Buscar

NP1 aula 7 Atribuicoes do Orientador Educacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Atribuições do 
Orientador Educacional 
1 
A equipe técnica-pedagógica que trabalha nas escolas é constituída 
pelos especialistas em educação, egressos das diferentes habilitações do 
Curso de Pedagogia. O fato de terem formação acndêmicn semelhante-. de 
atuarem no mesmo espaço físico e de visarem objetivos comuns torna não só 
difícil, como sobretudo necessária. a delimitação clara das atribuições de 
cada profissional, contribuindo para a melhor compreensão dos respectivos 
papéis, maior facilidade na execução, controle e avaliação das tarefas e 
melhor integração da equipe técnica. Em contrapartida. o desconhecimento 
das atribuições e de seus limites claros pode gerar expectativas infundadas 
quanto ao desempenho de cada especialista. 
Dadas a necessidade e a importância da explicitação das atribuições dos 
profissionais da área de educação, os sistemas públicos de ensino, por meio 
de decretos que estatuem o regimento interno para as escolas de cada rede -
federal , estadual ou municipal - definem o rol das atribuições de c~da 
profissional em educação. 
Já os estabelecimentos particulares de ensino têm autonomia para 
incluir, em seus regimentos internos, as atribuições que pretendem conferir. 
a cada um, na respectiva escola. É importante ressaltar que, tanto numa 
situação, como na outra, é necessário que seja obsen,ado o decreto que 
regulamenta a profissão do Or. E. e que estabelece, entre outras coisas. as 
atribuições privativas, isto é, as que competem a ele coordenar e aquelas das 
quais deve participar,juntamente com os demais membros da equipe escolar. 
Isso não significa que o Or. E. deva cumprir todas as atribuições mencionadas 
no decreto, obrigatoriamente, o tempo todo, quaisquer que sejam as circuns-
tâncias. 
Dessa forma, conhecendo o conteúdo da lei que regulamentou sua 
profissão, deQtro dos limites impostos pela mesma e de acordo com a 
realidade na qual esteja atuando, o Or. E. poderá selecionar e hierarquizar o 
que será realizado a cada ano. 
4 ORIENTAÇÃO EDU CACIONAL NA PRATICA 
Durante o planejamento ele deverá ter disponível a legislação específica 
que, como vimos, ao regulamentar a profissão, delimitou suas atribuições. 
Trata-se da Lei n.º 5564, de 21.12.1968, regulamentada pelo Decreto n.º 
72846, de 26.09.1973. Os artigos 8.0 e 9.º, do referido decreto, definem mais 
especificamente, em âmbito nacional, as atribuições do Or. E. Dada a 
importância de seu conhecimento, esses dois artigos são transcritos, a seguir. 
' ! 
! 
' 
"Artigo 8. 0 _ São atribuições privativas do Orientador Educacional: 
a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do 
Serviço de Orientação Educacional em nível de: 
1 -Escola 
2 - Comunidade. 
b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do I 
Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço j 
c) 
d) 
e) 
f) 
g) 
h) 
i) 
j) 
k) 
Público Federal, Estadual, Municipa/_e Autárquico; das Socie- · 
dades de Economia Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e , 
Privadas. ·i 
Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a ' 
no processo educativo global. 
Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e 
habilidades do educando. 
Coordenar o processo de informação educacional e profissio-
nal com vistas à orientação vocacional. 
Sistematizar o processo de intercâmbio das informações neces-
sárias ao conhecimento global do educando. 
Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, enca-
minhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistên-
cia especial. 
Coordenar o acompanhamento pós-escolar. 
Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educa-
cional, satisfeitas as exigências da legislação específica do 
ensino. 
Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. 
Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação 
Educacional. 
-"·--·-
capitulo, • ATRIBUIÇÕES 00 ORIENTADOR EDUCACIONAL 5 
-.,,.,~--
, Artigo 9. º - Compete, ainda, ao Orientador Educacional as 
seguintes atribuições: 
a) Participar no processo de identificação das características bási-
cas da comunidade; 
b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; 
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da 
escola; 
d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de 
turmas e grupos; 
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; 
f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários; 
g) Participar no processo de integração escola-famz1ia-comunidade; 
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional." 
Ao dividir as atribuições em "privativas" e "participativas", pretendeu 
o legislador, por meio de tal distinção, assegurar ao Or. E. a especificidade 
de suas funções, principalmente no que se refere ao SOE, ao processo de 
Orientação Vocacional e ao acompanhamento pós-escolar, caracterizando-
os como funções de coordenação. Desse modo, não só está previsto que o Or. E. 
execute tais tarefas como também que as coordene. Ao fazê-lo, entretanto, 
deverá envolver os demais elementos da escola, a família e a comunidade na 
realização das mesmas, pois seria impraticável e provavelmente ineficaz 
tentar realizá-las sozínho, em toda a sua extensão. 
Em contrapartida, prevê o artigo 9.º que ele participe das demais 
atividades escolares, colaborando para a sua boa execução. Tais atividades, 
entretanto, pressupõe-se, devem ser coordenadas por outros profissionais -
Diretor, Assistente de Direção, Coordenador Pedagógico, Coordenadores de 
áreas, de séries etc. 
Por atuar como coordenador das atividades que lhe são privativas e 
como participante de inúmeras outras tarefas desenvolvidas na escola, se 
umas e outras não forem delimitadas com clareza, a atuação do Or. E. pode 
se tornar confusa e complicada e o seu relacionamento com os demais 
profissionais ficar prejudicado. Por esse motivo, serão discutidos, a seguir, 
problemas usuais de relacionamento com diferentes especialistas que 
trabalham nas escolas, principalmente aqueles que, normalmente, o fazem 
6 
Omrtn AÇAO EnuCACIONA I. NA PAAT1CA 
de modo mais integrado com o Or. E. Evidentemente, é importante, também, 
t 'bu1'ções de cada um sejam do conhecimento de todos. que as a n · • é · · o Or. E. deve ter presente, também, o código de tic~ que norteia a 
atuação da categoria e que se encontra na página 183 de~te hvro: . 
o Or. E., como os demais funcionários, está subordinado, hierarquica-
mente, ao diretor, que é, portanto, a autoridade máxima na es~?la. Como já 
vimos, ambos são pedagogos ainda que tenham concluído habilitações _espe-
cíficas diferentes - Administração Escolar e Orientação Educac10nal, 
respectivamente. Não obstante, entre eles pode haver tanto identidade ~orno 
diferenças ou até antagonismos em relação a concepções, pontos de vista e 
estratégias educacionais, além de níveis diferentes de conhecimentos e de 
experiência bem como características compatíveis ou não de personalidade. 
Quanto ao estilo administrativo, cada diretor poderá se situar em 
qualquer ponto entre os extremos de máxima centralização ou de máxima 
delegação, ou, ainda, em um desses extremos. Evidentemente, as posições 
radicais e extremadas acabam por prejudicar o desempenho das atribuições 
do Or. E., pois, nesses casos, não haveria respeito pelo espaço próprio para 
que ele assumisse as tarefas que lhe são pertinentes. Por sua vez, este poderá 
descumprir ou questionar indevidamente determinações da direção, gerando 
atritos entre ambos. 
Embora não haja diferença hierárquica entre as funções do Or. E. e do 
Coordenador Pedagógico, a proximidade entre tais funções também costuma 
gerar dificuldades no relacionamento entre ambos e confusão quanto às 
atribuições de cada um, perante a comunidade escolar. Contribui para essa 
confusão o fato de que, mesmo sendo contra-indicado, quando em uma escola 
não há Coordenador Pedagógico, é tido como ponto pacífico que as funções 
que deveriam ser exercidas pelo mesmo o sejam pelo Or.E. e vice-versa. 
Entretanto, na situação ideal, em que ambos estão presentes na escola, o 
Or. E. deve procurar estabelecer, em conjunto com o Coordenador Pedagógi-
co, os limites de atuação de cada um para que não ocorram conflitos ou 
superposições de atribuições, em detrimento do trabalho de todos. 
. Se, ainda, não houver um entendimento entre eles, a melhor ocasião para 
que isso aconteça - a menos que situações emergenciais tomem urgente que 
se o faça em qual~uer momento -é na semana que antecede O planejamento. 
~orno amb~s estao no estabelecimento nesse período e como se trata de uma 
epoca relativamente calma nas escolas eles pod d' . . . , em 1scut1r e preparar em 
conJunto, os respect1vos planos prévios de atuação. ' 
,apltulo 1 • Ar"1au,çou oo 0 •11N1Aoo• EouCACIOHAl 7 
Se esses dois profissionais e, eventualmente, seus respectivos auxiliares 
ou estagiários, conseguirem trabalhar em harmonia - cada qual atuando nos 
limites de suas atribuições e participando das do outro - a escola e, o que é 
mais importante, os alunos terão muito a ganhar. 
Da mesma forma, a relação do Or. E. com o corpo docente poderá ser 
fácil, harmoniosa e agradável, ou vir a ser dificultada e até hostilizada pelos 
professores. Às vezes, a equipe docente tem certas características que 
facilitam ou dificultam o relacionamento com o Or. E., e, consequentemente, 
influem positiva ou negativamente no trabalho dele. Há, por exemplo, escolas 
cujo corpo docente é mais antigo, experiente e "fechado" e nas quais, há muito 
tempo, não existia um Or. E. A chegada desse profissional, principalmente se 
ele for jovem, inexperiente e inseguro, poderá ser recebida com certas 
reservas e até .;tntagonismo. Tal situação se agravará se ele não der a 
conhecer, com clareza, suas atribuições e se começar a interferir, 
indevidamente, no trabalho docente, introduzindo inovações, mudanças radi-
cais e tarefas adicionais para os professores, sem que estes percebam sua 
utilidade. Desse modo, muito provavelmente, eles não só não aceitarão tal 
interferência, como também poderão tentar obstruir o trabalho do Or. E., 
sonegando informações essenciais, atrasando a entrega de dados, descumprindo 
solicitações ou determinações do SOE, enfim, chegando, às vezes, até à falta 
de respeito profissional e pessoal. 
Por outro lado, pode ocorrer que professores mais jovens ou inseguros 
acatem com demasiado entusiasmo suas solicitações, passando a esperar, em 
troca, que o mesmo resolva todos os problemas que enfrentam na escola e, às 
vezes, até na ptópria vida particular. 
Nos dois casos, o Or. E. deve se conduzir com muita cautela, diplomacia 
e habilidade, e é claro que a definição de suas atribuições e a elaboração de um 
bom plano o ajudarão muito no estabelecimento de seus limites de atuação. 
As relações profissionais entre o Or. E. e o psicólogo devem, do mesmo 
modo, ser esclarecidas e respeitadas. O Or. E. não é, normalmente, psicólogo e 
nem se exige que o seja. Ainda que, eventualmente, pudesse ter cursado 
Psicologia e obtido registro de psicólogo, na escola ele deve atuar no estrito 
âmbito de seu cargo. Assim, não cabe a ele realizar terapias com os alunos 
e nem investigações que levem ao diagnóstico de distúrbios de personalidade 
ou de comportamento, nem mesmo quando se julgar habilitado para tal. 
Também não cabe ao psicólogo, ainda que atue no âmbito escolar, exercer as 
atribuições privativas do Or. E. 
8 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRATICA 
. SOE deverá manter contato com psicólogos e 
Sempre que necessáno, 0 éd'cos dentistas e enfermei-. · d ár desaúde comom 1 , com outros profissionais ª ea ' ·tam de cuidados especiais . d lunos que necess1 · ros e fazer encarmnhamentos e a f -
O E - deve exercer essas unçoes e nem Entretanto, deve ficar claro que O r. · nao . . • · -
h t 
substituir esses prof1ss1ona1s, pois nao tem 
deve em nen um momen o, . . 'd d • _ . t 'buições não estão previstas attv1 a es de 
formaçao para isso, e em suas a n , . . 
competência desses profissionais, cujo exerc1c10 é vedado a leigos. Essas 
advertências são muito procedentes porque, na escola: pelo fato de haver 
·t I nos na~o s~ao raras as ocorrências de acidentes ou problemas sempre mm os a u , _ . . 
de saúde. Dado o caráter assistencial de sua atuaçao prof1ssional, 0 Or: E. pode 
ser solicitado e/ou sentir-se no dever de prestar algum tipo de atendimento a 
esses alunos. Ora, sabe-se, por exemplo, que existem sérios riscos em 
administrar qualquer medicamento, pois nunca se tem certeza se haverá ou não 
alguma reação alérgica ou de outra natureza. 
É importante, também, esclarecer que é incompatível com o exercício 
da função de O. E.: proceder à chamada de alunos; recolher, carimbar e/ou 
entregar cadernetas escolares ou de passes; cuidar da disciplina em salas de 
aula, nos corredores ou nos recreios; cobrir sistematicamente as ausências do _. 
diretor (a não ser que seja afastado de seu cargo e designado para assumir a '· 
direção), do secretário ou de qualquer outro profissional que atue na escola. 
Igualmente, não se espera que o Or. E. seja o responsável único pela 
organização de festas ou campanhas, embora deva participar de sua realiza-
ção e possa beneficiar-se dessas oportunidades para atingir seus objetivos. 
Convém, ainda, registrar um alerta para que o SOE não se transforme em 
refúgio de alunos que cabulam aula ou são tirados da classe por problemas 
com os professores, como indisciplina e falta de lição de casa ou de material. 
Para ~elhor exercer suas atribuições no que se refere a atividades a 
serem r~~hzadas ~m salas de aula, o Or. E. necessitaria de um espaço fixo 
~os horanos das diversas classes. Entretanto, nem sempre isso é fácil obter. 
E co~um: nesses casos, que ele solicite o uso das faltas dos profissionais para 
essa ~dmahdade. Essa ~rática tem alguns inconvenientes. O Or. E. poderá ser 
cons1 erado um substituto eventual d f 
estabelecimento de confus~ d f e_pro essores, o que contribuirá para o 
oes e unçoes comp t d · . imagem. Em algumas escolas há , .' rome en o, mclus1ve, a sua 
, a prattca de "s b' " 1 
algum professor, e a interferênc1·a d O E u 1f au as, quando falta 0 r. . acarretari - ó , alunos na execução das tarefas 1 a nao s ma vontade dos por e e propostas c b • . por parte dos professores que ne . A ' ~mo tam ém md1sposição 
d d d · ' ssas Circunstanc1a d · a e e sair mais cedo Alé d' s, per enam a possibili-. m isso, como não é coStume os professores 
capitulo 1 • ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL 9 
avisarem, com antecedência, quando irão faltar, ele não teria condições de 
planejar, devidamente, o uso desses espaços abertos. Tal prática poderia 
ainda se complicar bastante, em escolas grandes, quando faltarem vários 
professores ao mesmo tempo. 
Esse é um assunto que deve ser pensado e discutido com todas as partes 
envolvidas (Direção, Or. E., Coordenador Pedagógico e professores), por 
ocasião do planejamento. Se o Or. E. optar por usar tais espaços, é preciso que 
fique bem claro quando, como e com qual finalidade o fará, avisando aos 
alunos, no início do ano letivo, para que o relacionamento entre todos, nessas 
ocasiões, seja o melhor possível. 
Cabe, ainda, um alerta para o fato de que o SOE não deve ser transfor-
mado em sala de visitas de alunos, pais ou de outras pessoas e, muito menos, 
em sala de punições. 
O Or. E. também não deve dar ensejo a que se incorpore à sua imagem 
o papel de "bonzinho", "da tia", do "protetor de alunos" ou, por outro lado, 
de "dedo-duro", de "disciplinador", bem como o de "controlador" e "dela-
tor" de professores, de funcionários ou de alunos. 
No que se refere à sua atuação em relação ao problema da disciplina na 
escola, cabe lembrar que a mesma: deve ser antes preventiva que remediativa. 
De modo geral, na prática, não existe, nas escolas, como seria desejável, 
preocupação com o planejamento de condições favoráveis à ocorrência de 
comportamentos satisfatórios. O mais comum é a aplicação de punições em 
conseqüênciade atos de indisciplina. Nesse contexto, é também usual que 
ocorrências de indisciplina sejam indiscriminadamente encaminhadas para o 
SOE. Deve ficar claro, nesses casos, que o Or. E. não é um aplicador de 
sanções ou punições. Se o fosse, provavelmente isso iria interferir de modo 
negativo no seu relacionamento com os alunos. Ele deve, sim, colaborar com 
a disciplina da escola, analisando juntamente com a equipe os problemas 
surgidos, sugerindo soluções cabíveis, não se esquecendo, entretanto, de que, 
antes de tudo, sua atuação deverá ser preventiva. Se procurado por alunos 
punidos, não deve assumir o papel de advogado dos mesmos, desautorizando 
o responsável pela punição. É importante que leve o aluno a refletir sobre a 
situação de modo a aprender com ela. 
Pelas informações, dados e implicações analisados neste capítulo, 
depreende-se que as atribuições do Or. E. são numerosas, complexas e 
difíceis de ser delimitadas com precisão. Por este motivo, ele precisa estar 
consciente de que tem um plano a executar e de que deve desempenhar suas 
funções precípuas, não assumindo tarefas que não sejam de sua competência 
e/ou alçada. Assim procedendo, estará contribuindo para que seu papel seja 
percebido cada vez mais claramente. 
Princípios Éticos na Atuação 
do Orientador Educacional 
2 
O trabalho do Or. E. reveste-se de grande importância, complexidade e 
responsabilidade e, para que seja realizado a contento, exige-se muito desse 
profissional, não só em termos de formação, de atualização constante e de 
características de personalidade como também de comportamento ético. 
Por esse motivo, a Federação Nacional dos Orientadores Educacionais, 
a Fenoe, houve por bem redigir o "Código de Ética dos Orientadores 
Educacionais", publicado no Diário Oficial de 05/03/1979, código que se 
encontra no Anexo deste livro, devendo o mesmo ser conhecido e consultado 
pelos Orientadores Educacionais. 
Com relação à ética, serão tratados, neste capítulo: ( l) aspectos éticos 
na atuação do Or. E., no que se refere ao sigilo nas informações sobre os 
alunos, familiares, professores e demais elementos da escola e da comunida-
de; (2) problemas éticos relacionados com o estabelecimento de limites entre 
o campo de atuação do Or. E. e o de outros profissionais e o respeito aos 
mesmos; (3) aspectos inerentes ao seu posicionamento diante de assuntos em 
relação aos quais possa haver controvérsias devidas a diferenças de valores 
e (4) aspectos éticos relativos ao comportamento pessoal desse profissional. 
O comportamento ético em relação às informações sobre alunos, 
funcionários e pessoas da comunidade, é um dos principais aspectos a serem 
considerados. 
Como a interação do Or. E. com os orientandos se caracteriza pelo seu 
caráter de relação de ajuda, tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos 
ou situações de cunho pessoal e familiar, como o Orientador pode necessitar 
fazer indagações sobre a problemática em questão. Esses dados, por serem de 
caráter sigiloso ou confidencial, não devem ser alvo de comentários com 
outras pessoas, quaisquer que sejam as circunstâncias. Esse cuidado é de vital 
importância porque a condição básica para o estabelecimento de uma relação 
de ajuda eficiente é a confiança. 
12 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRÁTICA 
_ t dos prontuários dos alunos deve ser 
. . d . f açoes constan es O s1g1lo as m orm . ári·os preenchidos com dados mais d A sim quest10n . igualmente preserva 0 - s ' T . esultados de entrevistas e de testes 
íntimos sobre o aluno e seus fa:1 iares::ado aluno devem ser mantidos fora 
e opiniões de professores sobre et~:m;a ou casualmente, possam chegar a 
do alcance de pes~oas q~e, propo~i ª ser arquivados no SOE em local 
eles Por esse mouvo, tais dados evem · o E tenha acesso. se uro, com chave, ao qual apenas O r. · . - , · g , e necessitam de mformaçoes especificas sobre As vezes os pro1essores 
1 M
' nesses casos é preferível que o Or. E., com base nos 
seus a unos. esmo ' · d 
dados de que dispõe, elabore um resu_mo e for~eça, na medi a em que 
julgar relevantes e convenientes, as mformaçoe~ a serem passadas ao 
professor. Além da justificativa ética desse procedimen~o, h_á tamb~m q~e 
se considerar razões de natureza psicológica para a nao divulgaçao dos 
dados. Trata-se do "efeito Rosenthal" ou "profecia auto-realizável", 
segundo a qual, quando um professor desenvolve expectativas de que um 
aluno ou grupo de alunos irá ter insucesso escolar, tais expectativas podem 
se transformar, inconscientemente, por parte do professor, em fator ou 
causa do respectivo fracasso daqueles alunos. Dito de outro modo, o fato 
de um professor ser informado de que, em anos anteriores, um aluno teve 
um desempenho escolar muito fraco ou apresentou comportamentos 
inadequados poderá criar barreiras para que este aluno consiga modificar 
seu comportamento, pois o professor, embora não se aperceba disto, estará 
criando condições para que o mau desempenho anterior se perpetue. 
Talvez, se ele não tivesse tido acesso a esses dados sobre o aluno, pudesse 
contribuir para o crescimento intelectual e emocional do mesmo. 
_ _ As recomend~ções anteriores sobre sigilo em relação às informações 
sao igualmente váhdas, é claro, em relação às informações sobre a famt1ia 
dos alunos e sobre as demais pessoas da comunidade . 
. O con~ívio prolongado entre o Or. E., professores, demais membros da 
eqm~e técmca funcionários pode ensejar a ele o conhecimento de fatos em 
relaçao_ aos quais deve ser absolutamente discreto para que não seja afetada 
f
ª. relaçaoddedconfian~a e não se instale um clima desagradável de descon-
iança e e esarmoma entre todos. 
Outra área que deve suscitar reoc - . . 
estabelecimento de limites ent P upaçoes éticas diz respeito ao . re campos profiss. . . . mais afins. Conforme foi visto , wnais, prmcipalmente os 
trabalho tem limites tênues no capitulo_ sobre atribuições do Or. E. , o seu 
· é , com os de diversos t • -isso, poss1vel que em vá · ou ros profiss10nais. Por . - , nos momentos e situa -e transpos1çao de limites func · . çoes, ocorra superposição 
rnnais, podendo dar ensejo a rivalidades, ou 
capítulo 2 • PRINCIPIOS ~TICOS NA ATUAÇÃO 00 ORIENTADOR EDUCACIONAL 13 
até competividade, entre o Or. E. e outros profissionais que atuam na mesma 
escola. 
O Or. E. deve respeitar o campo específico dos demais especialistas, 
assim como fazer com que estes ajam com respeito em relação ao dele. É 
importante que o diálogo, a troca de idéias, a cooperação e o auxílio mútuo 
sejam constantes e sempre de acordo com os princípios éticos. A escola não 
deve se transformar em um campo de disputas entre profissionais. O que deve 
haver, na mesma, são esforços conjuntos para a finalidade comum que é o 
pleno desenvolvimento do aluno. 
Outro campo em relação ao qual o Or. E. precisa se acautelar é o que diz 
respeito aos valores da família e da comunidade. Na área do aconselhamento, 
é importante ter sempre presente que aconselhar não significa ministrar 
conselhos ou recomendar determinadas atitudes, opções ou comportamentos 
em detrimento de outros. Aconselhar é assistir a pessoa, levando-a a refletir 
sobre determinada situação, problema ou dificuldade; sobre as implicações e 
conseqüências de diferentes alternativas disponíveis, no caso, para que possa 
discernir e decidir-se, por uma ou outra, conforme seu arbítrio, suas possibi-
lidades e sua conveniência. Dessa forma, na situação de aconselhamento, o 
Or. E. deve ter sempre presente que as famt1ias dos aconselhados e a 
comunidade possuem seus próprios valores e buscam não só transmiti-los aos 
seus membros como também fazer com que tais valores atuem como normas 
orientadoras de conduta. Não cabe, pois, ao Or. E., assumir determinadas 
posições ou levar o aluno a confrontar-se com os valores da família. 
É importante, ainda, que ele não fomente antagonismos, na escola, 
principalmente os baseados em pontos de vista divergentes sobre ques-
tões de moral ou de religião. As diferentesopiniões e posições sobre esses 
tipos de assuntos devem ser discutidas, em tese, e, quando necessário, 
convidam-se especialistas que representem posições diversas para debater os 
temas em pauta, indicar leituras, entrevistas ou outras técnicas de esclarecimento. 
Quanto aos limites numa relação de ajuda, o Or. E. precisa ter consciên-
cia, em cada caso, das suas condições e preparo para prestar uma ajuda 
efetiva. Ele não deve ir além do que é capaz. Nos casos mais difíceis, e em 
relação aos quais não se sinta perfeitamente seguro, não deve assumir sozinho 
o aconselhamento, mas sim procurar o au'xílio de outros profissionais. 
É comum que, ao exercer suas múltiplas atividades, com competência 
e em conformidade com padrões éticos, o Or. E., independentemente de sua 
vontade, consciente ou inconscientemente, passe a se constituir em "m9delo 
de comportamento" ou autoridade, não somente para alunos, como até para 
-, 
·~ 
14 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA PRATICA 
adultos, na escola. Desse modo, não é raro que ele seja consultado ou_sondado 
no sentido de emitir opiniões sobre diferentes fatos, pro~lema_s ou situações, 
opiniões estas que podem não só ser tidas como as mais váhdas, co_mo até 
virem a ser seguidas sem muitos questionamento~- Por exe:11plo, ~s Jovens, 
em momentos de dificuldade, insegurança, desmformaçao ou mcerteza, 
provavelmente, esperam encontrar alguém que lhes indique uma solução 
pronta ou mesmo que decida por eles. E, normalmente, vêem no Or. E. essa 
pessoa. Às vezes, uma opinião ou resposta distraída, fora do contexto, pode 
ser tomada indevidamente pelo aluno como endosso ou apoio de algo errado 
que esteja pensando em realizar e para o qual busca o aval de alguém. 
O Or. E. deve se acautelar com relação à emissão de opiniões sobre 
temas controvertidos. Também é desaconselhável, do ponto de vista ético, 
que ele assuma posições explícitas em relação a determinados assuntos que 
envolvam valores pessoais, gostos, interesses e identificações. Por este 
motivo, não é ético, por exemplo, usar distintivos de partidos políticos ou de 
times de futebol ou, ainda, alardear sua fé religiosa. 
Essa mesma restrição é válida quanto a disputas pessoais ou de grupos 
dentro da escola, a menos, é claro, que suas atribuições assim o exijam. O 
Or. E. deve manter-se eqüidistante, neutro e procurar não acirrar os 
ânimos, mas, sempre que possível, acalmar as partes, buscando o enten-
dimento entre elas, negociando soluções que, ao contentar a todos, 
restabeleçam o necessário equilíbrio. 
O mesmo comportamento ético deve ser observado quando alguns 
motivos, como busca de "status", de "poder" ou de "prestígio", acabam se 
manifestando e envolvendo os profissionais em disputas ou tramas pessoais. 
Nessas ocasiões, informações - verdadeiras ou não - podem ser usadas · 
indevidamente para desprestigiar ou prejudicar uns e proII1over ou favorecer 
outros. 
Cabe, ainda, neste capítulo, um alerta quanto a um assunto delicado, 
mesmo em escolas públicas, que é a realização de atividades que envolvam 
o rece~im_ento de cont~ibuições. Ora, como vimos, o Or. E. não tem, em 
decorrencia de suas atnbuições, nenhuma razão para lidar com dinheiro na 
escola. Apesar disso, algumas vezes, ele é instado a colaborar na arrec;da-
ção, guar~a ~u gerência de recursos financeiros como, por exemplo, no caso 
de festas Junmas, formaturas, feira de livros excursões compra d t . 1 
d
.d, · f d • ' , e ma ena 
1 atico, esta a pnmavera etc. Isso costuma t _ . . , • acon ecer porque, às vezes nao 
há mais nmguem para fazê-lo; ou porque O O E é fi . . ' • r. · 0 pro 1ss10nal que hda com 
a comumdade, alunos, professores pais e f . , . . . ' unctonanos ou, amda, simples-
capitulo 2. PRINCIPIOS ÉTICOS NA ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL 15 
mente, porque ele permanece muitas horas na escola, tem sala fixa e, 
portanto, local para guardar o dinheiro. Se, realmente, for muito necessário 
qu~ assuma ess~ i~cumbência, é importante que ele se acautele para que não 
paue a menor duvida quanto à lisura de sua conduta. 
Ao lidar com dinheiro, não basta ser correto, é indispensável que a 
contabilidade seja mantida de modo organizado e transparente, colocando-a 
à disposição de todos. Outra advertência válida é que o SOE não seja usado 
como local para se realizar vendas ou fazer propaganda de produtos de 
qualquer natureza. 
Até aqui foram analisadas, basicamente, as implicações éticas do 
comportamento do Or. E., enquanto profissional. É importante, ainda, ressal-
tar, além do comportamento profissional, alguns aspectos éticos de sua 
conduta pessoal, pois, devido à multiplicidade de interações que estabelece 
com as pessoas, quer queira, quer não, ele acaba por se tornar uma figura 
muito exposta, conhecida e visada, na escola e na comunidade. Ressalte-se, 
também, que, ao interagir com pessoas de diferentes faixas etárias, "status" 
e nível socioeconômico e cultural, seu comportamento estará sendo obser-
vado, podendo até vir a servir de "modelo" para muitos, o que vem aumentar 
a necessidade de uma conduta ética irrepreensível. Portanto, o Or. E. deve ter 
discrição em sua vida pessoal, em público, mesmo quando fora do local ou do 
horário de trabalho, a fim de que sua imagem seja sempre preservada de 
comentários desabonadores ou comprometedores. Na instituição escolar, 
como um todo, dada a natureza do processo educativo, é importante que sejam 
observados princípios éticos e, em particular na área de O. E., é imprescin-
dível que tais preceitos sejam rigorosamente seguidos.

Continue navegando