Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATIVIDADES DE AVENTURA PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN: STAND UP PADDLE ADSON ALVES DA SILVA ALDA MARIA SANTOS DE FREITAS JOSÉ DOMINGOS RODRIGUEZ GUISANDE ROSEANA PACHECO REIS BATISTA SILVIA CARLA BATISTA SOARES VANESSA ALIXANDRE FERREIRA VINICIUS DA CRUZ SOUSA LEONARDO GASQUES TREVISAN COSTA 2019 Programa de Pós Graduação Em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco ATIVIDADES DE AVENTURA PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN: STAND UP PADDLE LIVRETO DIRECIONADO PARA O ENSINO DO STAND UP PADDLE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SÍNDROME DE DOWN ELABORADO DURANTE A DISCIPLINA "ATIVIDADE FÍSICA APLICADA PARA PESSOAS COM DIFICULDADES MOTORAS". ADSON ALVES DA SILVA ALDA MARIA SANTOS DE FREITAS JOSÉ DOMINGOS RODRIGUEZ GUISANDE ROSEANA PACHECO REIS BATISTA SILVIA CARLA BATISTA SOARES VANESSA ALIXANDRE FERREIRA VINICIUS DA CRUZ SOUSA LEONARDO GASQUES TREVISAN COSTA Programa de Pós Graduação em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco A cópia, distribuição e transmissão dessa obra são livres, sob as seguintes condições: você deve creditar a obra aos autores. Este trabalho está licenciado sob a Licença Atribuição- SemDerivações-SemDerivados 2.5 Brasil Creative Commons. Para visualizar uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/ Apresentação Este livreto originou-se a partir da disciplina “Atividade física aplicada para pessoas com dificuldades motoras” ofertada pelo Programa de Pós graduação em Educação da Universidade Federal do Vale do São Francisco. A metodologia adotada para o desenvolvimento da disciplina foi a Aprendizagem Baseada em Projeto, considerada uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem. Incide sobre os conceitos e princípios de uma disciplina, envolve os estudantes em atividades de pesquisa para resolução de problemas e outras tarefas relevantes, permite aos discentes trabalhar autonomamente para construir o seu próprio saber, e culmina em produtos concretos. As características definidoras da Aprendizagem Baseada em Projetos incluem conteúdo, metodologia, atividades e resultados. Para conhecer mais sobre a aprendizagem baseada em projetos, visite http://www.bie.org “A Universidade forma, pelo mundo afora, uma proporção demasiado grande de especialistas em disciplinas predeterminadas, portanto artificialmente delimitadas, enquanto uma grande parte das atividades sociais, como o próprio desenvolvimento da ciência, exige homens capazes de um ângulo de visão muito mais amplo e, ao mesmo tempo, de um enfoque dos problemas em profundidade, além de novos progressos que transgridam as fronteiras históricas das disciplinas.” Lichnerowicz Sobre os autores Adson Alves Silva Alda Maria Santos de Freitas José Domingos Rodriguez Guisande Mestrando em Educação Física Graduado em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco Graduada em Educação Física Universidade Norte do Paraná Graduado em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco Roseana Pacheco Reis Batista Mestranda em Psicologia Graduada em Psicologia Universidade Federal do Vale do São Francisco Sobre os autores Silvia Carla Batista Soares Vanessa Alixandre Ferreira Vinicius da Cruz Sousa Graduada em Educação Física Especialização em Atividade Física, Saúde e Sociedade Universidade do Estado da Bahia Graduada em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco Graduado em Educação Física Universidade Federal do Vale do São Francisco Leonardo Gasques Trevisan Costa Doutor em Educação Física Universidade Estadual de Campinas Coordenador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Atividade Física Adaptada Universidade Federal do Vale do São Francisco Agradecimentos Gostaríamos de agradecer aos participantes das aulas de Stand Up Paddle e aos familiares, por confiarem em nossa proposta de ensino e pela assiduidade durante as aulas. Ao Rodrigo Rodrigues, proprietário da Arca Sport Kaiaqueria, localizada na cidade de Juazeiro - BA, que nos ofereceu apoio em todos os momentos desse projeto. Ao Programa de Pós Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco por oportunizar uma formação pública, gratuita e de qualidade aos discentes. Ao Colegiado de Educação Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco, pelos funcionários e estrutura oferecida para que fosse possível a realização das atividades. Nosso muito obrigado! É mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro (Minha casa/Zeca Baleiro) Sumário Introdução......................................01 Procedimento pedagógicos...........06 Sequência pedagógica...................09 Dicas e orientações.........................26 Comportamento motor...................28 Considerações finais........................35 Referências.......................................37 Introdução Trata-se de alterações cromossômicas envolvendo o par do cromossomo 21, configurando a presença de um cromossomo extra nas pessoas com a Síndrome de Down, o que provoca geneticamente alterações físicas e cognitivas. Você sabia? A Síndrome de Down também é conhecida como trissomia do cromossomo 21. Um dos possíveis fatores para a ocorrência dessa condição genética é a idade avançada da mãe e do pai, entre 35 anos e 45 anos respectivamente e, a sua prevalência, no Brasil, ocorre em média entre um caso para 1000 crianças nascidas vivas. Tabela 1. Relação entre idade materna e prevalência de nascimentos com Síndrome de Down e condições genéticas fonte: www.healthhub.sg A Síndrome de Down foi relatada pela primeira vez pelo médico inglês John Langdon Down no ano de 1866. Figura 1. Jhon Langdon Down. fonte: langdondownmuseum.org.uk 1 1 2 01 Características das pessoas com Síndrome de Down Deficiência intelectual Alterações cardíacas Baixa estatura Hipotonia muscular generalizada Sobrepeso e obesidade Hipermobilidade articular Alterações ortopédicas Essas características podem ocasionar desordens motoras em crianças e adolescentes com Síndrome de Down, afetando principalmente o processo de aprendizagem motora e o controle postural, que, consequentemente, tendem a comprometer as habilidades motoras dessa população. Figura 2. Funcionalidade de crianças com e sem Síndrome de Down 3-5 5 3 02 Nesse sentindo, a promoção de atividades físicas para crianças com Síndrome de Down é fundamental para acarretar benefícios ao bem estar físico e mental, produzindo uma melhor qualidade de vida para este público. Em um estudo realizado por Apoloni et al., os autores investigaram a efetividade de um programa de intervenção com exercícios físicos em cama elástica no controle postural de crianças com Síndrome de Down. Para isso, amostra foi composta por 12 crianças, de ambos os sexos, com idade entre três e 10 anos. A intervenção consistiu em atividades de pular, andar, brincar e correr na cama elástica três vezes por semana, por um período de 12 semanas. Os autores observaram que o programa de intervenção motora com exercícios físicos na cama elástica foi capaz de promover melhoras no controle postural a partir da redução da oscilação corporal durante a manutenção da posição quase-estática de crianças com Síndrome de Down (figura 3). 7 6 03 Figura 3. Área do Centro de Pressão Dentre as diversas possibilidades esportivas para pessoas com Síndrome de Down, o Stand Up Paddle (SUP) apresenta-se como uma interessante ferramenta para promover a melhora nos aspectos motores desse público, pois, o praticante é requisitado a lidar com a instabilidade contínua da prancha, inicialmente, quando se põe de pé sobre ela e após realizar os movimentos de remada, proporcionando um constante desafio postural.8 9Ruess et al., avaliaram os efeitos da prática do Stando Up Paddle no equilíbriocorporal de 68 sujeitos sem deficiência de ambos os sexos e com faixa etária de 8 a 58 anos. Os autores verificaram que ocorreu uma melhora no equilíbrio corporal dos sujeito após a prática do Stand Up Paddle, observado por meio da redução dos movimentos médio-lateral e ântero-posterior. 04 Figura 4. Comparação do centro de pressão nos momentos pré e pós teste. Entretanto, existe uma lacuna na literatura referente a prática de Stand Up Paddle para crianças e adolescentes com Síndrome de Down Nesse sentido, os objetivos desse manual foram: Elaborar um material pedagógico para o ensino de Stand Up Paddle de crianças e adolescentes com Síndrome de Down Investigar os processos de aprendizagem motora relacionados aos Stand Up Paddle em crianças e adolescentes com Síndrome de Down Avaliar os efeitos do treinamento de Stand Up Paddle na coordenação motora de crianças e adolescentes com Síndrome de Down 05 Procedimentos Pedagógicos Após a análise da literatura sobre os aspectos metodológicos referente aos processos de ensino e aprendizagem para pessoas com Síndrome de Down, destacam-se os seguintes aspectos: Crianças e adolescentes com Síndrome de Down aprendem melhor quando são oferecidas informações visuais Em um estudo realizado por Meegan et al, os autores avaliaram os efeitos da instrução verbal e visual na aprendizagem motora de 9 adolescentes com Síndrome de Down. Para tanto, os participantes tinham que realizar três tarefas motoras (pular, subir e descer um degrau e saltitar) sob orientação verbal ou visual. Os resultados demonstraram um melhor desempenho nas tarefas motoras quando os sujeitos foram instruídos visualmente quando comparados ao estímulo verbal. 10 06 Figura 5. Comparação do desempenho nas tarefas motoras de acordo com a orientação verbal ou visual. Crianças e adolescentes com Síndrome de Down aprendem melhor quando são orientadas a atenção externa Chiviacowsky et al., investigaram os efeitos da instrução orientada para o implemento (externa) e para o movimento (interna). Para tanto, participaram 24 crianças e adolescentes com deficiência intelectual (10 meninos e 14 meninas) com faixa etária de 10 a 14 anos. Os resultados demonstraram um melhor desempenho na tarefa de arremesso no grupo da atenção externa quando comparados ao grupo da atenção interna. Os participantes foram orientados a atingir um alvo com saquinhos de feijão. No grupo da atenção externa, os sujeitos foram orientados a manter a atenção no movimento do saquinho de feijão. Já no grupo da atenção interna, os participantes foram orientados a manter a atenção no movimento das mãos. 11 11 Figura 6. Demonstração da tarefa motora fonte: Chiviacowsky et al. 07 Figura 7. Comparação do desempenho na tarefa motora de acordo com a atenção interna ou externa. Nesse sentido, toda a sequência pedagógica utilizada durante o ensino do Stand Up Paddle adotou o seguinte direcionamento: Crianças e adolescentes com Síndrome de Down apresentam dificuldade de atenção. Instruções orientadas para atenção externa Instruções realizadas de maneira visual Atividades lúdicas, com o intuito de manter a atenção dos participantes Oferta de recompensas. Durante as aulas de SUP, a recompensa para os praticantes era a oportunidade de nadar após concluir as atividades. 12 Crianças e adolescentes com Síndrome de Down possuem maior chance de sucesso nas atividades quando são oferecidas recompensas.13 08 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 2. Conhecendo a prancha e o remo Em ambiente terrestre, colocar a prancha de Stand Up Paddle no solo e orientar o participante a subir no material e permanecer em posição ortostática. Orientar o aluno a realizar o movimento com o remo, simulando uma remada em ambiente aquático. Sugere-se a utilização de algum material (ex: bolas), orientando o aluno a realizar o movimento da remada deslocando a bola para trás. Esse procedimento pode auxilar na manutenção da atenção do aluno e facilitar com que ele compreenda a amplitude do movimento. 10 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 1. Conhecendo a prancha Em ambiente terrestre, colocar a prancha de Stand Up Paddle no solo e orientar o participante a subir no material, caminhar, engatinhar, rolar, deitar, entre outros. Caso o participante tenha realizado as tarefas sem cair da prancha, o professor poderá envolver outras atividades, como por exemplo, receber e lançar uma bola. Recomenda-se retirar as quilhas da prancha durante a realização dessa atividade, para não danificá-las. Dependendo do material da prancha, sugere-se a utilização de colchonetes ou tapetes de EVA para proteger o material do contato direto com o solo. 09 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 3. Conhecendo o remo Em ambiente terrestre, orientar o participante a se posicionar em pé e próximo ao meio líquido. Instruir o participante a realizar a remada na água. Nesse momento, o propósito da atividade não é aprender a técnica da remada, mas sim, compreender como o remo interage com o próprio corpo e com o meio líquido, o peso e a resistência produzidos, entre outros. Para tornar a ação mais atrativa, sugere-se a utilização de bolas, orientando o participante a realizar o deslocamento da bola para trás com a pá do remo. 11 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 4. Deslocando a prancha Em ambiente aquático, orientar o participante a ficar em posição ortostática, tocando o solo com a região plantar dos pés. Instruir o participante a arremessar a prancha para o professor ou colega. Nesse momento, o propósito da atividade é fazer com que o aluno aprenda aspectos referentes ao peso da prancha no meio líquido e as interações que o material realiza com o meio líquido (velocidade, arrasto, entre outros) Sugere-se começar com uma distância curta de arremesso. A partir do sucesso na atividade, o professor pode aumentar a distância gradativamente. 12 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 5. Equilíbrio na prancha Em ambiente aquático, orientar o participante a ficar em posição ortostática na prancha. Instruir o participante a não cair da prancha. Podem ser oferecidos diferentes estímulos ao aluno (agachar, erguer os braços, saltitar, caminhar pela prancha, etc). O propósito da atividade não é fazer com que o aluno aprenda o posicionamento considerado correto para a prática, mas sim, proporcionar com que compreenda aspectos referentes a instabilidade do material no meio aquático, a influência do seu posicionamento na estabilidade da prancha, entre outros. Sugere-se iniciar individualmente, após o sucesso, com o intuito de deixar a atividade mais prazerosa e desafiadora, realizar a atividade em grupo. 13 Sequência Pedagógica Adaptação ao material 6. Equilíbrio na prancha Após o aluno ter conseguido realizar a atividade anterior com sucesso, sugere-se que o professor realize algumas variações, como por exemplo: É sempre importante, ao realizar as atividades, lembrar que o objetivo da brincadeira é não cair da prancha. Inclusive, o professor pode utilizar o "pulo na água", "mergulho" ou "nadar" como recompensa após concluírem a atividade com sucesso. Morto vivo na prancha Estátua na prancha Quando o professor disser: ‘Morto!’, o aluno deverá agachar na prancha. Quando o professor disser: ‘Vivo’, o aluno terá que dar um salto e/ou ficar em pé na prancha. O professor deverá colocar uma música, enquanto ela tocar, o aluno deverá se deslocar livremente pela prancha. Quando o professor pausar a música, o aluno deverá ficar "estátua". 14 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 7. Remando com as mãos O professor deverá instruir o aluno a realizar o movimento da remada com as mãos, realizando o deslocamento da prancha no meio aquático. Emambiente aquático, orientar o participante a ficar na prancha, em posição decúbito ventral. O objetivo dessa atividade é o aluno compreender como a prancha responde aos comandos da remada (deslocamento para frente, para trás, lateralmente, etc) 15 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 8. Remando em posição sentada e/ou ajoelhada O professor deverá instruir o aluno a realizar o movimento da remada com remo, realizando o deslocamento da prancha no meio aquático. Em ambiente aquático, orientar o participante a ficar na prancha, em posição sentada e/ou ajoelhada. O objetivo dessa atividade é o aluno compreender como a prancha responde aos comandos do remo, a amplitude da remada, a forma como captar água com a pá do remo, etc. Se for realizada em piscina, o professor poderá utilizar a borda para auxiliar no controle da prancha, considerando que os participantes estão nos processos iniciais de aprendizagem. 16 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 9. Remando em posição ortostática O professor deverá instruir o aluno a realizar o movimento da remada com remo, realizando o deslocamento da prancha no meio aquático. Em ambiente aquático, orientar o participante a ficar na prancha, em posição ortostática. O objetivo dessa atividade é o aluno compreender como a prancha responde aos comandos do remo, a amplitude da remada, a forma como captar água com a pá do remo, etc. 17 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 10. Desenvolvendo a lateralidade O professor deverá instruir o aluno a realizar o movimento da remada com remo do lado direito e esquerdo. Em ambiente terrestre, orientar o participante a ficar na prancha, em posição ortostática. O objetivo dessa atividade é o aluno compreender como realizar a remada em ambos os lados (direito e esquerdo). Para auxiliar na compreensão, sugere-se utilizar pistas visuais, como por exemplo, adesivos coloridos, figuras, etc. Na figura ao lado, foram utilizadas fitas adesivas: vermelho = lado direito azul = lado esquerdo 18 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 10. Desenvolvendo a lateralidade no meio líquido O professor deverá instruir o aluno a realizar o movimento da remada com remo do lado direito e esquerdo. Em ambiente terrestre, orientar o participante a ficar posicionado próximo ao pier e/ou borda da piscina. O objetivo dessa atividade é o aluno compreender como realizar a remada em ambos os lados (direito e esquerdo). 19 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 10. Deslocamento O professor deverá instruir o aluno a realizar o deslocamento pela piscina, utilizando o remo para produzir o movimento. Em ambiente líquido, orientar o participante a manter a posição ortostática. Com o intuito de promover a motivação e manutenção da atenção do aluno, sugere-se utilizar pistas visuais, como por exemplo: Boias aquáticas. Na figura abaixo, foi utilizado uma boia em formato de golfinho. O aluno era orientado a ir buscar o golfinho. 20 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 10. Boliche O professor deverá instruir o aluno a realizar o arremesso de bolas em direção ao alvo, que pode ser garrafas PET's, halteres de hidroginástica, pinos, entre outros. Sugere-se utilizar bolas de diferentes tamanhos e pesos, para oportunizar níveis de dificuldades variadas. Em ambiente líquido, orientar o participante a manter a posição ortostática e/ou sentada na prancha. 21 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 10. Bola de equilíbrio O professor deverá instruir o aluno a realizar a empunhadura da remada, utilizando um cabo de vassoura e/ou outro material alternativo que simule o remo (Ex.: cano PVC). Em ambiente terrestre, manter a posição sentada sobre a bola suíça com os pés apoiados no chão. Orientar o aluno a realizar os movimentos que simulem a remada, fazendo com que o mesmo execute a tarefa de ambos os lados. Nessa atividade, o professor pode oferecer como recompensa o desafio de ficar em pé na bola suíça. 22 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 11. Arremesso e recepção na bola de equilíbrio O professor deverá instruir o aluno a recepcionar e lançar diferentes tipos de bola (Ex.: bolas de vôlei, polo aquático, handebol, infantil, etc.) O objetivo dessa atividade é desenvolver o equilíbrio corporal visto que é uma das exigências da modalidade SUP. Em ambiente terrestre, manter a posição sentada sobre a bola suíça com os pés apoiados no chão. 23 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 12. Cama elástica O professor deverá instruir o aluno a realizar a empunhadura no remo, utilizando um cabo de vassoura e/ou outro material alternativo que simule o remo (Ex.: cano PVC). Orientar o aluno a realizar os movimentos que simulem a remada, fazendo com que o mesmo execute a tarefa de ambos os lados. Com o intuito de tornar a atividade mais prazerosa, e manter a atenção do aluno em uma atividade que desenvolva força e equilíbrio, exigidos pela modalidade, o professor poderá estimular o aluno a saltar unilateralmente e/ou com os dois pés. Em ambiente terrestre, manter a posição ortostática sobre a cama elástica. 24 Sequência Pedagógica Habilidades motoras 13. Pega-pega O professor deverá instruir o aluno a pegar e/ou fugir do professor ou colega, realizando o deslocamento por meio da remada. Em meio líquido, orientar o aluno a manter a posição ortostática sobre a prancha. Com o propósito de manter a atenção dos alunos na realização da atividade, sugere-se algumas variações: - O "pegador" se deslocará no meio líquido remando na prancha; - O "pegador" se deslocará no meio líquido nadando. 25 Recomenda-se que os professores ofereçam demonstrações quantas vezes forem necessárias; Sugere-se que o professor realize a atividade junto com o aluno, fornecendo um modelo e feedback imediato; Evitar palavras abstratas, preferir palavras objetivas e concretas; Evitar feedbacks negativos, independente da performance realizada pelo aluno; Recomenda-se utilização do colete salva-vidas em todas as atividades, mesmo que o aluno saiba nadar; Antes de transmitir as orientações para os alunos, certifique-se de que ele está com atenção direcionada para você; Verificar as condições de uso dos materiais (prancha e colete salva-vidas) antes de iniciar as atividades; Dicas e Orientações 26 Dicas e Orientações O SUP é uma atividade de aventura e traz riscos de vida a seus participantes, por isso é recomendável uma supervisão próxima dos professores e treinamento dos procedimentos de segurança, como por exemplo, ensinar a nadar usando o colete salva-vidas, retornar para a prancha após queda, entre outros; No planejamento das aulas, ter sempre uma alternativa para substituir alguma atividade que não se desenvolva da maneira esperada; Organizar atividades de curta duração para auxiliar na manutenção da atenção e motivação dos alunos; Considerando que as pessoas com Síndrome de Down apresentam diversas patologias associadas, recomenda-se conhecer o histórico médico do aluno (Ex.: epilepsia, instabilidade atlanto-axial, etc.); Para as atividades realizadas na posição ortostática na prancha, próximas de locais com pouca profundidade ou de bordas de piscinas, pier, pedras, entre outros, deve-se ter atenção para evitar lesões ocasionadas por quedas. 27 Comportamento motor Metodologia adotada Para investigar o comportamento motor das crianças e adolescentes com Síndrome de Down e analisar os efeitos da prática do SUP, foram utilizados os seguintes procedimentos: Inicialmente, os participantes foram submetidos a avaliações de equilíbrio corporal, funcionalidade e performance motora. Posteriormente, foram ofertadas aulas de SUP na piscina semiolímpica do complexo esportivo da UNIVASF, Petrolina - PE,durante 6 semanas, com duração de 50 minutos cada aula e frequência de 1 vez por semana. Por fim, após o período de intervenção, os participantes foram avaliados novamente. Pré teste Aulas Pós teste Cronograma das atividades desenvolvidas 28 Comportamento motor Metodologia adotada Equilíbrio Coporal Para mensurar o equilíbrio corporal, foi utilizado o seguinte protocolo: Consistiu na realização de uma tarefa de equilíbrio para atravessar um obstáculo o mais rápido possível. Sendo oferecidas duas tentativas válidas para cada sujeito e registrando-se o melhor tempo. Para aplicação do teste, foram necessárias 04 varas de 90 cm de comprimento com base plana, colocadas em formato de cruz e os quadrados enumerados de 01 a 04. A criança foi orientada para avançar do quadrado 01 até o 04, em sentido horário e os dois pés deveriam fazer contato com o solo em cada área. Logo após, os sujeitos foram orientados a refazer o teste em sentido anti- horário. Figura 8. Demonstração do Four Square Step Test fonte: Verma et al. Four Square Step Test 14 29 Comportamento motor Metodologia adotada Capacidade funcional A Pediatric Balance Scale foi desenvolvida a partir de uma modificação da Escala de Equilíbrio de Berg, visando obter uma escala de equilíbrio mais apropriada para a população infantil. A escala possui 14 itens que avaliam atividades funcionais (ex: alcançar, girar,transferir-se, permanecer em pé e levantar-se) que uma criança pode desempenhar em casa, na escola ou na comunidade. Figura 9. Escala de avaliação da Pediatric Balance Scale. fonte: Rieis et al. Pediatric Balance Scale Para mensurar a funcionalidade, foi utilizado o seguinte protocolo: 15 30 Comportamento motor Metodologia adotada Performance motora Para analisar a perfomance motora dos participantes na execução dos movimentos necessários ao Stand Up Paddle, foi utilizado o seguinte procedimento: Teste de velocidade No início de cada aula, os participantes deveriam completar um percurso no menor tempo possível. O percurso delimitado foi o comprimento da piscina (25m) e os participantes tinham duas tentativas válidas, sendo registrado o menor tempo. Com o intuito de manter a atenção e motivação dos participantes, era oferecido estímulo visual (boia inflável de golfinho) e o aluno era orientado a ir o mais rápido possível até o golfinho posicionado ao final da piscina (25m). 31 Comportamento Motor Resultados Equilíbrio Coporal Na figura abaixo, são demonstrados os valores obtidos no Four Square Step Test no momento anterior e posterior às aulas de SUP. É possível observar que todos os participantes apresentaram melhora no desempenho do teste de equilíbrio corporal dinâmico após a realização das aulas de SUP. Ou seja, conseguiram completar o percurso em menor tempo. 32 Figura 10. Comparação dos valores obtidos no Four Square Step Test nos momentos pré e pós teste. Comportamento Motor Resultados Capacidade funcional Na figura abaixo, são demonstrados os valores obtidos na Pediatric Balance Scale no momento anterior e posterior às aulas de SUP. Observa-se que todos os participantes apresentaram melhora no desempenho do teste de capacidade funcional após a realização das aulas de SUP. 33 Figura 11. Comparação dos valores obtidos na Pediatric Balance Scale nos momentos pré e pós teste. Comportamento Motor Resultados Performance motora Na figura abaixo, são demonstrados os valores obtidos no teste de perfomance motora no momento anterior e posterior às aulas de SUP. É possível observar que todos os participantes apresentaram melhora no desempenho do teste de performance motora após a realização das aulas de SUP. 34 Figura 12. Comparação dos valores obtidos na perfomance motora nos momentos pré e pós teste. Considerações finais Por meio dos resultados apresentados, conclui-se que: 6 semanas de aulas de Stand Up Paddle foram suficientes para promover melhora nos aspectos de equilíbrio corporal dinâmico, capacidade funcional e performance motora em crianças com Síndrome de Down. A metodologia de ensino adotada foi satisfatória para promover melhora nos aspectos motores dos participantes. Dessa forma, sugere-se que o Stand Up Paddle possa ser utilizado como uma ferramenta esportiva em seus diversos contextos (educacional, terapêutico, recreacional e competitivo) para crianças com Síndrome de Down. 35 Considerações finais Após o período de intervenção realizado na piscina semiolímpica do complexo esportivo da UNIVASF - Petrolina, PE, foi realizado o encerramento das atividades no Rio São Francisco. Nesse momento, os participantes puderam colocar em prática todo o aprendizado realizado na piscina e transferir para o meio natural (rio). Além disso, foi realizado um momento de confraternização por meio de um piquenique entre professores, colaboradores, familiares e alunos. 36 Referências 1. Costa LT, Duarte E, Gorla JI. Síndrome de Down: crescimento, maturação e atividade física. Editora Phorte: São Paulo. 2017. 2. Mustacchi Z, Peres S. Genética baseada em evidências: síndromes e heranças. São Paulo: CID; 2000. 3. Maïano C, Hue O, Tracey D, Lepage G, Morin AJS, Moullec G. Static postural control among school-aged youth with Down syndrome: A systematic review. Gait & Posture, 62: 426–433, 2018. 4. Corrêa JCF, Oliveira AR, Oliveira CS, Corrêa FI.. A existência de alterações neurofisiológicas pode auxiliar na compreensão da hipotonia no desenvolvimento motor dos indivíduos com síndrome de down?. Fisioter Pesq. 18(4): 377-381, 2011. 5. Ferreira DM, Salles BF, Marques DVM, Furieri M, Bonomo LMM, Salles FLP, Andrade M. Funcionalidade de crianças com e sem Síndrome de Down. Rev Neurocienc, 17(3): 231-8, 2009. 6. Montoro APPN, Araújo PAB, Andrade RD, Carvalho T, et al. Nivel de atividade física em pessoas com síndrome de down: uma revisão sistemática. Rev Brasil Promoção Saúde, Fortaleza, 28(1): 133-139, 2015. 7. Apoloni BF, Lima FEB, Vieira JLL. Efetividade de um programa de intervenção com exercícios físicos em cama elástica no controle postural de crianças com Síndrome de Down. Rev. bras. educ. fís. esporte, São Paulo , v. 27, n. 2, p. 217-223, 2013. 8. Schram B, Hing W, Climstein M. The physiological, musculoskeletal and psychological effects of stand up paddle boarding. BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation, 8(1): 1-9., 2016. 9. Ruess C, Kristen KH, Eckelt M, Mally F, Litzenberger S, Sabo A. Stand up Paddle Surfing-An Aerobic Workout and Balance Training. Procedia Engineering, 60: 62–66, 2013. 10. Meegan S, Maraj B, Weeks D, Chua R. Gross motor skill acquisition in adolescents with Down syndrome. Down Syndrome Research and Practice, 9(3): 75-80, 2006. 11. Chiviacowsky S, Wulf G, Ávila LTG. An external focus of attention enhances motor learning in children with intellectual disabilities. Journal of Intellectual Disability Research, 57(7): 627-634, 2013. 12. Ekstein S, Glick B, Weill M, Kay B, Berger I. Down Syndrome and Attention-Deficit/ Hyperactivity Disorder (ADHD). Journal of Child Neurology, 26(10) 1290-1295, 2011. 13. Menezes LDC, Massetti T, Oliveira FR et al. Motor Learning and Virtual Reality in Down Syndrome; a Literature Review. International Archives of Medicine, 8(119): 1-11, 2015. 14. Verma A, Samuel AJ, Aranha VP. The four square step test in children with Down syndrome: Reliability and concurrent validity. Journal of Pediatric Neurosciences, 9:.221-226,2014. 15. Rieis LGK, Michaelsen SM, Soares PSA et al. Adaptação cultural e análise da confiabilidade da versão brasileira da Escala de Equilíbrio Pediátrica. Rev Bras Fisioter, 16(3): 205-15, 2012. 37
Compartilhar