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LICENCIATURA EM FILOSOFIA PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA (PE:ID) POSTAGEM 1: ATIVIDADE 1 REFLEXÕES REFERENTES AOS 13 TEXTOS Paulo César Gonçalves Ferreira RA 1909655 POLO UNAÍ 2019 SUMÁRIO 1. TEXTOS PARA ATIVIDADE DE REFLEXÃO ...............................................3 1.1Educação? Educações: aprender com o índio ..............................................3 1.2 O fax do Nirso................................................................................................5 1.3 A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo) ...........................6 1.4 Uma pescaria inesquecível ...........................................................................7 1.5 A Folha Amassada ........................................................................................7 1.6 A Lição dos Gansos ......................................................................................8 1.7 Assembleia na Carpintaria ...........................................................................9 1.8 Colheres de Cabo Comprido ......................................................................10 1.9 Faça parte dos 5%.......................................................................................10 1.10 O Homem e o Mundo ................................................................................12 1.11 Professores Reflexivos .............................................................................13 1.12 Um Sonho Impossível? .............................................................................13 1.13 Pipocas da Vida ........................................................................................14 REFERÊNCIAS ................................................................................................15 1 TEXTOS PARA ATIVIDADE DE REFLEXÃO 1.1 Educação? Educações: aprender com o índio Para o escopo destareflexão, considerando as questões junto ao texto apresentado no livro-texto de Prática de Ensino – Introdução à Docência, como delimitador do foco do assunto ao tema educação, e como ponto de partidadesta reflexão focarei de uma forma geral na influência e vínculos da cultura na educação de um povo, ou nação,organizadode que forma for. Otema educação é inevitável quando se refere a cultura humana, pois esta não existe sem a formação de uma sociedade de pessoas que vivem de modo interativo e passam conhecimento e saber para as gerações futuras,por meio de um sistema de ensino educativo. O termo cunhado como “falta de educação” se trata de uma expressão popular que significa que alguém, ou um grupo de pessoas, comporta-se fora dos padrões de costumes bem aceitos no meio social, e muitas vezes os comportamentos são ocasionados por atitudes ofensivas ao que é ensinado como bons costumes ou boa prática cultural. Isto significa também que o processo educador da sociedade não é completo, e mesmo que alguém tenha um bom nível de educação este não está isento das falhas e de cometer erros por falta de conhecimento, ou por exaltação de temperamentos. Ademais, a educação não é homogênea em uma nação ou em um estado da federação, nem mesmo num bairro de uma cidade. Para exemplificar, já ouvimos a expressão de que existe vários “Brasis dentro do Brasil”, o que quer dizer que a cultura brasileira é multifacetária quanto se trata do resultado do sistemaeducador de cada região do país, onde a variedade de meios e condições geográficas e ambientais são diferentes, e as comunidades adaptam o conteúdo de sua aprendizagem com as necessidades mais imediatas do meio em que vive, formando assim características culturais diferentes e determinantes. Mas não é só a relação homem e meio ambiente que constroem as diferenças culturais ou educacionais de uma região, mas também a influência imigratória de povos de outros países que trazem consigo um conhecimento prévio aprendido, e isto vem acontecendo continuamente desde os primórdios da formação das nações. A escola é a principal instituição formadora da educação de uma nação ou país, mas não é o único meio de ensino e aprendizagem do cidadão como membro atuante e portador do conhecimento necessário para caracterizar uma sociedade. Existe o ensino e o aprendizado informal ou não acadêmico que é efetivo no meio social, que acontece dentro das famílias, nos ambientes de trabalho, nos grupos sociais organizados e instituídos pela cooperação e vontade popular, nas instituições religiosas, nas organizações filantrópicas e em outros grupos que existem para favorecer à comunidade na sua formação e identidade.A mensagem principal da resposta da nação indígena americana contra o processo de dominação cultural branca é a negação dos modelos de educação impostos, sem considerar os reais valores que fortalecem a cultura indígena e o próprio povo na sua identidade construída nos símbolos e significados desde tempos remotos. A força educacional constituinte da cultura de um povo pode ser usada como um instrumento de dominação de uma cultura sobre a outra, e assim reforçar as estratégias de domínio de um povo sobre o outro pelo poder da submissão. Um exemplo típico foi usado pelos portugueses durante a colonização brasileira entre o século XVI e meados do XVIII, que utilizaram os fundamentos do catolicismo como meio facilitador para subjugar dos nativos que aqui se encontravam, no caso os índios brasileiros, aos quais foram ensinados os conteúdos bíblicos através das catequeses da Ordem Religiosa dos Jesuítas, que fundaram comunidades indígenas para passarem as instruções religiosas junto com o ensino da cultura portuguesa, através de um modelo educacional europeu colonizador. Para finalizar, pode-se perceber que o poder da educação está revestido de muitos interesses desde os tempos mais antigos, e que ainda hoje exerce grande influência no processo político de dominação de massa, principalmente quando há antagonismo político dentro da nação, onde a disputa pelo poder financeiro e político é acirrada entre partidos ou grupos de interesse. O processo da globalização das relações culturais entre povos fortaleceu e acelerou a disseminação e a variedade de múltiplas áreas do conhecimento, criando um mundo mais complexo em todos os sentidos, especialmente na transformação dos modelos de ensino e aprendizagem necessários para acompanhar as transformações das sociedades no planeta, que se tornam cada vez mais interdependentes nas formas de organização e desenvolvimento. 1.2 O fax do Nirso Para a reflexão sobre o texto contido no livro-texto de Prática de Ensino – Introdução à Docência, delimitando o foco do assunto ao tema “educação e mercado de trabalho”, tem-se uma narração de um acontecimento fictício numa empresa de venda de peças,onde um vendedor semianalfabeto tem um grande talentopara realizar vendas. Ele mantém contato constante com seu gerente sobre o seu sucesso de vendas de peçasem várias capitais do país. O gerente se incomoda com o alto grau de erros ortográficos e de fluência gramatical do Nirso, e logo reporta ao presidente da empresa as correspondências com os erros de português. Porém, o presidente não dá importância à questão dos erros de português do Nirso, mas se admira e elogia a habilidade e capacidade de vender do funcionário, atitude rara e incomum na empresa. Diante do fato surge de imediato um questionamento se “a educação escolar está perdendo espaço no mercado de trabalho”. A pergunta é bastante abrangente, mas as duas outras questões feitas convergem para a regra geral em que o mercado de trabalho é cada vez mais exigente quanto ao nível de escolaridade do trabalhador, e consequentemente há um aumento da competividade para a ocupação das vagas no mercado de trabalho, que exigeconhecimento concreto de formação acadêmica na prática e comprovação por diploma oficial da escola. Sabe-se que as escolas oficializadas e normatizadas pelo sistema educacional brasileiro não suprem a formação acadêmica necessária do indivíduo para ingressar no mercado de trabalho, pois as deficiências do aprendizado nas escolas são repassadas socialmente para as outras instituições não acadêmicas, ou seja, para as empresas públicas ou privadas e instituições comerciais que exigem um mínimo de escolaridade competente para o mercado de trabalho e que,devido à evolução tecnológica globalizada, esse mínimo de escolaridade aumenta a exigência de mais titulação em diplomas acadêmicos, caracterizando que a escola realmente está perdendo espaço para acompanhar as exigências do mercado de trabalho. O caso apresentado no texto mostra uma das alternativas das empresas, que reconhece e prefere manter uma pessoa talentosa e competente afinadacom os objetivos da empresa, mesmo sabendo que a eficiência do sistema de ensino não foi suficiente para concretizar o aprendizado da educação formal acadêmica do indivíduo, no caso a do Nirso. No caso, o presidente da empresa demonstrou mais sensibilidade ao talento e à potencialidade de Nirso como vendedor do que o diretor, que por sua vez estava mais sensível aos erros do que o potencial e à capacidade de Nirso. 1.3 A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo) Os questionamentos apresentados no livro-texto direcionam o tema para a dúvida sobre as verdades, ou uma verdade, anunciadas ou tidas como absolutas. A História de Chapeuzinho Vermelho (na versão do lobo) é um exemplo típico de que uma realidade pode ser vista ou observada de várias maneiras, seja por pessoas ou observadores que enxergam aspectos ou questões que não fazem parte do repertório consolidado pela tradição ou pelo senso comum de uma época. A visão da preocupação com o meio ambiente é uma realidade do mundo atual, da mesma forma que a liberdade de expressão tem dado às pessoas, em geral, cada vez mais oportunidades de mostrar um pensamento diferente, uma ideia inovadora que nunca tenha sido pensada entes por alguém a saber, mas que serve para ampliar a visão relativista da realidade. Vimos na fala do lobo a preocupação com o meio ambiente e com os demais membros daquela comunidade, ou seja, dos habitantes daquela floresta. O pensamento filosófico tem como fundamento principal a dúvida como condição indispensável para buscar a verdade ou a realidade dos fatos ou dos fenômenos pelo uso da razão, elegendo o questionamento e a tentativa de esclarecimento como o caminho honesto do julgamento e conclusão. Porém, o pensamento filosófico não é garantia de um método infalível da busca do conhecimento definitivo, pois a própria realidade não é imutável, está sempre se transformando conforme as circunstâncias da própria natureza do desenrolar dos acontecimentos no tempo e no espaço. 1.4 Uma pescaria inesquecível A história do livro-texto ilustra uma situação em que demonstra de forma muito clara sobre o que é um comportamento ético. Há várias definições de ética, mas há apenas um tipo de comportamento que de fato é ético: fazer o certo sabendo que é o correto e justo a fazer. A ética tem muito haver com a conduta moral, pois a moralidade é determinada a partir de princípios aceitos pela tradição e consumado pela prática comum a todos os membros da sociedade, cujos valores são considerados justos. Porém, os princípios éticos têm o poder de transformar a realidade quando questiona a validade das normas e leis sociais, quanto ao que seja de fato o certo e o errado, à medida que evolui da consciência o conceito de justiça. A ética só vem fazer parte do comportamento e do caráter de uma pessoa se for ensinado seus princípios desde tenra idade, conforme fez o pai do garoto na história ilustrativa do livro-texto. É um processo que de fato só é praticado nas situações que exigem a decisão de fazer o certo ou o errado, e a opção pelo fazer certo tem um conhecimento prévio a respeito do que é correto fazer. Então, pode-se observar que grande parte das escolas brasileiras de educação básica não oferece na grade curricular o ensino sobre o que é ética, para dar a oportunidade de os jovens agirem de forma ética e consciente durante as situações em que se apresentarem o dilema entre o certo e o errado. A falta de princípios éticos bem fundamentados na sociedade permite que sejam veiculados nos meios de comunicação princípio aéticos, tal como a Lei do Gerson que induz as pessoas a pensarem em “levar vantagem em tudo”, reforçando a ideologia capitalista de que os meios justificam os fins. 1.5 A Folha Amassada O questionamento apresentado no livro-texto sobre uma situação de comportamento hostil de um aluno para com seus colegas, que foi repreendido pelo professor de forma instrutiva o ajudando a observar e analisar as consequências de suas atitudes que ofendiam as pessoas, também está direcionado a qualquer um que é convidado a fazer autocrítica das ações e atitudes contra outras pessoas que se sentem ofendidas. Uma folha de papel uma vez amassada nunca mais volta ao normal, por mais que tentemos reparar as marcas que a ação de amassamento causou. Ficou claro que lidar com as pessoas envolveuma preparação contínua através de reflexões e autoanálise comportamental, pois interagir com pessoas exige bom senso amadurecido pela prática contínua de autocontrole emocional e de exercícios do pensamento, que envolvem empatia e sensibilidade antes de serem transformados em palavras ou ações. Partindo do exemplo mostrado, pode-se ver claramente que a preparação de um professor vai além do conteúdo teórico sobre ensino- aprendizagem no âmbito do conhecimento cognitivo, pois envolve o professor como pessoa com todos os seus trejeitos, preferências, afetividade e emoção, que deverão também ser objeto de preparação e avaliação. Há pessoas que trazem consigo um complexo de sentimentos familiares e pessoais, que por sua vez fazem parte da personalidade e do temperamento delas, e a agressividade não é descartável de ser um problema que o professor deverá lidar nas salas de aula. E, necessariamente, não precisa ser um aluno problema para ter um comportamento explosivo, porque cada pessoa tem limites suportáveis de tensão ou desconforto psicológico antes de uma reação negativacontraalgum transtorno. A prática de atividades recreativas e de lazer com a família é fundamental para o professor manter-se psicológica e afetivamente equilibrado. O cuidado com o corpo físico melhora a autoestima, e práticas esportivas ou atividades físicas feitas regularmente na semana fortalece todo o sistema orgânico e baixa o estresse do corpo e da mente. 1.6 A Lição dos Gansos A história da Lição dos Gansos no livro-texto ilustra a importância do esforço direcionado ao bem comum, onde cada um poderá dar o melhor de si em benefício de muitos e, ao mesmo tempo, também se beneficiar através da comunidade quando os esforços e a energia gasta tem mesma direção e sentido, ou seja, os objetivos e interesses convergem para favorecer a todos na forma mais democrática possível. Na natureza podemos encontrar outras situações semelhantes à narrada na Lição dos Gansos, onde a cooperação entre os membros de um grupo promove um menor esforço com ganho de energia para cada indivíduo e alcançam um resultado otimizado para todos. O exemplo acima serve para avaliar o que seria o papel do professor nas escolas, como líder numa sala de aula, que pretende trabalhar a melhor forma para ensinar o aluno a construir o seu próprio conhecimento a partir de avanços consolidados no trabalho e nas experiências de muitos outros líderes em vários campos do conhecimento. Eu mesmo ainda não me sinto preparado para ser um professor capazde lidar com a disciplina na sala de aula, por exemplo. Disciplina não se consegue só com a teoria aprendida nos currículos das faculdades ou universidades para formar professores, mas vai muito além, porque exige a prática da didática e o contato diários com os alunos. O professor também precisa sentir e receber o estímulo de seus colegas de trabalho na escola, e ter afinidade com os objetivos da escola defendidos pela direção, procurando participar sempre das reuniões e avaliações críticas sobre desempenho na escola, com o intuito de melhorar sempre. 1.7 Assembleia na Carpintaria Mais uma vez a história do livro-texto destaca a importância do trabalho comunitário a partir das qualidades de cada um dos membros da comunidade. As questões são levantadas em torno de como usar as qualidades em favor de uma pessoa, mas também é importante que a pessoa aprenda a ver os próprios defeitos e usar a seu favor esse conhecimento para melhorar suas qualidades, ou reforçar as habilidades pela correção dos erros involuntários que passam despercebidos, mas se tornam defeitos quanto passam a fazer parte de maus hábitos. Para incentivar e direcionar um trabalho solidário com eficiência, para alcançar os objetivos e metas propostas em grupo, é necessário que as pessoas aprendam a ver claramente as qualidades umas das outras. Ninguém faz tudo tão bem que não possa receber ajuda ou ensinamento de outros, e sempre haverá um outro que fará uma tarefa ou trabalho melhor do que você, porque talento e capacidade são diversificados em graus e intensidadenas pessoas humanas, e a vida em comunidade não existiria se não fossem reconhecidos o valor e a capacidade inatas de cada um de seus membros, e que podem ser aperfeiçoadas quando trabalhadas em coletividade. Isso é o que acontece nas escolas se o professor souber reconhecer e incentivar a cada um de seus alunos conforme a capacidade e o talento de cada um. 1.8 Colheres de Cabo Comprido Concretamente o trabalho em equipe é o modo mais eficiente e completo para alguém executar a sua parcela de contribuição na sociedade em que vive. Não é apenas porque o ser humano é por natureza um animal que vive em sociedade ou organizado em comunidades que o torna um ser solidário. A solidariedade exige da pessoa o desdobramento de seu “eu” para pensar no outro como uma extensão de sua condição humana, ao mesmo tempo em que reconhece que é um ser dependente da ajuda de outros, e também responsável por aqueles que dependem da sua condição de membro contribuinte, ou do trabalho que aprendeu fazer e que outros não sabem fazer. Portanto, partindo da premissa de que “ninguém pode dar o que não tem”, é mister para o estudante de qualquer profissão, especialmente para a profissão de futuro professor ou professora, que se pergunte se realmente possui o talento e a capacidade de assumir um aluno e ajudar a torná-lo um cidadão acima de tudo, que seja capaz de exercer sua função na sociedade. Assim também me pergunto se serei capaz de entender perfeitamente o sentido da sociabilidade do aluno durante a aprendizagem, e também despertar nele o senso de sociabilidade que o forme como um cidadão capaz e competente para trabalhar na sociedade. O resultado deve se traduzir numa condição de ambivalência e reciprocidade, ou seja, só posso dizer que fui capaz de ensinar um aluno a ser um cidadão sociável e competente para trabalhar em equipe se eu realmente consegui trabalhar com ele, e junto com ele, seus colegas e a escola, e conseguimos ter sucesso. 1.9 Faça parte dos 5% O professor na história do livro-texto viveu um momento de dificuldade para disciplinar a sua turma, e então, num rompante enérgico para dominar a turma contou através de uma afirmação que apenas 5% do grupo das pessoas no mundo fazem realmente a diferença por fazer algo de valor que muda a vida de muitas pessoas, mas que o restante do grupo, ou seja, os 95% das pessoas servem apenas para fazer volume e não fazem nada importante. Essa afirmação marcou o aluno e o fez mudar de atitude na vida, pois a partir daquele dia ele sempre procurou fazer o melhor de si, mas sem garantias de que estaria entre os 5%. Porém o questionamento que vem depois convida o leitor a pensar a respeito da veracidade da afirmação. Será que realmente está correto que são apenas 5% do grupo das pessoas ou isto é muito? Realmente saber disso faz com que as pessoas mudem de atitude a ponto de trocar de grupo? O raciocínio do experiente professor, de trabalhar para os 5% está correto? Não são questões fáceis de responder, mas traz um fundo de verdade, apesar de não se poder afirmar com certeza que os números são esses mesmos sem fazer uma pesquisa ou um trabalho minucioso de estatística em todos os campos de atividade humana. A atitude do professor surtiu efeito na turma, que aceitou como verdadeira a afirmação do professor sem questionamentos, e mudou a postura disciplinar dos alunos diante se suas aulas pelo menos. Porém, quando o professor diz: “É uma pena muito grande não termos como separar esses 5% do resto, pois, se isso fosse possível, eu deixaria apenas esses alunos especiais nesta sala e colocaria os 95% restantes para fora, e então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranquilo à noite, sabendo ter investido nos melhores.” Me parece que a afirmação do professor foi por demais radical e deixou transparecer uma opinião de exclusão de pessoas,considerandoa sua posição de professor como líder na sala de aula. A liderança as vezes precisa de posturas firmes e enérgicas, mas esta não deverá ser exercida a qualquer preço ou a ponto de não deixar poucas alternativas pela forma impositiva que é ministrada. O ponto de partida deveria ser inclusivo, ou seja, partir de um universo em que a turma é especial por estar ali, e que juntos todos poderiam fazer o seu melhorse realmente estivessem dispostos a aprenderem o que o professor teria para ensinar e o que eles teriam para aprender. 1.10 O Homem e o Mundo A partir do momento que um ser humano chega ao mundo, ou seja, nasce para o mundo, vem com ele os seus problemas. O problema do homem é inerente à sua própria condição de ser racional, dotado de inteligência, que lhe dá uma incomparável vantagem em relações aos outros animais do planeta que são preponderantemente instintivos. Nós humanos, desde o instante em que passamos a usar a inteligência como diferencial, passamos a dominar a natureza e os outros animais, resolvendo problemas práticos para a sobrevivência da espécie e nos tornamos senhores da Terra, mas também nos tornamos o principal responsável pela conservação do planeta e da vidas que nele contém. Mas apesar de toda inteligência, o ser humano sempre teve dificuldades em lidar com seus iguais, e os conflitos entre grupos humanos também sempre fizeram parte da luta pela sobrevivência, principalmente quando o homem descobriu a propriedade, o poder de ser dono de partes da superfície do planeta delimitando territórios. A propriedade passou a ser um bem de família que passa de uma geração a outra, onde os membros mais velhos ou mais experientes ensinam aos mais novos a manter o legado. E a partir daí o homem passou temer o próprio homem e construir armas para defender a si, seus familiares e sua propriedade de estranhos. Hoje, temos em todo o planeta constantes conflitos mortais entre nações, regiões e famílias. Os homens estão longe de resolver os conflitos entre si, que por sua vez constitui um problema de estar no mundo, que parabolicamenteé um problema entre os homens e o mundo. Na verdade, o mundo só nos oferece mudanças para que adaptemos ao meio, mas por outro lado há uma competição entre os homens por poder e posses materiais. Hoje, graças à grande evolução tecnológica acumulada, os jovens estão tendo acessofácil e rápido aos meios de informação cada vez mais cedo, e aprendendo a dominar um conhecimento não formal que muitos professores não conseguem acompanhar. Então, é perfeitamente normal hoje jovens ensinarem aos mais velhos, aluno informar ao professor coisas ou fatos que ele ainda não conhece. Para conseguir ensinar nas escolas nos dias de hoje, o professor deve ter abertura e aceitação de que não é detentor de todo o conhecimento que os jovens já possuem a partir de um aprendizado não formal fora dos meios acadêmicos. Os mais velhos podem aprender coisas novas até com as crianças, pois elas estão conectadas no mundo aprendendo muito rapidamente o que a escola e a família não conseguemacompanhar para ensinar. 1.11 Professores Reflexivos A autora da narração do livro-texto se encontra em viagem,como de costume, para realizar palestras como pedagoga e educadora nas escolas que visita pelo Brasil. Ela encontra um hotel numa cidade do Nordeste com as mesmas características de muitos outros de vários lugares, hotéis estandardizados, com padrões globais de atendimentos aos clientes dentro dos critérios de hotelaria que visa o turista, o considerando como mais um cliente a ser tratado fora dos padrões da região que encontra. Ela se diz surpresa com ela mesma por se sentir como mais um número, ou uma cliente tratada de modo formal e sem empatias. A situação já foi vivida por ela em outros hotéis, mas na situação em que ela se encontrava foi a primeira vez que resolveu refletir e atentar para sua condição de pessoa indiferenciada aos olhos dos funcionários do hotel. A educadora da narração logo percebe que o conteúdo de suas palestras não está concretizado na realidade em que ela está vivendo na prática, pois temas como refletividade, contextualização, pessoalidade, cidadania e comunicação, explicados por ela, não se enquadra na socialização que o cidadão autóctone deveria efetivamente interagir com o visitante ou turista. Na reflexão estão presentes a autocrítica e a crítica às ações de outras pessoas para com um estranho em seu meio, quando situações novas ou mudanças de escola, por exemplo, causam desconforto ao novato por não saber ou não ter elementos familiarizados que possam fazer parte da nova realidade. Porém, é mister que o novato reflita e analise o contexto em que está inserido, para quebrar a barreira do isolamento e se esforçar em interagir e se socializar. 1.12 Um Sonho Impossível? O texto retirado da revista “Pensamento e Linguagem” publicado pela Fundação Carlos Chagas, demonstra a realidade de um problema social que o sistema educacional brasileiro tem que enfrentar, que é a desigualdade social das famílias que tem filhos na escola. Essa desigualdade vem dos fundamentos da família e atinge a escola em cheio, onde a soma das dificuldades da família em várias situações pesa para o aluno acompanhar os colegas que tem uma família com maior poder aquisitivo e melhor instrução escolar. A condição de desigualdade social também afeta a escola inteira, porque são duas realidades antagônicas que precisam ser analisadas e tratadas como um problema em comum da escola, da comunidade e das famílias,cujospais ou parentes são diretamente responsáveis pela educação aluno. A evasão escolar é a principal consequência do insucesso no aprendizado do aluno, e que pela aceitação da família em não dar continuidade aos estudos do filho ou da filha, a partir da inserção precoce dos jovens num trabalho à altura da condição social da família, reforça essa evasão. A obtenção de algum diploma de conclusão escolar de um filho passa a ser um sonho impossível para muitas famílias pobres. Isto mostra a desistência dessa camada da sociedade em lutar por uma educação melhor, pois preferem partir diretamente para uma vida de trabalho de subsistência,assumindo o prejuízo de não ter um melhor nível de escolaridade e de cultura. 1.13 Pipocas da Vida A história do livro-texto convida a uma reflexão profunda sobre as mudanças que a vida provoca em cada pessoa, sendo essas mudanças para melhor ou para pior, dependendo das circunstâncias dos acontecimentos que podem causar melhorias ou não nas atitudes e na autoestima da pessoa, resultando em sofrimentos e derrotas impostas por fatores externos. Seja essa pessoa um pai ou uma mãe de família, um filho ou uma filha, ou até mesmo um professor, todos são submetidos ao “calor da vida” que de algum modo ou em algum ponto de nossa trajetória de vida irá nos transformar, pois ninguém passa incólume a uma vida de esforços e dedicação a um objetivo ou a desejo qualquer que perseguimos dia a dia. O poder da transformação está presente na natureza e em qualquer parte da existência de um indivíduo ou de um ser vivo, e não há como fugir dela, assim como não há como fugir do tempo que garante a transformação da vida. Portanto, um professor vive se transformando, seja para aprender ou para ensinar, da mesma forma o aluno está sob os mesmos processos de transformação na condição de aprendiz, ao mesmo tempo em que ele vai adquirindo o conhecimento e a sabedoria para poder também ensinar. É realmente um grande dilema que o professor enfrenta numa sala de aula, pois o equilíbrio das ações para o ensino exige muita paciência e firmeza no propósito de zelar pela mudança dos alunos para melhor, mas esse zelo deve também ser dirigido a si mesmo como professor, fazendo constantes autocriticas no sentido de ser melhor a cada dia. REFERÊNCIAS Textuais ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. p. 7‑10. ALVES, R. A pipoca. In: O amor que acende a lua. Campinas: Papirus, 1999. p. 54‑57. BRANDÃO, C. R. O que é educação. In: Coleção Primeiros Passos. 28ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. LENFESTEI, J. Histórias para aquecer o coração dos pais. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. Sites <www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/saberefazer.htm>. Acesso em: 19. jan 2012. <www.rubemalves.com.br>. Acesso em: 19. jan 2012. <www.celsoantunes.com.br>. Acesso em: 19. jan 2012.
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