) ou acção directa de água do mar (portos, pontes e embarcações). Ela pode ser diminuída por revestimentos resistentes, protecção catódica, redução do meio agressivo e materiais resistentes à corrosão. -Corrosão sob tensão Esse problema é resultante da soma de tensão de tracção e um meio corrosivo. Essa tensão pode ser proveniente de encruamento, solda, tratamento térmico, cargas, etc. Normalmente, regiões tencionadas funcionam como ânodos em relação ao resto do elemento e tendem a concentrar a cessão de electrões. Com o tempo surgem microfissuras que podem acarretar um rompimento brusco da peça antes da percepção do problema. -Corrosão por pontos Altamente destrutivo, esse tipo de corrosão gera perfurações em peças sem uma perda notável de massa e peso da estrutura. Pode ser difícil de se detectar quando em estágios iniciais, pois na superfície a degradação é pequena se comparada à profundidade que pode atingir. 37 Ela ocorre normalmente em locais expostos à meios aquosos, salinos ou com drenagem insuficiente. Pode ser ocasionada pela deposição concentrada de material nocivo ao aço, por pilha de aeração diferencial ou por pequenos furos que possam permitir a infiltração e o alojamento de substâncias líquidas na peça. Pontos com corrosão avançada Prevenção e Controle: Para se evitar esse ataque, as peças não devem acumular substâncias na superfície e todos os depósitos encontrados devem ser removidos durante as manutenções. A intervenção deve ser realizada com base no estado em que o processo corrosivo se encontra. Deve-se efectuar a limpeza no local ese a estrutura não estiver comprometida, pode-se cobrir o furo aplicando sobre ele um selante especial. É importante a experiência do fiscal devido a possibilidade de se necessitar de uma intervenção mais complexa, com reforço da estrutura ou até mesmo substituição de peças. Pontos fundos sobre corrosão uniforme 38 -Corrosão por freestas Ocorre em locais que duas superfícies estão em contacto ou muito próximas (0,025 a 0,1 mm). Devido a tensão superficial da água, esta se aloja nas fendas disponíveis e tende a causar pilhas de aeração diferencial, onde a concentração de oxigénio nas bordas é superior à concentração da área mais interna da fenda, fazendo dessa uma região anódica. Como consequência, o processo de corrosão se concentra na parte mais profunda da fresta, dificultando o acesso e o diagnóstico desse problema. Em geral, esse problema afecta somente pequenas partes da estrutura, sendo portanto mais perigosa do que a corrosão uniforme, cujo alarme é mais visível. Prevenção e Controle: Se a corrosão estiver em estágio inicial, pode-se recorrer à limpeza superficial, secagem do interior da fenda e vedação com um líquido selante, aplicando-se posteriormente um revestimento protector. Se a corrosão estiver em nível avançado, torna-se necessário como nos outros processos o reforço ou substituição de peças. Corrosão por fresta -Corrosão por ranhuras Todos os defeitos que contenham cantos vivos, locais para depósito de solução aquosa ou exposição do material não protegido, podem vir a apresentar essa corrosão. Por seu tamanho diminuto, as ranhuras muitas vezes passam despercebidas em manutenções e se tornam visíveis somente quando o material oxidado aflora na superfície. Riscos, gretas, pontos parafusados entre outros são enquadrados nesse tema e recebem uma solução semelhante à corrosão por frestas. Coluna com ranhura próximas a base 39 Prevenção e Controle: É importante a limpeza da superfície danificada, removendo-se todas as impurezas do local. Por não serem em geral muito degradantes, essas ranhuras podem ser pintadas garantindo a interrupção da corrosão. Corrosão em canto vivo São conhecidos diversos modos de evitar corrosões, porém, para cada tipo existe um método que melhor se aplica. Em geral, os processos de prevenção exigem investimento financeiro e são realizados com as peças ainda em ambiente industrial. Outros meios, como revestimento, são feitos em obra e também garantem a qualidade da peça. 40 Projecto de Estruturas Metálicas Apesar de não fazer parte do processo de fabrico de estruturas metálicas a fase de projecto é uma das partes mais importantes de todo o processo de implantação de uma estrutura metálica em obra, já que é nesta fase que se vão estudar os pormenores que são preciso ter em conta para o bom funcionamento e durabilidade da estrutura. Um bom detalhamento do projecto de estruturas metálicas é fundamental para se evitar o surgimento de processos corrosivos. Para prevenir gastos com remediações, recomenda-se a cautela durante a execução dos projectos. Alguns detalhes no papel podem fazer diferença posteriormente com a estrutura em pleno uso. -Problemas relacionados com a corrosão Independentemente do tipo de aço e do esquema de pintura empregados, alguns cuidados básicos na etapa de projecto, podem contribuir significativamente para melhorar a resistência à corrosão, como: - - - - - - - - - - Evitar arestas vivas, recessos, rebarbas, gretas ou cavidades; Em locais onde a água pode ficar retida, prever furos de drenagem(fig. 5); As cantoneira devem ser projectadas para permitir o livre fluxo de ar, de forma a acelerar o processo de secagem (fig. 5); Executar o recozimento de peças para retirada de tensões residuais; Em regiões catódicas, diminuir a superfície de contacto; Isolar metais distantes na tabela galvânica. Deve-se evitar que o aço entre em contacto com o cobre, bronze ou outro metal; Evitar peças semi-enterradas ou semi-submersas; Em soldas longas, manter a continuidade do filete, evitando-se cavidades; Juntas soldadas trazem menos problemas que as parafusadas; Projectar a estrutura de forma a evitar locais de acesso dificultado para possíveis manutenções. Fig.5 Local com deposição de humidade e lixo 41 Na fig. 5 pode-se verificar um estágio de corrosão avançado por pilha de acção local devido à deposição de lixo e consequente retenção de humidade. Nessa ligação deveriam ter sido previstos furos para escoamento de água. Como se pode perceber, a ventilação no local é problemática e a falta de limpeza auxilia na geração de uma diferença de potencial entre essa área crítica e o restante da estrutura. O local possui acesso fácil, mas essa condição torna-se sem utilidade frente a falta de manutenção e limpeza na estrutura. Na figura seguinte vamos apresentar um quadro com alguns exemplos de mau detalhamento em projecto e consequentes soluções recomendadas. Inadequado Recomendado Comentários Inversão de elementos estruturais e/ou execução de furos de drenagem para se evitar a retenção de água e o acumular de pó Evitar a retenção de água e o acumular de pó junto às bases Permitir a circulação de ar para evitar humidificação e o acumular de pó Evitar a retenção de água e o acumular de pó em frestas 42 -Problemas quanto ás Ligações Por serem os locais de transmissão de cargas e continuidade da estrutura, as ligações devem ser visadas como pontos principais para detalhamento do projecto. É comum que erros de medidas de perfis, deslocamentos de furos e até mesmo impossibilidade de encaixes sejam visualizados somente nesta etapa. Nota: este assunto já foi tratado com mais pormenor em Problemas relacionados com as ligações parafusadas -Problemas quanto á estabilidade da estrutura É na etapa de elaboração dos projectos que surgem grande parte dos erros que darão origem aos inúmeros problemas patológicos. Nas estruturas metálicas, onde a precisão é praticamente milimétrica, os cuidados devem ser redobrados. Alguns dos problemas que podem ocorrer são: - - - - - Falta de estabilidade devido à falta de elementos estruturais como contraventamentos, enrigecedores ou conectores; Falta de ancoragem dos elementos de construção entre si, telhamento, estrutura metálica, estrutura de betão, etc.; Problemas com erros de dimensionamento; Problemas com as fundações, seja nos parafusos de ligação (devido à força cortante ou normal) ou na própria fundação em si. Projecto que possibilita deformação excessiva. Pode causar danos às paredes e esquadrias. Ao lado um exemplo de inconformidade entre pilar e fundação, provavelmente causado pela desatenção na realização do projecto. Em muitos casos, o projecto de fundação é realizado por empresa diferente daquela que está realizando o projecto de estruturas metálicas. Nessa fronteira de delimitação dos projectos de cada um é preciso reiterar com a compatibilização dos detalhes divulgados. Com essa prática, pode-se evitar erros que somente seriam visíveis em obra. Base da coluna com dimensões incorrectas 43 Outro ponto importante na etapa de projecto é a definição do sistema de ligação a ser adoptado entre os elementos que compõem a estrutura metálica, como vigas, pilares e contraventamentos. É fundamental que os elementos de ligação (chapas, parafusos, soldas, etc.) apresentem resistência mecânica compatível com o aço utilizado na estrutura. A escolha criteriosa entre um sistema de ligação soldado e/ou parafusado, pode significar uma obra mais económica e tornar a montagem mais rápida e funcional. Alguns aspectos são importantes para essa escolha: - - - condições de montagem no local da obra;grau de dificuldade para fabricação da peça; padronização das ligações; Se a intenção do projecto for deixar as estruturas aparentes, o desenho das ligações assume uma importância maior. O formato, a posição e a quantidade de parafusos, chapas de ligação e nervuras de enrijecimento, são alguns dos itens que podem ter um forte apelo estético se convenientemente trabalhados pelo arquitecto em conjunto com o engenheiro calculista. 44 Tipos fechamentos em estruturas metálicas As estruturas metálicas possuem grande flexibilidade na escolha do sistema de fechamento, tanto horizontal (lajes) quanto vertical (paredes). A especificação dependerá muito do tipo de projecto e de suas características específicas (exigências económicas, estéticas, necessidade de rapidez de execução, etc). Assim, pode-se optar pelo uso das mais variadas soluções. Fechamentos horizontais Entre os diversos tipos de lajes usualmente empregadas, podemos destacar: -laje de betão moldada in loco; - laje modulada de betão celular; - pré-laje de betão; - laje mista; - laje de painel de madeira e fibrocimento; - laje com forma metálica incorporada - steel deck; Fechamentos verticais Assim como acontece com as lajes, as estruturas metálicas possuem compatibilidade com uma grande diversidade de materiais de vedação. Destacamos abaixo algumas dessas soluções: - alvenarias: de tijolos maciços de barro, blocos cerâmicos, blocos de betão ou de betão celular; - painéis: de betão, betão celular, fibrocimento, aço, gesso acartonado (dry-wall). É importante deixar claro que não existe nenhum empecilho no uso de estruturas metálicas em conjunto com alvenarias. Para tanto, é interessante que o projectista esteja atento a pequenos detalhes que evitarão, no futuro, o possível aparecimento de patologias, como trincas ou fissuras, decorrentes da movimentação destes materiais. Entre os detalhes geralmente empregados podemos destacar: - para os pilares: utilização de barras de aço de espera (também conhecida como "ferro cabelo"), com 5 mm de diâmetro e 30 a 40 cm de comprimento, soldadas ao perfil, aproximadamente a cada 40 cm, e solidarizadas à alvenaria durante o seu assentamento; 45 - para as vigas: aplicar entre a estrutura e a alvenaria, material deformável (cortiça, isopor ou poliestireno) arrematados por mata-juntas ou selantes flexíveis com relação aos demais materiais utilizados em painéis , é interessante consultar os catálogos técnicos de seus respectivos fabricantes, onde poderão ser encontradas informações úteis com relação às melhores soluções de detalhamento entre a estrutura e o conjunto de vedação 46 Protecção das estruturas metálicas contra incêndios Todo material perde resistência mecânica quando exposto a acção de altas temperaturas, como as que ocorrem em situações de incêndio. Desta forma, o projecto estrutural deve antecipar esta possibilidade, evitando um possível colapso da estrutura e garantindo a segurança dos ocupantes desta e de edificações próximas, além de minimizar perdas económica. Existem dois tipos básicos de protecção: activa (uso de sprinklers, alarmes, etc.) e passiva. A protecção passiva abrange aspectos de projecto da edificação (uso de portas corta- fogo, compartimentação dos ambientes, etc.) e a protecção dos elementos estruturais contra o fogo. A definição do tipo de protecção é feita na etapa de projecto, assegurando-se assim a especificação do material mais indicado para cada caso. Entre os materiais comumente utilizados, podemos citar: - - - - - - - Argamassa de asbesto: constituída de fibras de amianto (silicato de magnésio) com cimento. Aplicação se faz por spray; Argamassa de vermiculita: argamassa de agregado leve, à base de vermiculita. Aplicação por spray ou com o uso de espátulas; Mantas de fibras cerâmicas: utilizada como revestimento tipo contorno ou como revestimento tipo caixão; Mantas de lã de rocha: utilizada como revestimento tipo contorno ou como revestimento tipo caixão; Argamassa composta de gesso e fibras: aplicação por spray; Betão/Alvenaria: revestimento ou encapsulamento da estrutura metálica com betão ou alvenaria; Tinta intumescente: revestimento fogo-retardante, que se submetido ao incêndio transforma-se em volumosa camada, parecida com uma esponja. É a solução ideal quando há intenção de se deixar a estrutura aparente. Aplicação por pintura. 47 Anexos 48 FABRICO DO AÇO O aço é um produto siderúrgico definido como liga metálica formado através de transformações sobre o minério de ferro, ocorridas nas siderurgias. O aço é uma liga (união de elementos químicos) formada pela dissolução de Carbono em Ferro em teores que variam de 0,008 a 2 por cento. Para aços utilizados na construção civil, o teor de carbono é da ordem de 0,18% a 0,25%. O aço ainda contém geralmente uma percentagem de impurezas resultantes do processo de fabricação ou outros elementos adicionados propositadamente para dar melhores propriedades mecânicas. O ferro é encontrado em toda a crosta terrestre, fortemente associado ao oxigénio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro, misturado com areia fina. O carbono é também relativamente abundante na natureza e pode ser encontrado sob diversas formas. Na siderurgia, usa-se carvão mineral, e em alguns casos, o carvão vegetal. O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigénio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigénio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado alto forno. O alto forno é um forno de secção circular com 30 m de altura construído com tijolos refractários e revestimento de chapa de aço que serve para produzir ferro. ALTO FORNO O alto-forno é constituído por dois troncos de cone unidos pelas bases maiores. No fundo do forno situa-se um cadinho onde se acumula o metal à medida que vai sendo fundido. A zona superior chama-se cuba e é pelo seu topo que é introduzido o material a fundir. Um carril inclinado conduz ao cimo do forno onde a carga é despejada sobre uma tremonha de campânula dupla que a distribui e funciona como válvula de fecho. Dispositivos auxiliares (estufas) constituídos por torres cilíndricas aquecem a 500 °C a corrente de ar que se introduz no forno por tubagens situadas acima do cadinho. 49 Esquema de um alto-forno Antes de serem levados ao alto forno, o minério e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. O minério é transformado em pelotas e o carvão é destilado, para obtenção do coque, dele se obtendo ainda subprodutos carboquímicos. O coque é um carvão poroso que se obtém como resíduo da destilação da hulha na produção do gás da hulha. As suas propriedades físicas e químicas dependem do método de aquecimento e respectiva duração, da tempe- ratura atingida, do tipo de carvão utilizado e do modelo do forno em que se realiza a operação. O coque, largamente utilizado em todo o mundo, obtém-se em fornos de retortas, em baterias de fornos alveolares, situados geralmente nas proximidades das minas de carvão e ainda nas modernas instalações de recuperação, construídas quase sempre junto dos altos-fornos e das acearias. 50 TIPOS DE FORNOS DE OBTENÇÃO DE COQUE Os fornos alveolares produzem o calor necessário para a transformação em coque, por combustão dentro da própria câmara, do gás desprendido. Consistem numa estrutura hemisférica de tijolos refractários e pedra tendo uns 3,5 a 4 m de diâmetro. Têm na sua parte superior uma boca pela qual se deixa cair no interior uma carga de 5 a 6 t de carvão. Têm também uma portalateral pela qual se descarrega o coque fabricado, utilizando ancinhos. Os gases e os fumos escapam-se pela boca de carga. Os fornos deste tipo, porém mais modernos, são de forma rectangular, de uns 9 m de comprimento e têm anexas caldeiras de vapor de calor perdido destinadas a recuperar, pelo menos em parte, o calor dos gases de combustão. O rendimento, em cada ciclo de fabrico de carvão carregado, é de cerca de 642 kg de coque. Exceptuando o calor, que pode ser recuperado, os restantes produtos de operação perdem-se e, por tal motivo, este tipo de fornos caiu em desuso. Os fornos recuperadores de subprodutos transmitem, através das paredes, o calor à carga de carvão. São constituídos por uma câmara de tijolos refractários, de uns 12 m de comprimento, de 3,5 a 5 m de altura e de 45 cm de largura, possuindo bocas de carga no tecto e portas móveis. Os produtos voláteis escapam--se por uma chaminé que desemboca na conduta principal de gases. Cinquenta fornos ou mais, separados entre si por estreitas câmaras de combustão de gases, constituem uma bateria de fabricação. O trabalho numa bateria compreende a trituração do carvão bruto e a sua mistura, a elevação até ao silo situado no alto, descarga do coque incandescente depois de 18 horas de aquecimento a uns 1000 graus centígrados, o apagar do coque por meio de aspersão de água e, finalmente, classificação por tamanhos utilizando a crivagem. Os produtos voláteis arrefecem e são recolhidos em condensadores tubulares, em saturadores ou em torres de lavagem. Deste modo se recuperam águas amoniacais, naftaleno, tolueno e sulfato de amónio. Processo de obtenção do coque 51 O minério coque e fundentes (carbonato de cálcio e dolomite) introduzidos descem pelo alto-forno, enquanto o ar é introduzido directamente no fundo. A obtenção de l t de ferro pode requerer 2 de mineral, l de coque, 0.5 de fundentes e 3.5 de ar. Os minérios podem ser óxido férrico, ou ferroso-férrico, aos quais se podem juntar aparas, escória, pó recuperado e sucata. O coque desempenha dois papéis: fornecer calor para as reacções redutoras na fusão e reduzir o minério a ferro. A corrente de ar acelera a combustão do coque e forma óxidos de carbono que reduzem o resto do mineral. Por outro lado, o fundente forma escória, que absorve e separa da massa líquida os elementos indesejáveis. A massa em fusão e a escória fluem através da carga até ao cadinho; a escória menos densa flutua sobre o ferro e ambos podem ser sangrados em separado e a intervalos através de um orifício. Um alto-forno de grande capacidade produz 1800 t diárias de ferro, que, no entanto, vai na sua maior parte, ser refundido, dado que nesta fase é quebradiço e sem aplicação directa. O funcionamento do forno é contínuo, já que as matérias são carregadas no topo e o ferro e escória são retirados pelo fundo. A produção só se interrompe para reparações, como a mudança do revestimento. A maior percentagem do ferro obtido destina-se à produção de aço e a escória emprega-se para nivelamento de terrenos, e, triturada, como agregado do betão e isolante na fabricação de cimento. A riqueza em monóxido de carbono e hidrogénio do gás que se escapa pelo topo permite empregá-lo como combustível destinado a aquecer as estufas, ou para outros fins dentro da instalação. O pó dos fumos é recuperado sob a forma de blocos que se juntam à carga. No processo de redução, o ferro se liquefaz e é chamado de ferro gusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas como calcário, sílica, etc. formam a escória, que é matéria-prima para a fabricação de cimento. A gusa é um produto siderúrgico obtido em alto-forno mediante fusão redutora de minério de ferro com carvão coque. Contém de 2 a 6% de carbono, além de outros elementos (enxofre, fósforo, manganês, silício) em quantidade menores. À saída do forno, o gusa é vazado em moldes metálicos ou em regos de areia especialmente abertos numa superfície de vazamento, sob a forma de lingotes, quando se destina a nova fusão, ou é mantido em estado líquido em misturadores para a fabricação do aço. O gusa submetido a nova fusão, passa a ter o nome de ferro fundido. A gusa em suas diferentes formas, tem campo de aplicação bastante vasto: O gusa cinzento é usado na fabricação de peças de ferro fundido. O gusa branco é usado na fabricação do aço. Gusa branco - De fractura clara, em que o carbono se acha quase todo combinado com o ferro em forma de carbeto, sendo pobre em silício; fabrica-se em alto- forno com marcha fria. Gusa cinzento - O mais mole e de fractura escura, em que o carbono se acha em maior parte livre sob a forma de grafite, sendo rico em silício; fabrica-se em alto-forno com marcha quente e é utilizado em fundição de peças moldadas. Gusa fosforoso - Produto com elevado teor de fósforo, resultante do emprego de minérios fosforosos e usado na fabricação do aço por processo básico ( conversor Thomas ). 52 Carros torpedo Após a reacção, o ferro gusa na forma líquida é transportado nos carros-torpedos (vagões revestidos com elemento refractário) para uma estação de dessulfuração, onde são reduzidos os teores de enxofre a níveis aceitáveis. Também são feitas análises da composição química da liga (carbono, silício, manganês, fósforo, enxofre) A etapa seguinte do processo é o refino. O ferro gusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigénio ou eléctricos. 53 Processos de tratamento da gusa PROCESSO DE BESSEMER O processo de Bessemer consiste em insuflar ar na fundição líquida contida num forno basculante para reduzir por oxidação o carbono, o silício e o magnésio. Os aços assim obtidos podem ser ácidos ou básicos, consoante o revestimento refractário do conversor seja à base de compostos de silício ou de magnésio. A fundição média é de 25 a 30 toneladas. No método do cadinho, funde-se ferro com carvão vegetal e areia num cadinho carbonado. O ferro é refinado, comentado e vertido em lingotes; as cargas são de 30 a 45 kg. Porém, a maior parte da produção corresponde ao forno de reverberação, que produz ácidos ácidos ou básicos conforme o método de afinação. O processo básico é o mais corrente, pois permite reduzir o fósforo, carbono, enxofre, manganês e outros elementos. A carga de sucata e de lingote, ou apenas de lingote, fundida no processo básico, geralmente com pedra calcária ou espato-flúor, refina-se num forno de reverberação, aquecido por ar à pressão e gás de petróleo. Após a operação de afinação, necessária para eliminar as impurezas, o aço é desoxidado e vazado em grandes colheres, de onde passa para as lingoteiras. As fundições variam entre as 100 e as 200 t. Processo de Bessemer 54 PROCESSO DE MARTIN-SIEMENS Este método é baseado num forno de reverbero idealizado por Siemens, cujas partes principais são: l) forno propriamente dito, formado por uma estrutura metálica, em que ficam alojados os queimadores, de grande superfície e pouca profundidade; 2) recuperadores de calor, 2 ou 4, situados na infra-estrutura do forno que aquecem o combustível e o ar necessário à combustão; 3) filtros que separam a escória e as cinzas; 4) sistema de válvulas de passagem, admissão de ar, gás e fumos, válvulas de comporta accionadas mecânica, eléctrica ou hidraulicamente. O êxito do sistema baseia-se na recuperação do calor, base do funcionamento do forno, que, em termos gerais, funciona da seguinte maneira: Fornece-se combustível ao forno através da válvula 7 aberta, recuperador 4 de gás e queimador direito, com a válvula l fechada. O ar é insuflado através da válvula 5, recuperador 3 de ar e lumieiras direitas. Os fumos saem do forno e passam aos recuperadores l e 2, saindo pela cha- miné. Após 15 ou 20 min invertem-se os bicos, o gás e o ar. Uma vez eliminados os fumos, abrem-se: no sistemade eliminação de gás, a válvula l; no de ar, a 3; e no de fumos, a 6 e a 8, ficando fechadas a 2 e a 4. Então, o gás e o ar passam através dos recuperadores respectivos, absorvendo o calor, sofrendo um aquecimento prévio, entrando no queimador esquerdo, enquanto os fumos saem pela direita, para passar nos recuperadores 3 e 4, e, destes, para a chaminé. Os combustíveis usados podem ser o fuel, o gás natural, de coque ou de gasogénio, bem como os de baixo poder calorífico, enriquecidos com injecção de oxigénio. A carga pode ser: a) proveniente de alto-forno, em desuso; b) mistura de carga de alto-forno e ferro fundido; c) carga de alto-forno, lingote e sucata de aço, usada com frequência; d) sucata de aço e lingotes; e) sucata de aço. O processo pode ser ácido ou básico. No segundo caso, e durante a fusão, produzem-se duas reacções químicas: a oxidação da sucata e a calcinação das impurezas, após o que têm lugar as reacções tendentes a reduzir o carbono, manganês, fósforo, enxofre e silício e, por último, procede-se à afinação da liga. No processo ácido, usa-se o mesmo forno, mas com revestimento de materiais cerâmicos ácidos siliciosos. Precisa de escória ácida ou neutra, o que impede a eliminação do enxofre e do fósforo, circunstâncias que limitam muito o seu emprego, apesar de ter algumas vantagens, como a de controlar perfeitamente a composição da escória e, como tal, do aço. 55 Esquema do processo Martin-Siemens para a fabricação do aço. 1-2. Válvulas para a passagem dos fumos do recuperador n.° 1 para a chaminé. 3-4. Válvulas para a passagem dos fumos do recuperador n.° 2 para a chaminé. 5-6. Válvulas para a passagem do ar do ventilador ao recuperador n.° 3. 7-8. Válvulas para a passagem do gás combustível para o recuperador n.° 4. (Nesta direcção de trabalho estão abertas as válvulas 2-4-5-7 e fechadas as 1-3-6-8; para mudar o sentido de circulação de gases inverte-se o de válvulas segundo estes grupos.) 9-10-11. Válvula de guilhotina de fumos. 12. Válvulas de borboleta para impedir a passagem de ar e gás na fase intermédia de expulsão de fumos antes de inverter o sentido de trabalho. A-B-C-D. Pirómetros de controlo da temperatura dos gases. A direita, mostra-se o processo invertido, para absorção de calor e pré- aquecimento. FORNO ELÉCTRICO Os fornos eléctricos, de arco ou de indução, têm duas grandes vantagens: obter temperaturas mais elevadas com menor custo e, principalmente, oferecer a possibilidade de regular o ar e a refinação da escória com maior precisão, pois o operador pode trabalhar a carga em condições de oxidação seguidas de redução. As impurezas ficam reduzidas ao mínimo e o aço é de qualidade superior. Actualmente presta-se grande atenção ao tratamento do banho fundido com «lanças de oxigénio» e usam-se processos importantes, como o «Ajax» (1958), «LD» (1948), «LDC», «Kaldo» (1948), «Rotor» (1952) e diversos métodos de fundição contínua. Nos fornos eléctricos o carbono é o principal elemento endurecedor, combina-se com o ferro para formar cementite, martensite, bainite e outras formas de precipitação 56 que conferem a dureza. O manganês, que actua como comentador, é também desoxidante e dessulfurante. O fósforo constitui uma impureza que reduz a ductilidade, tal como o enxofre, embora este favoreça a mecanização. O silício, desoxidante, aumenta a permeabilidade magnética. Alumínio, níquel, zircónio e silício encontram-se misturados com a ferrite; o níquel, em particular, aumenta a resistência à tracção. O crómio, tungsténio, molibdénio e vanádio, dissolvidos no ferro puro, são muito activos na formação de carbonetos que aumentam a dureza, a resistência à tracção, abrasão e desgaste, assim como a capacidade de suportar elevadas temperaturas. Estes elementos actuam sós ou combinados para proporcionar as propriedades desejadas. As ligas mais conhecidas são os aços ao níquel, crómio, manganês, silício, molibdénio, tungsténio e vanádio; os aços com 4 a 24% de tungsténio chamam-se «aços para ferramentas». Os elementos mais importantes dos aços inoxidáveis são o níquel e o crómio, em dois grupos principais: um que contém de 5 a 27% de crómio e outro que tem também 2 a 20% de níquel. Forno eléctrico 57 Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc. Hoje em dia com a evolução da tecnologia, as fases de redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção. 58 MOLDAGEM DO AÇO PARA PERFIS PROCESSO DE LAMINAGEM Após a retirada dos moldes, os lingotes são colocados em “fornos poços” onde são reaquecidos a uma temperatura uniforme para alcançar uma plasticidade própria requerida nas operações de laminação. Dos “fornos poços” os lingotes são removidos, um de cada vez, através de pontes rolantes até ao laminador de desbaste com duas finalidades: 1. reduzir a secção transversal do lingote 2. trabalhar e refinar a estrutura interna do metal obtendo caracteristicas físicas proprias. A secção transversal requerida é obtida pela passagem entre dois rolos cilíndricos, que rodam em sentidos contrários á mesma velocidade, e diminuindo o espaçamento entre eles ao longo do percursso, reduzindo assim a secção do lingote e aumentando o seu comprimento, resultando daqui as denominadas placas ou tarugos. Os tarugos obtidos são quadrados ou levemente rectangulares e agora submetidos á laminação dos perfis estruturais. Mas antes destes tarugos serem transformados em membros estruturais, são aparados para serem removidos os materiais imperfeitos e cortados de modo que não excedam a capacidade dos laminadores. Para a obtenção dos perfis estruturais “T”, “L”, “U”, “H” e “I”, estes tarugos são então passados sob pressão numa variedade de máquinas chamadas laminadores. Cada 59 máquina laminadora consiste em vários rolos standardizados ajustáveis ao tamanho e secção transversal da peça acabada. Um mesmo tipo de laminador é usado para a produção de diferentes perfis, bastando unicamente trocar os rolos do laminador de acordo com o perfil desejado e alterando o espaçamento para dar o contorno desejado. O metal quente e maçio é forçado e desviado para dentro das ranhuras dos rolos para formar as abas do perfil, este tipo de formação limita-se apenas a perfis com abas estreitas. O perfil “ I “ è laminado com a alma na posição horizontal seguindo o processo descrito. Os perfis “U” , “ L” e outros perfis menores , têm também os rolos providos de ranhuras que formam o contorno do perfil, que trabalham na posição horizontal. Os perfis formados deste modo passam depois pelo trem de acabamento, onde sofrem o tratamento final segundo as dimensões especificadas e a seguir cortados nos tamanhos padrões. LAMINADORES CONTÌNUOS As práticas mais modernas da indústria siderúrgica eliminaram os lingotes convencionais, fornos de reaquecimento e os laminadores desbastadores, dando lugar ao lingotamento continúo, onde o aço fundido é escoado continuamente em moldes quadrados ou rectangulares, resfriados a água. Neste estágio o aço é chamado de semi-acabado, podendo ser resfriado ou transportado para um outro forno de reaquecimento onde, após reaquecido a uma temperatura determinada, poderá ser laminado seguindo o processo já descrito para obtenção dos perfis estruturais. Este laminador moderno é contínuo e funciona mecanicamente, cada cilindro está apoiado num ou mais cilindros reforçadores com o objectivo de reduzir ao mínimo o desvio. 60 No processo de lingotamento contínuo o aço líquido
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