Buscar

02 CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Prévia do material em texto

Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
Classificação do Negócio Jurídico 
 
Faz-se necessário a classificação do negócio jurídico para que possamos 
identificar a natureza jurídica deste (categorização jurídica) e nos termos do art. 
185 do Código Civil, a classificação que iremos ver a seguir serve tanto para os 
negócios jurídico, quanto atos jurídicos em sentido estrito. 
 
I. Quanto a Manifestação de Vontade dos Envolvidos: 
 
• Negócios Jurídicos Unilaterais: no ato ou negócio 
jurídico unilateral, como o próprio nome já sugere, nós temos a 
manifestação de vontade de uma única pessoa/agente/parte. 
Exemplo: testamento, renúncia a um crédito, promessa de 
recompensa, etc. 
Os negócios jurídicos unilaterais pode ser classificados em 
receptícios e não receptícios. 
 
Negócios Unilaterais Receptícios: A declaração de vontade 
tem que ser encaminhada a seu destinatário, possibilitando 
assim a produção de seus efeitos, a exemplo a promessa de 
recompensa. 
 
Negócios Unilaterais não Receptícios: não há necessidade 
de levar a conhecimento do destinatário a manifestação de 
vontade, nesses casos informar ao destinatário sobre a 
manifestação de vontade é irrelevante, a exemplo o 
testamento, não é necessário informar ao destinatário que foi 
deixado um testamento em seu nome para que ele produza 
efeitos, é lógico que isso não o impede de recursar os bens 
deixados pelo falecido, no momento oportuno. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
• Negócios Jurídicos Bilaterais: nos negócios jurídicos 
bilaterais nós temos 02 (duas) pessoas que desejam praticar 
determinado negócio, ou seja, há manifestação de vontade de 02 
(duas) partes, a exemplo um contrato de compra e venda, ou o 
próprio casamento. ato ou negócio 
 
• Negócios Jurídicos plurilaterais: envolve mais de 02 
(duas) partes, onde ambas todas possuem o mesmo objetivo. 
A exemplo o contrato de sociedade entre mais de 02 (duas) 
pessoas, ou até mesmo o consórcio. 
No que diz respeito ao consórcio, esse não é aquele 
consórcio honda, gazin, chevrolet, etc. aqui falamos da 
União de mais de uma Pessoa Jurídica para a prática de 
determinado ato, em nosso Estado pode exemplo, existe um 
consórcio intermunicipal, ou seja, a União de mais de um 
município com a finalidade de realizar a coleta e destinação 
final do lixo, tendo em vista que a legislação exige que os 
lixos devem ser destinados em aterro sanitário próprio 
respeitado todas as normas no que diz respeito ao meio 
ambiente, e além do elevado custo para sua construção, os 
mais próximos estão no município de Cacoal, e Vilhena, 
então através do consórcio intermunicipal vários municípios 
do Estado realizam a coleta de lixo, e destinação final a esses 
aterros. 
 
II. Quanto as Vantagens Patrimoniais para os Envolvidos 
 
• Negócios Jurídicos Gratuitos: são atos de mera 
liberalidade, ou seja, uma parte concede a outra determinado benefício, 
sem que haja uma contra prestação da parte que recebe, ou seja, não 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
gera nenhuma obrigação em relação a quem está recebendo com aquele 
que concedeu o benefício. Exemplo: doação pura, contrato de 
comodato. 
 
• Negócio Jurídico Oneroso: trata-se de um negócio 
jurídico onde há obrigações para ambas as partes, ou seja, de um lado 
temos a prestação e de outro uma contra prestação, não há necessidade 
de ser necessariamente em dinheiro, podendo a contra prestação através 
de qualquer bem que tenha valor econômico. Exemplo: contrato de 
compra e venda, de um lado temos a parte que vende um bem, e de 
outro lado a parte que paga por este bem, e esse pagamento pode ser 
através de dinheiro, ou até mesmo outro bem que tenha valor 
econômico. 
 
A doutrina moderna apresenta mais 02 (duas) classificações acerca do 
proveito econômico, sendo elas: 
 
• Negócio Jurídico Neutros: trata-se de um negócio 
jurídico em que inexiste atribuição de valor patrimonial, 
impossibilitando assim classifica-lo como gratuito ou oneroso. 
Exemplo a instituição de um bem de família voluntário ou 
convencional (arts. 1.711 a 1.722 do CC). 
 
• Negócio Jurídico Bifrontes: são aqueles negócios 
jurídicos que podem ser tanto onerosos quanto gratuitos, os exemplos 
clássicos são o contrato de depósito e o contrato de mútuo. 
 
O que vem a ser o contrato de depósito? 
É um contrato muito comum na nossa região inclusive, utilizado pelos 
agricultores. Imagine um pequeno produtor de café por exemplo, ao terminar a 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
colheita, verifica que o preço da sua mercadoria está muito baixo, em virtude do 
período de safra, e ele não tem estrutura para armazenar a sua produção em sua 
propriedade, o que ele faz? 
Procura uma cerealista e deixa o café depositado nela, para vender no 
período de entre safra. 
Nesse caso o dono do armazém pode cobrar ou não pelo depósito, isto 
porque na prática enquanto o cereal estiver armazenado, ele acaba utilizando este, 
tendo apenas a obrigação de devolver a mesma quantidade e qualidade que foi 
depositado, e também resguardam o direito de preferência na compra. 
O contrato de mútuo é aquele em que há transferência de um bem fungível 
(aquele que pode ser substituído por outro da mesma natureza qualidade), podendo 
também ser oneroso ou gratuito. 
Imagine que você empresta 100 tijolos para o seu vizinho terminar a 
casinha do cachorro. 
Ele pode te devolver um objeto exatamente igual ao que você emprestou 
não pode? Sim, e você pode cobrar ou não em virtude desse contrato de mútuo. 
Ou ainda quando você empresta dinheiro, ao seu colega de sala, o dinheiro 
você não vai receber o mesmo dinheiro que pagou, mas outro da mesma quantidade 
e valor, podendo ou não cobrar juros em virtude desse empréstimo. 
Quando estivermos diante de um contrato de mútuo oneroso é conhecido 
por Mútuo Feneratício. 
 
III. Quanto aos Efeitos no Aspecto Temporal 
 
• Negócio Jurídico Inter Vivos: são os negócios 
jurídicos mais comuns, pois trata-se do negócio jurídico que visa 
produzir efeito desde logo, ou seja, durante a vida das partes. 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
• Negócio Jurídico Mortis Causa: são aqueles negócios 
jurídicos que somente irão produzir efeito após o óbito de determinada 
pessoa, a exemplo o testamento e o legado. 
Legado é o ato em que determinada pessoa, manifesta sua vontade em 
deixar um, ou mais bens para outra pessoa, QUE NÃO SEJA SEU HERDEIRO, 
por isso falamos que o falecido deixou seu legado a Fulano por exemplo. O legado 
é sempre deixado em testamento, por isso trata-se de sucessão legitima, e o 
legatário (pessoa que recebe o legado/bem) pode ser ou não da família, mas nunca 
será um herdeiro. 
 
IV. Quanto à Necessidade ou não de Solenidades e Formalidades 
 
• Negócio Jurídico Formais ou Solenes: obedecem a 
uma forma ou solenidade prevista em lei para a sua validade ou 
aperfeiçoamento, ou seja, para que ele seja um negócio válido e eficaz 
é necessário respeitar as formas conforme determinação legal. 
Exemplo: Casamento, e o Testamento, são negócios em que é 
necessário respeitar o procedimento previsto em lei. 
 
• Negócio Jurídico Informais ou não Solenes: o art. 
107 do CódigoCivil estabelece que “a validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei 
expressamente exigir. Ou seja, em regra os negócios jurídicos não 
dependem de uma forma especial para serem válidos, a exemplo a 
compra e venda, locação, etc. Sempre que você realiza uma compra e 
venda que você faz um contrato formal, solene? Não, somente nos casos 
em que em virtude da natureza do negócio você precisa se resguardar, 
mas em regra as compras de pequeno valor para pronto pagamento são 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
realizadas informalmente, tal fato está amparado pelos princíos da 
operabilidade e simplicidade. 
 
V. Quanto à Independência ou Autonomia 
 
• Negócio Jurídico Principais ou Independentes: São 
aqueles negócios jurídicos que tem vida própria, de modo que não 
necessitam de outro para existir, a exemplo a locação de um imóvel. 
 
• Negócios Jurídicos Acessórios ou Dependentes: 
Trata-se de negócios jurídicos em que a sua existência está 
condicionada a existência de outro e por isso são dependentes, a 
exemplo a fiança em relação a locação. Em alguns casos o locatário 
exige um fiador, ou seja, uma pessoa que responderá pela dívida do 
locador, caso este venha ficar inadimplente, veja que a locação só se 
concretizara, caso o fiador seja aceito. 
 
VI. Quanto às Condições Pessoais Especiais dos Negociantes 
 
• Negócios Jurídicos Impessoais: não é exigido 
nenhuma condição especial das partes, podendo a obrigação ser 
cumprida tanto pelas partes quanto por um terceiro, a exemplo contrato 
de compra e venda. 
 
• Negócios Jurídicos Personalíssimos ou Intuito 
Personae: o negócio exige uma condição especial de um dos 
negociantes, havendo uma obrigação infungível, ou seja, aquela 
obrigação que não pode ser substituída. Exemplo: contratação de uum 
pintor renomado, ou um cantor consagrado para a realização de 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
um show, outra pessoa pode fazer o show do Roberto Carlos? Não, 
somente ele, então exige a qualidade especial, no presente caso, que 
seja o Roberto Carlos, por ser uma obrigação única. 
 
VII. Quanto à sua Causa Determinante 
 
• Negócios Jurídicos Causais ou Materiais: o próprio 
negócio jurídico traz o motivo do seu conteúdo, a exemplo o termo de 
divórcio. 
• Negócios Jurídicos Abstratos ou Formais: não há 
necessidade de constar o motivo do negócio jurídico, ele simplesmente 
acontece, sem a necessidade de maiores explicações, a exemplo a 
transmissão de uma propriedade. 
 
VIII. Quanto ao Momento de Aperfeiçoamento 
 
• Negócios Jurídicos Consensuais: passam a produzir 
efeitos a partir do momento que é realizado um acordo, a exemplo uma 
compra e venda pura, conforme o art. 482 do CC. 
 
• Negócios Jurídicos Reais: somente produzem efeitos 
após a entrega do objeto, como é o caso do contrato de comodato e 
mútuo, que são contratos de empréstimo. 
 
IX. Quanto à Extensão dos Efeitos 
• Negócios Jurídicos Constitutivos: passa a gerar 
efeitos a partir do momento em que são concluídos, pois criam uma 
obrigação, seja ela positiva (fazer, ou entregar) seja ela negativa (um 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
deixar de fazer), assim produzem efeitos ex nunc, ou seja não 
retroagem, como é o caso da compra e venda. 
 
• Negócios Jurídicos Declarativos: geram efeitos 
retroativos, a partir do fato em que constitui o seu objeto, a 
exemplo no caso do inventário, onde produz efeitos desde o óbito, 
uma vez que a sucessão ocorre a partir do falecimento. 
 
Estudo dos Elementos Acidentais do Negócio Jurídico 
 
Os elementos nada mais são do que elementos trazidos ao negócio pelas 
partes, que visam alterar uma ou mais consequências do negócio jurídico, no que 
diz respeito a escada ponteana, eles estão diretamente ligados ao plano de eficácia, 
podendo inclusive serem dispensados. 
Contudo, muito embora seja dispensado a existência desses elementos no 
negócio jurídico, haverá situações em que a sua presença poderá acarretar a 
nulidade do ato, os elementos acidentais a condição, o termo, e o encargo ou modo 
(são sinônimos), conforme consta nos arts. 121 a 137 do Código Civil. 
 
Condição 
 
A condição tem origem na manifestação de vontade das partes, faz com 
que o negócio jurídico esteja vinculado, ou seja, dependa da existência de um 
acontecimento futuro e incerto, conforme preceitua o art. 121 do CC, com a 
seguinte redação: 
Art. 121 – considera-se condição a cláusula que, derivando 
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico 
a evento futuro e incerto. 
A condição comporta as seguintes classificações: 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
 
I. Quanto a Licitude: 
 
• Condições Lícitas – estão em conformidade com o ordenamento 
jurídico, e nos termos do art. 122 do Código Civil, considera-se 
condições licitas, aquelas que não contrariem a lei, a ordem pública 
ou os bons costumes. Tendo em vista que as condições licitas não 
ofendem o ordenamento jurídico, essas não podem ocasionar a 
nulidade do ato. Exemplo: uma compra e venda que necessite da 
aprovação do comprador (venda a contento ou ad gustum). 
 
• Condições Ilícitas - por via de lógica, se as condições lícitas são 
aquelas que não contrariam o direito (lei), a ordem pública ou os 
bons costumes, a condição ilícita é aquela exatamente ao contrário, 
contraria a lei, a ordem pública e os bons costumes. Exemplo: a 
venda que dependa da pratica de uma crime pelo comprador ou 
vendedor. 
 
II. Quanto à Possibilidade: 
 
• Condições Possíveis - como o próprio nome já sugere são as 
condições possíveis de serem realizadas, e não atrapalham a validade 
do negócio jurídico. Exemplo: compra e venda subordinada a uma 
viagem do comprador à Europa. 
 
• Condições Impossíveis – a contrário da classificação anterior, aqui 
nós temos uma condição impossível de ser cumprida, e em razão 
disso torna o negócio absolutamente nulo. A nulidade absoluta 
ocorre quando a condição for suspensiva, nos termos do art. 123, 
inciso I do Código Civil. Exemplo: compra e venda subordinada a 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
uma viagem a marte, ou que condicione o comprador a trazer uma 
pessoa já falecida a vida. 
 
III. Quanto à Origem da Condição 
 
• Condições Causais ou Casuais – são oriundas de eventos naturais, 
ou seja, fatos jurídicos stric sensu. Exemplo: eu falo que se chover, 
eu vou vender a minha casa, por que a água fica alegada na frente e 
isso me incomoda. 
 
• Condições Potestativa – necessitam da vontade humana, ou seja 
está presente um elemento volitivo, sendo assim dividida em 02 
(duas) espécies: 
➢ Condições Simples ou Meramente Potestativas: dependem 
das manifestação de vontade intercalada de duas pessoas, trata-se 
de negócio jurídico lícito. Exemplo: alguém institui uma 
liberalidade a favor de outrem, dependente de um desempenho 
artístico (cantar em um espetáculo). 
➢ Condições puramente potestativas – dependem de uma 
vontade unilateral, dependendo assim da vontade de apenas uma 
das partes. (art. 122 do CC, parte final). Art. 122. São lícitas, em 
geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordempública ou 
aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que 
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao 
puro arbítrio de uma das partes. 
Trata-se de condição ilícita. Exemplo: dou-lhe um veículo, se 
eu quiser. 
• Condição promíscua – aqui nós temos inicialmente uma condição 
potestativa, mas passa a perder tal característica em virtude de uma 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
fato posterior, que não está na esfera de vontade do agente, 
dificultando assim a concretização do negócio. Exemplo Eu lhe dou 
um carro se você for campeão do torneio’. Essa condição potestativa 
passará a ser promíscua se o jogador vier a se machucar. 
 
• Condições mistas – são aquelas que dependem, ao mesmo tempo, de 
um ato volitivo, somado a um evento natural. Exemplo: Eu lhe dou 
um veículo se você cantar amanhã, desde que esteja chovendo 
durante o espetáculo. 
IV. Quanto aos Efeitos da Condição 
 
• Condição Suspensivas – para que o negócio jurídico possa produzir 
efeitos é necessário o seu acontecimento (art. 125 do CC), ou seja, 
ela suspende a produção dos efeitos do negócio jurídico até que ela 
aconteça. Exemplo: venda de vinho, onde está somente ocorrera 
com a aprovação ad gustum do comprador, enquanto o comprador 
não aprovar, está venda estará suspensa (a produção dos seus 
efeitos), ou exemplo é o pai que celebra um contrato de doação com 
a filha de um carro, porém somente irá se efetivar caso essa filha 
venha a casar, ou seja, o carro foi dado. 
De acordo com o art. 126 do CC/2002, se alguém dispuser de 
alguma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto 
àquela novas disposições, estas últimas não terão valor, caso ocorra 
o implemento do evento futuro e incerto, sendo a condição 
incompatível com essas novas disposições. Tal regra impede que 
uma nova condição se sobreponha a uma anterior, caso sejam elas 
incompatíveis entre si. Como demonstrado, as condições 
suspensivas física ou juridicamente impossíveis geram a nulidade 
absoluta do negócio jurídico (art. 123, I, do CC). 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
• Condições Resolutivas – são aquelas que, enquanto não se 
verificarem, não trazem qualquer consequência para o negócio 
jurídico, vigorando o mesmo, cabendo inclusive o exercício de 
direitos dele decorrentes (art. 127 do CC). Ilustrando, no campo dos 
Direitos Reais, quando o título de aquisição da propriedade estiver 
subordinado a uma condição resolutiva, estaremos diante de 
uma propriedade resolúvel (art. 1.359 do CC). Isso ocorre no pacto 
de retrovenda, na venda com reserva de domínio e na alienação 
fiduciária em garantia. Por outro lado, sobrevindo a condição 
resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, os direitos que a ela se 
opõem, segundo art. 128 do CC. Segundo o mesmo dispositivo, se a 
condição resolutiva for aposta em um negócio de execução periódica 
ou continuada, a sua realização não tem eficácia quanto aos atos já 
praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição 
pendente, respeitada a boa-fé. Isso salvo previsão em contrário no 
instrumento negocial. Imagine-se o exemplo de uma venda de 
vinhos, celebrada a contento ou ad gustum. A não aprovação, a 
negação do vinho representa uma condição resolutiva. Logicamente, 
se o comprador já adquiriu outras garrafas de vinho (negócio de 
execução periódica ou trato sucessivo), a não aprovação de uma 
última garrafa não irá influenciar nas vendas anteriores. Desse modo, 
não pode o comprador alegar que não irá pagar as outras bebidas, 
muito menos o jantar, o que inclusive denota a sua má-fé. A condição 
resolutiva pode ser expressa –, se constar do instrumento do negócio 
– ou tácita – se decorrer de uma presunção ou mesmo da natureza 
do pacto celebrado. A condição presente na venda ad gustum de 
vinhos é, na maioria das vezes, tácita, já que sequer é celebrado 
contrato escrito. 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
Importante tecer 02 comentários acerca das condições suspensiva e 
resolutiva, nos moldes do art. 129 e 130 do Código Civil, vejamos: 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição 
cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, 
considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a 
efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. 
 
1. Condição Maliciosamente Obstada. O espírito do presente artigo é 
preservar o elemento da incerteza quanto à ocorrência do evento que 
subordina a eficácia do negócio jurídico. se uma das partes 
maliciosamente influenciar a ocorrência ou a não ocorrência de 
determinada condição a seu favor, o art. 129 impõe que se afastem os 
efeitos dessa influência externa maliciosamente exercida. Assim, se a 
condição for maliciosamente obstada pela parte a quem desfavorecer 
reputar-se-á verificada a condição. por outro lado, a condição 
maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita reputar-
se-á não verificada. 
Imaginem a situação em que uma Pessoa realiza a doação de veículo 
para este amigo, porém coloca como condição para a doação que o 
amigo chegue a determinado local, até o meio dia, e este deve ir por 
uma estrada em especifico, não podendo utilizar uma via alternativa, 
contudo essa estrada está em péssimas condições de conservação, o 
que impossibilitaria o amigo de chegar na hora combinada. 
Essa condição não deverá ser observada, pois foi incluída justamente 
para que o acordo não fosse cumprido, contudo se o amigo chegar a 
tempo, está será aproveitada. 
 
2. Comprovada má-fé. O artigo 129 é explícito ao afirmar que ficção da 
ocorrência ou da inocorrência de uma condição depende da 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
comprovação de que a pessoa que influenciou agiu com má-fé. ausente 
esse requisito, o art. 129 não terá aplicação. 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva 
ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. 
 
Apesar de ser-lhe vedado influenciar a ocorrência ou inocorrência da 
condição para maliciosamente adquirir desde logo o direito eventual, admite o 
legislador que o sujeito titular dessa expectativa de direito pratique atos voltados à 
sua conservação. Alguém que tenha a expectativa de adquirir a propriedade de um 
imóvel poderá, por exemplo, defender sua posse contra a turbação ou o esbulho de 
terceiros. 
 
Termo 
 
Diferente da condição, onde nós não sabemos se o evento vai acontecer 
nem quando vai acontecer, o termo condiciona a eficácia desse negócio a um 
evento futuro e certo, nada mais é do que um evento futuro e certo, que vincula o 
começou ou o fim dos atos jurídicos, podendo ser classificado em termo inicial 
(dies a quo), quando começa produzir efeitos, e o termo final (dies ad quem), com 
eficácia resolutiva e que põe fim às consequências derivadas do negócio jurídico. 
Não podemos confundir a expressão TERMO, com a expressão PRAZO, 
o prazo é justamente o lapso temporal que se tem entre o termo inciial e o termo 
final, vejamos a diferença: 
 
 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
Conforme preceitua o art. 131 do CC, o termo inicial suspendeo exercício, 
mas não a aquisição do direito, e é justamente esse fato que diferencia a condição 
suspensiva. 
 
 
Condição 
Suspensiva 
• Suspende o Exercício e à aquisição do 
Direito; 
• Subordina a eficácia do negócio a 
evento futuro e incerto. 
 
 
Termo Inicial (ou 
Suspensivo) 
• Suspende o Exercício, mas não a 
aquisição do direito; 
• Subordina a eficácia do negócio a 
evento futuro e certo 
 
O art. 132 do Código Civil estabelece as normas para contagem do prazo: 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em 
contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do 
começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á 
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo 
quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual 
número do de início, ou no imediato, se faltar exata 
correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a 
minuto. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
O art. 133 do Código Civil estabelece que: 
 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, 
nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do 
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do 
credor, ou de ambos os contratantes. 
 
Presunção dos prazos Relação aos Herdeiros: segundo o referido 
dispositvo, os prazos serão presumidos em favor dos herdeiros, a primeira dela diz 
quanto ao prazo do herdeiro para cumprir o legado em favor do legatário, assim 
existindo dúvida quanto à exigibilidade do prazo de pagamento do legado, este 
deve ser interpretado em favor do herdeiro, outra hipótese é quando é estipulado 
um encargo em testamento, e via de regra se estabelece um prazo para o 
cumprimento deste prazo, sendo este também interpretado em favor do herdeiro. 
Presunção de prazos em favor do Devedor: A regra é que nos contratos 
os prazos sejam favoráveis ao devedor, contudo essa presunção pode ser 
renunciada, podendo este pagar a dívida antes do vencimento. Importante destacar 
que essa regra não é absoluta, não poderá antecipar o pagamento quando este tiver 
por finalidade fraudar um terceiro, ou seja, eu tenho uma obrigação que vai vencer 
na sexta feira, eu escolho outra para pagar na segunda e alego não ter tido 
condições de pagar a da sexta, veja que beneficiei um credor em relação ao outro 
pagando uma conta que nem vencida estava. 
Preconiza a lei que “Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são 
exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo” (art. 134 do CC). De acordo com esse comando legal, o 
negócio é, por regra, instantâneo, somente assumindo a forma continuada se 
houver previsão no instrumento negocial ou em lei. Por outro lado, dependendo da 
natureza do negócio haverá obrigação não instantânea, inclusive se o ato tiver que 
ser cumprido em outra localidade. 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
Conforme o art. 135 do CC, ao termo inicial e final aplicam-se, no que 
couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva, 
respectivamente. Desse modo, quanto às regras, o termo inicial é similar à 
condição suspensiva; o termo final à condição resolutiva. 
No que concerne às suas origens, tanto o termo inicial quanto o final 
podem ser assim classificados: 
Termo legal – é o fixado pela norma jurídica. Exemplificando, o termo 
inicial para atuação de um inventariante (mandato judicial) ocorre quando esse 
assume compromisso. 
 
•Termo convencional – é o fixado pelas partes, como o termo inicial e 
final de um contrato de locação. 
 
O termo pode ser ainda certo ou incerto (ou determinado e 
indeterminado), conforme conceitos a seguir transcritos: 
•Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento ocorrerá e quando 
ocorrerá. Exemplo: o fim de um contrato de locação celebrado por tempo 
determinado. 
 
•Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas 
não se sabe quando. Exemplo: a morte de uma determinada pessoa. 
Por fim, fica fácil também a identificação do termo, pois é comum a 
utilização da expressão quando (v.g., dou-lhe um carro quando seu pai falecer). 
 
Encargo ou Modo 
 
O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz 
um ônus relacionado com uma liberalidade. Geralmente, tem-se o encargo na 
doação, testamento e legado. Para Vicente Ráo, “modo ou encargo é uma 
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
determinação que, imposta pelo autor do ato de liberalidade, a esta adere, 
restringindo-a”.154 O negócio gratuito ou benévolo vem assim acompanhado de um 
ônus, um fardo, um encargo, havendo o caso típico de presente de grego. Exemplo 
que pode ser dado ocorre quando a pessoa doa um terreno a outrem para que o 
donatário construa em parte dele um asilo. O encargo é usualmente identificado 
pelas conjunções para que e com o fim de. 
A respeito da doação modal ou com encargo, há regras específicas 
previstas na Parte Especial do Código Civil. A doação modal está tratada pelo art. 
540 do CC, sendo certo que somente haverá liberalidade na parte que exceder o 
encargo imposto. Não sendo executado o encargo, caberá revogação da doação, 
forma de resilição unilateral que gera a extinção contratual (arts. 555 a 564). 
De acordo com o art. 136 do CC/2002, “o encargo não suspende a 
aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no 
negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.” Desse modo, no 
exemplo apontado, o donatário já recebe o terreno. Caso não seja feita a construção 
em prazo fixado pelo doador, caberá revogação do contrato. 
Em regra, o encargo diferencia-se da condição suspensiva justamente 
porque não suspende a aquisição nem o exercício do direito, o que ocorre no 
negócio jurídico se a última estiver presente. 
Enuncia o art. 137 do CC que deve ser considerado não escrito o encargo 
ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, 
caso em que se invalida o negócio jurídico. Trata-se de uma inovação, não havendo 
correspondente no Código Civil de 1916. O comando em questão traz, em sua 
primeira parte, o princípio da conservação negocial ou contratual, relacionado com 
a função social dos contratos. Desse modo, despreza-se a ilicitude ou a 
impossibilidade parcial, aproveitando-se o resto do negócio. 
A segunda parte traz previsão pela qual o encargo passa para o plano da 
validade do negócio, caso seja fixado no instrumento como motivo determinante 
da liberalidade, gerando eventual nulidade absoluta do negócio jurídico. Para 
ilustrar, a doação de um prédio no centro da cidade de Passos, Minas Gerais, feita 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530984076/epub/OEBPS/Text/chapter02.html#fn154
Prof. Fernando Valdomiro dos Reis, Direito Civil II 
Este material foi elabora através de extrações do Livro MANUAL DE DIREITO CIVIL, 
VOLÚME ÚNICO, DO PROFESSOR FLÁVIO TARTUCE. 
 
com o encargo de que ali se construa uma pista de pouso de OVNIs, deve ser 
considerada como pura e simples, enquanto a doação desse mesmo prédio com o 
encargo de que o donatário provoque a morte de algumas pessoas é nula. 
Finalizando, para facilitar o estudo, pode ser concebido o seguinte quadro 
comparativo entre os três institutos (condição, termo e encargo ou modo): 
 
Condição Termo Encargo 
Negócio dependente de 
evento futuro + incertoNegócio dependente de 
evento futuro + certo 
Liberalidade + ônus 
Identificado pelas 
conjunções “se” ou 
“enquanto” 
Identificado pela 
conjunção “quando” 
Identificado pelas 
conjunções “para que” 
ou “com o fim de” 
Suspende (condição 
suspensiva) ou resolve 
(condição resolutiva) os 
efeitos do negócio 
jurídico 
Suspende (termo inicial) 
ou resolve (termo final) 
os efeitos do negócio 
jurídico 
Não suspende nem 
resolve a eficácia do 
negócio. Não cumprido o 
encargo, cabe revogação 
de liberalidade

Continue navegando