Buscar

Mobilidade legal

Prévia do material em texto

Mobilidade Legal
Relação entre os instrumentos de promoção do desenvolvimento urbano sustentável
INTRODUÇÃO
A legislação urbana do Brasil é moderna, mas há dificuldades para tirar as melhores práticas do papel;
É necessário entender como funcionam as engrenagens do planejamento urbano e de que maneira esses mecanismos podem ajudar a conduzir os centros urbanos para um futuro melhor e mais sustentável;
Evolução da Legislação Urbana Brasileira
1950: A transição do Brasil rural para urbano, onde vivem atualmente cerca de 85% dos brasileiros;
Surgiram aglomerados de pessoas desassistidas, ocupando espaços, sem acesso a serviços básicos como saúde, transporte, educação, lazer, cultura e saneamento básico;
Evolução da Legislação Urbana Brasileira
1988: artigos 182 e 183 da Constituição Federal, que tratam sobre política urbana;
2001: Regulamentação dos dois artigos citados acima através do Estatuto da Cidade (Lei 10.257);
garantir o direito a cidades sustentáveis, com participação social nas decisões, cooperação entre o setor público e privado no processo de urbanização, 
planejamento, controle do uso do solo para evitar especulação imobiliária, 
preocupação com impactos ambientais, 
mecanismos para o Estado recuperar investimentos em infraestrutura que valorize terrenos e imóveis privados,
regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por pessoas de baixa renda
Evolução da Legislação Urbana Brasileira
2003: Criação do Ministério das Cidades, fortalecendo a capacidade do governo federal de planejar e orientar as questões urbanas em âmbito local e regional;
2005: Política Nacional de Habitação ;
2007: Lei do Saneamento Básico;
2010: Lei de Resíduos Sólidos;
2012: Política Nacional de Mobilidade Urbana
2015: Estatuto da Metrópole
Evolução da Legislação Urbana Brasileira
(Schmidt, Caccia, & Felin, 2017)
A engrenagem da legislação urbana Brasileira
Como todos esses instrumentos de planejamento urbano funcionam?
Instrumentos
O instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana dos municípios, segundo o Estatuto da Cidade, é o Plano Diretor. 
Mas apenas o Plano Diretor não garante um bom planejamento, que inclui a integração e a obrigatória compatibilização com os planos setoriais e o planejamento metropolitano – quando o município faz parte de uma Região Metropolitana ou aglomeração urbana.
RESUMO DOS INSTRUMENTOS
(Schmidt, Caccia, & Felin, 2017)
PLANO DIRETOR MUNICIPAL
O que é? É um instrumento de planejamento urbano municipal, que tem como objetivo ordenar o desenvolvimento da cidade sob o ponto de vista urbanístico, econômico e social. 
Serve para regular a ocupação dos espaços urbanos em prol do bem coletivo, estabelecendo estratégias para garantir a qualidade de vida da população, tornando viável a função social da propriedade urbana (pública e privada). 
Todos os demais planos setoriais desenvolvidos pelos municípios precisam necessariamente estar compatibilizados com seu respectivo Plano Diretor
PLANO DIRETOR MUNICIPAL
Quem deve fazer? Municípios com mais de 20 mil habitantes, integrantes de Regiões Metropolitanas e aglomerações urbanas, integrantes de áreas de especial interesse turístico, inseridos em área de influência de empreendimentos com significativo impacto ambiental, entre outros.
Qual o prazo? O Estatuto da Cidade, lançado em 2001, estabelecia o prazo de cinco anos para os municípios publicarem seus planos, prazo que posteriormente foi adiado para 2008. Os planos devem ser revisados a cada 10 anos. Em 2018, se encerra o prazo mínimo de dez anos para diversos municípios.
E se não cumprir? Prefeitos podem incorrer em improbidade administrativa, assim como os que não atenderem a alguns requisitos do processo como a participação da população, a publicidade dos documentos e informações produzidas e o acesso a isso por qualquer cidadão interessado.
PLANO DE MOBILIDADE URBANA
O que é? 
É o instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, fundamentada em princípios como o desenvolvimento sustentável das cidades, equidade no acesso dos cidadãos ao transporte coletivo e uso do espaço público de circulação.
Diretrizes importantes: a prioridade dos modos de transporte ativos sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual; a mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos (custos externos ou externalidades) dos deslocamentos urbanos, em especial do tráfego rodoviário; incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis menos poluentes. 
Quem deve fazer? Municípios com mais de 20 mil habitantes e demais exigidos por lei a terem Planos Diretores.
Qual o prazo? Desde 2012, estabelecia um prazo de três anos para os municípios elaborarem seus planos. Foi prorrogado para 2018 e recentemente o prazo foi adiado para abril de 2019. Precisa ser revisado a cada dez anos.
E se não cumprir? Não terá acesso a verbas federais para área de mobilidade, como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou o recente Avançar Cidades.
PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
O que é? Instrumento de aplicação no nível local da Política Nacional de Habitação, 
Diretrizes: 
garantir o direito à moradia digna e o princípio da função social da propriedade estabelecido na Constituição e no Estatuto da Cidade, 
promover ações coordenadas no território para garantir acesso a moradia e à própria cidade, 
ser realizado com participação social, 
garantir atendimento prioritário à população de baixa renda e ações voltadas à ampliação e universalização do acesso à terra urbanizada.
PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Quem deve fazer? Os municípios que quiserem participar do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e, assim, acessar recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social.
Qual o prazo? Não há um prazo estabelecido para a entrega. Depende do interesse dos municípios de aderir ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social.
E se não cumprir? Os municípios que não elaborarem seus Planos Locais de Habitação de Interesse Social não poderão aderir ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social nem acessar recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social.
PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO
O que é? É o instrumento de efetivação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
A Lei Federal de Saneamento Básico tem entre os seus princípios:
a universalização do acesso com segurança, qualidade e regularidade, 
promoção da saúde pública, 
segurança da vida e do patrimônio e proteção do meio ambiente,
adoção de tecnologias apropriadas para as peculiaridades locais e regionais, 
soluções graduais e progressivas, integradas com a gestão eficiente dos recursos hídricos, com sustentabilidade econômica e eficiência. 
PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO
Quem deve fazer? Todos os municípios brasileiros.
Qual o prazo? O prazo inicial era dezembro de 2013. Após diversas prorrogações, a data final é 31 de dezembro de 2019.
E se não cumprir? Não receberá recursos da União para investimentos em saneamento básico.
PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
O que é? Instrumento de planejamento que institui da Política Nacional de Resíduos Sólidos no nível local. 
Trata não apenas dos resíduos sólidos urbanos (domiciliares e limpeza urbana), mas de uma ampla variedade de resíduos sólidos, que são os descritos no art. 13 da Lei: domiciliares; de limpeza urbana; de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; dos serviços públicos de saneamento; industriais; de serviços de saúde; da construção civil; agrossilvopastoris; de serviços de transportes e de mineração. 
O Plano, exigido dos municípios, deve conter um diagnóstico do tratamento dos resíduos gerados, assim como definir diretrizes, metas e estratégias a serem alcançadas, abrangendo desde a geração dos resíduos até a disposição final adequada, com prioridade para soluções capazes de minimizar os efeitosnegativos para o ambiente.
PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Quem deve fazer? Todos os municípios acima de 20 mil habitantes.
Qual o prazo? 
Julho de 2018 para capitais e municípios de região metropolitana;
Julho de 2019 para municípios com mais de 100 mil habitantes;
Julho de 2020 para municípios entre 50 e 100 mil habitantes;
Julho de 2021 para municípios com menos de 50 mil habitantes.
E se não cumprir? Os municípios ficam impedidos de acessar recursos ou incentivos da União destinados a serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. 
O Plano de Resíduos Sólidos pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico desde que respeite o conteúdo mínimo previsto na lei.
PLANO DE DESNVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO
O que é? Instrumento estabelecido pelo Estatuto da Metrópole para traçar as diretrizes de desenvolvimento urbano das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas brasileiras. 
Fixa as bases de atuação conjunta entre estados e municípios nesses territórios. 
Ao propor uma governança interfederativa, institui a gestão compartilhada de funções públicas de interesse comum com o objetivo de tornar serviços urbanos mais eficientes e capazes de atender mais pessoas. 
A elaboração de um plano de desenvolvimento integrado não exime os municípios de elaborarem seus respectivos planos diretores. Além disso, os planos diretores locais devem necessariamente ser compatibilizados com o plano de desenvolvimento integrado.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO
Quem deve fazer? Todas as Regiões Metropolitanas e aglomerações urbanas brasileiras, de maneira cooperada entre Estados e Municípios.
Qual o prazo? O Estatuto da Metrópole, que entrou em vigor em 2015, estabelecia o prazo de três anos para a entrega dos PDUI’s. Este prazo foi alterado recentemente para 2021.
E se não cumprir? Medida Provisória publicada em 2018 adiou os prazos de entrega e retirou as possíveis sanções de improbidade administrativa, por omissão, a governadores que não tomassem as medidas cabíveis para instituir os planos.
PRINCIPAIS DESAFIOS
Planejamento: compatibilização entre todos os planos, especialmente o Plano Diretor, que ordena e orienta o desenvolvimento em todo o território municipal;
Recursos: falta de equipe dedicada, de recursos técnicos e financeiros, de dados, dificuldades políticas e de trabalhar com uma legislação complexa, falta de cultura de planejamento, capaz de orientar as ações e investimentos para curto, médio e longo prazo;
Continuidade: Planejamento de longo prazo que ultrapasse mandatos;
Integração: falta de integração entre as secretarias, que deveriam trabalhar juntas em muitos casos;
REFERÊNCIA
Schmidt, L. d., Caccia, L., & Felin, B. (01 de 07 de 2017). A engrenagem urbana brasileira. Acesso em 30 de 10 de 2019, disponível em WRI BRASIL: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2018/09/engrenagem-urbana-brasileira
 
.MsftOfcThm_Accent1_Fill {
 fill:#4472C4; 
}
.MsftOfcThm_Accent1_Stroke {
 stroke:#4472C4; 
}
 
 
.MsftOfcThm_Accent1_Fill {
 fill:#4472C4; 
}
.MsftOfcThm_Accent1_Stroke {
 stroke:#4472C4; 
}
 
 
.MsftOfcThm_Accent1_Fill {
 fill:#4472C4; 
}
.MsftOfcThm_Accent1_Stroke {
 stroke:#4472C4; 
}

Continue navegando