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Obstetrícia Hemorragia na segunda metade da gestação Importância do tema É de grande importância já que é uma das maiores causas de internamento durante a gestação e uma das maiores causas de procura da gestante ao PS. Grande responsável pela morbimortalidade materna, pela taxa de parto prematura e também pela de cesariana. Descolamento prematuro da placenta (DPP) Emergência obstétrica! Principal causa de óbito perinatal O problema do descolamento da placenta quando o bebê está intrautero é porque prejudica as trocas gasosas, começa a sangrar, a consumir fatores da coagulação etc. Grau I: sangramento discreto, sem hipertonia uterina, sem sofrimento fetal. Só se confirma após nascimento com o exame da placenta, macro ou microscópico. Grau II: quadro clássico. Com hipertonia e com sofrimento fetal. Feto apresentando desacelerações repetidas as vezes até uma bradicardia sustentada. O sangramento em 20% dos casos pode estar ausente. Grau III: se divide em A e B. A: feto está morto, porém ainda não tem distúrbio da coagulação. B: feto está morto e a paciente já tem distúrbio da coagulação. Fisiopatologia do DPP Primeiro de tudo tem um descolamento da placenta, já seja por causa traumática ou atraumática. A principal causa de DPP atraumática é a DHEG. Após o descolamento se inicia um hematoma retroplacentário que em expansão vai gerar mais sangramento e gera mais descolamento, é um circulo vicioso. Hipertonia: uma vez que o sangue infiltra as fibras miometriais gera um estimulo para que o miométrio se contraia. É um útero que não relaxa entre as contrações. Aspecto de lenha. No trabalho de parto normal, entre uma contração e outra tem entorno de 2 minutos que o útero entra em repouso. Hipotonia pós-parto: as fibras foram tão infiltradas por sangue que não conseguem mais contrair. Formando o útero de Couvelaire que é a infiltração de sangue no miométrio. Coagulopatia: é a grande responsável pela disfunção orgânica e pelas manifestações clínicas provocadas pelo DPP. Tem dois motivos principais: - O próprio consumo dos fatores de coagulação no hematoma retroplacentário. - A passagem de tromboplastina para circulação materna ativa o sistema de coagulação provocando CIVD. Fatores de risco do DPP - Versão fetal externa é quando o feto está apresentação pélvica no fim da gestação e se realiza manobras externas para tentar tornar esse feto cefálico e não necessitar de cesariana. - Retração uterina, um exemplo é a paciente que tem polidramnio importante (ILA 40 a 45) que gera desconforto respiratório e se realiza uma amniodrenagem, quando se retira um pouco do liquido amniótico o útero pode contrair e a placenta vir a descolar. - A principal causa das “mecânicas” são os acidentes automobilísticos. A brevidade de cordão também é uma das principais. - As causas não mecânicas são as principais. E dentro das causas não mecânicas a hipertensão está associada a mais de 50% dos casos de DPP. Paciente hipertensa com hipertonia ALTA suspeita de DPP. - Tabaco e cocaína prejudicam a função placentária provocando o DPP. Quadro clínico do DPP Paciente será portadora de hipertensão, ou crônica ou uma DHEG como, por exemplo, uma pré- eclâmpsia. A hipertensão é o principal fator de risco. A pré-eclâmpsia dá picos pressóricos e a manifestação uterina mais importante é o DPP. A hipertonia é o principal sintoma e é mais importante que o sangramento, já que 20% das pacientes não apresentam sangramento. Importante já que só o DPP causa hipertonia (obvio que dentro das hemorragias da segunda metade da gestação). Dor abdominal. 80 % tem sangramento e este é escuro. A quantidade nem sempre se associa a gravidade. Também dentro do quadro clínico tem o sofrimento fetal devido ao fato da placenta proporcionar trocas gasosas e transporte de nutrientes e isto estará prejudicado pelo descolamento. Quadro clínico típico é a paciente hipertensa com dor abdominal e sangramento vaginal não tão importante. Na avaliação medica se apresenta com hipertonia e sofrimento fetal. Diagnóstico do DPP DIAGNÓSTICO CLÍNICO! É uma emergência, não tem tempo para pedir pede exames complementários de imagem ou laboratoriais. Conduta do DPP Em suspeita de DPP a conduta é o parto! Não interna a paciente, não faz corticoide. O parto não necessariamente tem que ser cesariana. Se a paciente já estiver com dilatação completa, feto encaixado com apresentação cefálica pode fazer o parto por via vaginal com fórceps para abreviação do período expulsivo. Se o feto estiver morto se insiste mais por via vaginal porque a paciente só terá complicações clínicas, fará quadro de CIVD e a quantidade de sangramento só terá repercussão clínica depois de algumas horas . Complicações do DPP O sofrimento fetal pode trazer diversas complicações ao feto, a mais importante, é claro que é o óbito. O feto é o que primeiro sofre no DPP. A mãe pode ter: Quando o sangue do descolamento infiltra muito as fibras miometriais é o útero de Couvelaire. O útero perde a capacidade de contração e às vezes por isso a paciente tem que ser submetida a histerectomia quando não responde a ocitocina. A paciente pode vir a ter CIVD, uma vez que a paciente consume os fatores de coagulação no hematoma retroplacentário e há passagem de tromboplastina para circulação materna. A CIVD é responsável por grande parte das disfunções orgânicas (disfunção pulmonar e renal). Placenta prévia (PP) Menos frequente que DPP, mas em multíparas, principalmente que já tiveram cesariana aumenta bastante. Grande causa de hemorragia da segunda metade da gestação e faz diagnóstico diferencial com DPP, pelo quadro clínico. Define-se placenta prévia só depois das 28 semanas devido ao fenômeno de migração placentária. Por exemplo, a placenta pode estar baixa com 22 semanas e como o útero vai crescendo a placenta vai crescendo junto e com 28 semanas pode estar normoimplantada. Classificação da PP Marginal é quando está perto do orifício interno, mas não o cobre. Parcial é quando oclui parte do orifício interno. Centro-total é quando oclui totalmente o orifício interno. Fisiopatologia da PP A placenta migra e se desenvolve no lugar que propiciar as melhores condições. Os fatores de risco fazem com que a placenta não vá para os locais que se implantaria normalmente. Fatores de risco da PP Quando se tem um endométrio mais envelhecido ou que já foi exaurido de alguma forma, seja por multiparidade, manipulações uterinas, infecções ou tabagismo muda a implantação placentária. A gemelaridade tem a área placentária maior. O principal fator de risco é a cicatriz uterina prévia já que a placenta tem mais chance de implantar na inflamação gerada. Quadro clínico da PP Lembrar que a paciente tem mais de 28 semanas. Geralmente, tem algum fator de risco, como por exemplo, 3 cesarianas. A diferença do DPP é que nesse caso, normalmente, a paciente não é hipertensa. Esse sangramento está presente e de forma progressiva que se repete. Por exemplo, paciente consulta hoje no PS porque está sangrando e relata sangrou antes ontem. Em uma semana volta a sangrar e cada vez pior. É um sangramento espontâneo, não é provocado por traumas ou picos pressóricos (diferente da DPP). O sangramento é vivo (DPP é mais escuro). Indolor (DPP tem dor abdominal por hipertonia). Não obrigatoriamente tem sofrimento fetal. Pode ter em caso que a paciente tenha um sangramento tão importante que a leve a um choque hemorrágico. Não tem CIVD nem útero de Couvelaire porque esse sangue está sendo exteriorizado.Diagnóstico da PP Diagnostica-se por ultrassonografia após as 28 semanas (depois do fenômeno de migração placentária). Uma vez diagnosticado a placenta prévia tem que pedir ressonância magnética porque tem grande chance de ter acretismo placentário. A placenta prévia é um importante fator de risco do acretismo placentário. Acretismo placentário O normal é que a placenta se implante na decídua (na parte endometrial). O acretismo placentário é indicação absoluta de cesariana. Na placenta acreta se implanta mais profundamente na decídua basal. Pode-se tentar um plano de clivagem para tirar a placenta e caso falhe se faz a histerectomia. A placenta increta já infiltrou miométrio e a placenta percreta infiltrou serosa e até os órgãos, ambas são indicações de histerectomia com a placenta in situ (NÃO tenta retirar porque terá grande sangramento). Conduta da PP A conduta varia de acordo da idade gestacional e a intensidade do sangramento. Para saber a via de parto tem que ter uma classificação ultrassonográfica prévia. Quando é PP centro-total é sempre por cesariana, mas a marginal pode-se tentar parto via vaginal. Se o feto tiver menos que 34 semanas e a intensidade de sangramento permitir (pouco sangue, já estiver cessando e a paciente estiver compensada) a conduta com essa paciente deve ser internação, tocólise (caso esteja em trabalho de parto) e faz corticoide para amadurecimento pulmonar (com beta ou dexametasona). Para a maduração pulmonar precisar de 48 horas, se dá uma dose, a outra em 24 horas e mais 24 horas da ultima dose para que o corticoide ter máximo efeito. Se a borda da placenta estiver a 2 cm longe orifício cervical interno pode tentar parto normal, mas a indicação absoluta de cesariana é em placenta previa centro-total. Rotura uterina Geralmente acontece em pacientes que já tiveram manipulações uterinas e estão em muito tempo em trabalho de parto. Às vezes o feto é desproporcional aos diâmetros da bacia materna. Iminência: Sinal de Bandl: anel próximo ou contíguo à cicatriz umbilical que separa o corpo do segmento inferior do útero. Útero fica em forma de 8. Sinal de Frommel: ligamentos redondos retesados e desviados para frente. Também chamado de distensão de segmentos. Rotura consumada: quando o bebê passa a cavidade peritoneal. Sinal de Clark: crepitação durante a palpação abdominal devido à presença de ar (enfisema subcutâneo). Sinal de Reasens: a altura da apresentação fetal sobe (recuo da apresentação fetal). Tratamento da rotura uterina Evitar a rotura: - Indicando cesariana em pacientes com muitas manipulações uterinas ou com cesarianas com incisões medianas longitudinais. Paciente com incisões medianas longitudinais no útero não pode tentar parto normal. - Diagnosticando uma desproporção maternofetal. Em iminência ou consumação de rotura a paciente tem que fazer laparotomia. A rotura pode ser parcial contida por serosa uterina ou total quando se rompe a muscular e a serosa. Se a rotura for pequena e conseguir controlar o sangramento pode tentar histerorrafia. Em roturas consumadas ou sem controle do sangramento tem que fazer histerectomia. Geralmente, não se consegue salvar esse bebê uma vez a rotura consumada. Altíssima taxa de mortalidade fetal. Diagnósticos diferenciais – IMPORTANTE! DPP: A hipertonia é exclusiva do DPP por isso é um dado tão importante e acompanha a dor. Distúrbio da coagulação também é exclusivo do DPP, já que só nesse caso é que se forma hematoma retroplacentário. Nesse caso, a amniotomia é benéfica. A placenta previa tem sofrimento fetal nos casos que a paciente tem descompensação hemodinâmica, como um choque hemorrágico, pelo sangramento. Nesse caso, a amniotomia não é indicada se for centro-total. Se deve diagnosticar com USG no pré- natal. A rotura uterina se dá em pacientes que já tem cicatrizes uterinas previas que estão em trabalho de parto muito prolongado, será súbito. Quando tem a rotura consumada cessa a dor. Nesse caso, quando o feto sai da cavidade uterina há sofrimento fetal. A amniotomia não altera os casos de rotura uterina. A rotura de vasa prévia quando acontece a amniotomia os vasos fetais que não estão recobertos começam a sangrar e como o feto tem a volemia muito pequena ele não suporta. Se deve diagnosticar com USG no pré-natal. A grande importância de diagnosticar a vasa prévia no pré-natal é porque se faz a cesariana eletiva a partir das 36 semanas e diminui a mortalidade fetal de 3% para 56%. A rotura de seio marginal também tem um inicio súbito, mas a paciente já está em trabalho de parto. A amniotomia não altera os casos de rotura de seio marginal. É diagnosticada pós-parto. É diagnostico diferencial. Parece muito PP, mas a placenta está normoinserta. Sangra porque a borda da placenta estava perto do orifício interno do colo. Só diagnostica no anatomopatológico. É um sangramento que geralmente não dá repercussões maternofetal.
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