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Educação em tempos de pandemia

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​UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP  
 LETRAS (LICENCIATURA EM LÍNGUAS PORTUGUÊS - INGLÊS) 
 RODRIGO MANOEL PERES   
 N732HG-9 
 
 
 
 
 PRÁTICAS DE ENSINO 
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA  
 
 
 
 
 
   
 
 
 São Paulo  
 2020 
 
 
 ​DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou pandemia do novo                   
coronavírus (Sars-Cov-2) doença causadora da Covid-19 no dia 11 de                   
março de 2020.  
De acordo com a OMS, pandemia é a disseminação mundial de uma nova                         
doença. O termo indica que a enfermidade se espalhou por diferentes                     
continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. 
Desde então, países adotaram estratégias para conter o contágio do vírus                     
e medidas foram postas em prática no intuito de minorar os efeitos da                         
disseminação do novo coronavírus.  
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF), após deliberação entre os                     
ministros da Suprema Corte, decidiram que compete aos prefeitos e                   
governadores as medidas de precaução que deverão ser aplicadas no                   
combate ao coronavírus.  
Atemo-nos no maior ente da federação: São Paulo. 
No dia 24 de março, a quare​ntena foi decretada pelo governador João                       
Dória quatro dias após a confirmação da primeira morte pela Covid-19 no                       
Brasil, em São Paulo. Com o propósito de evitar um colapso no sistema de                           
saúde (e tendo em vista que não existe remédio tampouco vacina para                       
combater o novo coronavírus), o isolamento social foi aplicado no estado                     
e comércios tidos como não essenciais foram fechados. Escolas também.  
E com o fechamento das escolas, o problema que nos acompanha desde os                         
tempos de Cabral ficou mais exposto, mais gritante ainda: a desigualdade                     
social.  
Para dar continuidade ao ano letivo, a Secretaria da Educação desenvolveu                     
a Central de Mídias, que assim se define:  
“O Centro de Mídias SP é uma iniciativa da Secretaria da Educação do                         
Estado de São Paulo para contribuir com a formação dos profissionais da                       
Rede e ampliar a oferta aos alunos de uma educação mediada por                       
tecnologia, de forma inovadora, com qualidade e alinhada às demandas                   
do século XXI. 
Essa conexão se torna ainda mais necessária no período em que                     
vivemos, com as aulas presenciais suspensas nas unidades de ensino, e                     
os alunos e professores necessitando do nosso apoio”. 
 
Alunos reclamam da intermitência da conexão com a internet; aqueles que a tem 
Embora tenha sido uma alternativa para continuar as aulas, o aplicativo                     
disponibilizado pela Secretaria precisa estar conectado a internet, e a                   
partir disso, as dificuldades e a desigualdade social se apresentam. 
Ao acessar a Central de Mídias, o usuário é informado que ​“todo o                         
estudante da rede poderá desfrutar das atividades do aplicativo sem utilizar o                       
pacote 4G do celular, sinal de internet wi-fi, ou mesmo quando estiver sem                         
créditos”​. Na teoria. 
Na prática, há inúmeros relatos de alunos reclamando que o sistema                     
trava, a aula é interrompida e quando volta já perderam parte da                       
explicação prejudicando o entendimento do conteúdo da aula. Outra                 
dificuldade relatada, deve-se a internet. O aluno participa da aula e tem                       
que entregar os trabalhos propostos pelos professores através da                 
plataforma ​Google Classroom.​ Para tanto, é necessário acesso a internet. 
Segundo a pesquisa TIC Domicílios, divulgada em 2019, ​apenas 44% dos                     
domicílios da zona rural brasileira têm acesso à internet. ​Na área urbana,                       
o índice é bem mais alto: 70% dos lares estão conectados. O estudo, feito                           
anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da                   
Sociedade da Informação (Cetic), é um dos principais no país no                     
segmento de acesso a tecnologias. 
As diferenças ficam ainda mais evidentes ao analisar cada classe social:                     
entre os ​mais ricos (classes A e B), ​96,5% das casas têm sinal de internet​;                             
nos patamares ​mais baixos da pirâmide ​(classes D e E), ​59% não                       
consegue navegar na rede​. 
 
Sendo assim, fica inviável que que todos os alunos da rede pública                       
estadual tenham equidade na hora de aprender. Outro ponto a ser                     
considerado são os equipamentos que cada aluno tem a disposição para                     
efetuar as tarefas, como afirma Guilherme Lima, de 15 anos, aluno da rede                         
estadual de Cai​eiras: 
"A gente tem celular, mas sinto muita falta de um computador ou de um                           
tablet. Fica difícil de enxergar alguns conteúdos na tela pequena", ​conta                     
Guilherme​. “Sinto que estou ficando com o conteúdo muito defasado, não                     
entendo a matéria. Enquanto alguns têm dois ou três notebooks em casa e só                           
usam um, a gente não tem nenhum." 
 
A reclamação de Guilherme é corroborada pelo instituto de pesquisa                   
Cetic.br - Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da                   
Sociedade da Informação - que auxilia o Comitê Gestor da Internet no                       
Brasil na implementação de projetos e decisões, aponta que 39% dos                     
domicílios brasileiros não têm acesso à internet por falta de computador. 
 
A TIC Domicílios aponta que ​entre a população cuja renda familiar é                       
inferior a 1 salário mínimo, 78% das pessoas com acesso à internet usam                         
exclusivamente o celular. 
 
Outra dificuldade apresentada pelos alunos são as dúvidas quanto ao                   
conteúdo programático. Como tirar dúvidas? Professores têm feito de                 
tudo para ajudar os alunos nessa questão e até o número particular de                         
seus celulares estão passando para sanar as dificuldades apresentadas no                   
conteúdo através de Whatsapp.  
 
“No último domingo, estava atendendo ligação às 3 da tarde. Eram alunos                       
com dificuldades, com dúvidas. Eu atendi e dei as orientações, mas é                       
complicado”, ​disse a professora Flávia da Silva, professora de Matemática                   
do ensino médio.  
 
Aqui vale uma observação: professores cuja remuneração é irrisória, 
estão trabalhando fora de horário de trabalho e aos sábados e domingos. 
Mais um sacrifício que os profissionais da educação fazem para 
adaptar-se à nova realidade e, como de praxe, não receberão a mais por 
isso. 
 
Ou seja, é nítido que o ensino remoto ​ocasionado pela pandemia do novo                         
coronavírus expôs ainda mais a desigualdade social no ensino brasileiro e                     
só agravou aquilo que já era de conhecimento público. 
 
ENEM 2020 
 
O Enem (Exame nacional do ensino médio) de 2020, será adiado pelo                       
prazo de “30 a 60 dias” a contar da data original da prova, prevista para                             
ocorrer inicialmente em 1º e 8 de novembro. Adecisão foi divulgada na                         
quarta-feira (20) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas                   
Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação               
responsável pela aplicação do teste. 
 
Professores e secretários estaduais de Educação vêm pressionando pela                 
mudança da data há semanas. ​Eles pedem a prorrogação da prova para                       
evitar desigualdades entre alunos mais ricos e mais pobres, que não têm                       
acesso à internet ou têm acesso precário. Estudantes da rede pública no                       
geral não têm a mesma estrutura de aulas remotas daqueles que estudam                       
em colégios particulares, por exemplo. 
 
IMPORTANTE: ​O ministro da Educação Abraham Weintraub e o                 
presidente da República Jair Messias Bolsonaro eram contra o adiamento                   
do exame. Ambos negam a gravidade da pandemia e estimulam a                     
população a violar as normas de prevenção impostas pela OMS e                     
Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus.  
 
O Brasil é o segundo país com maior números de infectados no mundo -                           
391.222, com 24.512 óbitos. São Paulo é o epicentro dos casos no Brasil                         
com 86 mil casos confirmados e 6423 óbitos. (dados de ontem, 26/05).

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