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contratos em geral

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Conceito e finalidade dos contratos
 
O contrato é comumente conceituado como o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Trata-se de figura jurídica que ultrapassa o âmbito do direito civil, sendo expressivo o número de contratos de direito público hoje celebrado. O contrato tem uma função social, sendo veículo de circulação da riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista.
Nesse sentido, Carlos Roberto Gonçalves acentua que o contrato está presente não só no direito das obrigações como também no direito de empresa, no direito das coisas (transcrição, usufruto, servidão, hipoteca etc.), no direito de família (casamento) e no direito das sucessões (partilha em evida). Trata-se de figura jurídica que ultrapassa o âmbito do direito civil, sendo expressivo o número de contratos de direito público hoje celebrado.
Por outro lado, é certo que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa-fé e da probidade.
 
Requisitos de validade dos contratos.
 
O contrato é, na sua essência, um negócio jurídico e, como tal, para que possua validade no mundo jurídico, necessita de alguns requisitos essências.
 
São requisitos subjetivos, isto é, vinculados às partes contratantes: a manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes; a aptidão específica para contratar e o consentimento.
 
Os requisitos objetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser lícito, possível, determinado ou determinável (CC, art. 104, II).
Com relação à forma, as partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção.
 
 Exercício resolvido:
Quais são os requisitos de validade dos contratos?
O contrato é, na sua essência, um negócio jurídico e, como tal, para que possua validade no mundo jurídico, necessita de alguns requisitos essências. São requisitos subjetivos, isto é, vinculados às partes contratantes: a manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes; a aptidão específica para contratar e o consentimento. Os requisitos objetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Com relação à forma, as partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo a exceção.
Princípios gerais dos contratos.
O contrato, ao desempenhar seu papel fundamental, caracteriza-se por ser uma fonte de obrigações, gerando, com isso, direitos e deveres para as partes contratantes. A análise dos princípios contratuais, nesse contexto, é de extrema importância para delinear a conduta das partes em toda relação contratual, ou seja, antes, durante e até mesmo depois da extinção do contrato.
Função social do contrato.
A função social do contrato tem a finalidade de limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de contratar. Encontra previsão expressa no artigo 421 do Código Civil.
Princípio da autonomia da vontade.
Tradicionalmente, as pessoas são livres para contratar. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem com quem quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabelecer o conteúdo do contrato. O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Contudo, como vimos, esse princípio não é absoluto, pois a liberdade de contratar deve estar em consonância com a função social do contrato.
Princípio da supremacia da ordem pública.
A liberdade contratual encontra limitação na ideia de ordem pública, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colidir com o interesse individual. O princípio da autonomia da vontade, como vimos, não é absoluto. É limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública, que resultou da constatação, feita no início do século passado e em face da crescente industrialização, de que a ampla liberdade de contratar provocava desequilíbrios e a exploração do economicamente mais fraco. Compreendeu-se que, se a ordem jurídica prometia a igualdade política, não estava assegurando a igualdade econômica. Em alguns setores fazia-se mister a intervenção do Estado, para restabelecer e assegurar a igualdade dos contratantes. Atualmente, o Código de Defesa do Consumidor é um bom exemplo de como o Poder Público, para evitar abusos, tem o poder de influenciar na autonomia contratual.
Princípio do consensualismo
De acordo com o princípio do consensualismo, basta, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam em tempos primitivos. Decorre ele da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no objeto e no preço (CC, art. 482). O contrato já estará perfeito e acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta.
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
Funda-se tal princípio na ideia de que, em regra, os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes contratantes, vinculando-as ao seu conteúdo, não afetando, com isso, terceiros nem seu patrimônio.
Essa visão, no entanto, foi mitigada pelo novo Código Civil, que não concebe mais o contrato apenas como instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contraentes, mas lhe reconhece uma função social, como já foi dito. Tal fato tem como consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos.
Princípios da obrigatoriedade contratual e revisão dos contratos
Em tese, o contrato obriga às partes contratantes, pois dentro da autonomia da vontade de cada uma das partes foram as cláusulas escolhidas e aceitas por elas. É o pacta sunt servanda. Entretanto, em oposição à obrigatoriedade encontra-se o direito de revisão dos contratos, que permite a parte onerada excessivamente por situações imprevisíveis, requerer a modificação de cláusulas contratuais para restaurar o equilíbrio da relação contratual. É a chamada cláusula rebus sic stantibus.
Princípio da boa-fé.
Preceitua o art. 422 do Código Civil: "Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé". O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
Exercicio resolvido: Oque venha ser a função social do contrato?
A função social do contrato tem a finalidade de limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de contratar. Encontra previsão expressa no artigo 421 do Código Civil.
Classificação dos contratos
Para facilitar e melhor compreender os contratos, a doutrina costuma apontar a seguinte classificação:
1. Contratos unilaterais e bilaterais
Unilaterais são os contratosque criam obrigações unicamente para uma das partes, como é o caso do contrato de comodato por exemplo. Bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes, em que ao mesmo tempo cada sujeito é credor e devedor do outro. Exemplo clássico de contrato bilateral é o de compra e venda.
 
2. Contratos gratuitos e onerosos
Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, os contratos classificam-se em gratuitos e onerosos. Gratuitos ou benéficos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem. Para a outra parta há só obrigação, sacrifício patrimonial. Nos contratos onerosos ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício.
 
3. Contratos comutativos e aleatórios
Comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco. Aleatório é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir.
 
4. Contratos paritários e de adesão
Contratos paritários são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade (par a par). Nessa modalidade há uma fase de negociações preliminares, na qual as partes, encontrando-se em pé de igualdade, discutem as cláusulas e condições do negócio. Contratos de adesão são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas.
 
5. Contratos personalíssimos e impessoais
Contratos personalíssimos são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades influíram no convencimento do outro contratante. Contratos impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro.
 
6. Contratos principais e contratos acessórios
Contratos principais são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a locação, por exemplo. Os contratos que dependem de outros, são chamados de acessórios. É o caso do contrato de fiança em relação ao de locação, por exemplo.
 
7. Contratos solenes e não solenes
Contratos solenes são os que a lei determina certa forma para sua realização; não solenes são os que podem ser feitos livremente pela forma escolhida  pelos contratantes.
 
8. Contratos típicos e atípicos
Contratos típicos são aqueles regulados pelo ordenamento jurídico de um modo geral e atípicos são os contratos, não regulados, mas que as partes, desde que obedecidos determinados requisitos legais, têm liberdade de criação em função do princípio da autonomia da vontade.
Exercício resolvido:
O que são contratos comutativos e aleatórios?
Comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco. Aleatório é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir.
Interpretação dos contratos
Como se pode verificar, o contrato é, na sua essência, um negócio jurídico, ao menos bilateral, e, como tal, necessita da manifestação de vontade das partes para ser levado a efeito.
A manifestação de vontade, por sua vez, origina-se do sujeito de direito, a parte na relação contratual, que externa a outro sujeito a intenção de contratar.
Em sua substância, a vontade possui dois elementos formadores, que integram a declaração de vontade do sujeito para com o outro da relação contratual.  
De um lado, tem-se a vontade pretendida, ou também conhecido como o elemento interno, que aquilo que o sujeito pretende, quer, pensa, reflete. E, de outro, o elemento externo, que é a vontade declarada, ou seja, aquilo que foi externado pelo sujeito.
Esta pode se exteriorizar por meio da escrita, das palavras, de sinais, gestos, dentre outros. Os dois elementos, em regra, precisam andar em consonância, de modo que aquilo que se pretende deve espelhar o que se externou.
Contudo, há situações, principalmente no âmbito contratual, em que aquilo que se pensou não reflete a mesma medida do que foi materializado.       
É por isso que a manifestação de vontade, de um modo geral, carece de interpretação para que se tenha o seu significado e alcance do negócio pretendido pelas partes.
Em outras palavras, o contrato, enquanto negócio jurídico, origina-se de ato volitivo (ato de vontade) e, por isso, sempre deve ser interpretado.
Mas, como se afirmou, nem sempre o contrato traduz, com exatidão, vontade das partes.Por vezes, a redação de um instrumento jurídico, até por ser realizado em grande escale por leigos, mostra-se obscura e ambígua.
Além disso, em outras oportunidades, embora as partes tenham cautela em relação às expressões utilizadas, buscando dar clareza e precisão ao instrumento, mas, em razão da complexidade do negócio, há dificuldades próprias do sentido e alcance daquilo que verdadeiramente se pretendeu convencionar.
Com isso, é possível verificar a necessidade do negócio ser interpretado. A execução de um contrato exige, portanto, a correta compreensão da intenção das partes.
Desta forma, a interpretação de um contrato nada mais é do que buscar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade.
Nesse contexto, a execução de um contrato exige a correta compreensão da intenção das partes.
Diz-se que a interpretação contratual é declaratória quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato.
Será, por outro lado, construtiva ou integrativa, quando objetivam aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes.
A integração contratual preenche, pois, as lacunas encontradas nos contratos, complementando-os por meio de normas supletivas, especialmente as que dizem respeito à sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do local (art. 422 do Código Civil).
Nota-se, pois, que os princípios devem ser sempre observados, e mais que isso, invocados no exercício de interpretação do contrato.
Demais disso, ao longo do tempo, surgiram regras esparsas galgadas e sedimentadas, pela doutrina e jurisprudência, a fim de dar efetividade a interpretação dos contratos.
Dentre elas, pode-se dizer que se uma cláusula contratual permitir interpretações diversas, em regra, prevalecerá a que possa produzir algum efeito, já que não se pressupõe que os contratantes tenham celebrado um contrato sem qualquer utilidade.
Outra hipótese é de que se houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, deve-se adotar a interpretação mais favorável ao aderente (art. 423 do Código Civil).
Também ser pode dizer que transação interpreta-se de forma restrita (art. 843 do Código Civil).
No caso da fiança, não é admissível também a interpretação extensiva (art. 819 do Código Civil).
Nos testamentos, se houver a cláusula testamentária suscetível de interpretações divergente, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador (art. 1.899 do Código Civil).
É importante salientar que a interpretação dos contratos, no Código de Defesa do Consumidor, também tem suas regras e parâmetros.
Em seu artigo 47, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, prevê que: “as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
Enfim, como se disse, a dogmática, no decorrer do tempo, encontrou formas de operacionalizar alguns critérios,eminentemente, práticos destinados à interpretação dos contratos destacados as seguir:               
(i) deve-se interpretar o contrato da maneira menos onerosa para o devedor (in dubiis quod minimum est sequimur);
(ii) para apurar a intenção dos contratantes deve-se verificar o modo pelo qual as partes vinham executando o negócio;
(iii) quando houver cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em favor daquilo que é possível de se executar. Trata-se do princípio da conservação ou aproveitamento do contrato;
(iv) não devem ser interpretadas isoladamente as cláusulas contratuais, mas em conjunto com as demais, verificando o contexto de todo o negócio.
(v) se houver alguma obscuridade, tal situação deve ser imputada a quem redigiu a estipulação (ambiguitas contra stipulatorem est).
Formação do contrato
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. A primeira, também chamada de oferta, policitação ou oblação, dá início à formação do contrato e não depende, em regra, de forma especial. Nem sempre, no entanto, o contrato nasce instantaneamente de uma proposta seguida de uma imediata aceitação.
A proposta
Pode-se dizer que proposta, oferta, policitação ou oblação é, tradicionalmente, conceituada como sendo uma declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra, com quem pretende celebrar um contrato, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar.
Representa ela o impulso decisivo para a celebração do contrato, consistindo em uma declaração de vontade definitiva. Distingue-se nesse ponto das negociações preliminares, que não têm esse caráter e não passam de estudos e sondagens, sem força obrigatória.
Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente.
A proposta, ao contrário das tratativas, vincula o proponente, que passa a ser obrigado a contratar na forma proposta (art. 427 do CC). Contudo, a proposta deixa de vincular o proponente se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita; se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido prazo razoável para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta no prazo dado e se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente (428 do CC).
A aceitação
Aceitação ou oblação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato.
A aceitação poderá ser expressa ou tácita, revelada por meio do comportamento do oblato. O que é importante tanto em um como no outro caso é que ela seja sempre inequívoca.
Tempo e lugar da formação contratual.
Considera-se formado o contrato, notadamente os feitos entre presentes, no momento da aceitação. Da mesma forma, considera-se celebrado o contrato no lugar em que foi feita a proposta, independentemente de onde tiver sido expedida a proposta.
 
Contrato Preliminar
 
Contrato preliminar ou pacto de contrahendo é aquele, segundo a teoria mais aceita, que como convenção provisória, contendo os requisitos do art. 104 do Código Civil, e os elementos essenciais ao contrato (res, pretiutn e consensttm), tem por objeto concretizar um contrato futuro e definitivo, assegurando pelo começo de ajuste a possibilidade de ultimá-lo no tempo oportuno.
 
Os requisitos para a sua eficácia são os mesmos exigidos ao contrato definitivo, excetuada a forma. Ele se distingue da simples oferta ou proposta ou das negociações preliminares em preparo de contrato.
 
Os figurantes do contrato preliminar obrigam-se ao cumprimento do definitivo e, por isso, respondem pela execução específica da obrigação. A inclusão, todavia, de cláusula de arrependimento constitui direito assegurado às partes (jus poenitendi) de não o celebrarem.
 Estipulação em favor de terceiro.
Dá-se estipulação em favor de terceiro pois, quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual. Nela, como se vê, figuram três personagens: o estipulante, o promitente e o beneficiário, este último estranho à convenção.
 
Promessa de fato de terceiro.
É o denominado "contrato por terceiro" ou "contrato a cargo de terceiro". O único vinculado à obrigação é aquele que assumiu o cumprimento da prestação, como devedor primário, prometendo fato de terceiro, no que consista em fazer, dar ou não fazer, tornando-se, portanto, garante do fato alheio.
Assim, se o terceiro não atender o prometido por outrem, o promitente obriga-se a indenizar os prejuízos advindos dessa não execução, cabendo a ação do credor contra si e não contra o terceiro.
 
Contrato com pessoa a declarar
Oferece-se configuração conveniente aos contratos estipulados com pessoa a declarar, já regulado nos Códigos Civis português e italiano.
Reserva-se a um dos contratantes, no negócio jurídico celebrado pela cláusula pro arnica eligendo, a indicação de outra pessoa que o substitua na relação contratual, adquirindo os direitos e assumindo as obrigações dele decorrentes. Caso não exercite a cláusula ou o indicado recuse a nomeação, ou seja, insolvente, disso desconhecendo a outra parte, permanece o contrato somente eficaz entre os contratantes originários.
Aceita a nomeação, retroagem os efeitos do vínculo sobre o nomeado, ficando o contratante que exercitou a faculdade da cláusula em arnica eligentto, liberado da obrigação. A lei não trata do momento da liberação, embora possa se concluir que o contratante originário se retira do contrato, quando a aceitação se operar como declaração de vontade e pela forma vinculada, ocorrendo a substituição.
 
Vícios Redibitórios.
Vícios redibitórios são os defeitos existentes na coisa objeto de contrato oneroso, ao tempo da tradição e ocultos por imperceptíveis à diligência ordinária do adquirente, tomando-a imprópria a seus fins e uso ou que lhe diminuam a utilidade ou o valor, a ensejar a ação redibitória para a rejeição da coisa e a devolução do preço pago (rescisão ou redibição) ou a ação estimatória (actio quanti mninoris) para a restituição de parte do preço, a título de abatimento.
Diz-se contrato comutativo o contrato oneroso em que a prestação e a contraprestação são cedas e equivalentes.
Integra-se ao instituto a redução de utilidade do bem em face do defeito oculto, embora cuide o dispositivo apenas da impropriedade do uso (inexatidão ou inaptidão ao uso a que se destina).
A lei confere uma segunda alternativa de proteção ao prejudicado, presente o vício redibitório. Pode o adquirente, em vez de redibir o contrato, enjeitando a coisa, postular o abatimento do preço pago, conservando o bem, mediante a ação estimatória ou actio quanti minoris (ação de preço menor). Trata-se de ação edilícia, como também é denominada a ação redibitória.
 
Evicção.
A evicção é a perda ou desapossamento da coisa por causa jurídica, determinante e preexistente à alienação, reconhecida por decisão judicial e em favor de outrem, verdadeiro detentor do direito sobre o bem. Tem o mesmo escopo teleológico de proteção ao adquirente, como acontece nos vícios redibitórios (defeito de qualidade), referindo-se, porém, a um defeito jurídico relativo ao negócio celebrado.
 
Extinção do contrato
1. Extinção norma
É aquela que se dá pelo adimplemento, ou seja, o cumprimento da obrigação na forma em que foi convencionada.
2. Resilição unilateral e bilateral
Resilição é a extinção do contrato pela vontade de um dos contratantes levada a efeito por meio da denúncia demonstrando aintenção de desfazer a relação contratual.
O distrato ou resilição bilateral é negócio jurídico que objetiva a desconstituição do contrato, extinguindo os seus efeitos. E o desfazimento do acordo de vontades, da relação jurídica existente, através da manifestação recíproca dos contratantes. A forma do distrato submete-se à mesma forma exigida por lei para o contrato para ter a sua validade. Não obrigatória a forma, o distrato é feito por qualquer modo, independente de forma.
 
3. Cláusula resolutiva
O contrato se resolve pela cláusula resolutiva expressa, diante de obrigação não adimplida de acordo com o modo determinado. A cláusula expressa promove a rescisão de pleno direito do contrato em face do inadimplemento. Aplica-se, segundo a doutrina, o princípio dies interpellat pro homine.
Quando não houver sido expressa a cláusula resolutiva, o contratante prejudicado deverá notificar a parte inadimplente acerca da sua decisão de resolver o contrato em face da inadimplência do outro. E ínsita a todo pacto bilateral a cláusula resolutória tácita.
4. Exceção de contrato não cumprido.
O princípio exceptio non adimpleti contractus, decorrente da dependência recíproca das relações obrigacionais assumidas pelas partes, é exercido pelo contratante cobrado, recusando-se à sua exigibilidade (satisfazer a sua obrigação) por via da exceção do contrato não cumprido; quando a ela instado, invoca o inadimplemento da obrigação do outro.
O princípio tem incidência quando ocorre uma interdependência, pela simultaneidade temporal de cumprimento (termos comuns ao adimplemento) entre as obrigações das partes, ou seja, as obrigações devem ser recíprocas e contemporâneas. Humberto Theodoro Júnior refere-se à necessidade de uma "conexidade causal entre a prestação cobrada e aquela que o excipiente invoca como não cumprida". Maria Helena Diniz traz o exemplo do contrato de compra e venda à vista, "onde o dever de pagar o preço e o de entregar a coisa estão ligados".
5. Resolução contratual por onerosidade excessiva.
Diz-se onerosidade excessiva o evento que embaraça e torna dificultoso o adimplemento da obrigação de uma das partes, na vigência de contrato de execução continuada (ou de duração), proveniente de imprevisibilidade da alteração circunstancial (evento extraordinário e imprevisível), posterior à celebração do contrato, impondo manifesta desproporcionalidade entre a prestação e a contraprestação, com dano significativo para uma parte e consequente vantagem excessiva (enriquecimento sem causa) para a outra, em detrimento daquela, a comprometer, destarte, a execução equitativa do contrato, podendo o contratante beneficiado oferecer a revisão do contrato, em nome da boa-fé, para obter o reequilíbrio das prestações e, consequentemente, a manutenção do vínculo contratual.

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