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Projeto de Ensino TG - Nota 10

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EMANCIPAÇÃO FEMININA DA CULTURA DOMINANTE
Erick da Silva Saraiva¹ Antônio Carlos Bastos da Silva²
RESUMO
Este artigo tem o intuito de mostrar o quadro das mulheres em uma sociedade preconceituosa, que as oprimiu desde a antiguidade. No entanto, enfatizarei suas trajetórias de subsistência e superação em meio a uma sociedade alicerçada em descriminação de gênero. Portanto, partindo da idade antiga, mostrarei sua importância, que foi pouco percebida em uma época de opressão e obscuridade. Mas, as mulheres superaram inúmeros obstáculos, que formavam uma muralha a qual as separavam da igualdade, fortalecida com pedras de preconceito e descriminação, a qual sua pedra principal era o machismo alimentado por uma cultura patriarcal. Para que elas alcançassem seus objetivos em uma sociedade predominantemente masculina e tradicionalmente machista, seria necessário primeiramente uma mudança de seus próprios pensamentos, e assim superar esse paradigma pré-estabelecido pela própria sociedade. Portanto, destacarei o papel das mulheres no âmbito educacional e as transformações sociais que isso proporcionou a essa classe tão menosprezada durante milênios.
Palavras-chave: Desigualdade salarial, gênero, educação feminina.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o objetivo de analisar à trajetória das mulheres no seio da sociedade e sua libertação da cultura que as dominavam, tomando como ponto de partida o período da idade antiga, mostrando como era à educação das mulheres naquela época, compreendendo à mudança da educação a qual elas têm acesso hoje, principalmente no Brasil, e que depois de muitos séculos passou a ser de responsabilidade do estado. Você sabia que meninos e meninas não podiam frequentar a mesma escola? Nem mesmo quando as meninas tiveram acesso à educação, depois da institucionalização da escola pelo estado. Portanto, se isso lhe era desconhecido, certamente você não sabia que as meninas nem sempre tiveram acesso à escolar? Nem todos sabem que as mulheres mesmo depois de alcançar um grau de instrução igual ou superior a dos homens e ter sua inserção no mercado de trabalho ganham menos que eles.
¹Aluno do curso de Licenciatura em História da Uniasselvi
²Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (FLX 0038) – Prática do Módulo I - 09/12/2019
Portanto, nesta pesquisa empreendida, enfocarei a luta das mulheres no âmbito: educacional, social, político e cultural, pois elas conquistaram seu espaço na sociedade com muito esmero, propiciado pelas suas próprias lutas, que fez com que elas alcançassem algo que parecia impossível, que era: A mulher fazendo parte da força de trabalho e sendo incluída na educação institucionalizada, que até então era destinada somente ao sexo masculino. Segundo Bresciani apud Soihet e Pedro (2007), [...] uma vez que procurar traços da presença feminina em um domínio sempre reservado aos homens era tarefa difícil.
A partir do século XIX inicia-se a discussão de gênero na construção social e identitária dos papéis masculinos e femininos, e com essa mudança de paradigma as mulheres começaram a ter suas primeiras conquistas. Portanto, o século XIX foi um século de muitas transformações para às mulheres, pois que, na primeira metade do século houve o acesso da mulher à educação, ainda que fosse apenas na educação primaria, logo no século seguinte a mulher teve acesso à educação secundaria e universitária no Brasil.
Nesta análise histórica das mulheres no âmbito educacional, iremos ver uma grande reviravolta das mulheres em relação aos homens, referente à escolaridade, pois as mulheres em poucos séculos superaram os homens em nível de instrução escolar.
Todavia, apesar de toda essa superação, ainda existe um divisor de água que precisa ser superado, porque embora as mulheres tenham alcançado níveis de escolaridade semelhantes ou superiores aos dos homens, que até então não tinham, embora elas ao exercerem as mesmas funções que eles recebem menos, apesar de todo esse progresso educacional.
Pois, quando elas tiveram a sua inserção no mercado de trabalho: exerciam funções inferiores, recebiam bem menos e tinham uma jornada de trabalho maior que eles, mas, mesmo com a nossa lei trabalista que proporcionam os mesmos direitos, exceto em um aspecto: igualdade salarial. Mesmo trabalhando com mesma carga horária, exercendo uma mesma função e tendo uma mesma escolaridade, mesmo assim elas recebem menos que eles. [...] O grau de escolaridade da mulher não tem assegurado que ela tenha o mesmo reconhecimento profissional que o dos homens. (BRASIL, 2016 apud PEREIRA E FAVARO, 2017).
Por consequência, ao assumirem determinados postos, são sujeitas a desigualdade, ou seja, elas raramente assumiam postos de trabalhos e de comando, e hoje quando assumem predomina à desigualdade salarial, logo, o machismo ainda está enraizado em nossa sociedade, que por muito tempo predominou através do sistema patriarcal.
Portanto, nesse contexto de modernização propiciado pela urbanização e industrialização, que possibilitou múltiplas oportunidades, pois esse foi o começo de uma mudança, e foi a partir desse
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momento que elas passaram a fazer parte da mão de obra assalariada e logo após a inserção do mercado de trabalho veio o feminismo, onde as mulheres aliadas ao movimento operário buscavam melhores condições de trabalho.
Após muitas batalhas a guerra ainda não foi completamente vencida, apesar de uma época de muitas realizações e transformações, ainda temos que vencer muitas barreiras, e uma delas é a desigualdade salarial que ainda é real em nossa sociedade. Falar de Mulher na história significava, então, tentar reparar em parte essa exclusão [...], conforme Bresciani apud Soihet e Pedro (2007).
A historiografia inovadora, que surge com as contribuições da escola dos annales, contribuiu para uma mudança de pensamento com as inovações das fontes de pesquisa, pois assuntos que eram amordaçados, passaram a ser abordados e com isso as mulheres que eram esquecidas, passaram a ser um dos focos. De acordo com Soihet e Pedro (2007, p. 282), [..] categorias como ‘mulher’, ‘mulheres’ e ‘condição feminina’ eram utilizadas nas análises das fontes e nas narrativas que eram tecidas. A categoria ‘gênero’ ainda era novidade na historiografia brasileira.
Ao olhar resumidamente para à história das mulheres em vários aspectos, veremos uma superação feminina, pois, através de varais lutas, foram superadas múltiplas dificuldades, as quais lhes foram impostas desde a antiguidade por um sistema patriarcal predominante, que as aprisionavam aos costumes incutidos por meio da própria educação, a qual eram sujeitas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nas sociedades escravistas da Antiguidade, a educação escolar não era um direito de todos, mas sim, privilégio de poucos, conforme Bittar (2009, p. 15).
Dessa forma, foi de grande importância a primeira proposição de uma escola de Estado preconizada pelo filósofo Aristóteles. Segundo Bittar (2009, p. 15).
A partir daí, a educação contou com defensores que a entendiam como um direito de todos, e teve contra si os que temiam a sua expansão por acreditarem que, ao se tornar de todos, ela seria rebaixada “ao nível das multidões”, perdendo qualidade. De acordo com Bittar (2009, p. 15).
Esta sociedade dividida em classes, em que as mais abastadas eram os que tinham direito a educação, pois eles podiam possuir escravos, ou seja, o paidagogos que instruíam seus filhos e também podiam pagar pela sua instrução, porém, suas filhas eram instruídas para serem mulheres do lar e nada mais. [...] as famílias aristocráticas incumbiam preceptores gregos (geralmente escravos) da educação de seus filhos (Aquino et al. apud Marques 2012, p.19).
As primeiras notícias que temos sobre a escola nos mostram que só tinham direito a frequentá- la os filhos das classes sociais privilegiadas, segundo Bittar (2009, p.16).
Havia um grande abismo entre as classes e esse abismo dividia os que podiam e os que não podiam ter direito à educação, pois a educação era direito dos ricos,mesmo as mulheres sendo ricas, não tinham acesso a mesma educação que os homens. Segundo Soihet e Pedro (2007, p. 287) [...] embora não se pudesse esquecer as desigualdades e relações de poder entre os sexos
2.1 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE
Após a pré-história, com o sedentarismo do homem ele deixa de viver como nômade e passa a viver em sociedade, pois a instrução que era passada de geração em geração era por meio da oralidade.
Desde que os homens passaram a viver em sociedade a educação esteve presente, ou seja, todos os agrupamentos humanos, em qualquer nível de seu desenvolvimento, praticaram e praticam a educação, primeiramente, no ambiente familiar, segundo Bittar (2009, p.16).
Conforme Bittar (2009, p.16), Foi assim que aconteceu nas sociedades da Antiguidade, que existiram milênios antes do nascimento de Jesus.
Dessa forma, educação não é o mesmo que escola. Esta última é uma invenção da humanidade no seu processo histórico para difundir o conhecimento de forma sistematizada, segundo Bittar (2009, p.16).
· Educação egípcia
A educação egípcia não permitia as meninas serem englobadas a esse mundo, e com isso elas eram excluídas do processo de educação que preparava os jovens para a guerra e para governar, de ambas, a mulher estava excluída, mas houve alguns casos especiais que elas chegaram ao poder e se tornaram mulheres reis, que é o caso de: Hatchepsut, Ahmés Nefertari e Cleópatra.
No antigo Egito a educação foi privilégio de poucos, ou seja, somente dos que fazem parte de uma classe financeiramente superior (BITTAR, 2009). Pois, a sua superioridade era reconhecidamente respaldada pelos gregos, educadores da futura Roma, e pelas futuras apropriações e manifestações cristãs, de acordo com (BITTAR, 2009).
Testemunhos históricos de aproximadamente 2450 a.C. registram o valor político da educação egípcia na qual o falar bem era o conteúdo e o objetivo do ensino. Segundo Bittar (2009, p.16). Pois esse ensino era atribuído apenas aos homens e não as mulheres.
Assim, o falar bem era prerrogativa da ação política. Da palavra às letras, aparecia claramente a profissão de escriba que perante os jovens se apresentava com uma perspectiva de ascensão social [...], conforme Bittar (2009, p.16).
Ser escriba significava estar a salvo da fadiga, da enxada, dos patrões e superiores. Entre as especializações do escriba sobressaía a função de ensinar a escrita a algum filho, assim, geralmente, o escriba se tornava também mestre dos filhos do rei.
Na idade antiga nenhuma mulher foi escriba, pois era uma profissão para homens e as mulheres eram excluídas de mais um processo educacional.
Entre as mulheres que desempenharam a função de governantes no antigo Egipto, a mais célebre e conhecida é seguramente Cleópatra, a última representante da dinastia dos Ptolomeus, que reinou entre os anos 51 e 30 a.C., segundo Sales (2008, p. 13).
Cerca de 1500 anos antes dela, porém, entre 1498 e 1483 a.C., no período da história do Egipto antigo chamado Império Novo, na XVIII Dinastia, uma outra mulher ascendeu à categoria de per-aa ou faraó, como vulgarmente designamos os reis do Egipto. Chamava-se Hatchepsut [...] de acordo com Sales (2008, p. 13).
Hatchepsut era filha de faraó, irmã de faraó, esposa de faraó, mas, como mulher, não lhe estava destinado o supremo exercício da realeza egípcia, como informa Sales (2008, p. 13).
Foi uma excepcional situação esta a de uma mulher ascender à categoria real e conformar-se ao ideal faraónico, embora ela não tivesse sido a primeira nem a única mulher faraó no Egipto, de acordo com Sales (2008, p. 13).
A Hatchepsut, rainha-viúva, estava reservada a regência durante a menoridade do seu sobrinho e enteado, como já acontecera com outras rainhas egípcias, em particular no início da sua dinastia (no século XVI, por exemplo, Ahmés Nefertari foi regente na menoridade do faraó Amenhotep I). Hatchepsut desempenhará o papel de típica regente, conferindo ao jovem Tutmés III a precedência em todas as actividades. Como informa Sales (2008, p. 13).
É claro que Hatchepsut só pôde alcançar o desiderato real porque beneficiou do decisivo apoio destes importantes dignitários [...] conforme Sales (2008, p. 14).
Foi com a empenhada ajuda destes altos funcionários que a rainha e depois faraó desenvolveu uma consistente teoria política que, para justificar a sua pretensão ao trono real, fazia dela uma filha carnal do grande deus do Império Novo, Amon, concebida de forma milagrosa, segundo Sales (2008, p. 14).
· Educação grega
Esparta e Atenas ocupam um papel de destaques entre as pólis gregas gerando modelo políticos, sociais e culturais distintos entre si, mas que se consolidaram como referência original no desenvolvimento de toda cultura ocidental, conforme Marques (2012, p. 12).
Segundo Cambi 1999, apud Marques 2012, .12):
Nelas, dois ideais de educação vieram a luz: um, o de Esparta, desenvolvendo-se numa perspectiva militarista de “ formação de cidadãos guerreiros, homogêneos à ideologia de uma sociedade fechada e compacta”, o outro, de Atenas baseado na “concepção de paideia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, valoriza o indivíduo e suas capacidades de construção do próprio mundo interior e social” (grifos do autor).
Aspectos da educação egípcia, embora com características próprias, serão encontrados na Grécia Antiga, segundo nos testemunham autores como Heródoto, Platão e Diodoro de Sicília, de acordo com Bittar (2009, p. 17):
As duas culturas – greco-romana e cristã – incorporaram elementos do Oriente Próximo, reconhecendo nos egípcios a origem da cultura, da sabedoria, da instrução, de acordo com Bittar (2009, p. 17)
Antes de tudo, predominava a separação dos processos educativos segundo as classes sociais, porém, menos rígidos e com tendência à democracia, conforme (Bittar 2009, p. 17).
Apesar da democracia existente entre os atenienses, as mulheres não eram consideradas cidadãs, nem as crianças, nem estrangeiros e nem os escravos, pois a esses a cidadania era negada. Portanto, as mulheres não tinham direito de participar da mesma educação que os homens tinham e nem votar nas decisões que envolvia as discussões referentes aos problemas e o futuro da pólis.
Com o surgimento da pólis grega em meados do século VIII a.C., com uma mudança política e social, pois, mesmo com essas mudanças as mulheres não tiveram acesso a esses ambientes, porque era uma democracia escravista acostumado a dominar os ditos inferiores (MARQUES, 2012).
Nesse senário por volta do século VI a.C., começam a tomar forma as primeiras ideias sobre as quais se assentariam o pensamento ocidental, conforme Marques (2012, p. 11).
De acordo com Cambi (1999) apud Marques (2012, p. 11):
A família é o primeiro espaço de socialização do indivíduo, na qual adquire regras de comportamento, assimila sistemas de valores e concepções de mundo. Nela as mulheres exercem um papel secundário e submisso ao homem. Sua vida se desenvolve no interior do òiko (casa), onde fia e tece, organizando a vida da casa, entre nascimentos, casamentos e
mortes, porém sob a chancela e olhares atentos do homem. Suas funções públicas se resumiam a participações em funerais para lamento e choro dos mortos, para a partida e retorno do guerreiro, como portadora do kanòun (cesto sacrifical) nos sacrifícios e nas festividades dançando ou integrando o coro.
As mulheres espartanas, a quem era dada a responsabilidade de gerar filhos fortes e saldáveis, também deveriam exercita-se para ficarem com o corpo em forma (MARQUES, 2012).
· Educação romana
Em seu arcaico modelo cultural, o centro da vida social era ocupado pela família. Nesta, os elementos constituintes, denominados patrícios, submetiam-se a autoridade absoluta do pai. (pater famílias) o qual possuía plenos poderes, inclusive “de vida e de morte” sobre os filhos [...] (CAMBI apud MARQUES 2012, p. 17).
A educação romana em um período arcaico era investida de um caráter pratico, familiar e cívico, se principal objetivo era formar o (civis romanus), ou seja, superior aos outrospovos. Na família o papel central era ocupado pelo pai, que deveria ser reverenciado e temido. Pois era formado antes de tudo na família pelo papel central do pai, mas também da mãe, que era menos submissa e marginaliza no seio familiar em comparação com a Grécia (CAMBI apud MARQUES, 2012).
A mãe romana foi educatrix de seus filhos no sentido mais amplo da palavra, que abarca compôs semânticos indicando tomar conta de alguém nas suas exigências tanto materiais como espirituais: da nutrição à criação, da instrução, do sustento; em suma, de seu crescimento físico e moral (FRASCA apud CAMBI apud MARQUES, 2012, p. 18).
O papel do pai era diferente da mãe, pois ele tinha a autoridade e o intuito de forma o menino para ser um futuro cidadão, e para que pudesse estar no centro familiar. A educação era realizada com dureza abordando cada aspecto da vida da criança (CAMBI apud MARQUES 2012). A educação para as mulheres era direcionada no intuito de preparar-lhes para exercerem seu papel de esposas e mães. (CAMBI apud MARQUES 2012, p.18)
Mesmo depois, gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade romana. O ideal romano de mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar e educativo que não tem nada de marginal. (CAMBI apud MARQUES 2012, p. 18)
2.2 UMA MUDANÇA DE PENÇAMENTO PROMOVIDA PELA HISTORIOGRÁFIA
Genericamente conhecida como positivista, centrava o seu interesse na história política e no domínio público, e predominou no século XIX e inícios do XX. Esta privilegiava fontes administrativas, diplomáticas e militares, nas quais as mulheres pouco apareciam. (SOIHET E PEDRO, 2007, p. 284).
Conforme Soihet e Pedro (2007, p. 284):
Em contraposição a essa modalidade de história, observa-se, ainda, a partir da década de 1920, a emergência do grupo dos Annales, representado por Marc Bloch e Lucien Febvre. Diversamente da historiografia vigente, direcionam seu interesse para a história de seres vivos, concretos, e à trama de seu cotidiano, ao invés de se ater a uma racionalidade universal.
Conforme Soihet e Pedro (2007, p. 284). Grande parte desse retardo se deveu ao caráter universal atribuído ao sujeito da história, representado pela categoria ‘homem’. Acreditava-se que, ao falar dos homens, as mulheres estariam sendo, igualmente, contempladas, o que não correspondia à realidade.
[...] “a tradição historiográfica dos Annales propunha ampliar o leque de fontes e observar a presença de pessoas comuns, ela contribuiu para que as mulheres, posteriormente, fossem incorporadas à historiografia”. “Tal panorama tornou mais factível a integração da experiência social das mulheres na história” [...] (Silva Dias apud Soihet e Pedro 2007, p. 285).
O desenvolvimento de novos campos tais como a história das mentalidades e a história cultural reforça o avanço na abordagem do feminino, como assegura Soihet e Pedro (2007, p. 285).
Segundo Soihet e Pedro (2007, p. 285) [...] a interdisciplinaridade assume importância crescente nos estudos sobre as mulheres.
O marxismo constituiu-se em outra corrente que assumiu posição significativa na historiografia. Majoritariamente, seus seguidores privilegiaram as contradições de classe, considerando secundárias as questões étnicas, assim como a problemática que opõe homens e mulheres. (SOIHET E PEDRO (2007, p. 284)
Dessa forma, as transformações na historiografia, articuladas à explosão do feminismo, a partir de fins da década de 1960, tiveram papel decisivo no processo em que as mulheres são alçadas à condição de objeto e sujeito da História, marcando a emergência da História das Mulheres. (SOIHET E PEDRO, 2007, p. 285)
2.3 O MOVIMENTO FENINSTA
Nos Estados Unidos, onde se desencadeou o referido movimento, bem como em outras partes do mundo nas quais ele se apresentou, as reivindicações das mulheres provocaram uma forte demanda por informações, pelas estudantes, acerca de questões que estavam sendo discutidas. (SOIHET E PEDRO 2007, p. 285)
Ao mesmo tempo, docentes mobilizaram-se, propondo a instauração de cursos, nas universidades, dedicados aos estudos das mulheres. (SOIHET E PEDRO, 2007, p. 285-286)
Conforme Soihet e Pedro (2007, p. 286):
Como resultado dessa pressão, criaram-se nas universidades francesas, a partir de 1973, cursos, colóquios e grupos de reflexão, surgindo um boletim de expressão focalizando o novo objeto: Penélope. Cahiers pour l’histoire des femmes. Multiplicaram-se as pesquisas, tornando-se a história das mulheres, dessa forma, um campo relativamente reconhecido no âmbito institucional.
Constituída a História das Mulheres, de acordo com Joan Scott, uma das mais importantes contribuições das historiadoras feministas foi o descrédito das correntes historiográficas polarizadas para um sujeito humano universal. (SOIHET E PEDRO, 2007, p. 286)
Segundo Soihet e Pedro (2007, p. 286). “Nesse processo, foram fundamentais as contribuições recíprocas entre a história das mulheres e o movimento feminista”.
A história das mulheres não é apenas um ramo da história social. A luta feminista não é apenas uma parte da luta de classe mais geral [...]. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6) [...] “o discurso da identidade coletiva, que favoreceu o movimento das mulheres na década de 1970”. (SOIHET E PEDRO (2007, p. 286),
2.4 A HISTÓRIA DAS MULHERES NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
“A reversão do hiato de gênero na educação é uma conquista feminina recente na história do Brasil”, conforme Beltrão e Alves (2004, p. 3). Existem claras diferenciações entre a “divisão social do trabalho” e a “divisão sexual do trabalho”. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6)
Contudo, para se entender a reversão do hiato de gênero é preciso compreender como as mulheres romperam com a tradição cultural que lhes reservava um papel central – quase exclusivo –
no espaço privado (familiar), enquanto o espaço público era monopolizado pelos homens. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6, grifo meu)
Com base em uma suposta “natureza delicada e sensível”, foi colocada a uma posição culturalmente inferior. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
Durante a maior parte da história brasileira existiu uma divisão sexual do trabalho que, de modo geral, impunha às mulheres as atividades domésticas e de reprodução (privadas) e, aos homens, as atividades extra-domésticas e produtivas (públicas). (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6)
2.5 EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL
Conforme Beltrão e Alves (2004, p. 3). “Durante o período colonial as mulheres brasileiras foram simplesmente excluídas da parca educação formal existente no país”. A economia colonial brasileira fundada na grande propriedade rural e na mão-de-obra escrava deu pouca atenção ao ensino formal para os homens e nenhuma para as mulheres.
No período colonial no Brasil, as mulheres passaram a ter direito à instrução escolar tardiamente. A educação feminina restringia-se então somente a aprender os trabalhos domésticos e maternais, para ser uma boa esposa e mãe. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
Segundo (Ribeiro, 2000 apud Beltrão e Alves, 2004, p. 3), “a tradição cultural ibérica, transposta de Portugal para a colônia brasileira, considerava a mulher um ser inferior, que não tinha necessidade de aprender a ler e a escrever”.
Para Beltrão e Alves (2004, p. 6):
Durante o período colonial, as mulheres brasileiras, vivendo em condições adversas, foram vítimas dos estereótipos da Igreja Católica, as mulheres negras (com exceção das alforriadas) eram escravas e, portanto, não gozavam dos direitos de cidadania e as demais, mesmo gozando de liberdade e direitos abstratos, viviam em isolamento relativo e eram cidadãs de segunda classe, pois não podiam votar e tinham severas restrições quanto ao acesso à escola e ao trabalho extra-doméstico.
2.6 EDUCAÇÃO NO PERÍODO DO IMPÉRIO
Com a independência, em 1822, a sociedade brasileira começou a apresentar uma estrutura social mais complexa. As imigrações internacionais e a diversificação econômica aumentaram a demanda por educação, que passou a ser vista como um instrumento de ascensão social pelas camadas sociais intermediárias. Neste novo contexto,pela primeira vez, os dirigentes do país manifestaram preocupação com a educação feminina. (RIBEIRO, 2000 apud BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
Durante o Império, a legislação estendeu o direito ao ensino primário às mulheres, mas, na prática, elas continuaram excluídas. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 3)
“Os primeiros legisladores do Império estabeleceram que o ensino primário deveria ser de responsabilidade do Estado e extensivo às meninas, cujas classes deveriam ser regidas por professoras”. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4, grifo meu)
Assim, na primeira metade do século XIX, começaram a aparecer as primeiras instituições destinadas a educar as mulheres, mas em um quadro de ensino dual, com claras especializações de gênero. Ao sexo feminino coube, em geral, a educação primária, com forte conteúdo moral e social, dirigido para o fortalecimento do papel de mãe e esposa. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
“desde o período colonial, a educação feminina era restrita ao lar e para o lar, ou seja, aprendiam atividades que possibilitassem o bom governo da casa e dos filhos”. (ARAGÃO e KREUTZ, 2010 apud PEREIRA E FAVARO, 2017)
A mulher era considerada como o “sexo frágil” e foi designada para o mundo privado, ou seja, dedicada aos cuidados domésticos e maternais. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
Porém, devido a falta de professoras qualificadas e sem conseguir despertar maior interesses dos pais, o ensino sequer logrou ensinar uma percentagem reduzida de alunas a ler e a escrever, sendo muito grandes suas deficiências em todo o país. (UNICEF, 1982 apud BELTRÃO E ALVES, 2004,
p. 4)
A educação secundária feminina ficava restrita, em grande medida, ao magistério, isto é, formação de professoras para os cursos primários. As mulheres continuaram excluídas dos graus mais elevados de instrução durante o século XIX. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
O decreto imperial que facultou à mulher a matrícula em curso superior data de 1881. Todavia, os estudos secundários eram caros e essencialmente masculinos. Os cursos normais não habilitavam as mulheres para as faculdades. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
A análise do percurso histórico das mulheres brasileiras no ensino revela que as mulheres enfrentaram diversas dificuldades para obterem o direito ao ensino, pois durante muito tempo a educação da maioria delas foi destinada apenas para o mundo privado. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
A tônica permanecia na agulha, não na caneta. A primeira escola foi criada em Niterói no ano de 1835, seguida pela da Bahia em 1836. Mas escolas normais permaneceram em número pequeno e
insignificante em matrículas, até os últimos anos do Império. (HAHNER, 1981 apud BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
Pode-se afirmar que no decorrer do século XIX houve poucas mudanças em relação à educação feminina, em decorrência das condições econômicas, políticas e culturais brasileiras. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
2.7 EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA
A situação pouco melhorou com a República, em 1889 [...], (BELTRÃO e ALVES, 2004, p. 3). No início do século XX, apesar dos avanços ocorridos com a instituição do trabalho livre e a República, as mulheres brasileiras não conseguiram mudanças fundamentais capazes de reverter o quadro de subordinação existente desde o descobrimento do país. (PENA, 1981 apud BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 7)
O isolamento, a estratificação social e a relação familiar patriarcal favoreceram uma estrutura de poder fundada na autoridade sem limites dos homens donos de terras. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 3)
Para Beltrão e Alves (2004, p. 4):
A Constituição da República, de 1891, consagrou a descentralização do ensino em um esquema dualista: a União ficou responsável pela criação e controle das instituições de ensino superior e secundário nos Estados e no Distrito Federal e aos Estados coube criar e controlar o ensino primário e o ensino profissional de nível médio, que na época, compreendia as escolas normais para as moças e as escolas técnicas para os rapazes
Houve expansão quantitativa do sistema educacional, mas pouca mudança qualitativa. A taxa de alfabetização da população brasileira cresceu durante a República Velha (1889-1930) apesar da manutenção de altos níveis de analfabetismo. Evidentemente, a exclusão educacional sempre foi maior para as mulheres negras. (BELTRÃO E NOVELLINO, 2002 apud BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
2.8 O INGRESSO DA MULHER NA UNIVERSIDADE
Em relação à entrada das mulheres no ensino superior, os Estados Unidos foi o primeiro país a criar esta possibilidade. Segundo Bezerra, 2010 apud Pereira e Favaro, 2017, pode-se constatar que
a “entrada das mulheres na universidade aconteceu primeiramente nos Estados Unidos no ano de 1837, com a criação de universidades exclusivas para as mulheres. É no estado de Ohio que surge a primeira universidade feminina o women’s college”. No caso do Brasil, o início do acesso ao ensino superior feminino deu-se somente no final do século XIX.
Assim, a dualidade e a segmentação de gênero estiveram, desde sempre, presentes na gênese do sistema educacional brasileiro, sendo que as mulheres tinham menores taxas de alfabetização e tinham o acesso restringido aos graus mais elevados de instrução. (ROMANELI, 2001 apud BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
[...] os avanços mais significativos da educação feminina aconteceram após a Revolução de 1930, quando as mulheres mais jovens ultrapassaram os níveis de alfabetização dos homens e iniciaram uma marcha ascendente rumo aos graus mais elevados de instrução (BELTRÃO e ALVES, 2004, p. 3)
Se o sexo feminino tinha dificuldades de acesso ao ensino elementar, a educação superior era eminentemente masculina, ficando as mulheres excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e Direito surgidos no país. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4)
A primeira mulher a obter o título de médica no Brasil foi Rita Lobato Velho Lopes, em 1887. O importante a notar é que, durante o século XIX e a primeira metade do século XX, a exclusão feminina dos cursos secundários inviabilizou a entrada das mulheres nos cursos superiores. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 4).
Atualmente, porém, constata-se que as mulheres ultrapassaram os homens no cenário educacional brasileiro em todos os níveis, na busca de garantias para que um dia possam ocupar um lugar de igualdade junto aos homens perante a sociedade, principalmente, no que se refere a sua atuação profissional. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
As mulheres brasileiras aumentaram a entrada no ensino secundário e superior no início do século XX, mas em proporção muito menor do que os homens (Beltrão e Alves 2004, p. 5).
A tabela 1 mostra que no Distrito Federal, entre 1907 e 1912, a presença feminina nos cursos secundários era menos de um quarto do total de estudantes e, nos cursos superiores, as mulheres não alcançavam 1,5% do total de alunos, isto para o Rio de Janeiro que apresentava uma das melhores taxas educacionais do país, segundo Beltrão e Alves (2004, p. 5).
Tabela 1 Número de inscritos no ensino secundário e superior Distrito Federal: 1907-1912
	Nível secundário
	Nível superior
	Anos
	Homens
	Mulheres
	%Mulheres
	Homens
	Mulheres
	%Mulheres
	1907
	3.721
	1.221
	24,7
	2.455
	32
	1,3
	1909
	4.596
	1.460
	24,1
	3.323
	39
	1,2
	1912
	7.165
	2.145
	23,0
	3.630
	52
	1,4
Fonte: Estatísticas do século XX, IBGE (2003), segundo Beltrão e Alves (2004, p. 5).
Segundo o IBGE nos mostra em uma pesquisa nacional por amostra de domicílio contínuo no segundo trimestre de 2016, as mulheres passam ter mais escolaridade do que os homens, o destaque se dá no ensino superior, o qual indica uma superioridade das mulheres no Brasil. Destaco as seguintes informações:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 13,5 (brancos 20,7 e preto ou pardo 7,0), em comparação com as mulheres que é de: 16,9 (brancas 23,5 e preta ou parda 10,4).
De 25 a 45 anos de idade:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 15,6 (brancos 24,2 e preto ou pardo 8,7), em comparação com as mulheres que é de: 21,5 (brancas 31,0 e preta ou parda 13,4).
De45 anos ou mais de idade:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 11,6 (brancos 17,8 e preto ou pardo 5,2), em comparação com as mulheres que é de: 12,9 (brancas 17,8 e preta ou parda 7,5).
Isso nos mostra que de 2012 – 2016 o número de mulheres que concluíram o ensino superior em todas às regiões do Brasil, vem aumentando cada vez mais. Isso em quase dois séculos, com seu acesso limitado à educação brasileira no princípio. Com essa proporção dos números, às mulheres estarão cada vez mais presentes em todas às áreas de trabalho, inclusive na educação.
Pesquisas recentes indicam que as mulheres tem sido maioria em todos os níveis de ensino no Brasil, inclusive o superior. De acordo com os dados do Plano Nacional de Qualificação, do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, as mulheres lideram a presença em escolas, universidades e cursos de qualificação (PEREIRA E FAVRO, 2007).
2.9 A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E A DESIGUALDADE SALARIAL
Com a intensificação da industrialização e da urbanização do país o sistema educacional cresceu horizontalmente e verticalmente. As mudanças na divisão social do trabalho – que ocorreu com o processo de urbanização, industrialização e terceirização da economia – aumentaram as oportunidades educacionais para ambos os sexos. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6)
Desta forma, durante o período do chamado Pacto Populista (1945-1964), o sistema escolar passou a sofrer a pressão social por níveis crescentes de acesso à educação, mas o acordo das elites no poder buscava manter o caráter “aristocrático” da escola e conter a pressão popular pela democratização do ensino. (BELTRÃO E ALVES, 2004, p. 6).
Para Beltrão e Alves (2004, p. 6):
Assim, não estranha que a expansão da cobertura escolar tenha ocorrido de forma improvisada e insuficiente. Para efeito do nosso estudo, é importante destacar que somente em 1961, através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Brasileira, foi garantida equivalência de todos os cursos de grau médio, abrindo a possibilidade das mulheres que faziam magistério disputarem os vestibulares. Portanto, foi a partir dos anos 60 que as mulheres brasileiras tiveram maiores chances de ingressar na educação superior.
Para Beltrão e Alves (2004, p. 5):
Os governos militares, instalados no país após 1964, tomaram medidas para atender a demanda crescente por vagas e qualificação profissional, de acordo, inclusive, com os compromissos internacionais. A aliança entre os militares e a tecnoburocracia possibilitou um grande crescimento da pós-graduação, com o objetivo de formar professores competentes para atender a demanda da própria universidade, estimular o desenvolvimento da pesquisa científica e assegurar a formação de quadros intelectuais qualificados para atender às necessidades do desenvolvimento nacional
Apesar de revelar um avanço significativo no âmbito de sua escolarização, [...] as mulheres ainda estão sujeitas a uma menor remuneração em relação aos homens, mesmo que desempenhem uma atividade idêntica a eles. (BRASIL, 2016 apud PEREIRA E FAVARO, 2017).
[...] os “estudos apontam que as mulheres têm mais escolaridade que os homens, mas isso não tem sido determinante para que ela possa entrar em setores mais qualificados e, mesmo ela estando nesses setores, ela recebe menos e não é valorizado o seu grau de instrução”. (BRASIL, 2016 apud PEREIRA e FAVARO, 2017).
Apesar dessa condição desfavorável para a mulher, constata-se que no âmbito da sua escolarização e de sua inserção no mercado de trabalho houve alterações substantivas no decorrer dos últimos anos. (PEREIRA E FAVARO, 2017)
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho tem o enfoque qualitativo-quantitativo da superação das mulheres na sociedade, pois houve uma mudança do quadro, no que diz respeito a educação, escolaridade e sua inserção no mercado, que em dois séculos elas superaram em nível de instrução os homens e também conquistaram o mercado de trabalho, mas ainda existe o problema da desigualdade salarial, pois isso prova que o preconceito de gênero ainda está vivo em nossa sociedade.
Conforme Aguiar e Tourinho (2011) [...] a investigação qualitativa que ganhou um importante desenvolvimento conceitual e metodológico e foi utilizada em estudos variados relacionando, por exemplo, depressão e família, mulher e mercado de trabalho, entre outros.
Pode-se dizer que a pesquisa quantitativa o foco de sua investigação é a quantidade, pois é caracterizado pelo emprego da quantificação, tanto na modalidade da coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.
Conforme André apud Aguiar e Tourinho (2011). Em relação à pesquisa qualitativa [..] chama atenção para o fato de que o uso generalizado, amplo e às vezes pouco explicitado, do termo qualitativo tem gerado alguns equívocos, especialmente, no que tange a uma pretensa oposição entre qualitativo-quantitativo.
Por isso, ela sugere que ambas as denominações sejam utilizadas “[...] para diferenciar técnicas de coleta, ou até melhor, para designar o tipo de dado obtido [...]” (André apud Aguiar e Tourinho, 2011).
Nesta pesquisa o instrumento de utilizado será o meio eletrônico, pois o atual trabalho será feito por meio do procedimento de pesquisa bibliográfica, que será feito através das leituras indicadas: 1°) Marisa Bittar (2009) ao falar sobre a educação da antiguidade à contemporaneidade, o que me chama muito atenção é a sua abordagem sobre as meninas não terem a mesma educação que os meninos, as meninas não frequentarem o mesmo ambiente escolar que os meninos, quando tiveram acesso à educação; 2°) Vera Marques (2012) me inspirou à incluir seu trabalho, de fato, foi sua abordagem da história da educação na antiguidade clássica, da história da educação romana e suas contribuições para a sociedade ocidental; 3°) Rachel Soihet; Joana Maria Pedro (2007) foi fato de elas abordarem à emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero, que
através de uma mudança de concito por parte da historiografia as mulheres passam a ser abordadas e isso contribuiu para essa quebra de paradigma; 4°) José Sales (2008) ao abordar a história das mulheres faraós que tiveram um papel importante no antigo Egito; 5°) Ana Cristina Pereira; Paranavaí Favaro (2017) com sua contribuição ao abordar à história da mulher e seu acesso ao ensino superior; 6°) Beltrão; Alves (2004) ao tratar da reversão do hiato de gênero na educação brasileira do século XIX e XX, quando a mulher era destina ao ambiente privado (lar) e o homem o ambiente público , ou seja, externo ao lar.
As ferramentas utilizadas para esta coleta de dados e para a análise das informações obtidas será software. Este trabalho trouxe temas como esses, procurando contribuir para que você compreenda que tudo isso foi e continua sendo um processo construído historicamente, ou seja, que nem sempre existiu. Portanto, ao emprega-los neste artigo, a intenção é mostrar que podemos viver em uma sociedade com igualdade e sem preconceito superando à descriminação de gênero.
Pois, o que levou-me à elaboração deste trabalho e à escolha dessa metodologia? Esta escolha foi concebida com o intuito de conscientizar a sociedade sobre a descriminação de gênero, que em parte foi superada por nossa sociedade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta tabela comprova que houve um aumento do acesso das mulheres na educação institucionalizada no Brasil, em especifico no ensino secundário e superior no início do século XX, [...] “mas em proporção muito menor do que os homens”, segundo Beltrão e Alves (2004, p. 5).
Tabela 1 Número de inscritos no ensino secundário e superior Distrito Federal: 1907-1912
	Nível secundário
	Nível superior
	Anos
	Homens
	Mulheres
	%Mulheres
	Homens
	Mulheres
	%Mulheres
	1907
	3.721
	1.221
	24,7
	2.455
	32
	1,3
	1909
	4.596
	1.460
	24,1
	3.323
	39
	1,2
	1912
	7.165
	2.145
	23,0
	3.630
	52
	1,4
Fonte: Estatísticas do século XX, IBGE 2003, conforme Beltrão e Alves (2004, p. 5).
Segundo o IBGE nos mostra emuma pesquisa nacional por amostra de domicílio contínuo no segundo trimestre de 2016, as mulheres passam ter mais escolaridade do que os homens, o destaque
se dá no ensino superior, o qual indica uma superioridade das mulheres no Brasil. Destaco as seguintes informações:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 13,5 (brancos 20,7 e preto ou pardo 7,0), em comparação com as mulheres que é de: 16,9 (brancas 23,5 e preta ou parda 10,4).
De 25 a 45 anos de idade:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 15,6 (brancos 24,2 e preto ou pardo 8,7), em comparação com as mulheres que é de: 21,5 (brancas 31,0 e preta ou parda 13,4).
De 45 anos ou mais de idade:
· Ensino superior completo que totalizam: A proporção dos homens é 11,6 (brancos 17,8 e preto ou pardo 5,2), em comparação com as mulheres que é de: 12,9 (brancas 17,8 e preta ou parda 7,5).
Ao analisar a tabela 1, percebemos que no Distrito Federal, entre os anos de 1907 e 1912, a presença do sexo feminino nos cursos secundários era menos de um quarto do total de estudantes e, nos cursos superiores, as mulheres não alcançavam 1,5% do total de alunos, isto na capital do Rio de Janeiro que apresentava uma das melhores taxas educacionais do país. Ao compararmos com a amostra 2 teremos um começo tímido do ingresso das mulheres na educação, mas com o passar dos anos isso muda e veremos que as mulheres superam os homens no que diz respeito a escolaridade.
A pesquisa do IBGE nos mostra que de 2012 – 2016 o número de mulheres que concluíram o ensino superior em todas às regiões brasileiras vem aumentando cada vez mais, e isso em quase dois séculos após seu acesso limitado à educação brasileira, que com a primeira carta magna lhes foi proporcionado. Com essa proporção dos números, as mulheres ultrapassaram os homens cada vez mais em nível de escolaridade e com isso os homens estarão perdendo cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Pesquisas recentes indicam que as mulheres tem sido maioria em todos os níveis de ensino no Brasil, inclusive o superior [...], conforme Pereira e Favaro (2007).
Segundo o estudo feito pelo IBGE, mostra que as mulheres ganham menos do que os homens em todas as ocupações selecionadas na pesquisa. Mesmo com uma queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, as trabalhadoras ganham, em média, 20,5% menos que os homens no pais. Segundo Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro. Publicado em 08/03/2019.
“As maiores proximidades de rendimento, ainda que não haja igualdade, ocorreram no caso dos professores do ensino fundamental, em que as mulheres recebiam apenas 9,5% menos que os homens”, afirmou a analista da Coordenação de Trabalho do IBGE, Adriana Beringuy.
Para que posamos superar essa desigualdade salarial, precisa o legislativo elaborar leis que possam banir esse paradigma pré-estabelecido, pois ao elaborar uma lei que puna essa arbitrariedade que existe. Segundo o artigo 5º da constituição brasileira “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]. Pois, no inciso I - Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta constituição. Isso nos prova que em nossa constituição não há distinção de gênero.
Este trabalho tem o intuito de colaborar com a nossa sociedade para combater tal descriminação de gênero, que ainda existe em nosso meio, mas mostrei que houve uma mudança muito grande do que era, para o que se tornou hoje, e podemos melhorar mais, se nos conscientizarmos e semearmos esta igualdade, o mundo se tornará um lugar melhor. Pois essa igualdade não é praticada de fato, se assim fosse, não existiria ainda uma desigualdade salarial entre homens e mulheres.
5. CONCLUSÕES
Como se sabe, o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção requer cada vez menos o trabalho braçal, necessitando-se cada vez mais de trabalho intelectual. Consequentemente, criam-se condições cada vez mais favoráveis para a inserção do trabalho da mulher nos mais diferentes ramos de atividade. Ao estudar cada vez mais, as mulheres se preparam para assumir não apenas outras funções no mercado de trabalho, mas sim para assumir aquelas de comando, liderança, cargos em que antes predominavam o terno e a gravata. Essa guinada em seu papel social reflete não apenas nas relações de trabalhos em si, mas fundamentalmente nas relações sociais com os homens de maneira em geral. Isto significa que mudanças no papel da mulher requerem mudanças no papel do homem, o qual passa por uma crise de identidade ao ter de dividir um espaço no qual outrora reinava absoluto.
Mulheres com maior grau de escolaridade diminuem as taxas de natalidade (têm menos filhos), casam-se com idades mais avançadas, possuem maior expectativa de vida e podem assumir o comando da família como no exemplo da propaganda de automóvel citada. Obviamente, vale dizer
que as aspirações femininas variam conforme seu nível de esclarecimento, mas também conforme a cultura em que a mulher está inserida.
Contudo, é preciso se pensar que mesmo com todas essas mudanças no papel da mulher, ainda não há igualdade de salários, mesmo que desempenhem as mesmas funções profissionais, ainda havendo o que se chama de preconceito de gênero. Além disso, a mulher ainda acaba por acumular algumas funções domésticas assimiladas culturalmente como se fossem sua obrigação e não do homem – funções de dona de casa. Da mesma forma, infelizmente a questão da violência contra a mulher ainda é um dos problemas a serem superados, embora a “Lei Maria da Penha” signifique um avanço na luta pela defesa da integridade da mulher brasileira.
REFERÊNCIAS
BITTAR, Marisa. História da educação: da antiguidade à época Contemporânea. São Carlos : EdUFSCar, 2009.
MARQUES, Vera Regina Beltrão. História da educação. 1 Ed., ver. – Curitiba-PR: IESDE Brasil S.A, 2012.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. Departamento de História,Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus Universitário, Trindade,Florianópolis – SC – Brasil, 2007.
https://ww2.ibge.gov.br/home
SALES, José das Candeias. Hatchepsut: a mulher que foi faraó. “boletim informativo da
Associação de solidariedade social dos professores” [Em linha]. N° 152 (Março/Abril 2008), p. 13- 14).
PEREIRA, Ana Cristina Furtado; FAVARO, Paranavaí Neide de Almeida Lança Galvão. História da mulher no ensino superior e suas condições atuais de acesso e permanência. FORMAÇÃO DE PROFESSORES CONTEXTO, SENTIDO E PRÁTICA. IV Seminário internacional de representações, subjetividade e educação – SIRSSE. VI Seminário internacional sobre profissionalização docente. (SIPD CATEDRA UNESCO), 2017.
BELTRÃO, Kaizô Iwakami; ALVES, José Eustáquio Diniz. A reversão do hiato de gênero na educação brasileirano século XX. XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.
OLIVEIRA, Nielmar de, Agência Brasil Rio de Janeiro, Publicado em 08/03/2019.
SENADO FEDERAL, Atividade Legislativa. Constituição da República Federativa do Brasil- art. 5º. Fonte: https//www.senado.leg.br./atividade/const/con1988/con1988-15.12.2016/art-5-.asp

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