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Atribuições do Orientador Educacional 1 A equipe técnica-pedagógica que trabalha nas escolas é constituída pelos especialistas em educação, egressos das diferentes habilitações do Curso de Pedagogia. O fato de terem formação acndêmicn semelhante-. de atuarem no mesmo espaço físico e de visarem objetivos comuns torna não só difícil, como sobretudo necessária. a delimitação clara das atribuições de cada profissional, contribuindo para a melhor compreensão dos respectivos papéis, maior facilidade na execução, controle e avaliação das tarefas e melhor integração da equipe técnica. Em contrapartida. o desconhecimento das atribuições e de seus limites claros pode gerar expectativas infundadas quanto ao desempenho de cada especialista. Dadas a necessidade e a importância da explicitação das atribuições dos profissionais da área de educação, os sistemas públicos de ensino, por meio de decretos que estatuem o regimento interno para as escolas de cada rede - federal , estadual ou municipal - definem o rol das atribuições de c~da profissional em educação. Já os estabelecimentos particulares de ensino têm autonomia para incluir, em seus regimentos internos, as atribuições que pretendem conferir. a cada um, na respectiva escola. É importante ressaltar que, tanto numa situação, como na outra, é necessário que seja obsen,ado o decreto que regulamenta a profissão do Or. E. e que estabelece, entre outras coisas. as atribuições privativas, isto é, as que competem a ele coordenar e aquelas das quais deve participar,juntamente com os demais membros da equipe escolar. Isso não significa que o Or. E. deva cumprir todas as atribuições mencionadas no decreto, obrigatoriamente, o tempo todo, quaisquer que sejam as circuns- tâncias. Dessa forma, conhecendo o conteúdo da lei que regulamentou sua profissão, deQtro dos limites impostos pela mesma e de acordo com a realidade na qual esteja atuando, o Or. E. poderá selecionar e hierarquizar o que será realizado a cada ano. 4 ORIENTAÇÃO EDU CACIONAL NA PRATICA Durante o planejamento ele deverá ter disponível a legislação específica que, como vimos, ao regulamentar a profissão, delimitou suas atribuições. Trata-se da Lei n.º 5564, de 21.12.1968, regulamentada pelo Decreto n.º 72846, de 26.09.1973. Os artigos 8.0 e 9.º, do referido decreto, definem mais especificamente, em âmbito nacional, as atribuições do Or. E. Dada a importância de seu conhecimento, esses dois artigos são transcritos, a seguir. ' ! ! ' "Artigo 8. 0 _ São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: 1 -Escola 2 - Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do I Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço j c) d) e) f) g) h) i) j) k) Público Federal, Estadual, Municipa/_e Autárquico; das Socie- · dades de Economia Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e , Privadas. ·i Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a ' no processo educativo global. Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando. Coordenar o processo de informação educacional e profissio- nal com vistas à orientação vocacional. Sistematizar o processo de intercâmbio das informações neces- sárias ao conhecimento global do educando. Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, enca- minhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistên- cia especial. Coordenar o acompanhamento pós-escolar. Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educa- cional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino. Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional. -"·--·- capitulo, • ATRIBUIÇÕES 00 ORIENTADOR EDUCACIONAL 5 -.,,.,~-- , Artigo 9. º - Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características bási- cas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) Participar no processo de integração escola-famz1ia-comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional." Ao dividir as atribuições em "privativas" e "participativas", pretendeu o legislador, por meio de tal distinção, assegurar ao Or. E. a especificidade de suas funções, principalmente no que se refere ao SOE, ao processo de Orientação Vocacional e ao acompanhamento pós-escolar, caracterizando- os como funções de coordenação. Desse modo, não só está previsto que o Or. E. execute tais tarefas como também que as coordene. Ao fazê-lo, entretanto, deverá envolver os demais elementos da escola, a família e a comunidade na realização das mesmas, pois seria impraticável e provavelmente ineficaz tentar realizá-las sozínho, em toda a sua extensão. Em contrapartida, prevê o artigo 9.º que ele participe das demais atividades escolares, colaborando para a sua boa execução. Tais atividades, entretanto, pressupõe-se, devem ser coordenadas por outros profissionais - Diretor, Assistente de Direção, Coordenador Pedagógico, Coordenadores de áreas, de séries etc. Por atuar como coordenador das atividades que lhe são privativas e como participante de inúmeras outras tarefas desenvolvidas na escola, se umas e outras não forem delimitadas com clareza, a atuação do Or. E. pode se tornar confusa e complicada e o seu relacionamento com os demais profissionais ficar prejudicado. Por esse motivo, serão discutidos, a seguir, problemas usuais de relacionamento com diferentes especialistas que trabalham nas escolas, principalmente aqueles que, normalmente, o fazem 6 Omrtn AÇAO EnuCACIONA I. NA PAAT1CA de modo mais integrado com o Or. E. Evidentemente, é importante, também, t 'bu1'ções de cada um sejam do conhecimento de todos. que as a n · • é · · o Or. E. deve ter presente, também, o código de tic~ que norteia a atuação da categoria e que se encontra na página 183 de~te hvro: . o Or. E., como os demais funcionários, está subordinado, hierarquica- mente, ao diretor, que é, portanto, a autoridade máxima na es~?la. Como já vimos, ambos são pedagogos ainda que tenham concluído habilitações _espe- cíficas diferentes - Administração Escolar e Orientação Educac10nal, respectivamente. Não obstante, entre eles pode haver tanto identidade ~orno diferenças ou até antagonismos em relação a concepções, pontos de vista e estratégias educacionais, além de níveis diferentes de conhecimentos e de experiência bem como características compatíveis ou não de personalidade. Quanto ao estilo administrativo, cada diretor poderá se situar em qualquer ponto entre os extremos de máxima centralização ou de máxima delegação, ou, ainda, em um desses extremos. Evidentemente, as posições radicais e extremadas acabam por prejudicar o desempenho das atribuições do Or. E., pois, nesses casos, não haveria respeito pelo espaço próprio para que ele assumisse as tarefas que lhe são pertinentes. Por sua vez, este poderá descumprir ou questionar indevidamente determinações da direção, gerando atritos entre ambos. Embora não haja diferença hierárquica entre as funções do Or. E. e do Coordenador Pedagógico, a proximidade entre tais funções também costuma gerar dificuldades no relacionamento entre ambos e confusão quanto às atribuições de cada um, perante a comunidade escolar. Contribui para essa confusão o fato de que, mesmo sendo contra-indicado, quando em uma escola não há Coordenador Pedagógico, é tido como ponto pacífico que as funções que deveriam ser exercidas pelo mesmo o sejam pelo Or.E. e vice-versa. Entretanto, na situação ideal, em que ambos estão presentes na escola, o Or. E. deve procurar estabelecer, em conjunto com o Coordenador Pedagógi- co, os limites de atuação de cada um para que não ocorram conflitos ou superposições de atribuições, em detrimento do trabalho de todos. . Se, ainda, não houver um entendimento entre eles, a melhor ocasião para que isso aconteça - a menos que situações emergenciais tomem urgente que se o faça em qual~uer momento -é na semana que antecede O planejamento. ~orno amb~s estao no estabelecimento nesse período e como se trata de uma epoca relativamente calma nas escolas eles pod d' . . . , em 1scut1r e preparar em conJunto, os respect1vos planos prévios de atuação. ' ,apltulo 1 • Ar"1au,çou oo 0 •11N1Aoo• EouCACIOHAl 7 Se esses dois profissionais e, eventualmente, seus respectivos auxiliares ou estagiários, conseguirem trabalhar em harmonia - cada qual atuando nos limites de suas atribuições e participando das do outro - a escola e, o que é mais importante, os alunos terão muito a ganhar. Da mesma forma, a relação do Or. E. com o corpo docente poderá ser fácil, harmoniosa e agradável, ou vir a ser dificultada e até hostilizada pelos professores. Às vezes, a equipe docente tem certas características que facilitam ou dificultam o relacionamento com o Or. E., e, consequentemente, influem positiva ou negativamente no trabalho dele. Há, por exemplo, escolas cujo corpo docente é mais antigo, experiente e "fechado" e nas quais, há muito tempo, não existia um Or. E. A chegada desse profissional, principalmente se ele for jovem, inexperiente e inseguro, poderá ser recebida com certas reservas e até .;tntagonismo. Tal situação se agravará se ele não der a conhecer, com clareza, suas atribuições e se começar a interferir, indevidamente, no trabalho docente, introduzindo inovações, mudanças radi- cais e tarefas adicionais para os professores, sem que estes percebam sua utilidade. Desse modo, muito provavelmente, eles não só não aceitarão tal interferência, como também poderão tentar obstruir o trabalho do Or. E., sonegando informações essenciais, atrasando a entrega de dados, descumprindo solicitações ou determinações do SOE, enfim, chegando, às vezes, até à falta de respeito profissional e pessoal. Por outro lado, pode ocorrer que professores mais jovens ou inseguros acatem com demasiado entusiasmo suas solicitações, passando a esperar, em troca, que o mesmo resolva todos os problemas que enfrentam na escola e, às vezes, até na ptópria vida particular. Nos dois casos, o Or. E. deve se conduzir com muita cautela, diplomacia e habilidade, e é claro que a definição de suas atribuições e a elaboração de um bom plano o ajudarão muito no estabelecimento de seus limites de atuação. As relações profissionais entre o Or. E. e o psicólogo devem, do mesmo modo, ser esclarecidas e respeitadas. O Or. E. não é, normalmente, psicólogo e nem se exige que o seja. Ainda que, eventualmente, pudesse ter cursado Psicologia e obtido registro de psicólogo, na escola ele deve atuar no estrito âmbito de seu cargo. Assim, não cabe a ele realizar terapias com os alunos e nem investigações que levem ao diagnóstico de distúrbios de personalidade ou de comportamento, nem mesmo quando se julgar habilitado para tal. Também não cabe ao psicólogo, ainda que atue no âmbito escolar, exercer as atribuições privativas do Or. E. 8 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRATICA . SOE deverá manter contato com psicólogos e Sempre que necessáno, 0 éd'cos dentistas e enfermei-. · d ár desaúde comom 1 , com outros profissionais ª ea ' ·tam de cuidados especiais . d lunos que necess1 · ros e fazer encarmnhamentos e a f - O E - deve exercer essas unçoes e nem Entretanto, deve ficar claro que O r. · nao . . • · - h t substituir esses prof1ss1ona1s, pois nao tem deve em nen um momen o, . . 'd d • _ . t 'buições não estão previstas attv1 a es de formaçao para isso, e em suas a n , . . competência desses profissionais, cujo exerc1c10 é vedado a leigos. Essas advertências são muito procedentes porque, na escola: pelo fato de haver ·t I nos na~o s~ao raras as ocorrências de acidentes ou problemas sempre mm os a u , _ . . de saúde. Dado o caráter assistencial de sua atuaçao prof1ssional, 0 Or: E. pode ser solicitado e/ou sentir-se no dever de prestar algum tipo de atendimento a esses alunos. Ora, sabe-se, por exemplo, que existem sérios riscos em administrar qualquer medicamento, pois nunca se tem certeza se haverá ou não alguma reação alérgica ou de outra natureza. É importante, também, esclarecer que é incompatível com o exercício da função de O. E.: proceder à chamada de alunos; recolher, carimbar e/ou entregar cadernetas escolares ou de passes; cuidar da disciplina em salas de aula, nos corredores ou nos recreios; cobrir sistematicamente as ausências do _. diretor (a não ser que seja afastado de seu cargo e designado para assumir a '· direção), do secretário ou de qualquer outro profissional que atue na escola. Igualmente, não se espera que o Or. E. seja o responsável único pela organização de festas ou campanhas, embora deva participar de sua realiza- ção e possa beneficiar-se dessas oportunidades para atingir seus objetivos. Convém, ainda, registrar um alerta para que o SOE não se transforme em refúgio de alunos que cabulam aula ou são tirados da classe por problemas com os professores, como indisciplina e falta de lição de casa ou de material. Para ~elhor exercer suas atribuições no que se refere a atividades a serem r~~hzadas ~m salas de aula, o Or. E. necessitaria de um espaço fixo ~os horanos das diversas classes. Entretanto, nem sempre isso é fácil obter. E co~um: nesses casos, que ele solicite o uso das faltas dos profissionais para essa ~dmahdade. Essa ~rática tem alguns inconvenientes. O Or. E. poderá ser cons1 erado um substituto eventual d f estabelecimento de confus~ d f e_pro essores, o que contribuirá para o oes e unçoes comp t d · . imagem. Em algumas escolas há , .' rome en o, mclus1ve, a sua , a prattca de "s b' " 1 algum professor, e a interferênc1·a d O E u 1f au as, quando falta 0 r. . acarretari - ó , alunos na execução das tarefas 1 a nao s ma vontade dos por e e propostas c b • . por parte dos professores que ne . A ' ~mo tam ém md1sposição d d d · ' ssas Circunstanc1a d · a e e sair mais cedo Alé d' s, per enam a possibili-. m isso, como não é coStume os professores capitulo 1 • ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL 9 avisarem, com antecedência, quando irão faltar, ele não teria condições de planejar, devidamente, o uso desses espaços abertos. Tal prática poderia ainda se complicar bastante, em escolas grandes, quando faltarem vários professores ao mesmo tempo. Esse é um assunto que deve ser pensado e discutido com todas as partes envolvidas (Direção, Or. E., Coordenador Pedagógico e professores), por ocasião do planejamento. Se o Or. E. optar por usar tais espaços, é preciso que fique bem claro quando, como e com qual finalidade o fará, avisando aos alunos, no início do ano letivo, para que o relacionamento entre todos, nessas ocasiões, seja o melhor possível. Cabe, ainda, um alerta para o fato de que o SOE não deve ser transfor- mado em sala de visitas de alunos, pais ou de outras pessoas e, muito menos, em sala de punições. O Or. E. também não deve dar ensejo a que se incorpore à sua imagem o papel de "bonzinho", "da tia", do "protetor de alunos" ou, por outro lado, de "dedo-duro", de "disciplinador", bem como o de "controlador" e "dela- tor" de professores, de funcionários ou de alunos. No que se refere à sua atuação em relação ao problema da disciplina na escola, cabe lembrar que a mesma: deve ser antes preventiva que remediativa. De modo geral, na prática, não existe, nas escolas, como seria desejável, preocupação com o planejamento de condições favoráveis à ocorrência de comportamentos satisfatórios. O mais comum é a aplicação de punições em conseqüênciade atos de indisciplina. Nesse contexto, é também usual que ocorrências de indisciplina sejam indiscriminadamente encaminhadas para o SOE. Deve ficar claro, nesses casos, que o Or. E. não é um aplicador de sanções ou punições. Se o fosse, provavelmente isso iria interferir de modo negativo no seu relacionamento com os alunos. Ele deve, sim, colaborar com a disciplina da escola, analisando juntamente com a equipe os problemas surgidos, sugerindo soluções cabíveis, não se esquecendo, entretanto, de que, antes de tudo, sua atuação deverá ser preventiva. Se procurado por alunos punidos, não deve assumir o papel de advogado dos mesmos, desautorizando o responsável pela punição. É importante que leve o aluno a refletir sobre a situação de modo a aprender com ela. Pelas informações, dados e implicações analisados neste capítulo, depreende-se que as atribuições do Or. E. são numerosas, complexas e difíceis de ser delimitadas com precisão. Por este motivo, ele precisa estar consciente de que tem um plano a executar e de que deve desempenhar suas funções precípuas, não assumindo tarefas que não sejam de sua competência e/ou alçada. Assim procedendo, estará contribuindo para que seu papel seja percebido cada vez mais claramente. Princípios Éticos na Atuação do Orientador Educacional 2 O trabalho do Or. E. reveste-se de grande importância, complexidade e responsabilidade e, para que seja realizado a contento, exige-se muito desse profissional, não só em termos de formação, de atualização constante e de características de personalidade como também de comportamento ético. Por esse motivo, a Federação Nacional dos Orientadores Educacionais, a Fenoe, houve por bem redigir o "Código de Ética dos Orientadores Educacionais", publicado no Diário Oficial de 05/03/1979, código que se encontra no Anexo deste livro, devendo o mesmo ser conhecido e consultado pelos Orientadores Educacionais. Com relação à ética, serão tratados, neste capítulo: ( l) aspectos éticos na atuação do Or. E., no que se refere ao sigilo nas informações sobre os alunos, familiares, professores e demais elementos da escola e da comunida- de; (2) problemas éticos relacionados com o estabelecimento de limites entre o campo de atuação do Or. E. e o de outros profissionais e o respeito aos mesmos; (3) aspectos inerentes ao seu posicionamento diante de assuntos em relação aos quais possa haver controvérsias devidas a diferenças de valores e (4) aspectos éticos relativos ao comportamento pessoal desse profissional. O comportamento ético em relação às informações sobre alunos, funcionários e pessoas da comunidade, é um dos principais aspectos a serem considerados. Como a interação do Or. E. com os orientandos se caracteriza pelo seu caráter de relação de ajuda, tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos ou situações de cunho pessoal e familiar, como o Orientador pode necessitar fazer indagações sobre a problemática em questão. Esses dados, por serem de caráter sigiloso ou confidencial, não devem ser alvo de comentários com outras pessoas, quaisquer que sejam as circunstâncias. Esse cuidado é de vital importância porque a condição básica para o estabelecimento de uma relação de ajuda eficiente é a confiança. 12 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRÁTICA _ t dos prontuários dos alunos deve ser . . d . f açoes constan es O s1g1lo as m orm . ári·os preenchidos com dados mais d A sim quest10n . igualmente preserva 0 - s ' T . esultados de entrevistas e de testes íntimos sobre o aluno e seus fa:1 iares::ado aluno devem ser mantidos fora e opiniões de professores sobre et~:m;a ou casualmente, possam chegar a do alcance de pes~oas q~e, propo~i ª ser arquivados no SOE em local eles Por esse mouvo, tais dados evem · o E tenha acesso. se uro, com chave, ao qual apenas O r. · . - , · g , e necessitam de mformaçoes especificas sobre As vezes os pro1essores 1 M ' nesses casos é preferível que o Or. E., com base nos seus a unos. esmo ' · d dados de que dispõe, elabore um resu_mo e for~eça, na medi a em que julgar relevantes e convenientes, as mformaçoe~ a serem passadas ao professor. Além da justificativa ética desse procedimen~o, h_á tamb~m q~e se considerar razões de natureza psicológica para a nao divulgaçao dos dados. Trata-se do "efeito Rosenthal" ou "profecia auto-realizável", segundo a qual, quando um professor desenvolve expectativas de que um aluno ou grupo de alunos irá ter insucesso escolar, tais expectativas podem se transformar, inconscientemente, por parte do professor, em fator ou causa do respectivo fracasso daqueles alunos. Dito de outro modo, o fato de um professor ser informado de que, em anos anteriores, um aluno teve um desempenho escolar muito fraco ou apresentou comportamentos inadequados poderá criar barreiras para que este aluno consiga modificar seu comportamento, pois o professor, embora não se aperceba disto, estará criando condições para que o mau desempenho anterior se perpetue. Talvez, se ele não tivesse tido acesso a esses dados sobre o aluno, pudesse contribuir para o crescimento intelectual e emocional do mesmo. _ _ As recomend~ções anteriores sobre sigilo em relação às informações sao igualmente váhdas, é claro, em relação às informações sobre a famt1ia dos alunos e sobre as demais pessoas da comunidade . . O con~ívio prolongado entre o Or. E., professores, demais membros da eqm~e técmca funcionários pode ensejar a ele o conhecimento de fatos em relaçao_ aos quais deve ser absolutamente discreto para que não seja afetada f ª. relaçaoddedconfian~a e não se instale um clima desagradável de descon- iança e e esarmoma entre todos. Outra área que deve suscitar reoc - . . estabelecimento de limites ent P upaçoes éticas diz respeito ao . re campos profiss. . . . mais afins. Conforme foi visto , wnais, prmcipalmente os trabalho tem limites tênues no capitulo_ sobre atribuições do Or. E. , o seu · é , com os de diversos t • -isso, poss1vel que em vá · ou ros profiss10nais. Por . - , nos momentos e situa -e transpos1çao de limites func · . çoes, ocorra superposição rnnais, podendo dar ensejo a rivalidades, ou capítulo 2 • PRINCIPIOS ~TICOS NA ATUAÇÃO 00 ORIENTADOR EDUCACIONAL 13 até competividade, entre o Or. E. e outros profissionais que atuam na mesma escola. O Or. E. deve respeitar o campo específico dos demais especialistas, assim como fazer com que estes ajam com respeito em relação ao dele. É importante que o diálogo, a troca de idéias, a cooperação e o auxílio mútuo sejam constantes e sempre de acordo com os princípios éticos. A escola não deve se transformar em um campo de disputas entre profissionais. O que deve haver, na mesma, são esforços conjuntos para a finalidade comum que é o pleno desenvolvimento do aluno. Outro campo em relação ao qual o Or. E. precisa se acautelar é o que diz respeito aos valores da família e da comunidade. Na área do aconselhamento, é importante ter sempre presente que aconselhar não significa ministrar conselhos ou recomendar determinadas atitudes, opções ou comportamentos em detrimento de outros. Aconselhar é assistir a pessoa, levando-a a refletir sobre determinada situação, problema ou dificuldade; sobre as implicações e conseqüências de diferentes alternativas disponíveis, no caso, para que possa discernir e decidir-se, por uma ou outra, conforme seu arbítrio, suas possibi- lidades e sua conveniência. Dessa forma, na situação de aconselhamento, o Or. E. deve ter sempre presente que as famt1ias dos aconselhados e a comunidade possuem seus próprios valores e buscam não só transmiti-los aos seus membros como também fazer com que tais valores atuem como normas orientadoras de conduta. Não cabe, pois, ao Or. E., assumir determinadas posições ou levar o aluno a confrontar-se com os valores da família. É importante, ainda, que ele não fomente antagonismos, na escola, principalmente os baseados em pontos de vista divergentes sobre ques- tões de moral ou de religião. As diferentesopiniões e posições sobre esses tipos de assuntos devem ser discutidas, em tese, e, quando necessário, convidam-se especialistas que representem posições diversas para debater os temas em pauta, indicar leituras, entrevistas ou outras técnicas de esclarecimento. Quanto aos limites numa relação de ajuda, o Or. E. precisa ter consciên- cia, em cada caso, das suas condições e preparo para prestar uma ajuda efetiva. Ele não deve ir além do que é capaz. Nos casos mais difíceis, e em relação aos quais não se sinta perfeitamente seguro, não deve assumir sozinho o aconselhamento, mas sim procurar o au'xílio de outros profissionais. É comum que, ao exercer suas múltiplas atividades, com competência e em conformidade com padrões éticos, o Or. E., independentemente de sua vontade, consciente ou inconscientemente, passe a se constituir em "m9delo de comportamento" ou autoridade, não somente para alunos, como até para -, ·~ 14 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRATICA adultos, na escola. Desse modo, não é raro que ele seja consultado ou_sondado no sentido de emitir opiniões sobre diferentes fatos, pro~lema_s ou situações, opiniões estas que podem não só ser tidas como as mais váhdas, co_mo até virem a ser seguidas sem muitos questionamento~- Por exe:11plo, ~s Jovens, em momentos de dificuldade, insegurança, desmformaçao ou mcerteza, provavelmente, esperam encontrar alguém que lhes indique uma solução pronta ou mesmo que decida por eles. E, normalmente, vêem no Or. E. essa pessoa. Às vezes, uma opinião ou resposta distraída, fora do contexto, pode ser tomada indevidamente pelo aluno como endosso ou apoio de algo errado que esteja pensando em realizar e para o qual busca o aval de alguém. O Or. E. deve se acautelar com relação à emissão de opiniões sobre temas controvertidos. Também é desaconselhável, do ponto de vista ético, que ele assuma posições explícitas em relação a determinados assuntos que envolvam valores pessoais, gostos, interesses e identificações. Por este motivo, não é ético, por exemplo, usar distintivos de partidos políticos ou de times de futebol ou, ainda, alardear sua fé religiosa. Essa mesma restrição é válida quanto a disputas pessoais ou de grupos dentro da escola, a menos, é claro, que suas atribuições assim o exijam. O Or. E. deve manter-se eqüidistante, neutro e procurar não acirrar os ânimos, mas, sempre que possível, acalmar as partes, buscando o enten- dimento entre elas, negociando soluções que, ao contentar a todos, restabeleçam o necessário equilíbrio. O mesmo comportamento ético deve ser observado quando alguns motivos, como busca de "status", de "poder" ou de "prestígio", acabam se manifestando e envolvendo os profissionais em disputas ou tramas pessoais. Nessas ocasiões, informações - verdadeiras ou não - podem ser usadas · indevidamente para desprestigiar ou prejudicar uns e proII1over ou favorecer outros. Cabe, ainda, neste capítulo, um alerta quanto a um assunto delicado, mesmo em escolas públicas, que é a realização de atividades que envolvam o rece~im_ento de cont~ibuições. Ora, como vimos, o Or. E. não tem, em decorrencia de suas atnbuições, nenhuma razão para lidar com dinheiro na escola. Apesar disso, algumas vezes, ele é instado a colaborar na arrec;da- ção, guar~a ~u gerência de recursos financeiros como, por exemplo, no caso de festas Junmas, formaturas, feira de livros excursões compra d t . 1 d .d, · f d • ' , e ma ena 1 atico, esta a pnmavera etc. Isso costuma t _ . . , • acon ecer porque, às vezes nao há mais nmguem para fazê-lo; ou porque O O E é fi . . ' • r. · 0 pro 1ss10nal que hda com a comumdade, alunos, professores pais e f . , . . . ' unctonanos ou, amda, simples- capitulo 2. PRINCIPIOS ÉTICOS NA ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL 15 mente, porque ele permanece muitas horas na escola, tem sala fixa e, portanto, local para guardar o dinheiro. Se, realmente, for muito necessário qu~ assuma ess~ i~cumbência, é importante que ele se acautele para que não paue a menor duvida quanto à lisura de sua conduta. Ao lidar com dinheiro, não basta ser correto, é indispensável que a contabilidade seja mantida de modo organizado e transparente, colocando-a à disposição de todos. Outra advertência válida é que o SOE não seja usado como local para se realizar vendas ou fazer propaganda de produtos de qualquer natureza. Até aqui foram analisadas, basicamente, as implicações éticas do comportamento do Or. E., enquanto profissional. É importante, ainda, ressal- tar, além do comportamento profissional, alguns aspectos éticos de sua conduta pessoal, pois, devido à multiplicidade de interações que estabelece com as pessoas, quer queira, quer não, ele acaba por se tornar uma figura muito exposta, conhecida e visada, na escola e na comunidade. Ressalte-se, também, que, ao interagir com pessoas de diferentes faixas etárias, "status" e nível socioeconômico e cultural, seu comportamento estará sendo obser- vado, podendo até vir a servir de "modelo" para muitos, o que vem aumentar a necessidade de uma conduta ética irrepreensível. Portanto, o Or. E. deve ter discrição em sua vida pessoal, em público, mesmo quando fora do local ou do horário de trabalho, a fim de que sua imagem seja sempre preservada de comentários desabonadores ou comprometedores. Na instituição escolar, como um todo, dada a natureza do processo educativo, é importante que sejam observados princípios éticos e, em particular na área de O. E., é imprescin- dível que tais preceitos sejam rigorosamente seguidos.
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