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Psicologia das Organizações Ana Paula Monteiro O Factor Motivação nas Organizações MOTIVO . O “motivo” é um estímulo que impulsiona para o comportamento específico . O estímulo pode ser interno ou externo Estímulos Internos: necessidades, aptidões, interesses pessoais Estímulos Externos: são estímulos ou incentivos que o ambiente oferece MOTIVAÇÃO Conceito / Componentes Iniciação / energização- aquilo que despoleta e confere energia ao comportamento humano Concentração / direção - direcciona e canaliza esse mesmo comportamento Manutenção - mantém e sustenta esse comportamento MOTIVAÇÃO Conceito / Componentes “É uma força, uma energia, que nos impulsiona em direção a algo”(Vergara) “A Motivação é constante, infinita, flutuante e complexa. O homem logo que satisfaz um desejo, surge outro, e assim sucessivamente” (Moscovici, 2011) “… uma força interna, responsável pelo nível, direção e persistência do esforço dispensado no trabalho. É uma força que estimula a agir, gerada por fatores distintos e pessoais” (Robbins, 2010) Modelo Básico da Motivação MOTIVAÇÃO Considerações . As necessidades variam de indivíduo para indivíduo . As capacidades para atingir os objetivos diferem . Os objetivos são diferentes de indivíduo para indivíduo . Os valores sociais são igualmente diferentes . As necessidades, os valores e as capacidades variam no mesmo indivíduo através do tempo… MOTIVAÇÃO nas ORGANIZAÇÕES . A motivação nas organizações constitui uma vontade de empregar altos níveis de esforço em direção a metas organizacionais, condicionadas pela capacidade e esforço do indivíduo com vista a satisfazer certas necessidades . A motivação no trabalho representa um processo global que visa comprometer o funcionário com os objetivos da organização, de forma a integrá-lo na cultura organizacional MOTIVAÇÃO versus SATISFAÇÃO . A MOTIVAÇÃO constitui um motor em ação que nos leva a procurar fazer mais e melhor . A SATISFAÇÃO é a perceção e o sentimento da pessoa face aquilo que usufrui, se é justo ou se está de acordo com aquilo que esperava obter Teorias da Motivação Teorias de conteúdo – procuram explicar “por que “ existe a motivação, ou seja, dedicam-se à análise dos motivos do comportamento humano (Maslow, Herzberg, McClelland e Alderfer) Teorias de processo – procuram explicar “como” se processa a motivação, ou seja, procuram explicar a dinâmica de desenvolvimento da motivação (Stacey Adams e Vroom) Teoria do reforço – centralizam-se nas formas através das quais de apreende o comportamento TEORIA da Hierarquia das Necessidades de Maslow TEORIA da Hierarquia das Necessidades Maslow . Princípio da Dominância - se uma necessidade mais básica não está satisfeita as outras não contêm força para organizar o comportamento . Princípio da Emergência - quando uma necessidade está satisfeita, emerge uma outra em direção ao topo da hierarquia Hierarquia das Necessidades - Aplicação • Assegurar que as necessidades básicas das pessoas da vossa equipa estão asseguradas. Também é importante um ambiente de trabalho seguro, livre de danos físicos e psicológicos. Aquecimento, iluminação e ventilação devem corresponder aos padrões exigidos. O gestor deve comparar regularmente salários e condições de trabalho com o que a concorrência oferece. • Quando as necessidades básicas estiverem asseguradas, começar a trabalhar no sentido de satisfazer algumas das necessidades de níveis acima. Incentivar a interação social e o espírito de equipa (Jantar de Natal, sexta - feiras informais, etc.). • Com os pontos anteriores assegurados, as pessoas sentem-se felizes e contentes com a vida na sua organização. São membros bem pagos de uma família com um sentimento positivo de segurança e de pertença. A partir desta base é necessário desenvolver oportunidades de trabalho em equipa. Hierarquia das Necessidades - Aplicação • Construir e otimizar a autoestima da equipa, projetando trabalho desafiante. Dar feedback positivo e elogiar regularmente. Delegar responsabilidade e oferecer oportunidades de formação e desenvolvimento. O contentamento transforma-se em entusiasmo, à medida que as pessoas começam a sentir-se valorizadas. • A maioria das pessoas não procura alcançar a autorealização no trabalho. Procuram-na noutras áreas da sua vida. No entanto, o gestor pode criar condições para a autorealização, com desafios para toda a equipa. Incentivando a criatividade e removendo quaisquer obstáculos que possam bloquear o progresso de uma pessoa. 969 TEORIA ERG de Alderfer . Necessidades de existência (E, Existence): o desejo de bem- estar fisiológico e as exigências materiais fundamentais à existência . Necessidades de relacionamento (R, Relatedness): o desejo de satisfação das relações interpessoais e interação social .Necessidades de crescimento (C, Growth): o desejo internalizado de crescimento continuado e desenvolvimento pessoal TEORIA ERG de Alderfer 69 Princípio da satisfação progressão - a satisfação das necessidades nas categorias mais baixas é fundamental para alcançar plenamente a satisfação das necessidades presentes nas categorias mais elevadas Princípio da frustração-regressão - uma necessidade presente numa categoria inferior pode ser estimulada sempre que outra de uma categoria superior não possa ser satisfeita Exercício Pense numa altura em que se tenha sentido particularmente motivado na sua vida académica/profissional. Qual a situação responsável por isso? Pense numa altura em que se tenha sentido particularmente desmotivado na sua vida académica/profissional. Qual a situação responsável por isso? TEORIA dos Dois Fatores de Herzberg Fatores Motivacionais ou Fatores Intrínsecos: relacionam-se com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Os fatores motivacionais envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e a necessidade de autorrealização Fatores Higiénicos ou Fatores Extrínsecos: abrangem as condições sob os quais os trabalhos são executados. Não levam ao aumento da satisfação no trabalho, mas a ausência é capaz de levar à insatisfação TEORIA dos Dois Fatores de Herzberg A Motivação implica fazer aquilo que é muito significativo para o indivíduo Herzberg Como usar a teoria? Admitir que a maioria das pessoas não é motivada apenas pelo salário e pelas condições de trabalho. Tornar o trabalho das pessoas interessante. manifestar a cada pessoa a importância do seu trabalho no desempenho global da equipa. Dar a cada membro da equipa os recursos e a formação necessária para trabalhar de forma eficaz. Torná-los responsáveis pela qualidade do seu trabalho e dar-lhes autonomia para irem em frente. Ao fazê-lo, eles irão encarar o trabalho como uma responsabilidade sua, e não apenas como algo que fazem para o chefe. Herzberg Como usar a teoria? Definir metas desafiantes, mas realistas, que quando alcançadas dêem à equipa um sentimento de conquista. Reconhecer essas conquistas publicamente. Dizer “obrigado” ou “bom trabalho” publicamente fará maravilhas pelo moral e pela produtividade. Proporcionar oportunidades para evolução e desenvolvimento pessoal de todos os membros da equipa. Proporcionar um novo desafio ou um trabalho mais interessante pode gerar maior motivação que um aumento de salário. Teoria dos dois fatores de Herzberg Enriquecimento do cargo: consiste na constante substituição de tarefas mais simples e elementares por outras tarefas mais complexas, de modo a acompanhar o crescimento das capacidades de cada indivíduo, oferecendo-lhe condições dedesafio e de satisfação profissional no cargo. Deste enriquecimento deve resultar: - aumento de motivação, - aumento de produtividade, - redução de absentismo e a diminuição de rotação de pessoal. Teoria dos dois fatores de Herzberg Enriquecimento do cargo Possíveis efeitos indesejáveis: - aumento de ansiedade, aumento de conflito (entre expectativas e resultados do seu trabalho nas novas tarefas), - o sentimento de exploração, (quando a empresa não acompanha o enriquecimento do cargo/tarefas com o enriquecimento dos salários) - a redução das relações interpessoais. TEORIA X e Y de McGregor TEORIA X e Y de McGregor TEORIA X = ESTILO DE GESTÃO AUTOCRÁTICO E RÍGIDO TEORIA Y = ESTILO DE GESTÃO DEMOCRÁTICO A Teoria Y – implicações para as organizações: .Descentralização das decisões e delegação das responsabilidades . Ampliação do cargo para maior significação do trabalho . Participação nas decisões e gestão consultiva . Autoavaliação do desempenho . Necessidade de Realização (nR): desejo do indivíduo em atingir objetivos que representem desafios em fazer melhor e mais eficientemente . Necessidade de Afiliação (nA): representa o desejo de manter relações pessoais de poucos conflitos e amizades .Necessidade de Poder (nP): desejo de controlar, influenciar e decidir ou ser responsável pelo desempenho dos outros TEORIA das Necessidades Adquiridas David McClelland CINCO CONCEITOS Valência importância colocada na recompensa Instrumentalidade - crença de que a performance está relacionada às recompensas Expetativa crença de que os esforços estão ligados à performance Impulso Recompensas do trabalho Modelo Contingencial de Vroom Motivação = f (expectativa X instrumentalidade X valência) Fábula do Judeu (Vroom, 1997): “ Numa pequena cidadezinha do sul dos Estados Unidos, onde a Ku-Klux-Klan atuava, um alfaiate judeu teve a ousadia de abrir uma pequena alfaiataria na rua principal. Para expulsá-lo da cidade, o chefão da tribo enviou um grupo de miúdos para perturbá-lo. Dia após dia, eles ficaram na entrada da alfaiataria gritando: "Judeu"! Judeu!". A algazarra afastou os clientes. O problema assumiu tais proporções que o alfaiate começou a perder noites de sono. Finalmente, no desespero, elaborou um plano. No dia seguinte, quando os arruaceiros começaram a zombar dele, foi até a porta e disse: - De hoje em diante, qualquer um que me chamar de "Judeu" ganha dez centavos. Colocou a mão no bolso e deu 10 centavos para cada menino. Contentes com o prémio, os meninos voltaram no dia seguinte e começaram a berrar: - Judeu!, Judeu! Continuação da Fábula do Judeu: O alfaiate veio até à porta e sorriu, colocou a mão no bolso e deu a cada menino uma moeda de cinco centavos, dizendo: - Dez centavos é muito. Hoje eu só posso dar cinco centavos a cada um. Os meninos foram embora satisfeitos; afinal, cinco centavos também era dinheiro. No entanto, quando voltaram no dia seguinte e começaram a gritar novamente, o alfaiate só lhes deu um centavo. - Por que só vamos ganhar um centavo hoje? - protestaram. - Porque hoje só tenho isso. - Mas anteontem ganhamos dez centavos e ontem ganhamos cinco. Isso não é justo, senhor. - É pegar ou largar. Daqui não sai mais nada! - E o senhor acha que a gente vai chamá-lo de "Judeu" por um centavo? - Então não chamem! E foi o que fizeram." TEORIA da Definição de Objetivos Locke e Latham S - specific (específicos) M - measurable (mensuráveis) A - agreed (acordados)/attainable(alcançáveis) R - realistic (realistas) T - timed (com prazos) Devem-se desafiar os elementos das organizações com objetivos moderadamente difíceis e específicos, e preferencialmente quantificáveis TEORIA da Definição de Objetivos Locke e Latham .Dirige a atenção para ações relevante do ponto de vista do alcance dos objetivos .Conduz a níveis de esforço mais elevados .Estimula o desenvolvimento de planos para o alcance dos objetivos .Estabelece prazos temporais para o alcance dos objetivos .Aumenta a persistência face a obstáculos ou dificuldades .Por terem de ser atingidos em períodos temporalmente delimitados, os objetivos tendem a diminuir a possibilidade de procrastinação Teoria da Equidade de Adams Teoria da Equidade de Adams -IMPLICAÇÕES .Modificar suas entradas (exemplo: fazer menos esforço) .Modificar seus resultados (exemplo: funcionários que recebem por peça produzida podem aumentar seus rendimentos produzindo mais peças com menos qualidade) .Distorcer sua autoimagem (exemplo: “eu achava que trabalhava em um ritmo moderado, mas agora percebo que trabalho muito mais do que os outros”) .Distorcer a imagem dos outros (exemplo: “o trabalho do João não é tão interessante quanto pensei que fosse”) .Procurar outro ponto de referência (exemplo: “posso não estar ganhando tão bem quanto meu cunhado, mas certamente mais do que meu pai ganhava quando tinha minha idade”) .Abandonar o trabalho (exemplo: deixar o cargo) Teoria da Equidade de Adams “O maior determinante do desempenho e da satisfação do trabalho é o grau de equidade ou iniquidade que um indivíduo percebe na situação profissional” (Casado, 2002, p. 255) TEORIA da Expectação Edward Lawler TEORIA da Expectação/expectativa Edward Lawler esquema de recompensas deve ser resultado do desempenho de modo a que: as recompensas dadas sejam as mais desejadas em troca do bom desempenho aos desempenhos superiores sejam dadas recompensas extrínsecas (salários, prémios, etc.) e oportunidades para obter recompensas intrínsecas (trabalho estimulante, diversificado, responsabilidade, desafios) os colaboradores compreendam e acreditem que níveis de desempenho superiores levam a recompensas tanto extrínsecas como intrínsecas. TEORIA do Empenho/Comprometimento Organizacional de Allen e Meyer “ O Empenho organizacional caracteriza-se pelo estado psicológico que determina a ligação do indivíduo à organização, causando algumas implicações, nomeadamente a decisão para nela continuar ou não” (Meyer & Allen ,1997) DIMENSÕES do EMPENHO Empenho Afetivo - empenho como um apego, refere-se aos aspetos emocionais do colaborador, à identificação com a organização e à participação na organização Empenho Instrumental – em função das recompensas e custos associados à condição de elemento da organização Empenho Normativo - está relacionado com o alto nível de empenho por parte do colaborador em relação à organização empregadora, o empenho normativo constitui uma obrigação moral de permanecer na organização Orientação Motivacional Conceito . O impulso para agir aparece habitualmente nas atitudes de alguém . É intencional e influenciada por situações vividas no contexto social . Trata-se de uma variável ao nível do indivíduo e deve ter validade de avaliação . Seu papel é compreender e contribuir para a melhoria do desempenho do profissional em seu trabalho ESTILOS MOTIVACIONAIS (Bergamini , 2006) Orientação participativa Orientação para a ação Orientação para a manutenção Orientação para a conciliação Orientação Participativa Característica das pessoas consideradas como “formadoras de talento”, são prestativas, leais e assumem a inteira responsabilidade por aquilo que fazem Estão satisfeitas e motivadas quando: Ficam insatisfeitas e desmotivadas quando: .São consultadas pelas outras pessoas .Usam seus talentos pessoais para desenvolver a organização .Promovem o desenvolvimento daqueles com quem trabalha .Recebem tratamento impessoal .São forçadas a desenvolver atividades sem significado.Sentem que suas intenções não são reconhecidas .Têm que conviver num clima de falsidade Orientação para a Ação Tipo de orientação que caracteriza o indivíduo que sente prazer ao fazer com que as coisas aconteçam, pois aprecia desafios em que possa mostrar sua competência pessoal Estão satisfeitas e motivadas quando: Ficam insatisfeitas e desmotivadas quando: .Desenvolvem atividades variadas .Podem agir com autonomia .Se sentem desafiadas a comprovar sua eficiência .Têm que desenvolver atividades rotineiras .Os objetivos não são claramente determinados .Não conseguem controlar as variáveis que afetam os resultados .Há falta de responsabilidade por parte dos outros Orientação para a Manutenção Caracteriza o indivíduo que tem no reconhecimento o real valor profissional feito com justiça, mostra a importância que atribui ao trabalho em si, valorizando a responsabilidade como sendo elemento fundamental para a realização pessoal Estão satisfeitas e motivadas quando: Ficam insatisfeitas e desmotivadas quando: .Contam com tempo suficiente para garantir qualidade do que está sendo feito .Dispõem de fontes confiáveis de consulta .Têm oportunidade de usar lógica e organização . Trabalham com informações confusas e incompletas .Estão sujeitos a um clima de constantes mudanças .Trabalham sob pressão Orientação para a Conciliação Tipo de orientação que caracteriza o indivíduo que tem como principal preocupação estar em sintonia com os demais, através da negociação, sendo flexíveis e sempre dispostos a rever seus pontos de vista Estão satisfeitas e motivadas quando: Ficam insatisfeitas e desmotivadas quando: .Desfrutam de convivência social harmônica .Contam com um ambiente flexível .Reconhecem-se importantes dentro de um grupo .Conhecem a repercussão das suas ações .Precisam seguir normas e horários rígidos .Um ambiente sério demais em que as pessoas se desentendem constantemente .São colocados ao ridículo perante o grupo .Sentem-se socialmente colocadas de lado “Toda a ação humana quer se torne positiva ou negativa, precisa de depender de motivação” (Dalai Lama) https://www.youtube.com/watch?v=bIhHrL73d4s Daniel Pink - livro "DRIVE - The surprising truth about what motivates us". Bibliografia Principal - Almeida, F.N. (2012). A Arte de Gerir Pessoas – guia completo de técnicas e competências essenciais. Actual Editora - Cunha, M.P., Rego, A., Cunha, R. & Cabral - Cardoso, C. (2014). Manual de comportamento organizacional e gestão. (7ª ed.). Lisboa: RH Editora. - Ferreira, J., Carvalho; Caetano, A, & Neves, J. (2011). Manual de Psicossociologia das Organizações. Lisboa: Escolar Editora. - Gonçalves, S. (2014). Psicossociologia do Trabalho e das Organizações (Princípios e Práticas). Lisboa: Pactor - McGrath, J.; Bates, B. (2014). O Pequeno Livro das Grandes Teorias de Gestão. Centro Atlântico Editora. - Teixeira, S. (2005). Gestão das Organizações. 2ª Edição, McGraw- Hill.